Buscar

CINTRA, Anna Maria Marques et al. Para entender as linguagens documentárias

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 89 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 89 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 89 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Anna Maria Marques Cintra 
Maria de Fátima Gonçalves Moreira Tálamo 
Marilda Lopes Ginez de Lara 
Nair Yumiko Kobashi 
Para entender as 
linguagens 
documentárias 
Esta obra apresenta os aspectos fundamen­
tais das linguagens documentárias: sua nature­
za, sua estrutura e suas funções. Aborda, de ma­
neira especial, as questões lingüísticas e lógicas 
que fundamentam sua elaboração. Incorpora, 
nesta segunda edição, um novo item - a Intro­
dução - em que se ressaltam o caráter sistêmico 
das linguagens documentárias e seus aspectos 
culturais. Além disso, foi inteiramente revista, 
de modo a eliminar imperfeições. 
Cada vez mais as linguagens documentárias 
vêem se mostrando como importantes ferramen­
tas de organização e distribuição de informação. 
Elas já são hoje consideradas imprescindíveis 
para agregar valor à informação especializada, 
na medida em que, por seu intermédio, a tarefa 
de organizar tematicamente a informação tor­
na-se mais consistente. 
Mas além de seu caráter organizacional, as 
linguagens documentárias viabilizam o compar­
tilhamento de informações produzidas por dife­
rentes instituições. Decorre daí o fato de os sis­
temas ou redes cooperativos de informação não 
prescindirem de algum tipo de vocabulário con­
trolado para a constituição de seus dispositivos 
informacionais, sejam eles de uso local ou 
disponibilizados para públicos amplos, através 
de redes eletrônicas. 
A utilização crescente de linguagens docu­
mentárias baseia-se na evidência de que, sem 
uma linguagem compartilhada, não é possível a 
comunicação entre serviços de informação e seus 
usuários. Em vista disso, as linguagens docu­
mentárias se oferecem como instrumentos po­
derosos de socialização da informação. E a in­
fom1ação, na medida em que está diretamente 
relacionada ao conhecimento, tem papel deci­
sivo na mudança dos destinos da humanidade. 
Espera-se que sua leitura contribua para apri­
morar a formação daqueles que já atuam ou 
atuarão profissionalmente no vasto campo da or­
ganização e transferência da informação. 
Anna Maria Marques Cintra 
Maria de Fátima Gonçalves Moreira Tálamo 
Marilda Lopes Ginez de Lara 
Nair Yumiko Kobashi 
1PARA ENTENDER 
AS 
LINGUAGENS 
DOCUMENTARIAS 
2J edição revista e an1pliada 
! editora polis
2002 
Copyright CD 2002 das autL)ras 
Capa: Ivone Cludzal 
1/ustraçiio da capa: Ben Nicholson, Agosto de 1956 (Vaid'Orcia). 
Rcvi5,fo: N3.ir Yumiko Kobashi e Marcos Frederico 
Editoraç5.o eletrônica: Editora Pulis 
Ficli,1 catalugr,ític;1 
CI1'-:TR,\ .'\11,1 M,1ria t'l ;1[. Paril cnkmkr ns lingu;igc11s ducu­
mrnt;íri;1s. 2cd r-cv. e ampl.. - 5:ill l',rnlo l'ulis, 2002. 
ISBN 83-7228-00 12-X 
1 Linguc1gcns ducurncnLíri;is. I. Título. 
Direi tos rtscn·,1dos pcb 
EL)]TORA POLIS lTDA 
CDD - 025.4 
CDU - 025.4 
Rua Car.1n1Lirll, 1196 - Sa(1dc - 04138-00:2 - Szio Pnulo SP 
Tcl.: ( 11 )5 :
""
Nt-7 6tl 7 e ( 11):275-7 5 tl6 - F,lX ( 11)l75- 75 8 6 
e-mail: polis(éê cdi tom polis .com. \Jr
O .scnticlo Ili/Oi 11w1rn llln:1 eFiclência. 
Ed,,v:1rJ Lopes 
Sumário 
Apresentação 9 
Introdução 13 
... � .. 
1. Conhecimento, informação e linguagem 19 
1.1 Conl1ecimcnto e informZJçiio 19
1 2 Linguagem: car.JclerísticZJs gcrZJis 26 
2. Linguagens documentó.rias 33
21 NZJtun-zZJ, especificicbde e fun\'Õcs 3.3
2 2 ConfigurZJçi'io d.Js linguagens documentárias 42 
3. Sistem<.1 nocional 49 
3.1 Rdüçõcs hierárquirns 55 
3 .1. 1 Relaç,1o genérica 5 8 
3 12 Rebçi'ío pürtitiva 61 
3 2 Relações ni'ío-lmrárquicas ou seqi.lfnci.Jis 62 
4. Relaçôes lingüísticas e docurnent,1ç,1o 6 7 
4.1 PolisscmiZJ e ambigL1icbdc 70
4.2 Sinonímia 74 
4.3 1-!iponírniJ 11 
Bibliografia 8 7 
7 
Apresentação 
O homem vive entre os c.:1mpos scmiológicos No seu 
cotidiano, c1minha de um p,1r<1 oulro, consciente ou incons­
cientemente. Enreda-se nas construções :1rquitetônic:1s, p:1s­
Si1 por escull ums (Zis vezes sem ver), ouve "sons" perdidos 
de músicas ou de grilos, restos de conversi.1S - agressiv,1s ou 
c:irinliosos. C1da um desses campos pelos quais ele transiL1 
diari,1mentc tem seu código específico. E ele trans-ita nu Sêll­
lido primeiro: vüi através de (trans) um crnninho (ito) que 
as gerações passadas conslruíram parn ele e que su,1 própria 
condiçR.o de humano lhe pl:Tmi�e "receber" de v6rios mudos: 
cm um dos pólos, não "percebendo" a cxlcnsZio do mundo 
cm que vive; no oulro pólo, "pcrccbcm!o" tal cxtensZio, apro­
priando-se dele e mm!ificmdo-o, construindo novo mundo, 
novos mundos. Re-conslruinclo-sc no faur. 
l:sscs Ci1mpos scmiológicos, com seus cóLhgos próprios, 
muilos deles nZio-vcrbnis, cntrd.:.1çil111-se e manifcst:1111, na 
vcrcbde, n conc!içfü> da sociedade naquele momento históri­
co. Essa inter-rcbçiio cnlrc os c;_impos, essa "costura" é 1Ta­
liz,1da pelo código vcrbill, pelo signo verld, pclzi p,1bvra Ou 
SCJ<L os cnmpos semiológicos -;iiu m,111ifcst:1�:ões sócio­
cul ur;ús de uma dacb sociedade. Emliorn com suas espe-
9 
cificidzidcs, eles revelam a cu]t ura cbquela sociedade, n;:iquc­
la et<1pa de desenvolvimento. E a culturn é lransmitidâ, pre­
dominantemente, peln palnvra Por isso, só a palavrZJ lem ..1 
condiç5o de penetrar lodos eles, de "interpenetr;í-los". 
Esse é um cios motivos porque se afirma a import5ncizi 
da pzilavra Su.:i condiç:io dt." plasticidade permite-lhe ser o 
suporte do conhecimento. Sem conhecimento, o homem per­
manece sempre muito próximo do pólo dos que não perce­
bem a exlens.'io do mundo em qllc vivem, cm que circulnm. 
E aí está um dos aspectos d.:i import."lnci.:i di.l informaçéfo. 
Nesse sentido, parece que a infonnaç5o cumpre papel de­
cisi1'0 na 111uclança lias clcst.irws da humanidade, uma Fez 
que ela está clirctarnmtc li.gacía ao conhecimento e ao dc­
scm•olvirncnto de cada wna elas áreas elo sabcr,já que todo 
co11/1ecirncnto começa por algum tipo ele i1forrnaçiio e se 
constitui cm i11formaçc'io ( .. )E para que o conhecimento ela
sociec/J.de não se perca e possa ser compartilhado, ele é re­
gistrado num claclo suporte: l.ivm, imaw111, fulo, disco ele. 
passanclo a se constituir num documento. 
A informaç5.o n3o é \1111 e/ado. Ela se constrói no encon­
tro de duas din5rnic.:1s: .:i din5mica de quem "emite", di: quem 
"rrnmci.:i" (o cnunci,Hlor) e a din.Rrnic.:1 de quem "recebe" o 
cnunci.:ido (o enunciütáriLl). Eb ocorre sempri: num espaço 
onde as posições de quem "fob" e de qllem "ouvi:" s,10 
intcrcambiadas, num jogo de forças perm;rnente. 
Aí começa a linguagem clocumcntária. Corno conseguir 
que o conhecimento �1eumuléiJo niio se perca, que se lenha 
acesso .:i rlc, de tal modo que 11.10 seja necessó.rio "reinvent.1r 
a roda" é:1 rnda gernç5o? A memória coletiva, a tr,msmissão 
10 
oral da cultura são aspectos fundament,lis, mas como, nas 
nrcas científicas, fazer conhecer o conteúdo de aproximadn­
mC'nte 60.000 revistas científicas e cerca de um milh5o de 
artigos individu,1is? Esses dados, citados neste livro, rcvebrn 
;:i estimativa de 1960. Certamente a produçi'io cienlífica é mui­
to maior. 
Ninguém ousaria pensar que é possível conhecer to(b �1 
produçi'io de um;:i determinacb área cio so.ber. Mas é nccess.:í­
rio, pelo menos, ter acesso ;:i seus o.v;:inços e po.rlir deles 110. 
construçJo do novo conhecimento. Eis aí, de novo, ;:i lingua­
gem documentária. 
Os desafios s5o numerosos. Num mundo cm que, <10 
(JllC parece, o homem "nJo diz", ,iprnns "é dito" pelas p,1la­
vr;is; em que se tem, prcdomini.mtfmente, "a voz do dono" 
f n."io o homem como "dono da voz"; cm qne os discurSl)S 
ele rnúscar.:i circulam corno mcrc.:idori.J.s de maior valor, como 
trabalkir zi linguagem clocumentúria? Afinzil, el;i pressupõe, 
por nm ];:ido, a irnportf1ncia da divulgaçJo cb i1'.form<1ção 
p;:irn que o homem assuma sua própriavoz; por outro lado, 
ela pressupõe o sujeito que v;Ji "püssür" o conhecimento 
cirntífico, cbborndo na linguagem polissfrnic1, para outra -
a linguagem d.ocumc11tciria. 
A pal,1v1'i1 carreg.:i J. próticJ social cb sociedadf, enfrixc1 os 
valores de um determin;:1do momento histórico. É sub-n'/ll fria 
Atuél, sem que tenhamos consciência de seu papel. Este s10eito 
ri11e v,1i "!rndm:ir" o texto científico p:.ira c1 linguagem c/ocu-
111cntiÍria rnrrcga consigo essa formaçJo. T<1mbérn o stijeito 
que cbborou o texto científico. N;_1 condiçJo de Sl�jeito, cad.:i 
um tcri.'í seu universo de v,1lorcs, que lhe foi tr,msmiticlo peL1 
culturJ. Como cvit.:ir os desvios nessa lr<1duçã.o? 
1J 
Como dizfm as autoras, de um sistema de relações que 
se caracteriza pela virtualidude, a LN (Língua Nutural), usa­
da pelo sqjcito do texto cirntífico e pelo sujcilo que f"ar:i. a 
··trnduçifo" (e ;1indt1 pelo sujeito que "receber,/' a informaç/io,
é bom não esquecer) 1x1ss;1-sf para um sistema de rebçõcs
11.10-virt uni - a LD (Lingu,1gem D0cumenl.íri;1J
i\1Ias, cliferc11tcmc11le ela LN, o sistema ele relações elas LNs 
niio € virtuaL hem como seus mecanismos ele articulaçiio 
s,10 cxtrcma111c11tc precários, cmfncc claCJucles existentes nas 
línguas, cm geral. Hcn, ao cont drio, elementos dessa li11gua­
ge111 cspccí(ica são selecionados ele universos cletcnninilclos 
e seu sistcnlél clt: rclilç6cs { construíâo, sendo inclispcns.ivd, 
para ui i/iz;-í-la, a o:ist(;ncia de rt'gras cxplfcitns. Por esse 
motirn, as LYs siio linguugrns CtJnstruíclas. 
O mundo contemporâneo se dcsnucl.1 cm sua comple­
xidade: todos os povos lutam paru ter vez e voz no concerto 
das n,1çõcs. A constituiç.10 de ptJ]os hcgcmônicos consolida­
se a partir uo conhecimento. [ ;1 linguagem clocwncntâria jogi..l 
p;:_1pd decisivo nessa re.1lid,1dc. 
O des,1fiu é grande. .r\s pi1bvrns, "suspensas no ,:ir", pu­
rarn su,1 da11(,:;:_1. i\ll;1s ,1s ,1Llll)réls desse livro, com cifr1ei,1 e 
cornpdfnciJ, top,1111 o dcsnl"io. E vcnctm. t ler p;1rn crer.
12 
Alaria 1lparccida Bacce,ga 
Profrssora Livrc-d,.>ernll' 
da E,,:ol,1 dt: Con1trnic;1çÕêS ,, ,·\t'les 
d;:i llnivcrsid, de (k São Pm!lo 
Introducão 
) 
Se no 1x1ss,Klo :1s diCcffntes form.1s de nomc,1r o �1rco-íris 
entre povos, ou .:is rebções diversas entre língu:1s p:ir:1 dizer 
"cu estou com dor de c1beç:1" eram percebidas como c,1sos par­
t iculn rcs ou idiotismos, hoje, sJo en t endi(lé1s como 111�1-
nifrsL:içõcs naturais, gera(bs pelas diferenças de signific.:.mll' e 
de subst.ínci:1 semJnlic.1, um.1 vez que o signifiG1do compôe, 
indíssociavelmenle, i.1 tmid.1de numa cfod,1 língu:1 
Com ef'cito, enq11,mto n:1 nossa cultura distinguimos 
sele cores no :1 rco-íris, entre os brct:'ios e os gauleses esse 
11(1mcro cai pJr.:.1 quntro, por exemplo, 11;1 zon:1 onde distin­
guimos :1zul e verde, des idcnt ific:1111 ,1pcn:1s o ºgl:is" E, de 
form:1 semelh:rnte ?1 noss.1 expressJo ''Eu tenho um:1 dor de 
c:1bcç:1" correspondem cm fr:111cês ou em it:ili:1110 outr:1s rc-
1.:içõcs: "J'ai 111;:il ?! b U:te" ou "J'vli dt1olc il c:1po". 
Ev1denlementc, cm muitos rnsos pode-se ter .1 ilus:'io de 
mer:1 t r:rnsposiçiio de ncimcs ou t roc:1 de significan lcs, corno 
cm "ciio: dog/chien". EntrcL111lo, a esses sig11ific.1 11tcs corres­
pondem signific,1dos rcbcion:1clos ,1 tocb expcriêncin cultu­
r:11 dos fol.:intes de c.:.1(1::! língun, o que Icv:ir:í, irrcmedi,1vcl-
111cnle, .1 signific1dos diferentes, portanto ,1 signos diferentes. 
Pode-se, pois, dizer que cada língua néltural - LN - ana­
lisa os dados da experiência segundo padrões que dependem 
da trmliç.:'io culturéll e do momento social do povo que a fala. 
Isso fziz com que possamos dizer que cada LN f, J. rigor, umé1 
ilnálise da sociedade, cio homem particip.:i.nte de um grupo e 
de suJ. cultura. 
MJ.rtinet (1969) diz: "Urna línguu é um instrumento 
de comunicação segundo o qual de modo vc1rióvel de comu­
nicbcle p,ffél comunicbcle se anc1lis3 3 experiênciJ. hurnAnél em 
unidzides provi<lc1s de conteúdo semâ.nlico e de expressão 
fônica e em unidades clistintiv.:is sucessivas". 
Mils isso n3o permite dizer que rn1rnél. mesmn comuni­
cbde as cstruturéls lingüístic1s sc;jarn homogêneéls. focilmcntc 
obscrvzt-sc que as pessoas de umi1 mesmél comunidade lin­
gt"ríslica nno falam do mesmo modo. Entretanto, desde que 
essc1s difrrcn�·as scjc1m tais que n3o impeço.ma comunicação, 
dizemos q11e estamos diante de uma mesma língua. 
Seguramente, se fizéssemos uma an6.lise cios sons pro­
duzidos pelas pessoas de um grupo culturztlmente homogê­
neo e de mesma língu:1, encontrnrí.Jmos inúmeré.lS difercn­
ç.::is No entonto, essüs diferenças de timbre, de intcnsicL::ide, 
de c1ltur:1 etc., n5o s3o, freqüentemente, sentidas nem pelo 
emissor, nem pelo receptor, nem tampouco como impeditivas 
de comunicnção. 
/\ "posiç3o" rebtivc1 do signo explicitc1 a noção de valor. 
O.llémdo dizemos que umc1 peça ele abbastro Vi1le x, dizemos
que cb pode ser trocada por um outro ol�jeto de nal ureza
diferente dinheiro, ouro ele. Portanto seu poder de trocc1 esló
condicionado a relações fixéls existcn tes entre ele e objetos dc1
14 
mesma natureza, como outras peçns de nlabastro, prove­
nientes de outros lugnres. 
Na LN, o elemento ele troca é o signo lingüístico, que 
associa um significante (imagem ncúslicJ.) a um significado 
(conceito). Seu poder de troca esUí ligé!do ao falo de poder 
servir para designilr urna realidade lingüística que lhe é es­
tranha (reillidnde atingic!J. por intermédio de seu significado, 
mas que n3.o é seu significado). Méls esle poder significativo 
que constitui o signo é eslrilamenle condicionéldo pelas re­
lações que o unem aos oulros signos da língua, de sorle que 
n.10 se pode escolhê-lo sem o recolocilr numa rede de relações 
intra-lingüísticas. 
Com os limites próprios de umél linguagem construída, 
as linguagens clocumenUirias � LDs � se valem de quase to­
dos os conceitos apresentados para a LN, constituem sisternns 
onde as unicb.des se organizam cm rel,1ç·õcs de dependência. 
No entanto, n3.o se pode dizer que s�jil.m signos, urnn 
vez que faltürn a suas unidades caraclerísticüs bi\sicas ele sig­
no: significante e significado articulados segundo pmlrões 
sócio-culturais com clisponibilidaclcs virtuais de significaç3.o. 
Também n.'io dependem nem da lradiç3.o cultural, nem 
do momento social e sim de convenções cstélbclccidas no cem­
junto do próprio sistema que é, por isso, est:ílico e homogêneo. 
N3.o se processa com essas Iinguügens uma cornunicél­
ção no sentido estrilo. Processa-se, antes, urna decodificação 
purél e simples, à rn,meira de códigos csUílicos. 
Ivlas, a utilização de unidades retiradas da LN, dá às LDs 
um carMer parlicubr que as lorna, de certa forma, diferen­
tes dos sistemos esltilicos. Na sua utilizaçôo h;:í, como que 
uma contnrninüção da mobilidade da LN, passnda via esco-
15 
lbzis lexicais que se tr<1nsform<1m cm unidzidcs clocu­
mcntárié.ls. Assim, JS LDs n5o se livrarn completamente de 
interferências culturais que acahnm por exigir um trabalho 
qu<'.1se permanente de atu,1lizaçiio. 
O c.1rátcr sistémico fica garuntido com zi impossibilidade 
de se ler uma unicbdc cm scpar;)do. De foto, c.:lll.1 unid;-1de só 
pode ser ''lida" 11,1 sua relação com élS demziis unicbdcs com­
ponentes do sistema. 
Por serem sistemas cunstruíclos, ns LDs sfio cconômic.1s. 
Só que 11;10 se trata da ,1plicaçZio cio princípio de cconomiu da 
LN e sim de t1rn,1 r.1cion,1liz.:içJo de escollws e de procedimen­
tos, que pcrrnit:1111 um,1 utilizac_:;.1.0 eficaz do sistcm.1. 
;\s rcluçê5cs pé1r,1digrnáticas e sintagmáticil.s também 
ocorrem, só que de forma basl:mtc rcstritn, especi,1lmentr 
n;_is construçôes dos sinlélgm,1s. 
No cnL:rnto, n.is LDs fic.:1 evidenteo poder de troc.i di1S 
unidades, num,1 posiçi'io bastante próxim,1 d,1 LN. Cad,1 uni­
d;idc don1111cntária clcsign,1 t1m<1 re;:i]idadc drntro do sistema 
construído, o que lornü. evidente o v.ilor e él possihilid,1de de 
troca, de representação. 
!)e toda fornw, as LDs sfio trihut,irias da LN, n;i rncdidd 
cm que silo construíd.is a p;_irtir deb. Embora haja um esfor­
Çl) de ncutraliz.içZio de tTi-lÇOS que fazem da LN um sistema 
aberto, hetcrogrneo e multiforme, ,is l.Ds ac;1ham por assirni­
J:cir nlgum;_1s particul.iridades, um:1 vez que se vokm de uni­
dades chi l.N e sfio m:mipubd,1s, freqüentemente por seres que 
têm nc1 LN c1lgo, nutur;1lrnc11tc. incorpora.do ci su,1 existência. 
/\ funç;10 da I.D {: trnt;ir o conhecimento dispondo-o 
como infornwç.'iu Em outr:1s p.il:nTns, compete i1s Ll)s trans­
formar estoques ele conhecimentos cm informilções a.dcqu.1-
16 
cbs nos diferentes segmentos sociais. É esse partilhamento 
que esló. na b.Jse do cm6.ter público da inforrnaçi'i:o e que não 
pode ser obtido nu a.usência de 11rna LD. De f,.1to, duranle 
muito tempo acreditou-se que a disponibilização dos esto­
ques seria. suficiente pari1 .:1 sua socialização. Mas, allu:il­
menle, o fundamenl,11 é a existência de uma forma de or­
g;rnizüção que güranta o partilk1rnento. Ess;:i org;:iniz.:1ç,10 é 
,, LD. 
Coya.ud (1972) c1ponti1va, na rebç:i.o entre a Lingüísti-­
ca e n Documentação, ilquilo que consider.wa ser 11111 gr;in­
de defeito: por 11111 belo, os teóricos cb Lingúíslirn ac1hav;im 
lrab;ill1,111do sobre questões ahstrnt;is, ficarnlo inlciramcnle 
ausentes inf'orrna�:õcs sobre as línguas concrct;is. A seu ver 
os lingüistas poderiam ser divididos cm dois grupos: os teó­
ricos que pendiam pziri-1 ;i lógica, p,1r<1 a busca de L111ivl'Tsais 
dü li11g1wgem, ignor;indo mesmo i.lS línguas concretas; e os 
especialistas numu dada língua que ,1rnbarn por se fechar 
nclu e por força de um terminologia prôprÍ3 chcg�1Varn ao 
limite da inconrnnic;ibi!iclade, até mesmo com o grupo lcó­
nco. Entre estes dois extremos 11,wia um v,1zio. 
Evidentemente que esto quest}o nem é l,fo simples, nem 
li'io clara. De todn forma, parecem faltar lrahal11os de rnrá­
lcr extcnsiLll1é11 que poss;:irn f.1zcr de for111a produtiv.:1 a lign­
çJo de teorias conlemporé1neas com prMicas soci,lis. 
Conhecer primeiro os meandros cb linguc1gern p,1rcce 
ser pré-requisito, r;iúi.o pela qu;il fori1111 introduzidos nesse 
livro conceitos qur pcr111Íli1111 ;iprof'undar conhecírncnlos Ji.1 
,1c11mulaclos. 
Oo ponto de vist;i cb lingu,1gcrn três aspectos rncrecnn 
dest;ique: ;i de111,1rc;içJo, a signific1çJo e a comunic.1ção. 5,°io 
l 7 
esses aspectos que, segundo Kristevo (1969:14), permitem 
dizer que todas élS µr6.ticas human;_is sJo tipos de linguagens. 
Quanto us linguagens documentários, é necessário que 
scjJ.rn vislAs, simultJ.ne:uncnte, como sistemas e como prá­
ticas sociois com lod;_is as suas implicações que vão de seu 
aspecto moteriol, consubstanciado cm codeias ele unidades, ?! 
sua 11::-ilurcz,1 comunicativa que pressupõe acordo entre su­
jeitos que dela se valem. !\!esse sentido, urna LO n:'io se apre­
sent<1 como uma construçil.o univcrsol, segue princípios (mi­
cos, mas reflete práticas soci<1is distintas relacion;:ic!as 1150 só 
às nccessicbdcs cspecífic<1s de informação dos v{trios scg­
rn enlos sociais mas também aos vjrios consensos que os 
rnracteriz:1m. 
O livro orgonizil-sc, além d.1 Introcluçi:io, em quatro ca­
pítulos O primeiro trnz considerações, como o título sin<1li­
z<1, sobre conhecimento, informnção e linguilgcm vcrb.Jl ou 
natural - LN. O segundo enfoca asµeclos importantes das 
linguagens JocumenUírias - LDs. O terceiro discute relüções 
intervenientes nas linguagens document.:írias e o qumto re­
lomi:l conceitos de se111ilntic;1 lingüístirn que têm µapel f un­
d<1rnenlal n<1 construçi'io de LDs. 
18 
1 
Conhecimento, informação e 
linguagem 
.. � ... 
1 .1 CONHECIMENTO E INFORivl:\Çi\O 
Em est:ido dicionário informação significa "aç3o ou efei­
to de informar", "instruçâo", "indagélçJo", "investigc1ção", 
"notícia". 
O significêido de i1!formaç/ío implic.J a presençi-1 de serné.ls 
que envolvem apresentaçJo, representação ou criação de idéia, 
segundo uma forma. Em sumi1, a informação constitui, ela 
mesmc1, um conhecimento potencialmente tro.nsmissível. 
Sob outro ângulo, pode-se dizer que a i,formação rela­
ciom1-se ,?i identifirnção de um ''sinal" e supõe umil "forma" 
p;:1ssívrl de ser interprelé:1dé.1 como mensagem. 
De outr;:i ótirn, ainda, sabe-se que a i,�formação se cons­
titui, ni.l sociedade modern<1, em ingrediente indispensável do 
dia-<1-dia dc1s pessoas, graças, de modo especial, aos veículos 
de comunicação de mass<1 
Entretanto, é em sentido específico de algum tipo de co­
nhecimento produzido no nível do mundo científico e 
tecnológico que interessa fazer considerações. 
Dü mesma forma que a informação acontece nos dois 
19 
cxtn-mos do circuito da comunicnção, o conhecimento Jcon­
tece no extremo do emissor, responsável peb criaçiio cm si e 
no extremo do receptor, onde se e.ló. il recepção du inform<1ção 
criach 
Neste sentido, 1x.1rcce indiscutível que il infonnaç.io cum­
pre p:ipel decisivo na mudanç:i dos destinos dü llllmanicbde, 
uma vez que ela está, dirct1mcnte, ligada ao conhecimento e 
;10 desenvolvimento ck cadn um.:i das ,Ín'as do saber, )<"i que 
todo conhfcirnento começi.1 por algum tipo de infonn;1çôo e 
se constitui em inforrnilçi'io. 
A purtir da déc1cb de 1970, a noção de informaçiio, hem 
como os lermos que ;1 represcntnm tomam vulto, seja 11;1 
constituiçJ.o dos discursos, seja n.1 crinç.:io de disciplinas cs­
pecífico1s. ;\credita-se mesmo que a sua expansifo represente, 
na sociedade ocidt'nl�1l, um elos maiores sucessos de uma p:i­
lavra no século XX. 
i\ utilizaçJo rccorrrntt' da p<1bvra gerou, como é natu­
ral, urn<.1 variaç5o conceit u<1l. Assim, fab-se do conceito de 
informação em diferentes áreas de conhecimento, podendo a 
rel<1ção infon11;1ção/conhecimento ser observadJ ;1 partir de 
trfs aspectos que se complcmcnt;1m: 
• engu;rnto o conhecimento é estruturado, coerente e
frcgiientemcnle univcrs,1!, il inforrn:1ção é atomizada,
fra.gmenladc1 e p,1rticular;
• cngu;mto o conhecimento é ele duração significc1.tiv.1,
a informação é lcrnporáriil, transitória, U1lvcz mes­
mo efêmera;
• enquanto o Clll1hccimcnto é um estoque, �1 inforrné1-
ção t um fluxo de mensagens.
20 
Com efeito, o estoque de conhecimentDs é alterado com 
o input ele novas informações, em virtude ele adições, reestru­
turnç·ões ou mudanç<1s.
l'vlas, para que o conhecimento <ln sociedade não se perc.1 
e possa ser compartilhé!do, ele é registrado num do.do su­
porte: livro, imagem, foto, disco etc., passando ;-1 se consti­
tuir um documento. 
O desenvolvimento científico e tecnológico tem 
proporcionado ;'i sociccbde um.1 massn enorme de inforrn;-1-
1;:ôes ger,1doras de conhecimentos, portanto de documentos, 
que precisam ser tratados ,1dequadamc11te para que h,�j;i n.io 
só a sua divulgaçJo, como também .:.1 criaçJo de novos co­
nhecimentos, cumprindo ;1ssim a rotina natur.:.11 d,1 própri.:.1 
ciência. 
Daí o papel fundilmcntal da {irea de documentuçiio, 
respons;ívcl pela tri,1gem, orgzrnização e c011scrv.:.1çJo cb in­
formaçc°io, bem como pela viabi!i7.élç:io a seu acesso. 
Hé'í que se considerar que i'l massa considerável de docu­
mentos em papel que constitui volume consider.ível vêm se 
jtmLmdo, de forma t<1mbém crescente, documentos cm ou­
tros suportes como disco, fotogr;if'i.1, fit.1 111;1gnétic1, vídeo etc. 
Scgt111do Waddington (1975), é pr:1ticamcnte impossível 
cbr uma imagem do mundo moderno, ciue chegue próxim.1 
da cxzitidiio, cm termos Jc conhecimentosacunll!bdos. En­
trel,mto, pode-se chegar a ter uma idéia parci,.1! do probk­
n1:1, qunnclo se consideram os estudos sobre o crescimento 
d:1 inlormziçJo científica e técnica nos últimos dois séculos, 
;Jl r,1vés só das publicações Je rcvistc1s especializadas desses 
,luis campos. 
As dui.15 primeirns revistils inteiramente dedicadas ;'i ciên-
2]
eia começaram em 1665: The Philosophical Transactions of 
thc Royal Society of London e Journal eles Sçavants (frança). A 
partir de 1760, houve uma implcmcntaç5o de publicações 
desta natureza que, pouco él pouco, prt1ticamcntc duplica­
r,1m i1 cada quinze anos. 
Sabe-se que ;:i.té meados da segunda metade do século 
XX. for.::1111 fund.::idas mais de ·100.000 rcvistns cicniífirns. No
entanto, n5o se sabe qu;:inLJs dcsapareccr;im e, hoje, é pratiGl-
111.ente impossível dizer o número ddns. Para se ter uma idéia,
em 1938, c;ilculou-se ern 33.000 o número de revistas cien­
tíficns publicadas, sendo que no final dos ;inos "J 960, ele atin­
gi;i cerca de 60.000, com um milh5o de artigos in<lividun.is
por ,u10 Estimava-se, cm 1996, que havia 200 000 perió­
dicos em circulação, número que continun crescendo pri11ci­
p,.1lmentc <1 pürlir de sua difusão em formato eletrônico
Os cbdos s.'i:o, sem dúvidn, imprecisos, méls suficientes 
para demonstrar a dimensão do probkrna ct�jo desdobra­
mento pode ser observado por meio da criação de revist;:i.s 
secundárias e terciárias, do fenômeno da "redcscoberlé1" cien­
tífic1, da tendência.:) cspeci,1liz<1ção e d;i rApida obsolescência 
da informaçno 
Com efeito, i1 primeira revisla secundária, n�ja fun�·Jo 
é resumir e sintetizar os artigos publicados nas revisL:is pri­
mártas, surgiu na A.lcm,111ha em 1714. De b par<1 có, esse 
tipo dr periódico veio aumcnt.:rndo, cheg,rndo mesmo é1 mul­
tiplicar-se com, praticamente, ,1 mesma taxél exponencial d,1s 
revistas prím:.irias. Em 1960, czilcu!ou-se em 1.900 o nú­
mero desL1s revist.1s secumtirias. 
O volume de revist<ts sccund.:í.rias levou à cri,içJo de re­
visléls tercüírias que informavam sobre as revist<1s de sín-
22 
tese. Sob essa mesmi'l perspectiva, criou-se o Sistema Uni­
versal de lnformaçiio Científica (UNIS!ST), com o patrocínio 
dé1s Nações Unidns, com .:, tarefa central de arm.:1zené1r toda 
a informJção científirn em um comJmlJdor central, dotado 
de um sistema de busca. 
O terceiro desclobré1mento diz respeito il um frnômeno 
muito comum hc�je: é mnis fócil redescobrir J.lgo que saber 
se zilguérn jtí o descobriu antes. /\creditam alguns que este 
fenômeno cb "rcdescobcrt:1" poss:1 tornar-se um dos princi­
pais fotores limit:.H.lores da li.1xa de .:iv;_rnc,:o da ciênciil na so­
ciedade contemporé'\nc:1. H;:í, por vezes, um dispêndio enor­
me de recursos ln1111anos e materíélis p,1rzi drscohrir o j6 
descoberto 
/\ trndênciil fi rspccic1liJ;:.1dc constituiu um;_1 c.1r;_1eterís­
tica muito presente 11,1s décad.:is p�1ss,1<las, chegando mesmo 
:1 motivar filósofos e cduc1dorcs p,1r;_1 discutir ;1 questão da 
intcrdisciplinaricbcle. Nos úllimos anos, embora oinda per­
sista, com s;_1liência, esln c.:iracterística, assish:-sc a urna for­
te reaçilo à alta especialidade, de modo pélrticular com os 
movimentos denominados pós-modernos. 
;\ velocicbde de procliH;,"ío ele inforrn.:içilo tem como con­
scqiif'ncia quase imcdiat:1 ,1 obsolcscênciil de conhecimentos. 
De .Soll:1 Pricc discutiu isto cm krrnos cio que ck chzunou de 
coeficiente de irncdialismo: se ,1 qu;:mlicfade de infor111.1ç'i'10 
dobra cm quinze anos, rb sCTin ,r\ no início deste período e 
lA no fim do mesmo período O acdscimo de A é A e o 
coeficiente de imecli<1tismo é i\./21\ = 1/2. lslo é, ao c.1bo de 
quinze ;_mos, 50% chs i11forrn;1\·õrs disponíveis ser3o fruto 
de descohcrL1s rcaliLi1cli1s durc111lc o pcríudo cm qucst.:io (Pricc, 
·1965)
'.)� __ ) 
Não é difícil perceber que em áreas de awmço muito 
veloz, como n computaç.10, o período de duplicaçJo não é 
15 anos, mas muito menor, talvez 4, o que ampli,� b.1stante 
o índice de obsolescfnci.J.
/\.ssim, cieiro esl{i que ninguém pode, nem mesmo numn 
área de especiulidadc, avenl urar-se a "conhecer" ludo o que se 
publica. f'vfas também é cbro que uma pessoa pode conseguir 
informações p,nciais em níveis satisfolórios, gri..lps aos meios 
desenvolvidos pnrn gu:irda e rccuperaç.10 e.la informaçiio. 
As necessidades, 11.:üurülmrnte, v.:iriam de um domínio 
parJ. outro, de um grupo para outro, segundo o eslé.Ígio de 
Jcst'nvolvimenlo da .íreo., a n.:itureza cios usu.:ít·ios, seus ob­
jetivos A.pesar dessas variações, é preciso que as informa­
ções srj;:im confiAvcis, atuais e inwcfoltamcnle disponíveis. 
Para se chrgar i.l isso é indispens,1vel um trabalho sistc­
míltico que se compõe de um conjunto de opernções cm ca­
dei,1, isto é, operações marcadas por íntima relação entre cada 
urna das etapas: .:is últinrns oper;-1ções estão ligadas .:)s pri­
meiras e as primeiras v.10 conduzindo às últimas. 
Numa extrc111id�1de da rnciciJ. estJo os documentos que 
seriio [ralados e, na outra, os resultados desse processo ex­
pressos em produtos docume11l,írios cio tipo: rdcrêncii.ls, des­
crições de documentos, publicações secuncli5ri.:is e terciéÍrias. 
O processo começa peln opcraçi=io ele coleta Jc dados que 
se constillli num procedimento ele alimcntaçi'io, por meio do 
con1unto de documentos que p,1ss;1rn a intcgri1r umJ. unida­
Jc ele informc.1çfio 
A primeiri1 rJ.se que se decompõe em éllgumJ.s eli.1p�1s 
sucessiv,1s (loc;ilizaçâo de documentos, triagem e escolha, 
procedimentos de üquisiç<lo propriamente ditos) exige pro-· 
24 
fissionais atualizados em relação à evolução <lo conhecimento 
e à produção no domínio considerado, o que supõe que a 
unidndr dr informação esteja bem integra.da no circuito cien­
tífico nacion:.11 e internacional, formal e informal. 
Quando se trüta de publicações disponíveis no merca­
do, a coktn npóia-sc em fontes identificáveis e acessíveis: dc­
pósilo leg.Jl, bibliografias nacionais, G1ti.Í]ogos de editores, ou 
c:1tólogos coletivos, índices, repertórios, bibliografids de toda 
espécie. Mas, quando se trata de localizm um.:i lilerntura dita 
sublcrrânca, é fund,1mcntdl que se poss.J dispor de umél rede 
de perrnul;1 e de aquisição sistern.ítica, o que implica inte­
gração no circuito científico da ,írc�1. 
A scgundn fase do processo consiste cm opernções de 
controle e registro do materi,11. Nesta fase, é frito o tratü­
mcnto intelcctlwl dos documentos, por meio <le descriç,10 lii­
bliogrófica. descrição do conteúdo, cstoc�1gem, busca e difu­
são. Todüs essas opt.>rações visam cncontrnr, de imedi,ito, a 
informnção necessúria pari1 responder à dcrnand,1. 
i\ tmefo inicial consiste cm proceder à idrntific1ção do 
documento, o que é feito por intermédio de urna dcscriç5o hi­
bliogrMiG1 ou de u1Lílogo que explicita Slli.1S c:11-;_1cteríslicas for­
m.:i.is: autor. título, fonte, formato, língua, data da ecliçJo etc. 
Em scguicb, é frit:1 a descrição do conteúdo, dcnomina­
cb análise clocumcnlária. Esta etap.:i. recobre oper<1ções de des­
crição das informac,-õcs que trazem o documento, e i1 trndu­
ç.3.o dessas informações 11u111<1 formubçâo aceiLí.vel pelo 
sistema adolado. 
Daí nasce il rclé1ção cb ciência da inforrnaçZín com a lin­
guagem nnturnl, rclnr,10 que p1-ccisc1 ser ;111<1lis;1da do iln­
gulo dil guarda e da recuperação dos documentos, por meio 
25 
de sistemas que fazem a representação dJ inform;:içiio que 
veiculam conhecimento. 
Não só o volume de documentos constituídos cm lin­
guagem natural, corno também a nJ.turezJ. da linguagem 
verbal, justificam um;i reflex."io e specífica 
1.2 LINCUAGEM: CAR,-\CTERÍSTlCAS GERAIS 
A linguagem, enquanto ol�jeto de reflexão, perde-se no 
tempo; entrelirnto,enquanto objeto de uma ciência, é relati­
vamente recente. 
O rnrcJ.tcr científico deu à lingungem um.1 f"orp t"1l que, 
hoje, pode-se dizer que da é tornadiJ como chave ele acesso 
do home m moderno .:'is leis do funcionamento social 
(Kristeva, 1969). 
Embora, desde sempre, da tenha sido considcrad.:1 na 
sué.l articulação hornt'm/socicd"1dc, hoje, busca-se um isola­
mento metodológico na tentativa de vê-b corno ol�cto par­
ticulJ.r em si mesmél. O homem como que se distancia, se 
descola dn Jinguagrm que o constitui e obriga-se n "dizer o 
modo como diz". (Kristeva, I 969, p. 14) 
Neste esforço de m:lis e melhor conhecer .:1 lingw1gcm, 
os primeiros aspectos que se sobressaem s3o ,1 dcrnarcaç.10, 
a significação e .:1 comunic.:1ção. 
Em primeiro lugar, é preciso dizer que todJ.s as pdti­
c;:1s humanas s:io tipos dt' linglli1gcns, j;í qut' cbs têm :1 fun­
ç5o de c.lcm,irc1r, significar e comunicar. Entrd:111to, como 
c1ssi11:1b Barlhes (1964), C]lli1lqucr sistem:1 scmiológico repas­
sa-se de linguagem verbal. 
26 
Ao longo <los tempos, a concepção <le linguagem foi se 
modificando, à mercê do saber constituído e <la ideologia rei­
nante. J\lé o século XVIII, predominou uma concepção teoló­
gica que colocava cm primeiro plano sua origem e as regras 
universais da sua lógica. O século XIX foi marc1do por uma 
concepçô.o liisloricisla que via a linguagem como um pro­
cesso cm cvoluç.:io alr.Jvés dos tempos. Hoje predominam as 
concepções <la linguagem corno sistema ern funcionamento. 
J\ prática da linguagem é marcc1dc1 por umc1 tendência 
n.Jtural do homem: compreender, governar e modificar o 
mundo. Com efeito, o homem busca, incansavelmente, e11-
ccmtr,1r um.:i ordem para as coisas, j.5. que um mundo caóti­
co seria incompreensível, insuportável; por isso ele busca 
encontrar, em meio n aparência caóliG1, uma ordem mesmo 
que sul�jacenle, uma estruluré1 capaz de explicar JS coisns. 
Nél sua busca ref1exiva, o homem trabalha com umn es­
trutura que é, a um só tempo, estMica e dini'imica, isto é, que 
permite .J fixaç.:io de cada c1parência dentro do esquema geral 
de referência, ao mesmo tempo em que deixa esp,1ço para que 
essa mesn1,1 aparência su1ja num outro ponto do quadro, a 
partir de outras relações, repelindo o mesmo processo. 
/\ssim, situa-se numa ponta a .:_1preensão e, na outra, a 
compreensz"i.o O primuro esforço, o de fixaçô.o, equivale ,1 
uma Céltalogaçô.o do mundo. O segundo, o de coordenação, 
equivale a uma hierarquizaç.'io do mundo 
E dentre :1s coisas a conhecer, provavelmente, seja a lin­
gu.:1gem verbal uma das mais 111trigilntcs, jó. que ela se foz 
presente no dia-,1-dia, de forma inalienável, participando do 
processo e do produto deste conhecer. 
Como é feita <le palavras, a grande maioria dos dados 
27 
de que o homem dispõe, daquilo que forma seu intelecto, 
p.::in:cc importante pensar a p;:ilavrn, unidade recoberta por 
inúmeras dificuldades, entre élS quais pode-se cit;:ir o fato de 
nem todJs as línguas possuírem escrita e, portanto, ;:i idcn­
tificaçiio da 1x1lavr;:i com o espaço em branco ser, cm alguns 
cé:lsos, inviável. 
f!usser (1963, p. 22) lenta atingir um nível de explirn­
ção pélra a palavra, construimlo uma imagem que tenta ex­
pressar él passogem das sensações para a lingu.::igern. Diz ck: 
"Há, ap;_irenternente, um,1 insU\ncia entre sentido e intelec­
to, que transforma dado cm p3!.:lVrél. O intelecto sensu stricto 
é uma tecel<1gem que usa pabvr;:is como fios. O intelecto 
smsu lato tem uma ante-s<1la n:1 qual funciona uma fü1çi-'io 
que tr,rnsform,1 o.lgod.'io bruto (dados dos sentidos) em fios 
(p,1lavras). A maioriz1 Uél m:1 téria-prima, porém, jA vem cm 
forma de fios." 
Para ele, :10 se dd"inir realid<1de como conjunto de dados, 
se estéí concebendo que .1 vid.i do homem se passa numa du­
pli:1 realidade: por um lado, ,� re.:1lid<1dc cbs palavrns; por ou­
tro, a rei1lidack dos dac.los brutos ou imediatos. Co11siderc1ndo 
que os e.lodos brutos oliqj;:im o intelecto nJ. forma de p,1la­
vrJs, pode-se dizer que a rco.lidacJc se f;iz com p;1bvrns e p<1-
bvr.1s in statu nasccncli. 
Na prcítica da linguilgcm !1é.llural, sabe-se que ;is p:1la­
vras chegam até ,1s pessoo.s por intermédio cios sentidos de 
forma org,rniz;i(b, isto é, si'io agrupadas ele acordo com re­
gras preestahclecicJas, formando frnses. 
De um bdo, entJo, ;1 língua pode ser vist;:i como um 
sistema cuj;is unidades se articul:1m nu pbno da expressão e 
do conteúdo, planos que se unificam como o ímico modo de 
28 
ser do pensamento, a sua realidade e a sua rc<1lizaçô.o. As­
sim, a língua integra o universo mais amplo da linguagem e 
atua corno elemento fundamental na comunicaç5o social. 
Da mcsrnél forn,il que não há socied;-i<le sem linguagem, 
nzio há sociedélde sem comunicação. "Tudo o que se produz 
como linguagem tem lugm· nél trnc.:1 soci;1l para ser comuni­
cado" (Flusser, 1963, p. 12). 
Nél comunicação, ohserva-se que todo f,1Lmte assume 
o cluplo pélpcl de destinador e destinaUírio Jc mensagem, pois
�10 mesmo tempo cm que é capaz de emiti-Ias, sabe decifrá­
Lis. Ou sejél, na situação natur;1l de cornunicaçJ.o, o fa!.,mtc
n;:io emite mensagem que ele nôo sc:ja capaz ele decifrar.
Assim se introduz o fobntc no complexo domínio do 
sL�jcito, isto é, no universo ela sua constituiçJ.o e da sua rrla­
ç;fo com o outro. Na rclé1Çi10 consigo mesmo e com o outro 
fabnlc, opera com o ato de nomrnr que é frito com ,1 língua, 
exterior élo indivíduo e submissa a umél espécie de contrato 
soci;1] firmado, n,:lluralmente, para garantir J comunicação . 
.r\ língua é, pois, um sisternél de signos e regras com­
binütórias que, de fato, nzi:o se rrnliza completamente na fola 
ele nenhum sujeito. Ele, só existe completamente na massa, 
no co11JU1lto de uma socied,1c!c. Mas t;imbérn é um sislemél 
ele relações virtuais cm permanente disponibi!i(bclc para o 
folante. 
Enqu,mto realizaçzi:o, pode-se dizer que, qu.:mdo as pa­
bvL1s s.'io percebidas, percebe-se uma realid,xle ordenada, 
um cosmo, o que permite di7.er que a língua é também o 
coi'.junto de frases percebidas e perceptíveis 
Por outro lado, as p;1bvr;1s sJo aprccmlidas e compreen­
didas como símbolos, isto é, como tendo significado, por-
29 
que, por meio de um <lcordo entre vários contratantes, elas 
substituem algo, apontam para algo, são "procuradoras" de 
algo. 
É, pois, <l partir de um acordo entre st�jeitos que os sinélis 
são apreendidos e compreendidos, reJ.lizando, em sociedmle, o 
GHi.'íter simbólico cl.J. língua, condição do pensamento. 
Tradicionalmente, são distinguidéls as palavras él pü.rtir 
de seus significJ.dos em substantivos, acljetivos, verbos etc. A 
mesma tradiçJ.o ensina que substantivos significam "subs-
15.ncias", que acljetivos signific.J.m "qualidades", que verbos 
signifirnm "processos modific.J.nclo substilnciéls", que prepo­
sições e conjunções significam "relações" entre substâncias 
Essa classif'irnç:ão, nJ.o obstante ser enfatizada, oferece 
pontos de conflito muito evidentes. A.ntes de mais nada, ela 
pressupõe umél realidade absolut<l, um universo uniforme­
mente ordeno.do, urna estrutura rígida de mundo, e'.Spclhada 
na estrutura da língua. É mais ou menos como na concep­
ção platônica em que o fenomen.J.l espelha a estrutura do 
mundo cl<ls idéias. 
Se <l realid.J.de rn,iis ampla mostrn línguas como o chinês 
e, de resto, as língu;is ,iglutinadas f assil{1bicas onck esta divi­
são não faz sentido, <l. presença mais imedi3ta da língu.J. m.J.­
lern3 mostra reéllidades que põem cm cheque esta divisão. 
Enquanto n<l. frase "Isto é uma caixa grande", "caixa" e 
"grande" são expressões .J.utênticas, respectivamente,das sig-
11ifiu1ç:ões substâncii.l e qualidade, n,1 frnse "Isto é um cai­
xão" a qualicl.J.de como que vem engolicl.J. pela substância. J{J 
nil frase "Viver é luti.lr" observam-se processos assumidos 
como substil.ncias. 
Os exemplos poderiam ser multiplicados, 1jara mostrar 
30 
que a cla.ssifirnção absoluta n3o corresponde à re<1lidade. 
Entrclémto, é preciso éldmitir que a classificação tradicional, 
mesmo com possíveis defeitos, oferece vantagens, na medi­
da cm que e!J. permite ver a língua corno um sistema de 
símbolos apontando parél <1lgo, ou significando <1lgo. Na 
rez1lidade, a línguél não se constitui num cortjunto de símbo­
los equivJkntcs, rnc1s, antes, num conjunto de símbolos 
hiern.rquicamcnte difcrenciJc!os. O signific<1clo de c;1cla sím­
bolo só se torna compreensível dentro do conjunto do siste-
1m1 inteiro. 
A língua não é funçJo do sL0eito falante nem sucessão 
de pé1lavr,1s correspondentes ü outras equiv,1lentcs. É um sis­
tem,1-estrulura de valores e formns. Os sistcmJs de v.Jlores 
nfio sZío construções p<1rticubres de um indivíduo; s.10, ,m­
ies, o resultado de todo um contexto socioh1stórico que de­
terrnin.:i ;.1s condições de produç.10 do discurso. 
31 
2 
Linguagens documentárias 
2. N:\TLIREZA, ESPECIFICIDADE E FLIN<_:ÔES
llrn rJpido retrospecto sohre a ií.re.i da documentaç,.fo 
moslr,1 que, nas décadas de 1950 e 1960, com o crescimento 
do conlwcirncnto científico e tecnológico, houve dificuldades 
para arm.izenar e rccuper:ir informações. A soluç:'io foi en­
contrada com uma mud:inça do enfoque e da nmccituaçJo 
da recupcro.ç3o da informa1,::'io. Com efeito, foi 3.Jxrndonada 
él JKrspecliva preferencial de rccuper.:içõ:o bibliogrófica e nor-­
malização cli1ssiricatória e descritivo., buscando-se a cons­
trução de linguagens próprias. 
Vem dest.1 époc,1 a ulilizaç.'io de Linguagens Docu­
rnent,írias - LDs, par:1 ,1 recupernçi'io Ja informaçZio. Essas 
lingu,1gens sJo, pois, construícbs para indexaç:10, arma­
ZfI1<1rnento e rccupcraç:'io da i11formdçiio e correspondem ,1 
sistemas de símbolos destinados a "tu.1duzir" os conteúdos 
dos documentos 
Como decorrênciil destil 111 ucbn�·a de conu:il uaçZio da 
6rea, houve grande concentraçJo cm cst udos de Lingüística 
e de Eslillística, especi,1lmente para viabilizor ,1 ;mtomc1çi:i.o 
do tratamento cfa informc1ç,10. 
Com os estudos de Ling i.iístirn esprrava-se resolver pro-
33 
blemas de vocabuljrio, tendo em vista a construçno de ins­
trumentos nrnis adequndos Estes estudos lev.::m:im a an;'íli­
ses de conteúdos e.la Linguagem N;:itural - LN, a buscas de 
métodos de padronizaçõ.o relativos à pass<1gem d.1 LN p<1rn a 
LlJ, ;.io estabelecimento de mecanismos para é1 est rut urciç3o 
de campos scrn.5.nticos, df c;:impos associativos e de c.1tego­
ri;_1s funcionc1is. 
/\ EstAtística, por su;:i vez, foi tom.1dc1 como instrumento 
de apoio, tendo cm vist.1 determinar freqüênciéls de descri­
tores, mapeamento Jc ocorrências e <111iÍ!ise de citações, o que 
levou élO desenvolvimento da Bibliomctria. 
No .1mplo universo da linguagem, éls LDs possuem um 
status muito p;:irticul,ir: por meio delas pode-se representar, 
de 111z111cira sintética, as informações materiéilizacbs nos 
textos. 
Tal como a LN, as LDs são sistem,,s simbólicos instituí­
dos que visam facilitélr a cornunicaç3o. Sua funçJo cnrnuni­
Céltiv.:.i, entretanto, é restrita a contextos document;'írios, ou 
sej.:i, ns L.Ds devem torn;_ir possível a comtmirnç5o usu,-írio­
sistema. 
Grande pc1rte das discussões teóricas sobré' LDs inserem­
sr no 5mbito cb /\nólise Documrntjria que, por su,1 vez, se 
define corno uma atividade mclodo!ógicé1 específicé1 no inte­
rior d.1 Documcntaç5.o, que trata d.:.i análise, síntese e repre­
scntaç.10 da inform.:içâo, com o objetivo de recuperá-la e 
clisseminá-b. 
Nesse contexto, as LDs são, pois, instrumentos inter­
mediários, ou instrumentos de comutação, através dos quais 
se realiza a "tr;.idução" d<.1 síntese dos textos e das perguntas 
dos usuários. Estél "tradução" é feita em unidades infor-
34 
macionais ou conjunto de unidades aptas a integrar siste­
mas documenti'írios. !\ formalização d<1s perguntas dos usuá­
rios é feitzi rn.1 linguagem do próprio sistema. É por esta ra­
zão que as LDs podem ser concebidas como instrumentos de 
comutação documentária. 
Ivl3s, diferentemente da LN, o sistema de relações das 
LDs não é virtual, hem corno seus rneGmismos de articub­
çii:o s.10 extremamente precários, em frice daqueles existen­
les nas língu.:is em geral. Bem uo contréÍrio, elementos dessa 
linguagem específica sBo selecionados de universos determi­
n.:1dos e seu sistema c.le rclaçües é construído, sendo indis­
pens:i.wl, para utilizj-Ja, n existência de regras explícitas Por 
esse motivo, as LDs são linguagens construídas. 
C.:ida LD específirn representa, por outro Indo, um pon­
to de vist.1 p;:irticubr sobre a rcalidé1de. Como sistem.:i de 
rclaçües construído, o signific1do c.le cada um de seus ele­
mentos vai estar direL'..1mente subordinado às definições cor­
respondentes .:ios elementos colocados nas posições supe­
riores do sistema. 
Segundo Gardin, uma LO é um conjunto ele termos, pro­
vidos mi n-10 de regras sintiitici.1s, utilizadas pnra represen­
tar conteúdos de documentos técnico-científicos com fins de 
clé1ssific.1ção ou busc;1 relrospectivn de inform.:içõcs (Gardin 
ct al, ]968). 
Para o autor, umél. LD deve integrnr três ekrnentos 
b;isicos: 
• um léxico, identificado como urna list.::i de elementos
descritores, devidnmente filtrados e depurndos;
• urna rede paradigrn.:ítica pnra traduzir certzis relações
essenciais e, geralmente estáveis, entre descritores. Essa
35 
rcclc lógico-sem5.ntirn, corresponde i'1 org;:mizaç3o clos
descritores numa forma que, lato sensu, poder-se-ia 
chamar classificaçJo; e 
• uma rede sint<1grn;Hiu-1 destinada a express.:ir as re!u­
ções contingentes cntrc os descritores, rcluções que s<"i.o
v,ílidas no contexto particllbr onde aparecem. A cons­
truç.:io de "sinlagm.1s" é feita por meio de regrns sin­
táticas destinadas J. coorden.:ir os termos ciue dão conl,1
do tema.
Embora 11.1 LN haja diferl'nça conceitua] clara entre lé­
xico, vocabul.írio, nomencblura e terminologia, observurn­
se usos sinonírnicos dC' léxico e voc,1bul:.írio por um lado, e 
nomencbt ura e lerminologi,1 por outro. 
Nas LJJs, por sua vez, é bastante freqi"icntc o uso 
inJiscriminziclo destas p,1lavr;1s, o que pode compromder o 
próprio conceito ele reprcsent,içiio clocumcntária, na medida 
cm que a cada lermo deveria corresponder urna funç.:io dife­
rente dentro du linguagem. 
Entret.1nto, cadél urna dess.:is pnlavras remele ,1 conceitos 
específicos, o que nos permite dizer que cada umn tem 
c;ir;iclcrísticJs e funções própri,1s, fator suficiente p;_ir�1 im­
pedir sua lltilizé1çôo indiscriminadél. 
Embor�1 mesmo nos L'St udos das ciênci.1s d.:i linguagem 
h;�j;1, eventualmente, refcrênci..1 a léxico e vocahul,írio como 
conjunto de pabvr,1s de uma língua CHI de um autor, de um,1 
arte otl de um meio social, a rigor, léxico design,1 o conjunto 
de unidades re.:iis e virtu,1is que formam a língua de uma 
comtmid,HJc, algo como um depósito de dcrnentos cm C'sla­
do irlua.l e dt' regras que permitem a construçi'io ck novas 
unidmlcs, ncccssJri;1s para a atividade lrnm,rna da fala. 
36 
Já vocabulário refere-se ao conjunto de ocorrênciéJs que 
integrom um determinado corpus discursivo, como uma 
lista de unicbdes d.::i fzt!a (Duhois ct al., 1973) Assim, pode­
se fribr no voc;ilnil,írio que encontr,1mos no trilbalho de 
Cu11ha, rebtivc1mcntc i1s ocorrências rcgistmdas nos discur­
sos sobre polílicn colonial de 1\driano J\11oreiro (Cunb.::i, 1990), 
ou no vocabul6rio médico, a partir de lcva11larncnlo cm 
dcterminacbsobras médirns, por exemplo. 
Em termos de L!Js, nâo foz. sentido folar nC'm cm léxico, 
nem cm vocabulário nas :1cepções d,1 Lingüístirn, uma vez 
que esses ekmcntos s.10 específicos da LN. As LDs, lingu:1-
gcns construícbs que s:io, com finalidades espccffic1s de 
rcprcscntaç:io Jocument;'iria, nJo sJo suíicicntcmcntc ,1rli­
cubdns, 11cm se constituem cm unidades geradoras de no­
vos elementos. 
Também !l:i.o inlegr,rn1 vocabulírios propriamcnlc di­
los porque suo formadas de 1x1bvr;1s preferenciais, comhi­
n,1ndo pabvr�1s de vornbul,írios de dctermi11aclos domínios e 
palavras utiliz:-icfas pelos us11Jrios. Desta forma, englolx11n 
vúrios voc:ibul.írios, representativos ele vúrios discursos /\s­
sim qu:rndo :1 p,1bvr�1 vocabutírio rdffr-sc ?t LD, eleve ser 
entendida segundo esta úllim:1 :1cepçiio, que privilegi:1 um,1 
constituição a partir de origens diferentes 
Urna 11oml'ncliltura, por sua vez, como sugere ,1 própri;1 
p,1l,1vra, diz respeito ú açZio de cl1arnm algo por seu nome. 
,·\ssim, se constitui cm list:1 de nomrs que- st1põem biuní­
vocidade dn rcbçJo significudo-signilic,rnte (Dubois ct ai., 
1973). T1lvez se poss,1 melhor car<.1ctcrizar uma nomencb­
luri-1 como ctiquctils que dcsign;irn coisas ou conceitos pré­
cxislcnlcs, como a nomcnclatur,1 d,1 QuímiG1, por exemplo, 
37 
fül qual, independentemente de um sistema nocional porti­
cular, algo se cbamél ouro, nitrogênio ou potássio.
Diferentemente de um.1 nomenclatura, uma terminologia
refere-se élO conjunto de termos de um.1 área, termos rclacio­
n.:1dos e definidos rigorosamente para designar as noções que 
lhe são úteis (idem, ibidem). Assim, por exemplo, a termino­
logia da educação hrnsileira pode ser encontrada no Glossá­
rio de termos em educaç3o (Br.1sil, Ministério da Edurnção e 
Cultura, 1980). Trata-se de um sisternél de termos orgt1nizc1-
dos a partir de noções particulares. 
É bom lembrar que todo conhecimento Lécnico-cienlí­
fico desdobra-se num universo de linguzigem. ,\ lingua­
gem condiciona o conhecimento objetivo, determina os li­
mites e su.:1 formulação (Grangcr, 1974). As linguagens 
construídas exigem formulações rigoros,1s de sentido <"i me­
did.1 que a próprin ;:itividade se encontro subordinoda lt 
articulação da linguagem. Desse modo, c1 atividade termi­
nológica é parte constitutiva da ativid.1de lécnico-científirn 
e diz respeito, dirct.J.mentc, a um conjunto de termos 
organizados. 
Tod.Js as defi nições c1nalísadas anteriormente ifv,1111-
nos a concluir que as LDs nfío se confundem com léxicos, 
vocc1bul6.rios, nomenclaturas e terminologias, embora in­
corporem elementos dl' todos eles. É importante que ess.J 
difcrenciüção sejJ. feita, para melhor delimitélr suas carnctc­
rístirns em f,1ce d.1 funçZio que devem desempcnl 1c1r 11;1 re­
presentação da informaçâo documentária. 
A represenl<1çi'io documentári;i é obtida por meio de um 
processo que se inici,1 pela éln,íli�e do texto, com o objdivo 
ele identific;.1r conteúdos pertinentes em função diJS finali-
38 
dades do sistema - e da representação desses conteúdos -
numa forma sintética, padronizada e unívoca. 
A síntfsf f i1 representnç3.o documentárias <1dvindas do 
processo de .:mzilise podem apresent.:i.r-se, geralmente, sob 
du:-is formas: o resumo, que é feito sem n intermcdiélÇJO de 
um;_1 LD e o índice, que , para maior qualidade, deve ser ela­
borado a partir de uma LD. 
A opcr.:iç.10 de traduç3.o de textos cm LN para um.:1 LD 
denomina-se indexaçJo. lnfrente .:io processo de index;içJo 
c,t3.o oper.1çcJes de cbssificaç5o. 
As várias Cases do processo an,1lítico apresent.:1111 uma 
complexicfadc considerável, pois n.1.0 se trata de adquirir os 
documentos e armazenéÍ-los numa ordem lógic;i /\ docu­
mcnU1çZio é memória, seleção de idéias, reagrupamento de 
noções e de conceitos, síntfse de dados Trata-se de tri,1r, de 
av::1!i.Jr, de analisar, de "trnduzir", de encontrar respost;:is para 
necessidades específicas. 
A utilizaç3o da LN neste processo leva, seguri.lmente, ;'i 
incompreensão e ?1 confus.10, devido a fenômenos nilturaís 
como il redundânci.:i., a ;1mhigüidade, i1 polissemi;1 " ;1s va­
riações idioletais. 
A condiçZio p.:ira se obter resultados positivos na busc;1 
de inf"ormaç,'io é que i1 pcrguntil e é1 resposta sejam /"ormub­
lbs no mesmo sistema. J\ssirn, é neccssé'írio converter t1111,� 
pergunta frita cm LN par.:i o sistcm.:i cm que foi traduzido o 
conteúdo do documento, isto é, parn uma LD. 
Dito de outro modo, uma LD é utilizadi1 na entrada do 
sistema, quando o documento é analisado p<.1ra registro. Seu 
conteúdo é idcntiricado e "trnduzido", de acordo com os ter­
mos da LI) utilizada e segundo él política de indcx.Jçiio 
39 
estabelecida. É da mesma forma utilizado à saída do sistema, 
quando, a partir da solicit.1ção da informação pelo usuiírio, 
é feita a reprcscnt .. 1çJo para busca. Assim, seu pedido é an.1-
lisat.lo, seu conteúdo identific.1do e devidamente "lr:1duzido" 
nos termos cb l.D ulilizé1da. 
Para realiwr lêlis funções de intermediaçi'io, as LDs de­
vem ser construídas <lc tal forrn;1 qur seja possível o contro­
le sobre o vocabulcírio. Tal controle é necess;_frio pnrJ que, ;1 
rnda tmidé1de preferencial integrnda numa LD, correspondo 
um conceito ou noçJo Essa correspondênci;1 só é assegura­
da por intermédio das terminologias de espcci.:1lid.::1Je. 
Vale Jernbr<lr que, isolad.:1s, élS palavras nJo lrrn signifi­
rndo ou lêm tod,)s os signiCirndos possíveis. É só no discur­
so, ou sc_:j;1, no uso, que as p;1bvrns .:1ssumcm signific1dos 
p3rliculares. Como, vi,1 de regrn, os ckmcnlos das LDs sJo 
desvincubdos dos contextos omk ilj).lIYcem, pode-se correr 
o risco de que as p;1]avras que as inlegr;im ;1ssum.:.H11 todos
ou nenhum significado. Por meio das terminologias de espc­
c:i,1licfade, .is p,.1bvras pass,1rn a ser lermos, assumindo sig­
nificados vincut1dos ;1 sistemas dt' conceitos delcrrnin,1dos.
CDnfrre-sc, desse modo, rdáênci.::i /is p,11Jvr:1s, CJlll' passam
a signilicnr segundo delcrmin.:idos sistemas nocion;lis, ,1.s­
scgur;1mlo interprcl,1ções pertinentes.
1\s LDs m;iis c,rnbecidas são os tcsauros e os sistemas 
de cbssilirnç:êio lJihliogré'lfirn (Gomes, 1990). 1\s clifcrcnç;_1s 
cnt re esses dois tipos de l.Ds residem no 111:1ior ou menor 
grau de reproduç5o das rebçõcs presentes nc1 LN e no uni­
verso de conhccirncnlo que prclendem cobrir. 
Os pnmóros sistemas ck classific;1ç:êio bibliográfica co­
nhecidos são de natureza enciclopéclico, corno a CDD - Dei-vcy 
40 
Decimal Class(fication, a CDU - Classificação Decimal Univer­
sal C: él LC - Lilm.uy of Congrcss, f visam cohrir lodo o C:speclro 
do conhccimcnlo. Sislcm;-is posteriores como ,is cbssificaçõcs 
faccladas desenvolvidas a p.:irlir do CRG - Class1fication 
Rcscarch Group, com base 11;1 Colon ClassU"ication, de R;-in­
g,malhan, visam a domínios parlicubres. l)s les,1uros, por 
seu lado, originaram-se de cbssificações fa.celadas com um;:i. 
prcocupaç3o adicio11;1l: ;:i do controle Jo voc;1bulúrio. 
Historicamenle, verifica-se conlínua progressão das L.Ds 
a c,1minho dé1 cspeci,1lização. Conseqt"ienlcmenlc, ab;.rndona­
se ,1 prelensii.o de cobrir lodo o universo do conhccimenlo 
para vollnr-se a domínios c;.1da vez m;.1is específicos. 
Todns as LDs, cnlrelanlo, si'io ulili1.adas para rcprcsen­
ti1r o conlet'1do dos lcxlos, rn;-is 1130 os lexlos eks mC:smos. 
A funçJo ele represcnl;1çJo deve ser entendida, neste conlcx­
lo, como sendo de nalurezil eminenlemenle rcfcrenci.::il: ;is 
unid;1dcs de umJ LD devem ser utilizadas como índices reb­
livos a assunlos lr,1L1dos nos lcxtos, nJo lendo, porl;mto, ,1 
funç.:io de subslituí-los. 
Os produtos oblidos por meio d;i intcrmedia�:Jo d,1s LDs 
s3o, desse modo, gcncr:díz,111lcs. 1"130 se rcprcscnlao texto 
individual, 111,1s :1 cl:isse ck ;1ssu11lo Z1 qu,11 ele se refere. /\ 
m,iior ou menor espcciticid:1ck cio assunto a ser representado 
depende cb m,iior ou menor correspondência d,1 Ln com o 
sislcma nocional dos domínios de cspccialilbde. /\ssim, por 
mlcrméclio de um sislem,1 de clnssificaç.:io enciclopédico, tC'x­
los muito específicos sJn cbssificados cm classes de assunto 
mais gcr,.1is; a rcprcse11t,1çiio cll cspecificidilclc dos assunlos 
de L1is Lexlos é mais \'i,ívcl com o uso de uma UJ voltada, 
cspccificomcntc, porn o domí1110 correspondcnlc. 
41 
Os estudos das LDs têm avançado progressivamente, nc1 
direção dc1 definiç3o dos constil uintes e de sué:ls in terrebções, 
ger;mdo vári.is lingu.igcns, de acordo com o domínio de es­
pecialidade. lsto, por um bdo, permite que a :í.rca se libere 
do monopólio das classificações universais; por outro, tem 
mostrado inúmeros problemcJ.s ligados n falta de rigor na 
construção de LDs. Tais problemas referem-se n clefiniç3o do 
conjunto de termos que comporJo c1 lista de descritores; n 
orgzrniznç:io dos termos nurn.1 rede pnradigrnátirn (úrvores 
d.1ssificatórias ou refações vertic.Jis) péirél reunir descritores;
ao estabelecimento clé1 rrde sintagméltica (rclc1ções horizon­
tais entre descritores e mecanismos de sintaxe) para permi­
tir maior possibilidade de reprcsenlução de novos conceitos e
a agilizaç3o na recupcraç3o de assuntos; à definiç3o das cha­
ves de acesso ao sistemo (compatibilizaçi:io ele linguc1gem
usuário/sistema).
2.2 CONFICUR!\C,:/\0 0/\S LINGUA.CENS D0CUJ'v1ENTÁRIA':i 
1\s LDs mais consistentes para a representação docu­
rncn Uiria dispõem de um vocahul;1rio que integra elementos, 
de um bdo, d:1 linguagem de especicJ.lidade e das termino­
logic1s e, lk outro, da LN que é a linguagem dos usuários. 
Essas unicbdes, acornp;rnhadas ou n.:io de urna notação, 
constituem o ''léxico" cbs LDs, denominadas, diferentemente, 
conforme o sistema e a époccJ., corno: pabvrzis-cbavc, descri­
tores, c.1beçzill10s de assunto etc. 
O vocabul6rio Jocumenló.rio tem por objetivo reunir 
unidades depuradas de tudo aquilo que possa obscurecer o 
42 
sentido: ambigüidade de vocábulo ou de construção, 
sinonímiél, pobreza informJ.tiva, redundâncizi etc. Além dis­
so, ek é fixado de tal f'ormJ. que seu uso, hem como su;:is 
relações estrut11r.:i.is szio codifirndos e não podem mudor ao 
sabor dos usuArios. Assim, chegJ.-se J. um instrumento re­
btivamente est;.ívd. 
Toda LD tem, também, uma sintJ.xe. Ela é bJ.stanle ru­
dimentar nos sistem<1s de cbssifirnção bibliográfiG1 (/ldd no­
tes, na CDD; uso ele + / , : na CDU, por exemplo) e m.iis 
desenvolvida nos tesauros, com 3 utilizaçzi.o de operc1dores 
boolcJ.nos. O esquema sintático de t1ma LO permite n deli­
miL1ção mais precisi.1 de um üssunto, por meio dzi combin.1-
çAo de seus elementos. 
Nos sistemas de classifiG1ç.10 convencionais, 11.1011,í gr.111-
de preoctqx1çâo com o controle do voc.1b1116.rio. J� freqüente a 
utiliz.:içno de frnses, como ocorre, por exemplo, na CDU. J(í 
nos tcsauros, a funçé'1o de controle do vocabul.írio está m.iis 
presente. Par.:i este fim, as LDs incorporam procedimentos de 
normnlizaç.'io grc1m.:1tical e sem5ntic.:i.. A normalização grzi­
matirnl refere-se à forma de apresentaçi10 dos seus elemen­
tos quanto .:10 gêm:To (geralmente masculino), <10 número 
(uso de singular ou plural) e ,10 gr.:1t1 (Par.:i. rnnis informa­
ções, ver Comes, 1990) ;\ norm;_ilizc1çi'i.o scmântirn procura 
garantir a univocicbck na rqJresentnção dos conceitos de éÍrens 
dr cspeci:1lidade, pm meio d.:1s relaçl>cs lógico-scmântic1s. 
O co1�junto noc:ion:11 b6sico é .:i.prcscntado cm hierar­
quias (na vertical), cm torno das quais se ngregam ;-1s uni­
d.:idcs informacionais que se relacionam liorizont .. 1lmente. 
Nenhuma llnidzide pode figurar n11ma LD sem que est�ji.l re­
lacionada a uma outrn unidade d.i mesma linguagem. 
43 
Nos t sauros, os dif'ercntes lipos de relações rnlrc as uni­
dades sZio 111.:iis clar.::nnente .:1prcsentados enquanto sistemas 
de classificaç.:io bibliogri.fficn, n5o raras vezes é1malgarnam, 
numa mesma hierarquia, rebções de natureza diferente. 
As varinçõrs na form,1 de ;1prcsent.1ção dns LDs devfm­
se ,1 m;iior Oll menor incorpornçi10 dos difcrrntcs Lipos ele 
rcbções existentes rntre .1s paléJvr:1s n;1 LN e rnlrc os termos 
de espccialid;cick. T;ris v:iri,1çôes exprimem, télmbém, o llli.lÍl)r 
Oll menor .:-1primornmento d.1 funç:io de reprcsenlaç5o 
documcntúrio. 
Algumas LDs foram construídas visimdo, principéllmcn­
te, il organização dos documentos rn1s fstnntes, sendo que 
sua funçJo de rcpresent.:içJo deve ser difcrenci:1da: a rcpre­
senlação nesse caso (.kvc ser entendidü como ,1 identiricaçi'io 
de documentos com cbsses genérirns de assuntos lradicio­
tlillmentc reconhecidos. 
A. estruturn b,ísic:1 de um.:1 LD é d:id:i por rebçõcs hie­
r{irquirns, que podem ser gcnéric;is, específirns ou parlilivns. 
( rebções genéricas r relações p.1rtit iv.1s Sfr.10 t rati::idas no Cil­
pítu lo 3). O vértice de c:1cb liieLirquia é o gêmro ou o 
todo A.s suhdivisües sucessivas 11�1 liier.:irqui,1 constituem os 
rspécirs e/ou :1s p;1rlcs, qur podem, nov,1rncnle, se subdivi­
dir. As rebçc>cs hier,írcp1iG1s provêem as unidéldcs supcror­
Je11ndas e ,1s unidades subordin:1LL1s. Uni(bdcs subordinad,1s 
,w mesmo vértice, quirndo no mesmo nível d.:i cadri,1, drno­
rninam-sc coordcnad;1s. 
Nos sistcmns de cbssific;1ção bibliogrMica, ,1 estrutura 
hicr;írquicJ é d:i(b pela not;1çc10 (decirmil, no c.::iso cb CDD e 
da CDU). O vértice d:is c;1deias hierJ.r(Juic,1s é constiluído J)l)l" 
disciplinas cunvcncion:lis que se subdividem sucessivamen-
44 
Nos lesauros, os diferentes tipos de rebções enlre as uni­
dades são mais claramenlc apresent.1dos enquo.nlo sistemas 
de cl;issifiG1ç3o bibliográfica, n:fo r;_iras vezes amalgam;1m, 
num;_\ mesma hicr:irquia, rcbçõcs ele natureza difrrenle. 
As variações na form;_1 de ;�presenlaçi'io das Ll)s devem­
se ,1 m,1ior ou menor incorporação dos difrrentes tipos de 
rcbçõcs cxistentes cnlre as palavras na LN e enlre os lermos 
de cspeci;1lidade. ·1:lis variações exprimem, também, o maior 
ou menor aprimor:1mcnlu da função de rcprcscnlaç.10 
documenlóri,1. 
Algum;_1s LDs for;1m conslruícbs visando, principzilmcn­
h:, A urg,miz,1çô:o dos clucumcnlos n.is cslantcs, sendo que 
sua funçôo de rcprcsentaç-:io deve ser dih:Tcnci,1da: ,1 rcpre­
scnlaçJo nesse caso deve ser cnlendid,1 crnno ;1 idenlif"ic1çJo 
ck documentos com classes genéric.is de assunlos lri1dicio­
n,1lmcnle reconhecidos. 
;\ e:=;trulura lxísic;1 de uma LIJ é daLb pur rebçôes hie­
rárqlliG1s, que podem ser genériG1s, especffiG1s ou p;:irtitivas. 
(rd,1ções gcnéricns e rel:1ções p;irlil1v;1s scri'io lr;Jt<1Lbs no ca­
píl ulo 3). O vértice de cada liiernrquia é o gênero ou o 
todo. i\S subdivisões sucessivas n;-i liier,1rquia constitt1cm ;1s 
espécies e/ou ;:1s p,nles, que podem, ntJv;1rncnle, se subdivi­
dir. i\S relaçêks 1I icr6rquirns provêcm ;1s unid,1dcs st1pcrnr­
dcn�1di1s e as unicbdcs stliJordinndas. Unid;1des suhordin,Hbs 
<10 mesmo vértice, quandu no mesmo nívL·I c..b cncki;1, deno­
minam-se coordenadas 
Nos sistemas de classificnç3o bibliogrMica, a cslrnlura 
hier6rquica é dada pelei notaçzio (decimal, no caso d,1 CDD e 
da (DU). O vértici.> c.bs c1dcias Iiicrárquic<1s é constituído por 
disciplinas convencion;iis que se subdividem succssiv.imcn-
44 
te. /\ indicação dos assuntos é feit;:i por meio ela notação nu­
mérica ou ;:ilfa-numérica, conforme o tipo de sistema. 
A organiz,1ção b6sica dos lesauros também é hicr:1rq11i­
c;1, existindo l,mtos vértices, que cqLiivalem a cbsses, quantos 
forem os aspectos escolhidos p.1ra org:mizar o domínio deespeci,1lic.bde. Nos tesauros mais modernos, tais vértices s?io 
denornin<.1dos Top Tcrms e não constil uem descritores, mas 
idcntific;1111 ,1s classes escolhicbs par,1 reunir os descritort's. 
Vi:1 de regra, são utilizadas not;içôes numéricas :1pcn:1s p.:ira 
apresentar as hiernrqui:1s b;isirns e suas princip;ús subdivi­
sões. Ji1is notaçc"ies, entrclzmlo, rar<.1rnenlc s5o utilizad,1s [Klri.l 
descrever o conteúdo dos textos 1\ lig<.1ç.°10 lógico-liicr:.írqui­
rn fntre descritores é, no u1so dos tesauros, mais cLir:1, uma 
vez que é ide11tific1c.b pelos códigos TG crermo Genérico ou 
·rtrmo Geral), T[ ('[ermo Específico). Alguns tes:1uros utili­
zam, t1mhém, os códigos TCI' (Termo Genérico l\1rtitivo) e
T[P crermo Específico P;:irtitivo) para aprcsc11l.:.1r ,1s rebçõcs
hier,írquirns do tipo todo/1xirte.
As LDs ;1prescnt;1m, aincb, unidades que si.io rebcion;_1-
lbs ele form;1 n?io-liicrúrquic:1. As rcbções n::io-hinárquicas 
são, norm:1lmente, de11orninad,1s ;issocialivJs, muilo cml)l)­
r;i ni.io se poss:1 afirm:1r que :is rcl.içôes hier:'IrquiG1s também 
n:io o sc_j;m1. É preciso kmbr;ir, enlrcl:rnto, que :1s relações 
hier;írquic.1s representam :1ssociaçõcs m:iis esl:.íveis entre ti:T­
mos, cnqu.into que .1s relações nôo-hicr:.írquicas ex pressam 
outro gênero de proxirnic.bde entre os lermos Os rel;1cion:1-
mcntos não-hier,írquicos indicam ;1 ligaç,10 entre termos que 
est?io cm campos semânticos distintos, porém próximos. Cacb 
termo relacionado pode se constituir no ponto de partid<1 p,ir:1 
uma fomíli:1 de lermos aparentados. 
45 
A porlir das noções de geral/particular e de todo/parte, 
él aniílisc e.li-is rel.:1.çôcs liier{irquirns mostra, pelo menos, três 
tipos característicos: as rel;:1çõcs genéricas, as relações espe­
cífirns e é1S relações partitiv.1s que, como os nomes indic:un, 
marcam rebçõcs de oêncro llOrlanto o lohais ou ªL'r"i· c; 1·D_ t"> ' n t, n ., t: 
laçôes ck espécie, logo parliculan."s e relações de parir de um 
todo. 
i\s rel;ições genéricas definem-se como rebções liirr.:í.r­
quiG1s, basczidéls 11;1 idcnticbclc parci:11 do conjunto de Glrac­
terístic.1s cbs noc,_·ões superorclenacbs e subordinadas 11el.1s 
envolvidas. O gênero, nesse sentido, é entcnclido como no­
ção supcrordenada que cornporl;1 <-1s mesm,1s Cé1ractrríslic1s 
das noções subon!in,1d;is, a p:irlir dela. 
. J ,í as rebções específicas definem-se como reL\:Ões 
liier,írquicas su!Jordinacbs que, rilém de comp.1.rtilli,1r UZ!s 
mesmas ciraclerístiG1s da noção que lhes f superorden;:ida, 
Ziprcscnt.1, pelo menos, uma rnré1cterística .1. mais que as 
diferencia. 
l·\ noç,10 genfric1 impõe-se, portanto, como cortjunçJo 
de carnctcrístiG1s comuns, enqwmto que 3 noção espccffirn 
eslé1belece uma diajun�<fo, ,3 p,1rtir cb con_1t111çiio clé1da. 
/\ noção espccífic;i é, port;-rnto, urn.1 noçi:io subordinada 
que indicé1 a existência de uma dífercnçZl, cm f;Ke de um 
conjunto de carncterístic;is comuns. /\o mesmo tempo, aprc­
scnt1 élS car,1Clcrísliu1s comuns e, pelo menos, um,1 rnr.:1cte­
ríslica que a di/"crrnci,1 da noçJo gcnérirn 
Assim, por exemplo, ;io subdividir o conjunto dos mél­
míferos cm racion�1is e irrncil)n<1is, afirtné1-se, simultanea­
mente, a exislf'nci;1 de uma diferença. (r,3cion;1l e irr,1cional) 
sobre um plano comum ou semelhzmte (mamíferos) 
52 
A (marnikro) 
Supcrordcnação 
1 
(so.:melhança) 1 
h e 
(racional) (irracio,wl) 
,._ _______ ____. 
Coordc.:n:içiio 
Fig 2 - [squc111.1 iÍL' rel.içãv senérica. 
NoçClO gen0rica 
1 Subordinação 
(diferenças) 
No�ões l:spccíficas 
Na rebçiio genfric:1, a supcrordena�:.10 caminh;:i cbs di­
ferenças para ,is semelhanças, ou sej,1, da espécie para o gê­
nero e, invers.1.mcntc, ;i subordi11;1ç."io cami11k1 das semclhan-­
v1s p;:ir;1 as diferenps, a partir d;:is primeiras, islo é, do gênero 
JJi.lI\J éJS espécies. 
Exemplificmdo: ;i noç5o de "embarcaçii.o" subclivide-se, 
segundo o "tipo", cm noções mais cspecífirns como a de iate, 
jangada, canoél, navio, chata etc Em rclaçJu é1 essas últimé1s, 
a noçJo específic1 "embarcação" é ;i noç3o s11perorclrn,1da. É 
<1 p .. 1rlir dessas relé1ções que se pode afirmar que iate é uma 
espécie de "cmharrnção; que ·'embarcaç;:io" {: um gênero; e 
que iate e canoa são noções coorden:id.is. 
.1,í a rcbç}o p:irliliva é um lipo de rclaç,10 hicrárquirn, 
n;:i qual a noção superordenada refere-se a um objeto consi­
der:1do corno um todo e as noções subonlin,1das a o�jctos 
consider,-1dos como suas pi1rles_ Em relaç.:io a "navio", a no­
ç3o de "casco" é um.:i noçJo específic.1 1x1rtiliva, denotando 
que n,1vio é umél noçfio rd"crentc ao Lodo (supcrorclenud.1.) e 
quc ,;G1sco" é urn.1 noç.'Jn rcCcrl'nte o. parte (subordinad.1). 
Do mesmo modo, él noç3o "convés" denota uma subdivisão 
53 
te. A. indico.ção dos o.ssuntos é feita por meio da notaç5o nu­
mérica ou alfo-nurnérica, conforme o tipo de sistema. 
J\ orgnnizaç5o b;.ísica dos tesauros também é hierúrqui­
c,1, existindo t;mlos vértices, que equivalem a ci,Jsses, qu;rnlos 
forem os aspectos escolhidos para orga.nizar o <lomínio de 
CSJ)('Cié.1licbde. Nos tes;rnros mais modernos, tais vértices s:=io 
denominados Top 'frrn1s e n5o constituem descritores, mos 
ic.knlificam .:is cbsses escolhi<las para reunir os descritores. 
Vi:i. de regra, são utilizadas notações numéricas apcn.is par.i 
;1presrnlm as hier.irquias b.1sirns e stws principais su!Jdivi­
sôcs. "fois notações, entretanto, r:1ramentc silo utilizadas para 
descrever o conteúdo dos textos. J\ ligaçJo lógico-hier:irqui­
GJ entre Jescritorcs é, no rnso dos tesü.uros, mc1is cbra, umél. 
vez que é idcnlifiG1d.:.1 pelos códigos TG crermo Genérico ou 
·1crmo Ccr:1!), TE (Termo Específico). Alguns lesauros tilili­
z;im, li.m1bé111, os códigos TCP (Termo Genérico P.:.1rlitivo) e
TU' /Termo Específico Partitivo) 1x1ri.l aprcsenlm ,1s relnçôcs
hicr.:írquirns do tipo lodoip.:.1rtc.
As LDs aprrsenUun, c1inJa, unidades que s.iio relé1ciona­
das de forma nzio-hierzírquica. As rebções n50-hicr.:1rquic;.1s 
sã.o, norrn;:ilrnenlc, dcnomin<1cbs ;1ssoci.:.1Livas, muito cmho-­
ra n5o se possa afirmar que ,1s relações hiedrquicas também 
n:io o sej,1111. É prCL:iso km\Jr;1r, enlrcLrnto, que i!S rcbções 
llicr.:irquic;1s representam .:1ssociac;ões mnis esti.Ívcis entre ler­
mos, cnqu.1nlo que ,1s relações n.10-hierúrquic;is expressam 
outro gênero de proximidmk entre os lermos. Os rcbcion.:1-
mcnlos n,10-liirr{irquicos indirnm a ligaçJo entre termos que 
esl3o cm campos semânticos distintos, porém próximos C1eb 
lermo relacionado pode se constituir no ponlo de partid,1 p�1r,1 
uma fomília de lermos aparentados. 
45 
Nos sistemas de classificação bibliográfica, os relacio­
namentos não-hierárquicos, quando ocorrem, são erronea­
mente ''enrnixados" nas hierarqt1ias. É só nos tesauros que 
estas rebçõcs são explicitamente identificadas pelo código TR 
(Termo Relacionado). 
Adicionalmente, é1S LDs apresentam relações de equiva­
lência. Este tipo de relacionc1mento entre os termos permite 
a compatibilidade entre a linguagem do sistema e a do usu{i­
rio, operando no nível da sinonímia. Desse modo, criam-se 
as remissivas, indicc1cbs nos tesc1.uros pelas expressões USE 
(Use) e l!P (Usado Para), quase inexistentes nos sistemas de 
cbssificziç3o bibliogr6fica. As relações de equivalência reme­
tem o conjunto dos não-termos ou não-descritores para o 
conjunto dos termos ou descritores /\ finalidade dessas re­
missivas é encaminhar o usu(irio para os termos preferidos 
pelo sistem,1. Constitui-se, desse modo, um.1 chave de aces­
so ao sistema. 
O co1"Dunto de relações que constitui a estrutura do 
tesauro é "um elemento importante para que ele possa cum­
prir sua funç3o: ela permite ao usu(irio (indexador ou 
consulente) encontrar o(s) tcrmo(s) mais adcquado(s),mes­
mo si::m Si.lbcr, de início, o nome específico pc:ir;1 representar 
a idéia ou o conceito que ele procura. A p;1rtir de um termo 
que o l1Sllé1rio conhece, o tesauro, através de sua estrutura, 
mostra diversos outros que podem ser ti'io oportunos ou 
mnis do que aquele que lhe veio à mente" (Gomes, 1990, 
p.16).
Vale ressaltar, ;1inda, que no uso das LDs, podem ser 
construídns novns relações entre os termos a partir do con­
junto de operadores sintfiticos disponíveis, como, por exem-
46 
pio, as adcl notes, na CDD; + / : ::, no caso da CDU; opera­
dores booleanos, no caso dos tesauros. 
Uma vez elaboradas e postas em uso, as LDs mais 
desenvolvidas como os tcsa11ros, sJ:o permanentemente atuéJ­
lizildils, mediante operações de supressão de termos em de­
suso, re.:i.grupamento de descritores em funçiio ela existência 
de palavras raramente utilizadas e/ou adiçi'io de termos no­
vos. Só .:i.ssim as 1.Ds se rnJ.ntêm como instrumentos dinf\­
rnicos capazes de incorporar os avanços do conhecimento e 
as modific.Jções de significado de lermos jú existentes. 
47 
3 
Sistema nocional 
:\ todo e qualquer rnmpo de conhecimrnlo corresponde 
um conjunto Jc noções que lhe é próprio i\s .:íreas cspe­
cializad;is J,1 experiênci.1 humané:l elevem ler seu universo 
nocional dcvicbmenle identificado J partir de um dado pon­
to de vista, püra que seja possível organizó.-lo de forma sis­
temMicé!, 011 s�ja, inler--relacionada. Só a organização no­
cional de um;.1 5rrn permite ;:i ulilizaç5o de instrnrnentos 
eficazes para o tratZimento e recupcrnç5o cb informê!ç.:'io. 
A aus�ncio. de um sislemél de noções devidamente siste­
m�1lizado, invi;::ibilizo. o empreendimento de dar formZI a um 
conjunto de pahwms, nJ medida em que esharrn, neccss;::iria­
mentc, cm dificuldades é!dvincbs cb folta de comprecnsiio ou 
da compreensão incorretJ d�1s possibilicbdcs de relacionamen­
to entre terrnüs. 
Consickrzrnclo que as LDs, normalmente, funcionam a 
partir do controle do "vocabulário" ela áreZI, pode-se facil­
mente depreender que o sistemZI nocional de umcJ área cons­
titui-se em um pur5metro básico, ou em umJ viga-meslrn 
de sustentaçJo das LDs. 
1\ssirn, na pró.tirn, êl aus0nciu de um sistema nocional 
compromete não só a indexação, mas também, é) economia 
49 
da próprio ntivicbde documentiiria, fragmenl;:111do-a com 
q11estões relativils ao significado e à compreensão dos ler­
mos. Além disso, nJo raro, as respostas às questões formu­
ladas submetem-se a varinções, segundo o entendimento 
CJllC cada indexador lem da .:írea, ou segundo o humor no 
morncnlo cbquek qt1e opera com a inforrnnçào, o que, fa­
talmente, introduz deformações, descaracteriznn<lo os ins­
lrumentos docurnent.:írios. 
Desta mancirc1, faz-se necessiirio estabelecer, a priori, 
que ,1 utilização ele qualquer LO supõe é1 explicitac,:Jo nocional 
da ;írca i1 que se refere e é1 su;i organiznç5o na f'orrnc1 de um 
sistema. 
Segundo a norma ISO 108 7, um sislcma nocion;il ckfi-
11e-sc como um '·conjunlo estrulurndo de noçôcs que rcflele 
as relações cslahclecidéls entre ,is noçôcs que o compõem e 
no qual cada noç5o é dctcrrninnda pela sua posiçào no siste­
ma". Nii.o hast;i, porlnnto, recuperar as noções, enurnernn­
do-,1s. É preciso ir além e estc1beleccr suc1s posições relativas, 
o que se oblém por meio da cklerminaç5o dc1s relaçôes que
.1.s associam.
J\ noção ou o co11ccito, por suo vez, define-se corno 
·'unidade de pcns;imento constituído por propriedades co­
muns :1 um.:i cbssc de objetos"(ISO 108 7). Emborn n.10 estc­
j.:1rn lig .. 1déls é1 línguas específicas, ;is noções s5o express<1s
por termos e símbolos, sendo influenci;idas pelo contexto
sócio-cultt1r.:il.
i\s noções, devidamente relacionadé1s, constituem, pois. 
o :1rcabouço fundarnent:1! parn ;:i organiz:iç5o de uma áreé1,
na medicb em que pl)ssihililam um ponto de vislé1 rnuteric1-
lizmlo no sistemc1 de noções, para o trabalho documfntário.
50 
As relações entre as noções materializam o sistema de 
noções, que se express;:im, documentariamente, em relações 
hierárquicas e relações não-bierórquicJ.s. 
As relações hierárquicas são aquelas que se definem en­
tre noções subordinadas em um ou viírios níveis (]SO 108 7) 
Dilo de outra forma, as relações bied.rquic;:1s são aquelas 
que acontecem entre termos de um conjunto, onde cada ter­
mo é superior ao termo seguinte, por uma característica de 
natureza normativa 
No conjunto das relações hierárquicas, hú que se levar 
em conta o conceito de ordem e de subordinação i\ ordem 
deve ser observnd;:i como urn;:i superordennçiio que consiste 
na possibilid;:ide de subdivisão de uma noção hirr2írquica mais 
alla em um certo número de noções de nível inferior, chil­
madas noções subordinadas. É este processo de subdivis.'io 
que se denomina subordinc1c;ão. Invers<1rnente, a noçiio su­
bordinada é a noç5o que, num "sistem;i hierárquico", pode 
ser agrupada com uma cm mais noções do mesmo nível (no­
ções coordenadas entre si), pi.lra formar urna noção de nível 
superior (ISO 108 7), ou seja, umc1 superordenação . 
Supen>nknaç:10 
r 
. ·\ 
> l 
b f ..._. - - - - - - - _.,..
1 S" 'º"' ü,c,çáo 
Fig 1 - Esqurma de rdaçôi:5 hierárquicas.
51 
, \ 1'·" 111 .J.1:-. 11oi;ões de geral/pnrticular e de todo/parte, 
a ,::mj!ise dns 1Tlações hicrúrquicas mostra, pelo menos, três 
tipos c;1racterísticos: as relações genfricas, as relações espe­
cífirns e as relações p<1rtitiw1s que, como os nomes indic.:un, 
mé11rcam rcb<;ões de gênero, portanto glolx1is ou gerais, re­
];1\·ôcs de espécie, logo particulares f relações de parte> de t1111 
l\1du. 
As relaçêSes genC'ricas definem-se como relações hier,ír­
quicas, baseadíl.s na identid;1dc parcial do conjunto de carac­
tfríslicas das noções supfrorden.:1d.1s f subordinadas nelas 
envolvidds. O gênero, nesse sentido, é entendido como no­
çJ.o superordcnada que comporta as mesmas carc1clerístic1s 
dDs noçc"5cs subordin.:1das, i1 p,irtir dela 
Jj as reiaç("5cs t?specíficas definem-si? como relações 
hicrúrquirns subordina<l;:is que, .:ilém de cornpmti\11ar c_fas 
mcsm.:is característic;1s da noçi.i.o que lhes é supcronlcnada, 
e1prescnL:i, pelo menos, urna car,1ctcrística a mais que as 
di fercncia. 
J\ noç.'io genérica impõe-se, portanto, como conjunçJo 
de car;1cteríslicas comuns, enqtwnlo que a noçJo espccífirn 
esta!Jekce urna disjunç.'io, a partir d,1 co11il111çiio dada. 
A noç,10 cspecífic1 é, pl)rtrn1 to, uma noção subordi nnda 
que indica a cxislênciél de uma diferença, cm focc de um 
corüunlo de características comuns. 1\0 mesmo tempo, ;.1prc­
senta as características comuns e, pelo menos, uma caracte­
rísticél que a di!crcnci,1 da noçi'io genérica. 
Assim, por exemplo, ao subdividir o conjunto dos rna­
mífcros cm racion:1is e irracionais, élfirmél-se, sirnultanca­
mcnte, a existênci;i de uni;1 difcrenp (r;1cionc1I e irr,,cional) 
sobre um plano comum ou scmclh.:rntc (mamíferos). 
52 
Supcrordcnação 1 scmel lwni;a) 
/\ (mamíkrn) 
r (racional) (irracional) 
.-----------. Coordcnai;ão 
Fig 2 - Es,1uc11w de rclaçiio genérica.
Noçiio genérica 
1 Subordinação ( di fcrcnças) 
Na relação genérica, a superordenação caminha d.1s di­ferenças para as semelhanças, ou seja, dil espécie pélr,1 o gê­nero e, inversamente, a subordinaçJo caminha das semelhan­ças pdra as diferenças, a partir das primeiras, isto é, do gênero para as espécies Exemplificando: a noçJo de "embarcaçJo" subdivide-se, segundo o "lipo", em noções m,lis específicas como a de iate,
jangada, canoa, navio, chata ele. Em relação a essas últimas, a noçJo específica "embarcação" é a noçJo superordenmb. É a p.Jrlir dessas relações que se pode afirmar que iate é uma espécie de "embarc1çJo;

Continue navegando