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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL PIAUIENSE – FUNEAC 
FACULDADE DAS ATIVIDADES EMPRESARIAIS DE TERESINA – FAETE 
DIREÇÃO DE ASSUNTOS ACADÊMICOS E COMUNITÁRIOS 
COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE JURÍDICA DO DIREITO DE LOCOMOÇÃO DOS 
CADEIRANTES NA CIDADE DE TERESINA – PI 
 
 
 
 
 
 
JOSIELDON MOURA GUEDES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERESINA – PIAUÍ 
2011 
 
 1
JOSIELDON MOURA GUEDES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE JURÍDICA DO DIREITO DE LOCOMOÇÃO DOS 
CADEIRANTES NA CIDADE DE TERESINA – PI 
 
 
 
 
Monografia apresentada à Faculdade das 
Atividades Empresariais de Teresina – FAETE, 
como requisito parcial para a obtenção do título 
de Bacharel em Direito, sob a orientação da Profª 
Esp. Gerlanne Luiza Santos de Melo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERESINA – PIAUÍ 
2011 
 2
JOSIELDON MOURA GUEDES 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE JURÍDICA DO DIREITO DE LOCOMOÇÃO DOS 
CADEIRANTES NA CIDADE DE TERESINA – PI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia aprovada em ____/____/____ 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 
Profª Gerlanne Luiza Santos de Melo 
Orientadora 
 
 
 
 
2°Examinador 
 
 
 
 
3° Examinador 
 
 
 
 
 
 
 3
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Suba o primeiro degrau com fé. 
Mesmo que você não veja toda a escada, 
apenas dê o primeiro passo. 
 
(Martin Luther King) 
 
 4
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço a Deus, vida e fonte de inspiração, que me deu forças nos 
momentos mais difíceis; coragem para seguir em frente. 
Aos meus pais, José Luís dos Santos Guedes e Maria Marlene de Moura 
Guedes, pelo apoio e amor incondicional. 
Aos meus irmãos, pelo incentivo e encorajamento nos momentos de 
desânimo e cansaço. 
À professora Orientadora Gerlanne Luiza Santos de Melo, pela paciência 
e sabedoria como me conduziu neste trabalho, sempre atenciosa e brilhante. 
Aos demais professores da FAETE, pelas preciosas orientações e 
ensinamentos. 
Aos colegas de Curso, com quem compartilhamos conhecimentos e 
expectativas. 
Aos meus patrões Ediomar Lourenço Borges e Maria do Carmo Almeida 
Borges, pelo incentivo e compreensão nos momentos difíceis ao longo da minha 
capacitação profissional. 
À Carla Karine Lopes da Silva, pela amizade, apoio e prestimosos 
aconselhamentos. 
Enfim, agradeço a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para 
minha formação acadêmica e realização deste trabalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A Deus, por iluminar-nos rumo a conquista 
desta jornada na busca pelo saber e pela 
qualificação profissional. 
 
 6
RESUMO 
 
 
Os dados do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 
apontam que, 24% (vinte e quatro por cento) da população brasileira correspondem 
a pessoas com deficiências, levando este pesquisador à necessidade de refletir 
sobre o direito de locomoção como uma das garantias essenciais do cidadão 
relacionadas na Carta Magna Brasileira de 1988. Assim, o assunto é de grande 
importância para o mundo jurídico, uma vez que, através desse estudo, discutiu-se 
um dos princípios basilares de nosso estado democrático de direito, qual seja o 
princípio da igualdade, face às condições de locomoção das pessoas com 
deficiência no Brasil. A preocupação por essa temática deve-se ao fato de que, 
nossas cidades não se encontram estruturalmente preparadas para atender às 
necessidades e anseios desses cidadãos. Nesse contexto, abordou-se como 
problema: quais os desafios enfrentados pelos cadeirantes na efetivação do direito 
de locomoção em Teresina – PI? O referido estudo tem como objetivo geral analisar 
juridicamente o direito de locomoção dos cadeirantes na cidade de Teresina – PI. A 
metodologia adotada contemplou uma concepção qualitativa de natureza descritiva 
e interpretativa através de revisão da literatura e uma pesquisa de campo através da 
aplicação de um roteiro semi-estruturado junto a 10 (dez) cadeirantes 
freqüentadores do Centro Integrado de Reabilitação (CEIR), como também, uma 
entrevista junto a Assessoria Jurídica e Serviço Social da referida instituição. Diante 
de tais resultados, verifica-se que as pessoas com deficiência apesar de grande 
parte conhecer seus direitos intrínsecos, não tem esses direitos reconhecidos e 
respeitados, confrontando-se com inúmeras dificuldades e desafios, especialmente 
relacionadas ao direito à acessibilidade. 
 
Palavras-Chave: Direito à Locomoção. Cadeirantes. Desafios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 7
ABSTRACT 
 
 
 
 
 
 
 
 
Data from the last census of the Brazilian Institute of Geography and Statistics 
(IBGE) show that 24% (twenty-four percent) of the population corresponds to people 
with disabilities, leading this researcher to the need to reflect on the right of 
movement as a essential guarantees of the citizen listed in the 1988 Brazilian 
Constitution. Thus, the issue is of great importance to the legal world, since, through 
this study, we discussed one of the fundamental principles of our democratic state of 
law, namely the principle of equality, given the conditions of movement of people with 
deficiency in Brazil. The concern for this issue is due to the fact that our cities are not 
structurally designed to suit the needs and wishes of those citizens. In this context, 
we dealt with as a problem: what are the challenges faced by wheelchair users in the 
realization of the right of locomotion in Teresina - PI? This study aims at analyzing 
the legal right of movement of the wheelchair in the city of Teresina - PI. The design 
methodology adopted contemplated a qualitative descriptive and interpretive in 
nature through a literature review and field research by applying a semi-structured 
with 10 (ten) wheelchair patrons of the Center for Integrated Rehabilitation (Coir), as 
well as an interview with the Legal and Social Service of that institution. Given these 
results, it appears that people with disabilities although most know their inherent 
rights, does not have those rights recognized and respected, faced with numerous 
difficulties and challenges, especially regarding the right to accessibility. 
 
Key-words: Right to Locomotion. Wheelchair. Challenges. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO .................................................................................................... 
 
1 CONCEPÇÕES GERAIS SOBRE DEFICIÊNCIA ............................................ 
1.1 Aspectos Históricos ....................................................................................... 
1.2 Conceito legal de deficiência ......................................................................... 
1.3 Processo de legitimação da inclusão ............................................................2 BREVE PRELIMINAR SOBRE DIREITOS HUMANOS ................................... 
2.1 Panorama conceitual ..................................................................................... 
2.2 Trajetória histórica e legal ............................................................................. 
2.3 Direito à locomoção: garantia constitucional .................................................
 
3 DESAFIOS DOS CADEIRANTES FRENTE AO DIREITO DE LOCOMOÇÃO 
3.1 Locomoção dos Cadeirantes na cidade de Teresina ................................... 
3.2 Análise dos Dados ........................................................................................ 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 
 
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 
 
APÊNDICE A – ROTEIRO SEMI-ESTRUTURADO ............................................ 
ANEXO A – RECOMENDAÇÃO N.11/2006 ........................................................ 
ANEXO B – PORTARIA N.002/2005 .................................................................. 
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 9
 
INTRODUÇÃO 
 
 
É sabido que, segundo os dados do último Censo do Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística (IBGE), 24% (vinte e quatro por cento) da população 
brasileira corresponde a pessoas com deficiências. 
No contexto da sociedade globalizada, este estudo vem atender à 
necessidade de se refletir sobre o direito de locomoção como uma das garantias 
essenciais do cidadão relacionadas na Carta Magna Brasileira de 1988, constituindo 
uma das premissas do estado democrático de direito que, por sua vez, fundamenta-
se no poder que emana do povo (SARNEY, 2008). 
Assim, o assunto é de grande importância para o mundo jurídico, uma vez 
que, através desse estudo, discutir-se-á um dos princípios basilares de nosso estado 
democrático de direito, o princípio da igualdade e analisar sua aplicabilidade prática, 
buscando demonstrar que de nada servem os princípios apenas na teoria, 
necessário se faz transpô-los à concretude das atividades práticas sociais do dia-a-
dia, favorecendo, pois, uma efetiva mudança social (BIGIO, 2008). 
Além disso, a preocupação por essa temática deve-se ao fato de que, 
nossas cidades não se encontram estruturalmente preparadas para atender às 
necessidades e anseios desses cidadãos. 
Nesse contexto, abordou-se como problema, a questão básica: quais os 
desafios enfrentados pelos cadeirantes na efetivação do direito de locomoção em 
Teresina – PI? 
O referido estudo tem como objetivo geral analisar juridicamente o direito 
de locomoção dos cadeirantes na cidade de Teresina – PI. E como objetivos 
específicos: entender a acepção de Deficiência e Inclusão; relacionar um panorama 
histórico-conceitual acerca dos direitos humanos; identificar os direitos fundamentais 
dos portadores de necessidades especiais; verificar dificuldades enfrentadas pelos 
cadeirantes em Teresina - PI; refletir sobre os desafios impostos aos cadeirantes 
hoje. 
Vale destacar, pois, que a importância do presente estudo relaciona-se ao 
caráter teórico-prático debatido por autores como Lima (2006), Bonavides (1997), 
 10
Sarlet (2006), Sarney (2008), Bigio (2009), Azevedo (2007), Lacômica (2008), 
Figueiredo (2000), além da Constituição Federal, Declaração dos Direitos Humanos, 
revista eletrônicas, jornais, dentre outros. 
A metodologia adotada contemplou uma concepção qualitativa de 
natureza descritiva e interpretativa através de revisão da literatura e análise de 
artigos de jornais e revistas, bem como, de trabalhos disponíveis na internet. Além 
disso, utilizou-se ainda uma pesquisa de campo através da aplicação de um roteiro 
semi-estruturado junto a 10 (dez) cadeirantes freqüentadores do Centro Integrado 
de Reabilitação (CEIR), como também, uma entrevista junto a Assessoria Jurídica e 
Serviço Social da referida instituição. 
Ao eleger “Análise Jurídica dos direitos de locomoção dos cadeirantes na 
cidade de Teresina – PI” como tema central do presente trabalho justificando-se, em 
razão dos inúmeros debates a respeito dessa temática e ainda por Teresina 
constituir centro de excelência no que se refere ao atendimento e reabilitação de 
pessoas com deficiência. 
Diante desse contexto, percebeu-se a necessidade realizar uma pesquisa 
que pudesse analisar a realidade vivenciada pelos cadeirantes em nossa sociedade; 
tendo em vista a situação de discriminação e desrespeito ao direito de locomoção 
desses cidadãos. 
Ademais, observa-se facilmente a existência de políticas públicas 
inclusivas insuficientes destinadas a esses indivíduos. Dessa forma, propõe-se 
investigar, discutir, refletir e analisar acerca de soluções que viabilizem a efetivação 
da garantia dos direitos de locomoção dos cadeirantes. 
O desenvolvimento do estudo encontra-se estruturada em três capítulos, 
a saber: a) o primeiro capítulo enfoca algumas concepções preliminares sobre 
deficiência, abordando aspectos históricos e conceituais; b) o segundo capítulo, 
trata dos direitos humanos, analisando-os histórica e conceitualmente; c) terceiro 
capítulo, reflete sobre os desafios enfrentados pelos cadeirantes na efetivação do 
direito de locomoção em Teresina – PI. 
 
 
 
 
 
 11
 
1 CONCEPÇÕES GERAIS SOBRE DEFICIÊNCIA 
 
 
1.1 Aspectos Históricos 
 
 
Nos tempos mais remotos da humanidade, a idéia de deficiência 
relaciona-se intimamente aos conceitos de inatismo e irreversibilidade, sendo 
explicada por fatores orgânicos que não podiam ser modificados. 
Somente a partir das primeiras civilizações do planeta e das primeiras 
noções de vida cultural, política e econômica é que foram estabelecidas as regras 
sociais de convivência e então se passa a enfrentar a inclusão do deficiente como 
resposta a fatores relacionados ao mundo da guerra e do trabalho. 
A idéia de exclusão tem suas raízes nos períodos mais antigos da 
história primitiva das sociedades humanas, quando os indivíduos lutavam contra 
diversas forças da natureza com a intenção de sobreviver aos mistérios do mundo 
natural a partir da ausência de explicações cientificas a respeito de fenômenos 
naturais. Uma dessas forças naturais era a deficiência. As diversas manifestações 
dessas forças eram compreendidas como intervenção de poderes sobrenaturais, 
no mundo físico. 
Nos períodos em que, as sociedades eram regidas pela força física e 
necessidade de uso ágil das funções corporais, os indivíduos com deficiências eram 
considerados inaptos para a sobrevivência, tornando-se até mesmo um fardo para o 
grupo produtivo e que portanto não serviria para a produção e tão pouco para o 
sacrifício. 
Conforme estudos antropológicos, desde a pré-história, pessoas com 
algum tipo de malformação congênita ou adquirida eram retratadas em pinturas e 
cerâmicas, concorrendo para a afirmação de que a temática da deficiência fazia 
parte da vida diária daquelas comunidades (SILVA, 1986). 
Na História Antiga e Medieval, em conformidade com lição de Garcia 
(2011), verifica-se que, as pessoas com deficiência recebiam dois tipos de 
tratamento: a rejeição com a eliminação sumária (morte) ou a proteção 
 12
assistencialista e piedosa. Em Roma Antiga, os filhos com deficiência eram 
sacrificados por seus próprios pais, coincidindo com tratamento observado em 
Esparta, onde os bebês e as pessoas que adquiriam alguma deficiência eram 
lançados ao mar ou em precipícios. 
Já em Atenas, foi definida a premissa jurídica segundo a qual, as pessoas 
com deficiência eram amparados e protegidos pelas instituições sociais, 
influenciadospelo pensamento de Aristóteles, afirmando “tratar os desiguais de 
maneira igual constitui-se em injustiça” (GARCIA, 2011). 
Verifica-se já na Idade Moderna a passagem de um período de extrema 
ignorância para o nascer de novas idéias; ocorrendo no período compreendido entre 
o ano de 1453 (Século XV), quando da tomada de Constantinopla pelos Turcos 
otomanos, até 1789 (Século XVIII) com a Revolução Francesa. O período mais 
festejado é o que vai até o Século XVI, com o chamado Renascimento das artes, da 
música e das ciências, pois revelaram grandes transformações, marcada pelo 
humanismo (GUGEL, 2011). 
Com isso, no cenário mundial, especialmente em meados do século XV, 
as crianças deformadas eram atiradas nos esgotos de Roma; enquanto que, na 
Idade Média, os portadores de deficiências eram abrigados nas igrejas e passaram a 
ganhar a função de bobo da corte; já entre os séculos XVI e XIX, as pessoas com 
deficiências permaneciam isoladas, sendo colocados em instituições como asilos, 
conventos e albergues. 
O precitado autor acrescenta ainda que, o século XX encontra-se 
marcado pelo seu caráter assistencial, pois, a partir desse período, as pessoas com 
deficiências começam a ser considerados cidadãos com direitos e deveres de 
participação na sociedade materializado através da Declaração Universal dos 
Direitos Humanos (1948), que será posteriormente comentado. 
De acordo com lição de Fonseca (2011), a Convenção sobre os Direitos 
das Pessoas com Deficiência realizada em 2007 insere-se num processo de 
construção do conjunto dos direitos humanos, os quais foram sistematizados a partir 
do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e do Pacto 
Internacional dos Direitos Civis e Políticos, ambos de 1966, os quais elencaram os 
direitos individuais básicos e os direitos sociais. Posteriormente, esta construção 
voltou-se a grupos vulneráveis, a saber: minorias raciais, mulheres, pessoas 
 13
submetidas à tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou 
degradantes, crianças, migrantes e, finalmente, pessoas com deficiência. 
Assim sendo, verifica-se conforme expresso no próprio preâmbulo da 
última Convenção Internacional sobre os direitos das pessoas com deficiência 
(2007) que a atenção aos grupos vulneráveis visa dar eficácia aos direitos humanos 
de forma a fazê-los unos, indivisíveis e interdependentes, de vez que as liberdades 
individuais e os direitos sociais fazem parte de uma sistematização monolítica e 
reciprocamente alimentada. 
No entendimento de Garcia (2011), a assistência e a qualidade do 
tratamento dispensado às pessoas com deficiência apresentaram significativo 
avanço ao longo do século XX por duas razões: o elevado contingentes de 
indivíduos com seqüelas de guerra e a atenção às crianças com deficiência. Os dois 
fatores exigiram medidas para o crescimento com o desenvolvimento de 
especialidades e programas de reabilitação específicos. 
Diante do quadro social de muitas pessoas deficientes, é que no século 
XX, as causas e origens das deficiências foram explicadas cientificamente, 
rompendo-se a concepção mítica, religiosa e maniqueísta que a sociedade construiu 
ao longo dos anos a respeito das pessoas com deficiência. No entanto, embora 
muitos mitos tenham sido extintos e a compreensão da deficiência seja percebida 
de forma menos obscura, ainda persiste nos dias de hoje, os preconceitos e o 
descaso com alguns tipos de deficiências. 
Importante ressaltar que, o grau de desconhecimento sobre as 
deficiências e suas potencialidades, todavia, permaneceu elevado ao longo de 
meados do século XX, haja vista o elevado índice de pessoas com deficiência 
mental tratadas como doentes mentais; sendo que, a inexistência de diagnósticos 
precisos ocasionaram história de vida trágica para pessoas com deficiência que 
passavam por internações indevidas e afastamento do convívio social. 
A movimentação social foi fundamental na mudança política e social 
conferida aos deficientes, pois na década de 60, nos Estados Unidos, os familiares 
de pessoas com deficiência voltados para o combate à discriminação surgiram os 
primeiros movimentos organizados. A partir dos anos 70, naquele mesmo país, 
pesquisas e teorias sobre a inclusão e melhoria das condições de vida dos mutilados 
de guerra avançaram. E, já nos anos 80 e 90, declarações e tratados mundiais 
passam a defender a inclusão. 
 14
O precitado autor acrescenta que, no âmbito brasileiro, a integração 
começou a ser discutida a partir do citado processo iniciado nos Estados Unidos nos 
anos 60. 
Por outro lado, as pessoas com deficiência tratadas como objeto de 
caridade e assistencialismo conserva a exclusão social das pessoas deficientes, e 
consoante entendimento de Savary (2007, p.61), 
 
Pessoas com deficiência, em uma grande parcela, fazem parte de uma zona 
de vulnerabilidade social que alimenta a caridade e o assistencialismo. São 
pessoas, na grande maioria, fora do mercado de trabalho, com pouco nível 
de instrução e acostumadas a receber auxílio e assistência de diversos 
grupos sociais. Assim, a caridade e o assistencialismo mantêm as pessoas 
com deficiência nesse lugar de necessitados, fixam-nos na zona de 
vulnerabilidade social, impedindo que aumente a tensão entre a demanda 
por integração e a possibilidade de desfiliação. A tensão permanece 
suportável e retroalimenta o assistencialismo. 
 
 
Neste contexto, a História revela para a humanidade um caminho 
persistente pela exclusão social e humana. Se, no passado, o indivíduo com algum 
comprometimento físico era banido por meio da morte, hoje, este tipo de tratamento 
não é mais praticado, todavia, é banido com a internação em instituições, com o 
cárcere privado, asilos e tantas outras que foram criadas com este objetivo: segregar 
o "diferente" da sociedade. 
Diante disso, verifica-se que Figueira (2008, p.17) esclarece que, 
 
 
[...] as questões que envolvem as pessoas com deficiência no Brasil, – por 
exemplo, mecanismos de exclusão, políticas de assistencialismo, caridade, 
inferioridade, oportunismo, dentre outras – foram construídas culturalmente. 
 
 
Sendo assim, torna-se necessário destacar a importância das questões 
culturais como fundamentais na história da deficiência no Brasil, em que a política de 
exclusão relacionadas às pessoas que apresentam algum tipo de deficiência teve 
sua consolidação desde os primórdios através da associação entre deficiência e 
doença, como se verá adiante no item 2.2. 
Quando comparada a realidade brasileira com a portuguesa, observa-se 
muitas diferenças; haja vista que, a etiologia da deficiência em Portugal, que não é 
significativamente diferente de outros países europeus, tem suas origens no 
aumento de acidentes aéreos e de trabalho. Todavia, a etiologia no Brasil ainda está 
 15
muito relacionada com a falta de acesso a serviços de saúde e a qualidade desses 
serviços, justificando a relação entre deficiência e pobreza (ALMEIDA, 2006). 
Desse modo, ao longo da história da humanidade, percebe-se que, a 
deficiência sempre foi tratada em instituições de prestação de serviços assistenciais 
e hospitalares. 
 
 
1.2 Conceito Legal e doutrinário de Deficiência 
 
 
Conforme o Código de Doenças Internacionais (CDI-10), o conceito de 
deficiência está relacionado a conceitos como o de incapacidade e de 
desvantagens, sendo esta definida como a perda ou anormalidade de estrutura ou 
função psicológica, filosófica ou anatômica, temporária ou permanente; incluindo-se 
nessas conceituações a ocorrência de uma anomalia, defeito ou perda de um 
membro, órgão, tecido ou qualquer outra estrutura do corpo, inclusive das funções 
mentais. 
Neste contexto, em consonância com Varonos e Karam (2010), observa-
se a existência de alguns termos para se relacionar às pessoas com deficiênciaque 
estão desatualizados: 
 
 
Pessoa com necessidades especiais: Serve mais pra fila de banco, porque 
engloba mais do que apenas as pessoas com deficiência mas também, 
idosos, pessoas com crianças de colo, obesos e pessoas com mobilidade 
reduzida. 
Portador de deficiência: Portar, significa carregar, e nós não carregamos 
nossa deficiência como se fosse um objeto e a deixamos quando não a 
queremos mais, a deficiência é definitiva então não a portamos. 
Deficiente: É estranho parece um grupo isolado, os deficientes. 
Especial: Não é especial ter uma deficiência, aliás vira um preconceito ao 
contrário, falar que é especial ser uma pessoa com deficiência é mascarar 
uma situação e quando a gente mascara a gente não supera. 
 
 
Os referidos autores lecionam que o termo mais atual, indicado pela 
Organização das Nações Unidas (ONU) é pessoa com deficiência, sendo que, 
observe que antes da deficiência vem o termo ‘pessoa’, pessoa cega, pessoa surda, 
existindo uma pessoa antes de qualquer limitação. 
 16
Ao declarar que um indivíduo tem uma deficiência não implica, portanto, 
que ele tenha uma doença nem que tenha de ser concebido como “doente”. 
Entretanto, o Decreto 3.298/99 (BRASIL, 1999) considera que as deficiências podem 
ser parte ou uma expressão de uma condição de saúde, mas não indicam 
necessariamente a presença de uma doença ou que o indivíduo deva ser 
considerado doente; entendendo doença como um distúrbio das funções de um 
órgão, da psiqué ou do organismo como um todo que está associado a sintomas 
específicos. Completa, informando que as deficiências podem ser temporários ou 
permanente, progressivas, regressivas ou estáveis, intermitentes ou contínuas. 
Amiralian (2000) define deficiência como perda ou anormalidade de 
estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, temporária ou permanente; 
incluindo-se nessas a ocorrência de uma anomalia, defeito ou perda de um membro, 
órgão, tecido ou qualquer outra estrutura do corpo, inclusive das funções mentais; 
representando assim, a exteriorização de um estado patológico, refletindo um 
distúrbio orgânico. 
Em conformidade com dados da UNESCO (1994), a deficiência é definida 
da seguinte maneira: 
 
[...] é uma dentre todas as possibilidades do ser humano e daí dever ser 
considerada, mesmo se as suas causas e conseqüências se modificam, 
como um fato natural que nós mostramos e de que falamos, do mesmo 
modo que o fazemos em relação a todas as outras potencialidades 
humanas. 
 
 
Segundo a Declaração de Málaga sobre pessoas com deficiência (2003 
apud ROSS, 2004, p.53), deficiência significa: 
 
[...] uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou 
transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades 
essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e 
social. 
 
 
Segundo o Código Civil (2002), a deficiência pode ser concebida como 
uma incapacidade absoluta ou relativa, tendo em vista que, em seus art. 3º e 4º, 
ficam expressos como incapazes, respectivamente: 
 
 
 17
[...] os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário 
discernimento para a prática desses atos e [...] os que, por deficiência 
mental, tenham o discernimento reduzido e os excepcionais, sem 
desenvolvimento mental completo. 
 
 
 
Doutrinariamente, as pessoas com deficiência têm uma condição humana 
diferente que limita a capacidade de exercício mas não deve excluí-las da esfera 
pública social. 
Conforme Arendt (2004) acrescenta que, a condição humana não é a 
mesma coisa que natureza humana; referindo-se às formas de vida que o homem 
impõe a si mesmo para sobreviver, constituindo condições que tendem a suprir a 
existência do homem, variando de acordo com o lugar e o momento histórico do qual 
o homem é parte. Logo, todos os homens são condicionados, até mesmo aqueles 
que condicionam o comportamento de outros tornam-se condicionados pelo próprio 
movimento de condicionar; sendo assim, os condicionamentos funcionam como 
ferramenta de inclusão das pessoas com deficiência. 
 
 
1.3 Processo de Legitimação da Inclusão 
 
 
Diante do exposto no item 1.2 sobre o condicionamento humano, fica 
evidenciado um quadro de condicionamento humano no qual estão inseridas essas 
pessoas com deficiência, que segundo leciona Marques apud Mantoan (1997, p.20): 
 
[...] enquanto a pessoa está adequada às normas, no anonimato, ela é 
socialmente aceita. Basta, no entanto, que ela cometa qualquer infração ou 
adquira qualquer traço de anormalidade para que seja denunciada como 
desviante. 
 
 
Atualmente, a deficiência está relacionada aos conceitos de incapacidade 
e desvantagem, portanto, vinculada à definição médica. Por isso, ela é vista como 
um problema do individuo, e que este é o responsável por adaptar-se à sociedade, 
na medida em que o modelo social da maioria é bem mais abrangente, propondo-se 
especial atenção às barreiras sociais que não estão, necessariamente, relacionadas 
ao diferente, mas a preconceitos, estereótipos e discriminações. 
 18
A superação dessas representações sociais da deficiência, caracterizadas 
pelas idéias de inferioridade, protecionismo, piedade, genialidade precisam ser 
reavaliadas, tendo em vista a necessidade de se compreender o homem ativo, suas 
lutas reais para superar as dificuldades e apropriar-se tanto da sua individualidade 
como dos bens socialmente construídos. 
Neste horizonte, entende-se que a luta pela integração dos sujeitos com 
necessidades especiais, suas instituições e suas utopias eram expressão de um 
momento de politização dos sujeitos, de um lado, e adoção ou implementação de 
políticas públicas de bem-estar social (welfare state), de outro. 
Consoante Honda (2003, p.2), welfare state corresponde a “uma 
transformação do próprio Estado a partir das suas estruturas, funções e legitimidade. 
Ele é uma solução para a necessidade de serviços de segurança sócio-econômica”. 
Além disso, de acordo com o precitado autor, o surgimento do Welfare State no 
Brasil ocorreu de maneira ímpar comparado à outros países, sendo que, o processo 
de modernização no Brasil é segmentado, com setores industriais modernos 
convivendo com setores tradicionais e com uma economia agrário-exportadora. 
Então, no Brasil, tal surgimento ocorreu a partir de decisões autárquicas com um 
caráter político muito forte: regular aspectos relativos à organização dos 
trabalhadores assalariados dos setores modernos da economia e da burocracia, em 
que as políticas que apareceram no Brasil, em meados dos anos 20 poderiam ser 
consideradas com um esboço da formação do Welfare State brasileiro, 
apresentando como função controlar os movimentos de trabalhadores no país. 
Com isso, excluindo-se o caráter político, constata-se a desintegração das 
pessoas, isto é, a exclusão social. Ao invés de se lutar pelo direito ao exercício do 
trabalho, ao bem-estar, a participação política, a felicidade, a rebeldia, as trocas 
simbólicas e culturais, é preciso, agora, estar inserido simplesmente no processo. 
É necessário, pois, acreditar que as pessoas com deficiência são capazes 
de aprender, ensinar e romper a barreira da recusa da escuta, fronteira esta que não 
podiam transpor. Dessa forma, ser capturada e alojada em espaços onde se possa 
exercer vigilância e dominação tem sido a sina, a marca e a tragédia da pessoa com 
deficiência. 
Por conseguinte, o advento da ideologia da inclusão social, a partir da 
promulgação da Constituição Federal de 1988 representa um retorno da apologia da 
comunidade, da cooperação, do comprometimento com o outro, com a qualidade do 
 19
que se aprende, difundindo-se o restabelecimento de laços entre as pessoas tão 
longinquamente esquecidas. 
Pode-se, enfatizar que o percurso históricoda prática inclusiva vem 
sofrendo um processo de legitimação importante, especialmente, nos dias atuais 
com suporte oferecido pela cientificidade, pela compreensão do desenvolvimento 
psicológico, social, sensorial, motor e humano, o que possibilita um progresso nos 
seus quadros. Porém, são necessários avanços importantes na forma como a 
sociedade percebe as pessoas com deficiência. E isso não é algo fácil, pois os 
preconceitos são construídos histórico-culturalmente e são disseminados por ações 
e atitudes sociais freqüentes. 
Desse modo, Arendt (2004, p.167) leciona acerca da existência de um 
processo circular entre meio e fim, instrumento e objeto; em que todo fim se torna 
meio e todo meio se torna fim; acrescentando ainda que, “Num mundo estritamente 
utilitário, todos os fins tendem a ser de curta duração e a transformar-se em meios 
para outros fins.” 
O maior desafio é tentar conscientizar os indivíduos por meio da 
sensibilização para aceitação das diferenças do outro; um dos papéis da educação 
inclusiva e também seu maior desafio. 
Logo, essa conscientização para efetivar-se em nossa sociedade, 
necessário se faz o entendimento e o respeito sobre direitos humanos, visando o 
aprofundamento dos conhecimentos sobre essa temática e, consequentemente, 
propiciar a disseminação da dignidade da pessoa humana, fundamento da 
Constituição da República Federativa do Brasil previsto no art.1º, III, fim maior dos 
direitos humanos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 20
 
2 BREVE PRELIMINAR SOBRE DIREITOS HUMANOS 
 
 
2.1 Panorama Conceitual 
 
 
Em consonância com Azevedo (2007, p.14), direitos humanos 
corresponde a um conceito que não possui unanimidade, em decorrência de seu 
caráter mutável, dinâmico e em contínua evolução, como todos os demais ramos do 
direito; são, portanto, indiscutíveis as constantes alterações sofridas pelos direitos 
fundamentais, tanto no tocante aos conteúdos quanto à eficácia, efetivação ou 
titularidade. 
De acordo com pensamento de Bonavides (1997, p.514), fica evidenciado 
que, a melhor designação preferida pela tradição germânica, qual seja, a de “direitos 
humanos são direitos fundamentais da pessoa humana”, ou simplesmente, “direitos 
fundamentais”. 
Robert e Marcial (1999, p.03) lecionam que, a doutrina aplica a expressão 
direitos humanos ao tratar dos direitos inerentes à pessoa humana quando 
consagrados em textos jurídicos internacionais. Todavia, ao serem transportados 
para o texto constitucional, passam a receber o nome de Direitos e Garantias 
Fundamentais. 
No mesmo sentido, quanto a distinção entre direitos humanos e direitos 
fundamentais, Sarlet (2006, p.35) afirma que não ficaria clara a separação entre 
esses direitos, levando em consideração seu destinatário, tendo em vista que, em 
ambos os casos os destinatários dessa proteção é a pessoa humana. Acrescenta 
ainda o autor que o primeiro fator preponderante utilizado para tal distinção é o 
aspecto espacial da norma. Acrescenta o autor que o primeiro fator preponderante 
para tal distinção é o aspecto espacial da norma. E, diante disso, leciona que: 
 
 
 
 
 
 21
[...] termo ‘direitos fundamentais’ se aplica para aqueles direitos do ser 
humano reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional 
positivo de determinado Estado, ao passo que a expressão ‘direitos 
humanos’ guardaria relação com os documentos de direito internacional, 
por referir-se àquelas posições jurídicas que se reconhecem ao ser 
humano como tal, independentemente de sua vinculação com determinada 
ordem constitucional, e que, portanto, aspiram à validade universal, para 
todos os povos e tempos, de tal sorte que revelam um inequívoco caráter 
supranacional (internacional). 
 
 
No entanto, considerando-se apenas o critério espacial como única 
distinção entre direitos humanos e fundamentais, haveriam inúmeras dúvidas sobre 
a extensão do conteúdo de ambas as categorias jurídicas. 
Ainda quanto ao conceito de direitos humanos, este é entendido por 
Robert e Marcial (1999, p.10), como: 
 
[...] As ressalvas e restrições ao poder político ou as imposições a este, 
expressas em declarações, dispositivos legais e mecanismos privados e 
públicos, destinados a fazer respeitar e concretizar as condições de vida 
que possibilitem a todo ser humano manter e desenvolver suas qualidades 
peculiares de inteligência, dignidade e consciência, e permitir a satisfação 
de suas necessidades materiais e espirituais. 
 
Azevedo (2007) declara que os direitos humanos são aquelas garantias 
inerentes à existência da pessoa, definidos como verdadeiros para todos os Estados 
e positivados nos diversos instrumentos de direito internacional público. Porém, não 
possuem aplicação simplificada e acessível a todas as pessoas pela ausência de 
fatores instrumentais. Ao passo que os direitos fundamentais são constituídos por 
regras e princípios positivados constitucionalmente, os direitos humanos por sua 
vez, visam garantir a existência digna da pessoa, tendo sua eficácia assegurada 
pelos tribunais internos. 
É no plano funcional que se desdobram as duas funções das normas: as 
regras e os princípios dos direitos fundamentais, sendo que: 
 
 
Por um lado, atuam no plano subjetivo, operando como garantidores da 
liberdade individual, sendo que esse papel clássico somam-se, hoje, os 
aspectos sociais e coletivos da subjetividade. De outro lado, os direitos 
ostentam uma função (ou dimensão) objetiva, que se caracteriza pelo fato 
de sua normatividade transcender à aplicação subjetivo individual, pois que 
estes também orientam a atuação do Estado (PEREIRA, 2006, p.77). 
 
 22
Além disso, destaca-se que, tais qualificações fundamentais daria a 
entender que se trata de situações jurídicas sem as quais a pessoa humana não se 
realiza, não convive e, às vezes, nem mesmo sobrevive; implicando que tais 
situações a todos, por igual, devem ser não apenas formalmente reconhecidos, mas 
concreta e materialmente efetivos. 
Para Moraes (2002, p.39) numa visão mais constitucionalista e preferindo 
a expressão direitos humanos fundamentais define-os como: 
 
 
[...] O conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano que 
tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por meio de sua 
proteção contra o arbítrio do poder estatal e o estabelecimento de 
condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade humana. 
 
 
Em consonância com tais posicionamentos, observa-se a dificuldade em 
definir o que são Direitos Humanos, mas é louvável o interesse de todos em 
acompanhar a origem e a evolução desses direitos que são inerentes à dignidade da 
pessoa humana (AZEVEDO, 2007). 
Os direitos humanos compõem, assim, uma unidade indivisível, 
interdependentes e inter-relacionada, capaz de conjugar o catálogo de direitos civis 
e políticos ao catálogo de direitos sociais, econômicos e culturais. 
Neste contexto, tratar-se-á especialmente a respeito dos direitos das 
pessoas com deficiência, sendo que, para melhor compreensão, far-se-á uma breve 
incursão acerca dessa temática abrangendo aspectos históricos e legais. 
 
 
2.2 Trajetória dos Direitos Humanos 
 
 
Historicamente, verifica-se que, o século XVII com a obra de Grotius, De 
jure Belli act Pacis (1625), marcada por elevada tendência humanista, caracterizava-
se pelo Sistema Inquisitório Puro. Ou seja, o poder prevalente nas mãos do juiz 
autoritário, centralizador, responsável pelas iniciativas processuais e sobre a 
integridade física e a vida do suspeito, onde a tortura constituía ferramenta 
processual para a obtenção da confissão, prova fundamental nesse sistema; sendo 
que, a defesa, a busca da verdade e a própria dignidade do homem, eram 
 23
abandonadas nesses atos processuais, em face da relevânciadiante do sigilo que 
imperava para se conseguir a prova. 
Entretanto, a partir da Revolução Francesa, no ano de 1789, com base 
iluminista dos pensamentos de Voltaire, Rousseau e Monstesquieu, os valores de 
respeito aos direitos humanos foram disseminados. Ademais, outros acontecimentos 
históricos marcaram a Idade Moderna e merecem, uma importância especial, como 
a Revolução dos Estados Unidos da América, a Declaração dos Direitos do Homem 
e do Cidadão e as primeiras Constituições dos Estados. 
Ressalte-se, porém, que é na Inglaterra que continuaram a surgir 
importantes documentos em defesa dos direitos humanos, talvez até por conta do 
poder dos reis locais, afinal: “os direitos do homem surgem e se afirmam como 
direitos do indivíduo face ao poder do soberano no Estado absolutista” (LAFER, 
1988, p.126). 
A Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, editada 
por Thomas Jefferson, foi adotada na Convenção de Filadélfia, em 4 de julho de 
1776, destacando-se por proclamar que os governos eram estabelecidos para 
assegurar os direitos dos homens, em limitar o poder estatal e por considerar os 
direitos à vida, à liberdade e à busca da felicidade inalienáveis. 
A partir da queda da Bastilha, tem-se a Revolução Francesa, em 14 de 
julho de 1789 e, no dia 26 de agosto do mesmo ano, houve a promulgação, pela 
Assembléia Nacional francesa, da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, 
com dezessete artigos. 
Assim, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão referia-se à 
igualdade, liberdade, propriedade, segurança, resistência à opressão, possibilidade 
de associação política, princípio da legalidade, princípio da reserva legal e da 
anterioridade em matéria penal, princípio da presunção de inocência, liberdade 
religiosa, livre manifestação de pensamento e outros. 
No tocante à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, Bobbio 
(1992, p. 93), afirmou que: 
 
 
[...] o núcleo doutrinário da Declaração está contido nos três artigos iniciais: 
o primeiro refere-se à condição natural dos indivíduos que precede a 
formação da sociedade civil; o segundo, à finalidade da sociedade política, 
que vem depois [...] do estado de natureza; o terceiro, ao princípio de 
legitimidade do poder que cabe à Nação. 
 
 24
Observa-se que, em conformidade com Conceição (1990, p.39), essa 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão proclamava a fraternidade, a 
igualdade e a liberdade como princípios que deveriam guiar todos os homens, 
em todos os tempos, tanto que ficaram conhecidos no lema da Revolução 
Francesa. 
Enquanto isso, a Constituição Francesa apresentou inovações em relação 
ao controle do poder estatal e ao se analisar as revoluções na América e na França, 
fazendo com que as opiniões dos homens em relação ao governo mudassem em 
todos os países. Foi com esse intento que os enormes gastos dos governos levaram 
o povo a pensar, fazendo-o ter consciência da realidade. 
Nesse contexto, Moraes (2002, p.27) destaca que a Constituição 
Francesa, de 1793, configurou como importante documento, ressaltando que “o 
esquecimento e o desprezo dos direitos naturais do homem são as causas das 
desgraças do mundo”, preocupando-se com os direitos de “igualdade, liberdade, 
segurança, propriedade, legalidade, livre acesso aos cargos públicos, livre 
manifestação de pensamento, liberdade de imprensa, presunção de inocência”, 
dentre diversos outros. 
Pinto (2000) informa que “o primeiro marco histórico referido a 
internacionalização dos Direitos Humanos terá sido a Convenção de Direito 
Humanitário de 1864”. Sendo assim, o referido Direito surgiu como a primeira 
positivação, no campo do Direito Internacional, dos Direitos Humanos. Além disso, 
com as Constituições dos Estados sendo promulgadas, a positivação dos direitos 
naturais ocorre em instrumentos legais e surgem, em diversos Estados, para a 
proteção dos direitos humanos. 
Diante disso, entende-se que é ainda mais significativo referente a 
afirmação de que “quando os direitos do homem eram considerados unicamente 
como direitos naturais, a única defesa possível contra a sua violação pelo Estado era 
um direito igualmente natural, o chamado direito de resistência” (BOBBIO, 1992, 
p.31). 
Logo em seguida à Segunda Guerra Mundial foi elaborada a Carta das 
Nações Unidas, datada de 1945, em São Francisco, ficando conhecida como a Carta 
de São Francisco, inaugurando uma nova fase no respeito à vida e aos direitos 
essenciais da pessoa humana, contemporaneamente. 
Compreende-se, pois, como Direitos Humanos aqueles fundamentais da 
 25
pessoa humana; afirmando-se, que estes visam resguardar a sua integridade física e 
psicológica perante seus semelhantes e ao Estado em geral, de forma a limitar os 
poderes das autoridades, garantindo, assim, o bem-estar social através da 
igualdade, fraternidade e proibição de qualquer espécie de discriminação. 
A promulgação da Declaração Universal de Direitos Humanos pois, 
constitui um ponto de referência para a humanidade, uma forma de libertação; 
propiciando um desenvolvimento teórico das questões de direitos humanos, 
promulgando outros direitos tais como: econômicos, sociais e culturais; tornando-se 
uma fonte de inspiração para a elaboração de cartas constitucionais e tratados 
internacionais voltados para a proteção dos Direitos Humanos. 
Neste contexto, as lutas e reivindicações em torno das pessoas com 
deficiência levaram a elaboração de uma vasta legislação que trata da garantia 
dos direitos desses indivíduos. A Declaração dos Direitos Humanos (1948) 
assegura, por exemplo, o direito de todos à educação pública e gratuita. Isso implica 
que independentemente da cor, gênero, classe social, concepção religiosa, 
limitações físicas ou de outra ordem, todos os indivíduos, por lei, tem direito ao 
ensino de qualidade. 
Assim, em meados de 1948, com a universalização dos direitos, os 
cidadãos dos Estados foram transformados em cidadãos do mundo. No entanto, é 
preciso observar que, apesar das intenções da Declaração, os Direitos Humanos 
não são, de fato, universais, nem tampouco podem ser universalizáveis, pois 
precisam reproduzir a exclusão/exploração das sociedades. Desse modo, o caráter 
histórico contraditório dos direitos humanos questiona a pretensão européia e 
ocidental de se considerar o lugar por excelência da emancipação universal. 
Considerando o que prescreve a citada Declaração, os Estados reafirmam 
que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades 
fundamentais que outras pessoas e que estes direitos inclusive o direito de não 
serem submetidas à discriminação com base na deficiência, em decorrência da 
dignidade e da igualdade que são inerentes a todo ser humano. 
Destacando ainda a questão dos direitos humanos e, sobretudo, do direito 
à educação, que todos os brasileiros possuem, Telles (1994 apud CONSTRUIR 
NOTÍCIAS, 2004, p.20) chama a atenção para o fato de que “os direitos não dizem 
respeito apenas às garantias inscritas na lei e nas instituições [...] os direitos dizem 
respeito, antes de tudo, ao modo como as relações sociais se estruturam”. É 
 26
exatamente nesse ponto que se faz necessário analisar como andam as relações 
entre professores, alunos, gestores, comunidade e sociedade de modo geral. 
Já para a concepção filosófica em que se fundamentam os direitos 
humanos, é evidente que todos devem ter as mesmas oportunidades de aprender e 
desenvolver suas capacidades, para, assim, integrar-se plenamente na vida 
comunitária. Por essa razão, os movimentos em defesa dos direitos das pessoas 
com deficiência foram organizados no mundo todo; defendendo, principalmente, sua 
integração efetiva na sociedade. 
A Constituição Federal brasileira, em seu artigo 4º, inciso II, fixou os 
direitos humanos como um dosprincípios regentes das relações internacionais do 
Brasil. Ressaltando-se também que a Constituição Federal de 1988 incluiu, dentre 
os direitos constitucionalmente protegidos, os direitos enunciados nos tratados 
internacionais de que o Brasil fosse signatário, conforme afirma seu artigo 5o, § 2o: 
“Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros 
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados 
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte". 
Verifica-se ainda na Constituição de 1988 inúmeros dispositivos que 
reproduzem fielmente enunciados constantes dos tratados internacionais de Direitos 
Humanos. Isto pode ser exemplificado referenciando-se o disposto no art. 5º, III, da 
Constituição de 1988, que, ao prever que "ninguém será submetido a tortura nem a 
tratamento cruel, desumano ou degradante", reproduz literalmente o artigo 5º da 
Declaração Universal de 1948, o artigo 7º do Pacto Internacional dos Direitos Civis e 
Políticos e, ainda, o artigo 5º, da Convenção Americana. 
Em 1989, portanto, um ano após a promulgação da Constituição Federal, 
foi sancionada a Lei 7.853, de 24 de outubro, dispondo sobre o apoio às pessoas 
com deficiência, sua integração na sociedade e assegurando o seu pleno exercício 
dos direitos individuais e sociais. 
Embora a legislação brasileira, se comparada a outros países, pode ser 
considerada avançada no que diz respeito às garantias sociais de participação 
igualitária da pessoa com deficiência nas várias esferas da sociedade, a realidade 
revela que tais direitos têm sido sistematicamente violados; seja na rede pública ou 
privada, seja nas instituições federais, estaduais ou municipais; demonstrando uma 
certa ineficácia das normas legais quanto à essa temática. 
 27
Diante dessa realidade, temas como direitos humanos fundamentais das 
pessoas com deficiência têm sido constantemente foco de debate em grupos de 
estudos e norteiam a elaboração de políticas públicas, projetos e programas, nos 
quais onde se destaca, especialmente, na sociedade contemporânea, o direito à 
locomoção. Ainda na vertente dos direitos humanos a liberdade de locomoção da 
pessoa com deficiência configura como direito essencial e imprescindível. 
Neste prisma, as políticas públicas, em seu sentido estrito, são os 
programas de ação governamental voltados à concretização de direitos, 
consubstanciando-se em instrumentos de conversão de interesses na direção do 
atendimento de objetivos comuns, que servirão de pilar à edificação de uma 
coletividade de interesses; sendo assim, Bucci citado por Bigio (2009) declara que, 
numa definição estipulativa, entende-se que toda política pública corresponde a um 
instrumento de planejamento, racionalização e participação popular; constituindo 
o fim da ação governamental, as metas nas quais se desdobra esse fim, os meios 
alocados para a realização das metas e, finalmente, os processos de sua realização. 
Pela legislação brasileira, toda pessoa, incluindo aquelas que apresentam 
deficiências, têm direito ao acesso à educação, à saúde, ao lazer e ao trabalho. 
Desta forma, as pessoas devem ser percebidas com igualdade, implicando assim no 
reconhecimento e atendimento de suas necessidades especificas. 
 
 
2.3 Direito à locomoção: Garantia constitucional 
 
 
A Constituição Federal no art.5º, assegura o direito de ir e vir à todas as 
pessoas independentemente de raça, cor, sexo e religião. 
Etimologicamente, conforme reza o art.3º, inciso I, do Decreto 3.298/1999 
e o art.2º da Lei 10.098/2000, entende-se por acessibilidade: 
 
[...] a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e 
autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das 
edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por 
pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida. 
 
 
 28
Diante de tal concepção, acessibilidade compõe o conceito de cidadania, 
no qual os indivíduos têm direitos assegurados por lei que devem ser respeitados, 
entretanto, muitos destes direitos esbarram em barreiras arquitetônicas e sociais 
(MANZINI et al., 2003). Um espaço construído, quando acessível a todos, é capaz 
de oferecer oportunidades igualitárias a todos os usuários (BITTENCOURT et al., 
2004). 
No entanto, as pessoas com deficiência para exercerem seus direitos 
fundamentais e fortalecerem sua participação como cidadãos, necessário se faz a 
busca pela efetivação do direito à acessibilidade em edificações de uso público 
(PAGLIUCA et al., 2007). 
Sendo assim, verifica-se que, a garantia da acessibilidade encontra-se 
intimamente relacionada a eliminação de barreiras arquitetônicas como também 
todas aquelas que impedem ou dificultam que a pessoa com deficiência possa 
usufruir a vida com segurança e autonomia, fundamento basilar desse direito 
(ALMEIDA, 2010). 
 
Em face da sua limitação, o portador de deficiência física pode se deparar 
com barreiras arquitetônicas, entre elas a ausência do rebaixamento do 
meio-fio; as obras no espaço público; as mesas e cadeiras de bar em 
calçadas; as jardineiras com saliências; as escadarias; a falta de corrimão 
nas escadas; a ausência de rampas; as ruas e calçadas estreitas; os 
declives acentuados; os pisos esburacados e/ou escorregadios; os 
desníveis nas calçadas; a vegetação em lugares inadequados; as placas e 
letreiros em locais inconvenientes; a falta de placas de advertência, de 
sinalização de pisos, de botoeiras nos semáforos; a altura inadequada de 
maçaneta, interfones e telefones; a falta de estacionamento privativo e 
sinalizado; a ausência de banheiros públicos e de transportes coletivos 
apropriados para deficientes físicos (JUNIOR-LOPES; FARO, 2006; 
MASSARI, 2005). 
 
 
Em decorrência de sua relevância, o direito à locomoção encontra 
respaldo legal em inúmeras leis e decretos que buscam a efetivação de medidas 
tendentes a garantir a acessibilidade plena das pessoas com deficiência. 
Segundo a Lei Federal 10.048/2000, em seu art.4º, define que os 
logradouros e sanitários públicos, bem como os edifícios de uso público, terão 
normas de construção, para efeito de licenciamento da respectiva edificação, 
baixadas pela autoridade competente, destinadas a facilitar o acesso e uso desses 
locais pelas pessoas portadoras de deficiência, conforme condições mínimas de 
acessibilidade, Portaria 002/2005 e Recomendações n.11/2006, em anexo. 
 29
Vale ressaltar que, a partir da Lei n. 10.098/2000, ficam estabelecidas 
normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas 
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, sendo que, segundo seu art. 
1º, a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com 
mobilidade reduzida será alcançada mediante a supressão de barreiras e de 
obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e 
reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação. 
Entretanto, apenas no ano de 2004, através da edição do Decreto Federal 
n. 5.296/2004, a precitada Lei foi efetivamente regulamentada. 
Neste sentido, de acordo com lição de Lima (2006, p.1), fica estabelecido 
sobre locomoção de pessoas com deficiência em espaços públicos e privados, que: 
 
 
a) o planejamento e a urbanização das vias públicas, dos parques e dos 
demais espaços de uso público deverão ser concebidos e executados de 
forma a torná-los acessíveis para as pessoas portadoras de deficiência ou 
com mobilidade reduzida; 
b) as vias públicas, os parques e os demais espaços de uso público 
existentes, assim como as respectivas instalações de serviços e mobiliários 
urbanos deverão ser adaptados, obedecendo-se ordem de prioridade que 
vise à maior eficiência das modificações, no sentido de promover mais 
ampla acessibilidadeàs pessoas portadoras de deficiência ou com 
mobilidade reduzida; 
c) o projeto e o traçado dos elementos de urbanização públicos e privados 
de uso comunitário, nestes compreendidos os itinerários e as passagens de 
pedestres, os percursos de entrada e de saída de veículos, as escadas e 
rampas, deverão observar os parâmetros estabelecidos pelas normas 
técnicas de acessibilidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas – 
ABNT; 
d) os banheiros de uso público existentes ou a construir em parques, 
praças, jardins e espaços livres públicos deverão ser acessíveis e dispor, 
pelo menos, de um sanitário e um lavatório que atendam às especificações 
das normas técnicas da ABNT; e 
e) todas as áreas de estacionamento de veículos, localizadas em vias ou 
em espaços públicos, deverão ser reservadas vagas próximas dos acessos 
de circulação de pedestres, devidamente sinalizadas, para veículos que 
transportem pessoas portadoras de deficiência com dificuldade de 
locomoção. 
 
 
Desse modo, fica evidenciado que, no Brasil, a política de inclusão social 
das pessoas com deficiência existe desde a Constituição de 1988, originando a Lei 
n° 7.853/1989 (regulamentada pelo Decreto n° 3.298/ 1999). Destaca-se, pois, que, 
tais documentos, junto a outros, com destaque para as Leis n° 10.048 e 10.098, de 
2000 e o Decreto n° 5.296/2004, conhecido como o “D ecreto da Acessibilidade”, 
coloca o país em igualdade com o ideário da Convenção da ONU. 
 30
Todavia, apesar da legislação existente e do conjunto de normas 
disponíveis, fica evidenciado que a maioria dos Estados brasileiros não atender 
efetivamente às necessidades da acessibilidade de maneira eficaz. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 31
 
3 DESAFIOS DOS CADEIRANTES FRENTE AO DIREITO À 
LOCOMOÇÃO 
 
 
3.1 Locomoção dos Cadeirantes na cidade de Teresina 
 
 
O tema abordado neste estudo tratou sobre a análise jurídica dos direitos 
de locomoção dos cadeirantes na cidade de Teresina – Piauí e usando como forte 
de pesquisa bibliográfica, mas para melhorar a abordagem realizou-se uma pesquisa 
de campo de abordagem descritivo-analítico e de natureza qualitativa. Realizou-se à 
luz de estudos bibliográficos, análises e fichamentos ao longo do processo de 
construção. 
Para melhor fundamentar o tipo de pesquisa qualitativa, buscou-se 
esclarecer que esta nos remete a uma realidade meramente interpretativa, na qual 
cabe um estudo mais revelador dos problemas a serem investigados. 
A presente pesquisa definiu-se de natureza qualitativa que segundo 
Moreira (2006, p.73), “[...] explora as características que não podem ser fielmente 
descritas numericamente”. Neste mesmo horizonte, valorizou-se a linha de 
pensamento que emprega a pesquisa descritiva, pois esta se reflete a aquisição de 
causa e efeito do fenômeno estudado. 
A pesquisa de campo foi realizada junto a 10 (dez) cadeirantes 
freqüentadores do Centro Integrado de Reabilitação (CEIR), na cidade de Teresina – 
PI. Além disso, foi realizada ainda uma entrevista junto a Assessoria Jurídica e ao 
Serviço Social da referida entidade. 
Para compor essa pesquisa, requisitou-se o estudo de campo, de forma a 
examinar e garantir a realidade fidedigna dos sujeitos investigados, através da 
aplicação de uma entrevista semi-estruturada (Apêndice A), que de acordo com 
Andrade (2001) constitui um instrumento eficaz na recolha de dados fidedignos para 
a elaboração de uma pesquisa. 
De acordo com Triviños (1995), a entrevista semi-estruturada é o melhor 
método para que o informante alcance a liberdade e a espontaneidade necessária, 
enriquecendo a investigação. 
 32
Os dados obtidos foram tabulados e processados por meio de programas 
para elaboração de gráficos e tabelas. 
 
 
3.2 Análise de Dados 
 
 
Após coleta de dados, buscou-se a realização da análise dos referidos 
dados, fundamentando-se nos objetivos propostos na pesquisa; sendo interpretados 
à luz da teoria de Manzini et al (2003), Bittencourt et al (2004), Emmel; Castro 
(2003), Andrade et al (2007), Bigio (2009), Lacômica (2008), além de documentos 
legais e jurisprudenciais, dentre outros. 
Inicialmente, ao instigar os cadeirantes a respeito do conhecimento de 
seus direitos fundamentais, os sujeitos apresentaram os seguintes relatos: 
 
 
40%
60%
Tem conhecimento
Não tem conhecimento
 
Gráfico I – Conhecimento sobre Direitos Fundamentais 
Fonte: Pesquisa direta – CEIR, 2011. 
 
De acordo com os dados acima, percebe-se que, um número significativo 
de cadeirantes correspondente a 60% (sessenta por cento) não têm conhecimento 
de seus direitos, e quando têm, 40% (quarenta por cento) na maioria das vezes, não 
lutam por seus direitos, apesar de terem, consciência sobre os mesmos. Alguns 
relatos afirmam que, a maioria dos cadeirantes não tem motivação para buscar seus 
direitos, devido ao desrespeito enfrentado por estas pessoas. 
 33
Do mesmo modo, essa ausência de conhecimentos por parte dos 
cadeirantes é evidenciada também na fala do Serviço social do CEIR: 
 
 
Os cadeirantes não são conhecedores de seus direitos fundamentais, até 
mesmo porque esse reconhecimento é recente, mas de certa forma temos 
um avanço, porque essas pessoas agora fazem parte de grupos específicos 
para lutar pelos seus direitos ... além disso, a própria sociedade não 
reconhece seus direitos, e quando isso acontece, fica até mais difícil, mas 
claro, estamos em construção (Serviço Social / CEIR, 2011). 
 
 
 
Para melhor fundamentação, válido se faz mencionar ainda o relato da 
assessoria jurídica, que destaca o seguinte posicionamento: 
 
 
Segundo conhecimento dessa Assessoria Jurídica poderíamos dizer que 
nem todos os cadeirantes são cientes dos direitos que lhe são assegurados, 
especialmente quanto ao básico, que diz respeito, por exemplo, aos 
acessos nos locais como rampas, elevadores, dentre outros. Por outro lado, 
aqueles que detêm um pouco deste conhecimento, não vislumbram também 
que a todo direito se equivale um dever e que em certas ocasiões não há 
esta correspondência, mas sim prevalência destes direitos sobre os 
deveres, o que gera polêmica na segurança e garantia dos direitos a estes 
assegurados (Conceição Machado – Assessoria Jurídica / CEIR, 2011). 
 
 
 
Com vistas aos dados coletados, verifica-se a necessidade de 
implementar programas ou projetos que possam contribuir para a conscientização 
desses sujeitos acerca tanto de seus direitos como de seus deveres, tornando-os 
efetivos cidadãos em nossa sociedade. 
Ao questionar os sujeitos sobre a efetivação do respeito aos seus direitos 
fundamentais, o resultado obtido foi o seguinte: 
 
 
 34
10%
90%
Há efetivação
Não há efetivação
 
Gráfico II – Respeito aos Direitos Fundamentais 
Fonte: Pesquisa direta – CEIR, 2011. 
 
 
Diante de tais resultados, verifica-se que os cadeirantes têm consciência 
de que têm seus direitos fundamentais desrespeitados, especialmente, no que se 
refere ao direito básico do cidadão, de ir e vir. 
Do mesmo modo, a assessoria jurídica do CEIR apresenta depoimento 
similar ao dos cadeirantes, afirmando que: 
 
Quanto ao respeito dos cadeirantes praticados por nossa sociedade, se faz 
pertinente relembrar que a nossa sociedade de um modo geral não é 
culturalmente trabalhada para respeitar os direitos do cidadão como um 
todo. Numa sociedade onde o preconceito ainda prepondera sob todos os 
aspectos, torna-se efetivamente difícil aceitar as diferenças. Portanto, o 
desrespeito nesta seara é muito mais que a falta de obediência às leis, mas 
de cunho histórico cultural da sociedade brasileira (Conceição Machado – 
Assessoria Jurídica / CEIR, 2011).Entretanto, embora os sujeitos entrevistados relatem a inexistência de 
respeito aos seus direitos intrínsecos, pode-se perceber uma significativa mudança 
no comportamento da sociedade, sendo que, gradativamente, os objetivos dessas 
pessoas estão sendo alcançados. Em nossos dias, a pessoa com deficiência está 
obtendo maior respeitabilidade, passando a ouvir seus anseios e necessidades, em 
decorrência, principalmente, da mudança comportamental da sociedade advinda do 
crescente número de pessoas com deficiência (BIGIO, 2009). 
Quando interrogados acerca das principais dificuldades dos cadeirantes 
hoje na sociedade, as respostas foram bastantes similares, conforme relatos abaixo: 
 35
 
20%
10%
70%
Ônibus sem adaptação
Barreiras arquitetônicas
Aceitar os limites 
 
Gráfico III – Dificuldades dos Cadeirantes na Sociedade Contemporânea 
Fonte: Pesquisa direta – CEIR, 2011. 
 
Frente ao questionamento sobre as dificuldades dos cadeirantes na 
sociedade contemporânea, os relatos dos sujeitos entrevistados apontaram que o 
direito à acessibilidade corresponde ao principal aspecto, sendo que, a maior 
dificuldade reside na questão da adaptação das ruas, envolvendo adaptação de 
calçadas e rampas. 
Nesta perspectiva, reflexões sobre as dificuldades ao acesso pelas 
barreiras físicas são salutares, pois contribuem para o repensar de práticas e 
proposição de ações, que podem favorecer a promoção de saúde e qualidade de 
vida destes indivíduos, favorecendo a convivência e transformando atitudes e 
comportamentos, interferindo nas relações interpessoais e nos comportamentos das 
pessoas (LACÔMICA, 2008). 
Vale ressaltar que, consoante lição de Bigio (2009), 
 
[...] calçadas estreitas e esburacadas, muitas delas com "frades" ou 
jardineiras colocadas pelos próprios moradores, em flagrante desrespeito à 
legislação; meios-fios acima da altura permitida pelas normas técnicas; 
ausência de rampas de acesso a cadeirantes; sinais de trânsito destituídos 
de sensores de aproximação e afastamento interligados com sistema 
sonoro de alerta; número ínfimo de veículos adaptados destinados ao 
transporte coletivo. Estes são apenas alguns exemplos de barreiras físicas a 
que estão sujeitas as pessoas com deficiência no seu dia-a-dia. 
 
 
Além disso, Lacômica (2008) destaca que, barreiras arquitetônicas têm 
sido definidas como obstáculos construídos no meio urbano ou nos edifícios, que 
 36
impedem ou dificultam a livre circulação das pessoas que sofrem de alguma 
incapacidade transitória ou permanente (EMMEL; CASTRO, 2003); caracterizando-
se por obstáculos aos acessos internos ou externos existentes em edificações de 
uso público ou privado. 
De acordo com o Manual de Acessibilidade da ABNT (2004), estes 
obstáculos são descritos como: 
 
Escadas sem corrimão e sem contraste de cor nos degraus; 
Ausência de corrimãos e/ou guarda-corpos normatizados; 
Ausência de banheiros adaptados, 
Ausência de rampas de acesso para cadeirante; 
Pouca iluminação; 
Ausência de orelhão, extintores de incêndio e caixas de correio adaptados a 
altura compatível com usuários de cadeira de rodas (a 1m do chão), 
ausência de sinalização tátil no chão, identificação desse mobiliário urbano 
pelos deficientes visuais; 
Falta de manutenção de ruas e calçadas, bueiros sem tampa ou grades de 
proteção; 
Salas de aula, teatros, anfiteatros e ginásios sem vagas ou espaços nos 
corredores entre as poltronas, carteiras, arquibancadas para cadeiras de 
rodas; 
Desníveis nas portas que sejam maiores que 5 cm; 
Portas e corredores estreitos (menor que 85 cm), catracas sem porta 
alternativa; 
Portas emperradas e com maçanetas roliças ao invés do tipo alavanca, 
principalmente em banheiros adaptados; 
Banheiros sem identificação escrita, ao invés de símbolo que designem o 
gênero (para identificação dos analfabetos) e em relevo (para deficientes 
visuais); 
Falta de abrigos para sol e chuva nos pontos de ônibus. 
 
No que se refere aos desafios enfrentados pelos cadeirantes, as 
respostas obtidas foram as seguintes: 
 
50%
20%
30%
Preconceito
Inclusão social 
Acessibilidade 
 
Gráfico IV – Desafios enfrentados pelos Cadeirantes na Sociedade Contemporânea 
Fonte: Pesquisa direta – CEIR, 2011. 
 37
De acordo com os dados apresentados no gráfico acima, percebe-se que, 
o direito à acessibilidade é apontado como principal desafio a ser perseguido por 
nossa sociedade. 
Assim, vários estudos apontam a necessidade redução das barreiras 
arquitetônicas para promover a integração de pessoas com deficiência em todos os 
ambientes; demonstrando que na presença de barreiras a qualidade dos serviços 
prestados está comprometida e a legislação brasileira está desrespeitada, sendo 
necessário então, reconhecer os direitos legítimos e legais da acessibilidade e 
integração social das pessoas e promover mudanças (EMMEL; CASTRO, 2003; 
MANZINI et al., 2003; BITTENCOURT et al., 2004; ANDRADE et al., 2007). 
Diante de tais resultados, verifica-se que as pessoas com deficiência 
apesar de grande parte conhecer seus direitos intrínsecos, estas pessoas não tem 
esses direitos reconhecidos e respeitados, confrontando-se com inúmeras 
dificuldades e desafios, especialmente relacionadas ao direito à acessibilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 38
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
Considerando o exposto, e tendo em vista que, o objetivo precípuo da 
presente monografia corresponde ao aprofundamento do saber alcançado durante a 
vida acadêmica, a temática abordada justifica-se pela constante preocupação em se 
tratar a respeito dos direito de locomoção dos cadeirantes na cidade de Teresina – 
Piauí. 
Desse modo, concluiu-se que, foram alcançados os objetivos previamente 
propostos, abordando a análise jurídica dos direitos de locomoção como uma das 
garantias essenciais do cidadão constituindo uma das premissas do estado 
democrático de direito. A revisão da literatura apresentou a trajetória para que se 
pudesse alcançar tais objetivos. 
É sabido que, os direitos humanos representam tema bastante complexo 
e polêmico, haja vista que, estes constituem característica imprescindível para a 
efetivação de um estado democrático de direito, em que as pessoas possam ter 
asseguradas sua cidadania, envolvendo assim, o direito de locomoção como direito 
que integra a referida cidadania, contemplando assim a dignidade da pessoa 
humana. 
O estudo bibliográfico e de campo evidenciou um número significativo de 
cadeirantes que não apresentam conhecimento a respeito de seus direitos, haja 
vista, o reconhecimento de tais direitos é bastante recente na história da 
humanidade; demonstrando a necessidade da efetivação da implementação de 
programas ou projetos que possibilitem a conscientização dessas pessoas enquanto 
cidadãos em nossa sociedade. 
Diante dos dados coletados, verificou-se certa conscientização por parte 
dos cadeirantes quanto ao desrespeito aos seus direitos essenciais, em que se 
destaca o direito básico do cidadão à locomoção. 
Todavia, pode-se perceber uma gradual e significativa mudança 
comportamental na sociedade contemporânea, tendo em vista, o crescimento do 
número de pessoas com deficiência e sua respeitabilidade. 
 39
No tocante às principais dificuldades dos cadeirantes hoje na sociedade, 
averiguou-se que o direito à acessibilidade corresponde ao principal aspecto 
apontado pelos entrevistados. Com isso, torna-se relevante refletir sobre as 
dificuldades ao acesso pelas barreiras físicas, contribuindo para a promoção da 
saúde, qualidade de vida e inclusão social. 
Verificou-se ainda como principal desafio enfrentado pelos cadeirantes, o 
direito à acessibilidade, emergindo, com isso, a necessidade redução das barreiras 
arquitetônicascom vistas a integração de pessoas com deficiência em todos os 
ambientes. Destaca-se a necessidade de maior fiscalização do poder público 
municipal, como por exemplo, a cidade de São Paulo, que recentemente sancionou 
uma lei que, a cada metro quadrado de calçada, que não estiver nos padrões 
adequados receberá o proprietário uma multa equivalente ao valor variável de R$ 
96,33 a R$ 300,00. A Lei 15.442, de 09 de setembro de 2011, também determina 
que a área da calçada reservada à passagem livre dos pedestres passe de 0,9 m 
(noventa centímetros) para 1,2 m (um metro e vinte centímetros). 
Mediante o estudo realizado, conclui-se que, a presente pesquisa ora 
delineada representa uma oportunidade de refletir e analisar os direitos 
fundamentais da pessoa humana, especialmente, relacionadas ao direito à 
locomoção das pessoas com deficiência, trazendo informações importantes para a 
formação acadêmica dos estudantes de Direito, assim como colaborar para toda a 
sociedade. 
Portanto, entende-se como imprescindível uma efetiva reflexão acerca do 
direito à locomoção adequando os preceitos legais e sociais, através do 
estabelecimento de uma legislação que prime pela dignidade da pessoa humana, 
especificamente, no que diz respeito ao seu direito de ir e vir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 40
 
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