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Cap. 5 - O Conceito de Análise Funcional

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===================Capítulo 5 
O conceito de análise funcional 
Sônia Beatriz Meyer 
(Universidade São Judas Tadeu) 
Falar sobre Análise Funcional no contexto terapêutico, requer (a) que se reveja o 
próprio conceito de análise funcional, para em seguida (b) questionar sua utilidade na 
prática clínica, e (c) que se verifique de que forma ela tem sido conduzida pelos terapeutas 
comportamentais. 
(a) A importância de se rever o conceito de análise funcional está na comunicação entre 
analistas de comportamento, para que possa haver consenso entre eles no uso desta expressão. 
Começando a revisão pelo próprio Skinner, referencial máximo quanto à análise 
experimental do comportamento ou à análise funcional do comportamento, verificou-se 
que ele tem poucas formulações explícitas sobre a análise funcional, especialmente em 
seus livros mais recentes. Em Ciência e Comportamento Humano (1974) ele escreveu o 
seguinte: 
As variáveis externas das quais o comportamento é função dão margem ao que pode 
ser chamado de análise causal ou funcional. Tentamos prever e controlar o comportamento 
de um organismo individual. Esta é a nossa "variável dependente" - o efeito para o qual 
procuramos a causa. Nossas "variáveis independentes" - as causas do comportamento -
são as condições externas das quais o comportamento é função. Relações entre as duas 
- as relações de "causa e efeito" no comportamento - são as leis de uma ciência. 
Sobre Compmiamento e Cognição 29 
N o m e s m o l i v r o S k i n n e r a b o r d a a c o n t i n g ê n c i a d e t r ê s t e r m o s : 
U m a f o r m u l a ç ã o a d e q u a d a d a i n t e r a ç ã o e n t r e u m o r g a n i s m o e s e u a m b i e n t e d e v e 
s e m p r e e s p e c i f i c a r t r ê s c o i s a s : ( 1 ) a o c a s i ã o e m q u e a r e s p o s t a o c o r r e , ( 2 ) a p r ó p r i a 
r e s p o s t a , e ( 3 ) a s c o n s e q u ê n c i a s r e f o r ç a d o r a s . A s i n t e r r e l a ç õ e s e n t r e e l a s s ã o a s 
c o n t i n g ê n c i a s d e r e f o r ç o . 
E m o u t r a s p a l a v r a s , u m a c o n t i n g ê n c i a c o m p o r t a m e n t a l é d e f i n i d a c o m o u m a r e g r a 
q u e e s p e c i f i c a u m a r e l a ç ã o c o n d i c i o n a l e n t r e u m a r e s p o s t a e s u a s c o n s e q u ê n c i a s 
( M i l l e n s o n , 1 9 6 7 ) e é m u i t a s v e z e s e n u n c i a d a c o m a f i r m a ç õ e s d o t i p o s e . . . , e n t ã o . . . O u 
a i n d a , c o n t i n g ê n c i a s e r e f e r e a r e l a ç õ e s d e d e p e n d ê n c i a e n t r e e v e n t o s : e n t r e a r e s p o s t a e 
o r e f o r ç o n o o p e r a n t e ; e n t r e a n t e c e d e n t e , r e s p o s t a e c o n s e q ü e n t e , n o o p e r a n t e d i s c r i -
m i n a d o ; e n t r e u m a c o n d i ç ã o ( o u e s t í m u l o m o d e l o ) e u m a n t e c e d e n t e e a r e s p o s t a e a 
c o n s e q ü ê n c i a , e m u m a d i s c r i m i n a ç ã o c o n d i c i o n a l ; e n t r e u m a r e s p o s t a , u m i n t e r v a l o d e 
t e m p o e a c o n s e q ü ê n c i a , e m u m a c o n t i n g ê n c i a d e a t r a s o d e r e f o r ç o . O p e r a n t e s c o m p l e x o s 
e n v o l v e m m ú l t i p l a s c o n t i n g ê n c i a s o p e r a n d o e m d i f e r e n t e s c o m b i n a ç õ e s , s i m u l t â n e a e / o u 
s u c e s s i v a m e n t e ( S o u z a , 1 9 9 5 ) . 
C o n t i n g ê n c i a é d i f e r e n t e d e c o n t i g u i d a d e - a j u s t a p o s i ç ã o d e e v e n t o s n o t e m p o e / 
o u n o e s p a ç o ; a d i f e r e n ç a e s t á n a r e l a ç ã o d e d e p e n d ê n c i a q u e e s t á p r e s e n t e e m u m c a s o 
e a u s e n t e n o o u t r o . R e l a ç õ e s d e d e p e n d ê n c i a a t é p o d e m s e r c o n t í g u a s , m a s n ã o o s ã o 
n e c e s s a r i a m e n t e ( S o u z a , 1 9 9 5 ) . 
( b ) Q u a n t o à u t i l i d a d e d a a n á l i s e f u n c i o n a l , t r a t a - s e d o i n s t r u m e n t o b á s i c o d e t r a b a l h o d e 
q u a l q u e r a n a l i s t a d e c o m p o r t a m e n t o , i n c l u s i v e d a q u e l e q u e a t u a n a c l í n i c a . É s u a t a r e f a 
i d e n t i f i c a r c o n t i n g ê n c i a s q u e e s t ã o o p e r a n d o e i n f e r i r q u a i s a s q u e p o s s i v e l m e n t e o p e r a r a m 
n o p a s s a d o , a o o u v i r a r e s p e i t o o u o b s e r v a r d i r e t a m e n t e c o m p o r t a m e n t o s . E l e p o d e t a m b é m 
p r o p o r , c r i a r o u e s t a b e l e c e r r e l a ç õ e s d e c o n t i n g ê n c i a p a r a d e s e n v o l v e r o u i n s t a l a r 
c o m p o r t a m e n t o s , a l t e r a r p a d r õ e s , c o m o t a x a o u r i t m o , o u e s p a ç a m e n t o , a s s i m c o m o 
r e d u z i r , e n f r a q u e c e r o u e l i m i n a r c o m p o r t a m e n t o s d o s r e p e r t ó r i o s d o s i n d i v í d u o s ( S o u z a , 
1 9 9 5 ) . V a l e r e s s a l t a r q u e n a c l í n i c a e s t a s t a r e f a s g e r a l m e n t e s ã o f e i t a s e m c o n j u n t o c o m 
o c l i e n t e , e s p e c i a l m e n t e n o c a s o d e a d u l t o s " n o r m a i s " . 
M u d a n ç a s n o c o m p o r t a m e n t o s ó s e d ã o q u a n d o o c o r r e m m u d a n ç a s n a s c o n t i n -
g ê n c i a s . P o r i s s o , a a n á l i s e f u n c i o n a l é f u n d a m e n t a l s e m p r e q u e o o b j e t i v o s e j a o d e p r e d i ç ã o 
o u c o n t r o l e d o c o m p o r t a m e n t o , o q u e c e r t a m e n t e d e s c r e v e a t a r e f a d o p s i c ó l o g o c l í n i c o . 
( c ) M e s m o s a b e n d o o q u e é a n á l i s e f u n c i o n a l e r e c o n h e c e n d o s u a i m p o r t â n c i a , p o d e - s e 
d i z e r q u e n ã o e x i s t e a i n d a m o d e l o s s a t i s f a t ó r i o s d e c o m o c o n d u z i - l a e m s i t u a ç õ e s n ã o -
e x p e r i m e n t a i s c o m o a d a p r á t i c a c l í n i c a . O t r a b a l h o d e s e n v o l v i d o e m c o n s u l t ó r i o d i f e r e d o 
m é t o d o d e l a b o r a t ó r i o . E s t e ú l t i m o é a m a n i p u l a ç ã o d e l i b e r a d a d e v a r i á v e i s , o n d e d e t e r m i n a -
s e a i m p o r t â n c i a d e u m a c o n d i ç ã o d a d a , a l t e r a n d o - a d e m a n e i r a c o n t r o l a d a e o b s e r v a n d o 
o r e s u l t a d o ( S k i n n e r , 1 9 7 4 ) . N a c l í n i c a , n a m a i o r i a d a s v e z e s , n ã o c o n t r o l a m o s v a r i á v e i s 
c o m o é f e i t o n o l a b o r a t ó r i o . 
P a r a c o n d u z i r u m a a n á l i s e f u n c i o n a l n o c o n t e x t o t e r a p ê u t i c o , e n c o n t r a m o s d i v e r s a s 
d i f i c u l d a d e s . A i d e n t i f i c a ç ã o d e s t a s d i f i c u l d a d e s e a s p r o p o s t a s d e s o l u c i o n á - l a s t ê m c o m o 
p r o p ó s i t o a v a n ç a r n o d e s e n v o l v i m e n t o d a a n á l i s e d o c o m p o r t a m e n t o . E s t a p r o p o s t a p a r e c e 
e s t a r d e a c o r d o c o m S k i n n e r ( 1 9 7 4 ) q u a n d o e s t e a r g u m e n t a c o m r e l a ç ã o à o b j e ç ã o f e i t a a 
u m a a n á l i s e f u n c i o n a l c o m p l e t a , a d e q u e e l a n ã o p o d e s e r l e v a d a a e f e i t o , q u e e l a a i n d a 
n ã o f o i l e v a d a a e f e i t o . D i z q u e o c o m p o r t a m en t o h u m a n o é t a l v e z o m a i s d i f í c i l d e s e r 
e s t u d a d o p e l o s m é t o d o s c i e n t í f i c o s , m a s q u e a c o m p l e x i d a d e n ã o n o s d e v e r i a d e s a n i m a r . 
3 0 S ô n i a B e a t r i z M e y e r 
As dificuldades encontradas podem ser agrupadas da seguinte forma: 
1. Dificuldade na identificação da unidade de análise, ou na definição de classes 
de resposta: 
Millenson (1967) discorreu sobre esta questão dizendo que uma das razões pelas 
quais a ciência do comportamento demorou a se desenvolver, baseia-se na própria natureza 
de seu objeto, o comportamento, que não pode ser facilmente retido para observação. É difícil 
identificar pontos na corrente comportamental contínua, onde unidades naturais do 
comportamento possam ser fracionadas. E ainda, não há duas ações de um organismo que 
sejam exatamente iguais, porque nenhum comportamento é repetido exatamente. Mas, para 
submeter o comportamento a uma análise científica- isto é, de modo a ser possível predizê-
lo e controlá-lo - é preciso dividir o objeto de estudo de tal modo que alguma coisa fixa e 
repr6duzível possa ser conceituada. Os métodos da ciência são reservados para eventos 
reproduzíveis. Millenson segue, afirmando que pode-se iniciar pela definição de um conjunto 
algo arbitrário de comportamentos que preenchem certas restrições e condições. Os critérios 
originais para agrupar certas amostras de com-portamento podem estar baseados em pouco 
mais do que a observação superficial de que o conjunto de comportamentos poderia ser uma 
classe de algum interesse. A definição de um operante não coloca qualquer restrição sobre 
a amplitude de uma classe de resposta, em termos da quantidade de comportamento abrangida 
por ela. A única exigência formal para um operante é que ele seja uma classe de comportamento 
suscetível, como classe, de reforçamento. 
Na prática clínica não existe instrumento pronto que seja suficiente para fornecer 
a unidade de análise mais abrangente e relevante com que trabalhar. Os clínicos bem 
sabem que as queixas não indicam necessariamente que comportamentos devem ser 
alterados. Testes e inventários podem ser úteis, mas eles não descrevem a função de um 
operante. O DSM e o CID fornecem dicas importantes sobre que aspectos podem ser 
investigados, mas não são os instrumentos para predição e controle do comportamento. 
Da mesma forma, as principais crenças disfuncionais e/ou estratégias típicas de cada 
transtorno de personalidade, na terapia cognitiva dos transtornos de personalidade (Beck 
8 Freeman, 1993), podem servir de guia aos terapeutas de que dados pesquisar, ao mostrar 
que há formas típicas de pensamentos correlacionados a transtornos específicos de perso-
nalidade, mas também não fornecem as necessárias unidades de análise. 
A resposta, para o analista do comportamento, é que a definição da classe de 
comportamentos com a qual lidar durante a terapia é construída durante o próprio processo. 
Isto requer tempo, pois o principal instrumento para isto é a inferência e verificação das 
regularidades que surgem nas relações entre respostas e o ambiente, o que é obtido tanto 
através de relatos dos clientes quanto pela observação direta. 
Isto cria uma situação peculiar. Para identificar a classe de respostas mais 
abrangente e significativa, às vezes é necessário prestar atenção às características físicas 
(topográficas) do comportamento, às vezes é necessário identificar funções comuns que 
comportamentos aparentemente diferentes possuem, outras vezes a indicação mais forte 
aparece pela regularidade das condições antecedentes, e na maioria das vezes percorre-
se as várias formas de tentar definir o comportamento com o qual já se está lidando. 
As regras que a análise do comportamento oferece ao terapeuta para a descrição 
das contingências em vigor são insuficientes. A experiência clínica tem sido fundamental, 
indicando que em parte este é um comportamento modelado por contingências. 
Sobre Comportamento e Cognição 31 
A q u e s t ã o d a i d e n t i f i c a ç ã o e d o t a m a n h o d a u n i d a d e d e a n á l i s e t e m s i d o l i d a d a d e 
m a n e i r a e x p l í c i t a o u t e m s i d o i g n o r a d a p e l a l i t e r a t u r a . U m e x e m p l o d o p r i m e i r o c a s o é 
p r o p o r c i o n a d o p o r G o n ç a l v e s ( 1 9 9 3 ) , q u e a f i r m a q u e a a n á l i s e f u n c i o n a l c o m p r e e n d e d o i s 
p r o c e s s o s q u e , e m b o r a d i s t i n t o s , s ã o c o m p l e m e n t a r e s : m i c r o a n á l i s e e m a c r o a n á l i s e . A 
m i c r o a n á l i s e c o n s i s t i r i a n o e s t u d o d a s d i v e r s a s r e l a ç õ e s c o n t i n g e n c i a i s r e s p o n s á v e i s p e l a 
m a n u t e n ç ã o d e u m d e t e r m i n a d o p r o b l e m a . N e s t a , s ã o a n a l i s a d o s o s e s t í m u l o s a n t e c e d e n t e s 
a s r e s p o s t a s e s e u s c o n s e q u e n t e s . A o c i t a r a m a c r o a n á l i s e e l e a f i r m a q u e 
" a a n á l i s e d a á r v o r e n ã o n o s d e v e f a z e r p e r d e r d e v i s t a a f l o r e s t a . M u i t o r a r a m e n t e a 
p r o b l e m á t i c a d o c l i e n t e n o s a p a r e c e c i r c u n s c r i t a a u m s i n t o m a e s p e c í f i c o . P e l o c o n t r á r i o , 
n a m a i o r p a r t e d o s c a s o s , a s s i s t e - s e a u m a c o e r ê n c i a h i s t ó r i c a e f u n c i o n a l n a o r g a n i z a ç ã o 
d o r e p e r t ó r i o c o m p o r t a m e n t a l e c o g n i t i v o d o c l i e n t e . O o b j e t i v o d a m a c r o a n á l i s e f u n c i o n a l 
é o d e p r o c e d e r a u m l e v a n t a m e n t o g e r a l d o s v á r i o s p r o b l e m a s e d a h i s t ó r i a d a s 
a p r e n d i z a g e n s d o c l i e n t e , d e m o d o a p o s s i b i l i t a r o e s c l a r e c i m e n t o d a r e l a ç ã o f u n c i o n a l 
e n t r e a s v á r i a s á r e a s d o s e u f u n c i o n a m e n t o . " 
A p r o p o s t a d e m a c r o a n á l i s e d e G o n ç a l v e s ( 1 9 9 3 ) é m a i s u m i n d i c a t i v o d o t i p o d e 
p r o b l e m a s q u e t e m o s e n f r e n t a d o n o a t e n d i m e n t o c l í n i c o , d o q u e u m a s u g e s t ã o o p e r a c i o n a l 
d e c o m o l i d a r c o m e s t e s . 
2 . D i f i c u l d a d e n a d e f i n i ç ã o d e c l a s s e s d e e v e n t o s a n t e c e d e n t e s e d e e v e n t o s 
c o n s e q u e n t e s . 
S ã o d i f i c u l d a d e s s e m e l h a n t e s à s d a d e f i n i ç ã o d e c l a s s e s d e r e s p o s t a , i s t o é , 
t a m b é m p o d e m s e r c l a s s e s c u j a s c a r a c t e r í s t i c a s d e f i n i d o r a s s e j a m f u n c i o n a i s e n ã o 
t o p o g r á f i c a s . A l é m d i s t o , v á r i a s c o n s e q u ê n c i a s p o d e m e s t a r s e g u i n d o o c o m p o r t a m e n t o 
a n a l i s a d o , t o r n a n d o n e c e s s á r i o v e r i f i c a r s e u s e f e i t o s r e l a t i v o s . P o r e x e m p l o , s e u m a c l a s s e 
d e r e s p o s t a s é p o r v e z e s r e f o r ç a d a e p o r v e z e s p u n i d a , q u e e f e i t o s i s t o e s t a r á p r o d u z i n d o ? 
E m m o m e n t o s c o m o e s t e , d a d o s v i n d o s d o l a b o r a t ó r i o , t a i s c o m o e f e i t o s d e e s q u e m a s 
m ú l t i p l o s e c o n c o r r e n t e s , p o d e m a j u d a r b a s t a n t e . 
3 . A i d e n t i f i c a ç ã o d a c l a s s e d e e s t í m u l o s a n t e c e d e n t e s , d ac l a s s e d e r e s p o s t a s 
e d a c l a s s e d e e s t í m u l o s c o n s e q u e n t e s n ã o a b a r c a t o d a s a s i n f o r m a ç õ e s 
q u e n e c e s s i t a m o s p a r a e n t e n d e r o c a s o ( p a r a p r e d i ç ã o e c o n t r o l e d o 
c o m p o r t a m e n t o 
A h i s t ó r i a d e v i d a d e u m i n d i v í d u o é e s s e n c i a l p a r a a c o m p r e e n s ã o d e s e u 
c o m p o r t a m e n t o a t u a l . U m e s t í m u l o s ó é d i s c r i m i n a t i v o p o r q u e h o u v e u m a h i s t ó r i a r e l e v a n t e 
d e c o n d i c i o n a m e n t o . D a m e s m a f o r m a , a p e n a s a l g u n s e s t í m u l o s r e f o r ç a d o r e s s ã o 
u n i v e r s a i s , a m a i o r i a a d q u i r i u s u a f u n ç ã o p o r a p r e n d i z a g e m . A p e s a r d o s a n a l i s t a s d e 
c o m p o r t a m e n t o f a z e r e m e s t e t i p o d e a f i r m a ç ã o , e l e v á - l a s r e a l m e n t e e m c o n s i d e r a ç ã o , a 
e s p e c i f i c a ç ã o d o s t r ê s t e r m o s d a c o n t i n g ê n c i a ( a n t e c e d e n t e s , r e s p o s t a e c o n s e q u ê n c i a ) 
n ã o i n c l u i e s p a ç o e x p l í c i t o p a r a o p a p e l d e s e m p e n h a d o p e l a h i s t ó r i a d e v i d a . 
I g u a l m e n t e , o r e p e r t ó r i o c o m p o r t a m e n t a l d o i n d i v í d u o , a s c o n d i ç õ e s s o c i a i s e 
e c o n ô m i c a s e m q u e e s t e v i v e c e r t a m e n t e t a m b é m s ã o r e l e v a n t e s , s ã o l e v a d a s e m 
c o n s i d e r a ç ã o p e l a a n á l i s e d o c o m p o r t a m e n t o , m a s n ã o t e m e s p a ç o d e r e p r e s e n t a ç ã o n o 
m o d e l o d a t r í p l i c e c o n t i n g ê n c i a . A m e s m a a n á l i s e c a b e à s c o n d i ç õ e s m é d i c a s e f i s i o l ó g i c a s . 
V á r i o s a u t o r e s d e r e n o m e t ê m t e n t a d o p r o v e r m o d e l o s p a r a e s p e c i f i c a r e r e p r e s e n t a r 
d a d o s c o n s i d e r a d o s r e l e v a n t e s . J á e m 1 9 6 1 , B i j o u f a l a v a e m " s e t t i n g e v e n t s " . J a c k M i c h a e l 
3 2 S ô n i a B e a t r i z M e y e r 
publicou em 1982 um texto onde introduziu o termo técnico "operação estabelecedora", 
diferenciando-o da função discriminativa de estímulos. Em poucas palavras, operação 
estabelecedora é qualquer mudança no ambiente que altera a eficácia de algum objeto ou 
evento como reforçado r e que simultaneamente altera a frequência momentânea do compor-
tamento que foi seguido por tal reforçamento. Exemplos típicos são a privação e a saci ação, 
mas existem outras operações estabelecedoras. 
A expansão do modelo de contingências de três termos para o de quatro termos, 
e mesmo para o de cinco termos que vem sendo estudado extensivamente em laboratório 
com seres humanos, também parece indicar que há necessidade de se incluir mais elemen-
tos para se efetuar análises de comportamentos mais complexos, como os envolvidos em 
linguagem e pensamento. 
Segura, Sánchez e Barbado publicaram em 1991 o livro Análísís Funcional de la 
Conducta: un modelo explicativo no qual, através de ampla fundamentação, combinaram 
os conceitos de Skinner e de Kantor, propondo um modelo bastante complexo e completo 
de análise a ser conduzido na prática clínica. Explicitaram um segmento anterior à análise 
funcional que deveria englobar variáveis disposicionais do ambiente e do indivíduo, que 
sem serem funcionais, afetam a interação. Seriam condições do organismo e do ambiente 
que "afetam", "tornam mais provável" ou "dispõem a favor ou contra" a ocorrência da interação. 
As variáveis disposicionais do ambiente segundo elas, incluem o meio de contato, o 
contexto próximo, o contexto amplo e os valores sociais. As variáveis disposicionais do 
indivíduo incluem a história de condicionamento, a privação e saciação, condições do 
organismo (sistemas de contato, momento evolutivo/involutivo, alterações funcionais ou 
estruturais) e a História lntercondutual que abarca as habilidades básicas, a taxa de esti-
mulação reforçadora, as funções de reforço prioritárias, e a aparência física. 
Cada um destes termos está explicado e exemplificado no livro, mas não há 
espaço suficiente para reproduzi-los aqui. A grande vantagem deste trabalho foi o de 
evidenciar a importância de uma maior quantidade de informações, que ultrapassa a 
descrição dos três termos da contingência para a previsão e controle do comportament9. 
Mas é um modelo difícil de ser aplicado e que utiliza alguns conceitos controversos. E, 
entretanto, um bom pontode partida para estudar a maneira de enfrentar o desafio de lidar 
com a difícil tarefa de conduzir Análises Funcionais dos casos atendidos em consultório. 
É importante ressaltar que as dificuldades apontadas se referem somente à 
organização da multiplicidade de dados que fazem parte das relações funcionais. Não 
são dificuldades com a base teórica do behaviorismo, fornecida por Skinner. 
Bibliografia 
Beck, A. e Freeman, A. (1993) Terapia cognitiva dos transtornos de personalidade. Porto 
Alegre: Artes Médicas. 
Bijou, S. W., e Baer, D. M. (1961) Chíld development I. A systematíc and empírica/ theory. 
Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice-Hall, Inc. 
Sobre Comportamento e Cognição 33 
G o n ç a l v e s , O . ( 1 9 9 3 ) T e r a p i a s c o g n i t i v a s : T e o r i a s e p r á t i c a s . P o r t o : E d . A f r o n t a m e n - t o . 
M i c h a e l , J . ( 1 9 8 2 ) D i s t i n g u i s h i n g b e t w e e n d i s c r i m i n a t i v e a n d m o t i v a t i o n a l f u n c t i o n s 
o f s t i m u l i . J o u r n a l o f t h e E x p e r i m e n t a l A n a l y s i s o f B e h a v i o r , 3 7 , 1 4 9 - 1 5 5 . 
M i l l e n s o n , J . R . ( 1 9 6 7 ) P r i n c í p i o s d e a n á l i s e d o c o m p o r t a m e n t o . B r a s í l i a : C o o r d e n a d a . 
S e g u r a G . , M . , S á n c h e z P r i e t o , P . , e B a r b a d o N i e t o , P . ( 1 9 9 1 ) A n á l i s i s f u n c i o n a l d e l a 
c o n d u c t a : U n m o d e l o e x p l i c a t i v o . G r a n a d a , E s p a n h a : U n i v e r s i d a d d e G r a n a d a . 
S k i n n e r , B . F . ( 1 9 7 4 ) C i ê n c i a e c o m p o r t a m e n t o h u m a n o . S ã o P a u l o : E d a r t . 
S o u z a , D . G . ( 1 9 9 5 ) O q u e é c o n t i n g ê n c i a ? T r a b a l h o a p r e s e n t a d o n a M e s a R e d o n d a 
P r i m e i r o s P a s s o s : A p r e n d a o B á s i c o , d u r a n t e o I V E n c o n t r o B r a s i l e i r o d e T e r a p i a e 
M e d i c i n a C o m p o r t a m e n t a l , C a m p i n a s . 
3 4 S ô n i a B e a t r i z M e y e r

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