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Aula 2 A Orientação Educacional e a Legislação Educacional

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Para que serve o estudo da legislação? O estudo da orientação associado ao conhecimento da legislação educacional brasileira torna-se importante para os profissionais da área em formação como instrumento de compreensão do desenvolvimento e evolução da própria Orientação Educacional. A partir da leitura de documentos legais, tais como; a Constituição, as Leis Orgânicas de Ensino, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, é possível perceber como a Orientação Educacional é vista pelos legisladores. Além disso, vislumbrar os fundamentos que nortearam a prática da Orientação Educacional em sua trajetória histórica. Sendo assim, apresentamos como destaque deste estudo os documentos legais referentes à Educação e à Orientação Educacional de forma direta ou indireta.
A Educação presente na Constituição: Entende-se a Constituição como um conjunto de regras governamentais que legisla sobre os poderes e funções de um país, aplicando-se aos variados níveis da organização política, inclusive sobre o campo educacional. Nosso país, em sua história, possui algumas constituições, sendo a atual promulgada em 1988 e única com a participação popular. Aspectos relevantes para o campo educacional presentes nestas constituições: 
Constituição de 1824: 
Gratuidade da instrução primaria; 
Criação de colégios e universidades.
Constituição de 1891: 
Atribui ao Congresso Nacional a legislação sobre o ensino superior; 
Atribui aos Estados a legislação sobre o ensino secundário e primário, assim como a manutenção das escolas primarias.
Constituição de 1934: 
Possui capitulo especifico sobre educação e Cultura; Atribui a União o estabelecimento das diretrizes da educação nacional; 
Atribui a União e aos Estados a difusão da instrução publica em todos os seus graus;
Define a educação como um direito de todos, devendo ser ministrada pela família e pelos Poderes Públicos.
Constituição de 1937: 
Institui que a educação integral da prole é primeiro dever e direito da família, sendo o Estado apenas colaborador para facilitar a sua execução ou suprir as deficiências e lacunas da educação particular;
O ensino pré-vocacional profissional destinado às classes menos favorecidas; 
O ensino primário é obrigatório e gratuito.
Constituição de 1946: 
Fixa, como competência da União, o estabelecimento das diretrizes e bases da educação nacional;
A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola;
O ensino primário é obrigatório; Possui princípios de liberdade e ideia de solidariedade humana.
Constituição de 1967: 
A educação é um direito de todos e será dada no lar e na escola;
Possui o principio da unidade nacional e os ideais de liberdade e de solidariedade humana;
Amplia a obrigatoriedade do ensino no período de sete a catorze anos.
Constituição de 1988: 
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho;
 Possui principio democrático, valorizando o plurarismo de ideias e de concepções pedagógicas e a gestão democrática; Gratuidade do ensino publico em estabelecimentos oficiais; 
Educação básica obrigatória e gratuita dos 4 anos aos 17 anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria;
Estabelece o Plano Nacional de Educação com duração plurianual;
As Leis Orgânicas do Ensino e Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Como forma de cumprimento dos dispositivos educacionais assinalados na Constituição de 1937, o então Ministro da Educação, Gustavo Capanema, institui um conjunto de reformas chamadas de Leis Orgânicas:
Lei Orgânica do Ensino Industrial em 1942 (Decreto-lei 4073);
Lei Orgânica do Ensino Secundário em 1942 (Decreto-lei 4244);
Lei Orgânica do Ensino Comercial em 1943 (Decreto-lei 6141).
Em seguida, no governo de José Linhares, o então Ministro da Educação, Leitão Cunha, institui novas leis Orgânicas que complementam as anteriores:
Lei Orgânica do Ensino Primário em 1946 (Decreto-lei 8259); 
Lei Orgânica do Ensino Normal em 1946 (Decreto--lei 8530);
Lei Orgânica do Ensino Agrícola em 1946 (Decreto-lei 9613)
Tais medidas denotam relevância na instituição e desenvolvimento do ensino profissionalizante, como também referencias a Orientação Educacional.
Quando é instituído oficialmente o serviço de Orientação Educacional? Na Lei Orgânica do Ensino Industrial de 1942, pela Reforma Capanema, é instituído oficialmente o Serviço de Orientação Educacional no Brasil, tendo o objetivo de correção e encaminhamento dos alunos-problemas, como pode ser visto em: “É instituído o Serviço de orientação Educacional, com a finalidade de correção e encaminhamento dos alunos-problemas e de elevação das qualidades morais, através de um regime de autonomia que facilita a educação social dos escolares. Referiu-se, ainda, a Lei, à facilitação da escolha profissional, esclarecendo e aconselhando, em cooperação com a família”. (MAIA; GARCIA, 1995, p. 15). Nesta perspectiva, observa-se seu caráter adaptador, visando à inserção e adaptação do indivíduo às necessidades da sociedade, mediante a sua incorporação de valores morais.
Lei Orgânica do Ensino Secundário de 1942: Na Lei Orgânica do Ensino Secundário de 1942, temos como destaque a apresentação da função da Orientação Educacional como apoio ao ensino e orientação profissional e de lazer a partir de aconselhamentos. Demonstra um caráter vocacional voltado para a escolha do Ensino Superior.
Lei Orgânica do Ensino Comercial de 1943: Na Lei Orgânica do Ensino Comercial de 1943 temos como destaque a apresentação da orientação com o caráter preventivo atuando também nas questões de ensino, saúde, ajustamento do indivíduo às normas estabelecidas na sociedade e orientação na escolha profissional, compreendendo a sua ação como meio de solução de problemas do aluno.
Lei Orgânica do Ensino Agrícola de 1946: Na Lei Orgânica do Ensino Agrícola de 1946, a Orientação apresenta-se a partir do caráter preventivo, sendo a orientação profissional um ajustamento do indivíduo à profissão estabelecida pelo mercado de trabalho. Nesse decreto verificamos principalmente o aparecimento da expressão “Orientação Profissional”, a estipulação das funções do orientador e a indicação de articulação com o corpo docente.
Alguns aspectos relevantes: Segundo Grinspun (2006), a Orientação Educacional revela-se como um mecanismo dos legisladores para ajustar a população no campo educacional às demandas do mercado de trabalho e da sociedade quanto à estratificação das classes sociais. Outro aspecto relevante na evolução histórica da Orientação Educacional no Brasil refere-se à própria legitimação do papel do orientador mediante a legislação brasileira, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação da Educação Nacional e outras relacionadas ao tema, seguindo os modelos americano e francês.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e a Orientação Educacional: Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961 (Lei 4024/61) verifica-se um capítulo destinado à Orientação Educacional fixando a formação de orientadores para os cursos primários e secundários, porém com ênfase dela para o Ensino Médio. É instituída a Orientação Educativa e Vocacional, em cooperação com a família, com a preocupação de ajustamento do indivíduo ao ambiente da escola, do trabalho e à própria sociedade. No tocante à formação do orientador, sua fundamentação baseava-se em conteúdos psicológicos como forma de construção de uma prática voltada para uma ideologia liberal do desenvolvimento da individualidade e de aptidões. Logo, o orientador ocupa papel central dentro do ambiente escolar para a aplicabilidade da diretriz educacional do país.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e a Orientação Educacional: Em 1968 tem-se a regulação do exercício da profissão de Orientação Educacional a partir da Lei 5564/68, proporcionando a sua profissionalizaçãobaseada numa perspectiva psicológica e preventiva e tendo a finalidade não apenas de orientação profissional, mas também de auxiliador do desenvolvimento integral do indivíduo. Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1971 (Lei 5692/71), que possui como eixo norteador a qualificação para o trabalho, é declarada a obrigatoriedade da Orientação Educacional nos estabelecimentos de ensino de 1° e 2° graus em cooperação com professores, a família e a comunidade, visando um aconselhamento vocacional que favoreça a escolha profissional conforme as necessidades do mercado de trabalho. Nesse contexto, Grinspun (2006) acrescenta que:
“O Decreto-lei 69.450/71 e a Res. 2/72 fixaram outras atividades para a Orientação Educacional; o Parecer 339/72 ressaltou a importância da sondagem de aptidões, com isso reforçando o uso de técnicas apropriadas para o conhecimento das “vocações” dos alunos”(BRASIL, Parecer 339/72, p.146).
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (Lei 9394/96), fundamentada em princípios democráticos, fixa a educação numa concepção abrangente, como vemos a seguir: “Art. 1º - A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.” (BRASIL, Lei 9394, 1996). 
Em seu corpo textual não encontramos menção objetiva sobre a Orientação Educacional como na lei anterior, exceto a abordagem dada para a formação deste profissional: “Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional.” (BRASIL, Lei 9394, 1996).
Mediante a análise da evolução histórica da Orientação Educacional, não podemos descartar a atuação desta quanto à educação profissional assinalada na lei, tornando-a presente de forma indireta. Outro aspecto relevante refere-se à instituição da gestão democrática no ensino público, que em sua concepção preconiza a participação dos profissionais da educação na elaboração do Projeto Político Pedagógico da escola, possibilitando ao orientador uma prática educativa mais política no ambiente escolar.
SAIBA MAIS: Você sabia que o profissional da Orientação Educacional e o professor de Educação Física são os únicos que possuem a regulamentação da profissão por lei?
A Prática da Orientação Educacional e a Legislação Educacional: Com a leitura dos principais textos referentes à legislação educacional pertinentes à Orientação Educacional verificamos que a prática desta está vinculada à concepção de educação instituída. Logo, para a construção e compreensão da identidade desse profissional é necessária uma retrospectiva histórica do seu processo evolutivo. A Orientação Educacional foi durante muito tempo associado a um caráter preventivo e ajustamento do indivíduo tanto aos problemas detectados nas áreas de ensino, saúde e moral, às normas preestabelecidas pela a sociedade como também aos de orientação profissional, a partir de uma ideologia de individualidade e aptidões fundamentada em teorias psicológicas. Isso demonstra que sua presença no ambiente escolar não se institui a partir de uma necessidade da escola, mas sim como uma necessidade dos legisladores de implementar seus ideais e sua concepção de educação.
Hoje, percebemos que a prática da Orientação Educacional faz-se presente no cotidiano escolar perante as necessidades desta como agente de transformação e mediação do fazer pedagógico e do processo de aprendizagem. Nesse aspecto, Grinspum (2006) diz que: “A Educação é uma prática social, e a orientação deve ser vista como uma prática que ocorre dentro da escola, mas cujas atividades podem e devem ultrapassar seus muros; uma prática que caminha no sentido da objetividade, da subjetividade da Educação” (GRINSPUM, 2006, p. 20).
A Prática da Orientação Educacional e a Legislação Educacional: Sendo assim, destacamos que, atualmente, a Orientação não se limita a uma atuação burocrática, mas sim a uma atuação pedagógica com a finalidade de promover uma educação de qualidade pautada na cidadania e no desenvolvimento integral do aluno. Podemos destacar que além de ser instrumento de construção e da identidade do orientador educacional, o conhecimento da legislação no campo educacional é um eixo norteador de sua prática no cotidiano escolar, pois fundamenta sua ação quanto à organização das atividades e na garantia de uma educação de qualidade e acessível a todos.

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