Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fármacos utilizados na Hipercolesterolemia e Dislipidemia Dislipidemias Uma dislipidemia é a presença excessiva ou anormal de colesterol e/ou triglicérides no sangue. Principais causas: • Falta de exercício físico • Má alimentação (não apenas consumo de colesterol, mas de alimentos industrializados e processados ou medicamentos que aumentam a síntese hepática de colesterol) • Tabagismo e alcoolismo A sintomatologia não é característica de forma aguda (doença silenciosa) logo, o tratamento tem objetivos a longo prazo A dislipidemia está, geralmente, associada a danos nos tecidos, principalmente no leito vascular, que evolui para a formação de placas de ateroma. Lipoproteínas São as principais formas de transporte plasmático dos lipídeos (triglicerídeos, ácidos graxos, colesterol) são vesículas (micelas) com conteúdo lipídico no interior – seja da dieta ou sintetizado pelo fígado. De acordo com seu tamanho, densidade, quantidade de lipídeos que carrega e os marcadores existentes na membrana, são classificadas em 5 tipos: • Quilomícrons: moléculas maiores, ricas em lipídeos advindos da dieta (os que foram absorvidos na borda em escova do intestino) e os transporta para os tecidos do corpo, principalmente na forma de triglicerídeos • VLDL: principal forma de transporte do fígado para os outros tecidos (músculo e tecido adiposo) via hepática da circulação de lipídios no organismo • IDL: micela formada a partir do VLDL, a medida que ele perde seu conteúdo lipídico para os tecidos • LDL: leva os lipídeos sintetizados no fígado para os tecidos mais periféricos (vasos); o Tem menor densidade, por isso possui mais chance de se ligar ao tecido endotelial o O LDL se liga ao tecido endotelial, se acumula abaixo do endotélio (túnica íntima), e ali oxida, gerando ROS e marcadores que iniciam um processo inflamatório, que recruta macrófagos (realizam fagocitose numa tentativa de limpeza do local) e começa a formar as células espumosas (principal marcador da formação de placas de ateroma) o Isso culmina com o enrijecimento do leito vascular, estreitamento da luz dos vasos, e posteriormente, quando se desprende da parede endotelial, gera uma lesão e ruptura da integridade do endotélio o Esse desprendimento gera um foco de coagulação na região esses coágulos podem se deslocar e ir para outra região (causando IAM, AVC) o É importante fazer terapia de prevenção da coagulação (usando estatina + anticoagulante) para diabéticos, idosos, pacientes com triglicerídeos ou colesterol altos, ou alto risco CV • HDL: forma de captação dos lipídeos (limpeza do tecido adiposo que não foi aproveitado) e levar de volta ao fígado, para ser reciclado e reaproveitado; tem maior densidade Atenção: Em se tratando de HDL e LDL, nem tudo é tão preto no branco (HDL bom e LDL mau) é importante manter níveis interessantes de colesterol para direcionar a captação do excesso (HDL), mas também precisamos do LDL para manter a síntese das membranas celulares. De acordo com a proteína que forma o revestimento da micela, é possível saber a sua origem (onde foi formada) e o seu destino (qual tecido possui seus receptores de ligação) L de ladrão H de herói • VLDL e IDL possuem a apolipoproteína-E (ApoE) seus níveis exacerbados estão relacionados a doenças cardiovasculares e Alzheimer (aumentam a predisposição da doença, em conjunto com fatores genéticos) o A ApoE é um marcador para reabsorção hepática da IDL e VLDL Vias do Colesterol e Triglicerídeos Todos os lipídios ingeridos na dieta são emulsificados pelos ácidos e sais biliares para serem absorvidos no intestino então ocorre a formação dos quilomícrons (conteúdo rico em triglicerídeos) para transportá-los para o resto do organismo • A lipoproteína lipase vai tirando o conteúdo da micela e disponibilizando para os músculos (utilizarem) ou para o tecido adiposo (estocar) o quilomícron gradativamente reduz e forma o quilomícron residual, que é absorvido e reciclado no fígado O fígado (pela via não alimentar) é capaz de sintetizar e disponibilizar ácidos graxos e lipídeos para o organismo são disponibilizados a partir das lipoproteínas VLDL • Conforme o VLDL vai disponibilizando o lipídio para os tecidos (músculo, tecido adiposo), perde tamanho e ganha em densidade vira IDL perde mais de seu conteúdo para os tecidos e forma o LDL (principal forma de disponibilização do lipídio para a periferia), que pode depois ser reaproveitado pelo fígado O colesterol é importante para a formação das membranas celulares, e a depender do tecido ele é substrato para a síntese de hormônios então é preciso que ele seja sintetizado e distribuído para o resto do organismo • Apesar disso, deve-se manter o LDL baixo para evitar formação de placas de ateroma No processo de reciclar e pegar o conteúdo não aproveitado pelos tecidos e voltar para o fígado é formado o HDL (ele pega o excesso da periferia e leva para o fígado) • Por isso, deve-se manter o HDL alto – pois significa que o organismo está sendo capaz de retirar o colesterol não aproveitado pelos tecidos Lembrar: No lipidograma do paciente: olhar os triglicerídeos, o colesterol total, o colesterol LDL e o HDL se perguntar “como está o balanço?” – tentar manter o balanço com o máximo possível de HDL e o mínimo de LDL Interessante: Níveis de triglicerídeos baixos podem estar associados a alterações na tireoide, distúrbios hormonais, gasto energético exagerado, desnutrição, dieta pobre em calorias, absorção inadequada dos nutrientes, etc. O que direciona o tratamento? A V Diretriz de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose (2017): descreve os fármacos que priorizam a redução do colesterol (pela redução a síntese ou absorção) e outros direcionados para controlar os triglicerídeos. Para saber quais utilizar, deve-se observar: • Os parâmetros individuais do paciente – marcadores lipídicos (níveis sanguíneos de colesterol total e triglicerídeos) isso determina o alvo terapêutico • Se os triglicerídeos estiverem > 500 mg/dL (preocupante!) priorizar a redução de triglicerídeos (fibratos) • Se os triglicerídeos estiverem < 500 mg/dL e o colesterol estiver elevado priorizar a redução da síntese/absorção do colesterol o É comum usar associações para melhorar a efetividade na redução da síntese e absorção de colesterol Associações: • É muito comum iniciar com uma monoterapia e continuar com associações por causa da falta de tolerância a doses altas • Efeitos adversos: estatinas (principalmente com fibratos ou niacina) causam dor muscular, elevação das CK (enzimas marcadoras de lesão celular), o que pode evoluir para uma rabdomiólise Obs.: Rabdomiólise é a deterioração/quebra do tecido muscular, uma redução da massa muscular A Diretriz Brasileira também está mais rígida em relação ao risco CV (em relação aos níveis aceitáveis de colesterol e triglicérides): Classificação das Dislipidemias As dislipidemias são classificadas de acordo com o tipo de marcador lipídico que está elevado (colesterol total ou triglicérides) Hipercolesterolemia isolada Elevação isolada do Colesterol Total, geralmente por aumento do LDL-c Hipertriglicerinemia isolada Elevação isolada dos Triglicérides, por aumento do VLDL e/ou QM Hiperlipidemia mista Valores aumentados de Colesterol Total e Triglicérides HDL-c baixo Pouco HDL com ou sem aumento de LDL ou Triglicérides Obs.: Na Hipercolesterolemia isolada, geralmente não há aumento do HDL (está normal); a Hiperlipidemia mista é a mais comum de acontecer; o HDL baixo é preocupante (é preciso usar fármacos que reduzem a síntese de colesterol, mascom um efeito extra de estimular a síntese de HDL) As alterações podem ter causas secundárias, como a origem genética, que provoca a hipercolesterolemia familiar, onde é mais comum a ocorrência de xantomas (maior marcador), o risco CV alto, e a presença de alguma doença CV ou IAM na família • Apesar disso, as principais causas continuam sendo a falta de exercícios físicos, a má alimentação, alcoolismo, tabagismo • Algumas circunstâncias (Hipotireoidismo, IR, sepse, álcool, BB, DIU, corticoides) podem ser os responsáveis pela dislipidemia • É preciso certificar-se da origem da dislipidemia, para realizar uma intervenção adequada Obs.: Xantoma é a deposição de tecido adiposo por excesso de colesterol e triglicerídeos, principalmente nas articulações e pálpebras. Evolução da Aterosclerose Uma das principais consequências das dislipidemias é a aterosclerose, com a formação de placas de ateroma, que podem desencadear uma ruptura e posterior formação de trombos. A aterosclerose evolui ao longo da vida do indivíduo de acordo com os seus níveis plasmáticos de colesterol e triglicérides. • Nas duas primeiras décadas de vida: o endotélio está saudável, sem nenhuma deposição de gordura, sem LDL abaixo do endotélio • A medida em que entra em contato com o LDL ou cria lesões ocorre acúmulo intracelular de lipídios, que pode começar a ganhar volume e ser estímulo para geração de fatores inflamatórios ativação e migração de macrófagos até formar as células espumosas maior estímulo para formação de substâncias pró-inflamatórias e enrijecimento da parede vascular formação de ateroma e deslocamento/ruptura do ateroma com lesão do endotélio estímulo para coagulação complicações (IAM, AVC) o Se a placa for muito grande, pode ser possível detectar o seu local, e existem alguns procedimentos cirúrgicos em grandes vasos para a retirada dessas lacas o Porém, a grande maioria não é detectada por exames fáceis Lembrar: O importante é a prevenção, para não deixar chegar ao ponto de formação de uma placa alimentação saudável e exercícios físicos! Tratamento não medicamentoso das dislipidemias Composto pela terapia nutricional e mudanças de estilo de vida prioridade como primeira alternativa nos casos de grau leve a moderado ou em crianças Obs.: Se o paciente tiver um alto risco CV (já teve algum IAM, ou tem diabetes) entrar com medicação logo no início do tratamento • Alimentação (aumentar o consumo de ácido graxos ômega 3 e 6 e lipídios saudáveis) – castanhas • Reduzir a ingestão de lipídios saturados • Redução de peso • Reduzir a ingestão de bebidas alcoólicas e fumo (aumentam a síntese de colesterol) • Aumento da atividade física Atenção: Estudantes de medicina são ótimos modelos experimentais para geração de doenças cardiovasculares!! Tratamento medicamentoso das dislipidemias Para reduzir o colesterol (hipercolesterolemia isolada): • Estatinas– nos EUA, mulheres pós-menopausa mesmo com baixo risco CV já começam a usar o Efeito adverso de dor muscular - rabdomiólise • Resinas • Ezetimiba Para reduzir os triglicerídeos: (reduzem de maneira benéfica o colesterol também) • Niacina • Fibratos Ácidos graxos poli-insaturados ômega 3 e 6 (consequência da mudança no padrão alimentar) • Reduz a produção de fatores pró-inflamatórios • Aumenta a produção de mediadores vasodilatadores • Tem consequências na redução dos níveis de colesterol e triglicerídeos (mecanismo desconhecido) • Benefícios da Dieta do Mediterrâneo: castanhas, óleos vegetais saudáveis, peixes Estatinas Também são chamadas de vastatinas; são inibidores competitivos da enzima HMG-CoA redutase • O processo de síntese de colesterol tem uma etapa limitante da velocidade (com a participação da HMG-CoA redutase) alvo farmacológico Obs.: Etapa limitante refere-se àquela cuja velocidade de reação é mais lenta dita a velocidade da reação total A síntese de colesterol é reduzida, mas não completamente inibida mesmo com a posologia máxima não é possível reduzir mais de 60% da síntese (redução máxima) Estatinas de curta duração: o tempo de meia-vida em que o fármaco consegue reduzir a enzima e inibir sua atividade exacerbada é muito pequeno (tempo máximo de inibição = 6hs); isso ocorre porque o organismo consegue compensar a inibição e produzir a enzima rapidamente devem ser administrados ao deitar (pois o pico de produção da enzima é noturno, das 00:00hs às 02:00hs) • Sinvastatina (pró-fármaco) Não precisa saber toda a cascata, lembrar só a enzima • Lovastatina • Pravastatina Estatinas de longa duração: podem ser administradas a qualquer momento do dia pode tomar, com dose única ao dia • Atorvastatina • Rosuvastatina Consequências no fígado da redução da síntese de colesterol: • O organismo passa a captar e utilizar o colesterol já circulante nas lipoproteínas aumenta a expressão de receptores de LDL aumenta a captação de LDL circulante • Redução da liberação e disponibilização de VLDL • O balanço final dos dois efeitos anteriores gera um aumento discreto de HDL – cerca de 10 a 15% • Se reduz o VLDL reduz também a disponibilidade e saída de triglicerídeos Regra dos 7: quando se dobra a dose, o perfil de inibição inicial não aumenta mais de 7% (efeito autolimitado) • As estatinas melhoram o perfil lipídico, mas somente um fármaco não é o causador de uma inibição acima de 40 a 60% deve-se pensar em fazer associações com outros fármacos para melhorar a inibição (como o inibidor de captação de colesterol da dieta - ezetimiba) • Orientar sempre a mudança no estilo de vida e exercícios, pois o medicamento não consegue dar a mudança total que o paciente precisa Redução média do LDL-c com estatinas Mudanças iniciais das estatinas geram respostas sistêmicas interessantes: • Diminui a síntese hepática de colesterol • Aumenta a expressão dos receptores de LDL • Aumenta a remoção de LDL do plasma (a oxidação do LDL levaria a uma redução da função endotelial e reatividade do músculo liso) • Reduz os níveis de triglicerídeos plasmáticos e aumenta o HDL • Outros efeitos (consequências na saúde do leito vascular): o Melhora a função endotelial o Reduz a inflamação vascular o “Parece” que aumenta a síntese de vasodilatadores o Aumenta a neovascularização em tecido isquêmico o Estabiliza a placa aterosclerótica (diminui a possibilidade de ruptura e formação de trombos) Interações medicamentosas: • Não associar estatinas com fibratos, pois aumenta a possibilidade de miopatia e rabdomiólise • Se for realmente necessária a associação, não usar a genfibrozila, e utilizar os demais sempre com a mínima dose possível Efeitos adversos: • IR é raro acontecer • Miopatia é mais comum (principalmente com niacina ou fibrato) • Não utilizar na gestação Resinas Fármacos: Colestiramina (única utilizada no Brasil), colestipol e colesevelam As resinas são compostos relativamente inertes com baixa capacidade de serem absorvidos pelo organismo, que são capazes de adsorver a gordura, especialmente os sais e ácidos biliares (principalmente no duodeno), sequestrando- os e prevenindo sua reabsorção • O colesterol é um substrato para síntese desses líquidos biliares • Logo, removendo os líquidos biliares, a capacidade de reciclar o ciclo enterohepático é reduzida isso vai demandar mais colesterol hepático para produzir os líquidos biliares (pois a síntese é proporcional à quantidade de eliminação) São administrados por via oral (cápsula ou pó para misturar em água) Efeitos adversos: constipação, dilataçãodo intestino (paciente se sente empanzinado) • A pessoa tem que aumentar o consumo de agua para conseguir eliminar a resina (composto inerte) • A resina não é seletiva para os líquidos biliares, podendo adsorver outros compostos Se for utilizar outro fármaco, ingerir 1 hora antes ou 3 horas depois da resina, pois ela altera a absorção Não são muito utilizadas ou recomendadas como fármacos para emagrecer – não reduzem tanto o peso (a metformina e outros antidiabéticos orais são mais utilizados) Interessante: os fármacos mais usados no emagrecimento são os que inibem a absorção de lipídeos promovem um acúmulo de lipídeos nas fezes, e o tubo intestinal na porção do intestino grosso fica com mais lipídios ocorre saída espontânea de liquido rico em lipídios pelo esfíncter (quando este não está muito contraído). Esses fármacos também possuem efeito limitado (com o tempo não têm tanta capacidade de perda ponderal). O melhor tratamento para emagrecer é a intervenção cirúrgica (redução de estômago ou retirada de uma porção do duodeno). Por isso é comum usar em pacientes que já tiveram IAM ou tem alto risco CV A utilização de resinas deve ser monitorada: se elas reduzem a reabsorção de líquidos biliares, podem ativar o gatilho de aumentar a síntese de colesterol, gerando um aumento de VLDL e triglicerídeos na circulação • Se o paciente já tem hipertriglicerinemia, as resinas são contraindicadas ou ser usadas com cautela e monitoramento Ezetimiba É a primeira tentativa de associação com estatina (usada como coadjuvante) • Não é comum em monoterapia A ezetimiba é um inibidor da NPC1L1 (transportador de colesterol da borda em escova no intestino) logo, é um inibidor da absorção na borda em escova do colesterol da dieta • Reduz a absorção e colesterol • Reduz sua incorporação em VLDL • Reduz as concentrações plasmáticas de colesterol LDL Em geral, é bem tolerada, mas o aumento da quantidade de colesterol no intestino pode causar diarreia, dor abdominal, cefaleia • Pode acontecer Rash (reação de vermelhidão na face, braços e pernas) e angioedema (por aumento discreto de PG’s) geralmente é reversível Niacina É um dos componentes da produção de NADH e NAPH No organismo, o consumo de niacina em quantidade acima do necessário inibe a síntese de lipídeos e a degradação e disponibilização de ácidos graxos A niacina inibe a atividade das lipases do tecido adiposo o tecido adiposo tem receptor de niacina • A lipase é quem faz a degradação das lipoproteínas (quilomícrons e VLDL) para disponibilizar os triglicerídeos para os tecidos (depois eles são convertidos em ácido graxos, que podem ir para o plasma e ser recaptados pelo fígado para a produção de triglicerídeos e VLDL) • Com a niacina: não tem disponibilização plasmática de ácidos graxos e consequentemente não tem captação no fígado, reduzindo a síntese hepática de triglicerídeos não produz muito VLDL circulante menor conversão em LDL reduz entrega de colesterol para células as células passam a utilizar bem o colesterol que possuem e captar bem o LDL e colesterol circulante melhora a quantidade de HDL circulante • Pode aumentar a deposição de tecido adiposo (por reduzir a lipólise), pois faz com que ele não seja quebrado sem degradação do estoque em ácidos graxos • Diminui a expressão e produção de apoproteínas: existe relatos de diminuição de ApoA1 (presente nas micelas de VLDL) e mais alterações de expressão genética de formas que atuam na síntese de colesterol e modulação dos níveis circulantes de colesterol Utilizar a niacina sozinha como farmacoterapia de primeira linha quando os níveis de triglicerídeos estiverem mais baixos Efeitos adversos: rubor cutâneo e prurido (pelo aumento de prostaglandinas), hiperuricemia, comprometimento da sensibilidade à insulina e miopatia Não precisa saber o nome Há controvérsias se é um receptor própria da niacina ou somente um receptor que ela consegue atuar como mediador da sua ação) Usar AAS concomitantemente Fibratos Inibem o sistema de transdução e sinalização celular ativa transdutor PPARα (receptores ligados à peroxidase) • Aumenta a síntese de ApoA1 nos hepatócitos aumenta a produção de HDL • Maior capacidade de oxidação de ácidos graxos nos hepatócitos reduz a síntese de triglicerídeos e sua disponibilização no plasma • Reduz a síntese de ApoC3 (importante para a produção de VLDL no fígado) • Aumenta a expressão de lipase no tecido adiposo e muscular o Maior captação e oxidação de ácidos graxos nas células musculares • Altera a expressão gênica maior síntese de HDL, menor síntese de LDL Os fibratos são usados sozinho quando se quer reduzir os níveis de triglicerídeos A genfibrozila melhora a expressão de lipoproteína lipase melhora captação e oxidação de ácidos graxos nos tecidos reduz produção de triglicerídeos • Se precisar usar estatina com fibrato (para reduzir o colesterol e os triglicerídeos): atentar para genfibrozila, pois causa um maior miopatia e rabdomiólise (quanto mais associada com estatina pior fica) usar outro representante da classe Efeitos adversos: desconforto gastrintestinal • Raros: miopatia e arritmias O fibrato de escolha nos pacientes diabéticos tipo 2 é o fenofibrato: não se observa benefício CV, mas observou-se redução de eventos microvasculares (amputação, retinopatia e nefropatia) Os fibratos podem: • Potencializar os efeitos de dicumarínicos – varfarina (pois reduzem a sua metabolização), requerendo monitorização da anticoagulação após introdução deste fármaco acompanhar para evitar sangramento espontâneo • Aumentar a miopatia das estatinas • Pode ter alterações na função renal uso cuidadoso nos pacientes renais crônicos!! Comparação da posologia (quantidade necessária de cada fármaco) e de como consegue aumentar a síntese de HDL e reduzir a síntese de triglicerídeos: • Fibratos: têm melhor efetividade para o aumento da síntese de HDL, mas podem reduzir a metabolização de fármacos anticoagulantes dicumarínicos (varfarina) Comparação entre os fármacos Estatinas: tem efeito bastante acentuado sobre os níveis de LDL circulante Fibratos e niacina: efeito principalmente melhorando a síntese de HDL e proeminente na redução dos triglicerídeos Resina: efetivo na redução de LDL Inibidor da absorção de colesterol: não tem efeito proeminente sozinho, mas é usado em associação, é um ótimo adjuvante com a estatina Resumo de todos os fármacos: • Na via endógena (produção hepática de colesterol): o Estatinas: inibem a síntese de colesterol pela inibição da enzima HMG CoA redutase o Resinas, estatinas: aumentam a captação de LDL o Fibratos: reduz a liberação de VLDL e aumentam a captação de ácidos graxos livres, aumentando a lipoproteína lipase o Ezetimiba: inibe transportador para absorção de colesterol o Resinas: se ligam aos sais biliares e promovem a sua saída nas fezes Expectativas futuras Novos fármacos (não aparecem nos livros) estão em fase III de estudos clínicos, e têm o objetivo de controlar e melhorar o perfil lipídico Espera-se fármacos com melhor eficácia e mais possibilidades de uso (sem efeito autolimitado) • Inibidores da proteína de transferência de éster de colesterol (CETP) • Inibidor da Microsomal Transfer Protein (MTP) • Inibidores do Proprotein convertase subtilisin kexin type 9 (PSCK9) • Inibidores da síntese de apolipoproteína B Caso Clínico Jake P., empregado na área de construção e com 29 anos de idade, marca uma consulta com o Dr. Cush. Jake queixa- se de tumefações duras e elevadas ao redor do tendão deAquiles, que parecem estar constantemente roçando em suas botas de trabalho. Jake havia hesitado em ver o médico (sua última consulta tinha sido há 10 anos), mas lembrou- se de que o seu pai, falecido aos 42 anos de idade em consequência de um ataque cardíaco, tinha tumefações semelhantes. Ao exame de Jake, o Dr. Cush identifica as tumefações no tendão de Aquiles como xantomas (depósitos de lipídio); nos demais aspectos, o exame físico apresenta-se normal. Jake comenta que a sua dieta diária é bastante “gordurosa”, incluindo três a quatro donuts por dia e consumo frequente de hambúrgueres. O Dr. Cush explica que os xantomas nos pés de Jake resultam do depósito de ésteres de colesterol, provavelmente devido aos níveis elevados de colesterol no sangue. O Dr. Cush solicita a determinação do nível plasmático de colesterol em jejum e recomenda a Jake que reduza o consumo de alimentos ricos em gordura saturada e colesterol, aumentando o consumo de frango, peixe, cereais integrais, frutas e vegetais. Jake engordou cerca de 7 kg a partir dos 19 anos e já tem uma pequena barriga. O Dr. Cush recomenda uma atividade física regular e perda de peso. Não precisa saber, só informação Os resultados do exame de sangue revelam uma concentração plasmática de colesterol total de 300 mg/dL (normal <200), com elevação do colesterol LDL de 250 mg/dL (nível desejável <100), baixo nível de HDL de 35 mg/dL (normal 35 a 100) e concentrações normais de triglicerídeos e VLDL. Com base nos resultados desse exame, na sua idade, nos xantomas no tendão de Aquiles e em uma história familiar positiva de infarto do miocárdio precoce, o Dr. Cush diz que Jake provavelmente apresenta um distúrbio hereditário do metabolismo do colesterol, talvez hipercolesterolemia familiar heterozigótica. A doença de Jake está associada a um alto risco de aterosclerose precoce e infarto do miocárdio; entretanto, a redução agressiva dos níveis de colesterol pode melhorar muitas das sequelas da doença. O baixo nível de colesterol HDL também contribui para o risco aumentado de doença cardiovascular. Além das mudanças dietéticas, o Dr. Cush prescreve uma estatina para ajudar a reduzir o colesterol de Jake. A dose inicial da estatina reduz as LDL em 30%, caindo para 175 mg/dL, enquanto as HDL aumentam ligeiramente. A seguir, o Dr. Cush aumenta a dose de estatina, o que produz uma redução adicional de 12% das LDL. Como as LDL ainda não caíram para <100 mg/dL e as HDL permanecem baixas, o Dr. Cush acrescenta o inibidor da absorção de colesterol, o ezetimibe, bem como niacina de liberação prolongada. Após essas modificações, os níveis de LDL de Jake caem para menos de 100, enquanto as HDL aumentam para 45 mg/dL. Jake apresenta rubor cutâneo durante os primeiros meses de tratamento com niacina; todavia, depois desse período, os episódios de rubor tornam-se apenas ocasionais. Perguntas 1. De que maneira os níveis elevados de colesterol predispõem à doença cardiovascular? A dislipidemia é um fator de geração predisponente para a formação de placas de ateroma, que podem desencadear uma complicação cardiovascular. 2. Como as estatinas, o ezetimibe e a niacina atuam farmacologicamente? As estatinas inibem a HMG CoA redutase, inibindo a síntese de colesterol. A ezetimiba reduz a absorção de colesterol no intestino. A niacina inibe a lipólise e a atividade da lipase, reduzindo a produção de triglicerídeos. 3. Quais os principais efeitos adversos a serem esperados por Jake em decorrência do uso concomitante de estatina e niacina? Dor muscular, miopatia, podendo evoluir para uma rabdomiólise.
Compartilhar