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MÉTODOS DE PESQUISA SOCIAL APLICADOS À GEOGRAFIA HUMANA

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Anais XVI Encontro Nacional dos Geógrafos 
Crise, práxis e autonomia: espaços de resistência e de esperanças 
Oficinas 
 
 
 
Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN: 978-85-99907-02-3 
 
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MÉTODOS DE PESQUISA SOCIAL APLICADOS À GEOGRAFIA HUMANA 
PROPOSTA DE OFICINA PARA O XVI ENG 
Lucas Manassi Panitz 
Geógrafo, Mestrando em Geografia pela UFRGS. 
AGB Seção Porto Alegre. E-mail: lucaspanitz@gmail.com 
Vitor Angelo Villar Barreto 
Cientista Social, Mestrando em Geografia pela UFRGS. 
AGB Seção Porto Alegre. E-mail: villarbarreto@gmail.com 
 
RESUMO 
Os métodos de investigação são entendidos como etapa fundamental em uma pesquisa 
científica, e seu desenvolvimento e compreensão tem sido o foco de todos aqueles que 
buscam melhor entendimento acerca de seus próprios trabalhos. Nesta oficina se 
abordará os métodos de pesquisa social aplicados à geografia humana. Para tanto, se 
realizará uma pequena incursão pelas teorias do conhecimento científico, para introduzir 
a discussão do trabalho científico em ciências humanas e sociais e seus respectivos 
métodos. Após uma exposição dos conteúdos se trabalhará com os exemplos de 
pesquisa dos participantes, construindo dessa forma os conteúdos da oficina a partir dos 
trabalhos já realizados pelos mesmos. Busca-se dessa forma contribuir para o melhor 
conhecimento dos métodos para pesquisa em geografia humana. 
 
INTRODUÇÃO 
Apresentamos aqui uma proposta de oficina para o XVI Encontro Nacional de 
Geógrafos, a realizar-se em Porto Alegre em 2010, na qual pretendemos trabalhar as 
questões relativas à pesquisa em Geografia, dentro do tema geral Pensamento 
Geográfico. Entendemos que a pesquisa empírica é uma condição essencial na produção 
do conhecimento científico. É através dela que as teorias são colocadas em contato com 
a realidade e reconhecidas como válidas para explicar os fenômenos que nos propomos 
a investigar. A pesquisa empresta, ainda, ao conhecimento científico, a possibilidade de 
renovação e constante reconstrução do discurso sobre determinado tema. O mundo que 
conhecemos como representação está em constante mudança, e a pesquisa científica é 
elemento chave não só para entender essas mudanças, mas para conectar o 
conhecimento produzido – na forma de teoria – à realidade, permitindo a adequação dos 
métodos e do discurso aos anseios da sociedade e às novas necessidades e problemas 
que são criados. 
Anais XVI Encontro Nacional dos Geógrafos 
Crise, práxis e autonomia: espaços de resistência e de esperanças 
Oficinas 
 
 
 
Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN: 978-85-99907-02-3 
 
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A Geografia, entendida como a ciência ocupada de estudar o espaço geográfico 
(esse, de natureza social), tem o caráter de uma disciplina social (MOREIRA, 1982). 
Definida como a ciência da organização do espaço, a geografia até 
agora negligenciou seu próprio fundamento de cientificidade. 
Desprestigiados por todos quantos preocupam-se com as questões da 
teoria e da prática da transformação social, os geógrafos não 
alcançaram o quanto o desprestígio reflete uma incomoda realidade. 
Os geógrafos não perceberam que o que lhes falta é pôr os pés no seu 
próprio chão, e, então, propor uma teoria do espaço, que seja uma 
teoria social. (op. cit., p. 13) 
Embora já tenha se passado muitos anos da crítica feita por Ruy Moreira à 
forma como a Geografia era pensada, a renovação da disciplina que se viu nas décadas 
seguintes segue carecendo de uma dedicação maior, por parte dos produtores do 
conhecimento, às premissas epistemológicas que legitimam o discurso científico. Muito 
dessa dificuldade se deve ao fato de que a consolidação da Geografia como ciência 
social é algo ainda recente, e a forma como as técnicas de investigação são emprestadas 
das outras ciências sociais não possuem um formato ideal, mas continuam sendo 
adaptadas às possibilidades da pesquisa em Geografia. Além disso, a análise do espaço 
geográfico permite a utilização de recursos tradicionais que remetem ao caráter 
corológico da disciplina (HETTNER, 2000), como as escalas geográficas. 
É importante, pois, que se faça uma reflexão sobre os métodos de procedimento 
utilizados na pesquisa social, entendidos enquanto as técnicas ou estratégias concretas 
para abordagem dos fenômenos investigados (LAKATOS E MARCONI, 1999), e que 
se estabeleça uma interface com a ciência geográfica, no sentido de enriquecer a 
pesquisa científica na Geografia e contribuir para uma melhor sistematização do 
conhecimento. Essa é a proposta que oferecemos nessa oficina de métodos de Pesquisa 
Social aplicados à Geografia, um diálogo enriquecedor entre as técnicas de pesquisa 
utilizadas largamente nas ciências sociais e as possibilidades da pesquisa em Geografia, 
permitindo aos investigadores um posicionamento adequado diante dos seus objetos e 
problemas de pesquisa, lidando com as ferramentas adequadas aos procedimentos 
científicos. 
 
OBJETIVOS 
Anais XVI Encontro Nacional dos Geógrafos 
Crise, práxis e autonomia: espaços de resistência e de esperanças 
Oficinas 
 
 
 
Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN: 978-85-99907-02-3 
 
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A oficina tem por objetivo abordar e discutir os métodos de procedimento da 
pesquisa social que podem ser utilizados na pesquisa em Geografia. Busca difundir 
entre os participantes alguns critérios específicos das metodologias normalmente 
utilizadas – métodos quantitativos e qualitativos – e as formas de definir qual o melhor 
recurso a ser utilizado dependendo do objeto de estudo. Dessa forma, pretende ser uma 
instância de reflexão sobre a pesquisa empírica e a necessidade de sistematização do 
trabalho a fim de facilitar e qualificar a produção científica na Geografia. 
 
METODOLOGIA 
O oficina será organizada em dois momentos: no primeiro será abordado de 
forma expositiva os conteúdos propostos. Em seguida se realizará uma sistematização 
dos conteúdos, focando nos problemas de pesquisa dos participantes, discutindo as 
melhores formas de investigação e os métodos que podem ser usados. De forma 
sintética, os pontos a serem abordados são: 
1) Conhecimento científico: pressupostos e peculiaridades. 
Reflexão epistemológica sobre ciência e outras formas de representação da 
realidade, com vistas à compreender o processo de construção do conhecimento 
científico e consequentemente da construção dos instrumentos de pesquisa. Nesse 
ponto, chama-se atenção ao entrecruzamento de disciplinas como geografia, história, 
sociologia, antropologia, economia, entre outras. 
2) Métodos quantitativos e qualitativos: o que usar? 
Exposição dos diversos métodos de pesquisa disponíveis e quais as melhores 
opções para a pesquisa. Indicação de bibliografia sobre o tema e discussão dos limites e 
possibilidades de cada método. 
2.1) Métodos quantitativos 
2.2) Métodos qualitativos 
2.3) Métodos quali-quantitativos 
3) Atividade prática 
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Crise, práxis e autonomia: espaços de resistência e de esperanças 
Oficinas 
 
 
 
Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN: 978-85-99907-02-3 
 
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Partindo dos exemplos dos próprios participantes e suas pesquisas, e da 
experiência dos coordenadores nas suas pesquisa, se realizará uma discussão dos 
problemas de elaboração do projeto/desenho da pesquisa. Analisando cada caso, se 
discutirá com os presentes os métodos mais adequados para cada tipo de trabalho. Será 
abordado, ainda nesse ponto, a questão da organização dos dados coletados, para 
posterior análise. 
4) Indicação de referências para consulta e estudo 
Será fornecido um material digital e impresso de indicações bibliográficas 
sobre metodologia
de pesquisa, métodos de pesquisa quantitativa e qualitativa em 
geografia entre outros materiais. Há diversas obras que tratam do tema disponíveis em 
meio digital com licença creative commons, que poderão ser disponibilizadas sem, 
contudo, suprimir a necessidade de consulta em materiais tradicionais nas bibliotecas 
acadêmicas. Como é impossível esgotar o tema no período da disciplina, propõe-se que 
os participantes recebam orientações de onde e como buscar as alternativas 
metodológicas necessárias para desenvolvimento da pesquisa científica. 
 
RECURSOS MATERIAIS NECESSÁRIOS 
Para realização da oficina de Metodologia de Pesquisa será necessário a 
disponibilização de sala de aula no local do evento, equipada com aparelhagem 
multimídia: microcomputador e projetor de vídeo. Será realizada projeção de slides para 
acompanhar o desenvolvimento dos temas tratados. A organização deverá providenciar 
ainda cópias em CD-ROM do material da oficina (textos, roteiro, apresentação e 
artigos/livros em versão digital com licença creative commons), para que seja 
distribuído entre os participantes. O material que constará no CD-ROM será organizado 
pelos coordenadores da oficina. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A escolha dos métodos e da abordagem metodológica são dois caminhos 
básicos para o bom resultado de um trabalho científico. Sendo a base de toda construção 
intelectual, A compreensão dos caminhos metodológicos a seguir na pesquisa é 
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premissa básica para sua execução de forma inteligível ao pesquisador e ao público em 
geral. Dessa forma, espera-se que ao final da oficina os participantes possam refletir de 
forma mais clara e objetiva sobre suas próprias pesquisas e possuírem uma bibliografia 
comentada básica que os ajude neste processo. 
 
REFERÊNCIAS 
 
CLOKE, Paul. Et al. Practising Human Geography. London: 2004, Sage. 
 
ECO, Umberto. Título: Como se faz uma tese. P.imprenta: Sao Paulo. Perspectiva, 
1994. 
 
FLICK, Uwe. Uma introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Bookman, 2002. 
 
HETTNER, Alfred. O sistema das ciências e o lugar da Geografia. In: Geographia. 
Revista do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFF, Niterói, 2000, ano II, 
n.3, pp. 143-146. 
 
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Fundamentos de 
Metodologia Cientifica. São Paulo: Atlas, 1999. 
 
MOREIRA, R. A Geografia serve para desvendar máscaras sociais. MOREIRA, Ruy 
(org). Geografia: teoria e crítica. O saber posto em questão. Petrópolis: Vozes, 1982. 
 
SILVA, Maria Joseli. Et al. Construindo a ciência: elaboração crítica de projetos de 
pesquisa. Curitiba: Instituto Cultural dos Jornalista do Paraná, 2009. 
 
THIOLLENT, Michel. Crítica metodológica, investigação social e enquete operária. 
São Paulo: Editora Polis, 1980. 
 
BAUER, Martin W.; GASKELL, George. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e 
som. Petrópolis: Vozes, 2002.

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