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Tutorial 01 percepção

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MÓDULO: PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO
PROBLEMA 01: INTERNATO I
1-EXPLICAR O POTENCIAL DE MEMBRANA E AÇÃO
Potenciais de membrana causados pela difusão
Vamos então assumir que a membrana nesse instante é permeável aos íons potássio e a mais nenhum outro íon. Por causa do alto gradiente de concentração do potássio, de dentro para fora, existe forte tendência para que maior número de íons potássio se difunda para fora através da membrana. Quando o fazem, eles levam cargas elétricas positivas para o exterior, criando assim eletropositividade da face externa da membrana e eletronegatividade na interna, por causa dos ânions negativos que permanecem no interior, não se difundindo para fora com o potássio.
[K+] no LIC Tendência de difusão de potássio para LEC através da membrana eletropositividade no lado externo da membrana.
Em 1 milissegundo, ddp entre LIC e LEC (potencial de difusão) bloqueia difusão efetiva de potássio para o LEC (mesmo com alta contração de potássio no LIC). Essa ddp é de 94 mv nas fibras nervosas, com LIC eletronegativo.
Esse fenômeno também ocorre com o sódio, que tende a se difundir para o LIC até que o potencial fique em torno de 61 mv, positivo dentro da fibra.
Potencial de membrana interno é negativo quando os íons potássio se difundem e positivo quando os íons sódio se difundem (pois o gradiente de concentração dos dois é diferente).
Potencial de difusão depende de:
Polaridade das cargas elétricas do íon;
Permeabilidade da membrana para cada íon;
Concentração dos íons no LIC e no LEC.
Potencial de repouso (potencial de membrana)
Ocorre quando não há transmissão de sinais nervosos. Equivale à -90 mv (potencial dentro da fibra é 90 mv mais negativo do que no LEC).
Bomba de sódio/potássio
Transporta sódio para LEC e potássio para o LIC. É eletrogênica pois mais cargas positivas são bombeadas para fora (3 sódios fora e 2 potássios dentro) eletropositividade no LEC.
Cria também gradiente de concentração.
Canal De Extravasamento De K+ e Na+
100x mais permeáveis ao K+
Fatores para estabelecimento do potencial de repouso normal da membrana
Potencial de difusão do potássio
Alta proporção de potássio no interior (35:1). Caso o potássio fosse o único fator causador do potencial de repouso, o potencial de repouso dentro da fibra seria -94mv
Difusão de sódio através da membrana nervosa
Potencial de +61 mv no LIC.
Permeabilidade ao potássio na fibra nervosa é 100 vezes maior que permeabilidade ao sódio e o potencial no LIC (-86 mv) se aproxima do potencial de potássio.
Contribuição da bomba de sódio e potássio
Mais sódio é bombeado para fora do que potássio para dentro grau adicional de negatividade no LIC (-4 mv adicionais)
Potencial de membrana efetivo com todos os fatores atuando ao mesmo tempo = -90 mv.
Vazamento do Potássio e do Sódio, através da Membrana Nervosa 
A parte direita da Figura 5-4 mostra a proteína de canal, algumas vezes conhecida por “domínio de duplo poro”, canal de potássio ou canal de “vazamento” de potássio (K+), na fibra nervosa, por onde o potássio pode vazar mesmo na célula em repouso. Esses canais de vazamento de K+ podem também vazar quantidades mínimas de íons sódio, mas são muito mais permeáveis aos íons potássio que aos íons sódio, nas condições normais, cerca de 100 vezes mais permeáveis. Esse diferencial na permeabilidade é um fator-chave na determinação do nível do potencial de repouso normal da membrana.
Potencial de ação dos nervos
Sinais nervosos são transmitidos por potenciais de ação (rápidas alterações do potencial de membrana que se propagam por toda a membrana da fibra nervosa).
Potência de membrana de negativo positivo e no retorno: positivo negativo. Como ocorre: Transferências de cargas positivas para o LIC e no retorno cargas positivas para o LEC.
Estágios do Potencial de Ação
Estágio de repouso: potencial de membrana (que está polarizada) de -90 mv.
Estágio de despolarização: abertura abrupta dos canais de sódio da permeabilidade da membrana aos íons sódio influxo de sódio para LIC. Estado de polarização (-90 mv) neutralizado por esse influxo (que tem carga positiva) e potencial aumenta para um valor positivo. Nas fibras nervosas de maior calibre, o grande excesso dos íons sódio positivos que se deslocam para o interior da fibra faz com que o potencial de membrana “ultrapasse” {overshoot)rapidamente o nível zero e torne-se positivo. Em algumas fibras delgadas, bem como em muitos neurônios do sistema central, o potencial de membrana simplesmente se aproxima do nível zero, não o ultrapassando para chegar ao estado positivo.
Repolarização: abertura dos canais de potássio e fechamento dos canais de sódio. Potássio vai para o exterior. Potencial de repouso negativo é restabelecido. Em alguns décimos de milésimos de segundo após a membrana ter ficado muito permeável aos íons sódio, os canais de sódio começam a se fechar, e os canais de potássio se abrem mais que o normal. Então, a rápida difusão dos íons potássio para o exterior restabelece o potencial de repouso negativo da membrana. Isso é referido como repolarizaçãoda membrana.
Canais de sódio e potássio regulados pela voltagem
Canal de sódio regulado pela voltagem
Possui duas comportas:
Mais externa comporta de ativação
Mais interna comporta de inativação
Fechado no potencial de membrana e ativado quando o potencial se torna menos negativo (aumento da permeabilidade de sódio 500 a 5000 vezes). É inativado quanto o potencial aumenta ainda mais.
Não abre sem que a fibra nervosa seja repolarizada.
Canal de potássio regulado pela voltagem
Fechado durante estado de repouso e abre quando potencial aumenta para zero. A maioria se abre quando os canais de sódio estão começando a se fechar.
A abertura dos canais de sódio é abrupta e durante os próximos milissegundos estes são fechados.
Abertura dos canais de potássio é mais lenta, só terminam de se abrir depois que canais de sódio tenham se fechado quase completamente e permanecem abertos durante o todo potencial positivo de membrana. Se fecham apenas quando potencial retorna a valor negativo.
Eventos causadores do potencial de ação
Alterações na condutância da membrana para o sódio e potássio.
Repouso: condução para os íons potássio 50 a 100 vezes maior que para o sódio (maior extravasamento de potássio do que de sódio pelos canais de extravasamento).
Desencadeamento de potencial de ação abertura dos canais de sódio e aumento de 5000 vezes da condutância de sódio.
Inativação e fechamento dos canais de sódio.
Desencadeamento do potencial de ação abertura dos canais de potássio mais lentamente.
Retorno do potencial de membrana ao estado negativo fechamento lento dos canais de potássio
Os papéis de outros íons no potencial de ação
Ânions negativos no interior do axônio: Esses íons não podem sair do axônio e ficam em excesso caso haja déficit de íons positivos no lado de dentro da membrana; são responsáveis pela carga negativa dentro da fibra quando há déficit de potássio. Ex.: ânions de proteínas moleculares.
Íons Cálcio: Bomba de cálcio transfere os íons cálcio do LIC para o LEC ou para o retículo endoplasmático da célula.
Canais de cálcio: demoram para ser ativados (canais lentos de cálcio). São regulados pela voltagem e ligeiramente permeáveis ao sódio. Numerosos no músculo cardíaco e no músculo liso.
Aumento da permeabilidade dos canais de sódio quando há déficit de íons cálcio
Déficit de íons cálcio ativação dos canais de sódio: Íons cálcio se ligam à superfície externa dos canais de sódio das moléculas de proteínas, alterando o estado elétrico do canal e a voltagem necessária para abri-lo.
Início do Potencial de Ação 
Até este ponto, explicamos a alteração da permeabilidade da membrana ao sódio e ao potássio, bem como o desenvolvimento do potencial de ação propriamente dito, mas ainda não explicamos como se origina esse potencial de ação. A resposta é bastante simples.
-Círculo Vicioso de Feedback Positivo Abre os Canais de Sódio: 
Primeiro, contanto que a membrana da fibra nervosapermaneça sem ser perturbada, nenhum potencial de ação ocorre no nervo normal. Entretanto, caso ocorra qualquer evento capaz de provocar o aumento inicial do potencial de membrana de -90 milivolts para o nível zero, a própria voltagem crescente causa a abertura de vários canais de sódio regulados pela voltagem. Isso permite o influxo rápido de íons sódio, resultando em maior aumento do potencial de membrana e, consequentemente, abrindo mais canais regulados pela voltagem e permitindo fluxo mais intenso de íons sódio para o interior da fibra. 
Esse processo é círculo vicioso de feedback positivo que, uma vez que esse feedback seja suficientemente intenso, continua até que todos os canais de sódio regulados pela voltagem tenham sido ativados (abertos). Então, em outra fração de milissegundo, o aumento do potencial de membrana causa o fechamento dos canais de sódio e a abertura dos canais de potássio, e o potencial de ação termina.
-O Limiar para o Início do Potencial de Ação:
O potencial de ação só vai ocorrer se o aumento inicial do potencial de membrana for suficientemente intenso para gerar o feedback positivo descrito no parágrafo anterior. Isso ocorre quando o número de íons Na+ que entram na fibra fica maior que o número de íons K que sai da fibra. O aumento repentino do potencial de membrana, entre 15 e 30 milivolts em geral, é necessário. Assim, qualquer aumento abrupto do potencial de membrana de fibra nervosa calibrosa de -90 milivolts para cerca de -65 milivolts usualmente provoca o explosivo desenvolvimento do potencial de ação. Esse nível de -65 milivolts é referido como o limiar para a estimulação.
Propagação do Potencial de Ação
Um potencial de ação, provocado em qualquer parte da membrana excitável em geral excita as porções adjacentes da membrana, resultando na propagação do potencial de ação por toda a membrana. 
Esse mecanismo é demonstrado na Figura 5-11. A Figura mostra fibra nervosa em repouso normal, e mostra a fibra nervosa que foi estimulada na sua porção central — isto é, essa região repentinamente desenvolve permeabilidade aumentada para o sódio. As setas mostram o “circuito local” do fluxo de corrente das áreas despolarizadas da membrana para as áreas adjacentes da membrana em repouso. Isto é, cargas elétricas positivas são levadas pelos íons sódio que se difundem para o interior, através das membranas despolarizadas e, então, por muitos milímetros em ambas as direções, ao longo do interior do axônio. 
Essas cargas positivas aumentam a voltagem por cerca de 1 a 3 milímetros pelo interior das grandes fibras mielinizadas até valor maior que o da voltagem limiar para o desencadeamento do potencial de ação. Como consequência, os canais de sódio nessas novas áreas imediatamente se abrem, e o explosivo potencial de ação se propaga. Essas novas áreas despolarizadas produzem, por sua vez, outros circuitos locais de fluxo de corrente, nas áreas adjacentes da membrana, causando progressivamente mais e mais despolarização. 
Assim, o processo de despolarização percorre todo o comprimento da fibra. Essa transmissão do processo de despolarização, por fibra nervosa ou muscular, é referida como impulso nervoso ou muscular.
-Direção da Propagação: Como demonstrado na Figura 5-11, a membrana excitável não tem direção única de propagação, mas o potencial de ação trafega em todas as direções, afastando-se da região estimulada — mesmo por todas as ramificações da fibra nervosa — até que toda a membrana tenha sido despolarizada.
-Princípio do Tudo ou Nada: Uma vez em que o potencial de ação foi gerado em algum lugar da membrana da fibra normal, o processo de despolarização trafega por toda a membrana, se as condições forem adequadas, ou não se propaga de qualquer modo, se as condições não forem adequadas. Isso é conhecido como princípio do tudo ou nada, e se aplica a todos os tecidos excitáveis normais. 
Ocasionalmente, o potencial de ação atinge região da membrana que não gera voltagem suficiente para estimular a área seguinte da membrana. Quando isso ocorre, a propagação da despolarização é interrompida.
Por conseguinte, para que ocorra propagação contínua do impulso, a proporção entre o potencial de ação e o limiar de excitação deve ser sempre maior que 1. Este requisito “maior que 1” é referido como fator de segurança para a propagação.
Restabelecimento dos Gradientes lônicos do Sódio e do Potássio após o Término do Potencial de Ação —A Importância do Metabolismo Energético
A transmissão de cada potencial de ação ao longo da fibra nervosa reduz muito pouco a diferença de concentração de sódio e potássio dentro e fora da membrana, devido à difusão para o interior dos íons sódio durante a despolarização, e pela difusão para o exterior dos íons potássio durante a repolarização. Para um só potencial de ação, esse efeito é tão pequeno que não pode ser medido. 
Na verdade, 100.000 a 50 milhões de impulsos podem ser transmitidos por fibras nervosas calibrosas antes que as diferenças de concentração atinjam o ponto em que cessa a condução dos potenciais de ação. Ainda assim, com o passar do tempo, é necessário o restabelecimento das diferenças de concentração entre o sódio e o potássio na membrana. Isso é realizado pela ação da bomba de Na+-K+, da mesma maneira como descrita acima, para o estabelecimento original do potencial de repouso. Ou seja, os íons sódio que se difundiram para o interior da célula, durante o potencial de ação, e os íons potássio que se difundiram para o exterior devem retornar aos seus estados originais pela bomba de Na+-K. Como essa bomba requer energia para seu funcionamento, essa “recarga” da fibra nervosa é processo metabólico ativo, usando energia derivada do trifosfato de adenosina (ATP) do sistema de energia da célula. 
A Figura 5-12 mostra que a fibra nervosa produz excesso de calor durante a recarga que é uma medida do consumo de energia, quando a frequência dos impulsos nervosos aumenta. Característica especial da bomba da Na+-K+ ATPase é que o grau de sua atividade é intensamente estimulado quando ocorre acúmulo excessivo de íons sódio no interior da membrana celular. 
Na verdade, a atividade da bomba aumenta aproximadamente em proporção à terceira potência da concentração intracelular do sódio. Isto é, enquanto a concentração interna de sódio aumenta por 10 a 20 mEq/L, a atividade da bomba não apenas duplica, mas aumenta por cerca de oito vezes. Portanto, é fácil de entender como o processo de “recarga” da fibra nervosa pode ser posto rapidamente em ação, toda vez que as diferenças de concentrações dos íons sódio e potássio, através da membrana, comecem a “diminuir”.
O Platô em Alguns Potenciais de Ação
Em alguns casos, a membrana estimulada não se repolariza imediatamente após a despolarização; ao contrário, o potencial permanece como platô perto do pico do potencial em ponta, por vários milissegundos e somente então é que se inicia a repolarização. 
Esse platô é mostrado na Figura 5-13; pode-se ver facilmente que o platô prolonga muito o período de despolarização. Esse tipo de potencial de ação ocorre nas fibras musculares do coração, onde o platô dura por período de 0,2 a 0,3 segundo e faz com que a contração dos músculos do coração dure por esse mesmo período de tempo. 
A causa do platô é combinação de vários fatores. Primeiro, no músculo do coração, dois tipos de canais participam do processo de despolarização: 
(1) os canais usuais de sódio, regulados pela voltagem, conhecidos como canais rápidos; 
(2) os canais de cálcio-sódio regulados pela voltagem, conhecidos como canais lentos. 
A abertura dos canais rápidos causa a parte em ponta do potencial de ação, enquanto a morosa e prolongada abertura dos canais lentos de cálcio-sódio permite principalmente o influxo de íons cálcio para a fibra, sendo também responsável, em grande parte, pelo platô do potencial de ação. O segundo fator que pode ser parcialmente responsável pelo platô é que a abertura dos canais de potássio regulados pela voltagem é mais lenta do que a usual, em geral sóse abrindo de modo completo até o final do platô. Isso retarda o retorno do potencial de membrana a seu valor negativo normal de -80 a -90 milivolts.
Ritmicidade de Alguns Tecidos Excitáveis — Descarga Repetitiva
Descargas repetitivas espontâneas ocorrem normalmente no coração, na maior parte dos músculos lisos, e em muitos neurônios do sistema nervoso central. 
Essas descargas rítmicas causam (1) o batimento ritmado do coração, (2) o peristaltismo rítmico dos intestinos e (3) alguns eventos neuronais, como o controle ritmado da respiração. Quase todos os outros tecidos excitáveis podem descarregar repetitivamente se o limiar de excitabilidade dos tecidos celulares for suficientemente reduzido. 
Por exemplo, mesmo as fibras nervosas mais calibrosas e as fibras dos músculos esqueléticos que são normalmente muito estáveis descarregam de forma repetitiva quando colocadas em solução contendo a substância veratrina ou quando a concentração dos íons cálcio cai abaixo de valor crítico; em ambos os casos, elas aumentam a permeabilidade da membrana ao sódio.
-O Processo de Reexcitação Necessário para a Ritmicidade Espontânea 
Para que ocorra a ritmicidade espontânea, a membrana, mesmo em seu estado natural, deve ser suficientemente permeável aos íons sódio (ou aos íons cálcio e sódio, pelos canais lentos de cálcio-sódio) para permitir a despolarização automática da membrana. A
ssim, a Figura 5-14 mostra que o potencial de “repouso” da membrana no centro de controle do ritmo cardíaco é de somente -60 a -70 milivolts. Essa não é voltagem negativa suficiente para manter os canais de sódio e cálcio totalmente fechados. Por essa razão, a seguinte sequência ocorre: (1) alguns íons sódio e cálcio fluem para o interior; (2) isso aumenta a voltagem da membrana na direção positiva, o que aumenta ainda mais a permeabilidade da membrana; (3) ainda mais íons fluem para dentro, e (4) a permeabilidade aumenta mais e mais, até que o potencial de ação é gerado. Então, ao final do potencial de ação, a membrana se repolariza. Após outro retardo de alguns milissegundos ou segundos, a excitabilidade espontânea causa nova despolarização, e novo potencial de ação ocorre espontaneamente. Esse ciclo continua ininterruptamente, causando a excitação rítmica autoinduzida dos tecidos excitáveis. 
Por que a membrana do centro de controle do coração não se despolariza imediatamente após ter se repolarizado, em vez de retardar, por quase um segundo, antes do início do próximo potencial de ação? A resposta pode ser encontrada pela observação da curva rotulada como “condutância do potássio” na Figura 5-14. Ela mostra que, perto do término de cada potencial de ação e persistindo por um breve período após, a membrana torna-se mais permeável aos íons potássio. O aumento do efluxo dos íons potássio transfere número enorme de cargas positivas para fora da membrana, deixando o interior da fibra muito mais negativo do que deveria acontecer. Essa condição continua por cerca de 1 segundo, após o término do potencial de ação antecedente, e desse modo desloca o potencial de membrana para valor mais próximo do potencial de Nernst para o potássio. Esse é o estado referido como hiperpolarização, mostrado também na Figura 5-14. Enquanto persistir esse estado, a autorreexcitação não vai ocorrer. Mas a condutância excessiva de potássio (e o estado de hiperpolarização) desaparece gradualmente, depois que cada potencial de ação termina, permitindo então que o potencial de membrana aumente de novo até seu limiar de excitação. Então de repente ocorre novo potencial de ação e o processo acontece outra vez e assim por diante.
Características Especiais da Transmissão dos Sinais nos Troncos Nervosos 
-Fibras Nervosas Mielinizadas e Amielinizadas. 
As fibras calibrosas são mielinizadas, e as mais delgadas são amielinizadas. A maioria dos troncos nervosos contém cerca de duas vezes mais fibras amielinizadas do que fibras mielinizadas. 
A parte central da fibra é o axônio, e a membrana do axônio é a membrana que de fato conduz o potencial de ação. O axônio é cheio em sua parte central por axoplasma, que é líquido intracelular víscido. Em volta do axônio existe a bainha de mielina, que é frequentemente mais espessa que o próprio axônio. A cada 1 a 3 milímetros da extensão da bainha de mielina existe um nodo de Ranvier. A bainha de mielina é depositada em torno do axônio pelas células de Schwann da seguinte maneira: a membrana das células de Schwann primeiro envolve o axônio. Em seguida, as células de Schwann giram muitas vezes em torno do axônio, formando camadas múltiplas de membrana celular de Schwann, contendo a substância lipídica esfingomielina. Essa substância é excelente isolante elétrico, reduzindo o fluxo iônico através da membrana por cerca de 5.000 vezes. Na junção entre duas células de Schwann sucessivas, ao longo do axônio, existe área não isolada, com comprimento de 2 a 3 micrômetros, por onde os íons ainda podem passar facilmente através da membrana do axônio, do líquido extracelular para o intracelular, dentro do axônio. Essa área forma o nodo de Ranvier.
-Condução "Saltatória" de Nodo a Nodo nas Fibras Mielinizadas. 
Mesmo que quase nenhum íon possa fluir através das grossas bainhas de mielina dos nervos mielinizados, eles podem passar com facilidade através dos nodos de Ranvier. Assim, potenciais de ação só ocorrem nos nodos de Ranvier. Os potenciais de ação são então conduzidos de nodo para nodo; esse tipo de condução é chamado condução saltatória. Ou seja, a corrente elétrica flui pelo líquido extracelular que circunda a parte externa da bainha de mielina, assim como pelo axoplasma dentro do axônio, de nodo a nodo, excitando os nodos sucessivos, um após o outro. Desse modo, os impulsos nervosos saltam ao longo da fibra nervosa, o que dá origem ao termo “saltatória”. 
A condução saltatória é de grande valor por duas razões: 
-Primeira, ao fazer com que o processo de despolarização pule longos trechos ao longo do eixo da fibra nervosa, esse mecanismo aumenta a velocidade da transmissão nervosa nas fibras mielinizadas por cinco a 50 vezes. 
-Segunda, a condução saltatória conserva energia para o axônio porque somente os nodos se despolarizam, permitindo talvez perda apenas de íons até 100 vezes menor da que seria necessária e, por conseguinte, requerendo metabolismo menos intenso para restabelecer as diferenças de concentração de sódio e potássio através da membrana, após série de impulsos nervosos. Ainda outra característica da condução saltatória nas fibras mielinizadas mais grossas é a seguinte: o excelente isolamento produzido pela membrana de mielina e a redução de 50 vezes da capacitância dessa membrana permitem que a repolarização ocorra com transferência muito pequena de íons.
2- EXPLICAR SINAPSE( QUIMICA E ELÉTRICA, MODULAÇÃO, FACILITAÇÃO, FADIGA SINAPTICA, NEUROTRANSMISSORES, RECEPTORES, PEPS E PIPS)
SINAPSES
Sinapse Elétrica: São raras em vertebrados e exclusivamente interneuronais. Nessas sinapses, as membranas plasmáticas dos neurônios envolvidos entram em contato, conservando espaço entre elas de apenas 2-3nm. No entanto, há acoplamento iônico, isto é, ocorre comunicação entre os dois neurônios, através de canais iônicos concentrados em cada uma das membranas em contato.
Esses canais projetam-se no espaço intercelular, justapondo-se de modo a estabelecer comunicações intercelulares, que permitem a passagem direta de pequenas moléculas, como íons, do citoplasma de uma das células para o da outra. Tais junções servem para sincronizar a atividade de grupos de células e são encontradas em outros tecidos, como o epitelial, muscular liso e cardíaco, onde recebem o nome de junção de comunicação. Ao contrário das sinapses químicas, as sinapses elétricas não são polarizadas, ou seja, a comunicação entre os neurônios envolvidos se faz nos dois sentidos.
Sinapse Química: A grande maioria das sinapses interneuronais e todas as sinapses neuroefetuadoras são sinapses químicas, ou seja, a comunicação entre os elementos emcontato depende da liberação de substância química, denominada neurotransmissor. E esse neurotransmissor, por sua vez, vai atuar em proteínas receptoras, presentes na membrana do neurônio subsequente, para promover excitação, inibição ou ainda modificar de outro modo a sensibilidade dessa célula.
Essas estruturas sempre transmitem os sinais em uma só direção, ou seja, do neurônio que secreta o neurotransmissor, chamado neurônio pré-sináptico, para o neurônio no qual o neurotransmissor age, o neurônio pós-sináptico. Esse é o princípio da condução unidirecional que ocorre nas sinapses químicas.
Ele permite que os sinais sejam direcionados para alvos específicos. Na verdade, é essa transmissão específica dos sinais, para áreas discretas e extremamente focalizadas, tanto do sistema nervoso, quanto nos terminais dos nervos periféricos que permite ao sistema nervoso executar sua miríade de funções sensoriais, motoras, de memorização e muitas outras.
Terminações pré-sinápticas: A Figura 45-6 ilustra a estrutura básica de uma sinapse ao mostrar um terminal pré-sináptico único na superfície da membrana de neurônio pós-sináptico. O terminal pré-sináptico é separado do corpo celular do neurônio pós-sináptico pela fenda sináptica, cuja largura fica na faixa de 200 a 300 angstroms. O terminal tem dois tipos de estruturas internas importantes para a função excitatória ou inibitória da sinapse: as vesículas transmissoras e as mitocôndrias. 
-As vesículas transmissoras contêm a substância transmissora que, quando liberada na fenda sináptica, excita ou inibe o neurônio pós-sináptico — excita se a membrana neuronal contiver receptores excitatórios, inibe se a membrana tiver receptores inibitórios. 
-As mitocôndrias fornecem o trifosfato de adenosina (ATP) que, por sua vez, supre a energia necessária para sintetizar novas moléculas da substância transmissora. 
Quando o potencial de ação chega ao terminal pré-sináptico, a despolarização de sua membrana faz com que pequeno número de vesículas libere moléculas de neurotransmissores na fenda sináptica. A liberação dessas moléculas, por sua vez, provoca alterações imediatas nas características de permeabilidade da membrana neuronal pós-sináptica, o que leva à excitação ou à inibição do neurônio pós-sináptico, dependendo das características do receptor neuronal.
A quantidade de substância transmissora que é então liberada na fenda sináptica é diretamente proporcional ao número de íons cálcio que entram. 
O mecanismo preciso, pelo qual os íons cálcio provocam essa liberação, não é conhecido em sua totalidade mas pensa-se que seja o apresentado a seguir: Quando os íons cálcio entram no terminal pré-sináptico, se ligam a moléculas de proteínas especiais, presentes na superfície interna da membrana pré-sináptica, chamadas sítios de liberação. Essa ligação, por sua vez, provoca a abertura dos sítios de liberação através da membrana, permitindo que algumas vesículas contendo os neurotransmissores liberem seu conteúdo na fenda sináptica, após cada potencial de ação.
RECEPTORES
-Ação da Substância Transmissora sobre o Neurônio Pós-sináptico — Função das "Proteínas Receptoras" 
A membrana do neurônio pós-sináptico contém grande número de proteínas receptoras. As moléculas desses receptores têm dois componentes importantes: 
(1) o componente de ligação, que se exterioriza da membrana na fenda sináptica — local onde se liga o neurotransmissor, vindo do terminal pré-sináptico;
(2) o componente ionóforo, que atravessa toda a membrana pós-sináptica até alcançar o interior do neurônio pós-sináptico. O componente ionóforo por sua vez pode ser de dos dois tipos: 
(1) canal iônico que permite a passagem de tipos específicos de íons, através da membrana ou 
(2) ativador de “segundo mensageiro” que não é canal iônico e sim molécula que, projetando-se para o citoplasma da célula, ativa uma ou mais substâncias localizadas no interior do neurônio pós-sináptico. Essas substâncias, por sua vez, funcionam como “segundos mensageiros”, promovendo aumento ou diminuição das funções celulares específicas.
-Canais lônicos: Os canais iônicos na membrana neuronal pós-sináptica são, em geral de dois tipos: 
(1) canais catiônicos que na maioria das vezes permitem a passagem dos íons sódio quando abertos mas que por vezes deixam passar também íons potássio e/ou cálcio e 
(2) canais aniônicos que permitem a passagem de íons cloreto e também de pequenas quantidades de outros ânions. 
Os canais catiônicos que conduzem os íons sódio são revestidos com cargas negativas. Essas cargas atraem os íons sódio carregados positivamente para o canal, quando seu diâmetro aumenta para até dimensão maior que o do íon sódio hidratado. Entretanto, essas mesmas cargas negativas repelem os íons cloreto e outros ânions e impedem sua passagem.
Para canais aniônicos, quando o diâmetro do canal fica grande o bastante, íons cloreto passam pelo canal até atingirem o lado oposto, enquanto o fluxo de cátions como sódio, potássio e cálcio está bloqueado principalmente porque seus íons hidratados são muito grandes para passar por eles. 
Quando canais catiônicos se abrem e permitem a entrada de íons sódio com carga positiva, suas cargas positivas irão, por sua vez, excitar o neurônio. Portanto, a substância transmissora que abre os canais catiônicos é chamada transmissor excitatório. 
Por sua vez, a abertura de canais aniônicos permite a passagem de cargas elétricas negativas, o que inibe o neurônio. Desse modo, as substâncias transmissoras que abrem esses canais são chamadas transmissores inibitórios. 
Quando substância transmissora ativa o canal iônico, o canal em geral abre em fração de milissegundos; quando a substância transmissora não está mais presente, o fechamento do canal é igualmente rápido. A abertura e o fechamento dos canais iônicos são os meios para o controle muito rápido dos neurônios pós-sinápticos.
--Sistema de “Segundos Mensageiros" no Neurônio Pós-sináptico: Muitas funções do sistema nervoso — por exemplo, o processo da memória — requerem mudanças prolongadas nos neurônios, com a duração de segundos a meses após a substância transmissora inicial já se ter dissipado. Os canais iônicos não são capazes de provocar alterações prolongadas no neurônio pós-sináptico, porque esses canais se fecham em milissegundos após a substância transmissora não estar mais presente. Entretanto, em muitos casos, a excitação ou inibição neuronal pós-sináptica prolongada é realizada pela ativação do sistema químico de “segundos mensageiros” no neurônio pós-sináptico, sendo este segundo mensageiro responsável por provocar o efeito prolongado.
 
Existem diversos tipos de sistemas de segundos mensageiros. Um dos tipos mais comuns utiliza o grupo de proteínas chamadas proteínas G. A Figura 45-7 mostra no canto superior esquerdo proteína receptora da membrana. A proteína G está ligada à porção do receptor que se projeta para o interior da célula. 
A proteína G, por sua vez, é formada por três componentes distintos: 
-o componente alfa (a), que é a porção ativadora da proteína G, 
-e os componentes beta (b) e gama (y), que estão ligados ao componente alfa e também à parte interna da membrana celular, adjacente à proteína receptora. 
Durante a ativação pelo impulso nervoso, a porção alfa da proteína G se separa das porções beta e gama e então fica livre para se deslocar pelo citoplasma da célula. No interior do citoplasma, o componente alfa livre executa uma ou mais de múltiplas funções, dependendo da característica específica de cada tipo de neurônio.
São apresentadas, na Figura 45-7, quatro mudanças que podem ocorrer. Estas são as seguintes: 
1. Abertura de canais iônicos específicos na membrana da célula pós-sináptica. É apresentado, no canto superior direito da figura, canal de potássio que se abre em resposta à proteína G; esse canal, em geral, permanece aberto por tempo prolongado, ao contrário do rápido fechamento dos canais iônicos ativados diretamente, que não utilizam do sistema de segundos mensageiros.2. Ativação do monofosfato de adenosina cíclico (AMPc) ou monofosfato de guanosina cíclico (GMPc) na célula neuronal. Lembre-se de que tanto o AMP cíclico quanto o GMP cíclico podem ativar a maquinaria metabólica muito específica do neurônio e, sendo assim, podem iniciar qualquer um dos muitos resultados químicos, incluindo as alterações a longo prazo da estrutura da célula, que por sua vez alteram a excitabilidade do neurônio por longo tempo. 
3. Ativação de uma ou mais enzimas intracelulares. A proteína G pode ativar diretamente uma ou mais enzimas intracelulares. Por sua vez, essas enzimas podem induzir uma das muitas funções químicas específicas da célula. 
4. Ativação da transcrição gênica. Esse é um dos efeitos mais importantes da ativação do sistema de segundos mensageiros, porque a transcrição gênica pode provocar a formação de novas proteínas pelo neurônio, dessa forma modificando a sua maquinaria metabólica ou sua estrutura. 
Na verdade, sabe-se que as alterações estruturais dos neurônios, quando ativadas de forma apropriada, de fato ocorrem especialmente nos processos de memória a longa duração. Está claro que a ativação dos sistemas de segundos mensageiros no neurônio, ou dos tipos que envolvem as proteínas G ou outros, é extremamente importante para modificar as características das respostas a longo prazo das diferentes vias neuronais. 
-Receptores Excitatórios ou Inibitórios na Membrana Pós-sináptica 
Alguns receptores pós-sinápticos quando ativados provocam excitação do neurônio pós-sináptico, e outros causam inibição. A importância da existência desses dois tipos de receptores, inibitórios e excitatórios, é que dá dimensão adicional à função nervosa, possibilitando a contenção ou a excitação das ações neuronais. Os diferentes mecanismos moleculares e de membrana utilizados por diversos receptores para induzir excitação ou inibição incluem os seguintes:
--Excitação 
1. Abertura dos canais de sódio, permitindo o fluxo de grande número de cargas elétricas positivas para a célula pós-sináptica. Esse evento celular aumenta o potencial intracelular da membrana em direção a potencial mais positivo, no sentido de atingir o nível do limiar para sua excitação. Esse é de longe o meio mais generalizado utilizado para causar excitação. 
2. Condução reduzida pelos canais de cloreto ou potássio ou de ambos. Esse evento diminui a difusão de íons cloreto, com carga negativa para o neurônio pós-sináptico ou a difusão de íons potássio com carga positiva para fora da célula. Em ambos os casos, o efeito é o de fazer com que o potencial interno da membrana mais positivo do que o normal, o que tem caráter excitatório. 
3. Diversas alterações no metabolismo do neurônio pós-sináptico, para excitar a atividade celular ou em alguns casos, aumentar o número de receptores de membrana excitatórios, ou diminuir o número de receptores inibitórios da membrana.
--Inibição 
1. Abertura dos canais para íon cloreto na membrana neuronal pós-sináptica. Esse fenômeno permite a rápida difusão dos íons cloreto com carga negativa do meio extracelular para o interior do neurônio pós-sináptico, dessa forma transportando cargas negativas para o interior da célula e aumentando a negatividade interna, o que tem caráter inibitório. 
2. Aumento na condutância dos íons potássio para o exterior dos neurônios. Isso permite que íons positivos se difundam para o meio extracelular, provocando aumento da negatividade do lado interno da membrana do neurônio, o que é inibitório para a célula. 
3. Ativação de enzimas receptoras que inibem as funções metabólicas celulares, promovendo aumento do número de receptores sinápticos inibitórios, ou diminuindo o número de receptores excitatórios.
NEUROTRANSMISSORES
Substâncias Químicas que Atuam como Transmissores Sinápticos 
Mais de 50 substâncias químicas foram demonstradas ou sugeridas como transmissores sinápticos. Um dos grupos se constitui de neurotransmissores com moléculas pequenas e de ação rápida. O outro é formado por grande número de neuropeptídeos, de tamanho molecular muito maior e que são em geral de ação muito mais lenta. 
Os neurotransmissores com moléculas pequenas e de ação rápida são os que induzem as respostas mais agudas do sistema nervoso, como a transmissão de sinais sensoriais para o encéfalo e dos sinais motores do encéfalo para os músculos. Os neuropeptídeos, ao contrário, geralmente provocam ações mais prolongadas, como mudanças a longo prazo do número de receptores neuronais, abertura ou fechamento por longos períodos de certos canais iônicos e possivelmente também as mudanças a longo prazo do número ou dimensão das sinapses.
-Neurotransmissores de Moléculas Pequenas e de Ação Rápida 
Em muitos casos, os neurotransmissores constituídos por pequenas moléculas são sintetizados no citosol do terminal pré-sináptico e entram nas vesículas sinápticas situadas no terminal por meio de transporte ativo. Dessa forma, cada vez que o potencial de ação atinge o terminal pré-sináptico, poucas vesículas liberam ao mesmo tempo seu neurotransmissor na fenda sináptica. Esse evento normalmente ocorre em questão de milissegundos ou menos pelo mecanismo descrito acima. A ação subsequente desse neurotransmissor de molécula pequena, nos receptores de membrana do neurônio pós-sináptico, geralmente ocorre também no período de milissegundos ou menos. 
Na maioria das vezes, o efeito que o neurotransmissor provoca é no sentido de aumentar ou diminuir a condutância dos canais iônicos; exemplo é o aumento da condutância ao sódio, que provoca excitação, ou o aumento da condutância ao potássio ou ao cloreto, o que causa inibição. 
--Reciclagem de Vesículas que Armazenam Neurotransmissores de Molécula Pequena: As vesículas que armazenam e liberam os neurotransmissores de molécula pequena são continuamente recicladas e utilizadas por vezes repetidas. Depois de se fundir à membrana sináptica e se abrir para liberar a substância transmissora, a membrana da vesícula no primeiro momento simplesmente passa a fazer parte da membrana sináptica. Entretanto, no período de segundos a minutos, a porção da vesícula aderida à membrana se invagina de volta ao interior do terminal pré-sináptico e se desprende para formar nova vesícula. A nova membrana vesicular ainda contém as proteínas enzimáticas apropriadas ou as proteínas transportadoras necessárias para sintetizar e/ou armazenar a nova substância transmissora na vesícula. 
A acetilcolina é típico neurotransmissor de moléculas pequenas de ação rápida que obedece aos princípios de síntese e de liberação já citados. Esse neurotransmissor é sintetizado no terminal pré-sináptico, da acetil coenzima A e da colina na presença da enzima colina aceti-ltransferase. É então transportado para as vesículas específicas. Quando essas vesículas em seguida liberam a acetilcolina na fenda sináptica durante a transmissão sináptica neuronal, a acetilcolina é rapidamente hidrolisada a acetato e colina pela enzima colinesterase, presente no retículo de proteoglicanos que preenche o espaço da fenda sináptica. E então novamente no terminal pré-sináptico, as vesículas são recicladas; a colina é transportada ativamente de volta ao terminal para ser utilizada mais uma vez na síntese de nova molécula de acetilcolina.
--Características de Alguns dos mais Importantes Neurotransmissores de Molécula Pequena: As características mais importantes dos neurotransmissores de molécula pequena são as seguintes. 
---A acetilcolina é secretada por neurônios em diversas áreas do sistema nervoso mas especificamente por (1) terminais das grandes células piramidais do córtex motor, (2) vários tipos diferentes de neurônios nos gânglios da base, (3) neurônios motores que inervam os músculos esqueléticos, (4) neurônios pré-ganglionares do sistema nervoso autônomo, (5) neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso parassimpático e (6) alguns dos neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso simpático. Em muitos casos, a acetilcolina tem efeito excitatório; entretanto, sabe-se que tem efeitosinibitórios em algumas terminações nervosas parassimpáticas periféricas, tal como a inibição do coração pelo nervo vago. 
---A norepinefrina é secretada por terminais de diversos neurônios cujos corpos celulares estão localizados no tronco cerebral e no hipotálamo. Especificamente, os neurônios secretores de norepinefrina, localizados no locus ceruleus situado na ponte, enviam fibras nervosas para áreas encefálicas muito disseminadas do encéfalo auxiliando no controle da atividade geral e na disposição da mente, tal como o aumento do nível de vigília. Em muitas dessas áreas, a norepinefrina provavelmente se liga a receptores excitatórios mas, ao contrário, em poucas áreas liga-se a receptores inibitórios. A norepinefrina é secretada também pela maioria dos neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso simpático, onde excita alguns órgãos e inibe outros. 
---A dopamina é secretada por neurônios que se originam na substância negra. Esses neurônios se projetam principalmente para a região estriatal dos gânglios da base. O efeito da dopamina é em geral inibitório. 
---A glicina é secretada principalmente nas sinapses da medula espinhal. Acredita-se que sempre atue como neurotransmissor inibitório. 
---O GABA (ácido gama-aminobutírico) é secretado por terminais nervosos situados na medula espinhal, no cerebelo, nos gânglios da base e em diversas áreas do córtex. Acredita-se que tenha sempre efeito inibitório. 
---O glutamato é secretado por terminais pré-sinápticos, em muitas vias sensoriais aferentes, assim como em diversas áreas do córtex cerebral. Seu efeito, provavelmente é sempre excitatório. 
---A serotonina é secretada por núcleos que se originam na rafe mediana do tronco cerebral e se projetam para diversas áreas encefálicas e da medula espinhal, especialmente para os cornos dorsais da medula espinhal e para o hipotálamo. A serotonina age como inibidor das vias da dor na medula espinhal, e acredita-se que sua ação inibitória nas regiões superiores do sistema nervoso auxilie no controle do humor do indivíduo, possivelmente até mesmo provocando o sono. 
---O óxido nítrico é especialmente secretado por terminais nervosos em áreas encefálicas responsáveis pelo comportamentos a longo prazo e pela memória. Sendo assim, esse sistema de neurotransmissão poderá futuramente explicar algumas funções do comportamento e da memória que até hoje têm sido desafio. O óxido nítrico difere dos outros neurotransmissores de pequena molécula por seu mecanismo de formação, no terminal pré-sináptico, e por sua ação no neurônio pós-sináptico. O óxido nítrico não é formado e armazenado em vesículas no terminal pré-sináptico, como os outros neurotransmissores. Na verdade, é sintetizado quase que instantaneamente, conforme sua necessidade, quando então se difunde para fora dos terminais pré-sinápticos, durante período de segundos, em vez de ser liberado em embalagens vesiculares. Em seguida, difunde-se para os neurônios pós-sinápticos adjacentes. No neurônio pós-sináptico, o óxido nítrico em geral não induz grandes alterações do potencial de membrana mas na verdade modifica as funções metabólicas intracelulares que promovem alterações na excitabilidade do neurônio por segundos, minutos ou até mesmo por mais tempo.
-Neuropeptídeos 
Os neuropeptídeos são sintetizados de outro modo e têm ações que são em geral lentas e muito diferentes das dos neurotransmissores de molécula pequena. Os neuropeptídeos não são sintetizados no citosol dos terminais pré-sinápticos. Na verdade, são sintetizados como partes integrais de grandes moléculas proteicas pelos ribossomos situados do corpo celular do neurônio. 
As moléculas proteicas então entram nos espaços internos do retículo endoplasmático do corpo celular e subsequentemente no aparelho de Golgi, onde passam por duas alterações: 
-Primeira, a proteína formadora de neuropeptídeo é clivada, por ação enzimática, em fragmentos menores, sendo alguns deles o próprio neuropeptídeo ou seu precursor. 
-Segunda, o aparelho de Golgi empacota o neuropeptídeo em vesículas diminutas que são liberadas no citoplasma. As vesículas são então transportadas até as terminações das fibras nervosas pelo fluxo axônico do citoplasma do axônio, sendo transportadas em lenta velocidade de apenas alguns centímetros por dia. Por fim, essas vesículas liberam seu conteúdo nos terminais neuronais em resposta a potenciais de ação da mesma forma que os neurotransmissores de molécula pequena. Entretanto, a vesícula passa por autólise e não é reutilizada. 
Devido ao método laborioso de formação dos neuropeptídeos, quantidades bem menores desses são normalmente liberadas em relação às quantidades liberadas de neurotransmissores de pequena molécula. Isso é parcialmente compensado pelo fato de que os neuropeptídeos têm em geral potência de mil vezes ou maior da que os neurotransmissores de molécula pequena. Outra característica importante dos neuropeptídeos é que eles por vezes provocam ações muito mais prolongadas. Algumas dessas ações incluem o fechamento prolongado dos canais de cálcio, mudanças por longo tempo na maquinaria metabólica celular, alterações prolongadas na ativação ou desativação de genes específicos, no núcleo celular, e/ou mudanças por longo tempo no número de receptores excitatórios ou inibitórios. Alguns desses efeitos duram dias mas, outros possivelmente meses ou anos. 
PEPS e PIPS
Eventos Elétricos durante a Excitação Neuronal 
Os eventos elétricos na excitação neuronal têm sido estudados especialmente, nos grandes neurônios motores dos cornos anteriores da medula espinhal. Portanto, os eventos, descritos nas seções subsequentes, se referem essencialmente a esses neurônios. Excetuando-se as diferenças quantitativas, esses eventos se aplicam à maioria dos neurônios do sistema nervoso.
-Efeito da Excitação Sináptica na Membrana Pós-sináptica — Potencial Excitatório Pós-sináptico:
A Figura 45-9A mostra neurônio em repouso, com um terminal pré-sináptico não excitado fazendo sinapse sobre sua superfície celular. O potencial de repouso da membrana, em qualquer ponto do corpo celular, é de -65 milivolts. A Figura 45-95 mostra terminal pré-sináptico que secretou neurotransmissor excitatório na fenda sináptica entre o terminal e a membrana do corpo celular do neurônio. Esse neurotransmissor age sobre receptor excitatório de membrana, aumentando a permeabilidade da membrana ao Na+. Devido ao grande gradiente de concentração e à acentuada negatividade elétrica no neurônio, os íons sódio se difundem rapidamente para a célula.
O rápido influxo dos íons sódio com carga positiva para o interior da célula, neutraliza parte da negatividade do potencial de repouso da membrana. Dessa forma, na Figura 45-95, o potencial de repouso da membrana aumentou para valor mais positivo, de -65 para -45 milivolts. Esse aumento positivo da voltagem do potencial normal da membrana em repouso — ou seja, para valor menos negativo — é chamado potencial pós-sináptico excitatório (ou PPSE), porque se esse potencial aumentar até o limiar na direção positiva irá provocar potencial de ação no neurônio pós-sináptico e, dessa forma, o excitando. (Nesse caso, o PPSE é de +20 milivolts — isto é, 20 milivolts mais positivo do que o valor de repouso.) Entretanto, é necessário fazer advertência neste ponto. A descarga de terminal pré-sináptico único jamais induzirá aumento do potencial neuronal de -65 milivolts diretamente para -45 milivolts. Aumento dessa magnitude requer descarga simultânea de vários terminais — de 40 a 80 para o neurônio motor típico — ao mesmo tempo ou em rápida sucessão. Isso ocorre por meio do processo chamado somação.
Eventos Elétricos durante a Inibição Neuronal 
-Efeito das Sinapses Inibitórias sobre a Membrana Pós-sináptica — Potencial Inibitório Pós-sináptico: 
As sinapses inibitórias promovem principalmente a abertura de canais de cloreto, permitindo a passagem com facilidade dos íons cloreto. Agora, para entendermos como as sinapses inibitórias inibem o neurônio pós-sináptico, devemos relembraro que aprendemos do potencial de Nernst para os íons cloreto. O potencial de Nernst para os íons cloreto foi calculado como sendo em torno de -70 milivolts. Esse potencial é mais negativo do que os -65 milivolts presentes, nas condições de repouso, do lado interno da membrana neuronal. Portanto, a abertura dos canais para cloreto irá permitir que os íons cloreto com carga negativa se movam do líquido extracelular para o intracelular, o que tornará o potencial de membrana no interior do neurônio mais negativo que o normal, aproximando-se do valor de -70 milivolts. 
A abertura dos canais para potássio vai permitir que os íons potássio com carga positiva se dirijam para o exterior, o que tornará o potencial de membrana no interior do neurônio mais negativo do que o normal. Dessa forma, tanto o influxo do cloreto, quanto o efluxo do potássio aumentam o grau de negatividade intracelular, o que é chamado hiperpolarização. Esse fenômeno inibe o neurônio por estar o potencial de membrana ainda mais negativo do que o potencial intracelular normal. Assim, o aumento na negatividade para além do nível do potencial de membrana normal, no estado de repouso, é chamado potencial inibitório pós-sináptico (PPSI). 
A Figura 45-9C mostra o efeito causado pela ativação de sinapses inibitórias no potencial de membrana, permitindo o influxo de cloreto para a célula e/ou o efluxo de potássio para fora da célula, com o potencial de membrana diminuindo do valor normal de -65 milivolts para valor mais negativo de -70 milivolts. Tal potencial de membrana é 5 milivolts mais negativo do que o normal, e é portanto o PIPS de -5 milivolts que inibe a transmissão do sinal neural pela sinapse.
 “Somação Temporal” Causada por Descargas Sucessivas de um Terminal Pré-sináptico 
Todas as vezes que o terminal pré-sináptico dispara, a substância transmissora liberada promove a abertura dos canais de membrana por milissegundo ou pouco mais. Porém, o potencial pós-sináptico modificado pode durar até 15 milissegundos depois dos canais de membrana já terem se fechado. Portanto, a segunda abertura desses canais pode aumentar o potencial pós-sináptico até nível ainda maior. Além disso, quanto mais rápida a velocidade de estimulação, maior será o potencial pós-sináptico. Assim, descargas sucessivas de um só terminal pré-sináptico, se ocorrerem com rapidez suficiente, podem ser adicionadas umas às outras; ou seja, podem se “somar”. Esse tipo de somação é referida como somação temporal. 
Somação Simultânea dos Potenciais Pós-sinápticos Inibitórios e Excitatórios: Se o PPSI tende a promover valor mais negativo do potencial de membrana para valor mais negativo, enquanto o PPSE tende a aumentar o potencial ao mesmo tempo, esses dois efeitos podem se anular completa ou parcialmente. Assim, se o neurônio está sendo excitado por PPSE, sinal inibitório, vindo de outra fonte, pode por vezes reduzir o potencial pós-sináptico para valor abaixo do limiar de excitação, e desse modo desativar a atividade do neurônio.
FACILITAÇÃO
 “Facilitação" dos Neurônios 
Geralmente, a somação dos potenciais pós-sinápticos é excitatória, mas não se aumenta até o ponto de atingir o limiar para o disparo do neurônio pós-sináptico. Quando isso ocorre, diz-se que o neurônio está sendo facilitado, ou seja, seu potencial de membrana está mais próximo do limiar de disparo do que o normal mas ainda não ao nível do disparo. Consequentemente, outro sinal excitatório que chegue ao neurônio de alguma outra fonte pode então excitá-lo muito facilmente. Sinais difusos no sistema nervoso frequentemente facilitam grandes grupos de neurônios, fazendo com que eles possam responder de modo rápido e fácil a sinais vindos de outras fontes.
FADIGA SINÁPTICA
Algumas Características Especiais da Transmissão Sináptica
-Fadiga da Transmissão Sináptica: Quando as sinapses excitatórias são repetidamente estimuladas com alta frequência, o número de descargas do neurônio pós-sináptico é inicialmente muito alto mas a frequência de disparo começa a diminuir progressivamente nos próximos milissegundos ou segundos. Esse fenômeno é chamado fadiga da transmissão sináptica. 
A fadiga é característica extremamente importante da função sináptica, porque quando certas áreas do sistema nervoso são superexcitadas, a fadiga faz com que percam tal excesso de excitabilidade após algum tempo.
Por exemplo, a fadiga é provavelmente o meio mais importante pelo qual o excesso de excitabilidade do cérebro, durante convulsão epiléptica, é por fim superado e então o ataque cessa. Assim, o desenvolvimento da fadiga é mecanismo protetor contra a atividade neuronal excessiva. 
O mecanismo de fadiga consiste principalmente na exaustão total ou parcial dos estoques de substância transmissora nos terminais pré-sinápticos. Os terminais excitatórios em muitos neurônios podem armazenar neurotransmissores excitatórios suficientes para provocar apenas cerca de 10.000 potenciais de ação, e o neurotransmissor pode ser esgotado por estimulação de apenas poucos segundos ou minutos. 
Parte do processo de fadiga provavelmente resulta de outros dois fatores como: 
(1) a inativação progressiva de muitos dos receptores de membrana pós-sinápticos e 
(2) o lento desenvolvimento de concentrações anormais de íons na célula neuronal pós- sináptica.
3-DEFINIR MIASTENIA GRAVIS
A miastenia gravis é uma doença auto-imune, resultante da produção de anticorpos anti-receptores da acetilcolina, que atuam ao nível da junção neuromuscular.
Apesar da etiologia desta doença ser desconhecida, existem alguns factores associados ao seu início e/ou agravamento.

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