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DIREITO E MORAL

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UNIVERSIDADE PAULISTA- UNIP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
Renato Mendes de Oliveira – T47171-0
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA
ATIVIDADE DO 10º SEMESTRE
Trabalho de atividade prática supervisionada para o cumprimento de adaptação curricular correspondente ao décimo semestre do curso de Bacharelado em Direito. 
São Paulo
2018
ANÁLISE DO STF A LUZ SOBRE O CONHECIMENTO SOBRE DIREITO E MORAL EM KANT
A velha questão Direito e Moral volta a aparecer na decisão do STF que foi um marco, pois olhando para este ponto do julgamento, podemos ver esse choque direito versus moral;
Em seu livro, “Teoria pura do direito”, Kelsen fala que Direito e Moral devem ser vistos de forma separada, pois estes dois estão em sistemas diferentes. Para ele, existe problemas quanto a colocar esses dois no mesmo âmbito, pois não existe uma moral absoluta, existindo sim, uma moral relativa, que muda com o tempo e de sociedade para sociedade. 
No caso, a questão de permitir ou não o aborto, buscando se esta decisão, é moral ou imoral, não deve entrar na esfera do Direito, logo que, para isso ser possível era necessária a existência de “a” Moral – moral absoluta –, mas como a visão moral dessa questão, pela sociedade, pode mudar com o passar do tempo, essa preocupação com os princípios é irrelevante para o direito.
LEGALIDADE E LEGITIMIDADE
“Nem tudo que é ilegal é ilegítimo”. Esta frase, difundida no senso comum, é de grande importância nos estudos filosófico-jurídicos. A partir dela, insere-se na doutrina jurídica um termo bem menos conhecido que a legalidade: a legitimidade.
A história das instituições jurídicas brasileiras consolidou a ideologia positivista, sobre a qual a legalidade é o principal fundamento de validade das condutas dos indivíduos na sociedade.
A legalidade está relacionada à forma, enquanto a legitimidade está relacionada ao conteúdo da norma, no caso em tela, o aborto até o terceiro mês da gravidez abraça ambos, uma vez que a legalidade impede pela letra fria da lei, mas podemos versar sobre o assunto através da legitimidade, uma vez inserido no estado democrático de Direito e também pela necessidade de estabelecer normas na sociedade que regulem o comportamento e as necessidades humanas.
A legalidade, como acatamento a uma ordem normativa oficial, não possui uma qualidade de justa ou injusta. A ideologia legalista, por sua vez, parte da noção de legalidade para distorcê-la e, aí sim, servir como instrumento de injustiça.
Em relação à legalidade, a legitimidade é um pouco mais complexa. A legitimidade é a legalidade acrescida de sua valoração. Sendo assim, a legitimidade pode ser entendida, como a conformidade existente dentro do meio em que vivemos, sobre determinadas estruturas. O princípio da legitimidade está no consenso dos ideais, dos fundamentos, dos valores, crenças e princípios da ideologia, ou seja, está relacionada ao conteúdo da norma.
Pode-se dizer que princípio da legalidade nasceu com o estado democrático de Direito e também da necessidade de estabelecer normas na sociedade que regulassem o comportamento humano.
Logo, a decisão da primeira turma do STF que decidiu, no dia 29 de abril de 2016, que não se pratica o crime de aborto, a mulher que optar pela “antecipação do parto” em caso de gravidez até o terceiro mês de gravidez, mesmo que esteja tipificado no nosso Código Penal. No Brasil, o aborto se enquadra como crime contra a vida humana, pelo Código Penal Brasileiro, em vigor desde 1984, prevendo pena de detenção, em caso de aborto com o consentimento da mulher. Nos artigos 124 e 125 do código penal detalha a infração de praticar o aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque, e o caso em que terceiro provoquem o aborto sem consentimento da gestante, em ambos os artigos, há a pena que deverá ser aplicada, chegando até dez anos de reclusão.
A relação entre legalidade e legitimidade é muito estreita, o termo legitimidade interessa precipuamente à ciência política, mas também é importante a todas as ciências humanas. A palavra pode designar uma série de situações. Desde a autenticidade de alguma coisa até a justificação com a vontade geral, por meio da lei. Acquaviva explica:
"Atributo daquilo que se mostra conforme a razão e a natureza. Legalidade é termo de significado muito mais estrito, tem mais particular uso na jurisprudência positiva e parece referir-se a tudo que se faz ou obra segundo o que está determinado nas leis humanas, isto é, guardando as solenidades, formalidades ou condições que elas prescrevem. Em física é legítimo ouro, legítima prata, legítimo diamante o que tem a própria natureza destas substâncias, o que não é contrafeito nem adulterado. Em lógica, é legítimo o raciocínio quando os princípios são verdadeiros e a consequência deduzida segundo as regras. Em moral, são legítimas as ações que conformam com a razão, a equidade e a justiça universal. E finalmente, em jurisprudência são legítimas todas as ações ou omissões que as leis ordenam, etc. Um título é legítimo quando está autenticamente na forma da lei: um testamento é legal quando foi feito com as solenidades da lei, uma prova é legal quando nela se acham verificadas todas as condições que a lei requer, etc." (Marcus Cláudio Acquaviva, Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva, 9ª edição, Editora Jurídica Brasileira, página 768).
Uma outra relação que é comumente feita é a da legitimidade com o poder. Legitimidade é uma qualidade do poder, enquanto legalidade se refere ao exercício do mesmo. Bobbio ensina:
"Na linguagem política, entende-se por legalidade um atributo e um requisito do poder, daí dizer-se que um poder é legal ou age legalmente ou tem o timbre da legalidade quando é exercido no âmbito ou de conformidade com leis estabelecidas ou pelo menos aceitas. Embora nem sempre se faça distinção, no uso comum e muitas vezes até no uso técnico, entre legalidade e legitimidade, costuma-se falar em legalidade quando se trata do exercício do poder e em legitimidade quando se trata de sua qualidade legal: o poder legítimo é um poder cuja titulação se encontra alicerçada juridicamente; o poder legal é um poder que está sendo exercido de conformidade com as leis. O contrário de um poder legítimo é um poder de fato; o contrário de um poder legal é um poder arbitrário" (Norberto Bobbio, Dicionário de Política, V.2, Editora UNB, Página 674).
Muito embora não se confunda com a legalidade, não há como se negar que tudo que é legal é presumivelmente legítimo, pelo menos na democracia. Na Administração Pública uma e outra se identificam, dado que a lei é, para o administrador, o veículo que transporta a legitimidade à sua função e aos seus atos.
Isto equivale a dizer que na administração só é legítimo o que é legal, mas nem tudo que é legal é legítimo. A questão é o alcance dessa legitimidade decorrente de lei. Certamente não a absoluta, como pretendem os defensores da ideia de que o Estado é o produtor único, racional e isento do Direito, uma posição carregada de ideologia.
Como se percebe até agora, a relação entre legitimidade e legalidade é circular. O que se impõe, e livra a análise do círculo vicioso, é que uma investigação empírica pode fornecer elementos suficientes para se estabelecer ou perceber o consenso social.
"A legitimidade é a qualidade ética do direito, a maior ou menor potencialidade para que o direito positivo e os direitos não positivos alcancem um ideal de perfeição.
BIBLIOGRAFIA
WEFFORT, Francisco C.. Dilemas da legitimidade política. Lua Nova [online]. 1988, n.15, pp. 07-30. ISSN 0102-6445. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ln/n15/a02n15.pdf>. Acesso em 19 janeiro 2018.
MOREIRA, Júlio da Silveira. Legalidade e legitimidade – a busca do direito justo. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XI, n.55, jul 2008. Disponível em:http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3080.Acesso em 19 janeiro 2018.
BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10. Ed. São Paulo: Malheiros Editores LTDA, 2001.
BOBBIO, Norberto, Dicionário de Política, V.2, Editora UNB
ACQUAVIVA, Marcus Cláudio, Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva, 9ª edição, Editora Jurídica Brasileira

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