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CAMINHOS PERCORRIDOS PELO ENSINO MÉDIO DALRI, Vera Regina - FURB dalri@furb.br MENEGHEL, Stela, Maria - FURB stmeneg@terra.com.br Eixo Temático: Políticas Públicas e Gestão da Educação Agência Financiadora: Não contou com financiamento Resumo Ao longo de sua história no Brasil, a constituição do ensino médio (EM) assumiu diferentes características e objetivos: terminalidade de estudos: nas escolas de educação tecnológica; formação propedêutica; preparação para acesso à educação superior: escolas voltadas ao preparo para exames vestibulares. Essa diversidade tem comprometido a construção de uma identidade para essa etapa de formação, gerando o que alguns autores chamam de "crise de identidade" (FELIPPE, 2000), bem como a elaboração de políticas que atendam as suas especificidades. Este texto tem duplo objetivo: 1 - descrever o processo de construção sócio-histórica desta falta de identidade a partir de estudo bibliográfico; e, em seguida, 2 - debater duas políticas recentes de EM: a universalização e as alterações no ENEM, desenvolvendo a hipótese de que ambas podem alterar de forma significativa este quadro. Os aspectos históricos possibilitarão análise da origem e trajetória do Ensino Médio, necessário para a compreensão dos momentos e movimentos vivenciados por essa etapa de ensino. Ao trazermos dados que evidenciam o cenário do ensino médio, visualizaremos o quanto esse nível de ensino ainda é destinado para uma “elite” – poucos jovens concluem este nível de ensino em nosso país, onde 80% dos estudantes estão em escolas públicas, que denota a importância da qualidade no público. Questão que, para finalizar, remete aos desafios do Ensino Médio que traduzem-se em: Universalização do acesso e da permanência– garantia de realização de estudos com aproveitamento/bom rendimento acadêmico; desempenho dos estudantes no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e reestruturação do mesmo, com o objetivo de propor mudanças curriculares no Ensino Médio. Palavras-chave: Ensino Médio. Avaliação. ENEM. Políticas Públicas Introdução Ao abordarmos o assunto Ensino Médio (EM) várias questões surgem, dentre estas, principalmente, qual sua especificidade enquanto nível de ensino. Questão histórica, pois sem objetivos claramente definidos o Ensino Médio mesmo ao passar a ter existência formal 7692 autônoma, que ocorre a partir de 1931, conforme Piletti (2002), não permite distanciar-se de características que marcaram sua história, como o de passagem, de preparação para o vestibular. Em sua trajetória, foram nada mais de vinte e uma reformas do ensino médio, uma no período colonial, nove durante o Império e onze após a proclamação da república. PILETTI (2002, p.21) afirma que esse nível de ensino, mais do que qualquer um dos outros, foi vítima de um reformismo inconseqüente. As inúmeras reformulações e suas contribuições para o quadro atual serão expostas no decorrer desse trabalho, subsidiando assim a análise sobre o cenário e os desafios enfrentados pelo Ensino Médio. Origem e Trajetória do Ensino Médio As vésperas da República, conforme PILETTI (2002) o Brasil não contava com um curso secundário seriado e regular. O Governo da União, durante a Primeira República, limitou-se à manutenção do Colégio Pedro II, não criando novos educandários nos Estados, não organizando um sistema federal de ensino secundário, o que lhe era permitido pela Constituição, o Congresso Nacional abdicou de sua responsabilidade, atribuindo ao Poder Executivo tal função. Segundo Piletti (2002, p.32) o Poder Legislativo interferiu no ensino secundário, retardando sua organização como um curso regularmente seriado, prolongando a vigência do regime de parcelados. Com a Proclamação da República, foi promulgada a primeira constituição republicana que por meio do artigo 34 da Constituição de 24 de fevereiro de 1891, estabelecia ser de competência privativa do congresso “legislar sobre (...) o ensino superior e os demais serviços que na Capital forem reservados para o Governo da União”(item 30); e em seu artigo 35, incluía entre as suas incumbências não exclusivas a de “ criar instituições de ensino (...) secundário nos Estados” (item3°), bem como a de “ prover à instrução secundária no Distrito Federal” (item4°). A dualidade do sistema de ensino torna-se oficializada. Com o advento de uma maior autonomia para os Estados acentuou-se a desigualdade entre os mesmos, enquanto o ensino médio desenvolvia-se na região sudeste do Brasil, nos Estados mais pobres piorava. Em 1931 iniciam-se as reformas educacionais de caráter nacional, reformas que marcaram momentos decisivos no ensino secundário brasileiro. Referenciamos algumas iniciando com a Reforma Francisco Campos (1931) que segundo Valle (2006, p.18): 7693 imprimiu organicidade ao ensino secundário por meio de estratégias diversificadas, entre as quais o estabelecimento de dois ciclos, a freqüência obrigatória das aulas, o currículo seriado, a inspeção regular e a afirmação da cultura examinatória. Esse mesmo autor complementa que o objetivo dessa reforma era superar a idéia de que o ensino secundário era um “mero curso de passagem”, procurando-lhe uma função eminentemente educativa. Apesar de tentar eliminar a conotação de ponte para o ensino superior, forçar as escolas a abandonarem os cursos preparatórios e as aulas avulsas e a implantarem um currículo, nota-se que essa reforma manteve o seu destino: a universidade, permanecendo fiel aos interesses das classes privilegiadas. Em 1942 a “Lei Orgânica do Ensino Secundário”, reorganizou o ensino secundário, com o curso ginasial com quatro anos de duração, enquanto que o segundo curso, o colegial, subdividiu-se em clássico e científico, com três séries anuais cada. Felippe (2000, p.85) afirma que nunca existiu uma reforma educacional que buscasse garantir o acesso de toda a população ao ensino secundário em seus conhecimentos e com condições efetivas de aprendizagem: A reforma educacional Francisco Campos (1930/1931) e a reforma das Leis Orgânicas de Ensino (1942/1943) evidenciam que o ensino médio [...] possuía apenas a função de preparar para o ensino superior e só abrigava alunos das camadas sociais superiores economicamente. Os alunos de classes trabalhadoras acabavam por freqüentar os cursos profissionalizantes, que, embora de nível médio, eram fechados, não permitindo passagem para outros tipos de ensino. [...] Após 1953 é que começou a equiparação entre os cursos técnicos e os acadêmicos. Por meio da Lei n° 1.076, de 31 de março de 1950, os alunos que concluíssem o primeiro ciclo do ensino técnico-profissional acessariam ao curso clássico ou o chamado científico, mediante a realização de provas das disciplinas do ensino secundário que não constavam daquele curso. O mecanismo de equivalência para o segundo ciclo do ensino secundário foi possibilitado por meio da Lei n° 1.821, de 12 de março de 1953, favorecendo também os alunos que estudavam no segundo ciclo do ensino comercial, industrial, agrícola e normal. A equivalência total entre o ensino secundário e o ensino técnico-profissional e normal ocorreu somente com a Lei n° 4024, de 20 de dezembro de 1961. 7694 o colegial secundário preparava para o ingresso no ensino superior, enquanto os colegiais técnicos eram voltados para o mercado de trabalho, dessa forma, observa- se pouca alteração em relação a posição intermediária que o ensino secundário ocupava entre os níveis primário e superior desde o Império. (VALLE, 2006, p.20). No período de 1964 a 1968 vários acordos foram feitos entre o Ministério de Educação e Cultura e a USAID1. Esses acordos previam a concessão de imenso volume de recursos financeiros vindos dessa agência americana para a promoção de uma sólida mudança no sistema educacionalbrasileiro. O golpe militar de 1964 modificou profundamente a educação brasileira com a Reforma do Ensino de 1° e 2°graus. Com a Lei n° 5692/1971 foi determinada uma nova estrutura para os níveis de ensino: ampliação da obrigatoriedade de quatro para oito anos, pela união do ensino primário com o ginasial e com a criação de uma escola secundária orientada por uma lógica profissionalizante. A qualidade de ensino ficou associada à eficiência em preparar, no sistema educacional, mão de obra conveniente ao mercado de trabalho. ...até meados do século XX, o curso secundário era o único nível de ensino que preparava e habilitava para o ingresso nos cursos superiores, enquanto os cursos técnico-profissionais e normal preparavam para o ingresso imediato no mercado de trabalho. Grosso modo, havia um fosso entre o ensino secundário, dirigido especialmente as classes abastadas, e os cursos profissionalizantes, dirigido as classes populares, evidenciando um explícito dualismo escolar. (VALLE, 2006, p.19). Articulada ao modelo político e econômico da ditadura, conforme Kuenzer (1997), os objetivos da proposta de ensino médio da época eram: (i) a contenção da demanda de estudantes secundaristas ao ensino superior; (ii) a despolitização do ensino secundário, por meio de um currículo tecnicista; (iii) a preparação de força de trabalho qualificada para atender as demandas do desenvolvimento econômico. 1 Acordo que incluiu uma série de convênios realizados a partir de 1964, durante o regime militar brasileiro, entre o Ministério da Educação (MEC) e a United States Agency for International Development (USAID). Os convênios, conhecidos como acordos MEC/USAID, tinham o objetivo de implantar o modelo norte americano nas universidades brasileiras através de uma profunda reforma universitária. Segundo estudiosos, pelo acordo MEC/USAID, o ensino superior exerceria um papel estratégico porque caberia a ele forjar o novo quadro técnico que desse conta do novo projeto econômico brasileiro, alinhado com a política norte-americana. Além disso, visava a contratação de assessores americanos para auxiliar nas reformas da educação pública, em todos os níveis de ensino. Fonte:MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos."MEC/USAID" (verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2002, http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=325, visitado em 26/5/2009. 7695 Com a crise de empregos e mediante um novo padrão de sociabilidade capitalista, nos anos 90, caracterizado pela desregulamentação da economia e pela flexibilização das relações e dos direitos sociais, Frigotto (2004) analisa que a possibilidade de desenvolvimento de projetos pessoais integrados a um projeto de nação e de sociedade tornou-se frágil. Não sendo mais possível preparar para o mercado de trabalho, devido a sua instabilidade, o ensino médio, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDBEN n.9394/96, dever- se-ia preparar para a “vida”. Zibas (2005, p.28) destaca que os anos finais da década de 1990 e os anos iniciais do novo século reservaram ao ensino médio uma grande turbulência estrutural e conceitual. O ensino de 2°grau passou a ser denominado ensino médio com a aprovação da LDBEN n.9394/96, que passou a considerá-lo como etapa final da educação básica, superando o modelo em vigor desde 1971. Indicando também a progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade desse nível de ensino. Em 1997, com o Decreto n. 2.208/972, é restabelecido o dualismo entre o ensino médio e técnico, baseados nas Diretrizes e Parâmetros Curriculares Nacionais. Com a revogação do Decreto n. 2.208/97 e aprovação do Decreto n. 5.154/04 inicia-se o processo de implementação do ensino médio integrado ao ensino técnico. Possibilitando assim, a partir de 2004, autonomia para a criação e implantação de cursos em todos os níveis da educação profissional e tecnológica. O Cenário e seus desafios O Plano Nacional de Educação (PNE) 3 aponta a taxa de crescimento do Ensino Médio (EM) nos últimos anos como um dos aspetos positivos no cenário nacional. Este crescimento está segundo o PNE, relacionado a melhoria do Ensino Fundamental (EF), da inclusão de praticamente 100% da população de 7 a 14 anos na escola. Visando garantir condições necessárias a expansão do Ensino Médio, o PNE, institui que como os Estados e o Distrito 2 O decreto n. 2.208/97 foi um dos instrumentos legais, em que o Banco Interamericano de Investimento (BID) e o Banco Mundial atuaram com a participação efetiva e consentida do governo federal na reforma do ensino médio e técnico. 3 O Plano Nacional de Educação foi a principal medida decorrente da aprovação da LDBEN, aprovado em 2001 e tem como objetivos: a elevação global do nível de escolaridade da população; a melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis; a redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e à permanência, com sucesso,na educação pública; e democratização da gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais, obedecendo aos princípios da participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e a participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Fonte: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12907:legislacoes&catid=70:legislac Acesso em 01 de junho de 2009. 7696 Federal estão obrigados a aplicar 15% da receita de impostos no ensino fundamental, os demais 10% vinculados à educação, deverão ser aplicados no ensino médio. Segundo o PNE, considerando o processo de modernização em curso no País, o ensino médio tem um importante papel a desempenhar. Tanto nos países desenvolvidos quanto nos que lutam para superar o subdesenvolvimento, a expansão do ensino médio pode ser um poderoso fator de formação para a cidadania e de qualificação profissional. Dessa forma o PNE prevê 20 objetivos e metas para o Ensino Médio. Mesmo com metas definidas no PNE a realidade em relação ao atendimento a esse nível de ensino não atinge a população secundária. Segundo os dados do IBGE (2007) mesmo que a taxa de acesso à escola média tenha crescido de 69,5% para 82,2% entre 1996 e 2006, é possível constatar que a taxa de freqüência líquida, ou seja, a freqüência deste grupo ao ensino médio, nível adequado para a faixa etária de acordo com o modelo educacional vigente no País4, não atinge sequer metade do segmento populacional: 47,1%. Colocando como um desafio da atualidade aumentar o acesso ao ensino médio e efetivar sua universalização também, pressupondo, além do acesso, a permanência, a progressão e a conclusão na idade adequada. Esses percentuais nos mostram que um elevando número de jovens está fora do espaço escolar, possivelmente ainda freqüentando o ensino fundamental, atrasados em seus estudos em relação à idade. Como também o significado pode ser outro: ainda há municípios em todas as regiões do Brasil que não oferecem esse nível de ensino, um complicador a mais para se falar em sua universalização. Ou seja, conforme Goulart (2006 p. 12) para se falar em universalização do ensino médio é preciso considerar a retenção de jovens no fundamental, aqueles que estão cursando em outras modalidades de ensino, aqueles que simplesmente se evadiram, e ainda, os que interromperam os estudos por não terem em sua cidade escolas. nos países de economias consolidadas, a conclusão do Ensino Médio tem sido há muitos anos, o nível mínimo de formação exigida para o ingresso na maioria dos postos de trabalho. Estudos realizados nesses países mostram que nem sempre existe uma associação de baixas taxas de desemprego e altas taxas derealizações educacionais. Entretanto, os mesmos estudos mostram, por sua vez, que existe uma relação direta entre a renda do trabalhador e o número de estudos por ele realizados. Os dados do Banco Mundial revelam que quatro anos de estudo ampliam em 33% a renda de um trabalhador ; com oito anos de estudos, o impacto chega a 55 % e, com 4 Segundo dados do IBGE apresentados no documento Síntese de Indicadores Sociais – Uma análise das condições de vida da população brasileira 2007, a faixa etária correspondente ao ensino médio no Brasil é de 15 a 17 anos. 7697 12 anos, a renda mais que duplica,alcançando 110%. Por isso, a universalização das matrículas no Ensino Médio torna-se decisiva para aumentar a renda do trabalhador e promover o desenvolvimento social de forma mais justa. (HINGEL, 2007, p. 3). De acordo com a PNAD 2006, o acesso ao ensino médio é profundamente desigual, consideradas as pessoas com idade de 15 a 17 anos, entre os 20% mais pobres apenas 24,9% estavam matriculadas, enquanto entre os 20% mais ricos 76,3% freqüentava esta etapa do ensino. Apesar do aumento constante do número de matrículas no Nordeste e da redução no Sudeste, para o mesmo grupo etário os índices eram, respectivamente, 33,1% e 76,3%. O recorte étnico-racial demonstra que apenas 37,4% da juventude negra acessava o ensino médio, contra 58,4% branca. Entre os que vivem no campo, apenas 27% freqüentavam o ensino médio, contra 52% da área urbana. A qualidade do ensino, aferida pelos exames, também é marcada pelas desigualdades. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB/2005) foi de 3,4 para o ensino médio nacional. Para estudantes da rede privada foi de 5,6 e para os das redes públicas, considerando que a escala é de 0 a 10, constata-se que o nível de aprendizagem é insatisfatório para todos, mas é sensivelmente inferior para as escolas públicas, que respondem por 89,8% das matrículas, sendo 0,82% de responsabilidade do governo federal, 86,5% estadual e 1,96% municipal. Estes dados indicam que os limites no acesso e na garantia da qualidade no ensino médio atingem de maneira mais perversa a população pobre do País. As análises indicam ausência de políticas efetivas que mudem este quadro da realidade educacional. Nesses termos em 1998, ano de sua implementação, o ENEM, segundo Franco (1999), já buscava estreitar relações com as iniciativas voltadas para a reforma do Ensino Médio no Brasil, associado à perspectiva de reforma fomentada pela avaliação. Questão fomentada nos objetivos do novo ENEM (2009) e aprovada Conselho Nacional de Educação: as novas diretrizes prevêem uma ampliação da carga horária das atuais 2.400 horas para 3 mil horas por ano, um currículo organizado em torno de quatro eixos - trabalho, ciência, tecnologia e cultura - e com 20% de horas-aula dedicadas a disciplinas livres, que podem ir desde aulas extras de matemática ou português, até teatro, música, artes ou esportes. As mudanças nas diretrizes, propostas inicialmente pelo ministério, pretendem, no entanto, tirar da inércia o atual modelo, dividido em disciplinas rígidas e com muita decoreba e pouca prática, e torná-lo mais interessante para os jovens. Em termos de alteração curricular as propostas buscam 7698 implementar um currículo mais significativo ao estudante do Ensino Médio, que possibilitará o ingresso, a permanência e principalmente a conclusão desse nível de ensino. (PARAGUASSÚ, 2009). Considerações Finais A análise dos caminhos percorridos pelo ensino médio, por meio de sua trajetória e cenário auxilia-nos na compreensão pela busca de “identidade” desse nível de ensino. Questão que permeia as linhas desse trabalho. Não podemos desconsiderar a diversidade de objetivos atribuídos ao ensino médio conforme a época histórica, que marcaram e permanecem em seu âmago. Evasão, permanência, universalização, alguns dentre os percalços que esse nível de ensino enfrenta e parafraseando Valle (2006, p.189) “acreditar que a oferta de um ensino básico garantirá, a todos, oportunidades iguais de mercado de trabalho e na vida social é uma grande ilusão.” As diferenças entre as escolas, vão além, se ocultam sob a aparência de um mesmo certificado de aprovação. Para a grande parte dos adolescentes e jovens, as diferenças nos tipos de escolas, continuam mascarando a dualidade estrutural que diferencia o lugar dos sujeitos, possibilitando a entrada na Educação Superior, no Ensino Tecnológico. Alguns passos estão sendo trilhados no sentido de alterar o panorama do Ensino Médio. Mudanças, como o novo ENEM, aprovação da reestruturação curricular, vislumbram alterações significativas nos rumos da última etapa da formação básica. Não podemos, ainda, anunciar se estas darão conta de atribuir um novo sentido, configurando a tão proclamada identidade desse nível de ensino. Teremos que aguardar, contribuindo com estudos que permitam auxiliar na superação dos desafios enfrentados. REFERÊNCIAS FELIPPE, Beatriz Tricerri. Refletindo sobre o Ensino Médio Brasileiro. Caderno de Pesquisas Ritter dos Reis,Porto Alegre: v.3, nov 2000. GOULART, Oroslinda Maria Taranto. O Desafio da Universalização do Ensino Médio. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Brasília: 2006. 7699 KUENZER, Acácia. Ensino Médio e Profissional: as políticas do Estado Neoliberal. São Paulo: Cortez,1997. PARAGUASSÚ, Lisandra. Conselho de Educação aprova reforma de ensino médio. Jornal O Estadão, São Paulo, 30 de junho de 2009. Online. Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,conselho-de-educacao-aprova-reforma-do-ensino- medio,395711,0.htm. Acesso em 01 jul 2009. PILETTI, Nelson. Estrutura e Funcionamento do Ensino Médio. 5ed. São Paulo: Ática, 2002. VALLE, Ione Ribeiro, Dallabrida, Norberto. Ensino Médio em Santa Catarina: Histórias, políticas, tendências. Florianópois: Cidade Futura, 2006 ZIBAS, Dagmar M. L. O ensino médio na voz de alguns de seus autores. São Paulo : FCC/DPE, 2001.
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