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Noções iniciais
Os alunos que ingressam no Curso de Direito, muitas vezes, ainda não tiveram contato com expressões básicas como “normas jurídicas”, “ordenamento jurídico” e talvez não tenham ouvido falar dos “princípios fundamentais do Direito”, em “como dotar de segurança e equilíbrio as relações sociais” e em “trânsito em julgado”.
Para esses estudantes o mundo do Direito é como uma nova região a ser desbravada e compreendida em todas as suas especificidades.
ATENÇÃO
A disciplina Introdução ao Estudo do Direito funciona como a chave que os auxiliará a abrir as portas para o mundo do Direito, ao trazer noções fundamentais para a compreensão do universo jurídico, referindo-se a diversos conceitos científicos utilizados no Direito, com objetivos pedagógicos.
O que é Direito? Qual a sua importância em nossa sociedade?
Uma resposta comum é que Direito é o justo, o que está de acordo com a lei. É a capacidade que se tem de praticar ou não praticar um ato. O benefício que se tem de exigir de quem quer que seja, em proveito próprio, que pratique ou deixe de praticar algum ato. E, do mesmo modo, Direito é o conjunto de normas jurídicas em vigor em um país.
ATENÇÃO
É importante saber que os conceitos básicos de Direito ao longo dos tempos vão mudando. Eles mudam de acordo com os padrões individuais e sociais de cada época vivida. Assim, hoje se considera que o Direito é uma ordem da conduta humana.
Natureza, temática e caracterização da disciplina introdução ao Direito
É impossível conhecer a natureza do Direito se limitarmos nossa atenção a uma regra isolada. As relações que unem as regras específicas de uma ordem jurídica também são essenciais à natureza do Direito. Apenas com base no claro entendimento das relações que compõem esta ordem jurídica é que a natureza do Direito pode ser inteiramente conhecida.
Os conceitos comuns aos diversos ramos do Direito são universalizados, institucionalizados, e independente do ramo a que se referem, serão os mesmos.
EXEMPLO
Exemplos desta universalização são os conceitos de lei, princípios, relação jurídica, dever jurídico, entre outros.
ATENÇÃO
Além das diversas funções citadas, vale ressaltar que a Introdução ao Estudo do Direito permite uma adaptação do estudante ao mundo jurídico, de forma a conciliar os conhecimentos por ele já acumulados, com os que irá receber.
O estudo da Introdução ao Estudo do Direito é a base que possibilita a construção de uma consciência jurídica e familiariza o estudante com a Ciência do Direito, introduzindo a terminologia técnico-jurídica necessária para a longa e agradável caminhada, rumo à sedimentação de seu conhecimento jurídico.
	INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
	Apresenta os conceitos jurídicos, do ponto de vista sistêmico da área jurídica do saber.
	Leva a compreender a linguagem e o método próprios da Ciência Jurídica.
	Analisa as funções sociais do Direito, sua interpretação e aplicação.
	Ajuda a compreender o fenômeno jurídico como forma de expressão normativa, social, cultural e histórica da sociedade ocidental.
	Elenca as principais categorias jurídicas decorrentes das relações jurídicas.
	Possibilita o estudo das diferentes disciplinas que compõem o Curso de Direito.
	Sedimenta a construção de uma consciência jurídica e familiariza o estudante com a Ciência do Direito.
Noção elementar do direito
Compreender o Direito não é questão das mais fáceis e estudá-lo requer a percepção de que o Direito é um fenômeno, antes de tudo, social e de decisão, sem perder sua dimensão histórica, porque se refere ao que deve ser feito por todos em uma determinada sociedade, em um determinado espaço e tempo.
EXEMPLO
Quando se recebe uma multa por excesso de velocidade, quando se compra um produto e se tem que pagar o imposto que está embutido no preço final dele, quando se tem que fazer a declaração de rendimentos ao fisco a cada início de ano, e mesmo, quando se percebe que o que era obrigatório antigamente, hoje não é mais, deparamo-nos com questões ligadas a direitos e deveres.
ESTUDO DE CASO
ATIVIDADE
Pesquise em notícias de jornais, revistas ou na internet e encontre conflitos sociais que tenham sido pacificados, por meio da aplicação do direito ao caso, seja pela via judicial ou não. Apresente o caso conflituoso e o direito que foi aplicado para sua pacificação.
Os diversos sentidos da palavra direito
A palavra direito tem sua origem no latim directus, que significa aquele que segue regras predeterminadas ou um dado preceito. A raiz intuitiva do conceito deriva de direção, ligação, obrigatoriedade de um comportamento. Mas, a palavra direito pode receber variados significados dependendo da frase em que se encontrar.
ATENÇÃO
O Direito é um fato ou fenômeno social que não existe senão na sociedade. O Direito estabelece os limites de ação de cada um de seus membros.
Quando se diz que não é direito ao homem viver na miséria ou não é direito abusar da boa-fé alheia, tais expressões revelam o sentimento do que não se acha justo, do que não há justiça, ou não é justo. Da mesma forma, é comum ouvir dizer que saúde é direito de todos, toda criança tem direito a um lar e estas expressões trazem a ideia de que os bens saúde e lar são devidos, por justiça, aos mencionados.
ATENÇÃO
Um primeiro significado, de extrema importância, da palavra direito é conforme a justiça ou devido por justiça, expressão do justo.
O segundo significado se refere a quando se diz, por exemplo, que o direito brasileiro proíbe o roubo ou que está escrito no direito que todos são iguais. Neste caso, o sentido da palavra direito é o mesmo que legislação ou lei, ou seja, o conjunto de normas legais em vigor do país.
EXEMPLO
Da mesma forma pode-se dizer que o direito obriga ao pagamento da multa por excesso de velocidade ou, ainda, o direito permite a remuneração do trabalho. Igualmente, nestes dois casos, a referência é a legislação, norma ou conjunto de normas jurídicas. Nestes casos, a expressão deve ser utilizada com a primeira inicial maiúscula (Direito).
Outros significados da palavra direito são poder e faculdade. No caso, direito é usado para sugerir o poder ou a faculdade que pertencem a uma pessoa natural ou a uma empresa.
EXEMPLO
Direito, neste sentido, é utilizado, por exemplo, nas seguintes frases: o eleitor tem o direito de votar, o locador tem o direito de cobrar o aluguel, o herdeiro tem o direito a receber a herança, o contratante tem o direito de cobrar a realização do serviço ao contratado.
Não há como apontar com precisão, dentre os significados até aqui apresentados, qual seja o mais importante. Isto porque, ao mesmo tempo em que o direito é norma, o direito também significa poder, dever, bem como tem o significado de justiça. Outro significado importante para a palavra direito é o científico. É muito comum os estudantes afirmarem e até estamparem em suas camisetas que fazem direito. O direito feito pelos alunos não é a norma ou a justiça, mas a ciência jurídica e nestes casos, a expressão também deve ser utilizada com a primeira inicial maiúscula (Direito).
ATENÇÃO
Existe, então, o Direito como uma ciência cujo objeto de estudo é o fenômeno jurídico. Esta ciência busca sistematizar o conhecimento sobre o direito como um fenômeno jurídico, para que se possa compreendê-lo e utilizá-lo.
Em um sentido figurado, o direito passou a designar o que estava de acordo com a lei. As leis físicas indicam aquilo que na natureza necessariamente é. As leis jurídicas, ao contrário, indicam apenas aquilo que na sociedade deve ser. Por essa razão diz-se que o Direito é a ciência do dever ser.
Além disso, há que se apontar a existência de um significado sociológico da palavra direito. Entre os fatos sociais que o sociólogo estuda, há fatos culturais, históricos, econômicos, religiosos, políticos e, ainda, os jurídicos. Pois que o direito é, em si, um setor da vida social, com características próprias, ou seja, um fato social.
Os sentidos aqui expostos não acabam com as possibilidadesde definições da palavra direito, senão vejamos: pode significar reto (segmento direito), certeza aritmética (cálculo direito), correção moral (homem direito) ou, então, um dos lados de qualquer objeto (lado direito, oposto ao esquerdo).
RESUMO
	SIGNIFICADOS DA PALAVRA DIREITO
	NORMA
	Normas elaboradas pela sociedade ou pelo Estado.
	FACULDADE
	Possibilidade de agir.
	EXPRESSÃO DO JUSTO
	Justiça
	CIÊNCIA
	Ramo do conhecimento científico.
	FATO SOCIAL
	O direito é um setor da vida social.
	OUTRAS POSSIBILIDADES
	TRIBUTO
	Direitos alfandegários.
	RETO
	Geométrico – segmento reto.
	CERTO
	Cálculo direito
	CORRETO
	Homem direito – moral
	OPOSTO A ESQUERDO
	Lado direito
O Direito e as ciências afins
Várias ciências auxiliam o Direito em sua interpretação e aplicação na prática do dia a dia forense, como a Economia, a História, a Antropologia, a Psicologia, a Psiquiatria, a Informática, a Assistência Social, sem contar com outras áreas cujos profissionais são requisitados como peritos (engenheiros, contadores, médicos legistas, entre outros). De modo que, na prática, elas influenciam e auxiliam no aprimoramento e aplicação das normas.
No entanto, há outras ciências sem as quais o Direito não pode ser estudado, na medida em que são facilitadoras da origem, da aplicação e de sua criação. São elas: filosofia do direito, sociologia jurídica, ciência do direito, história do direito e psicologia jurídica.
Filosofia do Direito
A Filosofia do Direito investiga os princípios fundamentais do direito, como norma, poder, realidade, valor ou conhecimento e proporciona condições para que o direito seja analisado de forma diversa da apresentada pelos Códigos e doutrinas, não se restringindo à ordem lógica ou técnica do Direito, mas também aos valores éticos, históricos e sociais.
O filósofo se preocupa com a valoração jurídica dos bens da vida, existentes na sociedade, tais como a justiça, o bem comum, o interesse social, a liberdade, preocupando-se com as correntes filosóficas e ideológicas. O que interessa à Filosofia são os fundamentos, a razão de ser das leis.
A Filosofia do Direito procura identificar a essência do Direito para defini-lo visando sua aplicação – o PODER SER.
Sociologia Jurídica
Existe um ramo da Sociologia Geral, chamado Sociologia Jurídica que estuda o direito do ponto de vista sociológico como um fato social.
A Sociologia Jurídica estuda o fato social em sua estrutura e funcionalidade, procurando saber como os grupos humanos se organizam, se relacionam e desenvolvem, em razão dos inúmeros fatores que atuam sobre as formas de convivência.
A preocupação da Sociologia Jurídica é saber até que ponto as normas jurídicas se tornam realmente válidas, se na prática correspondem aos objetivos dos legisladores e seus destinatários, posto que seja fundamental para o legislador produzir normas dotadas de eficácia social.
O sociólogo estuda e analisa os múltiplos aspectos do fato jurídico e sua interação com demais fatores sociais.
O que interessa é a eficácia das leis.
Sociologia Jurídica se preocupa com o direito vivo, que se passa segundo a vontade do homem, o SER.
Ciência do Direito
A Ciência do Direito, também chamada de Dogmática Jurídica estuda a norma jurídica e sua aplicação aos casos particulares, como foi concebida e equacionada pelo legislador, em determinada sociedade, e as questões referentes à sua interpretação e aplicação, tal como ela está historicamente realizada.
O cientista do Direito (jurista) interpreta e aplica a norma jurídica, excluindo qualquer elemento não jurídico. O que interessa é a vigência das leis.
A Ciência do Direito se preocupa com a normatividade do direito positivo — o DEVER SER.
História do Direito
O Direito vive impregnado de fatos históricos, que comandam seu rumo e sua compreensão exige, muitas vezes, o conhecimento das condições sociais existentes à época em que foi elaborado.
A História do Direito é uma disciplina jurídica que tem por finalidade a pesquisa e a análise dos institutos jurídicos do passado. Busca compreender o pensamento jurídico e o ordenamento jurídico vigentes, como produtos de progressivas construções no tempo, tendo como referência o encontro de visões de mundo que se constroem a partir das realidades política, social, mental, cultural e econômica das sociedades que, em cada tempo, colaboraram para sua produção.
A História apresenta o Direito que se consolida como fruto de seu tempo, evidenciando que sua legitimidade busca raízes mais profundas na tradição histórica e mental da sociedade que o determina.
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A História do Direito permite que o estudante considere as transformações, rupturas e permanências dos institutos do direito ao longo da história, tendo como modelo o direito vigente. Por outro lado, contribui no processo pelo qual o estudante se reconhece como um ator social, um sujeito da história (da sua própria e de sua sociedade), potencial transformador da realidade sociopolítica e jurídica do mundo em que vive.
Psicologia jurídica
A Psicologia Jurídica estuda os fenômenos mentais que são juridicamente relevantes, estabelecendo um ligamento facilitador do trabalho do legislador e dos intérpretes do Direito. É um ramo do conhecimento científico que auxilia as mais diversas disciplinas jurídicas, principalmente no que diz respeito ao Direito Penal e ao Direito Civil.
SAIBA MAIS
EXEMPLO
A psicologia jurídica atua nas questões que envolvem capacidade civil, imputabilidade, guarda, tutela de crianças e adolescentes, alienação parental e curatela de interditos, por exemplo.
ATIVIDADE
A partir da leitura da notícia sobre o assassinato do cineasta Eduardo Coutinho:
Com a ajuda do dicionário jurídico explique o que quer dizer a seguinte frase: “Daniel de Oliveira Coutinho é inimputável no processo da morte do pai”.
Localize, no texto, o trecho em que há referência a conceitos que podem estar relacionados à Psicologia Jurídica.
Por que o exame de sanidade mental foi determinante neste caso concreto apresentado?
ente somos obrigados a cumprir é posto por um terceiro, o Estado.
COMENTÁRIO
Nem todos pagam imposto de boa vontade. No entanto, o Estado não pretende que, ao ser pago um tributo, se faça com um sorriso nos lábios; a ele, basta que o pagamento seja feito nas épocas previstas. Por outro lado, a adesão espontânea às leis não descaracteriza a heteronomia do Direito.
DETERMINAÇÃO DO DIREITO E A FORMA NÃO CONCRETA DA MORAL
DIREITO
Manifesta-se mediante um conjunto de normas que definem a dimensão da conduta humana exigida, que especificam a fórmula do agir.
MORAL
Estabelece uma diretiva mais geral, sem particularizações.
A BILATERALIDADE DO DIREITO
As normas jurídicas possuem uma estrutura imperativo-atributiva, isto é, ao mesmo tempo em que impõem um dever jurídico a alguém, conferem um poder ou direito subjetivo a outro alguém (outrem). Daí se dizer que a cada direito corresponde um dever.
A UNILATERALIDADE DA MORAL
Já a Moral possui uma estrutura mais simples, pois impõe deveres apenas. Diante dela, ninguém tem o poder de exigir uma conduta de outrem. Fica-se apenas na expectativa de o próximo aderir às normas.
Enquanto o Direito é bilateral, a Moral é unilateral.
ATENÇÃO
Chama-se a atenção para o fato de que este critério diferenciador não se baseia na existência ou não de vínculo social. Se assim o fosse, seria um critério ineficaz, pois tanto a Moral quanto o Direito dispõem sobre a convivência.
A esta qualidade vinculativa, que ambos possuem, utiliza-se a denominação alteridade, de alter, que significa o outro.
Não é correto estabelecer uma “muralha” entre Direito e Moral, pois o Direito não se preocupa só com a exteriorização e a Moral com os aspectos interiores. A Moral também necessita da prática exterior da intenção. O Direito, por sua vez, em determinadas ocasiões, questiona as intenções de quem comete certos crimes, notadamente os dolosos e culposos.
De maneira idêntica,pode-se dizer que o Direito Civil não prescinde do elemento intencional.
Foi a garantia da liberdade religiosa que levou pela primeira vez a diferenciar-se o Direito da Moral; embora a teoria da exterioridade fosse errônea, teve grande valor histórico.
O Direito se caracteriza pela exterioridade, enquanto que a Moral, pela interioridade. Com isto se quer dizer, modernamente, que os dois campos seguem linhas diferentes.
Sobre a questão de a Moral partir da exteriorização do ato visando mais a intenção, Miguel Reale afirma:
“É que o moralista examina a exteriorização do ato para melhor caracterizar um ato exterior em face de um sistema jurídico positivo de normas e, para ajustá-lo melhor a esse sistema, indaga da intenção do agente” (1966, p. 669).
A exterioridade, desse modo, é algo intrínseco à norma jurídica, indicando que o Direito não pode punir alguém por seus pensamentos, ainda que ele se revelasse, caso viesse a ser concretizado, em uma violação da norma jurídica (lei). Isso significa que o Direito não pune a intenção da pessoa nem mesmo os atos preparatórios quando não tem início a execução de determinada ação que viole a lei.
Veja um exemplo: Se Manuel acha sua sogra tão insuportavelmente chata que chega a sonhar que está esganando a velhinha, isso não se revela um crime, mas tão somente um pecado, caso Manuel seja religioso. E como no sonho Manuel esgana a velhinha usando luvas de couro marrom, caso ele venha a comprar um par de luvas marrom, também isso não é um crime.
Coercibilidade do Direito e incoercibilidade da Moral
Uma das notas fundamentais do Direito é a coercibilidade.
Entre os processos que regem a conduta social, apenas o Direito é coercível.
A via normal de cumprimento da norma jurídica é a voluntariedade do destinatário, a adesão espontânea. Ou seja, o certo é que todos cumpram a lei espontaneamente. Mas, se isso não acontece, a coação se faz necessária, essencial à efetividade da norma.
A Moral, por seu lado, não possui este elemento coativo. É incoercível. Nem por isso as normas da Moral social deixam de exercer certa intimidação. Consistindo em uma ordem valiosa para a sociedade, é natural que o descumprimento de seus princípios provoque uma reação por parte dos membros que integram o corpo social.
A coerção somente se manifesta na hipótese de não observância dos preceitos legais.
ATENÇÃO
Esta reação, que se manifesta de forma variada e com intensidade relativa, assume caráter não apenas punitivo, mas exerce também uma função intimidativa, desestimulante da violação das normas morais.
Distinção quanto ao conteúdo
De início, percebemos que a matéria do Direito e da Moral é comum a ação humana. Contudo, o assunto foi colocado das mais diversas maneiras pelos juristas através da História. Ao dispor sobre o convívio social, o Direito elege valores de convivência. O seu objetivo limita-se a estabelecer e a garantir um ambiente de ordem, a partir do qual possam atuar as forças sociais.
O sistema de legalidade oferece consistência ao edifício social. A realização individual, o progresso científico e tecnológico, o avanço da humanidade passam a depender do trabalho e do discernimento do homem.
função primordial do Direito é de caráter estrutural.
	DIFERENÇA ENTRE MORAL E ÉTICA
	A Moral visa o aperfeiçoamento do ser humano e por isso é absorvente, estabelecendo deveres do homem em relação ao próximo, a si mesmo e segundo a Ética. O bem deve ser vivido em todas as direções.
	
	Ética é teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade, ou seja, é ciência de uma forma específica de comportamento humano.
	
Ética e Moral em Kant
Kant, na Fundamentação da Metafísica dos Costumes, reconheceu, pela primeira vez em uma ética filosófica, que todo ser racional possui um valor absoluto.
Mesmo considerando-o como um ser finito e limitado, Kant ressalvou que o ser humano possui o privilégio de reger-se por leis assumidas livremente por sua própria razão.
A isso, Kant denomina racionalidade moral.
Estar livre para escolher e agir é o que caracteriza o ser humano, o que o filósofo denomina de autonomia moral.
A ação humana, para Kant, não está submetida às leis da natureza, mas às leis que o próprio ser humano escolhe seguir, por isso, é um ser moral e não simplesmente um ser da natureza. Para Kant, a racionalidade moral é o argumento definitivo para entender o ser humano como absolutamente valioso.
Para o autor, somente é moral uma ação que seja praticada em função dela mesma, independente de qualquer outra motivação externa a ela.
ATENÇÃO
Para o filósofo alemão, imperativo categórico é o dever de toda pessoa agir conforme os princípios que ela quer que todos os seres humanos sigam, que ela quer que sejam lei da natureza humana.
O imperativo é categórico se a ação determinada por ele possui validade em si mesma, não depende de outro objetivo que seria atingido pela ação.
O imperativo categórico é enunciado por Kant com três diferentes fórmulas:
IMPERATIVO CATEGÓRICO
"Age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, por tua vontade, lei universal da natureza".
IMPERATIVO UNIVERSAL
IMPERATIVO PRÁTICO
ATIVIDADE
Acima, vimos uma tabela contendo as diferentes fórmulas kantianas da racionalidade moral humana.
Agora pense em exemplos de ações que você praticaria e que se encaixem em cada um dos imperativos propostos por Kant. Confira para ver se tais ações têm previsão em lei.
A moral é histórica e acompanha o devir no mundo da vida, enquanto modo de comportar-se específico do homem em determinada época. Ao longo da história, Direito e Moral se aproximaram e se afastaram conceitualmente, em razão de diferentes correntes de pensamento.
É inegável a existência de diversas questões sociais que ao mesmo tempo são jurídicas e de ordem moral, ou o contrário.
EXEMPLO
O amparo material que os filhos devem dar aos seus pais quando são necessitados é um exemplo de questão social que é ao mesmo tempo jurídica e moral. Esta é uma questão regulada pelo Direito (Direito de Família) e com fundamento na Moral.
Por outro lado, existem temas relativos exclusivamente à Moral.
EXEMPLO
Um ato de gratidão feito a um benfeitor.
Assim também, há problemas tão somente jurídicos que não possuem qualquer relevância moral (amorais), como por exemplo, os prazos processuais.
Pela força do ordenamento jurídico, para todos os efeitos, considerase justa aquela norma que seja ao mesmo tempo jurídica e moral.
A principal diferença entre a Moral e o Direito está objetivamente na sanção (punição).
A moral, em razão do fim a que se destina, só permite sanções de foro íntimo (remorso, arrependimento, desgosto íntimo, sentimento de reprovação geral). Mas, sob o aspecto social, essa sanção não é eficaz, porque não se submetem a ela aqueles que não tenham consciência ética.
O Direito, ao contrário, tem na sanção um mecanismo eficaz para coagir os indivíduos. Sem esse elemento coercitivo, não existiria segurança nem justiça eficazes para a humanidade.
É certo que o campo da Moral, por sua vez, inclui os deveres do indivíduo para com o seu Deus (seja qual for sua crença), para consigo mesmo e para com seus semelhantes, enquanto o Direito é mais limitado, compreendendo apenas os deveres da pessoa para com os semelhantes e a sociedade como um todo (por exemplo, o meio ambiente).
SAIBA MAIS
ATENÇÃO
É importante esclarecer que a Moral tem em vista que o indivíduo se afaste da prática do mal e pratique o bem, enquanto o objetivo do Direito é evitar que se lese ou prejudique a outrem.
A moral dirige-se ao momento interno, psíquico, volitivo, à intenção que determina o ato, ao passo que o direito se dirige ao momento externo, físico, isto é, ao ato exterior.
A influência da Moral no Direito
Os campos da Moral e do Direito entrelaçam-se e interpenetram-se de diversas maneiras. As normas morais tendem a converter-se em normas jurídicas.
EXEMPLO
Isso acontece, por exemplo, com o dever do pai de cuidar do filho, e com a indenização por acidentede trabalho. Mas não há uma norma jurídica específica que prescreva que o pai deve ter afeto pelo filho, ainda.
Direito e Moral são instrumentos de controle social que pertencem ao campo da ética e que não se excluem. Ao contrário, se completam e se influenciam reciprocamente.
Direito e Moral são conceitos próprios e distintos, mas são inseparáveis.
O Direito como instrumento de controle social
O ser humano é um ser gregário e político, vivendo em grupos, em sociedade. É natural que entre tais grupos surjam conflitos, discórdias e interesses distintos entre si. Mas, outras características do ser humano são sua necessidade de segurança e a busca pela harmonia social.
Para que a sociedade sobreviva é necessário que os conflitos sejam resolvidos (compostos) e para tanto, os membros dos grupos sociais dispuseram de vários meios com o objetivo de estabelecer limites às ações humanas e promover o equilíbrio à sociedade. Vejamos dois desses meios:
Socialização
Por meio dela o indivíduo aprende os papéis que assumirá na sociedade. Tais papéis implicam no desempenho de várias obrigações que necessitam de um controle social.
Controle social
Dessa forma, foram surgindo os instrumentos de controle e manutenção da ordem social.
ATENÇÃO
O Direito é um desses instrumentos, cujo principal objetivo é o estabelecimento de normas de conduta visando prevenir o conflito e viabilizar a existência em sociedade, trazendo paz, segurança e justiça.
ESTUDO DE CASO
A Interação e a Ordem Social
Chamaremos de ordenamento social o fenômeno do regramento do convívio entre os homens, em um permanente processo de socialização do ser humano, por meio de métodos e preceitos que vão sendo criados pelo grupo para padronizar a conduta individual, adequando-a ao convívio.
A tarefa ou o conjunto de tarefas que o Direito desempenha, ou pode desempenhar na sociedade constitui sua função que inclui promover a ordem, a certeza, a segurança, a paz e a justiça.
O Direito aparece, desse modo, ao longo de um processo histórico, dialético e cultural, como uma técnica, um procedimento de solução de conflitos de interesses e, simultaneamente, como um conjunto sistematizado de normas de aplicação mais ou menos contínua aos problemas da vida social, fundamentado e legitimado por determinados valores sociais.
O conflito gera litígio e este, por sua vez, quebra o equilíbrio e a paz social. A sociedade não tolera o estado litigioso porque necessita de ordem, tranquilidade, equilíbrio em suas relações. Por isso, tudo faz para evitar e prevenir o conflito, e aí está uma das principais finalidades sociais do Direito – evitar tanto quanto possível à colisão de interesses.
ATENÇÃO
Nesse sentido, as principais funções do Direito seriam solucionar conflitos e regulamentar e orientar a vida em sociedade assim como, legitimar o poder político e jurídico.
O Direito atua para solucionar conflitos de interesses ou restaurar o estado anterior, sendo, então, um instrumento de integração e de equilíbrio, oferecendo ou impondo regras de comportamento para decisão que o caso sugere. O exercício de tal função não levaria, contudo, ao desaparecimento dos conflitos, que são inerentes à sociedade.
O Direito também orienta o comportamento social, objetivando evitar conflitos. O caráter persuasivo das normas jurídicas leva-nos a atuar no sentido dos esquemas ou modelos normativos do sistema jurídico. O Direito observado desse modo surge como organizador da vida social e instrumento de prevenção de conflitos.
O Direito apresenta ainda, a tarefa de organizar o poder da autoridade que decide os conflitos, legitimando os órgãos e as pessoas com o poder de decisão e estabelecendo normas de competência e de procedimento.
CONCEITO
Nesse sentido, as principais funções do Direito seriam solucionar conflitos e regulamentar e orientar a vida em sociedade assim como, legitimar o poder político e jurídico.
FUNÇÃO SOCIAL DO DIREITO
FUNÇÃO PREVENTIVA
Disciplinamento social, estabelecendo regras de conduta, direitos e deveres.
FUNÇÃO DE CONTROLE SOCIAL
Socializador em última instância. Só é necessário quando a conduta humana já se apartou da tradição cultural aprendida pela educação, pela moral e religião e alcançou o nível do ilícito, ou do crime.
FUNÇÃO COMPOSITIVA
O conflito por vezes é inevitável e necessário se faz solucioná-lo. E aí está outra função social do direito: compor conflitos.
O Estado e a ordem social
O Direito existe, em tese, muito mais para prevenir do que para corrigir, muito mais para evitar que os conflitos ocorram, do que para compô-los.
FUNÇÕES E FINALIDADES ESPECÍFICAS QUE COMPETEM AO DIREITO
Controle social.
Prevenção e composição de conflitos de interesses.
Promoção de ordem e segurança.
Resolução dos conflitos de interesse.
Repressão e penalização dos comportamentos socialmente inadequados.
Organização da produção e uma justa distribuição de bens e serviços.
Institucionalização dos poderes do Estado e da Administração Pública.
Realização da justiça e do respeito aos direitos humanos.
A sociedade humana tem uma estrutura natural sem a qual falhariam as tentativas de organizá-la: as instituições.
As instituições são vigas estabelecidas pelo costume, pela razão e pelos sentimentos, que alicerçam a sociedade, estruturando-a. A mais antiga das instituições seria a família e a mais relevante de todas seria o Estado.
Cumpre ao Estado a tarefa de estabelecer o ordenamento jurídico, que é o conjunto de normas de conduta juridicamente relevantes para o conjunto da sociedade, realizado por meio de procedimentos próprios, no processo legislativo.
ATIVIDADE
O Direito cumpre uma função social importante, mas, muitas vezes, não se consegue uma solução para o problema. Faça uma pesquisa (pode ser aqui no Brasil ou em outros países) e procure casos em que o Direito aplicado não conseguiu a solução de um conflito.
SUGESTÃO
RESUMO
Vejamos um breve resumo do que foi apresentado neste capítulo:
	A palavra direito traz em si uma infinidade de significados. 
O Direito é uma instituição fundamental para a manutenção da sociedade e do ser humano em seu convívio social.
	O direito é um fenômeno que afeta todos os aspectos da vida humana.
Há uma relação entre Direito e Moral que se modificou ao longo da história.
	O Direito é um instrumento de controle social e de realização da justiça e do respeito aos direitos humanos.

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