Buscar

AULA 01

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

MÓDULO ESTRUTURAL: PATOLOGIA
AULA 01: CAPITULO 1, BOGLIOLO, PATOLOGIA, 7ed
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE PATOLOGIA
Saúde e doença: Os conceitos de Patologia e de Medicina convergem para um elemento comum, que é a doença.
Pode-se definir saúde como um estado de adaptação do organismo ao ambiente físico, psíquico ou social em que vive, de modo que o indivíduo sente-se bem (saúde subjetiva) e não apresenta sinais ou alterações orgânicas evidentes (saúde objetiva).
Ao contrário, doença é um estado de falta de adaptação ao ambiente físico, psíquico ou social, no qual o individuo sente-se mal (sintonias) e/ou apresenta alterações orgânicas evidenciáveis (sinais). 
Elementos de uma doença e divisões da patologia: Todas as doenças têm causa (ou causas) que age por determinados mecanismos, os quais produzem alterações morfológicas e/ou moleculares nos tecidos, que resultam em alterações funcionais no organismo ou em parte dele, produzindo manifestações subjetivas (sintomas) ou objetivas (sinais). A Patologia engloba áreas diferentes, como a Etiologia (estudo das causas), a Patogênese (estudo dos mecanismos), a Anatomia Patológica (estudo das alterações morfológjcas dos tecidos que, em conjunto, recebem o nome de lesões) e a Fisiopatologia (estudo das alterações funcionais dos órgãos afetados).
A Patologia Geral estuda os aspectos comuns às diferentes doenças no que se refere às suas causas, mecanismos patogenéticos, Lesões estruturais e alterações da função.
A Patologia Especial se ocupa das doenças de um determinado órgão ou sistema (Patologia do Sistema Respiratório, Patologia da Cavidade Bucal etc.) ou estuda as doenças agrupadas por suas causas (Patologia das doenças produzidas por fungos, Patologia das doenças causadas por radiações etc.). Dentro dessa abrangência, têm-se a Patologia Médica, a Patologia Veterinária e a Patologia Odontológica.
Agressão. Defesa. Adaptação. Lesão: 
Lesão ou processo patológico é o conjunto de alterações morfológicas, moleculares e/ou funcionais que surgem nos tecidos após agressões.
Os transtornos funcionais manifestam-se por alterações da função de células, tecidos, órgãos ou sistemas e representam os fenômenos Fisiopatológicos já definidos.
As lesões são dinâmicas: começam, evoluem e tendem para a cura ou para a cronicidade. Por esse motivo, são também conhecidas como processos patológicos, indicando a palavra “processo”, uma sucessão de eventos.
O alvo dos agentes agressores são as moléculas, especialmente as macromoléculas, de cuja ação depende das funções vitais. Portanto, toda lesão se inicia no nível molecular. As alterações morfológicas celulares surgem em consequência de modificações na estrutura das membranas, do citoesqueleto e de outros componentes, além do acúmulo de substâncias nos espaços intercelulares. A ação dos agentes agressores, qualquer que seja a sua natureza se fazem por dois mecanismos: (a) ação direta, por meio de alterações moleculares que se traduzem em modificações morfológicas; (b) ação indireta, através de mecanismos de adaptação que, ao serem acionados para neutralizar ou eliminar a agressão, induzem alterações moleculares que resultam em modificações morfológicas. Desse modo, os mecanismos de defesa, quando acionados, podem também gerar lesão no organismo.
Apesar da enorme diversidade de agentes, lesivos existentes na natureza, a variedade de lesões observadas nas doenças não é muito grande. Isso se deve ao fato de os mecanismos de agressão às moléculas serem comuns aos diferentes agentes agressores; além disso, com frequência as defesas do organismo são inespecíficas, no sentido de que são as mesmas frente a diferentes estímulos. Duas situações exemplificam afirmativa anterior:
Muitos agentes lesivos agem por reduzir o fluxo sanguíneo, o que diminuí o fornecimento de oxigênio para as células e reduz a produção de energia; redução da síntese de ATP também é provocada por agentes que inibem enzimas da cadeia respiratória;
Outros diminuem a produção de ATP porque impedem o acoplamento da oxidação com o processo de fosforilação do ADP; há ainda agressões que aumentam as exigências de ATP sem induzir aumento proporcional do fornecimento de oxigênio.
Em todas essa situações, a deficiência de ATP interfere com as bombas eletrolíticas, com as sínteses celulares, com o pH intracelular e com outras funções que culminam com o acúmulo de água no espaço intracelular e com uma série de alterações ultra estruturais que recebem, em conjunto, o nome de degeneração hidrópica. São, portanto, diferentes os agentes agressores capazes de produzir uma mesma lesão por meio de redução absoluta ou relativa da síntese de ATP.
Por outro lado, a ação do calor (queimadura), de um agente químico corrosivo ou de uma bactéria que invade o organismo é seguida de respostas teciduais que se traduzem por modificações da microcirculação e pela saída de leucócitos do leito vascular para o interstício. Nessas três situações, ocorre urna reação inflamatória inespecífica, que é uma modalidade comum e muito frequente de resposta do organismo frente a agressões muito distintas. 
Em todas as agressões, as lesões têm um componente que resulta da ação direta do agente agressor e de um elemento decorrente da ação dos mecanismos de defesa acionados. Em muitas situações são os mecanismos de defesa inatos ou adaptativos são principais responsáveis pela lesão. É o que ocorre nas doenças de natureza imunitária e nas infecções, nas quais os mecanismos imunitários de defesa contra o agente infeccioso lesam também os tecidos. 
Classificação das lesões
Ao atingirem o organismo, as agressões comprometem um tecido (ou um órgão), no qual existem: (a) células, parenquimatosas e do estroma; (b) componentes intercelulares, interstícios ou matriz extracelular; (c) circulação sanguínea e linfática; (d) inervação. Após agressões, um ou mais desses componentes podem ser afetados, simultaneamente ou não. Desse modo, podem surgir lesões celulares, danos ao interstício, transtornos locais da circulação, distúrbios locais da inervação ou alterações complexas que envolvem muitos dos componentes teciduais ou todos eles. Por essa razão, as lesões podem ser classificadas nos cinco grupos a seguir, definidos de acordo com o alvo atingido, lembrando que, dada a interdependência entre os componentes estruturais dos tecidos, as lesões não surgem isoladamente nas doenças, sendo comum sua associação.
As lesões celulares podem ser consideradas em dois grupos: lesões letais e não letais. 
As lesões não letais são aquelas compatíveis com a recuperação do estado de normalidade depois de cessada a agressão; letalidade/não letalidade está frequentemente ligada à qualidade, à intensidade e à duração da agressão, bem como ao estado funcional ou tipo de célula atingida. As agressões podem modificar o metabolismo celular, induzindo o acúmulo de substâncias intracelulares (degenerações), ou podem alterar os mecanismos que regulagem o crescimento e a diferenciação celular (originando hipotrofias, hipenrofias. hiperplasias, hipoplasias, metaplasias, displasias e neoplasias). Outras vezes, acumulam se nas células pigmentos endógenos ou exógenos, constituindo as pigmentações. 
As lesões letais são representadas pela necrose (morte celular seguida de autólise) e pela apoptose (morte celular não seguida de autólise).
As alterações do interstício (da matriz extracelular) englobam as modificações da substância fundamental amorfa e das fibras elásticas, colágenas e reticulares, que podem sofrer alterações estruturais e depósitos de substâncias formadas in situ ou originadas da circulação. Os depósitos de cálcio e a formação de concreções e cálculos no meio extracelular são estudados à parte.
Os distúrbios da circulação incluem: aumento, diminuição ou cessação do fluxo sanguíneo para os tecidos (hiperemia, oligoemia e isquemia), coagulação do sangue no leito vascular (trombose), aparecimento na circulação de substâncias que não se misturam ao sangue e causam oclusão vascular (embolia), saída de sangue do leito vascular(hemorragia) e alterações das trocas de líquidos entre o plasma e o interstício (edema).
As alterações da inervação não têm sido abordadas nos textos de Patologia Geral, mas sem dúvida, devem representar lesões importantes, devido ao papel integrador de funções que o tecido nervoso exerce. Na verdade, as alterações locais dessas estruturas são pouco conhecidas.
A lesão mais complexas que envolve todos os componentes teciduais é a inflamação. Esta se caracteriza por modificações locais da microcirculação e pela saída de células do leito vascular, acompanhadas por lesões celulares e do interstício provocadas, principalmente, pela ação das células fagocitárias e pelas lesões vasculares que acompanham o processo.
Não se deve esquecer que lesões localizadas quase sempre se acompanham de respostas sistêmicas, induzidas não somente por estímulos nervosos aferentes como também por substâncias diversas (citocinas) liberadas nos tecidos lesados. Tais respostas se relacionam à adaptação do organismo à agressão, facilitando os mecanismos defensivos e a modulação de seus efeitos.

Continue navegando