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165273091916 DPF CRIMINOLOGIA AULA02

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DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL 
Criminologia – Aula 02 
Eduardo Fontes 
1 
Relembrando: Criminologia 
 
1. É uma ciência autônoma: 
2. Interdisciplinar: 
3. Método empírico e indutivo: 
4. Ciência do ser: 
 
Fase pré-científica 
 
Antiguidade 
 
Fase pré-científica 
 
Idade Média 
 
Escola clássica 
 
O principal nome dessa escola é Beccaria (o Mar-
quês de Beccaria) 
 
1. Fez surgir o chamado movimento humanitário 
em relação ao Direito de Punir estatal. 
2) Inspirando-se na filosofia estrangeira, sobretudo 
em Montesquieu, Hume e Rosseau, Beccaria ba-
seou seu pensamento nos princípios do contrato 
social, do direito natural e do utilitarismo. 
O livro do Marquês de Beccaria, Dei delitti e delle 
pene (1764), será a mola propulsora para uma no-
va forma de pensar o sistema punitivo. Apesar de 
sua abordagem nitidamente filosófica, a obra se 
volta contra os excessos punitivos, marca dos regi-
mes absolutistas, pretendendo humanizar a respos-
ta do Estado à infração penal. 
Principais ideias defendidas por Beccaria. 
“(...) para que cada pena não seja uma violência de 
um ou de muitos contra um cidadão privado, deve 
ser essencialmente pública, rápida, necessária, a 
mínima possível nas circunstâncias dadas, propor-
cional aos delitos e ditadas pelas leis”. 
“Entre as penalidades e no modo de aplica-las pro-
porcionalmente aos delitos, é necessário, portanto, 
escolher os meios que devem provocar no espírito 
público a impressão mais eficaz e mais durável e, 
igualmente, menos cruel no corpo do culpado”. 
“Se a intenção fosse punida, seria necessário ter 
não apenas um Código particular para cada cida-
dão, mas uma nova lei penal para cada crime”. 
“Ponde o trecho sagrado das leis nas mãos do povo 
e, quantos mais homens o lerem, menos delitos 
haverá; pois não é possível duvidar que, no espírito 
do que pensa cometer um crime, o conhecimento e 
a certeza das penas coloquem um freio à eloquên-
cia das paixões”. 
“O réu não deve ser julgado por um Tribunal parci-
al.” 
“Deve preponderar a publicidade do processo”. 
“Cabia ao juiz aplicar as leis e não interpretá-las”. 
 
 Fase Científica – Escola Positiva
A Escola Positiva tem como os seus principais auto-
res e obras Cesare Lombroso que marcou a fase 
antropológica da criminologia (O homem delinquen-
te), e na fase jurídica Raffaele Garofalo (Criminolo-
gia), e Enrico Ferri (Sociologia Criminale). Por essa 
linha de pensamento: 
O maior expoente do positivismo foi Cesare Lom-
broso. Médico italiano, é responsável por estudos 
(criminológicos) do homem sob uma perspectiva 
morfológica. 
Obs. 
O marco científico da Criminologia se dá com a 
publicação da obra “L’Uomo Delinquente”, de Lom-
broso, no final do século XIX. 
 
Pseudociências 
 
1. DEMOLOGIA: procurou explicar o mal (conduta 
criminosa) por meio do estudo dos demônios e tal 
foi o desenvolvimento desta que se chegou a um 
número de 7 milhões de diabos. 
2. FISIONOMIA: pseudociência que mais se apro-
xima do positivismo criminológico de Lombroso. 
Como o próprio nome enuncia, esta ciência oculta 
foca suas pesquisas na aparência do indivíduo co-
mo ponto de conexão entre o externo e o interno, 
entre o físico e o psíquico. 
3. FRENOLOGIA: ciência que tem por objetivo iden-
tificar a localização física de cada função anímica do 
cérebro (teoria da localização). 
Essas pseudociências foram importantes para o 
nascimento do movimento científico da criminologia 
nos fins do séc. XIX. 
Essa importância está evidente nas obras de Lom-
broso, nome mais destacado da Escola Positiva. 
Lombroso, na sua construção teórica, promove um 
resumo de todo o pensamento à sua volta, especi-
almente os fisionomistas e os frenólogos. 
Lombroso incorpora o método experimental em 
todos os seus trabalhos (e isso faltou para os fisio-
nomistas, para os frenólogos, por isso são chama-
dos de pseudociências), derivando da aplicação 
desta orientação a figura do criminoso nato (expres-
são criada por Ferri). 
As conclusões de Lombroso repercutem especial-
mente no modelo de política-criminal a ser adotado 
para o combate à criminalidade: contra o criminoso 
nato, incorrigível, não caberiam aplicações de san-
ções morais, mas sim preventivas, devendo a soci-
edade se proteger com aplicação da pena de prisão 
perpétua ou de morte. 
Lombroso, diferentemente dos seus antecessores, 
não se limitou a especulações metafísicas e abstra-
tas, empreendendo um largo processo de análise 
científica, de investigação e constatação, método 
que culminou com o surgimento da Criminologia 
A principal contribuição de Lombroso para a Crimi-
nologia não reside tanto em sua famosa tipologia 
(onde destaca a categoria do “delinquente nato”) ou 
 
 
 
 
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em sua teoria criminológica, senão no método que 
utilizou em suas investigações: 
Enrico Ferri (1856-1929) e seu determinismo social 
também contribuíram para a evolução da criminolo-
gia. Autor da obra Sociologia Criminal publicada em 
1914, apontava os fatores antropológicos, sociais e 
físicos como as causas do delito. 
Atenção: Ferri também foi idealizador da Lei da 
Saturação Criminal que realizava a seguinte associ-
ação: 
O jurista e ministro da Corte de apelação de Nápo-
les, Raffaele Garofalo, criador do TERMO Crimino-
logia, a compreendia como ciência da criminalidade, 
do delito e da pena. 
Garofalo sustentava que se havia o criminoso nato 
também deveria existir o delito dessa mesma natu-
reza. Portanto, Garofalo acreditava na existência de 
duas espécies de delitos: delitos legais e delitos 
naturais. 
Dica: A criminologia é dividida em dois grandes 
ramos, de acordo com Mezger: o da Biologia Crimi-
nal e o da Sociologia Criminal. 
Biologia Criminal 
 preocupa-se com diferentes aspec-Antropologia:
tos do homem no que concerne sua constituição 
física, aos fatores endógenos (raça, genética, here-
ditariedade etc) e à atuação do delinquente no am-
biente físico e social. 
 trata do diagnóstico e do Psicologia criminal:
prognóstico criminais. Ocupa-se com o estudo das 
condições psicológicas do homem na formação do 
ato criminoso, do dolo e da culpa, da periculosidade 
e até do problema da aplicação da pena e da medi-
da de segurança. 
 é a ciência que estuda as Endocrinologia criminal:
glândulas endócrinas e sua influência na conduta do 
homem, sustentando alguns cientistas ser seu mau 
funcionamento o responsável pela má conduta do 
delinquente. 
 
Sociologia criminal: 
 
Escola clássica 
 
Crime: 
Criminoso: 
Pena: 
Método: 
Autores: 
 
Escola positiva 
 
Crime: 
Criminoso: 
Pena: 
Método: 
Autores: 
 
 Formas metodológicas
Sérgio Salomão Shecaira indica algumas formas 
metodológicas que merecem destaques para a per-
cepção da realidade buscada pela Criminologia. 
Inquéritos sociais: 
Estudo biográfico de casos individuais 
Observação participante: 
 
Vitimologia 
 
1) Objeto mais importante da criminologia 
2) Nova ciência ou disciplina que integra a crimino-
logia? 
 
 É baseada no sofrimento Origem da vitimologia:
dos judeus na 2ª Guerra Mundial. Teve origem nos 
estudos de Benjamin Mendelsohn, considerado por 
muitos o Pai da Vitimologia, bem como nos estudos 
de Hans Von Heting, com a publicação do livro “O 
criminoso e sua vítima” (1948). 
 As vítimas estudadas pela Conceito de vítima:
Vitimologia vão além das previstas e estudadas pelo 
Direito Penal. 
Historiografia da vítima: Lembra a doutrina que a 
vítima, desde meados dos anos 50 do século XX, 
vem convertendo-se em pilar básico do sistema 
penal. Contudo, na análise de sua historiografia, 
constata-se que ela passou por um longo período 
de esquecimento, sendo totalmente estranha ao 
sistema penal. 
 
Fases da vítima: Trêssão as fases nas quais a 
vítima é envolvida (ou não) no cenário do crime: 
 
1 - idade de ouro; 
2 - neutralização da vítima; 
3 - vitimologia e redescobrimento da vítima. 
 
 a vítima é protagonista, coman-Idade de ouro“:
dando o sistema de vingança privada. A vítima (ou 
sua família) ditava a punição do agressor. 
 marginalização da vítima Neutralização da vítima:
no conflito delitivo. 
 na terceira fase, te-Redescobrimento da vítima:
mos o redescobrimento da figura da vítima inte-
grando a interação com o delinquente e sendo obje-
to de preocupação do sistema penal. 
A importância foi de tal ordem que ganhou status de 
ciência. 
Vitimologia: 
 
Objeto da vitimologia 
 
A) estudo da personalidade da vítima, tanto vítima 
de delinquente, ou vitima de outros fatores, como 
consequência de suas inclinações subconscientes. 
B) descobrimento dos elementos psíquicos do 
"complexo criminógeno" existente na "dupla penal", 
que determina a aproximação entre a vítima e o 
criminoso (quer dizer: "o potencial de receptividade 
vitimal"). 
 
 
 
 
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 Na maioria dos casos, a dupla penal é Cuidado:
caracterizada pela contraposição delinquente x víti-
ma, ou seja, as circunstâncias relacionadas ao cri-
me deixam bastante claro que a vítima impôs resis-
tência, não colaborando com o resultado delituoso. 
Em outras hipóteses, entretanto, o que se verifica é 
que a dupla penal não é tão contraposta assim, isto 
é, a vítima desempenha um papel coadjuvante (às 
vezes até inconsciente) no desfecho do delito. 
Na análise do papel desempenhado pela vítima, 
duas correntes da vitimologia merecem destaque: 
 
1. Clássica 
2. Solidarista
 
 transfere para a vítima a respon-Teoria clássica:
sabilidade pela origem da infração. 
Teoria solidarista ou humanitária: promove-se um 
giro de compreensão à medida que reparte com a 
vítima o trauma do crime. 
 
C) análise da personalidade das vítimas sem inter-
venção de um terceiro (estudo que tem mais alcan-
ce do que o feito pela criminologia, pois abrange 
assuntos tão diferentes como os suicídios e os aci-
dentes de trabalho). 
D) estudo dos meios de identificação dos indivíduos 
com tendência a se tornarem vítimas 
E) busca dos meios de tratamento curativo, a fim de 
prevenir a recidiva da vítima. 
Além da análise do comportamento da vítima (em 
especial antes e durante o evento criminoso), outro 
aspecto que merece atenção é aquele relacionado à 
palavra da vítima como prova judiciária. 
 
Palavra da vítima x Palavra do réu – Princípio “in 
dubio pro reo” 
 
 Como chegar à condenação do réu quan-Questão:
do temos, de um lado, a palavra da vítima, que se 
diz estuprada, e, do outro, a palavra do réu, que 
nega as acusações? Como ficaria nesse caso o 
princípio in dubio pro reo? 
Atenção: A palavra da vítima, nos crimes sexuais, 
em regra, é elemento de convicção de alta impor-
tância, levando-se em conta que nestes delitos, 
geralmente, não há testemunhas. No entanto, o juiz 
deve agir com cautela para evitar revanchismos e 
perseguições inaceitáveis. 
Portanto, a condenação do réu pode ser baseada 
exclusivamente na palavra da vítima, quando au-
sente outras provas seguras da autoria e da materi-
alidade. 
 
 A expressão "criminologia" foi 1. (2014 - PC-SP).
empregada pela primeira vez por: 
 
A) Adolphe Quetelet e divulgada internacionalmente 
por Cesare Bonesana, em sua obra intitulada Dos 
delitos e das penas 
B) Cesare Lombroso e divulgada internacionalmen-
te por Raffaele Garofalo, em sua obra intitulada 
Criminologia 
C) Paul Topinard e divulgada internacionalmente 
por Cesare Bonesana, em sua obra intitulada Dos 
delitos e das penas 
D) Cesare Lombroso e divulgada internacionalmen-
te por Adolphe Quetelet, em sua obra intitulada O 
homem médio. 
E) Paul Topinard e divulgada internacionalmente por 
Rafaelle Garofalo, em sua obra intitulada Criminolo-
gia. 
 
2. Assinale a alternativa correta em relação à 
Enrico Ferri: 
 
A) Foi filósofo, sustentou que a criminologia é fruto 
da disparidade social: portanto, riqueza e a pobreza 
estão ligadas ao crime. 
B) Foi escritor, criou a teoria da escola clássica da 
criminologia; utilizou o método lógico dedutível. 
C) Publicou o livro O homem Delinquente, em 1876, 
descervendo o determinismo biológico como fonte 
da personalidade criminosa. 
D) Foi jurista, afirmou que o crime estava no homem 
e que se revelava como degeneração deste 
E) Foi autor da obra Sociologia Criminal; ara ela a 
criminalidade deriva de fenômenos antropológicos, 
físicos e sociais. 
 
3. A Escola Clássica. 
 
A) Tem em Garofalo um dos seus precursores; 
B) Baseia-se no método empírico-indutivo; 
C) Crê no livre arbítrio; 
D) Surge na etapa científica da criminologia; 
E) Criou a figura do criminoso nato. 
 
4. A Escola Positiva: 
 
A) Crê no determinismo e defende o tratamento do 
criminoso 
B) Tem em Bentham um de seus precursores 
C) Foi consolidada por Carrara 
D) Baseia-se no método dogmático e dedutivo 
E) Surgiu na etapa pré-científica da criminologia. 
 
5. Assinale a alternativa correta: 
 
A) No modelo clássico (tradicional) de Justiça Cri-
minal, a vítima é encarada como mero objeto, pois 
dela se espera que cumpra seu papel de testemu-
nha, com todos os inconvenientes e riscos que isso 
acarreta. 
B) A Vitimologia não possui relação com a Sociolo-
gia 
C) A Vitimologia não estuda a vítima e suas rela-
ções com o infrator e com o sistema de persecução 
criminal. 
 
 
 
 
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D) A Vitimologia não possui relação com a Crimino-
logia. 
E) No modelo clássico (tradicional) de Justiça Cri-
minal, a vítima é encarada como sujeito passivo da 
relação jurídica, pois dela se espera que cumpra 
seu papel de ofendido, com todos os direitos e de-
veres que isso acarreta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Gabarito: 
6. É considerado o Pai da Vitimologia: 
a) Cesare Lombroso 
b) Raffaele Garofalo 
c) Émile Durkheim 
d) Benjamim Mendelsohn 
e) Cesare Bonesana 
7. O que vem a ser a Síndrome de Estocolmo? 
8. O que vem a ser a Síndrome de Londres?

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