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Matéria Direito, Proteção e Inclusão Social

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Matéria Direito, Proteção e Inclusão Social
Unidade 1 / Aula 1Direitos fundamentais: conceitos
Introdução
O que você sabe sobre Direitos Humanos?
Este curso visa a conceituar, promover e capacitar pessoas à área de Direitos Fundamentais e Direitos Humanos, presentes em nossa vida em sociedade. Uma vez que os indivíduos conhecem os seus direitos e desmistificam certos conceitos historicamente mal compreendidos pelo senso comum, tornam-se agentes de transformação social em seus locais de trabalho, compartilhando informações sérias que levam o direito a tantas pessoas.
Assim, você compreenderá na prática a aplicação da legislação que permeia os Direitos Fundamentais e Direitos Humanos, muitas vezes, abstrata e desconhecida de grande parte da população, com aplicação de casos do nosso cotidiano, a fim de que venha a promover direitos e fazer a diferença em nossa sociedade!
O material desta disciplina ficará disponível em todos os momentos que você desejar estudar e refletir sobre o conteúdo. Bons estudos! 
Direitos Fundamentais
Marco histórico do processo de internacionalização dos direitos humanos e princípios fundamentais
Direitos humanos e direitos fundamentais são assuntos indispensáveis em nossa sociedade. Esses termos estão diariamente em mídias sociais, nas relações de trabalho, nas discussões familiares, seja nos espaços públicos, seja em espaços privados. Contudo, a que se referem, exatamente, os Direitos Humanos, Princípios e Direitos Fundamentais? Há diferenças? Como eles chegaram até nós? Você sabe explicar o que são? Aqui, abordaremos os conceitos de Direitos Humanos, Princípios e Direitos Fundamentais. 
Nesse sentido, comecemos com os Direitos Fundamentais, que, historicamente, estão ligados aos primeiros documentos e constituições escritas, que visavam à limitação de poderes de soberanos e de reis absolutistas. Como exemplo, podemos citar os ideais do iluminismo e das revoluções burguesas dos séculos XVI a XVIII, nas Constituições dos Estados, em especial dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França (SARLET, 2017). Os direitos à propriedade, ao devido processo legal, à vida e outros foram previstos em tais documentos; aliás, os direitos fundamentais são os previstos pela Constituição de cada país.
Em relação aos Direitos Humanos, faz-se importante ressaltar que o seu processo histórico se dá em conjunto com a história da humanidade e estará sempre em construção; assim, sua característica é a sua aplicação a todos os indivíduos e lugares, pois se trata de direitos universais, de ordem internacional.
Para fins de marco temporal do Direito Internacional dos Direitos Humanos, neste módulo de estudos, usaremos a Declaração Universal de Direitos Humanos, de 1948, que foi produzida pelos países-membros da Organização das Nações Unidas, criada em 1945 após a Segunda Guerra Mundial e as trágicas consequências oriundas desse conflito, em especial, aos indivíduos mais vulneráveis, tais como crianças, adolescentes, idosos, mulheres, pessoas com deficiência, povos negros e originários, população LGBTQIA+ e demais públicos vulneráveis (RAMOS, 2016, p. 49). 
Assim, como forma de prever, proteger e garantir os direitos a essas pessoas, foram produzidos diversos documentos e tratados internacionais, os quais começaram a prever, por exemplo, direito à vida, ao trabalho, direitos políticos e demais direitos civis. Conforme Ramos (2016, p. 29), “os Direitos Humanos consistem em um conjunto de direitos considerado indispensável para uma vida humana pautada na liberdade, igualdade e dignidade”.
Após a explicação da diferença entre Direitos Fundamentais e Direitos Humanos, temos de entender que ambos os termos se coexistem, pois muitos países, inclusive o Brasil, incorporam os tratados internacionais de direitos humanos em seus ordenamentos jurídicos, o que não acarreta conflitos entre estes e os direitos fundamentais previstos em suas constituições. Por fim, os princípios são espécies das normas constitucionais e estão relacionados aos ideais de justiça e valores éticos; são conceitos mais abstratos e genéricos, com aplicabilidade imediata, como o princípio da dignidade da pessoa humana, com margem para diversas interpretações sobre o termo. Os princípios “indicam uma direção, um valor, um fim” (BARROSO, 2015, p. 243) ao intérprete da Constituição.
Até breve! 
Direitos Fundamentais: Conceitos
Marco Histórico do Processo no Brasil dos Direitos Humanos e Princípios Fundamentais
Abordamos o processo histórico, os conceitos, as diferenças dos Direitos Fundamentais, Direitos Humanos e Princípios; Aqui, aprofundaremos tais temas no Brasil: qual o marco histórico de Direitos Humanos e Direitos Fundamentais no país? Quais são esses direitos e como podemos contextualizá-los?
Preliminarmente, faz-se importante ressaltar que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que estudamos no bloco anterior, faz a previsão da promoção de direitos como saúde, alimentação, habitação, educação etc. (ONU,1948); além disso, o referido documento motivou os países-membros da ONU a produzir outros documentos com temas sobre Direitos Humanos, como o Pacto Internacional Sobre os Direitos Civis e Políticos (PIDCP) e Pacto internacional de Direitos Sociais, Econômicos e Culturais, ambos de 1966 (PIDESC) (RAMOS, 2016). No PIDCP, há previsão sobre o direito à vida e de não ser submetido à escravidão e à servidão, por exemplo; já no PIDESC, são previstos os direitos ao trabalho, o direito à educação, à cultura, entre outros direitos sociais. O Brasil incorporou os referidos pactos em seu ordenamento jurídico em 1992.
Paralelamente a isso, o marco histórico dos Direitos Fundamentais e Direitos Humanos no Brasil se deu a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988. Esse documento sinaliza o compromisso do constituinte à promoção e proteção de diversos direitos individuais e coletivos por meio do Estado democrático de direito; assim, no Título I – Dos Princípios Fundamentais da Constituição Federal de 1988, encontra-se o artigo 4º, inciso II, com a previsão de que o Brasil observará o princípio da “prevalência dos Direitos Humanos” (BRASIL,1988).
Assim sendo, os direitos previstos nos documentos internacionais acima estão previstos na Constituição Federal de 1988, tais como o direito ao trabalho, à educação, à saúde e aos demais direitos civis e sociais (BRASIL,1988). Portanto, podemos observar que foram reproduzidos diversos direitos previstos na Declaração Universal dos Direitos Humanos e dos referidos pactos na Constituição de 1988.
Ainda, a Carta Constitucional tem, em sua redação, no Título I – Dos Princípios Fundamentais, a previsão do artigo 4º, II, que dispõe a observância do Brasil ao “princípio da prevalência dos Direitos Humanos”, mas o que isso quer dizer? Significa que as normas constitucionais de direitos fundamentais já existentes irão conviver com toda aprovação e ingresso de Direitos Humanos, por meio de seus Tratados Internacionais, de forma harmoniosa no ordenamento jurídico brasileiro, sem a exclusão de direitos. Cada caso será analisado e o uso desses direitos ocorrerá por meio de sopesamento, proporcionalidade e razoabilidade.
A partir de 2004, os Tratados e Convenções Internacional sobre Direitos Humanos aprovados pelo Congresso Nacional em dois turnos, por três quintos dos votos de cada casa parlamentar, tiveram equivalência a emendas constitucionais. A Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, em 2008, no Brasil, foi a primeira a ter esse status. Você a conhece?
Até breve!
Direitos Fundamentais: Encerramento
Olá, estudante!
Vimos como a Declaração Universal de Direitos Humanos e de demais documentos internacionais influenciaram na previsão de normas de direitos Fundamentais na Constituição Federal de 1988 e a incorporação de Direitos Humanos por meio de Tratados Internacionais no ordenamento jurídico brasileiro; assim, neste bloco, será abordada a relação entre Direitos Humanos, políticas públicas e o papel do Direito na promoção de uma sociedade mais inclusiva, menos desigual e maisdigna aos indivíduos.
Uma vez que direitos à educação, ao trabalho, à saúde e tantos outros estejam previstos na Constituição Federal, como concretizá-los em nossa sociedade? Como fazê-los chegar a lugares e às pessoas mais vulneráveis?
A Constituição de 1988 dispõe sobre as competências de cada ente federativo, a União, os Estados, Distrito Federal e municípios, que são responsáveis pela efetivação de direitos por meio de políticas públicas. A nível local, compete ao município ofertar o Ensino Fundamental e a educação infantil; já aos estados e Distrito Federal, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio (BRASIL,1988). Assim, cada ente federativo, com seus respectivos poderes executivo e legislativo, tem o dever de cumprir as obrigações previstas no texto constitucional por meio de políticas públicas, sendo esta conceituada pelo ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Eros Grau.
A expressão ´ políticas públicas ´ designa todas as atuações do Estado, cobrindo todas as formas de intervenção do Poder Público na vida social. E de tal forma isso se institucionaliza, que o próprio direito, neste quadro, passa a se manifestar como uma grande política pública- o direito é também, ele próprio, uma política pública. (GRAU, 2011 apud ALMEIDA, 2017, p.162)
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Exemplificando
Para exemplificar, uma vez que o direito à educação é um direito fundamental e previsto na Constituição de 1988, sua aplicação ocorrerá por meio de políticas públicas, como o Plano Nacional de Educação, a nível nacional; o Plano Estadual de Educação, a nível dos Estados e DF, e o Plano Municipal de Educação, dever dos municípios. Você os conhece? Conseguem perceber que esses direitos caminham por uma lógica, desde a Declaração Universal de Direitos Humanos até aos municípios brasileiros? O seu bairro contempla uma escola?
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Assim, uma vez que esses direitos são vistos como Fundamentais e são exigíveis pelo poder público, na medida das competências de cada ente federativo, a violação e o descumprimento de tais direitos, seja por ausência de vagas, seja por fechamento de escolas, seja pela ausência de acessibilidade aos alunos com deficiência, devem ser revistos por meio de alternativas que a própria Constituição Federal faz previsão, de forma administrativa (extrajudicial) ou judicial, por órgãos como o Ministério Público, Defensoria Pública, OAB e Poder judiciário; requerimento ao Conselho Tutelar, nas hipóteses de crianças e adolescentes; além de comissões de direitos das câmaras municipais, das Assembleias legislativas dos Estados, do Congresso Nacional etc. Os órgãos acima serão estudados nos próximos temas!
Você conhece alguém cujo direito à educação foi violado?
Dessa forma, concluímos a primeira etapa do curso. Uma vez que conhecemos os conceitos dos Direitos Fundamentais e Humanos, sabemos onde estão previstos, bem como quais são os direitos exigíveis, temos mais propriedade para lutar por eles e promovê-los, a fim de construirmos um país mais solidário.
Até mais!
Olá, estudante!
Percorremos, em três blocos, o marco histórico dos Direitos Fundamentais e Direitos Humanos, bem como os seus conceitos e como estão na Constituição Federal de 1988; dessa forma, já somos capazes de exigi-los, bem como sabemos quem tem o dever de garanti-los. Ufa!
Agora, você é nosso convidado para assistir ao vídeo produzido com os principais temas abordados em aula, tais como a Constituição Federal de 1988, Direitos Fundamentais e Humanos e políticas públicas. Vamos juntos?  
Saiba mais
Você conhece o site mais confiável para acessar a Constituição Federal de 1988 e demais legislações do país?
Acesse e faça a busca legislativa.
Você conhece a Constituição Federal de 1988?
Em 2018, a Declaração Universal dos Direitos Humanos completou 70 anos; para comemorar esse feito, acesse o link da ONU traduzido em português.
Conheça mais sobre o Plano Nacional de Educação.
Unidade 1 / Aula 2O direito como mecanismo garantidor da inclusão social
Introdução
Boas-vindas à mais essa etapa, que visa a conceituar, promover e capacitar pessoas à área de Direitos Fundamentais e Direitos Humanos presentes em nossa vida em sociedade. Uma vez que os indivíduos conhecem os seus direitos e desmistificam certos conceitos historicamente mal compreendidos pelo senso comum, tornam-se agentes de transformação social em seus locais de trabalho, compartilhando informações sérias que levam o direito a tantas pessoas.
Assim, você compreenderá a aplicação da legislação que permeia os direitos humanos e fundamentais, as políticas públicas afirmativas e inclusivas e a importância dos poderes executivo, legislativo, judiciário e sistema de justiça para efetivá-las. Nesse sentido, venha promover direitos e fazer a diferença em nossa sociedade! O material deste curso estará disponível em todos os momentos que você desejar estudar e refletir sobre o conteúdo. Bons estudos! 
Princípio da Dignidade Humana e Outros Princípios Basilares na CF/88
Olá, estudante!
Já conhecemos e estudamos o histórico dos direitos fundamentais e direitos humanos, o conceito e a aplicação de cada um deles na Constituição Federal, influenciada pela Declaração Universal dos Direitos Humanos; agora, estudaremos a importância do direito como um instrumento garantidor da inclusão social.
Você sabe responder quais premissas são consideradas para uma sociedade mais inclusiva? O que o direito considera como inclusão social? 
A Constituição de 1988 tem como um dos seus fundamentos, o princípio da dignidade da pessoa humana. Como já abordamos na aula anterior, tal princípio apresenta um conceito abrangente, porém, a título de exemplificação, abordaremos o assunto a partir da perspectiva dos juízes Cançado Trindade e Abreu Burelli, no caso dos Meninos de Rua VS Guatemala, pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, que defenderam que o direito à vida deve ser consubstanciado a outros direitos indispensáveis a uma vida plena e digna; em seguida, acrescentam:
“[...] Uma pessoa que em sua infância vive, como tantos países da América Latina, na humilhação da miséria, sem a menor condição de criar seu projeto de vida, experimenta um estado de padecimento equivalente a uma morte espiritual; a morte física que a esta segue, em tais circunstâncias, é culminação da destruição total do ser humano (§9º)”. (1997 apud PAIVA et al., 2017, p. 106).
Dessa forma, para que os indivíduos possam usufruir dignamente de seus direitos e construir uma sociedade menos desigual, a Constituição Federal de 1988 estabeleceu, em seu artigo 5º, inciso II, o princípio fundamental à igualdade, já que todas as pessoas serão iguais perante a lei, inclusive, homens e mulheres, em direitos e obrigações.
Contudo, você já percebeu que, apesar de todas as pessoas serem consideradas iguais juridicamente, muitas delas não conseguem acessar e garantir seus direitos básicos? Devemos entender que há duas dimensões do princípio da igualdade: a formal e a material. O primeiro termo corresponde à igualdade perante a lei em direitos e deveres; o segundo corresponde a uma igualdade em direitos e oportunidades, de forma concreta, em nossa sociedade, tais como direito à segurança alimentar, ao trabalho e ao direito à educação.
A igualdade material também promove políticas em razão do gênero, orientação sexual, raça e liberdade religiosa no combate a diversas discriminações que esses públicos vulneráveis sofrem historicamente (RAMOS, 2016). Alguns fatores impedem a oportunidade de direitos e a efetividade do princípio da igualdade; as discriminações diretas e a indireta são um exemplo.
Discriminações indiretas - a discriminação indireta é praticada por condutas “aparentemente neutras”, de maneira mais discreta.
Discriminações diretas - trata de excluir, invisibilizar, desvalorizar certos grupos em nossa sociedade.
Um exemplo é uma empresa ofertar vagas de trabalho e, aparentemente, em seu processo seletivo imparcial, excluir candidatos com deficiência, ainda que com as mesmas competências técnicas que os demais que passaram, logo, há um desinteresse da empregadora eminvestir, capacitar e promover inclusão e igualdade (RAMOS, 2016).
Como essas práticas acontecem diariamente com públicos vulneráveis, para reduzir e evitar diversos tipos de discriminação, o Estado tem o dever de investir e efetivar políticas públicas afirmativas para esses grupos, de modo a promover o princípio da igualdade em oportunidades. Sobre políticas de inclusão, falaremos a seguir!
Até breve!
Elaboração de Políticas Públicas e a Separação de Poderes
Olá, estudante!
Anteriormente, abordamos o princípio da dignidade da pessoa humana; os conceitos sobre o princípio da igualdade, tanto seu aspecto formal quanto material; bem como explicamos a importância da efetividade desse princípio aos historicamente desiguais. Aristóteles já afirmava “[...] a igualdade consiste em tratar de modo desigual os desiguais [...]” (ARISTÓTELES,1997 apud RAMOS, 2016, p. 505); para tanto, como efetivar direitos e oportunidades a todos, em especial, aos grupos historicamente vulneráveis, que não usufruem da distribuição justa de bens, proteção, direitos e serviços?
O Estado e a iniciativa privada são competentes para a formulação de ações afirmativas cuja criação se deu nos Estados Unidos, segundo Martins (2021), e a importância dos poderes executivo, legislativo e judiciário para a promoção de tais políticas é enorme para uma sociedade menos desigual. O poder executivo cria políticas públicas por meio de seu plano plurianual, Lei de Diretrizes orçamentárias e Lei orçamentária anual, documentos estes, com a previsão de orçamento público vinculado a políticas públicas, que devem ser submetidos ao poder legislativo, para sua aprovação ou vedação, conforme previsão na Constituição Federal. Se for uma proposta de lei para a criação de políticas inclusivas, a iniciativa pode vir dos poderes executivo, legislativo, judiciário e da iniciativa popular (BRASIL,1988).
_______
Exemplificando
Um exemplo de ações afirmativas é a previsão legal de cotas para pessoas com deficiência nas empresas com 100 (cem) ou mais funcionários, pelo artigo 93 da Lei Federal nº 8.213/91, com previsão de fiscalização para o cumprimento desse direito por órgãos públicos. O Programa Universidade para Todos, o PROUNI, instituído pela Lei nº 11.096/2005, que dispõe sobre a oferta de bolsas integrais e parciais ao ensino superior, aos alunos de baixa renda, a estudantes de escolas públicas e pessoas com deficiência, é um exemplo de ações afirmativas (MARTINS, 2021).
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A importância de cada poder (executivo, legislativo e judiciário) para a construção e efetivação de direitos definirá um país menos desigual. Você conhece alguém que precisou acessar o sistema de justiça para conseguir efetivar algum direito? Quando os poderes do executivo e legislativo negam ou violam direitos, uma das alternativas para a sua obtenção é acessar o sistema de justiça por meio de órgãos que mediam conflitos na esfera extrajudicial ou que, no insucesso de ser resolvida a questão por esse meio, pleiteiam, junto ao poder judiciário, direitos individuais e coletivos. Para tanto, o sistema de justiça precisa ser acessível para as pessoas, o que, infelizmente, não é uma realidade para todos, concorda?
Você conhece as Defensorias Públicas Estaduais e da União, os Ministérios Públicos Federal e Estaduais, o Ministério Público do Trabalho e a Ordem dos Advogados do Brasil-OAB? Há esses órgãos em seu município? No geral, a Defensoria Pública e o Ministério Público são órgãos previstos na Constituição Federal de 1988, os quais visam a defender, gratuitamente, direitos individuais e coletivos, inclusive o meio ambiente. A Defensoria Pública promove atendimento jurídico à população vulnerável, que não tem recursos financeiros para contratar um advogado particular, conforme a nossa Constituição (1988), por isso, é importante atentar-se às políticas públicas inclusivas e fiscalizar os poderes executivo e legislativo para efetivá-las, bem como é preciso maiores investimentos nesses órgãos de justiça, que defenderão o seu direito e da comunidade, em caso de violação ou omissão do Estado.
Até breve!
A Jurisprudência dos Tribunais Superiores Brasileiros e Internacionais na Efetivação de Direitos Humanos e Fundamentais
Olá, estudante!
Nos temas anteriores, foi abordada a importância do Estado em propor e assegurar políticas públicas, em especial às inclusivas, por meio de ações afirmativas, a indivíduos e grupos em situação de diversas vulnerabilidades. As iniciativas públicas e privadas são indispensáveis para a efetivação do princípio da igualdade material e da dignidade da pessoa humana, e na omissão e/ou violação de direitos, o poder judiciário é um caminho para exigi-los.
Esse acesso à justiça em busca de direitos, segundo BARROSO (2015), é denominado “judicialização” de políticas públicas. Segundo o jurista, isso não quer dizer que o poder judiciário irá invadir as esferas dos poderes executivo e legislativo, significa que o poder judiciário irá determinar a efetivação de direitos a quem é competente para promovê-los. Um exemplo, foi o Supremo Tribunal Federal, corte de instância máxima que profere decisões em última instância e, em alguns casos, em única instância, para determinar ao governo federal a elaboração de um plano de enfrentamento para a prevenção e proteção aos povos originários, em razão da Covid-19.
Diversos direitos fundamentais aos povos originários foram violados, tais como o direito à vida, à saúde, alimentação, segurança, entre outros direitos sociais, logo, você consegue perceber que os grupos vulneráveis são os mais afetados em crises sanitárias, humanitárias e socioeconômicas?
Outro exemplo foi o mesmo tribunal decidir pelo reconhecimento da união homoafetiva como unidade familiar ao equipará-la às relações heteroafetivas. O Supremo Tribunal Federal garantiu os direitos e garantias a toda união, independentemente da orientação sexual, do sexo, gênero e classe social. O congresso e poder executivo não haviam proposto lei ou emenda constitucional sobre o tema, nesse sentido, o Conselho Nacional de Justiça, órgão do poder judiciário, editou a Resolução nº 175/2013 para vedar a recusa de cartórios para celebrações civis e de união estável aos casais homoafetivos (MARTINS, 2021). Por outro lado, o poder judiciário e o sistema de justiça de um país possuem suas dificuldades e, muitas vezes, são violadores de direitos, por isso, há sistemas jurisdicionais internacionais de Direitos Humanos, dos quais o Brasil é membro e aceita ser processado por tais órgãos, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA).
Um exemplo de condenação do Brasil, a nível internacional, foi o caso Simone Diniz. A vítima sofreu discriminação racial ao candidatar-se a uma vaga de emprego publicada em jornal. A contratante recusou a senhora Simone em razão desta ser uma mulher negra. Mesmo com provas cabais da discriminação sofrida, a justiça arquivou o processo judicial promovido pela senhora Simone Diniz em face da investigada, segundo a CIDH (OEA,2006). Inconformada, a vítima procurou orientação junto à OAB/SP, que decidiu denunciar o caso da senhora Diniz à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA; o órgão analisou que o Brasil violou os direitos de igualdade, de “não à discriminação”, de “garantias judiciais”, entre outros. A Comissão recomendou, ao Brasil, indenizar, em danos morais e materiais, a vítima; capacitar os funcionários da justiça e segurança pública a atuar frente ao tema racial e antidiscriminatório; realizar campanhas publicitárias para promover um país antirracista; investigar novamente do caso, entre outras medidas. O Brasil se comprometeu a cumprir algumas das exigências da Comissão (OEA, 2006).
Por fim, compreendemos que a luta pela efetivação de direitos é permanente e devemos, sempre, exigir do Estado uma sociedade menos desigual.
Olá, estudante!
Percorremos a nossa aula em três blocos e muitos conceitos e exemplos foram discorridos nesta disciplina; agora, você já pode compartilhar essas informações valiosascom aquelas pessoas que desconhecem seus direitos!
Aliás, convidamos você para assistir ao vídeo produzido com os principais temas abordados em aula e refletir sobre o conteúdo. Vamos juntos?  
Saiba mais
Você conhece o caso citado na aula dos “Meninos de Rua – Vilagran Morales e outros VS. Guatemala”? Para saber mais sobre o ocorrido, acesse o link do Núcleo Interamericano de Direitos Humanos da Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Você já entrou no site do Portal único de acesso ao ensino superior? No portal, estão reunidos os programas de ações afirmativas, como o PROUNI, SISU e FIES. Conheça essas políticas de inclusão e acesso à educação.
Você conhece o site da Defensoria Pública da União e sabe quais os serviços que o órgão realiza? Acesse para saber mais. 
Quanto às defensorias estaduais, faça uma pesquisa em um site de busca da seguinte forma: “Defensoria Pública do Estado de (insira o nome do estado)” e veja se há, em seu município, uma unidade do órgão!
Quer saber mais sobre direitos trabalhistas, discriminação nas relações de emprego e conhecer os canais de denúncias para violações de direitos trabalhistas? Acesso o site do Ministério Público do Trabalho.
Conhece a atuação do Ministério Público Federal? Na aba “atuação temática”, descubra os serviços prestados pelo órgão.
Quanto aos Ministérios Públicos Estaduais, pesquise, em um site de busca, “Ministério Público Estadual do estado de (insira o nome do estado)” e veja as unidades perto de você!
Quer saber mais sobre a Ordem dos Advogados do Brasil? Visite o site nacional, os estaduais e municipais. O órgão tem comissões temáticas, e, caso precisar ou quiser participar, entre em contato!
Por fim, quer saber mais sobre o Sistema da Organizações dos Estados Americanos? Acesse o site e clique em “relatorias”; o item apresentará as temáticas apreciadas e julgadas pela Comissão e Corte Interamericana.
Unidade 1 / Aula 3Medidas de proteção e acesso à justiça
Olá,  estudante!
Uma vez que os indivíduos conhecem os seus direitos e desmistificam certos conceitos historicamente mal compreendidos pelo senso comum, tornam-se agentes de transformação social em seus locais de trabalhos, compartilhando informações sérias e levando o direito a tantas pessoas.
Assim sendo, você compreenderá a aplicação dos Direitos Fundamentais e Direitos Humanos pelas medidas protetivas de urgências e outros instrumentos jurídicos indispensáveis à proteção e à reparação de um direito ameaçado ou violado. Após concluir esta aula, convidamos você a promover direitos e fazer a diferença em nossa sociedade!
Bons estudos! 
Medidas de Proteção como Instrumento de Proteção a Populações Vulneráveis
Olá, estudante!
Nos encontros anteriores, discorremos sobre a importância da efetivação de direitos humanos e fundamentais; o papel dos entes federativos, dos poderes executivo, legislativo e judiciário para a garantia de políticas públicas inclusivas e de ações afirmativas aos grupos historicamente vulneráveis; bem como conhecemos alguns órgãos essenciais à justiça, que prestam serviços gratuitamente para a defesa de indivíduos, coletivos e ao meio ambiente.
Pessoas em situação de vulnerabilidade precisam de maior proteção do Estado em razão de diversas violações de direitos que enfrentam. Muitas vezes, são situações limites e urgentes, de violências, rompimento de vínculos, questões relacionadas à saúde, alimentação, entre outras necessidades indispensáveis para o exercício de uma vida digna e que não podem esperar.
Para proteger e reparar direitos, há previsão no ordenamento jurídico brasileiro e no internacional das medidas protetivas ou de urgência. Conforme a Lei nº 11.340/06, que dispõe sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher (a “Lei Maria da Penha”), há a seguinte previsão sobre as medidas protetivas: “[...] serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados”. (BRASIL, 2006, [s. p.]).
Portanto, as medidas protetivas serão aplicadas tanto para a proteção quanto em situações em que os direitos da vítima encontram-se violados pelo Estado, pela sociedade, família e pela própria condição de vulnerabilidade da pessoa (BRASIL, 2003).
Além do poder judiciário, outros órgãos poderão aplicar as medidas protetivas. No Estatuto da Criança e do Adolescente, ao Conselho Tutelar compete aplicar algumas medidas previstas pela Lei nº 8.069/90; já no Estatuto do Idoso, o Ministério Público. Para tanto, para que as medidas protetivas sejam aplicadas de forma eficaz, impedindo o dano a um direito ou a ineficácia de seus meios para a sua proteção (exemplo: um paciente vem a falecer no curso da ação judicial de medicamentos, em virtude da demora do poder judiciário em julgar o pedido), o legislador previu meios que facilitam a celeridade do acesso à justiça, especialmente aos mais vulneráveis.
A Constituição Federal de 1988 previu a gratuidade da justiça para pessoas economicamente hipossuficientes, que não conseguem pagar os custos processuais, taxas e seus emolumentos; assistência jurídica gratuita por meio das defensorias públicas estaduais e da União ou, na ausência dessas instituições nos municípios, convênio entre a defensoria e a OAB para atendimento gratuito, por meio de advogados e não de defensores públicos, além dos Ministérios Públicos Estaduais, da União, do Trabalho e centros de conciliação e mediação municipais, estaduais e federal (BRASIL, 2015). Outra garantia importante é a tramitação processual prioritária envolvendo idosos, pessoas com deficiência, criança e adolescentes, casos de violência doméstica, entre outras previsões nas legislações processuais brasileiras. Além disso, no ordenamento jurídico interno, há previsão de instrumentos jurídicos céleres em razão da iminência de danos, violações e outros riscos que podem sofrer um direito. As denominadas “tutelas de urgência”, que são medidas judiciais para a proteção de um direito em perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, poderão ser aplicadas, por exemplo, para resguardar a vítima em caso de violência doméstica e familiar, para a realização de uma cirurgia ou internação em leitos hospitalares, entre outras situações urgentes.
Desse modo, percebemos os diversos mecanismos e ramificações para que um direito não venha a perecer e o quanto os investimentos públicos são importantes para que haja uma sociedade mais justa.
Até breve! 
Medidas de Proteção à Criança e ao Adolescente, Mulheres e Idosos
Olá, estudante!
Anteriormente, iniciamos os estudos sobre a importância das medidas protetivas, em especial aos indivíduos e grupos vulneráveis. Agora, vamos aprofundar a aplicação de medidas protetivas às crianças, adolescentes, mulheres e aos idosos.
Em primeiro lugar, já entendemos que as diversas violações de direitos podem ser cometidas pelo Estado, pela família, pela sociedade e pela própria condição de vulnerabilidade da vítima (BRASIL,1990), logo, devemos refletir que as medidas protetivas são aplicadas para proteger um direito em risco ou quando já existe a sua violação e torna-se necessária a redução de seus danos e/ou ações restaurativas. Pensemos que a violência pode se dar de diversas formas nos referidos grupos vulneráveis, não somente física ou sexualmente. Como você pode observar:
· violência psicológica;
· verbal;
· moral;
· patrimonial e digital;
· em razão de gênero;
· idade;
· orientação sexual;
· raça;
· etnia;
· condições socioeconômicas, culturais e demais recortes.
No Estatuto da Criança e do Adolescente, as medidas protetivas estão previstas para diversas situações. Podemos citar as orientações, os acompanhamentos da criança, do adolescente e de seus familiares pelo Conselho Tutelar ou por serviços especializados; questões relacionadas à saúde mental; atendimento e inclusão da família da criança ou do adolescente em serviços e programas de transferência de renda (Auxílio Brasil, antigo Bolsa Família) esocioassistenciais, como os Centros de Referências de Assistência Social (CRAS) e Centros de Referências Especializados de Assistência Social (CREAS). Quanto a esses exemplos, o Conselho Tutelar tem competência para solicitar tais atendimentos e serviços.
Algumas situações são tão graves e urgentes que exigem uma resposta rápida e segura para a criança e o adolescente. Podemos citar o afastamento da vítima do lar, por exemplo, nas hipóteses de violência doméstica e familiar, violência sexual, tortura e outros crimes em que, por motivos de segurança, a criança ou o adolescente é encaminhado às instituições de acolhimento, programa de acolhimento familiar e a famílias substitutas; aliás, essas medidas são de competência do poder judiciário (BRASIL,1990).
Já as medidas protetivas previstas pela Lei nº 11.340/06, em relação às mulheres, a legislação prevê o afastamento do agressor do local de convivência com a ofendida; proibição de aproximação com a mulher, seus familiares e testemunhas; pagamento de alimentos, além da inclusão da ofendida em programas de proteção; aliás, o agressor ou agressora também poderá ter sua prisão decretada preventivamente (BRASIL, 2006).
Em relação aos idosos, o Estatuto do Idoso faz previsão das situações de ameaças e violações de direitos a esse público, competindo ao Poder Judiciário ou Ministério Público aplicar medidas protetivas como: orientações, acompanhamento ao idoso; requisições para questões relacionadas à saúde ou problemas relacionados às substâncias psicoativas (drogas) ao ofendido ou pelo seu agressor e a inclusão do idoso em abrigos (BRASIL, 2003).
Devemos entender que todas essas medidas protetivas previstas devem contar com investimentos do Estado para fortalecer programas e serviços que cheguem aos que mais precisam. A ausência de serviços especializados desestimula denúncias aos órgãos competentes, impondo à vítima a vivência no ciclo da violência.
Por fim, podemos refletir e fazer o exercício da cidadania para a divulgação de serviços que possam levar direitos a indivíduos que passam por situações de violências e que não saibam ou se sintam inseguros para pedir ajuda. O canal de denúncia para violência contra a mulher é o 180, e para violações de direitos humanos (contra idosos, crianças, adolescentes, pessoas com deficiência, população LGBTQIA+, povos originários, negros e a quem precisar), é o disque 100 (BRASIL, 2022).
Seja um agente de transformação social!
Medidas de Proteção e o Sistema de Justiça Nacional e Internacional
Olá, estudante!
Já foram abordadas as medidas protetivas e a importância desse instrumento jurídico para a proteção de direitos de indivíduos e grupos, em especial, aos de vulnerabilidade. Discorremos sobre as peculiaridades dessas medidas previstas em lei às crianças e adolescentes, mulheres e idosos, e quanto à sua aplicação, em âmbito nacional, as medidas protetivas são concedidas pelo poder judiciário, embora outros órgãos tenham previsão legal para requisitá-las, como vimos nos blocos anteriores.
Para esta aula, a título de exemplificação de aplicação de medidas protetivas, abordaremos um caso a nível nacional. Uma das Cortes mais importantes do poder judiciário, o Superior Tribunal de Justiça, STJ, decidiu que as medidas protetivas previstas na Lei nº 11.340/06, Lei Maria da Pena, são aplicadas às mulheres transexuais, em casos de violência doméstica ou familiar.
O Ministro Rogério Schietti Cruz, relator do julgado, fez as seguintes considerações:
[...] Este julgamento versa sobre a vulnerabilidade de uma categoria de seres humanos, que não pode ser resumida à objetividade de uma ciência exata. As exigências e as relações humanas são complexas, e o direito não se deve alicerçar em discursos rasos, simplistas e reducionistas, especialmente nestes tempos de naturalização de falas de ódio contra a minoria. (BRASIL, 2022, [s. p.]).
Portanto, a Corte atendeu, por meio de medidas protetivas previstas na Lei nº 11.340/06, às mulheres trans em razão do gênero e não em razão do sexo biológico. E outra decisão proferida pela mesma Corte inclui as relações homoafetivas entre duas mulheres; relações entre mãe e filha, entre irmãos e demais relações familiares, sendo indispensável à vítima ser mulher.
Uma curiosidade: você sabia que a Lei 11.340/06 foi editada após o Brasil ser denunciado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos pelo caso da Sra. Maria da Penha Maia Fernandes? A referida normativa foi uma das recomendações ao país para combater a violência contra a mulher (PAIVA, 2017).
A nível internacional, como já foi abordado em outras aulas, o Brasil participa do sistema de justiça das Organizações das Nações Unidas, a ONU, e da Organização dos Estados Americanos, a OEA, e esses sistemas preveem suas medidas protetivas e de urgência, contudo, com outras denominações; na OEA, pelo sistema interamericano de justiça, existem as medidas cautelares determinadas pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e as medidas provisórias, estas expedidas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CDH) (RAMOS, 2016).
A nível internacional, o Brasil foi denunciado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos no caso “Adolescentes internos no Centro de Atenção Juvenil Especializado (CAJE)”, em Brasília/DF, por descumprir medidas que visam a proteger a vida e a integridade física de adolescentes sob sua custódia no referido estabelecimento de ressocialização juvenil. Relatos de mortes e outras violências foram denunciadas à Comissão, em razão da negligência e omissão estatal (OEA,2020). O órgão internacional fez uma série de recomendações ao Brasil e aplicou medidas cautelares ao país, para que providenciasse medidas eficazes frente à tamanha gravidade e urgência da situação; o Brasil, após ser acompanhado pela Comissão para a concretização de diversas recomendações, conseguiu providenciar medidas benéficas ao caso, incluindo a desativação do estabelecimento de ressocialização juvenil e a construção de outras unidades com estruturas arquitetônicas mais adequadas aos adolescentes, além de condições mais dignas de atendimento aos jovens assistidos (OEA, 2020).
Lembre-se: devemos sempre cobrar das autoridades a proteção devida aos nossos direitos!
Até mais!
Olá, estudante!
Vimos, em três blocos, a aplicação das medidas protetivas aos públicos vulneráveis em situações urgentes, em que algum direito esteja ameaçado ou encontra-se violado, bem como a importância do acesso à justiça e aos serviços especializados para a sua proteção.
Ufa! Agora, convidamos você para assistir ao vídeo produzido com os principais temas abordados em aula e refletir sobre como podemos auxiliar e compartilhar novos conhecimentos com os que mais precisam.
Vamos juntos?  
Saiba mais
Você conhece o site do Governo Federal para denúncias de Direitos Humanos? Acesse a página e fique por dentro dos tipos de violações de direitos recebidos pelo órgão por meio do Disque 100. No site, você encontrará explicações sobre os tipos de denúncias que podem ser realizadas (ex: violência contra pessoa idosa, criança, adolescente, pessoas com deficiência, pessoas em situação de rua, contra a comunidade LGBTQIA+, pessoas em situação de cárcere privado e/ou situações análogas à escravidão e quaisquer situações passíveis de denúncias). A ligação é gratuita e anônima.
A Lei Maria da Penha é um marco para a proteção e um mecanismo de combate à violência doméstica/familiar no âmbito do Brasil. Você conhece a história da Maria da Penha Maia Fernandes? É importante saber a história e compartilhá-la em nosso meio social, para que as pessoas lutem por um país antimachista e menos violento.
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios publicou a cartilha Quem nunca? Um guia sobre a velhice e direitos da pessoa idosa. O material foi elaborado pelo Centro Judicial do Idoso (CJI), e na página 9, há previsão sobre os diversos tipos de violências e discriminações com a população idosa. Talvez, você possa compartilhar essas informações com o seu meio social.
Sobre os direitosda criança e do adolescente em situação de risco ou vulnerável, o Canal Proteja publicou uma cartilha com as principais informações e conceitos a respeito de denúncias, tipos de violências, entre outras questões relacionadas à proteção de crianças e adolescentes. Você pode se atentar aos tipos de violência e aos canais e órgãos de denúncias para casos de violência contra a criança e o adolescente.
Unidade 1 / Aula 4Igualdade de gênero
Introdução
O que você sabe sobre Direitos Humanos?
Boas-vindas estudante!
Este curso visa conceituar, promover e capacitar pessoas à área de Direitos Fundamentais e Direitos Humanos presentes em nossa vida em sociedade. Uma vez que os indivíduos conhecem os seus direitos e, desmistificam certos conceitos historicamente mal compreendidos pelo senso comum, tornam-se agentes de transformação social em seus locais de trabalhos, compartilhando informações sérias e levando o direito a tantas pessoas.
Assim sendo, você compreenderá a aplicação da legislação que permeia os Direitos Fundamentais e Direitos Humanos, desconhecida de grande parte da população, com aplicação de casos do nosso cotidiano, a fim de que possa promover direitos e fazer a diferença em nossa sociedade.
O material desta disciplina estará disponível em todos os momentos que você desejar estudar e refletir sobre o conteúdo. Bons estudos! 
Igualdade de Gênero nas Ordens Internacional e Nacional
Igualdade de gênero é um tema complexo na história da humanidade, que envolve uma diversidade rica de movimentos e teorias sobre a luta pelos direitos às mulheres. Por isso, é um equívoco interpretá-las a partir de um pensamento único e estereotipado, conforme o imaginário do senso comum de parte da sociedade mal-informada. Além disso, precisamos entender como as diversas relações de poder em nossa sociedade são dominadas por homens brancos, privilegiados e cisgêneros, resultando no protagonismo masculino e no papel secundário das mulheres ao longo da história. Esses valores predominantes reproduzem comportamentos machistas até mesmo em mulheres, como uma alternativa para serem aprovadas por homens (BEAUVOIR, 1949).
Em breve resumo, o processo histórico pela luta à igualdade de direitos às mulheres perpassou pelas denominadas “três ondas”. A primeira tratou do direito ao voto e ao trabalho; a segunda onda, dos direitos civis e sexuais; já a terceira onda destacou o feminismo negro e a inclusão de outros movimentos, a interseccionalidade (MCCANN et al., 2019).
Em âmbito nacional, ressaltaremos a importância da Constituição Federal de 1988 à previsão do direito à igualdade entre homens e mulheres e veda qualquer tipo de discriminação em razão do sexo e gênero (BRASIL,1988). Antes da Magna Carta, alguns direitos foram conquistados às mulheres no país, como o direito ao voto (1932), a regulamentação do trabalho urbano (1932) e o divórcio (1977). 
O país, enquanto membro das Nações Unidas (ONU) e da Organização dos Estados Americanos (OEA), assumiu as previsões de documentos internacionais de direitos humanos dos dois sistemas, comprometendo-se a promover direitos, o combate às diversas formas de violências e discriminações às mulheres, além de aceitar ser denunciado e processado em caso de violação de direitos às mulheres. No sistema da ONU, o Brasil promulgou a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW) e respectivo protocolo facultativo; na OEA, o país ratificou a convenção interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher (Convenção do Belém do Pará) (RAMOS, 2016).
A primeira vez que o Brasil foi condenado pelo sistema de justiça da ONU foi no caso “Alyne Pimentel”, em 2011. Em breve relato, trata-se de uma denúncia ao país por violação ao direito à maternidade, à vida e à saúde. Alyne Pimentel, uma jovem negra, hipossuficiente economicamente e gestante, não recebeu atenção e cuidados necessários pelos estabelecimentos de saúde competentes, passando por dias de sofrimento, em razão das complicações da sua gestação de alto risco, e acabou não resistindo à falta de estrutura na saúde pública da Baixada Fluminense/RJ, vindo a falecer mãe e filha (feto) dias depois.
O comitê, da ONU, para a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher considerou o Brasil culpado e requisitou uma série de cumprimentos ao país para os familiares da vítima. Como cumprimento, o Brasil indenizou os familiares de Alyne, nomeou a UTI da maternidade em Nova Iguaçu/RJ com o nome da vítima e inaugurou um espaço com o nome de Alyne na Maternidade “Mãe de Mesquita” (PAIVA, 2017).
Em relação ao sistema de justiça da OEA, o caso mais conhecido do Brasil denunciado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos foi o da Sra. Maria Fernandes da Penha, abordado na aula anterior.
Até mais! 
Políticas Públicas para Igualdade de Gênero
As políticas públicas voltadas a garantir a igualdade de gênero no país são frutos de um processo histórico de lutas lideradas por milhares de mulheres, com a contribuição de outros seguimentos da sociedade. São diversas as políticas públicas previstas em legislação nacional e internacional; por outro lado, muitos direitos precisam avançar e serem garantidos pelo Estado, a fim de termos uma sociedade mais igualitária.
Para exemplificar políticas de igualdade de gênero, citaremos a promoção da participação feminina na política. Com exceção do Haiti e Paraguai, o Brasil se encontra atrás de todos os outros Estados da América Latina e ocupa a posição 140º no ranking de 192 países avaliados sobre a representatividade da mulher na política (BUENO, 2022).
Para diminuir essa desigualdade, apenas em 2022, foi inserida, no artigo 17 da Constituição Federal de 1988, a Emenda nº 117/2022, que prevê a obrigatoriedade de os partidos políticos investirem, no mínimo, 5% do fundo partidário para a promoção da mulher na política, bem como a destinação de 30% no financiamento de campanhas de suas candidatas pelo Fundo Especial de Financiamento de Campanha e do Fundo Partidário (BRASIL,1988).
Podemos citar as conquistas e as necessidades de avanços à política pública contra a violência, discriminação, assédio sexual e moral à mulher. Além da Lei Maria da Penha, nº 11.340/06, o Código Penal Brasileiro dispõe sobre o feminicídio, crime cometido em razão do gênero feminino, com penas mais rígidas aos autores do delito; crimes contra a dignidade sexual; os de perseguição “stalking” e o de dano emocional às mulheres, prejudicando-as em diversos setores de suas vidas. Para que haja denúncia desses crimes, é preciso que o Estado invista em órgãos especializados, recursos humanos e infraestrutura para o acolhimento das vítimas, principalmente mulheres negras. Segundo os dados do Fórum de Segurança Pública de 2021, 62% das vítimas assassinadas por feminicídio são mulheres negras.
A implementação de delegacias especializadas da mulher; juizados de violência doméstica e familiar; organizações socioassistenciais públicas e privadas no atendimento a mulheres e seus familiares em situação de violência; defensorias públicas, ministérios público estadual, federal e do trabalho; e estabelecimentos públicos de saúde ao amparo e atendimento à mulher é um exemplo de fatores que contribuem para o rompimento do ciclo de violência.
Na área da saúde, existe o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) do Ministério da Saúde (BRASIL, 2000), sendo muito importante que as gestantes e seus familiares identifiquem situações de violência contra ela e a criança, bem como que s capacite profissionais e gestores de estabelecimentos da área da saúde para a punição dos envolvidos e promoção de ações preventivas.
Para mulheres LGBTQIA+, o Sistema Único de Saúde faz previsão da Política Nacional de Saúde Integral LGBTQIA+ (BRASIL, 2011); no âmbito do direito ao trabalho, há políticas de combate contra o assédio moral, sexual e à desigualdade salarial, sendo fiscalizadas pelo Ministério Público do Trabalho; aliás, há, também, o Incentivo do Estado à iniciativa privada, por meiode benefícios fiscais, da prorrogação da licença-maternidade de 4 meses para 6 meses (BRASIL,2016); por fim, ressaltamos a necessidade de maiores investimentos em políticas de trabalho e renda, para a independência financeira das mulheres, e de se coibir todo tipo de discriminação nas relações de trabalho. Devemos refletir a importância dessas políticas públicas e cobrarmos o aumento de investimentos públicos, em especial, às mulheres mais vulneráveis historicamente. 
Teorias Queer, o Feminismo Negro e Mulheres com Deficiência
Compreendemos, anteriormente, que a luta pela igualdade de gênero é um processo histórico, contínuo, complexo, não uniforme, com diversidade em teorias, pensamentos, movimentos, além de fatores como a interseccionalidade para o debate e avanços aos direitos das mulheres.
Sendo assim, ao longo da história e sob a perspectiva da proteção dos direitos humanos aos grupos historicamente vulneráveis, urge a necessidade de se destacar e contribuir para a discussão sobre a luta pela igualdade de gênero, mulheres que estão mais expostas e que sofrem com diversas situações de violência, discriminação e pobreza impostas, intencionalmente, pela supremacia branca, cisgênero, com poderes econômicos e políticos na sociedade. 
Comecemos com o feminismo indígena cujas pautas estão em denunciar as barbáries do processo de colonização europeia e as diversas violências sofridas pelas mulheres indígenas, tais como a sexual, a esterilização compulsória, raptos e assassinatos de seus filhos, além de toda a questão sobre o genocídio dos povos originários e a destruição do meio ambiente. Essas atrocidades e outras ainda acontecem ao redor do mundo; lideranças dos movimentos feministas indígenas lutam contra toda a opressão que sofrem pela branquitude e buscam, cada vez mais, espaço na pauta feminista dominada por mulheres brancas, bem como promovem a cultura de seus povos e defendem modelos de organizações sob a liderança de mulheres indígenas (MCCANN et al., 2019). No Brasil, a primeira mulher indígena a se tornar deputada federal foi Joenia Wapichana, em 2018. Autoras sobre o feminismo indígena: Paula Gunn Allen e Cristine Takuá.
A luta por direitos e visibilidade às mulheres com deficiência estão nas pautas feministas. Esse movimento defende uma sociedade em igualdade de gênero e mais inclusiva; a começar, suas lideranças defendem o modelo social em que a deficiência está na sociedade, por meio de atitudes, acessibilidade, discriminações e diversas barreiras que impedem as pessoas com deficiência de serem respeitadas e ouvidas pela sociedade. Além disso, o movimento luta contra toda pressão estética imposta em face de seus corpos e pela ideia de que são seres inferiores, infantis e angelicais (MCCANN et al., 2019). Autoras sugeridas: Rosemarie Garland Thomsom e Jenny Morris.
O debate pela igualdade em direitos a todas as mulheres também perpassa pelo próprio conceito sobre o gênero e à orientação sexual. Como representante dessas discussões, temos Judith Butler. Em linhas gerais, a filósofa defende que o gênero é fruto de um processo histórico social e cultural, não natural. Sexo e gênero são independentes; a heterossexualidade binária (masculina e feminina) é compulsória e norma social; quando pessoas não se identificam com essa imposição são punidas pela sociedade, assim, podemos verificar milhares de pessoas LGBTQIA+ que não se identificam com o binarismo imposto e desejam ser referenciadas e tratadas como gênero neutro. A Teoria Queer, por exemplo, estuda a predominância da heterossexualidade e o papel do Estado em controlar a sexualidade das pessoas, tornando-as limitadas (MCCANN et al., 2019). Como pensadores, temos: Michel Foucault, Simone Beauvoir, Eve Kosofsky Sedgwick, Letícia Nascimento, Paulo Iotti.
Por fim, o feminismo negro defende que a luta por igualdade de gênero não pode ser pautada e protagonizada apenas por mulheres brancas, de classe média ou da elite e cisgênero; as opressões, violências e discriminações sofridas pelas mulheres negras são mais intensas e intencionalmente perpetuadas pela branquitude. Assim, o feminismo negro busca reivindicar e promover seus direitos e tornar a luta feminista mais inclusiva e antirracista (MCCANN et al., 2019). Autoras sugeridas: Lélia Gonzalez, Conceição Evaristo, Djamila Ribeiro, Bell Hooks.
Olá!
Percorremos, em três blocos, os pontos históricos, conceituais, as teorias e os movimentos sobre a luta pela igualdade de gênero, bem como a própria discussão a respeito desse termo!
Agora, convidamos você para assistir ao vídeo produzido com os principais temas abordados em aula, tais como a igualdade de gênero nas ordes nacional e internacional. Vamos juntos?  
Saiba mais
Entendemos a importância de estudar igualdade de gênero sob vários recortes, tais como etnia, raça, orientação social, classe e demais fatores que contribuem para as conquistas e proteção de direitos às mulheres. A interseccionalidade contribui para esse debate; nesse sentido, Kátia Akotirene, importante acadêmica e uma das vozes mais potentes do feminismo negro no Brasil, explica a interseccionalidade na luta por uma sociedade mais igualitária em entrevista ao Instituto Geledés.
Matéria do Caso Alyne Pimentel: época em que o governo brasileiro indenizou seus familiares e inaugurou placa com seu nome no estabelecimento hospitalar.
Publicação do Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2021 sobre as taxas de feminicídio e outras violências contra meninas e mulheres no país.
Para informações a respeito da violência obstétrica, é importante entrar em contato com as Defensorias Públicas Estaduais, OAB e associações que possam denunciar esses casos. A publicação foi elaborada pela Defensoria do Rio de Janeiro, contudo, muitas informações no documento servem para todos!
Cartilha elaborada pela Defensoria do Estado de São Paulo sobre SUS: Mulheres negras, acesso à saúde e racismo.
Cartilha do Tribunal Superior do Trabalho sobre o assédio moral nas relações de trabalho.
Cartilha: Transexualidade e travestilidade na saúde.
Retificação no registro civil a travestis e transexuais.
Acoso sexual en el trabajo: Assédio sexual no mercado de trabalho – uma criação conjunta de ACNUR, ONU Mulheres e UNFPA a partir do programa LEAP – Liderança, empoderamento, acesso e proteção para mulheres migrantes, solicitantes de refúgio e refugiadas no Brasil.
Cartilha: Casa da mulher brasileira. Espacio integrado y humanizado de atendimiento a las mujeres en situación de violencia doméstica y familiar.
Cartilha sobre Direitos das Mulheres Migrantes e Refugiadas Costureiras- Fundação Getulio Vargas.
Cartilha para mulheres indígenas– Situação de violência/Região Norte/São Gabriel da Cachoeira.
Cartilha – Saúde indígena: um direito constitucional.
Cartilha: Guia feminista para mulheres com deficiência: garantia de direitos para o exercício da cidadania. Coletivo Feminista Helen Keller.
Cartilha sobre gordofobia/ninfeias – Universidade Federal de Ouro Preto.
Unidade 1 / Aula 5Revisão da unidade
Direitos Humanos e Inclusão Social
Olá, estudante!
Percorremos 4 aulas de história, conceitos, aplicações e reflexões sobre os Direitos Humanos.
No primeiro bloco, iniciamos o contexto sociopolítico internacional, com o início da construção dos Direitos Humanos na ordem internacional, após o fim da Segunda Guerra Mundial; a criação da Organização das Nações Unidas (ONU); e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que são marcos históricos para o compromisso dos países em promover e coibir quaisquer violações de direitos, principalmente às pessoas e grupos vulneráveis (RAMOS, 2016).
Ainda na aula 1, verificamos a influência da Declaração Universal dos Direitos Humanos em posteriores documentos internacionais, em especial, na Constituição Federal de 1988, bem como que os princípios fundamentais são mais amplos, aplicados caso a caso (BRASIL, 1988) e as normas de direitos fundamentais são pensadas e previstas pelo constituinte, em suas cartas Magnas, em cada país.
Na aula 2, discorremos sobre a importância do princípioda dignidade da pessoa humana para a elaboração e efetivação de direitos e de políticas públicas inclusivas e afirmativas. O princípio da igualdade formal deve estar conexo com a realidade material, a qual os indivíduos vivem, mas não basta apenas a igualdade perante a Lei, mas que todos tenham direitos e oportunidades sem desigualdades e discriminações. Apresentamos o caso Simone Diniz, em que o Brasil foi denunciado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos por omissão e violação à igualdade, por não coibir o racismo, a injúria racial e não promover ações e políticas antirracistas (PAIVA, 2017).
Na aula 3, entendemos a importância das medidas protetivas, de proteção em situações de iminente dano ou risco a algum direito ou quando já ocorreu a violação daquele. Verificamos que as medidas de proteção/protetivas estão previstas no ECA, na Lei Maria da Penha, no Estatuto do Idoso, por exemplo; estudamos sobre a necessidade de investimentos nas áreas do sistema de justiça e em outras áreas de garantia e defesa de direitos, para que esses serviços cheguem aos que mais precisam dessas medidas em situações de urgência; e ressaltamos a importância de divulgar o disque 100 (Direitos Humanos) e 180 (contra a violência a mulher).
Por fim, na aula 4, percorremos e refletimos sobre a luta pela igualdade de gênero, bem como teorias e movimentos feministas, em especial, de mulheres historicamente mais vulneráveis, tais como o movimento feminista de mulheres com deficiência, mulheres indígenas, o feminismo negro e LGBTQIA+. Além disso, refletimos sobre a importância de investimentos em políticas públicas para a promoção da igualdade de gênero e investimentos públicos para se coibir todo tipo de violência contra mulheres.
Dessa forma, entendemos que os Direitos Humanos pertencem à história; está sempre em evolução e seguindo com a sociedade a qual pertence. Não devemos pensar que a história e a luta dos Direitos Humanos são lineares, por isso, a sociedade contemporânea deve estar sempre em alerta para tentativas de retrocessos de seus direitos conquistados. Temos muito a avançar em direitos, logo, por mim, por você, por todos nós e às futuras gerações, lutemos e vigiai-os!  
Olá, estudante!
Aprendermos tantas coisas sobre os Direitos Humanos, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, os Direitos Fundamentais, Ações Afirmativas, Medidas Protetivas e de Proteção, entre outros conceitos interessantes e presentes em nossa sociedade. Vamos de revisão? Venha com a gente! 
Estudo de caso
Imagine a seguinte situação: você é vizinho de Nina, que se encontra desempregada, é casada com Tício e tem um filho, o pequeno Mévio, de 2 anos. Você, como vizinho dessa família, eventualmente, houve gritos e barulhos decorrentes das discussões do casal; na madrugada de segunda-feira, você foi acordado com uma nova briga do casal e, ao expiar pelo muro, testemunha uma agressão física de Tício em face de Nina, além disso, Tício fez xingamentos depreciativos à Nina e disse ter se apropriado do cartão da poupança financeira dela, herdada de seu pai. Inconformado, você pensou em ligar à polícia ou à guarda municipal, porém ficou com medo de ser descoberto e sofrer retaliação de Tício ou prejudicar ainda mais a Nina, mas você tem certeza de que somente os números da Polícia Militar e da Guarda Civil podem ajudá-lo a denunciar o caso de sua vizinha.
No dia seguinte, você foi visitar sua vizinha, que lhe confessou o seu desejo do divórcio, mas que está muito abalada emocionalmente e não sabe nem por onde começar, pois não tem recursos financeiros para pagar advogado particular; por outro lado, Tício alega que não quer o divórcio e não sairá de sua casa; já o pequeno Mévio está com comportamento agitado, choroso e não frequenta a creche municipal, pois não tem vagas no estabelecimento infantil. Tício, então, demonstra, cada vez mais, um comportamento violento, além de ameaçar agredir Nina.
Você, por fim, sensibilizado com a situação de Nina e de seu filho, procura informações sobre como auxiliá-la quanto a:
· Nina ficar em sua residência com seu filho, pois não tem familiares ou recursos financeiros para aluguel de um local, uma vez que está desempregada.
· Informações para o divórcio de Nina, uma vez que não tem recursos financeiros.
· Acompanhamento de profissionais para a saúde mental de Nina.
· Conseguir vaga em creche ao pequeno Mévio.
Portanto, com base nos relatos descritos acima:
· Você está agindo corretamente ao se expor e auxiliar Nina? Você deveria entrar nessa discussão?
· Quais as informações sobre os direitos de Nina e de seu filho que você poderá compartilhar para que mãe e filho venham a obter auxílio e apoio para saírem dessa situação de violência?
· Quanto aos canais de comunicação levantados por você como possibilidades de acionamento, eles estão adequados? Existem outras formas de acionamento?
______
Reflita
Infelizmente, a violência de gênero contra às mulheres é estrutural e permeia toda a sociedade. Você sabe, a nível municipal, estadual ou federal, as propostas de Lei ou ações que vêm sendo discutidas para a diminuição dessas violências?
Na sua opinião, o que podemos fazer, enquanto cidadãos, para contribuir para uma sociedade menos violenta e misógina? 
Conforme o caso narrado, o aluno deveria identificar e trazer os seguintes apontamentos: trata-se de violência contra a mulher nos termos da Lei nº 13.340/06, enquanto violência física, moral/ psicológica e patrimonial em face de Nina. Faz-se importante salientar que é violência verbal qualquer narrativa que venha a abalar ou causar sofrimentos e danos psicológicos às meninas e mulheres; outro fator importante é a violência patrimonial contra Nina, uma vez que o agressor retém o seu cartão de poupança, com o intuito de apropriar-se e gerenciar, como bem entender, um patrimônio que não o pertence.
Quanto à pergunta 1, você age corretamente ao auxiliar Nina, pois, enquanto cidadão, exerce seu papel em fornecer informações e apoio emocional para sua vizinha em situação de violência. Nina está abalada emocionalmente e, portanto, você se torna rede de apoio dela, e é importante compreender as dificuldades de rompimento do ciclo da violência, entre os fatores, como o econômico, pois, infelizmente, as estruturas do patriarcado aprofundam as desigualdades de gêneros, já que Nina encontra-se desempregada e a ausência de vaga em creche para seu filho contribui para que ela tenha que ficar com Mévio, reduzindo sua oportunidade de conseguir um emprego externo, além do mercado de trabalho ainda praticar discriminações contra mulheres que exercem a maternidade.
Quanto à questão 2, como os envolvidos no caso narrado, Nina não tem recursos financeiros para o pagamento de advogado particular, logo, você pode orientar sua vizinha a agendar um atendimento na Defensoria Pública do Estado, mesmo sem ter lavrado o Boletim de Ocorrência, para requerer medidas protetivas. A defesa de Nina poderá pedir o afastamento do acusado da residência familiar, proibição de aproximar-se de Nina e iniciar as tratativas para o divórcio litigioso, uma vez que Tício não quer o rompimento do casal pela via consensual. Na ação de divórcio, poderá ser estipulado um valor a ser pago pelo acusado para a manutenção dos direitos de seu filho, bem como seus gastos, além disso, Nina poderá reaver sua poupança.
Em se tratando de um município que ainda não conta com Defensorias Públicas, Nina pode entrar em contato com o Ministério Público Estadual, a OAB, ou alguma associação sem fins econômicos que faça o atendimento jurídico via pro bono. Nina também tem a opção de fazer o registro do Boletim de Ocorrência, em especial, nas delegacias especializadas da mulher, e, em caso de violência física, importante a realização de corpo de delito. Aliás, mãe e filho poderão ser encaminhados para serviços socioassistenciais e estabelecimentos de saúde para atendimento, orientação e acolhimento, inclusive, pelo próprio Conselho Tutelar, enquanto medida de proteção; por fim, muitas organizações da sociedade civilou órgãos públicos promovem cursos de capacitação e qualificação para mulheres acessarem o mercado de trabalho, constituindo sua autonomia financeira.
Em relação à questão 3, você poderá saber que existem outras ferramentas que podem contribuir para as denúncias contra às mulheres e outros tipos de violações de direitos, como o 180, Disque-100; procure, também, as unidades da Defensoria Pública, do Ministério Público Estadual, a unidade da OAB mais próxima da vítima e Delegacias especializadas; aliás, o seu município poderá também contar com um disque denúncia para o recebimento de denúncias de violência contra a mulher.
Resumo visual
Unidade 2 / Aula 1Estatuto da pessoa com deficiência - Parte 1
Introdução
Olá, caro estudante, dando continuidade à disciplina Direito, proteção e inclusão social, esta unidade propõe conceituar a pessoa com deficiência pelo viés dos direitos humanos e os tipos de deficiência; resgatar todo processo histórico de luta da pessoa com deficiência para o seu reconhecimento, enquanto direito, abordando as legislações vigentes que respaldam você, enquanto cidadão, e oportunizam subsídios na sua vida profissional. 
Sabemos que o número de pessoas com deficiência vem aumentando ao longo dos anos, que a pessoa pode nascer com a deficiência, mas também pode adquirir ao longo da vida por alguma fatalidade ou idade, portanto, compreender esses dois públicos é um diferencial para você, na sua vida pessoal e na prática profissional, já que, cada vez mais, a pessoa com deficiência vem sendo inserida na sociedade. 
Assim, você compreenderá a aplicação da legislação que permeia os Direitos Fundamentais e Direitos Humanos da pessoa com deficiência e os estatutos que regulamentam os direitos da pessoa com deficiência, desconhecidos por grande parte da população. Ao adquirir esse conhecimento, você será capaz de promover direitos e diferenciar-se na sociedade!  
Marco histórico do processo de reconhecimento dos direitos da pessoa com deficiência
Marco Histórico do Processo de Reconhecimento dos Direitos da Pessoa com Deficiência 
O reconhecimento dos direitos da pessoa com deficiência remete a um processo histórico de construção que não podemos deixar de evidenciar, contudo, antes de iniciarmos essa viagem histórica, precisamos saber se você conhece o conceito de pessoa com deficiência. Segundo a LBI – Lei Brasileira de Inclusão – a pessoa com deficiência é: 
Art. 2º Aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (BRASIL, 2015, [s. p.])  
A Política Nacional para integração da pessoa portadora de deficiência consolida as normas de proteção e dá outras providências. De acordo com o Art. 3º, considera, em primeiro lugar, a pessoa com deficiência, toda perda ou anormalidade que gera incapacidade e não “atenda” ao padrão considerado “normal” de um ser humano; em segundo, conceitua a pessoa com deficiência permanente, aquela que ocorreu ou se estabilizou e não permite recuperação; por fim, a incapacidade como uma redução efetiva e acentuada da capacidade integral social, em que há necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais.  
Já o Decreto 5.296/2004, em seu art. 5º, enquadra a pessoa com deficiência nas seguintes categorias (BRASIL, 2004):  
I – Deficiência física: aquela que tem alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando no comprometimento da função física, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções. 
II – Deficiência auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. 
III – Deficiência visual: cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho. 
IV – Deficiência mental: funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: comunicação, cuidado pessoal, habilidades sociais, utilização dos recursos da comunidade, saúde e segurança; habilidades acadêmicas, lazer e trabalho. 
V – Deficiência múltipla: associação de duas ou mais deficiências.  
Aliás, vale ressaltarmos que o autista também é considerado uma pessoa com deficiência, de acordo com os critérios estabelecidos na Lei 12.764, de 27 de dezembro de 2012, e outra questão bastante importante e que também remete ao processo histórico é a terminologia utilizada para se referenciar a esse público; termos técnicos corretos têm muita importância, logo, quando desejamos falar ou escrever de forma construtiva e numa perspectiva da inclusão da pessoa com deficiência, temos de considerar o processo histórico de preconceitos, estigmas e estereótipos. Os termos passaram de aleijado, defeituoso, incapacitado, inválido e portador de necessidades/deficiência para pessoa com deficiência. 
A tabela cronológica das legislações mostra o caminho de luta a passos largos para o processo de inclusão permeado de avanços e retrocessos, partindo da exclusão, segregação, integração até chegar à desejada inclusão, mas que ainda apresenta muitas fragilidades, uma vez que exige a corresponsabilidade de todos em termos de mudança de atitude, capacitação e vontade política. 
Vale lembrar que a sociedade foi ganhando “noção” de inclusão após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945); devido a enorme quantidade de sobreviventes com algum tipo de deficiência, carecia de mão de obra para retomar as atividades econômicas e industriais, entretanto, foi somente na década de 1970 que essa inclusão ganhou relevância, ao surgir as primeiras declarações da história dos direitos das pessoas com deficiência. 
A inclusão demanda uma ampla discussão que perpassa pelo preconceito, pela discriminação e pelo racismo, e não apenas de pessoas com deficiência, mas também de pessoas de diferentes raças, etnias, economicamente desfavorecidas, de determinada orientação sexual e de gênero. O histórico legislativo, aliás, também perpassou pela concepção de deficiência: deficiência como patologia e um problema individual; modelo biomédico da deficiência (segregação); deficiência enquanto fenômeno da natureza social (movimentos sociais); e, por fim, o modelo social da deficiência. Esse percurso da inclusão dependeu de grandes esforços demandados de pessoas com deficiência, de familiares, de profissionais militantes, das entidades sociais e associações que foram surgindo para atender a essa população. 
Constituição de 1988 e a convenção internacional da ONU dos direitos da pessoa com deficiência
Constituição de 1988 e a Convenção Internacional da ONU dos Direitos da Pessoa com deficiência 
O conceito de deficiência fora abordado no Brasil, em seus primores, por meio da palavra “excepcional”, no artigo 175 (BRASIL, 1969), depois, como “deficiente” (BRASIL, 1978) e, com o passar dos anos, como “pessoa portadora de deficiência” (BRASIL,1988); nessa forma, tinha-se que a deficiência não está no indivíduo, mas na sua capacidade de relacionamento social. 
Vale ressaltarmos que, no seu artigo 1º da Constituição Federal (1988), o princípio da dignidade humana é apresentado como um fundamento de tal documento, que, de acordo com Silva (2000 apud SILVA, 2011), esse é um princípio supremo que atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais do ser humano, o direito à vida, e, já no artigo 5º, é abordado como princípio fundamental de garantia de direitos humanos. 
A Constituição Federal (1988) reconhece a importante função do princípio da igualdade na ordem jurídica; de forma imperativa, coloca que todos são iguais perante a lei e acrescenta “sem distinção de qualquernatureza”, assim, consiste no tratamento igual a situações iguais e tratamento desigual a situações desiguais. Entretanto, a pessoa com deficiência tem direito a um tratamento especializado nos serviços “acessível”, porque essas situações apresentam justificativas e são autorizadas pela quebra da igualdade.  
A Constituição Federal (1988) assegura a todos a existência digna da pessoa humana em seu art. 170, em que se refere à garantia das necessidades vitais de cada indivíduo, ou seja, a um valor intrínseco como um todo. A justiça social, por meio da ordem social, em seu art.193, parte do princípio de que todos os indivíduos de uma sociedade têm direitos e deveres iguais em todos os aspectos da vida social e que estes devem ser garantidos, como o desenvolvimento da pessoa humana por meio da educação e do exercício da cidadania em seu art. 205, colocando a importância do papel da educação no processo de formação, uma vez que propicia à pessoa o exercício pleno de sua cidadania, na busca da concretização dos direitos humanos fundamentais, que corroboram a efetividade de uma existência digna; além disso, perpassa todos os direitos sociais assegurados no artigo 6º ao abarcar o direito à educação, o direito à saúde, ao trabalho, ao lazer e à previdência social.  
Entretanto, não podemos deixar de evidenciar que os obstáculos enfrentados pelas pessoas com deficiência dificultam o acesso à garantia dos direitos humanos e, segundo Craveiro (2022), tornam esse público ainda mais vulnerável à situação de violência, exclusão e segregação.  
No âmbito internacional, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), de 10 de dezembro de 1948, estabelece as diretrizes centrais para a proteção social de toda a população, enfatiza que toda pessoa deve gozar dos direitos fundamentais, inclusive do direito à liberdade, sem qualquer distinção e discriminação.  
A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência fora assinada em Nova York, em 30 de março de 2007, aprovada pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo n º 186, de julho de 2008, e promulgada pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em 25 de agosto de 2009. Segundo Craveiro (2022), o propósito da convenção foi promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos, as liberdades fundamentais para todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente. 
Partindo dos princípios gerais na Convenção, evidenciamos a plena participação e a inclusão na sociedade, que propõe garantia de condições concretas na vida cotidiana; com isso, faz uma interface com a acessibilidade, que viabiliza essa participação, o reconhecimento da diferença e da diversidade humana, considerando cada sujeito como único e com suas especificidades, destacando, também, a descriminação e a importância de ações voltadas à conscientização de toda sociedade. 
Assim, os direitos da pessoa com deficiência estão respaldados mundialmente, por meio de elementos jurídicos, que garantem uma inclusão, de fato.
Estatuto da pessoa com deficiência: conceitos legais
Estatuto da pessoa com deficiência: conceitos legais 
A LBI – Lei Brasileira de Inclusão –, também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, beneficia mais de 45 milhões de brasileiros que possuem algum tipo de deficiência, de acordo com os dados do IBGE 2010, a fim de assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência. Visando a sua inclusão social e cidadania, foi criada para efetivar a Convenção Internacional da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e garantir o direito da pessoa com deficiência. 
Os direitos fundamentais das pessoas com deficiência estão atrelados aos direitos humanos, requer a garantia de políticas públicas que contribuam para o fomento de direitos individuais e coletivos, portanto, necessita que o Estado invista em sua concretização por meio de recursos públicos.  
A fim de destacarmos as principais inovações entre tantas, temos o conceito jurídico de “deficiência”, passando a ser tratada como resultado das barreiras impostas pelas limitações, conforme preconiza o Art. 2 da LBI (2015). Portanto, a LBI proporciona ferramentas que garantem que todas as pessoas com deficiência tenham seus direitos respeitados e que possam se defender da discriminação, do preconceito e da falta de acesso à sociedade.  
Vale destacarmos, também, algumas políticas públicas introduzidas pela LBI quanto à capacidade civil, garantindo, assim, que as pessoas com deficiência tenham o direito de casar ou instituir união estável e exercer direitos sexuais e reprodutivos em igualdade de condições com as demais pessoas. Outra alteração que merece destaque, devido ao fato de remeter a condutas desinformadas, são as normas que regulamentam o processo de curatela; com as novas regras, abriu-se a possibilidade de a pessoa com deficiência aderir à tomada de decisão apoiada, em que pode eleger até 2 pessoas idôneas, com as quais tenha vínculo e que sejam de sua confiança, para que lhe preste auxílio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo os elementos e as informações necessárias (BRASIL, 2015). 
A LBI (BRASIL, 2015) assegura às pessoas com deficiência a oferta de sistema educacional inclusivo, de acordo com suas características, interesses e necessidades de aprendizagem, bem como estabelece ao Poder Público o objetivo de garantir a condição de igualdade, promovendo o exercício de sua autonomia; além disso, cria o benefício assistencial "Auxílio Inclusão”, para que a pessoa com deficiência, de acordo com critérios estabelecidos, ingresse no mercado de trabalho sem medo de, com isso, perder o direito ao recebimento do benefício de prestação continuada; certifica às pessoas com deficiência o acesso a bens culturais em formatos acessíveis, a programas de televisão, cinema, teatro e a outras atividades culturais e esportivas.  
Segundo Craveiro (2022), ao longo do Estatuto da Pessoa com Deficiência, a discussão sobre a acessibilidade também ganha destaque, tamanha a importância do fortalecimento da participação social e do exercício dos direitos por parte da pessoa com deficiência, tornando cada vez mais imperativo para que a inclusão aconteça. Portanto, o estatuto impõe ao Poder Público o dever de adotar ações destinadas à eliminação, à redução ou à superação de barreiras para a promoção do acesso a todo patrimônio cultural observada às normas de acessibilidade e o dever de promover a participação da pessoa com deficiência em atividades com vistas ao seu protagonismo.
Olá, estudante. Parabéns! Uma vez que chegou até aqui, você já consegue entender o conceito da pessoa com deficiência, as legislações que respaldam a sua prática enquanto cidadão e profissional e já consegue ser multiplicador do conhecimento adquirido. Para validar esse conhecimento, convidamos você a assistir ao vídeo com os temas relacionados a Lei Brasileira de Inclusão e refletir sobre todo o conteúdo adquirido!
Saiba mais
Você pode aprofundar e entender mais sobre a LBI ao consultar, na íntegra, a legislação no site do planalto, Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando a sua inclusão social e cidadania.   
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência - Comentada está organizada por capítulos próprios que discorrem sobre cada tema. Ao final, no capítulo 18, há um comparativo entre as disposições finais e transitórias que traz as alterações ocorridas em leis específicas, tais como os códigos civil, eleitoral e de defesa do consumidor, Estatuto das Cidades e Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), bem como a LBI comentada por especialistas da área, disponibilizada no site da FEAC (Federação das Entidades de Campinas).   
Veja, também, a Cartilha sobre

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