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A Daseinsanalyse de Ludwig Binswanger
Ludwig Binswanger aprofunda seus estudos na psicanálise. Torna-se o primeiro a desenvolver uma Daseinsanalyse voltada para o sofrimento existencial (não “psíquico”) manifesto na psicopatologia.
Da analítica existencial, Binswanger recolhe a noção de ser-no-mundo, a fim de buscar uma compreensão dos modos de ser psicopatológico como modificação nessa estrutura. Ou seja, na experiência psicopatológica, mundo estrutura-se diferentemente que na experiência saudável.
Binswanger discute a experiência onírica, a ideia de que o sonhar é um modo de existir. o sonho revela o mundo espacial e temporal peculiar ao sonhador. “É o tema que o Dasein se dá no sonho que é importante, não o que ele simboliza, e é, então o conteúdo desse drama, dessa ação que é o sonho, que constitui seu elemento decisivo.” O sonho não é produzido por uma subjetividade, mas um acontecimento, uma visitação; “vem a mim um sonho”. 
Binswanger retoma a oposição entre mundo privado e mundo comum. Em vigília, a existência compartilha com os demais um mesmo mundo, ao passo que dormindo, está solitário. Essa oposição se articula à compreensão de Binswanger da experiência psicopatológica como envolvimento com o mundo próprio em detrimento da experiência compartilhada. 
Ao contato cotidiano com o sofrimento psicopatológico, Binswanger acrescenta uma preocupação epistemológica e metodológica com a psiquiatria, que deveria, na sua concepção, fundamentar-se numa visão clara e correta sobre a existência, que o discurso científico não é capaz de fornecer.
Noções básicas da Daseinsanalyse de L. Binswanger
O primeiro marco é o artigo “Sonho e Existência”, que discute os fenômenos de ascensão e queda como modos de a existência especializar-se. 
Em 1942 o psiquiatra publica sua principal obra, Formas fundamentais e conhecimento do Dasein, na qual enuncia sua “visão de homem”. Recorre à analítica existencial de Heidegger, mas substitui o cuidado como essência do Dasein pela relação dual Tu-Tu. Elabora, assim, uma fenomenologia do amor, que, a seu ver, é o fundamento do ser si-mesmo do Dasein. 
Binswanger é fenomenológico na concepção de realidade que subjaz às análises da psicopatologia. Para ele, “o mundo real reside apenas na pressuposição constantemente prescrita de que a experiência continuará constantemente a se desenrolar segundo o mesmo estilo constitutivo.” Ou seja, mundo é uma trama de sentido que tende a permanecer a mesma. Mas, na experiência psicopatológica, esse apoio se perde. 
Binswanger recorre às fenomenologias de Husserl e Heidegger para “corrigir” a falta de bases epistemológicas da psiquiatria de sua época. Uma das características principais de sua Daseinsanalyse é: A compreensão de que a existência global do paciente está comprometida na assim chamada psicopatologia.
A intencionalidade na Daseinsanalyse de Binswanger assume a existência como ser-no-mundo, isto é, existência e mundo como uma unidade indissociável. Nas análises do mundo do melancólico, do maníaco, etc., pois objeto (mundo) e consciência (existência) se constituem concomitantemente.
Jaime procura terapia e é recebido por um daseinsanalista. O paciente conta:
“Desde que minha esposa me largou, nunca mais consegui ser feliz. Nem no trabalho, que eu gostava tanto, me realizo mais. Eu trabalhava bastante e estava indo bem; tinha sido promovido a gerente de negócios em todo o estado. Com isso tive um ótimo aumento, de modo que ia conseguir quitar o financiamento de nossa casa. Mas aí, de repente, ela aparece e diz que sou um acomodado, que não faço nada para nós dois, que só penso em trabalhar. E me larga. Meus amigos tentam me levar para happy hours, mas nunca mais conseguirei me relacionar com ninguém. Sinto saudades da minha esposa. “
As frases “nunca mais consegui ser feliz” e “nem sei mais como chegar numa mulher” são reveladores da infiltração de momentos retentivos na protenções, isto é, de uma experiência de um futuro já acontecido. 
Quando o deixa, a esposa de Jaime produz um abala em seu cotidiano, rompendo com o nexo que reunia os acontecimentos, abalando a pressuposição de que tudo continuará sendo como sempre foi (base da experiência da realidade, segundo Binswanger).
 A Daseinsanalyse de Medard Boss
Medard Boss ele entra em contato com o pensamento de Binswanger, que vai ao encontro de sua própria sensação de que as ciências do homem erram ao pressupor uma cisão entre existência e mundo (sujeito e objeto). Isso era para Binswanger “o verdadeiro câncer da ciência”.
Segundo Boss, Heidegger viu no contato com o psiquiatra a possibilidade de que a fenomenologia da condição humana pudesse contribuir para as formas de cuidado com a existência.
Boss assume como tarefa entender o que e como acontece a relação psicoterapêutica sem recorrer a hipótese. Ou seja, assume da fenomenologia a suspensão (epoché) como passo necessário para que os fenômenos se mostrem tal como são. Ele suspende os pressupostos médicos e psicanalíticos a fim de conhecer a relação que se estabelece entre médico/psicanalista e paciente. É disso que tratam suas principais obras uma refundação na fenomenologia existencial dos fenômenos clínicos e dos modos de ser-sadio e adoecer da existência.
Indicação dos existenciais pertinentes ao Dasein
A descrição fenomenológica da existência como ser-no-mundo possível é o fundamento da psicologia fenomenológico-existencial (Daseinsanalyse). O psicólogo que fundamenta o seu trabalho nesta abordagem está interessado em compreender junto ao(s) outro(s) como é seu mundo e como se lança nesse que é o seu mundo, resgatando sua condição ontológica de ser-possível.
Na Daseinsanalyse, “cura” significa o resgate da liberdade para dispor de si, podendo aceitar e recusar solicitações dos entes que vêm ao encontro. Ou seja, os modos de ser-doente são momentos de restrição na vida da existência, nos quais se encontra impedida de assumir possibilidades existenciais.
Assim, quais são os modos de ser, as possibilidades existenciais que se realizam e como se realizam nesses chamados sintomas. Vale lembrar que os sintomas não são interpretados como entidades diferentes que se instalam no paciente. São modos de ser, isto é, modos de realizar possibilidades existenciais, com a especificidade de que tais possibilidades não são abertamente assumidas como próprias.
Os existenciais indicam modos de a existência acontecer, sendo que se dão no mundo, à luz de possibilidades concretas. Em outras palavras, Heidegger descreve a existência como ser-no-mundo, ser-com-outros, finitude, espacialidade, temporalidade, etc. Como cada existência é com outros, como especializa-se, como são seus mundos varia para cada um.
Com análises assim, Boss cuida para que a experiência do paciente possa se manifestar sem o recurso a teorias hipotéticas, cumprindo, assim, o imperativo fenomenológico de voltar às coisas mesmas.
A Daseinsanalyse de Boss como uma nova ciência da saúde humana, que conjuga aspectos da Psicanálise de Freud com a filosofia de Martin Heidegger. Boss entra na discussão da “Psicossomática”. 
Quanto à Psicanálise e Freud, Boss é crítico somente da Metapsicologia, isto é, o modelo hipotético que explica o funcionamento mental. A prática investigativa de sentido formulada por Freud – a psicoterapia – é seguida por ele, mas fundamentada na fenomenologia existencial de Heidegger. 
Na Daseinsanalyse, o termo “Psico-Somática” é inadequado, pois a existência é um todo não divisível em psique e corpo.
 A Daseinsanalyse não compreende as histerias de conversão como manifestação corpórea de mecanismos psíquicos. Tratam-se, outrossim, de modos de realizar, sem assumi-las clara e abertamente, determinadas possibilidades existenciais.
Compreensão e Ação clínica na perspectiva fenomenológico-existencial
A Daseinsanalyse assume que terapeuta e paciente são existências e que o paciente, que procura o psicólogo, encontra-se restrito na liberdade para assumir certas possibilidades existenciais. Tais restrições manifestam-se comomodos de ser que incomodam o paciente, pois ele não se reconhece neles, considera-os “sintomas”, “problemas”, “desajustamentos” e espera que o psicólogo possa os eliminar, restaurando os modos de ser anteriores ao surgimento dos mesmos.
No modelo científico-natural, causal, de pensamento, caberia ao psicólogo investigar a etiologia dos incômodos para, de posse das causas, planejar e implementar uma intervenção. Esse é o modo de proceder da Era da Técnica, que visa a produção no menor tempo possível. Uma psicoterapia que correspondesse a esse modo de ser produziria efeitos planejados pelo terapeuta, isto é, conduziria o paciente ao modo de ser concebido pelo psicólogo como o melhor para ele. O paciente, por sua vez, coloca-se passivo nesse processo, no sentido de que recebe orientações e, enfim, o tratamento, numa época em que toda experiência é controlada, o que o paciente espera é conseguir controlar, dominar, o sofrimento que o está controlando e dominando. 
A ação do psicólogo deve ser pensada como ação clínica. Ação clínica aproxima-se do sentido etimológico de técnica, que significa o deixar vir à luz algo que permanecia oculto. Ou seja, a ação clínica não conta antecipadamente com resultados, pois o futuro não pode ser controlado pela existência. A ação clínica como técnica propicia o surgimento de algo que pode ou não vir a acontecer, cria um terreno fértil em que pode ou não vir à luz novo modo de ser da existência. Que modos podem vir à luz? Cada existência precisa ouvir-se, aproximar-se do que o incomoda, ao invés de tentar eliminá-lo a todo custo, dominando-o. Ao invés de dominar o que aflige, o convite da terapia daseinsanalítica é aproximar-se, deixar-se sentir em casa, com o que aflige, a fim de escutar seu sentido e, quiçá, experimentar novos modos de ser mais livres. Isso ocorre por meio da compreensão.
Aproximando-se do mundo do paciente, este e o psicoterapeuta buscam compreender o sentido do que se passa consigo. Essa compreensão já é a ação clínica, pois é a experiência de aproximar-se de si e deixar o sentido, que permanece oculto, aparecer.
Ação e compreensão na clínica fenomenológico-existencial
A partir da caracterização de psicoterapia acima, a concepção de fenomenologia enquanto um arcabouço teórico não se sustenta e esta passa a ser entendida como uma postura do terapeuta que favorece ao paciente revelar-se como fenômeno.
A postura do terapeuta exige, portanto, a escuta atenta e um demorar-se nas situações relatadas, visando explicitar os sentidos vividos pelo paciente nas descrições de suas experiências.
A compreensão, na analítica do dasein, é um aspecto fundamental da condição de estar lançado do homem implicando na condição de ser-no-mundo. O ser-aí habita o mundo faticamente em sua abertura constitutiva. Assim, a ação clínica enquanto disponibilidade para a compreensão do existir se configura como oportunidade para explicitação dos sentidos.
Paciente e terapeuta, no processo de psicoterapia, cohabitam um "aí" (abertura de mundo) no do qual os modos concretos de ser do paciente se mostram e podem ter seus sentidos desvelados. As tonalidades afetivas que tingem cada experiência podem ser reconhecidas e o paciente pode se ver responsável pelas escolhas que faz.
Desse modo a ação clínica em uma perspectiva fenomenológico-existencial não está ocupada em resolver problemas, retirar sintomas ou adequar o paciente a referências alheias, mas sim, está comprometida em oferecer uma experiência de retomada do próprio acontecer histórico; do já vivido, do atual e do porvir, recolocando o existir do paciente no processo de ser.
A atitude clínica mostra-se intimamente associada à própria atitude fenomenológica de suspensão das objetivações da existência e abertura à experiência de si e do outro como ser-no-mundo-com, como cuidado ontológico, condição de possibilidade para o acontecimento de uma transformação não produzida tecnicamente, mas emergente em forma de reflexão sobre o sentido. Esse novo “olhar”, essa quebra do habitual, pode ter início a partir dos estranhamentos ecoantes nas brechas de nossa existência superficial via “acontecimentos” que, ao provocarem ruptura e transição, destroçam e fundam horizontes de mundo, se e quando cedemos ao apelo dos traços fundantes e constitutivos (ontológicos) do nosso ser si-mesmo próprio e singular. Tal rompimento possibilita mudança e transformação ao abrir a crise que dissolve e leva o “aí” a constituir-se outro. 
Aspectos da psicoterapia fenomenológico-existencial
O existenciário ser-para-a-morte indica a radical finitude da existência, ou seja, que está singular e insubstituivelmente entregue à tarefa de ser (ou seja, “realizar sua existência”) e que seu desdobrar-se é temporal. Por mais que cotidianamente submeta a tutela da existência ao “a gente”, tal submissão nunca é total; é, ilusória, pois a tutela da existência cabe unicamente a cada um.
Fenomenológico-existencial compromete-se com o exercício hermenêutico nos atendimentos psicológicos, buscando o desvelamento dos sentidos das vivências ônticas do paciente/cliente. Ou seja, não há um modelo psicológico, nem ideal de saúde ou doença ‘psicológica’, pois cada existência é sua própria medida.
Este compromisso da clínica fenomenológico-existencial considera que as experiências de sofrimentos são articuladas com a restrição do poder-ser do homem, portanto a realização da existência é aproximar-se do seu ser-próprio. Assim, a prática clínica nesta abordagem está comprometida com a desconstrução das identificações restritivas. Essa desconstrução não é apenas teórico-cognitiva, pois, para que possa se dar, exige uma tonalidade afetiva que rompa as determinações (‘identidades’) cotidianas: angústia (dissolução dos nexos significativos) ou tédio (falta de sentido).
A compreensão é entendida enquanto ação na clínica fenomenológica, pois compreender possibilita esclarecer o modo de ser-no-mundo dos pacientes. O esclarecimento contribui para que o paciente possa se tornar responsável por suas escolhas, ou seja, assumindo sua condição de poder-ser.
A psicoterapia fenomenológico-existencial não está comprometida em tratar, adequar ou fazer com que o paciente se adapte ao mundo, mas, sim, oferecer espaço para que o cuidado pela própria existência possa ser assumido pelo paciente.
Significa produção, isto é, realização de algo que antes não existia, condução de algo possível ao aberto do mundo. Está associado a tecnica, que é a ação que propicia o surgimento de algo. É uma modalidade de discurso: a fala poética. Nesse modo de discurso, algo se apresenta e pode ser abarcado, compreendido, compartilhado. O discurso poiético está no polo oposto do discurso lógico, persuasivo.
Para compreendermos ‘liberdade’, precisamos desdobrá-la em ‘liberdade de...’ e ‘liberdade para...’ O senso comum entende liberdade como ausência de solicitações (liberdade de...). Em geral, quando alguém procura terapia está querendo se livrar de algo que oprime e restringe. Mas a terapia age na direção da liberdade para ouvir, compreender e poder lidar com as solicitações do existir.
O termo grego aletheia, que significa des-velamento, des-ocultação. Heidegger (1927/1998) resgata o sentido original de verdade como o mostrar-se algo. Esta verdade (aletheia) é reconhecida, compreendida, pois se refere ao como algo se mostra para mim.
 Sentido é aquilo que na “hora em que falta, todos nós sabemos de que se trata.” Sendo fundamentalmente possibilidade, o ser-no-mundo só existe enquanto encontra a significância das coisas, dos outros e de si mesmo, à luz dos projetos nos quais está lançado. É a dedicação ao projeto de sentido que está comprometida quando a existência está restrita. Por isso, a psicoterapia daseinsanalítica visa resgatar a possibilidade de escutar o que o existir solicita (sentido) para poder ser.
Psicoterapia infantil fenomenológica existencial
Para a fenomenologia-existencial o ser-aí da criança já se constitui como um Dasein. O nascimento biológico do ser humano delimitaa inauguração da existência e, portanto, da condição de estar lançado no mundo. Assim, o ser-aí da criança é entendido enquanto um ente com caráter indeterminado, lançado no mundo tendo de ser.
Para aprofundar a compreensão do ser-aí da criança é necessário retomar a noção de intencionalidade proposta por Husserl. Nela a consciência é considerada em sua imanência, ou seja, se realiza enquanto uma ação de dirigir-se a... e constitui a cooriginalidade de homem e mundo. Todo ato é tido como intencional, incluindo os atos de sugar, chorar e dormir do bebê que podem ser, equivocadamente, entendidos enquanto reflexos. Com isso, afastamo-nos das determinações biológicas ou sociais e aproximamo-nos da ideia que o mundo oferece possibilidades para a criança ser do seu modo. O ser-aí do bebê é marcado pela quietude, calor, alimentação e estado de sono. Porém, o ato de assustar-se com algum barulho já evidencia a articulação do bebê com o espaço, pois é um modo de responder ao que lhe solicita na abertura de mundo que ela é. O sentido desse gesto acontece no ser-no-mundo-com-outros, tal como descrito por Critelli em Historiobiografia (2012)
Por fim, temos que considerar que a responsabilidade e liberdade são dimensões constitutivas do ser-aí para a psicologia fenomenológico-existencial, porém, na vida das crianças, tais dimensões estão sob tutela temporária dos adultos responsáveis por elas. Esta peculiaridade do modo de ser da criança estabelece objetivos claros para o atendimento psicológico infantil, pois a psicoterapia, neste contexto, deve oferecer espaço para que a criança possa preencher com seus significados e experimentar na sessão sua responsabilidade para ser, sendo acompanhada no desenrolar do processo. Desse modo, a criança pode experimentar as dimensões ontológicas e cuidar de si.
Neste sentido, o atendimento psicológico infantil não deve ser confundido com psicodiagnóstico ou trabalho pedagógico como reforço escolar. O psicólogo não deve ocupar o lugar dos pais ou da escola que assumem a tutela temporária das responsabilidades da criança, pois esta ainda não pode assumi-las por completo.

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