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Curso 
Cuidador de Idosos 
A Educação é o primeiro passo para um futuro melhor. 
Carga Horária: 60 horas 
 
 
 
 
 
 
O bom aluno de cursos à distância: 
 
• Nunca se esquece que o objetivo central é aprender o conteúdo, e não apenas terminar o curso. Qualquer um 
termina, só os determinados aprendem! 
 
• Lê cada trecho do conteúdo com atenção redobrada, não se deixando dominar pela pressa. 
 
• Sabe que as atividades propostas são fundamentais para o entendimento do conteúdo e não realizá-las é deixar 
de aproveitar todo o potencial daquele momento de aprendizagem. 
 
• Explora profundamente as ilustrações explicativas disponíveis, pois sabe que elas têm uma função bem mais 
importante que embelezar o texto, são fundamentais para exemplificar e melhorar o entendimento sobre o 
conteúdo. 
 
• Realiza todos os jogos didáticos disponíveis durante o curso e entende que eles são momentos de reforço do 
aprendizado e de descanso do processo de leitura e estudo. Você aprende enquanto descansa e se diverte! 
 
• Executa todas as atividades extras sugeridas pelo monitor, pois sabe que quanto mais aprofundar seus 
conhecimentos mais se diferencia dos demais alunos dos cursos. Todos têm acesso aos mesmos cursos, mas o 
aproveitamento que cada aluno faz do seu momento de aprendizagem diferencia os “alunos certificados” dos 
“alunos capacitados”. 
 
• Busca complementar sua formação fora do ambiente virtual onde faz o curso, buscando novas informações e 
leituras extras, e quando necessário procurando executar atividades práticas que não são possíveis de serem feitas 
durante as aulas. (Ex.: uso de softwares aprendidos.) 
 
• Entende que a aprendizagem não se faz apenas no momento em que está realizando o curso, mas sim durante 
todo o dia-a-dia. Ficar atento às coisas que estão à sua volta permite encontrar elementos para reforçar aquilo que 
foi aprendido. 
 
• Critica o que está aprendendo, verificando sempre a aplicação do conteúdo no dia-a-dia. O aprendizado só tem 
sentido quando pode efetivamente ser colocado em prática. 
Aproveite o seu 
aprendizado! 
 
3 
 
Conteúdo 
 
Introdução 
Reflexão 
Cuide de si mesmo 
Higiene Pessoal 
Cuidando da Pele 
Higiene Oral 
Alimentação 
Nutrição 
Hidratação 
Cuidando da Roupa 
A Identidade do Idoso Brasileiro 
Saúde na Terceira Idade 
Incontinência Urinária 
Medicamentos e Envelhecimento 
Atividade Física 
Exercícios para Treinar o Equilíbrio 
Exercícios para Treinar a Força 
Fundamentos de Treinamento (Resistência) 
Exercícios para Treinar a Resistência Aeróbia 
Fundamentos de Treinamento (Flexibilidade) 
Exercícios para Treinar a Flexibilidade 
Prevenção e Manejo de Quedas no Idoso 
“Guidelines” para Prevenção de Quedas em Idosos 
Transtornos Mentais em Idosos 
Demência 
4 
 
Esquizofrenia 
Transtornos depressivos 
Transtorno Bipolar (Transtornos do Humor) 
Transtorno Delirante 
Transtornos de Ansiedade 
Transtornos Somatoformes 
Transtornos por Uso de Álcool e Outras Substâncias 
Depressão 
Doença de Alzheimer 
Artigos de Interesse 
Testamento e Inventário 
Dieta para Envelhecer Bem e com Saúde 
Cuidar do Idoso Doente no Domicílio 
A Razão dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa 
A Aids na Terceira Idade na Perspectiva dos Idosos, Cuidadores e 
Profissionais de saúde 
Aumentanto o Grau de Segurança no Ambiente da Pessoa Idosa 
Aspectos Clínicos da Demência Senil em Instituições Asilares 
Cartilha do Idoso 
Bibliografia/Links Recomendados 
Anexo: Nutrição para Idosos 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Introdução 
1. Introdução 
 
O cuidador de idosos 
 
O treinamento de pessoas para o cuidado faz-se necessário, face 
à situação de desamparo em que se encontram os idosos, no 
sentido de facilitar o atendimento imediato às suas necessidades 
básicas quando doentes fragilizados. 
Tendo em vista o aumento progressivo da população idosa, o 
resgate do papel dos "cuidadores" é uma questão a ser pensada. 
Entretanto, em razão da complexidade cada vez maior na 
organização das sociedades, enfatiza-se a necessidade de 
preparo e aprendizado específicos para exercer o papel de 
"cuidador". 
Para cuidar de idosos, espera-se que haja alguém capaz de 
desenvolver ações de ajuda naquilo que estes não podem mais 
fazer por si só; essa pessoa assume a responsabilidade de dar 
apoio e ajuda para satisfazer às suas necessidades, visando a 
melhoria da condição de vida. 
Não se pode esquecer que, em muitas situações, o "cuidador" 
nem sempre é um ente da família, e que introduzir pessoas 
externas ao contexto familiar implica em reconhecer valores de 
respeito e discrição, para não interferir na dinâmica familiar. 
 
1.1. Princípios orientadores 
O preparo de cuidadores exige a definição de uma base 
conceitual norte adora dos valores e princípios filosóficos, que 
podem ser reconhecidos pelos pressupostos de Gonçalves e col 
(1997): 
1. O cuidado humano ou "cuidar de si" representa a essência do 
viver humano; assim, exercer o autocuidado é uma condição 
humana. E ainda "cuidar do outro" sempre representa uma 
condição temporária e circunstancial, na medida em que o "outro" 
está impossibilitado de se cuidar . 
6 
 
2. O "cuidador" é uma pessoa, envolvida no processo de "cuidar 
do outro" - o idoso, com quem vivência uma experiência contínua 
de aprendizagem e que resulta na descoberta de potencialidades 
mútuas: É nesta relação íntima e humana que se revelam 
potenciais, muitas vezes encobertos, do idoso e do cuidador. O 
idoso se sentirá capaz de se cuidar e reconhecerá suas reais 
capacidades; 
3. O cuidador é um ser humano de qualidades especiais, 
expressas pelo forte traço de amor à humanidade, de 
solidariedade e de doação. Costuma doar-se ou voluntariar-se 
para as áreas de sua vocação ou inclinação. Seus préstimos têm 
sempre um cunho de ajuda e apoio humanos, com relações 
afetivas e compromissos positivos. 
Funções - Ajudar nas atividades da vida diária; administrar 
medicamentos por via oral prescritos pelo especialista; auxiliar na 
deambulação e mobilidade; cuidados com a organização do 
ambiente protetor e seguro, acesso a dispositivos de ajuda ( 
equipamentos ) para a atenção ao idoso; propiciar conforto físico 
e psíquico; estimular o relacionamento e contato com a realidade 
e levar o idoso a participar de atividades recreativas e sociais. 
Conferir sinais vitais, reconhecer sinais de alterações (alerta) e 
prestar socorro em situações de urgência (os primeiros). 
 
1.2. Cuidador Profissional 
Conceito - O cuidador profissional é a pessoa que possui 
educação formal com diploma conferido por instituição de ensino 
reconhecida em organismos oficiais, e que presta assistência 
profissional ao idoso, família e comunidade. 
Perfil - Ter cursado Ensino Médio ou Superior e tido treinamento 
específico em cuidado do idoso, em instituições oficialmente 
reconhecidas. 
Destacam-se as habilidades e qualidades pessoais para o 
cuidado. 
7 
 
Funções - Os cuidadores profissionais seguem funções 
específicas em conformidade com as legislações das categorias 
profissionais. 
Os cuidadores "informais" e "formais" devem desenvolver 
algumas habilidades e qualidades para prestar cuidado, 
especificadas a seguir: 
Habilidades técnicas: É o conjunto de conhecimentos teóricos e 
práticos, adquiridos por meio da orientação de profissionais 
especializados. Esses conhecimentos irão preparar o cuidador 
para prestar atenção e cuidados ao idoso (descritas nas funções). 
Qualidades éticas e morais: São atributosnecessários para 
permitir relações de confiança, dignidade, respeito e ser capaz de 
assumir responsabilidades com iniciativa. Quando não for 
parente, deve procurar adaptar-se aos hábitos familiares, 
respeitar a intimidade, a organização e crenças da família, 
evitando interferência. 
Qualidades emocionais: Deve possuir domínio e equilíbrio 
emocional, facilidade de relacionamento humano, capacidade de 
compreender os momentos difíceis vividos pelo idoso, adaptação 
às mudanças sofridas por ele e família, tolerância ante situações 
de frustração pessoal. 
Qualidades físicas e intelectuais: Deve possuir saúde física, 
incluindo força e energia, condições essenciais nas situações em 
que há necessidade de carregar o idoso ou dar apoio para vestir-
se e cuidar da higiene pessoal. Ser capaz de avaliar e administrar 
situações que envolvem ações e tomada de decisões. 
Motivação: É condição fundamental a empatia por idosos. 
Valorizá-los como grupo social, considerando que o "cuidado" 
deve ser um compromisso prioritário, pessoal e também da 
sociedade. 
O cuidador de idosos dependentes deve organizar suas tarefas 
de cuidado de modo a ter oportunidades de se autocuidar. Muitas 
vezes, o cuidador se sobrecarrega nas suas atividades e se 
esquece de que é uma pessoa que também necessita de 
cuidados. A família deve avaliar esse trabalho, em conjunto com 
8 
 
profissionais e planejar atividades para idosos e cuidadores. 
Cursos são necessários, visando a orientação aos cuidadores do 
cuidado com o outro e consigo mesmo. 
Fonte: BRASIL, Presidência Social. Idosos: Problemas e 
cuidados básicos. Brasília: MPAS/SAS, 1999. 
 
1.3. O cuidado, com freqüência, começa em forma gradual. 
Provavelmente você já esta ajudando a alguém a: 
 
 Levar ao Médico; 
 Fazer as compras no supermercado; 
 Pagar as contas; 
 Lavar a roupa ou limpar a casa ou 
 Cozinhar. 
 
Com o tempo, você poderia oferecer maiores cuidados. Quem 
sabe compartilhe a responsabilidade com outros membros da 
família ou com amigos, ou quem sabe se encarregue de tudo 
você mesmo, inclusive ate dedicar às 24 horas do dia ao cuidado 
dessa pessoa. É provável que o cuidado de outra pessoa 
compreenda: 
 
 Alimentá-la ou dar-lhe banho; 
 Ajudá-la a usar o banheiro; 
 Supervisionar o horário de tomar as medicações; 
 Contratar a outras pessoas que a cuidem; 
 Programar todo o atendimento médico ou; 
 Administrar todos os seus assuntos econômicos e legais. 
 
 
SE VOCÊ REALIZA ALGUMA DESTAS TAREFAS POR 
OUTRA PESSOA, ENTÃO VOCÊ É UM CUIDADOR! 
 
9 
 
Reflexão 
2. REFLEXÃO 
 
2.1. Respeito e Dignidade 
 
Antes de começar a realização deste curso, vamos nos deter 
alguns minutos para considerar seu papel especial como 
ajudador. A diferença de um cuidador profissional, você conhece 
na pessoa que cuida. Conhece a pessoa por completo, o que ela 
gosta e o que ela não gosta também, suas fortalezas e suas 
fraquezas individuais, além de seus desejos e necessidades. 
É muito fácil cair numa atitude “protetora” quando se cuida de 
outra pessoa, especialmente se tratar de um membro da família. 
Mas precisamos compreender que a não ser que a pessoa esteja 
passando por um transtorno cognitivo (Distúrbio cerebral devido a 
um derrame cerebral, demência ou outro problema de saúde), 
ELE, entretanto toma as decisões sobre sua vida. Às vezes, a 
pessoa poderia tomar decisões que você não tomaria, mas é sua 
decisão. Isto pode ser difícil para você, como cuidador, mas deve 
ter cuidado e estar alerta para não cair na superproteção. 
Uma das necessidades humanas mais importantes é o respeito e 
a dignidade e essa necessidade não muda quando a pessoa 
adoece e fica incapacitada, de fato, esta poderia inclusive 
acentuar-se mais. 
Existem muitas coisas que você pode fazer para se assegurar 
que a pessoa sob seus cuidados receba respeito e dignidade, 
direito básicos de todo ser humano. 
 
 
2.2. Respeitar sua privacidade física e emocional. 
 
 Fechar a porta quando o ajuda a vestir-se ou usar o banheiro; 
 Bater a porta antes de entrar; 
 Não comentar informação privada com outras pessoas, mesmo 
que estas sejam membros da família, sem sua permissão. 
 
10 
 
2.3. Respeitar seu direito de escolher. 
 
 Ao tomar decisões, sentimos certo controle sobre nossa vida. 
Por exemplo, se a pessoa pode fazê-lo, permita que decida o 
que e quando comer; 
 Se a pessoa tem problemas cognoscitivos, ofereça-
lhe opções sobre o que comer, quando comer e o que usar. 
 Se a pessoa insiste em usar a mesma camisa todos os dias, 
use uma toalha como proteção quando coma e lave a roupa de 
noite. 
 Se pensar que é uma decisão boba ou de pouca importância, 
trate de ver porque isso é importante para a pessoa. 
 Se a pessoa se nega a tomar seus medicamentos ou toma 
decisões que possam ser perigosas, trate de negociar uma 
possível solução. Ofereça-lhe os comprimidos com seu suco 
favorito (se a receita permite), aceite dar-lhe banho com a 
freqüência absolutamente necessária, planeje tempo para que 
alguém a leve a caminhar com ele se não é seguro que o faça 
sozinho. 
 
2.4. Trate-o com dignidade. 
 
 Ouça suas preocupações; 
 Peça sua opinião e faça-o saber que esta e importante para 
você; 
 Faça-o participar de tantas decisões quanto possível; 
 Inclua-o na conversação. Não fale dele como se não tivesse 
presente. 
 
Converse com ele como um adulto, mesmo que você não esteja 
certo do quanto ele entende. 
 
2.5. Filosofia de vida independente 
 
A filosofia de vida independente é um conceito que tem surgido 
do desejo natural que as pessoas incapacitadas têm de exercer o 
controle sobre sua vida. Em uma visão mais abrangente, esta 
11 
 
filosofia afirma que todos, incapacitados ou não, tem direito e 
oportunidade de seguir um curso de ação em particular e isto 
implica na liberdade de aprender de nossas experiências, 
incluindo nossos erros. 
Cuide de si mesmo 
3. Cuide de si mesmo 
 
Cuidar de outra pessoa e a responsabilidade mais difícil que terá 
na sua vida. Se bem que cuidar de uma pessoa traz muitas 
satisfações, mas existem sacrifícios e exigências que poderiam 
chegar a ser muito fortes. 
Dado ao fato que cuidar de outra pessoa pode ser exaustivo, é 
importante que se controle. No geral, é difícil saber por quanto 
tempo deverá cuidar desta pessoa ou se sua tarefa se tornará 
mais exigente ao longo do tempo e deve-se levar em conta que 
esse trabalho não vem com uma descrição trabalhista! 
Cuidar de suas próprias necessidades é tão importante como 
cuidar de outra pessoa. 
 
Se você adoece ou tem estafa emocional ou física, não 
poderá cuidar dos outros. 
 
Agora veja a apresentação a seguir sobre como fazer! 
 
 
3.1. A Importância de fazer exercício 
 
Ninguém pode estar tão fora de forma, tão cansado ou ocupado 
como para não se beneficiar com um programa regular de 
exercícios. O que ouvimos geralmente são os benefícios... 
Se você tem desculpas do tipo: “Eu nunca fiz exercícios antes”, 
“Meus joelhos e meus pés doem muito” ou “Não tenho tempo”, 
faça a você mesmo um favor: com tão somente 10 minutos por 
dia e em pelo menos 3 dias por semana, o exercício correto te 
12 
 
ajudará a sentir-se melhor, a reduzir o estresse e a gozar mais da 
vida. 
 
3.2. Algumas observações importantes para quando você 
fizer exercício: 
 
 Programe uma hora específica cada dia para fazer exercício; 
 Seja constante. Para obter benefícios de qualquer programa de 
exercício, deves fazê-lo de forma regular; 
 Faça exercícios de alongamento e de relaxamento antes e 
depois de teu exercício; 
 Comeces com uns 10 minutos de exercício ao dia e aumente 
gradualmente ate 30 minutos para obter o máximo benefício; 
 Faça o testedo falar/cantar para saber se estás fazendo o 
exercício de forma demasiadamente forte ou não o suficiente, 
utilize este simples teste. Se não pode falar ao fazer exercício 
ao mesmo tempo, está se extenuando. Se você pode cantar e 
fazer exercício, não está se esforçando o suficiente; 
 Sempre comece lentamente a atividade durante os primeiros 5 
minutos e diminua o ritmo durante os 5 últimos minutos em vez 
de parar abruptamente. 
 
3.3. Exercícios recomendados. 
 
Nota de advertência: Sempre consulte seu médico antes de 
começar qualquer programa de exercícios. 
 
3.4. Dê um passeio diário. 
 
Procure um amigo com quem caminhar. Motivar-se-ão 
mutuamente quando estiverem tentados há ter o dia livre sem o 
exercício. 
 
3.5. Veja um vídeo de exercícios. 
 
13 
 
Procure vídeos para principiantes. Evite começar com programas 
que incluam saltar ou dobrar-se. Melhor ainda, use vídeos para 
fazer alongamento, tonificação muscular e relaxamento. 
 
 
3.6. Informe-se sobre aulas oferecidas através dos centros 
comunitários, ginásios e centros para idosos. 
 
Consulte sobre Yoga, tai-chi ou outros programas de exercícios 
não tradicionais. Estes são uma forma excelente de melhorar a 
flexibilidade, tonificar os músculos e relaxar. Veja se tem 
disponível piscina comunitária e consulte sobre horário de 
natação para idosos ou aulas de hidroginástica. Muitas piscinas 
oferecem aulas só para idosos ou para pessoas que desejem um 
ritmo mais lento. 
 
3.7. Dance, para ter uma saúde melhor. 
 
Os bailes de São João, de salão ou tradicionais são uma 
excelente forma de incrementar sua resistência e melhorar seu 
equilíbrio. 
Se você necessita ajuda para encontrar um programa de 
exercícios adequado, consulte seu médico. 
 
3.8. Consulte sobre programas sociais em sua 
comunidade. 
 
Os centros de cuidado diurno podem proporcionar um 
descanso programado com regularidade. 
 
Disponíveis em muitas comunidades, estes centros proporcionam 
programas sociais e comidas. Alguns proporcionam transporte 
para aqueles idosos que necessitam atividade sob supervisão. 
14 
 
Os participantes podem freqüentar 1 ou 2 vezes por semana ou 
todos os dias, dependendo do programa individual. 
 
3.9. Também poderia conseguir programas noturnos. 
 
Alguns lugares de repouso, lar de idosos e comunidades de 
aluguel com ajuda oferecem estadias de até duas semanas. 
 
3.10. Consulte sobre atenção domiciliar. 
 
Se a pessoa não puder freqüentar um centro de atendimento 
diurno, poderia haver a possibilidade que assistentes capacitados 
possam proporcionar cuidado em turnos na sua casa. 
 
3.11. Convivendo com o estresse 
 
Estabeleça limites e faça-os saber. 
 
3.12. Assegure-se de ter metas e expectativas realistas. 
 
Não espere ter a casa perfeita ou ter uma vida social como a que 
tinha antes de assumir o papel de cuidador. Provavelmente 
tenha que simplificar as folgas nos feriados ou repartir as 
responsabilidades com outros membros da família. 
 
 
3.13. O Bom Humor é geralmente o melhor remédio. 
 
Loque um filme ou olhe programas de televisão que o façam 
sorrir. Leia um livro de piadas. O humor pode fazer milagres para 
reduzir o estresse. 
 
15 
 
3.14. Busque apoio. 
 
Através de amigos compreensivos, grupos de apoio ou um 
conselheiro profissional. Participe também das comunidades na 
internet sobre esse tema. 
 
3.15. Evite pessoas difíceis. 
 
Como por exemplo, amigos que o criticam o tempo todo. 
 
3.16. Descubra o que lhe ajuda a aliviar o estresse. 
 
Algumas idéias poderiam ser exercícios de respiração, yoga, 
meditação, escrever um diário de vida ou sair para caminhar. 
Feche os olhos e se imagine em um lugar bonito, rodeado por 
suas coisas favoritas. 
 
3.17. Faça uma lista das coisas que aliviam o seu estresse. 
 
E depois o mantenha a mão e utilize! 
 
3.18. Como saber se você precisa de ajuda profissional? 
(cuidador). 
 
Alguns sinais de advertências poderiam ser: 
 
 Uso abusivo de bebidas alcoólicas ou de medicamentos como 
pílulas para dormir; 
 Perda ou aumento considerável de apetite; 
 Depressão, perda das esperanças, sentimento de alienação; 
 Pensamentos suicidas; 
 Perda do controle físico e emocional; 
16 
 
 Tratar mal outras pessoas ou ignorá-las. 
 
Se apresentar quaisquer destes sintomas, você está levando uma 
carga demasiadamente grande. Consulte um conselheiro ou 
converse com seu médico sobre seus sentimentos. Seu médico 
poderá recomendar-lhe um conselheiro ou você poderia se por 
em contato com um hospital local ou secretaria de saúde. 
Higiene Pessoal 
4. Higiene Pessoal 
 
4.1. BANHO 
 
Tomar banho pode ser uma atividade agradável durante o dia. 
Depois do banho nos sentimos bem, limpos e relaxados. Se você 
cuida de alguém que precisa de ajuda para tomar banho, faça 
com que a ocasião seja a mais agradável possível. Depois, 
ambos se sentirão melhor. 
 
Quando tomar banho for um problema... 
Tentar identificar a(s) causa (as) da recusa é um bom começo. 
O idoso pode estar com dificuldade para caminhar, ter medo da 
água, medo de cair, pode estar deprimido; com infecções que 
geram mal-estar, dor, tontura ou mesmo sentir-se envergonhado 
por expor seu corpo diante de um cuidador estranho, 
especialmente se for do sexo oposto. 
 
4.1.1. ADAPTANDO O AMBIENTE 
 
 Todas as adaptações deverão ser feitas mediante o grau de 
dependência apresentado; 
 Mantenha o piso seco e no interior do Box utilize tapetes 
antiderrapantes (emborrachados) para evitar quedas; 
 A colocação de barras de segurança na parede (semelhante 
àquelas utilizadas em academias de balé) é de grande ajuda, 
17 
 
pois permitem que o paciente se apóie nelas durante o banho, 
fazendo-o sentir-se mais seguro; 
 Se for difícil para ele manter-se em pé por muito tempo, pense 
que talvez uma cadeira de banho vá auxiliá-lo e permitir maior 
conforto. 
 
4.1.2. RESPEITE SEUS HÁBITOS 
 
 Os que apresentam dependência leve devem ter seus hábitos 
de higiene respeitados como: horário do banho, marca do 
sabonete, xampu, etc. 
 Não há razão para se “obrigar” o paciente a banhar-se pela 
manha se é seu hábito fazê-lo à tarde; 
 É interessante se criar uma rotina para aqueles que 
apresentam dependências severas, isto facilita o trabalho do 
cuidador e cria um hábito para o paciente; 
 Mesmo os acamados devem ser levados ao banheiro para que 
seja realizado o banho de chuveiro, esta é uma ótima 
oportunidade de mobilização; 
 Banhos no leito devem ser evitados, sendo indicados apenas 
para aqueles pacientes com prescrição de repouso rigoroso no 
leito. 
 
4.1.3. INDO PARA O BANHEIRO 
 
 Prepare o banheiro previamente e leve para lá todos os objetos 
necessários à higiene; 
 Elimine correntes de ar fechando portas e janelas; 
 Separe as roupas pessoais antecipadamente; 
 Regule a temperatura da água que deve ser morna; 
 Se possível, o paciente deve ser despido no quarto e 
conduzido ao banheiro protegido por um roupão, neste 
momento, evite fixar os olhos em seu corpo (isto pode 
constrangê-lo), observe-o sutilmente. 
 
4.1.4. O BANHO PROPRIAMENTE DITO 
 
 Oriente-o para iniciar o banho e auxilie-o, se necessário; 
18 
 
 Não faça por ele. Estimule, oriente, supervisione, auxilie. 
Apenas nos estágios mais avançados da doença o cuidador 
deve assumir a responsabilidade de dar o banho; 
 Aproveite a oportunidade para massagear suavemente a sua 
pele, isto favorece a circulação sanguínea e produz grande 
conforto; 
 Não utilize buchas de banho, lembre-se que a pele é muito 
sensível e você pode provocar lesões; 
 Lave a cabeça no mínimo 3 X por semana, utilize xampu 
neutro, observe se há lesões nocouro cabeludo. Mantenha se 
possível, os cabelos curtos; 
 Observe se há necessidade de cortar as unhas das mãos e dos 
pés, em caso positivo, posteriormente, corte-as retas com todo 
cuidado especialmente nos pacientes diabéticos; 
 Após o banho, seque bem o corpo, principalmente as regiões 
de genitais, articulares (dobra de joelho, cotovelos, axilas) e 
interdigitais (entre os dedos). 
 
Cuidando da Pele 
5. CUIDANDO DA PELE 
 
A pele merece atenção especial e o momento do banho é o mais 
apropriado para se observar a presença de hematomas 
(manchas roxas), hiperemia (vermelhidão), pruridos (coceiras), 
assaduras ou qualquer outro tipo de lesão, as quais se tratadas 
adequadamente e a tempo evitam complicações e previnem a 
ocorrência de úlceras por pressão (escaras). 
 
 Manter a higiene da pele é de suma importância, pois se trata 
de uma barreira natural de que dispõe o organismo contra 
infecções, portanto, trabalhe para manter sua integridade; 
 Idosos apresentam fragilidade de vasos capilares, que se 
rompe com facilidade, causando manchas avermelhadas na 
pele. Aumente a oferta de alimentos ricos em vitamina C , ela 
melhora a resistência dos vasos capilares; 
 Ao segurar o paciente pelos braços ou mãos, não exerça 
demasiada pressão, lembre-se, a sua pele é frágil, e muitas 
vezes, rompe-se com uma simples pressão; 
19 
 
 Manter a pele hidratada é de fundamental importância, existem 
no mercado bons cremes hidratantes, de perfume suave, que 
umidificam adequadamente, evitando seu ressecamento; 
 Mantenha o paciente hidratado, ofereça líquidos à vontade; 
 Evite a exposição à luz solar após as 9 horas da manhã (10 no 
horário de verão); 
 Pruridos (coceiras) podem ser causados por vestuário 
confeccionado com tecidos sintéticos, dê preferência às roupas 
de algodão ou tecidos antialérgicos; 
 Assaduras podem surgir devido a má higienização ou a longa 
permanência com fraldas molhadas; 
 Após eliminações urinárias ou intestinais, deve-se providenciar 
uma higiene íntima; 
 Pacientes incontinentes devem ter suas fraldas trocadas de 3/3 
horas ou antes se necessário; 
 Evite cosméticos com perfume forte, eles costumam produzir 
alergias respiratórias; 
 Não use talcos, se aspirados inadvertidamente podem produzir 
alergias respiratórias; 
 Evite banhos muito quentes, eles provocam o ressecamento, 
além de causar queimaduras em peles muito sensíveis. 
 
Higiene Oral 
6. HIGIENE ORAL 
 
A Higiene Oral é um hábito saudável e agradável que deve ser 
mantido ao longo de toda a vida. 
Alterações da mucosa oral, perda de dentes, próteses mal 
ajustadas, gengivites (inflamação das gengivas), diminuição do 
fluxo salivar, são fatores que podem ocasionar infecções na 
cavidade oral. 
 
 A Higiene Oral deve ser realizada após cada refeição ou num 
mínimo de 3 X ao dia; 
 A boca deve ser inspecionada imediatamente após cada 
refeição, para que dessa forma, possa ser removido todo e 
qualquer resíduo alimentar; 
20 
 
 Utilizar escovas de dentes de cerdas macias, massageando as 
gengivas verticalmente com suavidade; 
 Pode-se utilizar após cada escovação antissépticos orais, 
mantendo assim um hálito agradável; 
 Algumas vezes é muito difícil fazer com que o paciente abra a 
boca para se fazer a higiene oral. Tente introduzir 
delicadamente uma espátula entre os dentes e faça um 
movimento rotatório, caso não seja possível, utilize o próprio 
dedo indicador envolto em gaze para que seja possível a 
higienização. 
 
6.1. A LÍNGUA 
 
A Língua deve ser massageada com escova macia, para 
remoção de sujidades. 
Em caso de haver presença de uma crosta branca sobre a língua 
– saburra – removê-la utilizando uma solução de bicarbonato de 
sódio, na proporção de 1 colher de café de bicarbonato em 1 
copo d água. Para executar a limpeza da língua, molhar na 
solução a escova de dentes, ou uma espátula envolvida em gaze, 
ou mesmo o próprio dedo indicador envolto em gaze e proceder a 
limpeza. Esta deve ser feita com movimentos suaves, sem 
esfregar. 
 
O QUE OBSERVAR 
 
Deve-se observar cuidadosamente a presença de lesões na 
cavidade oral – manchas brancas, vermelhas, pequenos 
ferimentos que sangram e não cicatrizam – e nesse caso, alertar 
o médico responsável. 
 
CUIDE BEM DAS PRÓTESES 
 
 Deve-se ter maior atenção para a higiene oral naqueles 
pacientes que usam próteses dentárias. Estas devem ser 
21 
 
retiradas após cada refeição, higienizadas fora da boca, e após 
limpeza da cavidade oral, recolocadas; 
 Pacientes muito confusos devem ter suas próteses retiradas à 
noite, colocadas em solução antisséptica, e após higienização, 
recolocadas pela manhã; 
 Observar a estabilidade da prótese na boca do paciente, 
lembrar que com o envelhecimento ocorre perda de massa 
óssea, fazendo com que as próteses fiquem frouxas e se 
desestabilizem. É conveniente, neste caso, aconselhar-se com 
um dentista; 
 Observar a presença de cáries ou dentes quebrados que 
causam dor. Existem equipes de profissionais (dentistas), que 
atendem no domicílio aqueles pacientes que se encontram 
impossibilitados de comparecer ao consultório; 
 Muitas vezes, a recusa do paciente em alimentar-se ou sua 
agitação no horário de refeições deve-se ao fato de próteses 
mal ajustadas ou significar simplesmente uma dor de dentes. 
 
Alimentação 
7. ALIMENTAÇÃO 
 
Nem sempre alimentar o portador da doença de Alzheimer é 
tarefa fácil. Horários regulares, ambiente tranquilo, especialmente 
muita calma e paciência, da parte do cuidador, são fatores 
imprescindíveis para que a alimentação seja bem aceita pelo 
paciente. 
 
 O paciente deverá estar sentado confortavelmente para 
receber a alimentação; 
 O ambiente deverá ser calmo, livre de ruídos; 
 Jamais ofereça alimentos ao paciente quando este estiver 
deitado; 
 Os pacientes que ainda conservam a independência para 
alimentarem-se sozinhos devem continuar a receber estímulos 
para esta ação, não importando o tempo que levem para fazê-
lo; 
 O Cuidador nunca deverá criticar ou apressar o paciente 
durante as refeições. 
22 
 
 As instruções passadas ao paciente deverão ser claras e o 
comando suave; 
 Para aqueles pacientes que demoram a alimentar-se, o uso de 
baixelas térmicas, que mantém o alimento aquecido por mais 
tempo, é bastante útil. 
 Independentemente da apresentação da dieta – sólida, pastosa 
ou líquida – deve-se, sempre que possível, respeitar as 
preferências do paciente. Uma pessoa que sempre gostou de 
comer carne, mas que já não consegue deglutir pequenos 
pedaços deve ter a carne liquidificada e servida em 
consistência de purê. O mesmo artifício deve ser utilizado para 
os outros alimentos. 
 O convívio com a família é de extrema importância. Sempre 
que possível, deve-se permitir que o paciente alimente-se em 
companhia de seus familiares. 
 A vida social deve ser mantida enquanto possível. Se for 
hábito do paciente almoçar fora, os restaurantes devem ser 
selecionados e a opção por um local tranquilo é a ideal. 
 Os utensílios utilizados durante a refeição devem ser 
preferencialmente lisos e claros. As estampas – de pratos, por 
exemplo – podem distraí-lo e reduzir sua concentração naquilo 
que lhe é explicado no momento (mastigação e deglutição). 
 Aqueles que apresentam dependência severa devem ser 
alimentados com colheres, em lugar de garfos. 
 Os alimentos crus e secos devem ser evitados, pois o perigo 
de engasgamento é maior. 
 Doces e salgados serão permitidos, desde que não haja 
restrição médica. Os temperos devem ser suaves e os molhos 
picantes evitados. 
 Caso haja engasgamento, mantenha a calma, coloque-se 
imediatamente atrás do paciente e abraçando-o com as duas 
mãos juntas, comprima o abdome, fazendo pressão sobreo 
diafragma. 
 Após cada refeição, a higiene oral é indispensável e deve ser 
realizada uma inspeção cuidadosa da boca, a fim de que possa 
ser removido todo e qualquer resíduo alimentar. 
 
Nutrição 
8. NUTRIÇÃO 
23 
 
 
Nutrição não deve ser confundida com alimentação, na maioria 
dos casos as pessoas bem alimentadas estão mal nutridas. 
Os idosos podem necessitar de uma maior oferta de proteínas 
(carnes brancas, como peixes e aves; carnes vermelhas, desde 
que sem gordura; leite desnatado; queijo fresco etc.); além de 
carboidratos (açúcares, massas) e reguladores, fontes de 
vitaminas e minerais (vegetais, frutas e legumes). 
No entanto, a nutrição adequada a cada paciente deve ser 
orientada por profissional competente, uma nutricionista. 
 
 Lembrar que o suprimento das necessidades nutricionais é um 
fator que deve ser analisado clinicamente, considerando-se 
hábitos e gasto energético individuais, sendo que esses fatores 
variam de indivíduo a indivíduo. 
 As refeições devem conter pelo menos um alimento de cada 
grupo, a saber: construtores (proteínas), energéticos 
(carboidratos) e reguladores (frutas, legumes e vegetais). 
 É importante analisar hábitos antigos do paciente e mantê-los, 
desde que não haja prejuizo nutricional para ele. 
 Alguns pacientes mudam seus hábitos alimentares com a 
evolução da doença, dando preferência a pequenos lanchinhos 
ou guloseimas que alimentam, porém não nutrem. Tente 
incrementar estes lanches garantindo que ele receba 
quantidades adequadas de proteínas, carboidratos e 
reguladores. 
 É importante chamar a atenção do cuidador para que as 
informações de como nutrir o paciente deve advir de 
profissionais capacitados (nutricionista), que após avaliação 
terão condições de prescrever uma dieta adequada a cada 
paciente individualmente. 
 Rotineiramente o paciente deve (sob orientação médica), 
realizar exames laboratoriais para que seja analisado seu 
estado nutricional. A freqüência destes exames irá variar de 
acordo com o quadro clínico apresentado. 
 A presença de edemas (inchaços) pode, em alguns casos, 
significar desnutrição. É conveniente consultar um médico. 
24 
 
 Atenção para perda de apetite pode estar relacionada a várias 
causas que devem ser investigadas e tratadas. Lesão da boca, 
infecções, doenças crônicas ou refeições que não estejam do 
agrado do paciente são alguns exemplos. 
 Deve-se aumentar a oferta de nutrientes como proteínas, 
vitaminas e minerais, quando em presença de infecções, 
permitindo assim, uma reabilitação precoce. 
 O controle do peso corporal deve ser feito mensalmente, 
alterações súbitas (ganho ou perda ponderal), merecem 
investigação clínica. 
 
Hidratação 
9.1. HIDRATAÇÃO 
 
Queixas de hipotensão (pressão baixa), acúmulo de secreções 
bronco-pulmonares (catarro), obstipação intestinal (prisão de 
ventre), são algumas das complicações que na maioria das vezes 
estão relacionadas a quadros de desidratação, que nos pacientes 
idosos pode dar origem a complicações clínicas sérias e de difícil 
manejo. 
 
 Oferecer líquidos é de extrema importância, não 
se deve esquecer que eles colaboram para o 
equilíbrio de todos os sistemas orgânicos. 
 Deve-se oferecer uma quantidade de líquidos 
equivalente a 2 litros por dia, na forma de água, 
chás, sucos, vitaminas etc. 
 O volume indicado deve ser fracionado em 
pequenoas doses que ao fim do dia devem somar 
2000 ml. 
25 
 
 Deve-se garantir que a quantidade de líquidos 
ingerida seja mais ou menos igual às perdas (urina, 
suor, lágrimas, saliva). 
 Oferecer copos cheios de água causa uma 
sensação de plenitude gástrica desconfortável para 
o paciente, ofereça pequenas quantidades, várias 
vezes ao dia. 
 Lembrar que a maioria dos idosos ingere pouca 
quantidade de água pura. Colocar sabor na água 
como os sucos, refrescos etc. é uma estratégia 
eficaz. 
 A ingestão adequada de líquidos também é de 
extrema importância para a manutenção do 
adequado turgor cutâneo (elasticidade da pele), 
melhorando conseqüentemente a resistência da 
pele. 
 Pacientes diabéticos devem receber líquidos 
adoçados artificialmente. 
 Aqueles que possuem restrição de líquidos 
prescrita por médico devem respeitá-la com rigor. 
 Idosos acumulam facilmente secreções bronco-
pulmonares, a oferta adequada de líquidos 
possibilita uma expectoração mais rápida, 
prevenindo infecções. 
 Nas fases mais avançadas, devem ser servidos 
sucos espessos – como vitaminas, ou engrossados 
com gelatina, por exemplo – eles reduzem os riscos 
de engasgamentos. 
26 
 
 Jamais ofereça líquidos com o paciente deitado, 
este deve estar em posição sentada ou recostada 
em travesseiros. Esta medida reduz o risco de 
aspirações e otites (dor de ouvido). 
 Atenção! Quedas de pressão arterial, diurese 
concentrada (urina escura) e baixo débito urinário 
(pouco volume de urina) podem estar associados à 
baixa ingestão de líquidos. 
 A obstipação intestinal (intestino preso) é outra 
queixa comum que também pode estar associada a 
baixa ingesta de líquidos, imobilidade e dieta 
inadequada. 
 Lembre-se de que o coração (assim como uma 
bomba d’água) necessita de volume para trabalhar 
adequadamente. A falta de líquidos pode trazer 
conseqüências graves para o paciente. 
 Pacientes que apresentam dificuldade para 
digerir alimentos (disfagia) devem receber 
alimentação específica, orientadas por profissionais 
especializados (fonoaudiólogos e nutricionistas). 
Em determinados momentos da evolução da doença pode haver 
necessidade da colocação de sondas para alimentação e 
especialmente para hidratação. 
Cuidando da Roupa 
CUIDANDO DA ROUPA 
 
Manter um vestuário simples e confortável, criando sempre que 
possível a oportunidade de escolha pelo próprio paciente é de 
fundamental importância; essa rotina permite a preservação da 
personalidade elevando a autoestima e a independência. 
27 
 
 
 Estimular a independência é fundamental; 
 As roupas devem ser simples, confeccionadas 
com tecidos próprios ao clima; 
 O paciente pode ter perdido a capacidade de 
expressar sensações de frio ou calor, dessa forma, 
nunca esquecer de tirar ou colocar agasalhos, 
conforme a variação da temperatura; 
 O cuidador deve, ao falar com o paciente, 
colocar-se no seu campo visual, ou seja, diante dele, 
orientando-o calmamente e gesticulando, se 
necessário; 
 Deve-se estimular o ato de vestir-se sozinho, 
dando instruções com palavras fáceis de serem 
entendidas; 
 Dê a ele a oportunidade de optar pelo tipo de 
vestuário e as cores que mais lhe agradem. Apenas 
supervisione, pois pode ser que haja necessidade de 
auxiliá-lo na combinação de cores; 
 Tenha calma e paciência, não o apresse 
enquanto ele executa sua rotina de vestir-se; 
 Para que ele mesmo possa procurar suas 
roupas, nos armários, cole fotos de peças e ou 
objetos pessoais na parte externa da gaveta ou 
guarda-roupas. Isso o ajudará a encontrar 
rapidamente o que procura; 
28 
 
 Roupas como blusas, camisas ou suéteres, 
deverão ser preferencialmente abertas na parte da 
frente, para facilitar a colocação ou retirada; 
 Evite roupas com botões, zíperes e presilhas, 
elas dificultam o trabalho do paciente para abri-los 
ou fechá-los. De preferência às roupas com elástico 
ou velcro; 
 Nas fases mais avançadas da doença, deve-se 
dar preferência aos conjuntos do tipo moletom, em 
função de sua praticidade; 
 Pacientes limitados à cadeira de rodas ou 
poltronas, o critério para a escolha do vestuário é 
ainda mais rigoroso. Deve-se optar por roupas 
confortáveis, largas, especialmente nos quadris; 
 O uso de objetos pessoais (acessórios), pode 
ser mantido, porém, com a evolução da doença, as 
jóias deverão ser substituídas por bijuterias;Na medida do possível, deve-se providenciar 
um roupão, para que o paciente possa se despir no 
quarto e, protegido, ser conduzido ao banho; 
 Deve-se evitar o uso de chinelos, pois eles 
facilitam as quedas; 
 Todos os tipos de sapatos devem ser providos 
por solados antiderrapantes, os mais indicados são 
aqueles que possuem elástico na parte superior, 
pois além de serem fáceis de tirar e colocar, evitam 
que o paciente tropece e caia, caso o cadarço se 
desamarre. 
29 
 
A Identidade do Idoso Brasileiro 
 A Identidade do Idoso Brasileiro 
 
O conceito de identidade é demasiadamente complexo. Na 
verdade, a identidade é relacional, ou seja, a identidade se 
constrói e reconstrói naquelas identidades já existentes, por isso 
elas são abertas a mudanças. Elas se formam a partir de três 
questões principais: a escolha de uma ocupação; a adoção de 
valores os quais acreditar e viver; e o desenvolvimento de 
uma identidade sexual satisfatória. 
No começo do século XXI, com a crescente globalização, as 
tecnologias disponíveis à população, possibilitaram melhor 
qualidade de vida para as pessoas de modo que essas foram 
envelhecendo de maneira mais segura e saudável. No âmbito de 
alcançar a velhice bem sucedida, as pessoas freqüentemente 
planejam novas ocupações para suas vidas pós-aposentadoria. 
Essa nova busca proporciona uma transição para uma identidade 
diferente daquelas visadas há alguns anos atrás. 
 
Preconceitos sobre o envelhecimento 
 
Em nosso país, hoje em dia, vivemos um período de muitas 
conturbações. São vários os problemas econômicos e sociais que 
envolvem os campos da saúde, mercado de trabalho e 
educacional. Dentre todos esses problemas, a questão do idoso 
brasileiro é um de difícil solução, o qual vem sendo um grande 
desafio. 
O envelhecimento pode ser entendido como um processo 
múltiplo e complexo de contínuas mudanças ao longo do curso 
da vida, influenciado pela integração de fatores sociais e 
comportamentais. A idéia pré-concebida sobre a velhice aponta 
para uma etapa da vida que pode ser caracterizada, entre outros 
aspectos, pela decadência física e ausência de papéis sociais. 
Cada vez o brasileiro está vivendo mais, pois hoje, no país, os 
idosos ultrapassam o número de 15 milhões, correspondendo a 
8,6% da população total do país. Segundo projeções 
demográficas, iremos ser a sexta população mundial de idosos, e 
isso é alentador. Muitas vezes o idoso é visto 
30 
 
pela sociedade como um indivíduo “inútil” e “fraco” para compor 
a força de trabalho, que por valores sociais impedem a 
participação do mesmo em vários cenários da sociedade. 
De acordo com Mercadante (1996), na nossa sociedade, ser 
velho significa na maioria das vezes estar excluído de vários 
lugares sociais. Um desses lugares densamente valorizado é 
aquele relativo ao mundo produtivo, o mundo do trabalho. 
 
A nova imagem do idoso 
A imagem que possuímos dos idosos vem mudando devido ao 
avanço das tecnologias na área da saúde proporcionando uma 
elevação da expectativa de vida, o “novo idoso” é influenciado por 
hábitos saudáveis. Não é apenas com a saúde física que o idoso 
do século XXI está mais cuidadoso. Ciente de que o corpo e a 
mente estão muitos associados, eles buscam manter ambos em 
atividade, como voltar a estudar, fazer cursos de informática, 
hidroginástica, teatro, jardinagem, etc. 
Os chamados “programas para a Terceira Idade”, oferecem 
diferentes propostas para o lazer e ocupação do tempo livre, são 
espaços nos quais o convívio e a interação com e entre os idosos 
permitem a construção de laços simbólicos de identificação, e 
onde é possível partilhar e negociar os significados da velhice, 
construindo novosmodelos, paradigmas de envelhecimento e 
construção de novas identidades sociais. 
Mercadante (1996) afirma ainda que, (...) a identidade de idosos 
se constrói pela contraposição a identidades dejovens, como 
conseqüências, se têm também a contraposição das 
qualidades: atividade, força, memória,beleza, potência e pro
dutividade como características típicas e geralmente imputadas 
aos jovens e as qualidades opostas a esta última, presentes nos 
idosos. 
 
 
Os direitos do idoso 
 
Conforme o Estatuto do idoso, que entrou em vigor no dia 
primeiro de outubro de dois mil e três: 
 
31 
 
Art. 10 § 2º O direito ao respeito consiste na inviolabilidade 
da integridade física, psíquica e moralabrangendo a 
preservação da imagem, da identidade, da autonomia, 
de valores, idéias e crenças, dos espaços e 
dos objetivos pessoais. 
Os direitos do idoso são garantidos por lei federal e cabe a cada 
um de nós também poder dar sua contribuição, incentivando-os e 
apoiando-os sem qualquer distinção deste. 
Idosos, criativos, produtivos, estimados, ... 
São inúmeros os exemplos de pessoas que continuam a ter uma 
vida produtiva e criadora mesmo após terem entrado no estágio 
da vida em que são consideradas idosas. Em muitos casos, é 
neste período que se dá a sua contribuição mais significativa para 
a sociedade. 
São exemplos que mobilizam uma mudança da visão do idoso 
em nossa sociedade !!! 
Conferir entre outras algumas destas biografias: Cora 
Coralina; Dalai Lama; Fernanda Montenegro; Jorge Luis 
Borges; Liu Pai Lin; Madre Teresa de Calcutá; Oscar 
Niemeyer; Pablo Picasso; Paulo Autran; e tantos outros... 
 
Saúde na Terceira Idade 
 Geriatria 
 
 Cuidados com o aparelho locomotor 
 
O aparelho locomotor é formado por ossos, articulações e 
músculos, sendo responsável pela sustentação e pela 
movimentação do corpo. Divide-se em: 
tronco; 
pernas e pés (membros inferiores); 
braços e mãos (membros superiores). 
A locomoção é fundamental para a saúde de todo ser humano, e 
principalmente para o paciente geriátrico. A falta de locomoção 
pode causar: 
32 
 
aumento da osteoporose; 
úlceras de pressão — feridas de atrito, por passar muito tempo 
na mesma posição; 
prisão de ventre; 
problemas urinários e respiratórios; 
redução da força e do tônus muscular; 
aumento do risco de infecções e embolias. 
A prevenção de problemas no aparelho locomotor deve garantir a 
movimentação apropriada e manter a postura sempre correta, 
evitando assim danos à coluna vertebral. 
 
 
 Como orientar a correta movimentação do idoso 
 
Os idosos em repouso tendem a se movimentar pouco na cama, 
mas é recomendável que sejam incentivados a fazer rotações e 
mudar de posição, para evitar sérios problemas de saúde. O 
processo de rotação é bastante simples de ser orientado, mas, 
para facilitá-lo, o cuidador deve colocar uma tábua por baixo caso 
o colchão seja muito mole. Siga as instruções para cada 
movimento específico: 
 
Mover-se na cama 
Sentar 
Levantar 
 
Levantar da cama 
Ficar de pé 
Andar 
 
 Mover-se na cama 
 Os pacientes que ainda se movem sozinhos podem fazer estes 
movimentos sem auxílio: 
 
1. flexionar os joelhos, apoiando os pés sobre a cama e virando 
as pernas para o lado que se pretende girar; 
33 
 
2. entrelaçar as mãos e levantá-las, esticando os cotovelos 
simultaneamente. 
3. finalmente, rodar a cabeça para este mesmo lado. 
Se o paciente for incapaz de realizar este exercício sozinho, o 
profissional ou o cuidador deve ajudá-lo, ficando a seu lado e 
seguindo as instruções do item acima. Para dar continuidade: 
1. segurar com firmeza o paciente, colocando as mãos sobre o 
lado do corpo que ficará para cima após o movimento; 
2. apoiar uma mão na altura do ombro e a outra nos quadris; 
3. depois, mover com delicadeza o paciente para o lado desejado, 
solicitando que ele olhe para as mãos, para que mova a 
cabeça ao mesmo tempo. 
 
 Sentar 
A maioria dos idosos, mesmo tendo boa saúde e independência 
para locomover-se, sofre de problemas nas articulaçõese no 
sistema circulatório, de falta de vigor muscular e coordenação 
motora, principalmente para a sustentação do tronco. 
 
Reunimos algumas recomendações importantes sobre os tipos 
de assento aconselháveis: 
 
 os apoios para os braços são essenciais, para 
a maior comodidade e para facilitar os movimentos 
de levantar e sentar; 
 o encosto deve proporcionar um bom apoio para 
as costas, os ombros e a cabeça, deixando o idoso 
realmente confortável; 
 o material do estofado do assento deve ser 
firme, para facilitar a movimentação do idoso, e de 
fácil lavagem. 
34 
 
 
Realizando o movimento 
 se o paciente estiver muito incapacitado, o 
cuidador, ao sentá-lo, deve usar seus próprios pés e 
joelhos para firmar os do paciente; 
 o idoso precisa aproximar-se o suficiente do 
assento até encostar nele com a parte de trás dos 
joelhos; 
 a seguir, deve colocar as mãos sobre os braços 
da poltrona e inclinar-se para frente, flexionando os 
joelhos até se sentar. 
Caso o idoso seja incapaz de se sentar sozinho, e para que não 
escorregue no assento, o cuidador deve pegá-lo por debaixo das 
axilas, até que toque com toda a parte das costas o encosto da 
poltrona. 
 
 Postura correta do idoso sentado 
 
 apoiar completamente os pés no chão, evitando 
que eles fiquem pendurados. Caso seja preciso, 
colocar um suporte, como um banquinho ou 
almofada; 
 distribuir o peso do corpo, para que o idoso se 
sente com a postura correta; 
 manter as costas completamente apoiadas no 
encosto; 
 manter quadris, joelhos e pés formando um 
ângulo de 90°. 
35 
 
 Levantar 
 
Em muitos casos, os idosos necessitam usar bengalas ou se 
apoiar em qualquer outro objeto para se levantarem do assento. 
Isto pode ser muito perigoso, além de difícil e incômodo. Então 
leia esta seção abaixo e saiba como ajudar nestes casos: 
 o idoso deve ir até a beirada da cama, inclinar a 
cabeça e o tronco para frente com os pés apoiados 
no chão e ligeiramente separados, segurar os 
braços de apoio do assento com as mãos e dar 
impulso; 
 caso o paciente não seja capaz de se levantar 
sozinho, o cuidador deve segurá-lo pelas costas, 
usar seus próprios joelhos e pés para firmar os do 
paciente e colocar uma das pernas entre as dele, 
com o mesmo intuito; 
 quando o idoso tiver alguma deficiência em um 
dos braços, é recomendável que apóie o braço 
saudável no braço do assento, e dê um impulso 
sobre a perna mais hábil; 
 não é aconselhável superproteger o idoso 
quando for auxiliá-lo, tanto no sentar como no 
levantar. O cuidador deve prestar a ajuda mínima 
necessária para motivá-lo a fazer por si próprio. 
 
 
 Levantar da cama 
 
36 
 
O idoso com dificuldade, porém com movimentação 
independente, deve: 
 
1. colocar as pernas para a beirada da cama; 
2. apoiar os cotovelos e as mãos, e erguer a cabeça; 
3. baixar os pés ao chão, sentando na cama. 
 
Caso o paciente precise de auxílio, o cuidador deve: 
1. posicionar-se de frente para ele, com os joelhos flexionados 
junto aos dele e usando os pés para firmar os do paciente; 
2. abraçando o idoso, por baixo das axilas, motivá-lo a se 
levantar, ao mesmo tempo que é puxado para cima até que 
fique de pé; 
Para sentar o paciente quando estiver deitado, pode-se usar uma 
escada de corda, graduando-a de acordo com a necessidade, ou 
também trapézios que auxiliam no levantar. 
 
 
 Ficar de pé 
 
A maioria dos idosos tendem a ficar curvados quando estão em 
pé. Por isso, deve-se sempre policiá-los e conscientizá-los da 
importância de manter a postura ereta. Ou seja: 
 
1. colocar os pés afastados, com um ligeiramente à frente do 
outro; 
2. posicionar os quadris paralelos ao tronco ereto, ainda que com 
uma ligeira flexão, e os pés apoiados no chão. 
 
 Andar 
 
37 
 
O andar nos idosos pode ser dificultado por diversos fatores, 
como doenças físicas ou psíquicas e o próprio envelhecimento, 
entre outros. 
 
Caso o idoso precise de ajuda para andar 
O cuidador deve caminhar ao seu lado, segurando-o pela mão 
para que ele sinta mais segurança, mas mesmo assim deixando 
que ele faça esforço; desta forma, o idoso não irá se acostumar 
mal. 
 
Caso o idoso precise de meio auxiliar para andar 
Em muitos casos o paciente deve usar bengalas e muletas como 
auxílio para caminhar, o que requer muito cuidado e alguns 
conhecimentos básicos. Os meios auxiliares mais usados pelos 
idosos são: 
Tripé e bengala de quatro pés: São recomendados para 
pessoas com idade mais avançada e com muita instabilidade, e 
são considerados muito estáveis; 
 
Muletas: São consideradas de uso simples, mas em muitos 
casos não oferecem a estabilidade necessária, e por isso alguns 
idosos não se adaptam a elas. É fundamental que se faça o uso 
correto das muletas: o paciente deve colocar o braço na 
braçadeira de apoio e a mão no punho; 
 
Bengala: é o meio mais utilizado. Deve ser usada do lado oposto 
ao lado lesado, e funciona como uma extensão do braço: deve-se 
posicioná-la pouco à frente do corpo e paralela a ele, a fim de 
melhorar a sustentação. É necessário atentar para o peso e a 
altura do paciente, além de conferir se a bengala possui uma 
ponteira com borracha antiderrapante; 
 
Andadores: eles podem ou não possuir rodas. Para que seu uso 
seja correto, é necessário fazer pressão com as mãos, segurar 
nos punhos e posicionar o aparelho próximo ao corpo. Isto 
porque o idoso, em muitos casos, fica longe do andador, o que 
favorece o risco de quedas e acidentes. Os andadores são 
38 
 
recomendados em situações mais graves, quando o grau de 
instabilidade é alto. 
 
Caso o idoso não precise de ajuda para andar 
Mesmo que o idoso consiga caminhar sozinho, ainda precisa de 
orientação sobre sua postura ao andar, que deve ser ereta e 
acompanhada do balançar dos braços. É preciso sempre lembrá-
lo de que deve levantar os pés para andar, colocando primeiro o 
calcanhar e depois a ponta do pé. 
Incontinência Urinária 
A incontinência urinária é a perda incontrolável de urina. 
 
 
A incontinência urinária pode ocorrer e ocorre em qualquer idade, 
mas as suas causas tendem a ser diferentes entre as faixas 
etárias. A incidência global da incontinência urinária aumenta 
progressivamente com a idade. 
 
Aproximadamente um em cada três indivíduos idosos apresenta 
algum problema com o controle da bexiga. As mulheres 
apresentam o dobro de probabilidade que os homens de serem 
afetadas. Mais de 50% dos residentes de asilos de velhos 
apresentam incontinência. A incontinência urinária pode ser um 
motivo de internação de indivíduos idosos e contribui para o 
desenvolvimento de úlceras de decúbito, de infecções vesicais e 
da depressão. A incontinência urinária também produz situações 
embaraçosas e é frustrante. 
 
Os rins produzem urina constantemente, a qual flui através de 
dois longos tubos (os ureteres) até a bexiga, onde ela é 
armazenada. A parte mais baixa da bexiga (o colo) está 
circundada por um músculo (o esfíncter urinário) que permanece 
contraído para manter fechado o canal que leva a urina para fora 
do corpo (a uretra), de modo que a urina fica retida no interior da 
bexiga até que ela encha. Quando a bexiga enche, estímulos são 
transmitidos ao longo de certos nervos que ligam a bexiga à 
medula espinhal e, em seguida, são enviados ao cérebro e o 
indivíduo toma consciência da necessidade de urinar. Ele pode 
então, de modo consciente e voluntário, decidir se irá urinar ou 
39 
 
não. Quando a decisão tomada é a de urinar, o músculo do 
esfíncter relaxa, permitindo que a urina flua através da uretra ao 
mesmo tempo em que os músculos da bexiga contraem para 
empurrar a urina para fora. Esta força de expulsão pode ser 
aumentada com a contraçãodos músculos da parede abdominal 
e do assoalho pélvico para aumentar a pressão sobre a bexiga. 
 
O processo completo de retenção e liberação da urina (micção) é 
complexo e a capacidade de controlar a micção pode ser 
comprometida em diferentes etapas do processo devido a várias 
anormalidades. O resultado dessas anormalidades é a 
incontinência urinária (perda de controle). 
 
Os tipos de incontinência urinária são classificados de acordo 
com o modo e o momento do início da incontinência: 
incontinência recente e repentina e incontinência de início gradual 
e persistente. A incontinência urinária de início súbito 
freqüentemente indica um problema de bexiga. A cistite (infecção 
da bexiga) é a causa mais comum. Outras causas incluem os 
efeitos colaterais de medicamentos, os distúrbios que afetam a 
mobilidade ou causam confusão mental, o consumo excessivo de 
bebidas que contêm cafeína ou de álcool e as condições que 
irritam a bexiga ou a uretra (p.ex., vaginite atrófica, constipação 
grave). A incontinência urinária persistente (crônica) pode ser 
decorrente de alterações cerebrais, alterações vesicais ou 
uretrais ou problemas dos nervos que inervam a bexiga. Essas 
alterações são particularmente comuns em idosos e mulheres na 
pós-menopausa. 
 
O Que Causa Incontinência? 
 
Incapacidade de postergar a micção por mais que alguns 
minutos após sentir a necessidade de urinar. 
Tipo Descrição 
Algumas Causas 
Possíveis 
Incontinência de 
urgência 
 
• Infecção do trato 
urinário 
• Bexiga hiperativa 
• Obstrução do fluxo 
urinário 
40 
 
• Cálculos e tumores 
na bexiga 
• Medicamentos, 
especialmente os 
diuréticos 
Incontinência 
por esforço 
Escape de urina, 
habitualmente em 
pequenos jatos, 
causado pelo aumento 
da pressão abdominal, 
o qual ocorre quando o 
indivíduo tosse, ri, faz 
força, espirra ou 
levanta um objeto 
pesado 
• Fraqueza do 
esfíncter urinário (o 
músculo que controla 
o fluxo urinário da 
bexiga) 
• Nas mulheres, 
diminuição da 
resistência ao fluxo 
urinário através da 
uretra; comumente 
causada pela 
deficiência de 
estrogênio 
• Alterações 
anatômicas causadas 
por múltiplos partos ou 
por uma cirurgia 
pélvica 
• Nos homens, 
remoção da próstata 
ou uma lesão da parte 
superior da uretra ou 
do colo da bexiga 
Incontinência 
por 
transbordamento 
Acúmulo de urina na 
bexiga que se torna 
muito grande para que 
o esfíncter urinário 
consiga reter e, 
conseqüentemente, a 
urina escapa 
intermitentemente, 
freqüentemente sem 
sensação da bexiga 
• Obstrução do fluxo 
urinário, 
usualmente causada 
pelo aumento benigno 
ou pelo câncer de 
próstata nos homens 
e pela estenose 
uretral (defeito 
congênito) nas 
crianças 
• Musculatura da 
41 
 
bexiga enfraquecida 
• Disfunção nervosa 
• Medicamentos 
Incontinência 
total 
Escape contínuo, pois 
o esfíncter urinário não 
fecha 
• Defeito congênito 
• Lesão do colo da 
bexiga (p.ex., durante 
uma cirurgia) 
Incontinência 
psicogênica 
Perda de controle por 
razões psicológicas 
• Distúrbios 
emocionais (p.ex., 
depressão) 
Incontinência 
mista 
Combinação dos 
problemas acima 
(p.ex., muitas mulheres 
apresentam 
incontinência mista, 
isto é, por esforço e de 
urgência) 
• Combinação das 
causas acima 
 
A incontinência urinária também é classificada de acordo com a 
sintomatologia. Ela pode ser de urgência, de esforço, de 
transbordamento ou total. 
 
1.1. Causas e Tipos 
A incontinência de urgência é um desejo urgente de urinar 
seguido pela perda incontrolável de urina. Normalmente, os 
indivíduos conseguem conter a urina durante algum tempo após 
a primeira sensação de que a bexiga está cheia. Em contraste, os 
indivíduos com incontinência de urgência normalmente têm 
pouco tempo para chegar ao banheiro. Uma mulher pode 
apresentar esta condição isoladamente ou concomitante com um 
grau variado de incontinência por esforço (incontinência mista). 
A causa aguda mais comum é a infecção do trato urinário. No 
entanto, a incontinência de urgência não acompanhada por uma 
infecção é o tipo mais comum de incontinência em indivíduos 
idosos e, freqüentemente, não apresenta uma causa evidente. As 
causas comuns de incontinência de urgência em indivíduos 
42 
 
idosos são a hiperatividade da bexiga e distúrbios neurológicos 
(p.ex., acidente vascular e demência), os quais interferem na 
capacidade do cérebro de inibir a bexiga. A incontinência urinária 
de urgência torna-se um problema especial quando uma doença 
ou uma lesão impede que o indivíduo consiga chegar 
rapidamente ao banheiro. 
 
A incontinência por esforço é a perda incontrolável de urina 
durante a tosse, o esforço, o espirro, o levantamento de objetos 
pesados ou qualquer manobra que aumente a pressão intra-
abdominal. A incontinência urinária por esforço é o tipo mais 
comum de incontinência entre as mulheres. Ela pode ser causada 
por um enfraquecimento do esfíncter urinário. 
Algumas vezes, a causa são alterações uretrais resultantes do 
trabalho de parto ou de uma cirurgia pélvica. Nas mulheres que 
se encontram na pós-menopausa, a incontinência por esforço 
ocorre devido ao fato da carência de estrogênio (um hormônio) 
contribuir para o enfraquecimento da uretra e, 
conseqüentemente, reduzindo a resistência ao fluxo urinário 
através desse canal. 
Nos homens, a incontinência por esforço pode ocorrer após uma 
cirurgia de remoção da próstata (prostatectomia, ressecção 
transuretral da próstata) durante a qual ocorreu uma lesão da 
parte superior da bexiga ou do colo da bexiga. 
 
A incontinência por transbordamento (ou paradoxal) é o escape 
incontrolável de pequenas quantidades de urina de uma bexiga 
cheia. O escape ocorre quando a bexiga torna-se dilatada e 
insensível devido à retenção crônica de urina. A pressão na 
bexiga aumenta tanto que ocorre um gotejamento de pequenas 
quantidades de urina. Ao exame físico, o médico freqüentemente 
consegue apalpar a bexiga cheia. 
 
Em última instância, o indivíduo pode tornar-se incapaz de urinar 
porque o fluxo encontra-se bloqueado ou porque os músculos da 
parede da bexiga não conseguem mais contrair. Nas crianças, a 
obstrução do trato urinário inferior pode ser causada pela 
estenose da extremidade da uretra ou do colo da bexiga. Nos 
adultos do sexo masculino, a obstrução da saída da bexiga (a 
43 
 
abertura da bexiga para a uretra) é normalmente causada por um 
aumento benigno da próstata ou pelo câncer prostático. 
Menos comumente, a obstrução pode ser causada pela estenose 
do colo da bexiga ou da uretra, a qual pode ocorrer após uma 
cirurgia prostática. Mesmo a constipação pode causar 
incontinência por transbordamento, pois quando as fezes enchem 
o reto, o colo da bexiga e a uretra são pressionados. Diversos 
medicamentos que afetam o cérebro ou a medula espinhal ou 
que interferem na transmissão nervosa (p.ex., drogas 
anticolinérgicos e narcóticos) podem comprometer a capacidade 
de contração da bexiga, acarretando distensão da bexiga e 
incontinência por transbordamento. 
 
A disfunção nervosa que acarreta a bexiga neurogênica também 
pode causar incontinência por transbordamento. A bexiga 
neurogênica pode ser decorrente de várias causas como, por 
exemplo, uma lesão medular, uma lesão nervosa causada pela 
esclerose múltipla, o diabetes, traumatismos, alcoolismo e 
intoxicação medicamentosa. 
 
A incontinência total é a condição na qual a urina escapa 
constantemente da uretra, dia e noite. Ela ocorre quando o 
esfíncter urinário não fecha adequadamente. Algumas crianças 
apresentam esse tipo de incontinência devido a um defeito 
congênito no qual a uretra não se fecha como um tubo. Nas 
mulheres, a incontinência total normalmente é causada por uma 
lesão do colo da bexiga e da uretraocorrida durante o trabalho de 
parto. Nos homens, a causa mais comum é uma lesão do colo da 
bexiga e da uretra resultante de uma cirurgia, principalmente a 
prostatectomia devido a um câncer. 
 
A incontinência psicogênica é a incontinência decorrente de 
causas emocionais e não de causas físicas. Este tipo ocorre 
ocasionalmente em crianças e mesmo em adultos que 
apresentam problemas emocionais. A enurese (ato de urinar na 
cama) persistente pode ser um exemplo. O médico pode 
suspeitar de uma causa psicológica quando o sofrimento 
emocional ou a depressão é evidente e as outras causas de 
incontinência foram descartadas. 
 
44 
 
Algumas vezes, ocorrem tipos mistos de incontinência. Por 
exemplo, uma criança pode apresentar uma incontinência 
decorrente tanto de uma disfunção nervosa quanto de fatores 
psicológicos. Um homem pode apresentar uma incontinência por 
transbordamento devido ao aumento da próstata juntamente com 
uma incontinência de esforço devido a um acidente vascular 
cerebral. As mulheres idosas freqüentemente apresentam um 
misto de incontinência de urgência e por esforço. 
1.2. Diagnóstico 
Comumente, os indivíduos tendem a conviver com a 
incontinência sem buscar auxílio profissional por terem medo ou 
por sentirem-se embaraçados para discutir o problema com o 
médico ou porque eles acreditam equivocadamente que a 
incontinência faz parte do processo de envelhecimento normal. 
No entanto, muitos casos de incontinência podem ser curados ou 
controlados, especialmente quanto o tratamento é iniciado 
precocemente. 
 
Normalmente, a causa pode ser descoberta e um plano 
terapêutico pode ser elaborado após a realização de uma 
anamnese (história clínica) e de um exame físico. Deve ser 
realizado um exame de urina para se verificar a presença de 
infecção. A quantidade de urina que permanece na bexiga após a 
micção (urina residual) é freqüentemente mensurada com o a 
auxílio da ultra-sonografia ou da sondagem vesical (colocação de 
um pequeno tubo, denominado sonda ou cateter, no interior da 
bexiga). Um grande volume de urina residual indica uma 
obstrução ou algum problema dos nervos ou da musculatura da 
bexiga. 
 
Algumas vezes, pode ser necessária a realização da avaliação 
urodinâmica (exames especiais realizados durante a micção). 
Esses exames mensuram a pressão da bexiga em repouso e 
quando ela enche, sendo particularmente úteis nos casos de 
incontinência crônica. É realizada a passagem de uma sonda 
vesical e, enquanto a bexiga é cheia com água através da sonda, 
é realizada a mensuração da pressão no seu interior. 
Normalmente, a pressão aumenta lentamente. Em alguns 
indivíduos, a pressão aumenta em espasmos súbitos ou aumenta 
muito rapidamente antes da bexiga estar completamente cheia. O 
registro das alterações da pressão ajuda o médico a determinar o 
45 
 
mecanismo da incontinência e o melhor tratamento. 
 
Outro exame mensura a velocidade do fluxo urinário. Este exame 
pode ajudar a determinar se o fluxo urinário encontra-se 
obstruído e se os músculos da bexiga conseguem contrair com 
uma força suficiente para expulsar a urina. 
 
A incontinência por esforço é diagnosticada através da história 
clínica do problema, do exame vaginal nas mulheres e da 
observação da perda de urina durante a tosse ou durante a 
realização de um esforço. O exame ginecológico também ajuda a 
determinar se o revestimento uretral ou vaginal sofreu um 
adelgaçamento devido à falta de estrogênio. 
1.3. Tratamento 
O tratamento ideal depende da análise minuciosa do problema de 
forma individualizada e varia de acordo com a natureza 
específica do problema. A maioria dos indivíduos com 
insuficiência urinária pode ser curada ou podem ser ajudados 
consideravelmente. 
 
Freqüentemente, o tratamento exige apenas a instituição de 
medidas simples para mudar o comportamento. Muitos indivíduos 
podem recuperar o controle vesical através de técnicas de 
modificação comportamental como, por exemplo, urinar em 
intervalos regulares (a cada 2 a 3 horas) para manter a bexiga 
relativamente vazia. Evitar irritantes da bexiga (p.ex., bebidas que 
contêm cafeína) e a ingestão de uma quantidade de líquido (6 a 8 
copos de 240 ml por dia) para evitar que a urina se torne 
concentrada (o que pode irritar a bexiga) pode ser medidas úteis. 
Freqüentemente, o uso de medicações que afetam a função da 
bexiga de modo adverso pode ser interrompido. 
Tratamentos específicos (descritos a seguir) devem ser tentados. 
Quando é impossível controlar totalmente a incontinência urinária 
com tratamentos específicos, absorventes e roupas de baixo 
especialmente projetadas para incontinência urinária podem 
proteger a pele, permitindo que os indivíduos permaneçam secos, 
confortáveis e socialmente ativos. Esses dispositivos são 
discretos e podem ser facilmente adquiridos. 
 
Os episódios de incontinência de urgência freqüentemente 
podem ser evitados através da micção em intervalos regulares, 
46 
 
antes do surgimento da urgência miccional. As técnicas de 
treinamento vesical, os quais incluem os exercícios da 
musculatura pélvica e o biofeedback, podem ser muito úteis. 
Alguns medicamentos que relaxam a bexiga (p.ex., propantelina, 
imipramina, hiosciamina, oxibutinina e diciclomina) também 
podem ser úteis. Apesar de muitas das drogas disponíveis 
poderem ser muito úteis, cada uma atua de forma diferente e 
pode causar efeitos adversos. Por exemplo, um medicamento 
que relaxa a bexiga pode reduzir a irritabilidade desse órgão e a 
forte urgência para urinar, mas pode causar ressecamento da 
boca ou uma retenção excessiva de urina. Algumas vezes, os 
outros efeitos do medicamento podem ser utilizados de modo 
vantajoso. Por exemplo, a imipramina é um antidepressivo eficaz 
e pode ser particularmente útil no tratamento de um indivíduo que 
apresenta incontinência urinária e depressão. Às vezes, as 
combinações de medicamentos podem ajudar. O tratamento 
medicamentoso deve ser controlado e ajustado segundo as 
necessidades individuais. 
 
Em muitas mulheres com incontinência por esforço, o problema 
pode ser aliviado com a aplicação de um creme vaginal de 
estrogênio ou o uso oral de comprimidos de estrogênio. Os 
adesivos cutâneos de estrogênio ainda não foram estudados para 
o tratamento da incontinência. Outros medicamentos que ajudam 
a contrair o esfíncter (p.ex., fenilpro-panolamina, pseudo-
efedrina) devem ser concomitantemente com o estrogênio. Para 
as mulheres com fraqueza da musculatura pélvica, os exercícios 
(de Kegel) que reforçam essa musculatura podem ser úteis. O 
auto-aprendizado dessas técnicas de contração muscular não é 
fácil e, por essa razão, são freqüentemente utilizados 
mecanismos de biofeedback para ajudar no treinamento. Os 
enfermeiros ou os fisioterapeutas podem auxiliar no ensino 
desses exercícios. Os exercícios implicam na contração repetida 
da musculatura, várias vezes ao dia, para desenvolver a 
resistência e aprender a utilização adequada da musculatura, nas 
situações que provocam incontinência (p.ex., tosse). Podem ser 
utilizados absorventes para reter as pequenas quantidades de 
urina que geralmente escapam durante os exercícios. 
Os casos mais graves, os quais não respondem aos tratamentos 
não-cirúrgicos, podem ser corrigidos cirurgicamente através da 
utilização de qualquer um dos vários procedimentos de 
47 
 
levantamento da bexiga e do fortalecimento do fluxo urinário de 
saída. Em alguns casos, a injeção de colágeno em torno da 
uretra é eficaz. 
 
Para a incontinência por transbordamento causada pelo aumento 
da próstata ou por uma outra obstrução, a cirurgia normalmente é 
necessária. Existem disponíveis vários procedimentos de 
remoção parcial ou total da próstata. O medicamento finasterida 
freqüentemente consegue reduzir o tamanho da próstata ou 
interromper o seu crescimento,de modo que a cirurgia pode ser 
evitada ou postergada. As drogas que relaxam o esfíncter (p.ex., 
terazosina) também são freqüentemente úteis. 
 
Quando a causa é a contração fraca da musculatura da bexiga, 
os medicamentos que aumentam a contração vesical (p.ex., 
betanecol) podem ser úteis. A aplicação de uma leve pressão 
através da compressão da região abdominal inferior com as 
mãos, logo acima da bexiga, também pode ser útil, 
especialmente para os indivíduos que conseguem esvaziar a 
bexiga, mas apresentam dificuldade para esvaziá-la 
completamente. Em alguns casos, é necessária a sondagem 
(cateterização) vesical pra drenar a bexiga e prevenir 
complicações (p.ex., infecções recorrentes e lesão renal). A 
sonda pode ser mantida de modo permanente ou pode ser 
inserida e removida de acordo com a necessidade. 
 
A incontinência urinária total pode ser tratada através de diversos 
procedimentos cirúrgicos. Por exemplo, um esfíncter urinário que 
não fecha adequadamente pode ser substituído por um esfíncter 
artificial. 
 
O tratamento da incontinência psicogênica consiste de 
psicoterapia, normalmente coordenada com a modificação 
comportamental e o uso dos dispositivos que despertam a 
criança quando a enurese começa ou com o uso de 
medicamentos que inibem as contrações da bexiga. O indivíduo 
com incontinência e depressão pode ser beneficiado com o uso 
de medicamentos antidepressivos. 
 
Medicamentos e Envelhecimento 
48 
 
Medicamentos e Envelhecimento 
 
Com o envelhecimento, aumenta a probabilidade de ocorrência 
de doenças crônicas; por isso, as pessoas idosas em geral 
tomam mais medicamento que os adultos jovens. Em média, uma 
pessoa idosa toma quatro ou cinco medicamentos de receita 
obrigatória e dois de venda livre. Os idosos são duas vezes mais 
suscetíveis a reações medicamentosas adversas que os adultos 
jovens. Também a probabilidade de reações adversas serem 
mais severas é maior para os idosos. 
À medida que as pessoas vão envelhecendo, a quantidade de 
água no organismo diminui. Como muitas drogas se dissolvem na 
água e há menos água disponível para sua dissolução, essas 
drogas atingem níveis mais elevados de concentração nas 
pessoas idosas. Além disso, os rins tornam-se menos capazes de 
excretar as drogas na urina, e o fígado, menos capaz de 
metabolizar muitas delas. Por essas razões, muitos 
medicamentos tendem a permanecer no corpo das pessoas 
idosas durante um tempo muito maior do que ocorreria no 
organismo de uma pessoa mais jovem. 
Em decorrência disso, os médicos devem prescrever doses 
menores de muitos medicamentos para pacientes idosos ou um 
menor número de doses diárias. O organismo do idoso também é 
mais sensível aos efeitos de muitos medicamentos. Por exemplo, 
as pessoas idosas tendem a ficar mais sonolentas e apresentam 
maior possibilidade de ficar confusas ao tomar drogas ansiolíticas 
ou indutores do sono. 
Medicamentos que baixam a pressão arterial por meio do 
relaxamento das artérias e de redução da tensão sobre o coração 
tendem a baixar a pressão de forma muito mais acentuada nos 
idosos que nas pessoas jovens. Cérebro, olhos, coração, vasos 
sangüíneos, bexiga e intestinos tornam-se consideravelmente 
mais sensíveis aos efeitos colaterais anticolinérgicos de alguns 
medicamentos de uso freqüente. As drogas com efeitos 
anticolinérgicos bloqueiam a ação normal da parte do sistema 
nervoso, denominada sistema nervoso colinérgico. 
Certos medicamentos tendem a causar reações adversas com 
mais freqüência e intensidade nos idosos, devendo por isso ser 
evitados. Em quase todos os casos, existem substitutos mais 
49 
 
seguros à disposição. Pode ser arriscado não seguir as 
orientações do médico em relação ao uso de medicamentos. No 
entanto, a não adesão às orientações clínicas não é mais comum 
entre idosos do que entre pessoas mais jovens. Não tomar um 
remédio, ou tomá-lo em doses erradas, pode causar problemas; 
por exemplo, provocando o surgimento de outra doença ou 
levando o médico a mudar o tratamento por acreditar que o 
remédio não funcionou. Uma pessoa idosa que não deseja seguir 
as orientações clínicas deve discutir a situação com seu médico 
em vez de agir sozinha. 
 
Drogas que Representam Aumento de Risco em Pessoas 
Idosas. 
 
14.1. Analgésicos 
 
O propoxifeno não oferece maior alívio da dor que o 
acetaminofeno e provoca efeitos colaterais narcóticos. Pode 
causar constipação, tontura, confusão e (raramente) respiração 
lenta. Como os outros narcóticos (opióides), essa substância 
pode causar dependência. Entre todas as drogas 
antiinflamatórias não esteróides, a indometacina é a que mais 
afeta o cérebro. Às vezes, essa substância provoca confusão 
mental ou tontura. Quando injetada, a meperidina é um 
analgésico potente, mas, quando administrada por via oral, não é 
muito eficaz contra a dor e freqüentemente produz confusão 
mental. 
A pentazocina é um analgésico narcótico que apresenta maior 
possibilidade de provocar confusão mental e alucinações, em 
comparação com outros narcóticos. 
14.2. Substâncias Anticoagulantes 
No idoso, o dipiridamol pode provocar tontura quando o indivíduo 
se levanta (hipotensão ortostática). Para a maioria das pessoas, 
essa substância oferece pouca vantagem, em comparação com a 
aspirina, na prevenção da formação de coágulos sangüíneos. 
Para a maioria das pessoas, a ticlopidina não é mais eficaz que a 
aspirina na prevenção de coágulos sangüíneos, sendo 
50 
 
consideravelmente mais tóxica. A ticlopidina pode ter utilidade 
como alternativa para pessoas que não podem tomar aspirina. 
14.3. Drogas Antiulcerosas 
Doses usuais de alguns bloqueadores da histamina (em especial 
de cimetidina e, até certo ponto, de ranitidina, nizatidina e 
famotidina) podem causar efeitos adversos, principalmente 
confusão mental. 
14.4. Antidepressivos 
Em razão de suas fortes propriedades anticolinérgicas e 
sedativas, a amitriptilina geralmente não é o melhor 
antidepressivo para pessoas idosas. A doxepina também é um 
potente anticolinérgico. 
14.5. Medicamentos contra Náusea (antieméticos) 
A trimetobenzamida é uma das drogas menos eficazes contra a 
náusea e pode provocar efeitos adversos, como movimentos 
anormais dos braços, das pernas e do corpo. 
14.6. Anti-histamínicos 
Todos os anti-histamínicos de venda livre e muitos de receita 
obrigatória produzem efeitos anticolinérgicos potentes. As drogas 
incluem: clorfeniramina, difenidramina, hidroxizina, ciproeptadina, 
prometazina, tripelenamina, dexclorfeniramina e medicamentos 
combinados contra resfriado. Mesmo que possam ser úteis no 
tratamento de reações alérgicas e alergias sazonais, em geral os 
anti-histamínicos não são apropriados para combater a coriza e 
outros sintomas de infecção viral. Nos casos em que há 
necessidade de anti-histamínicos, dá-se preferência aos que não 
produzem efeitos anticolinérgicos (loratadina e astemizol). 
Normalmente os medicamentos contra tosse e resfriado que não 
incluem anti-histamínicos em suas fórmulas são mais seguros 
para pessoas idosas. 
14.7. Anti-hipertensivos 
A metildopa, isoladamente ou em combinação com outros 
medicamentos, pode reduzir os batimentos cardíacos e agravar a 
depressão. O uso de reserpina é arriscado, pois pode induzir à 
depressão, impotência, sedação e tontura quando a pessoa se 
levanta. 
51 
 
14.8. Antipsicóticos 
Embora antipsicóticos como clorpromazina, haloperidol, 
tioridazina e tiotixeno sejam eficazes no tratamento dos distúrbios 
psicóticos, não foi estabelecida sua eficácia no tratamento de 
distúrbios comportamentais associados à demência (como 
agitação, devaneios, repetição de perguntas, arremesso de 
objetos e agressão). Freqüentemente essas drogas são tóxicas, 
provocando sedação, distúrbios do movimento e efeitos colateraisanticolinérgicos. No caso de o uso ser imprescindível, as pessoas 
idosas devem usar antipsicóticos em doses pequenas. A 
necessidade do tratamento deve ser freqüentemente reavaliada, 
e os medicamentos devem ser interrompidos o mais rápido 
possível. 
14.9. Antiespasmódicos Gastrintestinais 
Antiespasmódicos gastrintestinais, como diciclomina, 
hiosciamina, propantelina, alcalóides da beladona e clidínio-
clordiazepóxido são administrados no tratamento das cólicas e 
dores estomacais. Essas substâncias são altamente 
anticolinérgicas, e sua utilidade – em especial nas baixas doses 
toleradas pelas pessoas idosas – é questionável. 
14.10. Drogas Antidiabéticas (hipoglicemiantes) 
A clorpropamida tem efeitos prolongados, que são exagerados 
nas pessoas idosas e podem causar longos períodos de baixos 
níveis de açúcar no sangue (hipoglicemia). Por promover a 
retenção de água pelo organismo, a clorpropamida também 
diminui o nível de sódio no sangue. 
Suplementos de Ferro 
Doses de sulfato ferroso que excedam 325 miligramas diários 
não melhoram muito sua absorção e podem causar constipação. 
 
Relaxantes Musculares e Antiespasmódicos 
Quase todos os relaxantes musculares e antiespasmódicos, 
como metocarbamol, carisoprodol, oxibutinina, clorzoxazona 
metaxalona e ciclobenzaprina provocam efeitos colaterais 
anticolinérgicos, sedação e debilidade. É questionável a utilidade 
de todos os relaxantes musculares e antiespasmódicos nas 
baixas doses toleradas pelos idosos. 
52 
 
 
14.11. Sedativos, Ansiolíticos e Indutores do Sono 
O meprobamato, além de não oferecer vantagens em relação aos 
benzodiazepínicos, apresenta muitas desvantagens. 
Clordiazepóxido, diazepam e flurazepam – benzodiazepínicos 
utilizados no tratamento da ansiedade e insônia – têm efeitos 
extremamente prolongados nos idosos (em geral, por mais de 96 
horas). Essas drogas, isoladamente ou em combinação com 
outras, podem causar sonolência prolongada e aumentam o risco 
de quedas e fraturas. 
A difenidramina, um anti-histamínico, é o ingrediente ativo em 
muitos sedativos de venda livre. Mas a difenidramina produz 
efeitos anticolinérgicos potentes. 
Barbitúricos, como o secobarbital e o fenobarbital, produzem 
mais efeitos adversos que outras drogas utilizadas no tratamento 
da ansiedade e da insônia. Também interagem com muitas 
outras substâncias. Em geral, os idosos devem evitar os 
barbitúricos, exceto para o tratamento de distúrbios convulsivos. 
14.12. Anticolinérgico: O Que Isso Significa? 
A acetilcolina é um dos muitos neurotransmissores do organismo. 
Neurotransmissor é uma substância química utilizada pelas 
células nervosas para a intercomunicação e para a comunicação 
com os músculos e com muitas glândulas. Diz-se que as drogas 
que bloqueiam a ação do neurotransmissor acetilcolina têm 
efeitos anticolinérgicos. A maioria dessas substâncias, no 
entanto, não foi projetada para bloquear a acetilcolina; seus 
efeitos anticolinérgicos são efeitos colaterais. Pessoas idosas são 
particularmente sensíveis às drogas com efeitos anticolinérgicos 
porque, com a idade, diminui tanto a quantidade de acetilcolina 
no organismo quanto a capacidade orgânica de utilização da 
acetilcolina existente no corpo. Drogas com efeitos 
anticolinérgicos podem provocar confusão mental, turvamento da 
vista, constipação, boca seca, tontura e dificuldade de micção ou 
perda do controle da bexiga. 
Atividade Física 
1. Atividade Física 
53 
 
Nesta seção, apresentamos conceitos relacionados à atividade 
física para idosos. O enfoque principal é treinamento de 
equilíbrio, mas outras capacidades e habilidades também serão 
abordadas, uma vez que o equilíbrio em seres humanos é 
dependente de inúmeros fatores. 
1. Treinamento do equilíbrio 
 Fundamentos de treinamento (equilíbrio) 
 Exercícios para treinar o equilíbrio 
1. Treinamento de força 
 Exercícios para treinar a força 
1. Treinamento de resistência aeróbia 
 Fundamentos de treinamento (resistência) 
 Exercícios para treinar a resistência aeróbia 
1. Treinamento de flexibilidade 
 Fundamentos de treinamento (flexibilidade) 
 Exercícios para treinar a flexibilidade 
 
1.1. Fundamentos de treinamento (equilíbrio) 
Alguns exercícios utilizados para o treinamento de força dos 
membros inferiores podem também ser utilizados para o 
treinamento do equilíbrio. Para tal, pode-se adotar uma 
seqüência de estágios que desafia com dificuldade progressiva a 
capacidade de se equilibrar. Os estágios a seguir trazem uma 
progressão que pode ser facilmente utilizada durante os 
exercícios de treinamento de força: 
 Estágio I – apoiar as duas mãos em uma cadeira (ou qualquer 
outro apoio); 
 Estágio II – apoiar apenas uma mão na cadeira; 
 Estágio III – apoiar apenas um dedo na cadeira; 
 Estágio IV – realizar o exercício sem apoio dos membros 
superiores; 
 Estágio V – se houver grande estabilidade no estágio IV, os 
exercícios podem ser realizados sem o apoio das mãos e de 
olhos fechados. Como neste estágio há um maior risco de 
instabilidade, é importante haver alguém acompanhando o 
executante para evitar possíveis acidentes. 
No entanto, é essencial ter em mente que, apesar de os 
exercícios estarem sendo direcionados para o treinamento do 
54 
 
equilíbrio, as mesmas precauções tomadas durante o 
treinamento de força devem ser consideradas antes de se iniciar 
uma sessão dessa atividade. 
 É importante treinar todos os grupos musculares principais, 
evitando treinar o mesmo grupo muscular dois dias 
consecutivos. 
 Cada repetição deve ser executada da seguinte maneira: 3 
segundos para realizar o movimento, 1 segundo mantendo a 
posição alcançada, e mais 3 segundos para retornar à posição 
inicial. 
 Antes do treinamento deve ser realizado um aquecimento, que 
pode consistir em uma caminhada leve e movimentação dos 
membros utilizados nos exercícios (aproximadamente 10 
minutos de duração). 
 A respiração deve se dar normalmente durante a execução dos 
exercícios. Prender a respiração pode gerar variações na 
pressão sanguínea, tornando o exercício perigoso para 
portadores de problemas cardiovasculares. Nos exercícios de 
elevação do membro inferior, é importante expirar durante o 
levantamento, e inspirar enquanto o membro volta à posição 
inicial. 
 As cargas utilizadas devem ser iguais para ambos os lados do 
corpo. 
 É importante remover os pesos utilizados nos membros 
inferiores para andar, pois sua utilização durante o andar 
aumenta o risco de quedas. 
 Quando os pesos não estiverem sendo usados, é importante 
colocá-los em lugares apropriados, para que não haja o risco 
de alguém tropeçar neles. 
 Pequena dor muscular e alguma fadiga são normais nos dias 
seguintes à prática, mas se esses sintomas aparecerem de 
maneira excessiva, provavelmente a intensidade do 
treinamento está alta demais. 
 Se houver qualquer dor nas articulações durante a execução 
dos exercícios (principalmente com relação à utilização de 
pesos), deve-se para o treino. Se a dor ocorrer apenas em 
ângulos extremos nas articulações, os exercícios devem ser 
feitos de maneira a não atingi-los; 
55 
 
 A amplitude dos movimentos deve ser a maior possível, de 
maneira que simultaneamente haja alongamento da 
musculatura oposta àquela realizando o movimento. Essa 
amplitude deve ser regulada pela flexibilidade de cada um, 
além de ser feita em limites nos quais não ocorrem dores nas 
articulações. 
 As primeiras sessões devem sempre ser realizadas sem carga 
extra, para que haja um devido aprendizado dos exercícios. 
Como o enfoque principal do PEQUI é a prevenção de quedas na 
população idosa, é interessante disponibilizar exercícios que 
contribuam para tal de maneira prática, e de fácil entendimento 
de todos. Mas é também importante fornecer orientação sobrecomo os exercícios devem ser feitos. 
A literatura voltada para exercícios em idosos mostra muita 
coerência no que diz respeito às suas características. A cada 
sessão, deve ser executado um exercício para cada grupo 
muscular principal, sendo que as sessões devem ocorrer duas 
vezes por semana. Cada exercício deve ser executado em séries, 
sendo que cada série corresponde a um grupo de repetições 
desenvolvidas de forma contínua, sem interrupções, e, neste 
caso em particular, devem possuir de 8 a 15 repetições. O 
número de séries pode variar entre um e três por sessão de 
treinamento. É importante haver um descanso entre cada série, 
sendo que a literatura relata que esse tempo deve estar entre 1 
min e 3 min (é importante lembrar que esse tempo de descanso 
corresponde à recuperação do músculo, ou seja, o tempo que ele 
leva para estar metabolicamente preparado para novamente 
realizar o exercício; assim, quanto maior a intensidade/ 
repetições realizadas, maior deverá ser o descanso entre as 
séries). Cada repetição deve ser feita em aproximadamente 6 
segundos, que correspondem a: 3 segundos para realizar o 
movimento e 3 segundos para retornar à posição inicial 
(lembrando que é mais válido realizar um exercício lentamente e 
de maneira correta que realizá-lo rapidamente, o que diminui o 
controle do movimento, podendo assim não estimular os 
músculos da maneira adequada para os objetivos do exercício). 
Os itens apresentados acima são muito simples e práticos. No 
entanto, decidir a carga utilizada nesse treinamento é um fator 
importantíssimo para que haja eficiência e segurança durante a 
56 
 
sua execução. O controle de carga se dá essencialmente de duas 
maneiras distintas: pesos anexados ao membro executando o 
movimento, o número de repetições por série, e o número de 
séries. Inicialmente, é importante que não haja nenhum peso 
extra. Além de o peso dos próprios membros já servirem como 
uma ótima carga inicial, essa ausência de cargas extras permite 
uma facilidade maior para executar os exercícios, levando assim 
a um melhor aprendizado e conseqüente aproveitamento dos 
exercícios. Também é interessante que no início seja executada 
apenas uma série por exercício, com oito repetições cada. Após 
ser criada uma intimidade entre o executante e os exercícios, 
mudam-se as regras para carga, como descrito a seguir. 
Neste momento, é importante selecionar uma carga mais 
adequada à pessoa em questão, ficando difícil portanto definir 
dados de maneira absoluta. O número de repetições que 
apresenta um ganho interessante na força em idosos está entre 8 
e 15. Assim, a carga deve ser escolhida de maneira que, em 
cada série, o indivíduo consiga realizar de 8 a 15 repetições. Se 
não for possível realizar 8 repetições, a carga está muito alta, e 
deve ser diminuída. Se mais de 15 repetições forem alcançadas, 
significa que a carga está muito baixa, e deve ser aumentada. É 
importante lembrar que esse número não está relacionado ao 
momento em que o músculo não mais consegue realizar o 
movimento, e sim ao momento em que ocorre um grande 
desconforto em realizar o movimento (devido ao cansaço do 
músculo). À medida que o treinamento ocorre, a tendência é que 
cada vez fique mais fácil realizar o número de séries e de 
repetições estipulados inicialmente. 
Como só há ganho de força à medida que o corpo é desafiado, 
essa maior facilidade em realizar os exercícios deve ser 
acompanhada por um aumento da carga das sessões de 
treinamento. Isso pode ocorrer de duas maneiras. O primeiro 
modo de fazê-lo é simplesmente aumentar o peso levantado, o 
que pode ser feito também baseado no número de repetições. À 
medida que ocorre aumento da força, o número de repetições 
possíveis com uma mesma carga também aumenta. Como uma 
carga que permita mais de 15 repetições não trará os mesmos 
benefícios que uma carga que corresponda a um máximo de 8 a 
15 repetições, quando um exercício se torna muito fácil de ser 
executado (sendo possível realizar mais de 15 repetições), o 
57 
 
ideal seria ajustar a carga, de maneira que só fosse possível 
realizar 8 repetições (portanto, deveria haver um aumento de 
peso). Assim, apenas depois de um grande período de 
treinamento novamente essa carga permitiria mais de 15 
repetições por série, e novamente deveria ser ajustada. 
A outra alternativa, seria aumentar o número de séries por 
exercício, o que deve ser feito simultâneo a um pequeno 
decréscimo na quantidade de pesos utilizada. Mas o número de 
séries não deve ultrapassar 3 (quando estiverem sendo feitas 3 
séries com 15 repetições, a única alternativa é aumentar a carga, 
sendo que neste caso deve haver uma diminuição no número de 
séries), e o número de repetições nunca deve ultrapassar 15 ou 
ficar inferior a 8. 
Exercícios para Treinar o Equilíbrio 
Exercícios para treinar o equilíbrio 
Nesta seção apresentamos alguns exercícios para treinamento 
de equilíbrio e esses exercícios podem ser ministrados 
obedecendo os princípios de treinamento. A idéia é que em 
cada sessão de treinamento todos os exercícios abaixo devem 
ser executados. É importante ressaltar que nem todos idosos são 
capazes de realizar tais movimentos, mas adaptações são 
possíveis a cada exercício. 
 
 Flexão Plantar 
Este exercício tem por objetivo fortalecer os músculos do 
tornozelo e da região posterior da perna (panturrilha). O 
executante deve estar na posição ereta, com os pés totalmente 
apoiados no chão, segurando em um apoio para aumentar o 
equilíbrio (por exemplo o encosto de uma cadeira). O executante 
deve ficar nas pontas dos pés, o mais alto que puder. Deve levar 
3 segundos para subir, permanecer no alto por 1 segundo, e levar 
mais 3 segundos para voltar à posição inicial. A carga deste 
exercício pode ser aumentada colocando pesos extras nos 
tornozelos. À medida que a força e o equilíbrio aumentarem 
suficientemente, o executante pode passar a realizar este 
exercício com uma perna de cada vez (mas é importante o 
mesmo número de repetições seja realizado para cada perna), 
mas é importante lembrar que neste caso o aumento de carga é 
58 
 
muito grande (só deve ser feito quando realmente a carga estiver 
muito baixa, mesmo com pesos extras, ao realizar o exercício 
com as duas pernas simultaneamente). 
 
Resumo: 
1. Mantenha o corpo ereto, segurando em um apoio para manter 
o equilíbrio; 
2. Lentamente fique nas pontas dos pés, o mais alto que 
conseguir (expirando); 
3. Mantenha a posição um pouco; 
4. Lentamente desça os calcanhares até o chão (inspirando). 
 
 
 Flexão de Joelho 
Este exercício serve para fortalecer a musculatura da região 
posterior da coxa e da panturrilha. O executante deve manter-se 
na postura ereta, segurando em um apoio para aumentar o 
equilíbrio. O executante deve levar 3 segundos para flexionar o 
joelho, tirando o pé do chão, de maneira que o tornozelo vá o 
mais alto possível (como ilustrado na figura). A coxa deve 
permanecer imóvel durante a execução do exercício, apenas o 
joelho deve ser flexionado. A volta à posição inicial também deve 
levar 3 segundos, terminando então uma repetição do exercício. 
A carga pode ser aumentada colocando pesos extras nos 
tornozelos. 
 
Resumo: 
1. Mantenha o corpo ereto, segurando em um apoio para manter 
o equilíbrio; 
2. Lentamente flexione o joelho até o limite (expirando); 
3. Mantenha a posição um pouco; 
4. Lentamente abaixe a perna, voltando à posição inicial 
(inspirando); 
5. Ao terminar a as séries com uma perna, repita com a outra. 
59 
 
 
 
 Flexão de Quadril 
Este exercício tem como objetivo fortalecer os músculos da coxa 
e do quadril. O executante deve se posicionar atrás ou ao lado de 
uma cadeira (ou outro apoio qualquer). O movimento de levantar 
a perna deve levar 3 segundos. A posição deveser mantida por 1 
segundo, e a descida deve levar mais 3 segundos. A maneira de 
aumentar a carga do exercício é adicionando pesos extras nos 
tornozelos. 
 
Resumo: 
1. Mantenha o corpo ereto, segurando em um apoio para manter 
o equilíbrio; 
2. Lentamente erga seu joelho na direção do peito, sem deixar o 
tronco descer em direção à coxa (expirando); 
3. Mantenha a posição um pouco; 
4. Lentamente abaixe a perna até o chão (inspirando); 
5. Ao terminar as séries com uma perna, repita com a outra. 
 
 
 Extensão de Quadril 
Este exercício serve para fortalecer a musculatura da região 
posterior da coxa e da região glútea. O executante deve ficar de 
30 a 45 cm afastado de uma cadeira ou mesa (ou outro apoio 
para os membros superiores), com os pés ligeiramente afastados 
um do outro. O tronco deve estar inclinado a aproximadamente 
45º (na direção do apoio). A perna deve ser erguida para trás 
sem flexão de joelhos, e este movimento deve levar 
aproximadamente 3 segundos. Durante a subida é importante 
não ficar nas pontas dos pés e nem levar o tronco mais à frente. 
A posição alcançada deve ser mantida por 1 segundo, e a volta à 
posição inicial deve levar 3 segundos, terminando então uma 
repetição do exercício. A carga pode ser aumentada colocando 
pesos extras nos tornozelos. 
60 
 
 
Resumo: 
1. Se posicione entre 30 e 45 cm afastado de um apoio para os 
membros superiores; 
2. Incline o corpo à frente e segure no apoio; 
3. Lentamente erga a perna (extendida) para trás (expirando); 
4. Mantenha a posição um pouco; 
5. Lentamente abaixe a perna, voltando à posição inicial 
(inspirando); 
6. Ao terminar a as séries com uma perna, repita com a outra. 
 
 
 Elevação Lateral do Membro Inferior 
Este exercício serve para fortalecer a musculatura da região 
lateral da coxa e do quadril. O executante deve manter-se na 
postura ereta, segurando em um apoio para aumentar o 
equilíbrio, com os pés ligeiramente afastados. O executante deve 
levar 3 segundos para elevar lateralmente a perna, sendo que o 
movimento deve ter um alcance de 15 a 30 cm. 
O tronco deve permanecer sempre reto, e as duas pernas 
extendidas. Os pés devem estar apontando para a frente. A 
posição alcançada deve ser mantida por 1 segundo, e a volta à 
posição inicial deve levar 3 segundos, terminando então uma 
repetição do exercício. A carga pode ser aumentada colocando 
pesos extras nos tornozelos. 
 
Resumo: 
1. Mantenha o corpo ereto, segurando em um apoio para manter 
o equilíbrio; 
2. Lentamente eleve uma perna para o lado, de 15 a 30 cm 
(expirando); 
3. Mantenha a posição um pouco; 
4. Lentamente volte à posição inicial (inspirando); 
5. Ao terminar a as séries com uma perna, repita com a outra; 
61 
 
6. O tronco e os dois joelhos devem estar extendidos durante 
toda a execução do exercício. 
 
 
 Levantar e sentar sem a utilização das mãos 
Este exercício tem por objetivo fortalecer os músculos do 
abdômen, das costas, do quadril e da coxa. O executante deve 
sentar-se na metade anterior do assento da cadeira e reclinar seu 
corpo até os ombros tocarem o encosto. As costas devem estar 
retas (apesar de o tronco estar reclinado), o que é facilitado 
colocando um apoio para a região lombar (como exemplificado na 
figura por um travesseiro). Os joelhos devem estar flexionados, e 
os pés devem estar com toda a planta em contato com o chão. 
Usando minimamente os membros inferiores (ou até mesmo sem 
usá-los, se possível), o executante deve trazer o tronco à frente, 
desencostando do encosto da cadeira e do apoio lombar. 
Para trabalhar adequadamente a musculatura abdominal, o 
tronco deve ser trazido à frente com as costas retas (sem que os 
ombros se inclinem à frente durante a subida). Partindo então 
desta posição sentada, com os pés totalmente apoiados no chão, 
o executante deve levar 3 segundos para se erguer até a posição 
ereta (usando minimamente as mãos), e mais 3 segundos para 
sentar. Durante a subida e a descida do corpo, é importante 
também manter as costas retas. Neste exercício, uma maneira de 
aumentar a carga é utilizar cada vez menos as mãos para auxiliar 
o movimento do corpo. Após estar sentado, o corpo deve 
novamente ser reclinado até o encosto da cadeira, terminando 
assim uma repetição do exercício. 
 
Resumo: 
1. Coloque um travesseiro no encosto de uma cadeira; 
2. Sente na metade anterior do assento da cadeira, com os 
joelhos flexionados e com os pés totalmente apoiados no chão; 
3. Recline sobre o travesseiro, permanecendo com o tronco 
inclinado e com as costas retas; 
62 
 
4. Leve o tronco à frente até ficar sentado com as costas retas, 
usando minimamente as mãos (inspirando); 
5. Levante lentamente, usando minimamente as mãos 
(expirando); 
6. Sente lentamente, usando minimamente as mãos (inspirando); 
7. Recline novamente o corpo, apoiando as costas no travesseiro, 
retornando assim à posição inicial (expirando); 
8. Mantenha as costas e os ombros retos durante toda a 
execução do exercício. 
 
Adaptação 1 o exercício também pode ser feito sem a fase de 
trazer o corpo à frente (correspondendo apenas à segunda e à 
terceira imagens na figura), mas isso implica em um menor ganho 
de força nos músculos abdominais, que são extremamente 
importantes para manter um bom equilíbrio. 
 
Adaptação 2: Como nem todos conseguem realizar muitas 
repetições desse exercício, pode ser necessário adaptá-lo da 
seguinte maneira: ao invés de o idoso levantar por completo, ele 
deve somente iniciar o movimento de subida, perdendo assim o 
contato com a cadeira. A posição alcançada deve ser mantida por 
1 segundo, e então o idoso retorna à posição sentada (podendo 
também reclinar se estiver utilizando um apoio lombar). Dessa 
maneira, o desgaste do exercício fica reduzido (permitindo assim 
um maior número de repetições), mas os mesmos músculos são 
trabalhados. Conforme o idoso ganha força e resistência 
muscular, essa adaptação deve ser deixada de lado para que 
ocorram maiores ganhos. 
 
 
 Outros exercícios 
Há ainda alguns exercícios que treinam o equilíbrio e podem ser 
praticados a qualquer hora, em qualquer lugar e quanto for 
desejado. Mas é importante que haja algum apoio por perto para 
gerar segurança em uma eventual instabilidade durante sua 
execução: 
63 
 
 Permanecer ereto em apenas um pé (alternando-os), o que 
pode ser feito durante atividades do cotidiano. 
 Andar com passos bem curtos, de maneira que o pé que 
executou o passo encosta o calcanhar nos artelhos (dedos do 
pé) do pé de apoio. 
 
Exercícios para Treinar a Força 
Exercícios para treinar a força 
 
Os exercícios aqui sugeridos correspondem a exercícios de 
treinamento de força para os membros superiores. Como 
os exercícios para treinar o equilíbrio são também exercícios 
para treinamento de força para os membros inferiores, um 
treinamento completo será alcançado somando os exercícios 
deste item com os de equilíbrio. Assim, ao realizar seu 
treinamento de força, simultaneamente a capacidade de manter o 
equilíbrio também será treinada, tornando assim o treinamento 
mais simples. É importante lembrar que os mesmos cuidados 
necessários para o treinamento de força para os membros 
inferiores também devem ser tomados para o treinamento de 
força para os membros superiores. Estes cuidados estão 
descritos em fundamentos de treinamento (equilíbrio). Estes 
exercícios também podem ser executados em pé, sendo a 
cadeira apenas um facilitador. 
 
 Elevação Lateral dos Membros Superiores 
Este exercício serve para fortalecer a musculatura do ombro. O 
executante deve estar sentado em uma cadeira sem braços, com 
as costas retas (apoiadas no encosto) e os pés totalmente 
apoiados no chão, separados um do outro na largura dos ombros.O exercício deve se iniciar com os braços relaxados ao lado do 
corpo, com as palmas das mãos voltadas para dentro (para o 
próprio corpo). Os braços então devem ser elevados lateralmente 
durante 3 segundos, até ficarem paralelos ao solo. A posição 
deve ser mantida por 1 segundo, e então os braços devem ser 
abaixados durante 3 segundos, até ficarem extendidos ao lado do 
corpo novamente (finalizando assim uma repetição). A posição 
64 
 
das mãos não varia durante o exercício, tomando como 
referência o braço. 
A carga deste exercício pode ser aumentada segurando pesos 
com as mãos. No caso de a carga estar muito grande, mesmo 
sem pesos extras, uma estratégia para diminuí-la é fazer uma 
flexão de cotovelo ao realizar o exercício. Quanto mais longe do 
corpo está o peso, maior será a força necessária para levantá-lo. 
Flexionar o cotovelo permite regular a distância da mão ao corpo 
durante a elevação lateral do membro superior, e, portanto, 
regular a força necessária para realizar o movimento. Quanto 
mais flexionado estiver o cotovelo, mais próxima do corpo estará 
a mão, e menor será a carga do exercício. Um outro ponto 
importante deste exercício é que ele pode ocasionar dores nos 
ombros. Ao invés de cessar a atividade, uma alternativa é não 
elevar os braços tão lateralmente. 
Quanto mais à frente do corpo forem elevados os braços, menor 
será a sobrecarga nos ombros, e menor será a carga do 
exercício. Mas essa adaptação deve ser feita com no máximo 
com um ângulo de 45º de diferença (à partir desse ângulo o 
exercício estará mais próximo de uma flexão de ombro, que será 
descrita mais adiante), e apenas se houver dor durante sua 
execução. 
 
Resumo: 
1. Sente em uma cadeira; 
2. Mantenha os pés em total contato com o chão e afastados na 
largura dos ombros; 
3. Os braços devem estar extendidos ao lado do corpo; 
4. Eleve os braços lateralmente até a altura dos ombros; 
5. Mantenha a posição um pouco; 
6. Lentamente retorne à posição inicial. 
 
 Extensão de Cotovelo 
Este exercício tem por objetivo fortalecer o músculo posterior do 
braço (tríceps). O executante deve estar sentado em uma 
cadeira, com os pés totalmente apoiados no chão e afastados um 
65 
 
do outro na largura dos ombros. O braço deve ser elevado com o 
cotovelo flexionado, até que o cotovelo aponte para o teto (como 
na primeira figura). A mão do braço realizando o movimento deve 
inicialmente estar próxima ao ombro, com a palma da mão 
voltada para dentro. O braço deve ser sustentado pela mão do 
braço oposto, que deve fornecer um apoio logo abaixo do 
cotovelo (não apoiar na articulação). O cotovelo deve então ser 
extendido durante 3 segundos, até que fique completamente 
extendido, de maneira que a mão aponte para o teto. Apenas a 
articulação do cotovelo deve se movimentar. A posição deve ser 
mantida por 1 segundo, e então o cotovelo deve ser flexionado 
(durante 3 segundos), voltando assim à posição inicial 
(finalizando assim uma repetição). O apoio dado pela mão do 
braço oposto deve ser mantido durante toda a execução do 
exercício. Uma maneira de aumentar a carga deste exercício é 
segurando pesos extras na mão do braço executando o 
movimento. 
 
Resumo: 
1. Sente em uma cadeira; 
2. Mantenha os pés totalmente apoiados no cão, separados na 
largura do ombro; 
3. Levante um braço com o cotovelo flexionado, até este ficar 
apontando para o teto (e a mão deve estar próxima ao ombro); 
4. Apoie a mão do braço oposto logo abaixo do cotovelo para dar 
suporte para o exercício; 
5. Extenda o cotovelo lentamente; 
6. Mantenha a posição um pouco; 
7. Flexione o cotovelo lentamente, voltando à posição inicial; 
8. Repita o exercício com o outro braço após terminar as séries; 
 
 Flexão de Cotovelo 
Este exercício tem por objetivo fortalecer a musculatura anterior 
do braço (bíceps) e os músculos do antebraço. O executante 
deve estar sentado em uma cadeira sem braços, com as costas 
apoiadas no encosto da cadeira. Os pés devem estar totalmente 
apoiados no chão e afastados um do outro na largura dos 
ombros. O braço deve estar extendido para baixo, ao lado do 
66 
 
corpo, com a palma da mão voltada para a frente. O cotovelo 
deve então ser flexionado, mantendo a posição da mão em 
relação ao braço ( a articulação do ombro não se mexe, apenas a 
do cotovelo). Esse movimento deve levar 3 segundos para ser 
efetuado, e o executante deve tomar cuidado para que seu corpo 
não se movimente lateralmente durante a flexão de cotovelo. 
Atingido a flexão máxima, a posição deve ser mantida por 1 
segundo, e o cotovelo deve então ser extendido, voltando à 
posição inicial, em mais 3 segundos (finalizando assim uma 
repetição). Para aumentar a carga deste exercício, basta segurar 
um peso extra na mão do braço realizando a flexão. 
 
Resumo: 
1. Sente em uma cadeira sem braços, apoiando as costas em seu 
encosto; 
2. Mantenha os pés em total contato com o chão e afastados na 
largura dos ombros; 
3. Deixe o braço extendido para baixo, ao lado do corpo, com a 
palma da mão para a frente; 
4. Lentamente flexione o cotovelo, trazendo a mão para perto do 
peito; 
5. Mantenha a posição um pouco; 
6. Lentamente extenda o cotovelo, voltando à posição inicial; 
7. Repita o exercício com o outro braço após finalizar as séries. 
 
 
 Flexão de Ombro 
Este exercício serve para fortalecer a musculatura dos ombros. O 
executante deve estar sentado em uma cadeira sem braços, com 
as costas retas apoiadas no encosto da cadeira. Os pés devem 
estar totalmente apoiados no chão e afastados um do outro na 
largura dos ombros. Os braços devem, inicialmente, estar 
estendidos ao lado do corpo, com as palmas da mão voltadas 
para dentro. Os braços devem então ser levantados para a frente 
durante 3 segundos, mantendo-os estendidos e girando os 
punhos para que as mão fiquem voltadas para cima. Quando os 
braços ficarem paralelos com o chão, a posição deve ser mantida 
67 
 
por 1 segundo. O executante deve então descer os braços até a 
posição inicial, girando novamente os punhos para que as palmas 
das mãos fiquem voltadas para dentro, o que deve levar mais 3 
segundos. Para aumentar a carga deste, basta segurar pesos 
extras com as mãos. 
Resumo: 
 
1. Sente em uma cadeira; 
2. Mantenha os pés totalmente apoiados no cão, separados na 
largura do ombro; 
3. Posicione os braços entendidos ao lado do corpo, com as 
palmas das mãos voltadas para dentro; 
4. Eleve ambos os braços à sua frente até a altura dos ombros, 
girando as palmas das mãos para cima; 
5. Mantenha a posição um pouco; 
6. Lentamente desça os braços até a posição inicial, girando as 
palmas das mãos para dentro novamente; 
 
 
 Empurrar a Cadeira 
Este exercício serve para fortalecer os músculos da parte de trás 
dos braços (tríceps), das costas, do antebraço e do peito. O 
executante deve estar sentado em uma cadeira com braços, com 
o corpo pendendo levemente à frente, com as costas retas (mas 
sem encostá-las no encosto da cadeira). O executante deve 
então segurar nos braços da cadeira, alinhando suas mãos e o 
tronco, ou posicionando-as levemente à frente do tronco. Os pés 
devem estar posicionados embaixo da cadeira, com os 
calcanhares levantados, de modo que o peso dos pés esteja 
distribuído somente sobre os artelhos (dedos do pé) e sobre o a 
parte anterior do pé. Lentamente, o executante deve levantar seu 
corpo usando os braços, o mais alto que conseguir, tentando 
manter a posição em que o corpo se encontrava sentado (com 
flexão de quadril e de joelho). Mesmo que o executante não 
consiga se levantar, o esforço necessário para tentar é suficiente 
para fortalecer progressivamente os músculos em questão. O 
ideal é que os membros inferiores não sejam utilizados para 
68 
 
ajudar o movimentode subida, ou ainda que sejam utilizados 
minimamente. A carga deste exercício pode ser aumentada 
colocando pesos extras sobre as coxas. 
 
Resumo: 
 
1. Sente em uma cadeira com braços; 
2. Incline o corpo ligeiramente à frente, mantendo as costas retas; 
3. Segure nos braços da cadeira; 
4. Posicione os pés abaixo da cadeira, com o peso sobre os 
artelhos; 
5. Lentamente levante o corpo utilizando apenas os braços 
(expirando); 
6. Lentamente desça os braços até a posição inicial (inspirando). 
 
Fundamentos de Treinamento (Resistência) 
Fundamentos de Treinamento (Resistência) 
 
A capacidade aeróbia consiste, basicamente, na capacidade de 
absorver, transportar e utilizar o oxigênio do ar para realizar as 
reações bioquímicas necessárias para gerar a energia que será 
utilizada durante a atividade física. Essa capacidade corresponde 
a uma via metabólica específica, e esses mecanismos se tornam 
mais eficientes quando se pratica atividades de baixa intensidade 
e longa duração. Uma maneira de quantificar essa capacidade é 
medindo o VO2max, que corresponde ao consumo máximo de 
oxigênio durante atividades físicas, ou seja, o quanto do oxigênio 
a pessoa é capaz de retirar do ar e aproveitar para gerar energia. 
Assim como qualquer atividade física, o treinamento de 
resistência aeróbia deve seguir algumas regras, tanto para que o 
treinamento alcance os objetivos buscados, quanto para 
preservar a integridade física de quem o está praticando. 
A resistência aeróbia é uma capacidade que deve ser 
desenvolvida gradualmente. Para se iniciar um treinamento, um 
tempo mínimo diário por sessão de treinamento é de 5 minutos. 
69 
 
Apesar de este tempo não ser suficiente para trazer os ganhos de 
um treinamento de resistência aeróbia, começar o treinamento 
com um baixo nível de esforço e ir aumentando-o gradualmente é 
especialmente importante para aqueles que estão inativos há 
muito tempo. A idéia é que com o devido tempo, essa leve 
atividade se torne uma atividade de dificuldade de moderada a 
vigorosa, apesar de ainda continuar com um curto tempo de 
duração (5 minutos). 
Quando for possível realizar atividades com intensidade de 
moderada a vigorosa por 5 minutos, é hora de aumentar esse 
tempo por sessão de treinamento para pelo menos 10 minutos, já 
que realizar atividades por tempos menores que esses não trará 
os benefícios cardiovasculares e respiratórios desse tipo de 
treinamento. O objetivo nesta progressão é que o executante 
chegue a pelo menos 30 minutos de atividade em cada sessão 
de treinamento. Uma progressão possível seria aumentar em 5 
minutos o tempo de atividade a cada mês, até atingir 30 minutos 
(ou mais). Dividir esses 30 minutos em três fases de 10 minutos 
de duração também traz benefícios cardiovasculares e 
respiratório, sendo uma estratégia interessante para indivíduos 
com pouca tolerância a atividades com longa duração. Quanto 
mais leve a atividade, maior deve ser sua duração, e quanto 
maior sua intensidade, menor pode ser sua duração. Uma faixa 
de tempo válida para que os benefícios desse tipo de treinamento 
sejam alcançados é de 20 a 60 minutos por sessão. 
Inicialmente, o treinamento aeróbio deve ser feito pelo menos 3 
vezes por semana, em dias não consecutivos (se possível). Ao 
longo dos meses de treinamento, conforme o indivíduo vai 
ganhando condicionamento, o número de dias de atividade 
aeróbia por semana deve aumentar progressivamente, até 5 dias 
por semana. Mas é importante manter em mente que o mínimo 
necessário para trazer os benefícios desse tipo de treinamento é 
realizar 3 sessões por semana. 
A intensidade dos exercícios, para que o maior benefício seja 
alcançado, deve estar em, uma faixa de 50% a 70% do VO2max. 
Uma outra maneira de ajustar facilmente essa intensidade é 
através do controle a freqüência cardíaca. Inicialmente, o 
indivíduo deve medir sua freqüência cardíaca de repouso (FC 
rep), que corresponde ao número de vezes que o coração bate 
70 
 
por minuto após 10 minutos de inatividade (de preferência, a 
pessoa deve ficar deitada relaxando durante esse período de 
tempo). É necessário conhecer também a freqüência cardíaca 
máxima (FC max), que pode ser quantificada em testes 
ergométricos, ou ainda estimada subtraindo a idade do indivíduo 
de 220. É importante medir esse valor através do teste 
ergométrico, pois através dele é possível detectar problemas 
cardíacos, além de identificar em qual freqüência cardíaca eles 
começam a aparecer. Isso torna possível considerar como 
freqüência cardíaca máxima a freqüência na qual aparecem 
sintomas de problemas cardíacos, permitindo uma maior 
segurança no treinamento (que estará sempre abaixo dessa 
freqüência). A faixa de treinamento deve então ser calculada da 
seguinte maneira: 
 Freqüência mínima de treinamento: (FC max – FC rep) x 0.5 + 
FC rep 
 Freqüência máxima de treinamento: (FC max – FC rep) x 0.7 + 
FC rep 
Dessa maneira, fica assegurando que o indivíduo estará 
treinando em uma faixa entre 50% e 70% da sua freqüência 
cardíaca de reserva (FC max – FC rep), sendo essa faixa a zona 
ideal para o treinamento da capacidade aeróbia. 
Seguem agora algumas regras de segurança básicas para o 
treinamento de resistência aeróbia: 
 As atividades aeróbias não devem fazer o executante respirar 
tão rapidamente de maneira que seja muito difícil falar durante 
sua execução. Sua intensidade também não pode causar 
vertigem e dor no peito (para respirar); 
 O executante deve realizar uma atividade leve antes de iniciar 
a sessão de treinamento para aquecer e outra para voltar à 
calma no final da atividade. Um bom exemplo é andar 
vagarosamente; 
 Exercícios de alongamento devem ser feitos após as 
atividades, enquanto os músculos ainda estão quentes; 
 Com o aumento da idade, o mecanismo que gera a sede passa 
a funcionar mais lentamente. Isso pode fazer com que, apesar 
de um indivíduo precisar de água, ele não sinta sede. O 
executante deve ter uma preocupação em beber líquidos 
71 
 
durante atividades que causem transpiração. Se o indivíduo 
chegar a sentir sede, significa que seu corpo já está levemente 
desidratado. Mas é importante atentar que algumas pessoas 
possuem limitações de ingestão de líquidos (como em 
patologias envolvendo o coração e o fígado), e esse controle 
de ingestão durante a atividade física deve ser feito juntamente 
com seu médico. 
 Idosos são mais afetados pelo frio e pelo calor que adultos 
(devido a um sistema termo-regulador menos eficiente), o que 
pode trazer riscos à saúde. É interessante que um idosos, ao 
se exercitar, vistas as roupas em “camadas”, de maneira que 
fique protegido contra o frio, mas se vir a sentir calor seja 
possível remover algumas peças para regular a temperatura. 
 Antes de aumentar a dificuldade da atividade executada é mais 
aconselhável aumentar a duração da atividade. 
 
Exercícios para Treinar a Resistência Aeróbia 
Exercícios para Treinar a Resistência Aeróbia 
 
Seguem alguns exemplos de atividades e exercícios de 
treinamento da resistência aeróbia: 
Dificuldade moderada: 
 Nadar 
 Pedalar 
 Andar rapidamente em superfície plana 
 Fazer faxina 
 Jogar golfe a pé 
 Jogar tênis em duplas 
 Jogar voleibol 
 Remar 
 Dançar. 
Dificuldade vigorosa: 
 Subir escadas 
 Andar rapidamente em superfícies íngremes (subidas) 
 Subir superfícies íngremes de bicicleta 
 Jogar tênis 
72 
 
 Nadar rapidamente 
 Marcha atlética 
 Correr lentamente. 
 
Fundamentos de Treinamento (Flexibilidade) 
Fundamentos de Treinamento (Flexibilidade) 
 
Exercícios de alongamento muscular têm por objetivo aumentar a 
flexibilidade, trazendo assim uma maior liberdade de movimentos 
para executar as tarefas do cotidiano e outras tarefas mais 
específicas. Assim como qualquer tipo de atividadefísica, ao 
treinar a flexibilidade o executante deve atentar para algumas 
regras, assegurando assim uma maior eficiência do treinamento e 
uma maior segurança na execução dos exercícios. 
Os exercícios de alongamento devem ser executados após o 
término das sessões de treinamento aeróbio ou de treinamento 
de força para resultarem em ganhos na flexibilidade. No caso de 
não ser possível realizar esses dois tipos de treinamento, o 
treinamento de flexibilidade deve ser executado pelo menos duas 
vezes por semana, podendo chegar a até sete vezes por 
semana, e as sessões devem durar ao menos 20 minutos cada. 
Para um iniciante é interessante treinar poucas vezes por 
semana para ganhar alguma intimidade com os exercícios e para 
perceber seus limites. Um treinamento visando um grande 
aumento de flexibilidade deve consistir em sessões diárias de 
treinamento, ou ainda um número grande de sessões por semana 
(de 5 a 7). Treinar de duas a três vezes por semana é uma boa 
maneira de manter a flexibilidade alcançada. É importante 
ressaltar que exercícios de alongamento não servem para 
implementar a força ou a resistência aeróbia. 
Cada exercício de alongamento deve ser feito de 3 a 5 vezes em 
cada sessão de treinamento. O executante deve chegar à 
posição desejada lentamente, alcançando a maior amplitude 
possível sem que haja dor. A posição deve então ser mantida de 
10 a 30 segundos, e então o executante deve relaxar e voltar 
lentamente para uma posição mais confortável (posição inicial), 
terminando assim uma repetição. 
73 
 
 
Segurança 
 Se o executante já sofreu alguma lesão, fratura ou cirurgia nos 
ossos do quadril (principalmente na articulação coxo-femoral, 
que corresponde à junção do quadril com o fêmur), é 
importante consultar um médico antes de executar os 
exercícios para treinar a flexibilidade dos membros inferiores; 
 Se o executante sofreu fratura da cabeça do fêmur, ele não 
deve cruzar as pernas em ângulos superiores a 90 graus; 
 Se a sessão de treinamento for realizada separada de outros 
tipos de treinamento, é importante realizar um leve 
aquecimento antes de iniciá-la. Isso pode ser feito com alguns 
minutos de caminhada e movimentação dos membros 
superiores. Alongar os músculos sem aquecimento prévio pode 
resultar em alguma lesão; 
 Alongar os músculos não deve resultar em dor, principalmente 
nas articulações. Se isso ocorrer, provavelmente a amplitude 
do alongamento está muito grande, e deve ser reduzida; 
 Uma leve sensação de desconforto é normal durante o 
alongamento (mas não de dor); 
 O alongamento nunca deve ser feito rapidamente ou com 
"trancos" (alongamento balístico), pois esticar o músculo 
rapidamente faz com que um mecanismo reflexo seja 
disparado, e o músculo então se contrai involuntariamente. 
Além de isso prejudicar a amplitude que poderia ser alcançada 
com o músculo relaxado, ainda há algum risco de lesão se o 
alongamento for executado desta maneira; 
 Durante o alongamento, o membro alongado deve estar 
esticado, mas manter uma pequena folga na articulação é 
aconselhável para diminuir um pouco a carga sobre os tendões 
e ligamentos (as articulações não devem ser hiper-estendidas). 
 O executante deve respirar profunda e lentamente durante a 
execução dos exercícios. Se o executante sentir alguma 
tontura, mesmo que leve, ele deve voltar a respirar 
naturalmente. 
 Realizar os exercícios seguindo as recomendações acima 
descritas resultará em um aumento da flexibilidade, e a 
maneira de progredir no treinamento é sempre tentar alcançar 
a maior amplitude articular sem que ocorra dor; 
74 
 
Os exercícios de flexibilidade também podem ser utilizados no 
aquecimento, antes das sessões de treinamento, com a função 
de preparar o corpo para o exercício. Nesse caso os exercícios 
devem ser feitos após o corpo já estar aquecido, pois alongar 
músculos "frios" pode resultar em lesões musculares a 
articulares. 
Os exercícios devem ser realizados com apenas uma repetição, e 
devem durar poucos segundos. Além disso, devem ser 
escolhidos de acordo com a atividade a ser realizada, pois como 
o intuito é apenas de preparar o músculo para o exercício, 
somente devem ser alongados os membros a serem utilizados 
durante a atividade. Uma outra alternativa é incorporar exercícios 
dinâmicos multiarticulares durante o aquecimento, pois apesar de 
não buscar uma amplitude grande de movimento, aquece e 
alonga levemente um grande número de músculos. 
Exercícios para Treinar a Flexibilidade 
Exercícios para Treinar a Flexibilidade 
 
 Isquiotibiais 
Este exercício tem por objetivo alongar a musculatura posterior 
da coxa, sendo que o conjunto dos músculos dessa região 
também é denominado de isquiotibiais. O executante deve 
sentar-se em um banco ou outra superfície rígida que lhe permita 
apoiar toda a perna (como duas cadeiras colocadas lado a lado). 
Uma das pernas deve então descansar sobre o banco, com a 
ponta do pé apontando para cima (as costas devem ser mantidas 
retas). A outra perna deve estar ao lado do banco, com o pé 
totalmente apoiado no solo. O joelho da perna apoiada no banco 
deve ser totalmente estendido. Se neste ponto o executante já 
sentir o alongamento, essa é a posição que deve ser mantida 
pelo tempo determinado para esse tipo de treinamento. Se o 
executante não sentir o leve desconforto nessa posição, deve 
levar o tronco à frente, como se fosse deitá-lo sobre a perna 
estendida, mantendo sempre as costas retas (a única articulação 
que se movimenta é o quadril). No caso de o executante ter 
sofrido uma fratura na cabeça do fêmur, não é seguro levar o 
corpo à frente neste exercício (a não ser que haja aprovação do 
médico ou fisioterapeuta responsável). Após manter a posição de 
75 
 
10 a 30 segundos, o executante deve retornar lentamente à 
posição inicial, terminando uma repetição. 
 
Resumo: 
1. Sente de lado em um banco; 
2. Mantenha uma perna esticada sobre o banco; 
3. A outra perna deve estar ao lado do banco, com o pé apoiado 
totalmente no chão; 
4. Mantenha as costas retas; 
5. Leve o tronco à frente, flexionando o quadril, até sentir o 
alongamento (não faça esse movimento se tiver sofrido fraturas 
ou cirurgias no quadril); 
6. Mantenha a posição; 
7. Repita com a outra perna. 
 
 
 Isquitibiais (alternativa) 
Uma alternativa ao exercício anterior é se posicionar em pé atrás 
de uma cadeira com os joelhos em extensão. O executante deve 
segurar o encosto da cadeira com as duas mãos e flexionar o 
quadril levando o tronco para frente, mantendo as costas retas 
durante toda a execução do exercício. Quando o corpo estiver 
paralelo com o solo, a posição deve ser mantida. Após 10-30 s, o 
executante deve retornar lentamente usando como apoio o 
encosto da cadeira para subir. 
 
Resumo: 
1. Fique em pé atrás de uma cadeira, segurando seu encosto 
com as duas mãos; 
2. Flexione o quadril levando o tronco à frente; 
3. As costas devem estar retas durante todo o tempo; 
4. Quando o tronco estiver paralelo com o solo, mantenha a 
posição. 
 
76 
 
 
 Tríceps Sural (Panturrilha) 
Este exercício alonga a musculatura posterior da perna. O 
executante deve estar em pé, apoiando as duas mãos em uma 
parede, com os cotovelos estendidos. Mantenha o joelho de uma 
das pernas levemente flexionado e leve o pé da outra perna atrás 
(aproximadamente meio metro), mantendo os pés totalmente em 
contato com o solo (o pé da perna levada atrás deve estar 
levemente virado para dentro). O executante então deverá sentir 
o alongamento da musculatura da panturrilha. Se isso não 
ocorrer, a perna posicionada atrás deve ser ainda mais 
distanciada da outra, fazendo com que os músculos se alonguem 
ainda mais. A posição alcançada deve então ser mantida por 10 a 
30 segundos. Então o executantedeve flexionar levemente o 
joelho da perna que está atrás (como na segunda figura), e 
manter novamente a postura alcançada pelo mesmo tempo. 
 
Resumo: 
1. Fique em pé com ambas as mãos apoiadas em uma parede e 
com os cotovelos estendidos; 
2. Dê um passo de aproximadamente 50 cm para trás com uma 
das pernas, e mantenha ambos os pés totalmente apoiados no 
chão; 
3. Mantenha a posição; 
4. Flexione levemente o joelho da perna que está atrás; 
5. Mantenha a posição; 
6. Repita com a outra perna. 
 
 
 Tornozelo 
Este exercício tem como objetivo alongar a musculatura 
envolvida na articulação do tornozelo. Deve ser realizado com os 
pés descalços, já que o calçado limita a movimentação do pé. O 
executante deve estar sentado na parte anterior do assento de 
uma cadeira, inclinando o corpo para trás até apoiar o tronco no 
encosto da cadeira (um travesseiro deve ser utilizado para 
77 
 
fornecer apoio lombar, como exemplificado na figura). As pernas 
devem então ser estendidas “escorregando” os pés para frente 
ao longo do chão. 
Mantendo os calcanhares em contato com o chão, o executante 
deve apontar os artelhos (dedos do pé) para frente até sentir o 
alongamento na parte anterior do tornozelo. Se nessa posição o 
executante ainda não sentir o alongamento, ele deve levantar um 
pouco os pés do chão, permitindo uma maior variação do ângulo 
do tornozelo. Após manter essa posição, o executante deve 
agora mover os pés em sua própria direção, sentindo assim o 
alongamento na região posterior do tornozelo. 
 
Resumo: 
1. Sente-se em uma cadeira; 
2. Estenda as pernas à sua frente, mantendo os calcanhares no 
chão; 
3. Flexione os pés, apontando os artelhos para frente; 
4. Mantenha a posição; 
5. Flexione os pés, apontando os artelhos para trás; 
6. Mantenha a posição. 
7. Se o alongamento não for sentido, faça com os pés um pouco 
levantados, sem encostá-los no chão. 
 
 
 Tríceps Braquial 
Este exercício alonga o músculo da região posterior do braço. O 
executante deve segurar a ponta de uma toalha com uma das 
mãos. Deve então levantar o braço que está segurando a toalha, 
e flexionar o cotovelo de maneira a deixar a toalha cair ao longo 
das costas. Com a outra mão, deve alcançar, por trás das costas, 
a ponta da toalha que está sendo segurada pela outra mão. 
Gradualmente, o executante deve, com a mão posicionada atrás 
das costas (mais embaixo), tentar alcançar pontos mais altos da 
toalha, encurtando assim a diferença entre as duas mãos 
(simultaneamente a mão que estiver em cima vai descer). 
78 
 
Quando o alongamento for sentido, a posição deve ser mantida 
(o limite é o ponto onde as duas mãos se tocam). Após terminar a 
série, a posição deve ser invertida. 
 
Resumo: 
1. Segure a toalha com uma das mãos; 
2. Levante o braço e flexione o cotovelo, fazendo a toalha ficar 
atrás das costas; 
3. Com a outra mão, segure a ponta da toalha que está livre; 
4. Suba a mão de baixo progressivamente, tentando alcançar o 
ponto mais alto possível; 
5. Inverta a posição. 
 
 
 Pulso 
O executante deve empurrar as palmas das mãos um contra a 
outra,mantendo os cotovelos apontando para baixo. Deve então 
elevar os cotovelos tentando deixá-los paralelos ao solo (ou o 
mais próximo disso que sua flexibilidade permitir), mantendo as 
palmas das mão em total contato uma com a outra. A posição 
deve ser mantida de 10 a 30 segundos, e então os cotovelos 
devem ser novamente baixados, terminando assim uma 
repetição. 
 
Resumo: 
1. Junte as mãos, tocando uma palma na outra (posição de 
rezar); 
2. Lentamente eleve os cotovelos até ficarem paralelos ao solo, e 
mantenha as mãos unidas; 
3. Mantenha a posição. 
 
 
 Quadríceps 
79 
 
Este exercício tem como objetivo alongar os músculos da parte 
anterior da coxa, sendo que o conjunto destes músculos é 
chamado de quadríceps femoral. O executante deve deitar-se de 
lado no chão (podendo utilizar um colchonete para aumentar o 
conforto), alinhando os quadris, de maneira que um dos lados 
esteja posicionado exatamente acima do outro. A cabeça deve 
ser colocada em cima de um travesseiro, ou pode-se usar a mão 
como apoio. O joelho da perna posicionada acima deve ser 
flexionado. 
O executante deve então alcançar o pé da perna flexionada com 
a mão, segurando no calcanhar. Se o executante não consegue 
alcançar o próprio calcanhar com a mão nesta posição, a 
alternativa é colocar um cinto (ou faixa de pano) em volta do pé, 
podendo assim segurá-lo a uma maior distância. O executante 
deve então puxar o pé lentamente, até que o alongamento seja 
sentido na parte anterior da coxa, mantendo então a posição. Se 
houver cãibras na parte posterior da coxa durante o exercício, 
este deve ser parado e a região afetada alongada (podendo ser 
utilizados os exercícios para alongar os músculos isquiotibiais 
descritos acima), para mais tarde retomar o alongamento de 
quadríceps. 
Resumo: 
1. Dente-se de lado no chão; 
2. Descanse a cabeça em um travesseiro ou na mão; 
3. Flexione o joelho da perna de cima; 
4. Segure no calcanhar da perna flexionada; 
5. Lentamente puxe a perna flexionada até alongar os músculos 
da parte anterior da coxa; 
6. Mantenha a posição; 
7. Inverta a posição e repita com a outra perna. 
 
 
 Rotação Dupla de Quadril 
Este exercício deve ser evitado se o executante tiver sofrido uma 
fratura ou cirurgia no quadril, a não ser que o médico responsável 
concorde com sua execução. Seu objetivo é alongar os músculos 
externos (laterais) do quadril e das coxas. O executante deve 
80 
 
deitar-se de costas no chão (decúbito dorsal), podendo utilizar um 
colchonete para aumentar o conforto. Os joelhos devem estar 
flexionados, e os pés devem ter suas plantas em total contato 
com o solo. 
Um travesseiro deve ser usado para apoiar a cabeça, 
aumentando ainda mais o conforto para executar o exercício. O 
executante deve então manter os dois ombros em contato com o 
solo, os joelhos flexionados e unidos um ao outro, e descer 
lentamente os dois joelhos para um dos lados na maior amplitude 
possível sem forçá-los. A posição alcançada deve ser mantida 
por 10 a 30 segundos, e então os joelhos, ainda unidos, devem 
ser trazidos à posição inicial, e o mesmo exercício deve ser feito 
para o outro lado. 
 
Resumo: 
1. Não faça esse exercício se tiver sofrido fraturas ou cirurgias no 
quadril; 
2. Dente-se de costas no chão com os joelhos flexionados; 
3. Mantenha os ombros em contato com o solo todo o tempo; 
4. Mantendo os joelhos unidos, baixe lateralmente as pernas para 
um dos lados; 
5. Mantenha a posição; 
6. Volte as pernas para cima; 
7. Repita com o outro lado. 
 
 
 Rotação simples de quadril 
Este exercício tem por objetivo alongar os músculos da pelve e 
da região interna (medial) das coxas. O executante deve deitar-se 
de costas (decúbito dorsal), com os joelhos flexionados, podendo 
utilizar um colchonete para aumentar o conforto. Deve então 
descer um dos joelhos lentamente para o lado, mantendo a outra 
perna e a pelve imóveis. A posição alcançada deve ser mantida 
de 10 a 30 segundos, e então o executante deve trazer seu 
joelho de volta à posição inicial. Os ombros devem ser mantidos 
em contato com o chão durante toda a execução do exercício. 
81 
 
 
Resumo: 
1. Deite-se de costas no chão; 
2. Flexione os joelhos; 
3. Desça um dos joelhos lentamente para o lado; 
4. Mantenha a posição; 
5. Traga o joelho de volta à posição inicial; 
6. Mantenha os ombros em contato com o chão durante todo o 
exercício; 
7. Repita com a outra perna. 
 
 
 Rotação de Ombro 
Este exercício alonga a musculatura envolvida na articulação do 
ombro. O executante deve deitar-se de costas (decúbito dorsal) 
no solo e colocarum travesseiro para apoiar a cabeça. Também 
é importante colocar uma almofada embaixo dos joelhos, 
mantendo-os levemente flexionados (o que serve para diminuir a 
tensão na coluna vertebral enquanto o indivíduo está deitado). O 
executante deve então esticar os braços para os lados, 
mantendo-os alinhados na altura dos ombros. Os cotovelos 
devem então ser flexionados, de maneira que as pontas dos 
dedos devem apontar o teto (os antebraços perdem o contato 
com o solo, mas os braços devem continuar em contato com ele 
durante toda a execução do exercício), e os antebraços devem 
estar paralelos. 
O executante deve então fazer uma rotação de ombro, 
lentamente deitando seus antebraços para trás, ao lado da 
cabeça (mantendo-os paralelos), até sentir alongar o ombro. Se 
houver qualquer sensação de dor aguda ou de pinçamento no 
ombro durante a execução deste exercício, ele deve ser parado 
imediatamente. A posição alcançada deve ser mantida de 10 a 30 
segundos, e então o executante deve lentamente levantar os 
antebraços até a posição inicial e fazer uma rotação de ombro 
para a frente, tentando levar os antebraços até os lados do corpo 
(mantendo-os paralelos). Quando o alongamento for sentido, a 
posição deve ser mantida pelo mesmo tempo. Após o tempo de 
82 
 
alongamento, os antebraços devem ser levados até a posição 
inicial para que o exercício se repita. 
 
Resumo: 
1. Deite-se de costas no chão com uma almofada embaixo dos 
joelhos; 
2. Estenda os braços para os lados; 
3. Flexione os cotovelos até formarem um ângulo reto, com as 
mãos apontando para o teto; 
4. Gire os ombros, tentando posicionar os antebraços ao lado da 
cabeça; 
5. Mantenha a posição; 
6. Gire no outro sentido, tentando posicionar os antebraços ao 
lado do corpo; 
7. Mantenha a posição; 
8. Mantenha os ombros em contato com o solo durante todo o 
exercício. 
 
 
 Rotação de Pescoço 
Este exercício alonga a musculatura do pescoço. O executante 
deve deitar-se no chão, apoiando a cabeça em um livro grosso 
(um colchonete pode ser usado para aumentar o conforto). O 
exercício consiste em virar a cabeça de um lado para o outro, 
mantendo a posição de 10 a 20 segundos em cada lado 
(extremidade do movimento). A cabeça não deve estar pendendo 
para frente ou para trás durante a execução do exercício, o que 
torna necessário encontrar um livro com uma espessura ideal 
para manter a cabeça alinhada com o tronco. Para aumentar o 
conforto, ainda é aconselhável manter os joelhos flexionados, o 
que diminui a tensão na região lombar da coluna vertebral. 
 
Resumo: 
1. Dente-se de costas no chão (decúbito dorsal); 
83 
 
2. Apóie a cabeça em um livro grosso (por exemplo, uma lista 
telefônica); 
Vire a cabeça de um lado para o outro, mantendo a posição em 
cada lado. 
Prevenção e Manejo de Quedas no Idoso 
Prevenção e Manejo de Quedas no Idoso 
 
Introdução 
 
Queda é um evento freqüente e limitante, sendo considerado um 
marcador de fragilidade, morte, institucionalização e de declínio 
na saúde de idosos (8,18,39). 
O risco de cair aumenta significativamente com o avançar da 
idade, o que coloca esta síndrome geriátrica como um dos 
grandes problemas de saúde pública devido ao aumento 
expressivo do número de idosos na população e à sua maior 
longevidade, competindo por recursos já escassos e aumentando 
a demanda por cuidados de longa duração. 
Diversos fatores de risco e múltiplas causas interagem como 
agentes determinantes e predisponentes, tanto para quedas 
acidentais quanto para quedas recorrentes, impondo aos 
profissionais de saúde, especialmente ao médico o grande 
desafio de identificar os possíveis fatores de risco modificáveis e 
tratar os fatores etiológicos e comorbidades presentes (35,45,51). 
As intervenções mais eficazes baseiam-se na identificação 
precoce dos idosos com maior chance de sofrerem quedas e 
particularmente, aqueles que além do risco de queda apresentem 
também um risco aumentado de sofrem lesões graves 
decorrentes da mesma (13,23,50). 
Geralmente, idosos tendem a sub-relatar quedas. Além disso, 
creditam à idade seus problemas de equilíbrio e marcha, fazendo 
com que com que estas dificuldades de mobilidade não sejam 
detectadas, até que uma queda com uma conseqüência grave 
ocorra. 
84 
 
Evitar o evento de queda é considerado hoje uma conduta de boa 
prática geriátrico-gerontológica, tanto em hospitais quanto em 
instituições de longa permanência, sendo considerado um dos 
indicadores de qualidade de serviços para idosos. Além disso, 
constitui-se em política pública indispensável, não só porque 
afeta de maneira desastrosa a vida dos idosos e de suas famílias, 
como também drena montantes expressivos de recursos 
econômicos no tratamento de suas conseqüências, como a 
fratura de quadril (19,42,45). 
 
Cenário do problema 
Cerca de 30% a 60% dos idosos caem ao menos uma vez ao ano 
e cerca da metade cai de forma recorrente, variando de acordo 
com a precisão do monitoramento realizado pelo estudo (39,44). 
No Brasil cerca de 29% dos idosos caem ao menos uma vez ao 
ano e 13% caem de forma recorrente, sendo que somente 52% 
dos idosos não relataram nenhum evento de queda durante um 
seguimento de dois anos (39). 
A incidência de quedas em idosos residentes na comunidade 
varia de 0,2 a 1,6 quedas/por pessoa/por ano, com uma média de 
aproximadamente 0,7 quedas por ano. Em idosos hospitalizados 
a média é de 1,4 quedas/por leito/por ano, variando de 0,5 a 2,7 
quedas e em idosos institucionalizados a prevalência é 
consideravelmente maior chegando até 75%, com uma incidência 
de 0,2 a 3,6 quedas/por leito/por ano devido a maior 
vulnerabilidade desta população e a maior acurácia nas 
notificações dos eventos (44). 
Os acidentes são a quinta causa de morte entre os idosos e as 
quedas são responsáveis por dois terços destas mortes 
acidentais. Aproximadamente 75% das mortes decorrentes de 
quedas nos Estados Unidos ocorrem em 14% da população 
acima de 65 anos de idade, e o índice de mortalidade aumenta 
dramaticamente após os 70 anos, principalmente em homens. 
(8,44,45). 
A maior suscetibilidade dos idosos a sofrerem lesões decorrentes 
de uma queda se deve a alta prevalência de comorbidades 
85 
 
presentes nesta população, associado ao declínio funcional 
decorrente do processo de envelhecimento, como o aumento do 
tempo reação e diminuição da eficácia das estratégias motoras 
do equilíbrio corporal, fazendo de uma queda leve um evento 
potencialmente perigoso. 
Dos que caem a cada ano, entre 5% a 10% dos idosos residentes 
na comunidade tem como conseqüência lesões severas como 
fratura, traumatismo craniano e lacerações sérias, que reduzem 
sua mobilidade e independência, aumentando as chances de 
morte prematura. Cerca de metade dos idosos hospitalizados por 
fratura de quadril não recuperam a mobilidade prévia ao evento. 
(1,8). 
Cerca de 90% das fraturas de quadril são causadas por quedas e 
o custo atual estimado do tratamento das fraturas de quadril é da 
ordem de 10 bilhões de dólares. Entre 1988 e 1996 a taxa de 
hospitalização por fratura de quadril em mulheres acima de 65 
anos nos EUA aumentou 23% (7,8). 
Além da alta mortalidade, destacam-se ainda como 
conseqüências relevantes o fato da queda causar restrição de 
mobilidade, incapacidade funcional, isolamento social, 
insegurança e medo, detonando um mecanismo cumulativo e em 
efeito dominó de eventos prejudiciais a saúde e qualidade de vida 
dos idosos(28,31). 
Em um estudo populacional multicêntrico, a razão de chance 
bruta de idosos com dependência em quatro ou mais atividades 
de vida diária ou prática ter experimentado ao menos uma queda 
no ano anterior foi 1,9 vez a chance quando comparados aos 
idosos independentes (43). 
Entre as pessoas que caírame foram atendidas em unidades de 
emergência, cerca de 40% tiveram dor contínua ou incapacidade 
funcional por dois meses e 16% tiveram queixa de dor por cerca 
de 7 meses após o evento (19). 
Um estudo prospectivo de dois anos aponta que 32% dos idosos 
que caem referem medo de cair novamente e são marcadamente 
mulheres. Os fatores fortemente associados ao medo de cair 
novamente são a presença de distúrbios de marcha, um relato de 
86 
 
percepção subjetiva de saúde física e mental ruim e condições 
econômicas desfavoráveis (53). 
 
Definição e classificação 
Queda é uma mudança de posição inesperada, não intencional 
que faz com que o indivíduo permaneça em um nível inferior, por 
exemplo, sobre o mobiliário ou no chão. Este evento não é 
conseqüência de uma paralisia súbita, ataque epilético ou força 
externa extrema (25). 
Podem ser classificadas a partir da freqüência com que ocorrem 
e do tipo de conseqüência advinda do evento. A queda acidental 
é aquele evento único que dificilmente voltará a se repetir e é 
decorrente de uma causa extrínseca ao indivíduo, em geral pela 
presença de um fator de risco ambiental danoso, como um piso 
escorregadio, um degrau sem sinalização ou devido à atitudes de 
risco como por exemplo,subir em banquinhos. Em contrapartida, 
a queda recorrente, expressa a presença de fatores etiológicos 
intrínsecos como doenças crônicas, poli farmácia, distúrbios do 
equilíbrio corporal, déficits sensoriais, dentre outros. 
A queda pode ainda ser dividida de acordo com a presença ou 
não de lesões. As quedas com lesões graves são consideradas 
aquelas cuja conseqüência é uma fratura, trauma crânio-
encefálico ou luxação. Abrasões, cortes, escoriações e 
hematomas são considerados lesões leves. 
Há ainda, a classificação de acordo com o tempo de permanência 
no chão. A queda prolongada no chão é aquela em que o idoso 
permanece caído por mais de 15 a 20 minutos por incapacidade 
de levantar-se sem ajuda. Os idosos que são mais predispostos a 
sofrerem quedas prolongadas são os idosos com 80 anos ou 
mais, com dificuldade em atividades de vida diária, que têm 
disfunções em membros inferiores, tomam sedativos e moram 
sozinhos ou permanecem por longos períodos do dia ou noite 
desacompanhados. 
Hoje, busca-se não só identificar o perfil dos idosos mais 
vulneráveis a cair, como também procura-se distinguir quais terão 
maior suscetibilidade a sofrerem uma lesão grave decorrente 
87 
 
deste evento ou que têm uma maior propensão a 
experimentarem quedas recorrentes o que aumenta a 
probabilidade de perda de capacidade funcional, seja ela 
decorrente de um único evento grave ou da perda de confiança e 
do senso de auto-eficácia o que com o tempo acaba por provocar 
uma restrição de atividades e um declínio na mobilidade, 
expondo este idoso a um maior risco de tornar-se frágil. 
 
Fatores de risco e Causas 
Há necessidade de se dividir os fatores determinantes de quedas 
em idosos em dois grupos: 
Fatores de risco ou fatores predisponentes: são aqueles que 
impõe aos idosos uma maior chance de experimentarem quedas. 
O levantamento destes fatores permite a identificação de idosos 
com maior suscetibilidade a caírem. A estratificação do risco 
possibilita a implementação de estratégias de prevenção 
definidas para cada grupo - alto, médio e baixo risco. 
Fatores causais: são aqueles agentes etiológicos presentes na 
determinação da ocorrência de um evento de queda específico. 
Constituem-se nas razões que levaram aquele idoso a cair e são 
potencializados pela presença de fatores de risco intrínsecos e 
extrínsecos. 
Os fatores de risco são derivados de estudos populacionais tipo 
caso-controle ou estudos longitudinais. Embora, existam umas 
séries de questões metodológicas a serem consideradas na 
análise destes fatores, a aplicabilidade clínica é imediata, no que 
tange ao fato de que há um aumento significativo do risco com o 
aumento do número de fatores de risco individuais presentes. 
Além disso, o levantamento da existência de fatores que possam 
ser modificados por meio de intervenções específicas é essencial 
tanto na prevenção de futuros episódios, como também no 
manejo do processo de reabilitação. 
O Quadro 1, abaixo, lista os fatores de risco encontrados em 
estudos populacionais, com idosos da comunidade. Os fatores 
foram classificados de acordo com peso da sua evidência e se 
estão relacionados a quedas acidentais, quedas recorrentes ou 
88 
 
quedas com lesão 
(2,5,6,9,11,18,21,27,29,32,35,,37,39,46,51,52,54) 
O peso da evidência foi construído a partir da freqüência com que 
o fator aparece nos estudos analisados. Salienta-se que não há 
uma homogeneidade quanto aos fatores de risco apontados nos 
estudos. Trata-se apenas de um guia para que se possa valorizar 
com maior ou menor intensidade determinados fatores. 
Os fatores de risco considerados de peso alto, ou seja, 
apontados na maioria dos estudos como fatores determinantes 
de quedas foram: idade igual ou maior a 75 anos, sexo feminino, 
presença de declínio cognitivo, de inatividade, de fraqueza 
muscular e de distúrbios do equilíbrio corporal, marcha ou de 
mobilidade, história prévia de acidente vascular cerebral, de 
quedas anteriores e de fraturas, comprometimento na capacidade 
de realizar atividades de vida diária e o uso de medicações 
psicotrópicas, em especial os benzodiazepínicos, assim como o 
uso de várias medicações concomitantes. 
Dentre estes estudos, destaca-se o realizado no município de 
São Paulo que aponta que os idosos que caíram de forma 
recorrente tiveram sua chance aumentada em 1,6 vezes (95% IC 
1,00-2,52) por serem viúvos, separados ou desquitados, em 1,5 
vezes por não terem o hábito de ler como atividade de lazer 
(95%IC 1,03-2,37), em 4,6 vezes por terem história de fratura 
(95% CI 2,23-9,69) e em 2,37 vezes por apresentarem 
comprometimento em 1 a 3 atividades de vida diária (95% CI 
1,49-3,78), em 3,31 vezes a chance por apresentarem dificuldade 
em 4 ou mais atividades de vida diária (95%CI 1,58-6,93) e em 
1,53 vezes a chance por relatarem ter visão ruim ou péssima 
(95%CI 1,00-2,34) quando comparados aos idosos que tinham 
boa percepção subjetiva de visão. Este modelo explicou 73% dos 
eventos (39). 
Rubenstein e Josephson analisando 16 estudos de idosos 
vivendo na comunidade e de idosos institucionalizados, apontam 
um aumento do risco com a presença dos seguintes fatores, por 
ordem de importância: presença de fraqueza muscular, história 
de quedas, déficit de marcha e de equilíbrio, uso de dispositivo de 
auxílio à marcha, déficit visual, artrite, comprometimento em 
89 
 
atividades de vida diária, depressão, declínio cognitivo e idade 
igual ou superior a 80 anos (440. 
Em uma revisão sistemática de 11 estudos de coorte ou casos-
controle a cerca dos fatores de risco para quedas em ambiente 
hospitalar foram levantados como os mais freqüentes: alteração 
do estado mental, em especial os estados de confusão e 
desorientação (9/11), uso de medicações como sedativos, 
tranqüilizantes e benzodiazepínicos (4/11), limitações de 
mobilidade, como distúrbios de marcha, equilíbrio e fraqueza 
muscular (4/11), história de quedas (4/11), necessidade especial 
com toalete ou eliminações (4/11), idade avançada (4/11), 
necessidade de dispositivos de auxílio a mobilidade (3/11) e 
fraqueza geral, tontura, depressão e tempo maior de 
hospitalização (2/11). Os fatores de menor relevância foram mês 
da internação, ter tido três ou mais transferências de unidade, 
sonolência, abuso de drogas, terapia endovenosa, condições 
médicas gerais, anemias, condições pós-operatórias, evidência 
de estado confusional agudo, dentre outros. Os autores concluem 
que as intervenções a serem priorizadas nos idosos 
hospitalizados são aquelas direcionadas a identificare tratar as 
limitações relacionadas ao estado mental e ás alterações de 
mobilidade (15). 
As principais causas de quedas estão dispostas no Quadro 2. Há, 
no entanto, uma grande dificuldade em estabelecer uma única 
causa, visto que a etiologia das quedas nos idosos é em geral 
multifatorial, particularmente nos idosos frágeis. Mas, a busca 
ativa de causas que levaram o idoso a cair é fundamental para 
que uma intervenção apropriada seja realizada. 
 
Quadro 1- Fatores de risco, classificados de acordo com o peso 
da evidência, além da classificação de acordo com o tipo de 
queda. 
Fatores Sócio-demográficos Peso da 
evidência e tipo de queda 
Sexo feminino Alto (acidentais, 
recorrentes e com lesões sérias) 
90 
 
Idade ≥ 75 anos Alto (acidentais, 
recorrentes e com lesões sérias) 
Ausência de Cônjuge Baixo 
(recorrentes) 
Raça Branca Baixo (com lesões 
sérias) 
Baixa Renda Baixo (acidentais) 
Morar só Baixo (com lesões 
sérias) 
 
Psico-Cognitivos 
 Declínio Cognitivo Alto (acidentais, 
recorrentes) 
Depressão Baixo (acidentais) 
Medo de Cair Baixo 
(recorrentes) 
 
Condições de saúde/Doenças Crônicas 
 
AVC prévio Alto (acidentais, 
recorrentes) 
Diabetes Baixo (acidentais) 
 
Queixa de Tontura Médio 
(acidentais e recorrentes) 
Hipotensão Postural Baixo 
(recorrentes) 
Baixo Índice de massa corpóreo Médio 
(acidentais, com lesões sérias) 
91 
 
Anemia Baixo (com 
lesões sérias) 
Insônia Baixo 
(recorrentes, com lesões sérias) 
Incontinência ou urgência miccional Médio 
(recorrentes, com lesões sérias) 
Artrite/osteoartrose Baixo (acidentais) 
História prévia de quedas Alto 
(recorrentes, com lesões sérias) 
História prévia de fratura Alto (recorrentes, 
com lesões sérias) 
Neuropatia Baixo (com lesões 
sérias) 
 
Funcionalidade 
Comprometimento em AVD Alto 
(acidentais,recorrentes, com lesões sérias) 
Necessidade de dispositivo de auxílio a marcha Baixo 
(acidentais) 
Inatividade Alto 
(acidentais,recorrentes, com lesões sérias) 
 
Comprometimento sensorial 
Comprometimento visual Moderado 
(acidentais,recorrentes,com lesões sérias) 
Equilíbrio corporal, marcha e mobilidade Alto 
(acidentais,recorrentes, com lesões sérias) 
 
Distúrbio neuromuscular 
92 
 
Fraqueza muscular de MMII Alto (acidentais, 
recorrentes) 
Fraqueza muscular de preensão Alto (acidentais, 
recorrentes, com lesões sérias) 
Diminuição de reflexos Baixo 
(acidentais) 
Dor em joelho ou quadril Baixo 
(acidentais) 
Problemas nos pés Baixo 
(acidentais) 
Tempo de reação Baixo (com 
lesões sérias) 
 
Uso de medicações 
Psicotrópicas :Benzodiazepínicos Alto 
(recorrentes, com lesões sérias) 
Bloqueadores de canal de cálcio Baixo (com 
lesões sérias) 
Analgésicos Baixo (com 
lesões sérias) 
Número de medicações Alto 
(recorrentes, com lesões sérias) 
 
Condição médica prévia 
Hospitalizações Baixo 
(acidentais) 
(se alta: fator presente na maioria dos estudos, se moderada: 
fator presente em boa parte dos estudos, mas não na maioria e 
se baixa: fator presente em um ou dois estudos apenas) 
 
93 
 
Quadro 2 – Causas de quedas em idosos: resumo de 12 estudos 
levantados por Rubenstein, Josephson, 2002. 
 
Acidentais ou relacionadas ao ambiente Distúrbios do 
equilíbrio e marcha 
Fraqueza muscular Tontura e 
vertigem 
Artrite Doenças agudas 
Epilepsia Dor 
Medicamentos Álcool 
“drop attack” Confusão ou 
Delirium 
Hipotensão Postural Distúrbios 
visuais 
Queda da cama 
Síncope 
 
Para que este levantamento sobre as causas possa ser realizado 
de forma sistematizada, faz-se necessário identificar todo o 
contexto, como mecanismo da queda, atividade que estava 
sendo realizada no momento do evento, hora do dia ou noite, tipo 
de calçado, local onde ocorreu a queda, e qualquer sinal ou 
sintoma pré ou pós-evento que possa ter relevância na 
determinação do mesmo. Aspectos como se houve ou não perda 
da consciência ou escurecimento da visão podem descartar 
síncopes. 
Outros mecanismos envolvidos, como falseamento dos joelhos 
pode estar relacionado à fraqueza muscular, osteoartrose de 
joelhos e ao drop attack; a sensação de tontura relacionada à 
posição da cabeça ou a movimentos do corpo pode estar 
94 
 
associada à presença de disfunções vestibulares. O roteiro 
apresenta as principais perguntas a serem realizadas na 
investigação do evento de queda. A queda pode ser o reflexo de 
uma doença aguda como infecção urinária ou respiratória, 
arritmia cardíaca, acidente vascular encefálico, delirium, dentre 
outras. A mesma pessoa pode cair em diferentes momentos por 
várias razões. A queda de causa desconhecida deve ser 
amplamente investigada até que um fator ou vários fatores seja 
apontado como agentes etiológicos ou precipitantes do evento. 
Nunca, especialmente, nos idosos que caem recorrentemente 
devê-se assumir como causa aquela relacionada a um evento 
anterior. A busca sistematizada de fatores causais permite o 
adequado manejo, previne novos eventos e trata doenças 
associadas, evitando comorbidades e o escalonamento de 
incapacidades (26). 
Roteiro sugerido para investigação do evento de queda: 
o Quantas vezes o Sr.(a) caiu no último ano? 
o Houve alguma conseqüência como fratura, luxação, trauma 
craniano ou escoriação, contusão, corte? 
o Houve necessidade de procurar um médico ou serviço de 
emergência em um hospital? 
o O Sr. (a) restringiu suas atividades habituais por causa da 
queda? 
o Se sim, o Sr. (a) o fez por dor, insegurança, medo, dificuldade 
para andar, dentre outros. 
o Agora vamos falar sobre sua última queda. 
o O Sr. (a) sabe precisar quando ela ocorreu? 
o A queda aconteceu de dia ou de noite? 
o O evento ocorreu apósa refeição? 
o Em que lugar aconteceu a queda? 
o Houve perda da consciência? 
o Que movimentos o Sr.(a) estava fazendo no momento da 
queda? Andando, levantando-se da cadeira, inclinando-se, 
virando-se, etc. 
o Que atividade o Sr.(a) estava realizando no momento da 
queda? Tomando banho, andando até o banheiro, voltando 
para o quarto, subindo no banquinho, calçando o chinelo, 
descendo do ônibus, dentre outras. 
95 
 
o Como a queda ocorreu? Desequilibrou-se, os joelhos 
falsearam, sentiu-se fraco subitamente, sentiu-se tonto ? 
o Que parte do corpo bateu primeiro no chão ou no mobiliário? 
o Estava usando óculos ou aparelho auditivo (quando se 
aplicar)? 
o Como estava se sentindo antes de cair (na semana prévia)? 
Houve alguma modificação na sua saúde? Como fraqueza 
generalizada, cansaço, apatia, falta de ar, problemas de 
memória, febre, taquicardia, dor no peito, etc. 
o Houve alguma modificação na medicação usada 
habitualmente? Algum medicamento novo foi introduzido ou 
retirado? Fez uso de alguma medicação por conta própria? 
o No último ano, o Sr.(a) esteve hospitalizado? 
o O Sr.(a) diria que tem tido maior dificuldade para andar dentro 
de casa, vestir-se, tomar banho, andar fora de casa, ir ao 
banheiro em tempo, tomar remédios na hora certa ? 
 
Com o objetivo de facilitar a exclusão de fatores causais foi 
proposto o algoritmo descrito abaixo como um modelo para 
tomada de decisão clínica em relação ao diagnóstico. Levar em 
conta a presença de fatores extrínsecos precipitantes. O crédito 
do evento a um fator ambiental deve ser vastamente pesquisado. 
A exclusão de outros fatores intrínsecos pode classificar o evento 
como tipicamente acidental (38). 
 
96 
 
 
 
Figura 1 - Algoritmo adaptado proposto pela OPAS,2002. 
 
Avaliação do risco para quedas e testes de equilíbrio e 
marcha 
 
Um screening de risco para quedas é um instrumento eficaz na 
identificação de idosos com maior chance de sofrerem um evento 
no futuro. Deve ser realizado em todos os idosos admitidos em 
hospitais, em assistência domiciliar, centro de reabilitação, 
instituições de longa e curta permanência e em unidades de 
acompanhamento ambulatorial (15,42,46,50). 
97 
 
Nenhum instrumento aplicado de forma isolada é capaz de 
identificar idosos de risco para quedas, assim como estratificar 
este risco. Uma combinação de instrumentos em geral contidos 
na avaliação geriátrico-gerontológica abrangente deve ser 
utilizada como rastreio para maior vulnerabilidade a quedas. 
É consenso que quanto maior o número de fatores de risco 
presentes maior será a chance de queda. A queixa de dificuldade 
de equilíbrio e marcha, assim como as histórias prévias de 
quedas têm sido apontadas como fatores de risco para idosos 
que vivem na comunidade. 
Vários testes têm sido desenvolvidos com o objetivo de avaliar 
funcionalmente o equilíbrio e a marcha e busca estabelecer 
parâmetros para identificação de idosos com maior 
suscetibilidade a cair. Dentre estes, destacam-se: Timed Up & Go 
Test (PODSIADLO & RICHARDSON (1991), a escala de 
Equilíbrio de Berg - Berg Functional Balance Scale (BERG et al., 
1992), o POMA -– Performance-Oreinted Assessement of Mobility 
(TINETTI, 1986,1988) o Functional Reach e o Dynamic Gait 
Index (SHUMWAY-COOK et al. (1997). 
As escalas de Berg, o POMA e o Dynamic Gait Index são testes 
funcionais de avaliação do equilíbrio e da marcha que contém um 
maior número de tarefas motoras e necessitam de um maior 
treinamento e expertise na sua aplicação. Em geral, são 
aplicados por fisioterapeutas dentro de um espectro maior de 
avaliação físico-funcional de idosos. Todos têm sido largamente 
apontados na literatura internacional como instrumentos válidos 
na determinação de idosos com maior chance de quedas. 
O POMA consiste de nove itens como contra-reação ao 
desequilíbrio aplicado ao esterno, passar de sentado para de pé, 
virar 360 graus, os quais são categorizados em uma escala de 
três pontos. A Berg Balance Scale foi desenvolvida para 
monitorar o desempenho dos idosos quanto à tarefas motoras de 
equilíbrio em idosos, para identificar indivíduos que se 
beneficiariam de um encaminhamento para fisioterapia e para 
prever quedas em idosos da comunidade e institucionalizados 
(3,4,20). A escala consiste de 14 tarefas, categorizadas numa 
escala ordinal de cinco pontos, que vai desde 0 - incapaz de 
realizar a tarefa, até 5 - realiza de forma independente, baseada 
98 
 
na qualidade e necessidade de assistência para realizar a tarefa 
de forma assim como, no tempo para completar a prova. Os 
escores dos 14 itens são combinados em um escore total que vai 
de 0 a 56 pontos, com um escore maior relacionado a um melhor 
desempenho. Os elementos do teste são representativos de 
atividades do dia a dia como sentar, levantar, inclinar-se à frente, 
virar-se, dentre outros. BERG et al.,1992 demonstraram que o 
escore de 45 ou menos foi preditivo de quedas recorrentes em 
um estudo de meta-análise com 110 sujeitos. 
O Índice dinâmico da marcha é composto por oito tarefas de 
deambulação que avaliam velocidade e instabilidade na marcha 
durante o acelerar e desacelerar, em movimento de rotação e 
flexo-extensão da cabeça, em movimentos de rotação axial do 
corpo, em movimentos de ultrapassar e circundar obstáculos e 
em subir e descer degraus. Uma pontuação de 19 ou menos foi 
associada a quedas em idosos na comunidade (47). Assim, 
estratégias compensatórias devem ser elucidadas com objetivo 
de avaliar se são as mais indicadas para dado paciente no seu 
contexto funcional diário. Assim, os fisioterapeutas devem 
perguntar-se se seus pacientes estão utilizando as melhores 
estratégias dada suas limitações primárias e se uma intervenção 
terapêutica poderia melhorar os mecanismos de controle 
postural. 
O Timed up & go test é bastante simples e não exige nenhuma 
expertise específica, necessitando apenas de um procedimento 
sistematizado que consiste em medir o tempo gasto na tarefa de 
levantar-se de uma cadeira (a partir da posição encostada), andar 
3 metros até um demarcador no solo, girar e voltar andando no 
mesmo percurso, sentado-se novamente com as costas apoiadas 
no encosto da cadeira. a instrução dada é que o idoso execute a 
tarefa de forma segura e o mais rapidamente possível. Os 
autores admitiram como tempo normal para a realização da tarefa 
por adultos saudáveis, um tempo de 10 segundos; considera-se 
que 11 a 20 segundos sejam os limites normais de tempo para 
idosos frágeis ou pacientes deficientes; mais de 20 segundos na 
execução da atividade é considerado um valor indicativo da 
necessidade de intervenção adequada. 
99 
 
“Guidelines” para Prevenção de Quedas em 
Idosos 
“Guidelines” para Prevenção de Quedas em Idosos 
 
 
 
100 
 
O diagrama acima tem como objetivo nortear as intervenções 
para idosos vivendo na comunidade. A partir do levantamento da 
ocorrência de queda no último ano e da suspeita de alterações de 
marcha ou equilíbrio, é necessária uma avaliação sistematizada 
por meio de uma avaliação geriátrico-gerontológica abrangente e 
de avaliações do equilíbrio funcional e da marcha, que em 
conjunto possam classificar os idosos em função risco de queda. 
A partir daí, implementa-se intervenções específicas para cada 
grupo. O monitoramento subseqüente diz respeito não só a 
ocorrência, a freqüência, a gravidade como também do intervalo 
entre os eventos. 
De forma geral preconiza-se que: 
Todos os idosos devem ser perguntados quanto a ocorrência de 
qualquer evento no último ano e rastreados quanto ao risco de 
quedas (13,22,23,44,45,46); 
Todos os idosos devem ser classificados quanto ao grau do risco 
para que se possa determinar o nível de intervenção a ser 
prescrita (39,42,46); 
Devem-se enumerartodos os fatores de risco presentes e 
separá-los em modificáveis e não modificáveis (39,36); 
Deve-se avaliar o equilíbrio e a marcha, usando teste válidos e 
confiáveis de acordo com a população estudada (21,26,36, 
38,45,49); 
Uma avaliação do evento de queda deve ser desencadeada para 
a busca sistematizada de fatores etiológicos (21,38); 
Deve-se atuar de maneira personalizada sobre os fatores de risco 
modificáveis, estabelecendo intervenções baseadas em 
evidências; 
É recomendável que se promovam intervenções 
multidimensionais. A intervenção isolada tem pouco impacto 
sobre a diminuição no risco relativo de quedas. Não há 
comprovação de que exercícios, adequação de medicação, ou 
adaptação ambiental isoladamente diminuam o risco de queda 
(13 ,16,22,23, 46,50); 
101 
 
Programas multidimensionais bem-sucedidos incluem avaliação e 
aconselhamento médico e ambiental, mudança na prescrição 
medicamentosa, exercícios individualizados, treino de 
transferências posturais e de marcha e, encaminhamento a 
especialistas de acordo com a necessidade (7,10, 16, 22, 23, 
53); 
Uma vez estabelecido um protocolo de intervenção, é 
imprescindível monitorar a ocorrência de eventos, sua freqüência 
e a presença de conseqüências adversas ao menos 
mensalmente. A melhor forma é utilizar o sistema do tipo 
calendário (13); 
Estabelecer medidas educacionais visando à diminuição de 
comportamentos de risco (42); 
Ensinar ao paciente como se levantar após uma queda (42); 
Avaliar, quando necessário, o medo de cair e a percepção de 
auto-eficácia em atividades do cotidiano (42); 
Quando o paciente for identificado como sendo de alto risco e 
possuir um declínio cognitivo, um sistema de vigilância contínua 
deve ser iniciado com a presença de alarmes sonoros ou de 
cuidadores em tempo integral. A restrição ou contenção física 
deve ser evitada(42, 13); 
As intervenções para prevenção de quedas são mais eficazes se 
forem direcionadas a idosos de alto risco de cair e que vivem na 
comunidade. Seis de oito ensaios clínicos que envolveram 
pessoas com estas características relataram uma significativa 
redução no risco relativo de queda. Dois destes ensaios 
envolveram intervenções multidimensionais, dois envolveram 
exercícios, um envolveu a redução no uso de medicações 
psicotrópicas e um relacionou-se com a redução de riscos 
ambientais por meio da avaliação de uma terapeuta ocupacional 
(13,) . 
No entanto, há ainda dificuldades metodológicas que não 
permitem a adequada comparação entre os estudos. Há estudos 
apontando que mesmo com intervenções multidimensionais, que 
variam tremendamente entre os estudos, não se encontrou 
102 
 
diferença entre o grupo que sofreu intervenção e o grupo 
controle quanto ao número cumulativo de quedas, o número 
médio de quedas e quanto à freqüência das quedas. Encontrou-
se uma diferença significante quanto ao intervalo entre os 
eventos de queda. Em uma meta-análise recente envolvendo 12 
estudos, os resultados apontam que houve uma redução de 4% 
na ocorrência de quedas para os idosos que estavam no grupo 
de tratamento que receberam várias e diferentes intervenções. 
Reforçou-se ainda que intervenções isoladas tem um menor 
impacto na redução das quedas, independentemente da 
intervenção realizada, e que os programas direcionados para 
idosos de risco mas, vivendo na comunidade têm maior eficácia 
do que aqueles direcionados à idosos institucionalizados (22,23). 
O quadro abaixo enumera intervenções específicas de acordo 
com evidências existentes na literatura. 
 
Quadro 4 – Intervenções recomendadas para tratamento de 
fatores de risco/ causas de quedas em idosos 
Fator de risco ou causa 
presente Intervenção 
Fraqueza muscular de 
MMII 
 
 
 
 
 
 
Distúrbio de equilíbrio 
Programa de fortalecimento 
muscular de quadríceps e dorsi-
flexores de tornozelo. Exercícios 
excêntricos são recomendados. 
A eficácia é maior se forem 
realizados para grupos de idosos 
de alto risco e se forem 
supervisionados por fisioterapeuta 
 
 
Treino de equilíbrio em relação à 
integração das informações 
sensoriais, ao controle dos limites 
103 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Distúrbios de marcha 
 
 
 
Déficit visual 
 
 
 
 
 
Déficit auditivo 
 
 
Hipotensão Postural: 
de estabilidade, ao controle da 
rotação de tronco e na eficácia das 
estratégias motoras. 
Recomenda-se a prática de Tai 
Chi. 
Podem ser realizados em casa 
mas, devem ser monitorados por 
fisioterapeuta. 
 
 
 
Adequação e ou prescrição de 
dispositivos de auxílio à marcha. O 
treino de uso adequado é 
recomendável. 
Visita regular ao podólogo. 
 
Adequação de lentes corretivas. 
Visita anual ao oftalmologista. 
Evitar o uso de lentes bifocais. 
Acompanhamento cuidadoso do 
equilíbrio corporal após cirurgia de 
catarata. 
 
 
Prescrição e uso adequados do 
aparelho de amplificação sonora. 
104 
 
queda sintomática de 20 
mmHg na PA sistólica 
mensurada entre 1 a 5 
minutos após ficar de pé 
a partir da posição deitada 
ou sentada 
 
Uso de medicações 
psicotrópicas 
 
 
 
 
 
Presença de riscos 
ambientais 
 
 
 
 
Presença de queixa de 
tontura 
 
 
 
 
Revisão da medicação, elevação 
da cabeceira da cama, orientação 
de movimentos de MMII antes de 
se levantar. 
 
 
Rever a necessidade de uso de 
anti-psicóticos, anti-depressivos e 
benzodiazepínicos (curta e longa 
duração). Prescrever um número 
reduzido de medicações e levantar 
o uso de medicações sem 
prescrição médica 
 
 
Modificação ambiental só foi eficaz 
na redução das quedas quando 
realizada após avaliação feita por 
profissional de terapia ocupacional 
e fornecido as adaptações 
necessárias. 
 
Inquérito sobre tontura. Se 
presença de quadro de tontura 
(vertigem, cabeça oca, flutuação, 
afundamento, etc) 
encaminhamento ao 
otoneurologista. Se diagnosticada 
síndrome vestibular, implementar 
Reabilitação Vestibular. 
105 
 
 
Necessidades específicas 
nas eliminações 
 
 
 
 
 
Distúrbios de 
comportamento: agitação 
psicomotora. Confusão 
mental 
 
 
 
 
 
Doença de Parkinson, 
parkinsonismo, acidente 
vascular encefálico, 
artrite, neuropatias, 
demência 
 
Distúrbio de atenção: 
dificuldade em dupla 
tarefa: motora e cognitiva 
 
Evitar ingesta hídrica antes de 
dormir. 
Acender luz ao ir ao banheiro 
durante a noite ou deixar luz 
noturna acesa. 
Utilização de fraldas noturnas 
Realizar reabilitação funcional do 
assoalho pélvico. 
 
Avaliar se há presença de quadro 
de estado confusional agudo. 
Adequar o ciclo vigília-sono. 
Implementar medidas de higiene 
do sono. 
Evitar eventos estressores. 
Usar terapia de validação. 
Evitar restrição física ou 
medicamentosa. 
Vigilância contínua 
 
Manejo farmacológico específico. 
Fisioterapia especializada. 
 
Avaliação específica do 
106 
 
concomitantes desempenho por meio do Timed 
up & go modificado. 
Treino de Equilíbrio associado ao 
treino cognitivo 
 
Transtornos Mentais em Idosos 
Transtornos Mentais em Idosos 
 
A velhice é um período normal do ciclo vital caracterizado por 
algumas mudanças físicas, mentais e psicológicas. É importante 
fazer essa consideração pois algumas alterações nesses 
aspectos não caracterizam necessariamente uma doença. Em 
contrapartida, há alguns transtornos que são mais comuns em 
idosos como transtornos depressivos, transtornos cognitivos, 
fobias e transtornos por uso de álcool. Além disso, os idosos 
apresentam risco de suicídio e riscode desenvolver sintomas 
psiquiátricos induzidos por medicamentos. 
Muitos transtornos mentais em idosos podem ser evitados, 
aliviados ou mesmo revertidos. Conseqüentemente, uma 
avaliação médica se faz necessária para o esclarecimento do 
quadro apresentado pelo idoso. 
Diversos fatores psicossociais de risco também predispõem os 
idosos a transtornos mentais. 
Esses fatores de risco incluem: 
o Perda de papéis sociais 
o Perda da autonomia 
o Morte de amigos e parentes 
o Saúde em declínio 
o Isolamento social 
107 
 
o Restrições financeiras 
o Redução do funcionamento cognitivo 
(capacidade de compreender e pensar de uma 
forma lógica, com prejuízo na memória). 
 
Transtornos psiquiátricos mais comuns em idosos 
o Demência 
o Demência tipo Alzheimer 
o Demência vascular 
o Esquizofrenia 
o Transtornos depressivos 
o Transtorno bipolar (do humor) 
o Transtorno delirante 
o Transtornos de ansiedade 
o Transtornos somatoformes 
o Transtornos por uso de álcool e outras 
substâncias 
Demência 
 Demência 
 
 
Demência é um comprometimento cognitivo geralmente 
progressivo e irreversível. As funções mentais anteriormente 
adquiridas são gradualmente perdidas. Com o aumento da idade 
a demência torna-se mais freqüente. Acomete 5 a 15% das 
108 
 
pessoas com mais de 65 anos e aumenta para 20% nas pessoas 
com mais de 80 anos. 
Os fatores de risco conhecidos para a demência são: Idade 
avançada História de demência na família, Sexo feminino 
Os sintomas incluem alterações na memória, na linguagem, na 
capacidade de orientar-se. Há perturbações comportamentais 
como agitação, inquietação, andar a esmo, raiva, violência, gritos, 
desinibição sexual e social, impulsividade, alterações do sono, 
pensamento ilógico e alucinações. 
As causas de demência incluem lesões e tumores cerebrais, 
síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), álcool, 
medicamentos, infecções, doenças pulmonares crônicas e 
doenças inflamatórias. Na maioria das vezes as demências são 
causadas por doenças degenerativas primárias do sistema 
nervoso central (SNC) e por doença vascular. Cerca de 10 a 15% 
dos pacientes com sintomas de demência apresentam condições 
tratáveis como doenças sistêmicas (doenças cardíacas, renais, 
endócrinas), deficiências vitamínicas, uso de medicamentos e 
outras doenças psiquiátricas (depressão). 
As demências são classificadas em vários tipos de acordo com o 
quadro clínico, entretanto as mais comuns são demência tipo 
Alzheimer e demência vascular. 
 
1.2. Demência tipo Alzheimer 
De todos os pacientes com demência, 50 a 60% têm demência 
tipo Alzheimer, o tipo mais comum de demência. É mais 
freqüente em mulheres que em homens. É caracterizada por um 
início gradual e pelo declínio progressivo das funções cognitivas. 
A memória é a função cognitiva mais afetada, mas a linguagem e 
noção de orientação do indivíduo também são afetadas. 
Inicialmente, a pessoa pode apresentar uma incapacidade para 
aprender e evocar novas informações. 
As alterações do comportamento envolvem depressão, obsessão 
(pensamento, sentimento, idéia ou sensação intrusiva e 
persistente) e desconfianças, surtos de raiva com risco de atos 
109 
 
violentos. A desorientação leva a pessoa a andar sem rumo 
podendo ser encontrada longe de casa em uma condição de total 
confusão. Aparecem também alterações neurológicas como 
problemas na marcha, na fala, no desempenhar uma função 
motora e na compreensão do que lhe é falado. 
O diagnóstico é feito com base na história do paciente e do 
exame clínico. As técnicas de imagem cerebral como tomografia 
computadorizada e ressonância magnética podem ser úteis. 
O tratamento é paliativo e as medicações podem ser úteis para o 
manejo da agitação e das perturbações comportamentais. Não há 
prevenção ou cura conhecidas. 
 
1.3. Demência vascular 
É o segundo tipo mais comum de demência. Apresenta as 
mesmas características da demência tipo Alzheimer mas com um 
início abrupto e um curso gradualmente deteriorante. Pode ser 
prevenida através da redução de fatores de risco como 
hipertensão, diabete, tabagismo e arritmias. O diagnóstico pode 
ser confirmado por técnicas de imagem cerebral e fluxo 
sangüíneo cerebral. 
Esquizofrenia 
 Esquizofrenia (esquizofrenia e outras psicoses) 
 
 
Essa doença começa no final da adolescência ou idade adulta 
jovem e persiste por toda a vida. Cerca de 20% das pessoas com 
esquizofrenia não apresentam sintomas ativos aos 65 anos; 80% 
mostram graus variados de comprometimento. A doença torna-se 
menos acentuada à medida que o paciente envelhece. 
Os sintomas incluem retraimento social, comportamento 
excêntrico, pensamento ilógico, alucinações e afeto rígido. Os 
idosos com esquizofrenia respondem bem ao tratamento com 
drogas antipsicóticas que devem ser administradas pelo médico 
com cautela. 
Transtornos depressivos 
110 
 
 Transtornos depressivos 
 
 
A idade avançada não é um fator de risco para o 
desenvolvimento de depressão, mas ser viúvo ou viúva e ter uma 
doença crônica estão associados com vulnerabilidade aos 
transtornos depressivos. A depressão que inicia nessa faixa 
etária é caracterizada por vários episódios repetidos. 
Os sintomas incluem redução da energia e concentração, 
problemas com o sono especialmente despertar precoce pela 
manhã e múltiplos despertares, diminuição do apetite, perda de 
peso e queixas somáticas (como dores pelo corpo). Um aspecto 
importante no quadro de pessoas idosas é a ênfase aumentada 
sobre as queixas somáticas. 
Pode haver dificuldades de memória em idosos deprimidos que é 
chamado de síndrome demencial da depressão que pode ser 
confundida com a verdadeira demência. Além disso, a depressão 
pode estar associada com uma doença física e com uso de 
medicamentos. 
Transtorno Bipolar (Transtornos do Humor) 
 Transtorno bipolar (transtornos do humor) 
 
 
Os sintomas da mania em idosos são semelhantes àqueles de 
adultos mais jovens e incluem euforia, humor expansivo e 
irritável, necessidade de sono diminuída, fácil distração, 
impulsividade e, freqüentemente, consumo excessivo de álcool. 
Pode haver um comportamento hostil e desconfiado. Quando um 
primeiro episódio de comportamento maníaco ocorre após os 65 
anos, deve-se alertar para uma causa orgânica associada. O 
tratamento deve ser feito com medicação cuidadosamente 
controlada pelo médico. 
Transtorno Delirante 
 Transtorno delirante 
 
 
111 
 
A idade de início ocorre por volta da meia-idade mas pode 
ocorrer em idosos. Os sintomas são alterações do pensamento 
mais comumente de natureza persecutória (os pacientes crêem 
que estão sendo espionados, seguidos, envenenados ou de 
algum modo assediados). Podem tornar-se violentos contra seus 
supostos perseguidores, trancarem-se em seus aposentos e 
viverem em reclusão. A natureza dos pensamentos pode ser em 
relação ao corpo, como acreditar ter uma doença fatal 
(hipocondria). 
Ocorre sob estresse físico ou psicológico em indivíduos 
vulneráveis e pode ser precipitado pela morte do cônjuge, perda 
do emprego, aposentadoria, isolamento social, circunstâncias 
financeiras adversas, doenças médicas que debilitam ou por 
cirurgia, comprometimento visual e surdez. 
As alterações do pensamento podem acompanhar outras 
doenças psiquiátricas que devem ser descartadas como 
demência tipo Alzheimer, transtornos por uso de álcool, 
esquizofrenia, transtornos depressivos e transtorno bipolar. Além 
disso, podem ser secundárias ao uso de medicamentos ou sinais 
precoces de um tumor cerebral. 
Transtornos de Ansiedade 
 Transtornos de ansiedade 
 
 
Incluem transtornos de pânico, fobias, TOC, ansiedade 
generalizada, de estresse agudo e de estresse pós-traumático. 
Desses, os mais comuns são as fobias.Os transtornos de ansiedade começam no início ou no período 
intermediário da idade adulta, mas alguns aparecem pela 
primeira vez após os 60 anos. 
As características são as mesmas das descritas em transtornos 
de ansiedade em outras faixas etárias. 
Em idosos a fragilidade do sistema nervoso autônomo pode 
explicar o desenvolvimento de ansiedade após um estressor 
importante. O transtorno de estresse pós-traumático 
freqüentemente é mais severo nos idosos que em indivíduos 
112 
 
mais jovens em vista da debilidade física concomitante nos 
idosos. 
As obsessões (pensamento, sentimento, idéia ou sensação 
intrusiva e persistente) e compulsões (comportamento consciente 
e repetitivo como contar, verificar ou evitar ou um pensamento 
que serve para anular uma obsessão) podem aparecer pela 
primeira vez em idosos, embora geralmente seja possível 
encontrar esses sintomas em pessoas que eram mais 
organizadas, perfeccionistas, pontuais e parcimoniosas. Tornam-
se excessivos em seu desejo por organização, rituais e 
necessidade excessiva de manter rotinas. Podem ter compulsões 
para verificar as coisas repetidamente, tornando-se geralmente 
inflexíveis e rígidos. 
Transtornos Somatoformes 
 Transtornos Somatoformes 
 
 
São um grupo de transtornos que incluem sintomas físicos (por 
exemplo dores, náuseas e tonturas) para os quais não pode ser 
encontrada uma explicação médica adequada e que são 
suficientemente sérios para causarem um sofrimento emocional 
ou prejuízo significativo à capacidade do paciente para funcionar 
em papéis sociais e ocupacionais. Nesses transtornos, os fatores 
psicológicos são grandes contribuidores para o início, a 
severidade e a duração dos sintomas. Não são resultado de 
simulação consciente. 
A hipocondria é comum em pacientes com mais de 60 anos, 
embora o seja mais freqüente entre 40 e 50 anos. Exames físicos 
repetidos são úteis para garantirem aos pacientes que eles não 
têm uma doença fatal. A queixa é real, a dor é verdadeira e 
percebida como tal pelo paciente. Ao tratamento, deve-se dar um 
enfoque psicológico ou farmacológico. 
Transtornos por Uso de Álcool e Outras 
Substâncias 
Transtornos por Uso de Álcool e Outras Substâncias 
 
113 
 
Os pacientes idosos com dependência de álcool, geralmente, 
apresentam uma história de consumo excessivo que começou na 
idade adulta e apresenta uma doença médica, principalmente 
doença hepática. Além disso, um grande número tem demência 
causada pelo álcool. 
A dependência de substâncias como hipnóticos, ansiolíticos e 
narcóticos é comum. Os pacientes idosos podem abusar de 
ansiolíticos para o alívio da ansiedade crônica ou para garantirem 
uma noite de sono. 
A apresentação clínica é variada e inclui quedas, confusão 
mental, fraca higiene pessoal, depressão e desnutrição. 
Depressão 
Depressão 
 
Sinônimos e nomes relacionados: 
Transtorno depressivo, depressão maior, depressão unipolar, 
incluindo ainda tipos diferenciados de depressão, como 
depressão grave, depressão psicótica, depressão atípica, 
depressão endógena, melancolia, depressão sazonal. 
O que é a depressão? 
Depressão é uma doença que se caracteriza por afetar o estado 
de humor da pessoa, deixando-a com um predomínio anormal de 
tristeza. Todas as pessoas, homens e mulheres, de qualquer 
faixa etária, podem ser atingidas, porém mulheres são duas 
vezes mais afetadas que os homens. Em crianças e idosos a 
doença tem características particulares, sendo a sua ocorrência 
em ambos os grupos também freqüente. 
Como se desenvolve a depressão? 
Na depressão como doença (transtorno depressivo), nem sempre 
é possível haver clareza sobre quais acontecimentos da vida 
levaram a pessoa a ficar deprimida, diferentemente das reações 
depressivas normais e das reações de ajustamento depressivo, 
nas quais é possível localizar o evento desencadeador. 
114 
 
As causas de depressão são múltiplas, de maneira que somadas 
podem iniciar a doença. Deve-se a questões constitucionais da 
pessoa, com fatores genéticos e neuroquímicos 
(neurotransmissores cerebrais) somados a fatores ambientais, 
sociais e psicológicos, como: 
o Estresse 
o Estilo de vida 
o Acontecimentos vitais, tais como crises e 
separações conjugais, morte na família, climatério, 
crise da meia-idade, entre outros. 
 
Como se diagnostica a depressão? 
Na depressão a intensidade do sofrimento é intensa, durando a 
maior parte do dia por pelo menos duas semanas, nem sempre 
sendo possível saber porque a pessoa está assim. O mais 
importante é saber como a pessoa se sente, como ela continua 
organizando a sua vida (trabalho, cuidados domésticos, cuidados 
pessoais com higiene, alimentação, vestuário) e como ela está se 
relacionando com outras pessoas, a fim de se diagnosticar a 
doença e se iniciar um tratamento médico eficaz. 
O que sente a pessoa deprimida? 
Freqüentemente o indivíduo deprimido sente-se triste e 
desesperançado, desanimado, abatido ou " na fossa ", com " 
baixo-astral ". Muitas pessoas com depressão, contudo, negam a 
existência de tais sentimentos, que podem aparecer de outras 
maneiras, como por um sentimento de raiva persistente, ataques 
de ira ou tentativas constantes de culpar os outros, ou mesmo 
ainda com inúmeras dores pelo corpo, sem outras causas 
médicas que as justifiquem. Pode ocorrer também uma perda de 
interesse por atividades que antes eram capazes de dar prazer à 
pessoa, como atividades recreativas, passatempos, encontros 
sociais e prática de esportes. Tais eventos deixam de ser 
agradáveis. Geralmente o sono e a alimentação estão também 
alterados, podendo haver diminuição do apetite, ou mesmo o 
oposto, seu aumento, havendo perda ou ganho de peso. Em 
115 
 
relação ao sono pode ocorrer insônia, com a pessoa tendo 
dificuldade para começar a dormir, ou acordando no meio da 
noite ou mesmo mais cedo que o seu habitual, não conseguindo 
voltar a dormir. São comuns ainda a sensação de diminuição de 
energia, cansaço e fadiga, injustificáveis por algum outro 
problema físico. 
Como é o pensamento da pessoa deprimida? 
Pensamentos que freqüentemente ocorrem com as pessoas 
deprimidas são os de se sentirem sem valor, culpando-se em 
demasia, sentindo-se fracassadas até por acontecimentos do 
passado. Muitas vezes questões comuns do dia-a-dia deixam os 
indivíduos com tais pensamentos. Muitas pessoas podem ter 
ainda dificuldade em pensar, sentindo-se com falhas para 
concentrar-se ou para tomar decisões antes corriqueiras, 
sentindo-se incapazes de tomá-las ou exagerando os efeitos 
"catastróficos" de suas possíveis decisões erradas. 
Pensamentos de morte ou tentativas de suicídio 
Freqüentemente a pessoa pode pensar muito em morte, em 
outras pessoas que já morreram, ou na sua própria morte. Muitas 
vezes há um desejo suicida, às vezes com tentativas de se 
matar, achando ser esta a " única saída " ou para " se livrar " do 
sofrimento, sentimentos estes provocados pela própria 
depressão, que fazem a pessoa culpar-se, sentir-se inútil ou um 
peso para os outros. Esse aspecto faz com que a depressão seja 
uma das principais causas de suicídio, principalmente em 
pessoas deprimidas que vivem solitariamente. É bom lembrar que 
a própria tendência a isolar-se é uma conseqüência da 
depressão, a qual gera um ciclo vicioso depressivo que resulta na 
perda da esperança em melhorar naquelas pessoas que não 
iniciam um tratamento médico adequado. 
Sentimentos que afetam a vida diária e os relacionamentos 
pessoais 
Freqüentemente a depressão pode afetar o dia-a-dia da pessoa. 
Muitas vezes é difícil iniciar o dia, pelo desânimo e pela tristeza 
ao acordar. Assim, cuidar das tarefas habituais pode tornar-se um 
peso: trabalhar, dedicar-se a uma outra pessoa, cuidar de filhos, 
entre outros afazeres podem tornar-se apenas obrigações 
penosas, oumesmo impraticáveis, dependendo da gravidade dos 
sintomas. Dessa forma, o relacionamento com outras pessoas 
116 
 
pode tornar-se prejudicado: dificuldades conjugais podem 
acentuar-se, inclusive com a diminuição do desejo sexual; 
desinteresse por amizades e por convívio social podem fazer o 
indivíduo tender a se isolar, até mesmo dificultando a busca de 
ajuda médica. 
Como se trata a depressão? 
O tratamento médico sempre se faz necessário, sendo o tipo de 
tratamento relacionado à intensidade dos problemas que a 
doença traz. Pode haver depressões leves, com poucos aspectos 
dos problemas mostrados anteriormente, ou pode haver 
depressões bem mais graves, prejudicando de forma importante 
a vida do indivíduo. De qualquer forma, depressões leves ou mais 
graves necessitam de tratamento médico, geralmente 
medicamentoso (com medicações antidepressivas), ou 
psicoterápico, ou a combinação de ambos, de acordo com a 
intensidade da doença e a disponibilidade dos tratamentos. 
Doença de Alzheimer 
1. Doença de Alzheimer - Dúvidas Freqüentes 
 
 
1.1. O que é doença de Alzheimer? 
A doença de Alzheimer é a mais freqüente forma de demência 
entre idosos. É caracterizada por um progressivo e irreversível 
declínio em certas funções intelectuais: memória, orientação no 
tempo e no espaço, pensamento abstrato, aprendizado, 
incapacidade de realizar cálculos simples, distúrbios da 
linguagem, da comunicação e da capacidade de realizar as 
tarefas cotidianas. Outros sintomas incluem, mudança da 
personalidade e da capacidade de julgamento. 
Erroneamente conhecida pela população como “esclerose” ou 
como o “velhinho gagá” não está relacionada com problemas 
circulatórios. 
 
1.2. O que é demência? 
Demência é um grupo de sintomas caracterizado por um declínio 
progressivo das funções intelectuais, severo o bastante para 
interferir com as atividades sociais e do cotidiano. A doença de 
117 
 
Alzheimer é a forma mais comum de demência. A segunda causa 
mais freqüente de demência é a demência por múltiplos infartos 
cerebrais, uma série de pequenos derrames. A demência pode 
ocorrer também a partir de outras doenças do sistema nervoso 
como a doença de Parkinson e a Aids. 
O que é Demência Senil? 
Demência Senil é um termo ultrapassado que foi usado para 
definir demências que ocorriam em idosos. 
Quantas pessoas sofrem de doença de Alzheimer? 
Estima-se no Brasil 1 milhão e 200 mil pessoas. 
A proporção de pessoas com a doença dobra a cada 5 anos a 
partir dos 65 anos de idade. 
Qual é a idade da maioria das pessoas com doença de 
Alzheimer? 
Na maioria das pessoas os sintomas iniciam depois dos 60 anos 
de idade. 
Cerca de 3% das pessoas com idade entre 65 e 74 anos tem a 
doença mas quase a metade das que tem 85 ou mais são 
acometidas. Normalmente o diagnóstico é feito pelo menos um 
ano depois dos primeiros sintomas que costumam ser leves e 
confundidos como normais no envelhecimento. 
 
1.3. O que causa a doença de Alzheimer ? 
Os cientistas ainda não sabem exatamente qual é a causa da 
doença de Alzheimer. O que se sabe é que a doença desenvolve-
se como resultado de uma série de eventos complexos que 
ocorrem no interior do cérebro. 
A idade é o maior fator de risco para a doença. Quanto mais 
idade maior o risco. 
Se uma pessoa da minha família tem Alzheimer eu tenho maior 
risco de ter a doença? 
118 
 
Existem dois tipos de doença de Alzheimer: a doença de 
Alzheimer familiar que ocorre em adultos jovens e parece ter um 
caráter hereditário importante e a forma esporádica na qual o 
fator hereditário não é óbvio. 
Aproximadamente apenas 5 % da doença de Alzheimer é familiar 
e 95% esporádica. 
Na forma familiar da doença de Alzheimer, vários membros de 
uma mesma geração são afetados. Na forma esporádica a 
doença desenvolve-se a partir de uma grande variedade de 
fatores que os cientistas ainda estão tentando determinar. 
A idade é o fator de risco mais conhecido e importante para a 
forma esporádica da doença de Alzheimer. Ter um familiar com 
Alzheimer aumenta o risco duas ou três vezes na forma 
esporádica mas não há como prever se você irá ter a doença ou 
não. 
Fora a genética, que outros fatores contribuem para que a 
doença se desenvolva? 
Se bem que a causa da doença de Alzheimer ainda não esteja 
completamente esclarecida, alguns pesquisadores sugerem que 
traumas cranianos repetidos, especialmente os com perda da 
consciência no passado, processos inflamatórios cerebrais e o 
chamado “stress oxidativo” podem estar envolvidos na causa da 
doença. 
São os homens ou as mulheres os mais afetados? 
Mais mulheres do que homens têm a doença de Alzheimer. 
Porém, como a expectativa de vida das mulheres é pelo menos 5 
anos superior a dos homens não se sabe se o risco está no sexo 
em si ou no fato das mulheres viverem mais do que os homens. 
De que modo os traumas cranianos podem contribuir para que 
a doença de Alzheimer se desenvolva? 
Alguns estudos sugerem que a pessoa que sofreu um trauma 
craniano com perda da consciência no passado, têm duas vezes 
mais probabilidade de ter a doença, mas outros estudos não 
confirmaram essa associação. 
119 
 
O nível educacional está relacionado com o risco de se ter à 
doença de Alzheimer? 
Pesquisas sugerem que quanto maior o número de anos de 
educação formal que uma pessoa tem, menor é a chance dela ou 
dele desenvolver a doença quando for idoso. Alguns estudos 
sugerem que manter uma atividade intelectual como fazer 
palavras cruzadas por exemplo pode reduzir a probabilidade de 
se adquirir a doença de Alzheimer. 
Qual é a relação entre o alumínio e a doença de Alzheimer? 
Uma das mais controvertidas hipóteses veiculada pela mídia é 
sobre a correlação entre o alumínio e a doença de Alzheimer. 
Essa suspeita foi originada a partir da constatação de que 
portadores da doença de Alzheimer possuíam traços de alumínio 
em seus cérebros. Inúmeros estudos não foram capazes de 
demonstrar conclusivamente essa correlação. Não se pode 
afirmar que esse metal desempenhe um papel na gênese da 
enfermidade. Algumas pessoas, desinformadas ou mal 
intencionadas, baseiam seus pseudo-tratamentos, no mínimo 
duvidosos como a quelação, apoiados nessa equivocada 
premissa. 
Quais são os sintomas da doença de Alzheimer? 
A doença de Alzheimer é uma enfermidade progressiva e os 
sintomas agravam-se à medida que o tempo passa. Mas é 
também uma doença cujos sintomas, sua gravidade e velocidade 
variam de pessoa para pessoa. 
Os sintomas mais comuns são : 
o Perda de memória, confusão e desorientação. 
o Ansiedade, agitação, ilusão, desconfiança. 
o Alteração da personalidade e do senso crítico. 
o Dificuldades com as atividades da vida diária 
como alimentar-se e banhar-se. 
o Dificuldade em reconhecer familiares e amigos. 
120 
 
o Dificuldade em tomar decisões. 
o Perder-se em ambientes conhecidos. 
o Alucinações, inapetência, perda de peso, 
incontinência urinária e fecal. 
o Dificuldades com a fala e a comunicação. 
o Movimentos e fala repetitiva. 
 
Perder memória não é normal em nenhuma idade. É comum à 
medida que vamos envelhecendo. Problemas com a memória 
podem ser devidos a uma ampla gama de fatores. É normal em 
qualquer idade esquecer de vez em quando nomes, 
compromissos ou objetos como chaves, guarda-chuva etc... A 
causa pode ser: certos medicamentos (calmantes e hipnóticos 
principalmente), estresse, distração, tristeza, cansaço, problemas 
de visão ou audição, uso de álcool, uma doença grave ou a 
tentativa de se lembrar de muitas coisas ao mesmo tempo. 
 
1.4. Como a doença de Alzheimer é diagnosticada? 
A doença de Alzheimer só pode ser diagnosticada com certeza 
através do exame microscópico do tecido cerebral por biópsia ou 
necropsia,para demonstrar a presença das lesões 
características: as placas neuríticas e os novelos neurofibrilares 
em certas áreas do cérebro. Os médicos podem fazer o 
diagnóstico de “possível” ou “provável” doença de Alzheimer. 
Vários instrumentos clínicos são usados para se chegar ao 
diagnóstico: uma história médica completa, testes para avaliar a 
memória e o estado mental, avaliação do grau de atenção e 
concentração e das habilidades em resolver problemas e nível de 
comunicação. Testes laboratoriais como exames de sangue e 
urina são usados para excluir outras causas de demência, 
algumas delas passíveis de serem curadas. 
121 
 
Exames de imagem como a tomografia computadorizada, 
ressonância nuclear magnética, spect e pet, são utilizados para 
determinar o tipo de demência e/ou avaliar sua gravidade. 
Qual o nível de certeza do diagnóstico clínico? 
Médicos experientes em doença de Alzheimer fazem o 
diagnóstico correto em cerca de 90% dos casos. 
Quais as outras doenças que têm sintomas parecidos com a 
doença de Alzheimer? 
Tumores cerebrais, derrames, depressão maior, doenças da 
tireóide, o uso de certos medicamentos, problemas nutricionais, e 
outras condições podem imitar os sintomas da doença de 
Alzheimer. O diagnóstico precoce aumenta em muito a chance de 
se tratar essas doenças com sucesso. 
Esquecer onde coloquei as chaves, óculos é um processo natural 
do envelhecimento ou da doença de Alzheimer? 
A depressão pode comprometer a concentração, causar 
distúrbios do sono que levam à perda de memória em pessoas 
não portadoras de doença de Alzheimer. 
Pessoas nas fases iniciais da doença de Alzheimer 
freqüentemente apresentam comprometimento da memória. 
Podem ter dificuldades em lembrar de eventos recentes, de 
atividades, de pessoas familiares e de objetos. A perda de 
memória que se associa com a doença de Alzheimer acaba por 
interferir seriamente na execução das atividades da vida diária. 
Por que o diagnóstico precoce é tão importante? 
Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, maiores serão as 
chances de tratar os sintomas corretamente, retardando a 
evolução da doença e assim oferecer uma oportunidade digna 
para a pessoa portadora da doença de Alzheimer poder inclusive, 
tomar parte nas decisões que lhe diz respeito , especialmente na 
fase inicial da enfermidade. 
Existem fases ou estágios na doença de Alzheimer? 
122 
 
Existem 4 fases: 
 
Na fase inicial os sintomas mais importantes são: 
 perda de memória, confusão e desorientação. 
 ansiedade, agitação, ilusão, desconfiança. 
 alteração da personalidade e do senso crítico. 
 dificuldades com as atividades da vida diária 
como alimentar-se e banhar-se. 
 alguma dificuldade com ações mais complexas 
como cozinhar, fazer compras, dirigir, telefonar. 
 
Na fase intermediária os sintomas da fase inicial se 
agravam e também pode ocorrer: 
 
 dificuldade em reconhecer familiares e amigos. 
 perder-se em ambientes conhecidos. 
 alucinações, inapetência, perda de peso, 
incontinência urinária 
 dificuldades com a fala e a comunicação. 
 movimentos e fala repetitiva. 
 distúrbios do sono. 
 problemas com ações rotineiras. 
 dependência progressiva. 
 vagância. 
123 
 
 Início de dificuldades motoras. 
 
Na fase final: 
 
 Dependência total. 
 Imobilidade crescente. 
 Incontinência urinária e fecal. 
 Tendência em assumir a posição fetal. 
 Mutismo. 
 Restrito a poltrona ou ao leito. 
 Presença de úlceras por pressão (escaras). 
 Perda progressiva de peso. 
 Infecções urinárias e respiratórias freqüentes. 
 Término da comunicação. 
 
Na fase terminal: 
 
 Agravamento dos sintomas da fase final 
 Incontinência dupla 
 Restrito ao leito 
 Posição fetal 
 Mutismo 
 Úlceras por pressão 
124 
 
 Alimentação enterall 
 Infecções de repetição 
 Morte 
 
A partir do diagnóstico, quanto tempo uma pessoa com doença 
de Alzheimer tem de vida? 
Pessoas com doença de Alzheimer podem viver por muitos anos 
e freqüentemente morrem de pneumonia. A duração da doença 
pode ser de 20 anos ou mais. A média de vida varia entre 4 a 8 
anos. 
Por que as pessoas com a doença de Alzheimer costumam 
morrer de pneumonia? 
Realmente a pneumonia é uma das principais causas de morte 
em pacientes com doença de Alzheimer. 
O primeiro fator se relaciona com a idade uma vez que na maioria 
das vezes as pessoas acometidas são idosas. 
O sistema imunológico normalmente está comprometido 
facilitando a ocorrência de infecções, especialmente as 
respiratórias e urinárias. 
O estado nutricional e o nível de hidratação também 
desempenham um papel decisivo . 
É imperioso que esses pacientes estejam bem nutridos seja com 
o uso de suplementos ou com medidas dietéticas eficazes. 
A questão da comunicação se soma a esses fatores uma vez que 
podem não se queixar de frio,fome, sede etc. 
Nas fases mais adiantadas o paciente se movimenta menos, os 
sintomas motores começam a aparecer e a imobilidade propicia a 
instalação de infecções pulmonares, muitas vezes fatais. 
Esse fato demonstra a importância dos cuidados gerais uma vez 
que essa complicação pode ser evitada. 
125 
 
Como a doença de Alzheimer é tratada? 
Não existe nenhuma droga que garanta a cura, ou que 
interrompa definitivamente o curso da doença de Alzheimer. 
Uma parcela dos doentes, especialmente nas fases iniciais e 
intermediárias, pode se beneficiar de alguns medicamentos 
específicos. 
Outros medicamentos podem ajudar a controlar distúrbios de 
comportamento, insônia, agitação, vagância, ansiedade e 
depressão. O tratamento correto desses sintomas deixam o 
paciente e seu cuidador mais tranqüilos e confortáveis. Há ainda 
uma outra gama de opções de drogas que podem colaborar no 
retardamento da doença. Várias drogas encontram-se em 
experiência em laboratórios por todas as partes do mundo. 
Existe uma vacina contra a doença de Alzheimer? 
Não há uma vacina disponível para a doença de Alzheimer. Essa 
abordagem está sendo investigada e é muito promissora. A 
vacina estimularia o sistema imunológico para reconhecer, 
detectar e evitar a formação das placas neuríticas e da deposição 
de amilóide, substância tóxica para os neurônios. 
Os antiinflamatórios não hormonais podem tratar a doença de 
Alzheimer? 
Existem fortes evidências de que a doença de Alzheimer está 
associada com processos inflamatórios cerebrais e que esse tipo 
de droga pode ajudar. 
Alguns cientistas defendem a tese de que pessoas com alto risco 
de desenvolverem a doença poderiam evitar ou no mínimo 
retardar a evolução utilizando essa estratégia terapêutica. Casos 
de evolução muito rápida seriam candidatos naturais a esse tipo 
de abordagem. Os efeitos colaterais são muitos e bastante sérios 
fazendo com que esses pacientes devam ser acompanhados 
com muito cuidado e sob estrita supervisão médica. 
A reposição hormonal pode ser usada para tratar a doença de 
Alzheimer? 
Várias pesquisas estão sendo conduzidas no sentido de 
determinar se a administração de estrógenos retarda a evolução 
e/ou reduz o risco de se desenvolver a doença. 
126 
 
Estudo recente concluiu que a administração de estrógeno em 
conjunto com progesterona aumentou o risco da doença em duas 
vezes quando comparada com o grupo que não fez uso da 
medicação. 
Existem compostos como as isoflavonas que mimetizam a ação 
dos hormônios femininos. 
Parece que, por serem naturais, obtidos através da soja, 
beneficiam os pacientes sem apresentar os efeitos indesejáveis 
dos hormônios. 
Mais estudos precisam ser realizados mas essa não deixa de ser 
uma opção interessante. 
O colesterol alto representa algum risco para a doença de 
Alzheimer? 
Recentemente alguns estudos sugerem fortemente a associaçãode níveis elevados de colesterol com a doença de Alzheimer. 
Atualmente estão em curso estudos controlados para determinar 
se essa correlação é verdadeira. Por outro lado, sabe-se que o 
colesterol sérico elevado é comprovadamente um importante 
fator de risco para doenças cardiovasculares devendo ser tratado 
independente dessa possível correlação. 
É verdade que alguns nutrientes e vitaminas devem ser 
administradas em conjunto com o tratamento convencional? 
Existem demências relacionadas com níveis baixos de vitaminas 
do complexo B, especialmente a vitamina B12, B1 e ácido fólico. 
Estudos recentes demonstraram que pacientes com doença de 
Alzheimer apresentam níveis elevados de Homocisteína 
(substância passível de ser quantificada por exame de sangue). 
Essa substância estaria relacionada com a teoria do “stress 
oxidativo” e seus níveis podem ser controlados com orientação 
nutricional e/ou com a administração de folato. Com base nesse 
mesma teoria, a suplementação de Vitamina C e de Vitamina E 
pode resultar em neuroproteção. 
Como o familiar e cuidador (a) pode encontrar informações e 
ajuda sobre a doença? 
A informação correta associada à solidariedade ainda são as 
armas mais poderosas no enfrentamento dessa grave questão 
127 
 
humana e de saúde pública. Um site foi construído exatamente 
para preencher essa lacuna 
definitivamentewww.alzheimermed.com.br 
 
Artigos de Interesse 
Estudo aponta que religião é fator preventivo contra 
depressão em idosos 
 
Resultados do estudo realizado pelo Instituto Israelita de 
Responsabilidade Social Albert Einstein com mais de 500 idosos 
da comunidade judaica, ao longo de um ano, revelam que a 
depressão atinge homens e mulheres na mesma proporção, 
estando presente em 33% dos participantes. Outro dado revela 
ainda que 41% não possuem esperança. Por outro lado, 
constatou-se que 80% daqueles que não são deprimidos 
possuem compromisso com crença ou religião. 
Iniciado em 2005, o Estudo Epidemiológico da Comunidade Idosa 
Judaica mapeou e monitorou a saúde da população idosa, com 
objetivo de analisar os processos e fatores determinantes do 
envelhecimento da população com mais de 60 anos. A avaliação 
global da saúde abordou aspectos como qualidade de vida, 
religiosidade, independência, cognição, depressão, nutrição, 
atividade física, exame físico com 18 procedimentos (peso, 
estatura, Índice de Massa Corpórea, entre outros) e mais de 30 
exames laboratoriais como colesterol, hemograma e glicemia. 
Também foram aplicados questionários individuais e em grupo. 
Os resultados apontaram que idosos deprimidos possuem menor 
número de amigos nas atividades religiosas, realizam menos 
práticas religiosas em relação aos não-deprimidos e têm 
tendência à religiosidade extrínseca (caracterizada por vivência 
menos espiritualizada). Geralmente, esse hábito é encontrado 
entre as pessoas que “herdam” sua crença religiosa, não 
existindo uma relação reflexiva diante do ato de escolha religiosa. 
Neste caso, a divindade tende a ser olhada como um instrumento 
de satisfação de desejos impulsivos ou egocêntricos. O estudo 
constatou que a religiosidade extrínseca está presente em 40% 
dos idosos deprimidos e em apenas 20% dos idosos não-
deprimidos. 
128 
 
Por sua vez, a prevalência de religiosidade intrínseca é um 
aspecto presente em quase 80% dos idosos não-deprimidos. 
Esse tipo de religiosidade é compreendido como uma vivência 
mais espiritualizada, que tende a transcender o conforto e a 
convenção social, em que há uma busca por um aumento do 
compromisso com a crença ou religião. 
“Sabemos que a população em geral está envelhecendo. No 
entanto, ainda há uma carência de estudos populacionais no 
Brasil para compreender quem são e quais as necessidades 
dessas pessoas. Os resultados desse levantamento apontam 
características epidemiológicas que poderão ser estendidas à 
população paulistana acima de 60 anos, determinando ações 
preventivas para o controle das doenças crônicas e também a 
forma mais adequada de gestão da saúde desse público. Por 
exemplo, a importância da religiosidade como proteção contra a 
depressão abre novas possibilidades de atuação”, afirma o 
geriatra Fábio Nasri, coordenador do projeto. “O perfil cultural 
homogêneo da amostra também permitirá futuras comparações”, 
acrescenta. 
Fonte: http://www.hospitalar.com/cientificas/not0097.html 
 
*** 
 
1. A China, os idosos e o desequilíbrio entre os sexos 
13/12/2006 
 
Enquanto vive um processo de queda abrupta das taxas de 
natalidade, a China – o país mais populoso do mundo, com 1,3 
bilhão de habitantes - está envelhecendo: em 2005, a quantidade 
de chineses com 60 anos ou mais correspondia a 11,3% da 
população, ou cerca de 147 milhões de pessoas. Em 2010, essa 
fatia deve aumentar para 12,57% da população, ou 174 milhões 
de pessoas. Os números são da Comissão Nacional de 
População e Planejamento Familiar, responsável pela política do 
filho único desde a década de 80. 
 
Paralelamente a isso, destaca-se uma contradição: a falta de 
129 
 
boas condições de vida para os mais velhos, num país em que 
previdência, para muitos, significa ser sustentado pelo filho – isso 
somente se ele tiver nascido homem - e o controle de natalidade 
é rígido e permite apenas um filho por casal, com exceções para 
determinados casos e regiões. 
 
Segundo reportagem do jornal O Globo de julho deste ano, o 
número de idosos que recebem aposentadoria na China se limita 
a 48 milhões, de acordo com o governo do país. Essas pessoas 
se concentram nas grandes cidades. O sistema previdenciário 
urbano existe somente desde 1997. Os empregadores 
contribuem com o equivalente a 20% do salário do funcionário, 
que por sua vez contribui com 8%. Para se aposentar é preciso 
ter sido contribuinte por pelo menos 15 anos quando atingir a 
idade mínima, que é de 60 anos para os homens, 55 anos para 
as mulheres filiadas ao Partido Comunista e 50 para as demais. 
 
Pela tradição, filho homem cuida dos pais idosos 
 
Ao limite de apenas um filho por casal imposto pelo governo 
chinês, associa-se a questão da grande discrepância entre o 
número de homens e mulheres que compõem a população 
chinesa. A proporção varia entre 100 meninas para cada 117 
homens e 100 para cada 130, em determinadas regiões da 
China, segundo o censo realizado no ano de 2000. 
 
De acordo com a tradição chinesa, o filho homem cuida dos pais 
e os sustenta quando eles envelhecem, e por ser mais forte pode 
também trabalhar na lavoura. Enquanto isso, as meninas, quando 
se casam, vão embora de casa e não acompanham os pais na 
velhice. Há ainda a questão do dote: as mulheres historicamente 
dão um dote para a família dos maridos – o que acaba 
associando o homem à riqueza e a mulher ao prejuízo para a 
família. 
 
Nas áreas rurais, os casais que têm uma filha podem engravidar 
novamente, com o objetivo de ver se na segunda vez nasce um 
menino. Nas áreas que contêm parques industriais, é permitido 
que casais tenham dois filhos. Em qualquer lugar da China, 
casais podem engravidar uma segunda vez se tiverem o primeiro 
filho com algum problema físico ou mental. A regra geral é de 
130 
 
apenas um filho, desde 1979. O limite, mesmo quando permitidas 
as exceções, é sempre de dois filhos por casal. 
 
Para evitar o peso que recai sobre os filhos de sustentar os pais 
idosos por falta de um programa de previdência social eficiente, o 
governo da cidade de Cantão vem pedindo, de forma inédita, que 
os casais formados por filhos únicos tenham dois filhos. O 
objetivo é combater o rápido envelhecimento da população e 
garantir mão-de-obra para algumas indústrias, que vêm 
enfrentando uma nunca vista falta de empregados qualificados. 
Ao mesmo tempo, com a intenção de ajudar os filhos únicos que 
têm filho a sentir menoso peso de sustentá-lo e ainda ser 
responsável por seus pais, o Comitê de Planejamento 
Populacional e da Família de Cantão afirmou também que irá 
submeter à prefeitura uma proposta de estabelecimento de uma 
linha de crédito subsidiada para as famílias com dificuldades de 
criar filhos. 
 
A vontade dos casais de terem um bebê do sexo masculino e a 
rígida política de controle de natalidade estão relacionados aos 
abortos freqüentemente cometidos quando os pais descobrem 
que o feto é do sexo feminino - mesmo sendo ilegais o aborto e 
as esterilizações forçadas no país. Os médicos da China, apesar 
de serem proibidos de identificar o sexo do bebê, não estão 
sujeitos a penalidade legal – apenas administrativa -, pois não há 
nem mesmo a caracterização legal do que seria um aborto 
cometido pelo conhecimento prévio do sexo do bebê. 
 
Para mudar esse quadro, o Comitê Permanente do Congresso 
Nacional do Povo (CNP) vem tentando aprovar um projeto de lei 
que tornaria crime a identificação do sexo do feto. Há grupos, por 
outro lado, que defendem o direito dos pais de saberem o sexo 
de seus filhos. 
 
Se chegam a ter as filhas, casais não raro as largam na rua ou 
em orfanatos oficiais, onde se vê pouquíssimos meninos. Além 
disso, o destino das meninas nascidas pode não ser dos 
melhores: os cuidados com sua saúde costumam ser mínimos, 
em relação aos que um garoto receberia – o que parece estar 
associado aos números da Organização Mundial de Saúde, 
segundo a qual a mortalidade de crianças abaixo dos cinco anos 
131 
 
de idade é de 27 em cada mil entre os meninos e de 36 em cada 
mil entre as meninas. 
 
*** 
Idosos fogem da Holanda com medo da eutanásia 
 
Asilo na Alemanha converte-se em abrigo para idosos que fogem 
da Holanda com medo de serem vítimas de eutanásia a pedido 
da família. São quatro mil casos de eutanásia por ano, sendo um 
quarto sem aprovação do paciente. 
 
O novo asilo na cidade alemã de Bocholt, perto da fronteira com 
a Holanda, foi ao encontro do desejo de muitos holandeses 
temerosos de que a própria família autorize a antecipação de sua 
morte. Eles se sentem seguros na Alemanha, onde a eutanásia 
tornou-se tabu depois que os nazistas a praticaram em larga 
escala, na Segunda Guerra Mundial, contra deficientes físicos e 
mentais e outras pessoas que consideravam indignas de viver. 
 
A Holanda, que foi ocupada pelas tropas nazistas, ao contrário, é 
pioneira em medidas liberais inimagináveis na maior parte do 
mundo, como a legalização de drogas, prostituição, aborto e 
eutanásia. O povo holandês foi o primeiro a ter o direito a morte 
abreviada e assistida por médicos. Mas o medo da eutanásia é 
grande entre muitos holandeses idosos. 
Estudo justifica temores – Uma análise feita pela Universidade de 
Göttingen de sete mil casos de eutanásia praticados na Holanda 
justifica o medo de idosos de terem a sua vida abreviada a 
pedido de familiares. Em 41% destes casos, o desejo de 
antecipar a morte do paciente foi da sua família. 14% das vítimas 
eram totalmente conscientes e capacitados até para responder 
por eventuais crimes na Justiça. 
Os médicos justificaram como motivo principal de 60% dos casos 
de morte antecipada a falta de perspectiva de melhora dos 
pacientes, vindo em segundo lugar a incapacidade dos familiares 
de lidar com a situação (32%). A eutanásia ativa é a causa da 
morte de quatro mil pessoas por ano na Holanda. 
 
Margem para interpretação fatal – A liberalidade da lei holandesa 
132 
 
deixa os médicos de mãos livres para praticar a eutanásia de 
acordo com a sua própria interpretação do texto legal, na opinião 
de Eugen Brysch, presidente do Movimento Alemão Hospice, que 
é voltado para assistência a pacientes em fase terminal, sem 
possibilidades terapêuticas. Para Brysch soa clara a regra pela 
qual um paciente só pode ser morto com ajuda médica se o seu 
sofrimento for insuportável e não existir tratamento para o seu 
caso. Mas na realidade, segundo ele, esta cláusula dá margem a 
uma interpretação mais liberal da lei. 
Uma conseqüência imediata das interpretações permitidas foi 
uma grande perda de confiança de idosos da Holanda na 
medicina nacional. Por isso, eles procuram com maior freqüência 
médicos alemães, segundo Inge Kunz, da associação alemã 
Omega, que também é voltada para assistência a pacientes 
terminais e suas respectivas famílias. 
A lei determina que a eutanásia só pode ser permitida por uma 
comissão constituída por um jurista, um especialista em ética e 
um médico. Na falta de um tratamento para melhorar a situação 
do paciente, o médico é obrigado a pedir a opinião de um colega. 
Mas na prática a realidade é outra, segundo os críticos da 
eutanásia e o resultado da análise que a Universidade de 
Göttingen fez de sete mil casos de morte assistida na Holanda. 
 
Fonte: http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,1050812,00.html 
 
*** 
 
Origem do DIA DO IDOSO - 27 de setembro 
O Dia Nacional do Idoso foi estabelecido em 1999 pela Comissão 
de Educação do Senado Federal e serve para refletir a respeito 
da situação do idoso no País, seus direitos e dificuldades. 
A população no mundo está ficando cada vez mais velha e, 
segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), por volta de 
2025, pela primeira vez na história, haverá mais idosos do que 
crianças no planeta. 
133 
 
O Brasil, que já foi celebrado como o país dos jovens, tem hoje 
cerca de 13,5 milhões de idosos, que representam 8% de sua 
população. Em 20 anos, o País será o sexto no mundo com o 
maior número de pessoas idosas. O dado serve de alerta para 
que o governo e a sociedade se preparem para essa nova 
realidade não tão distante. 
O avanço da medicina e a melhora na qualidade de vida são as 
principais razões dessa elevação da expectativa de vida em todo 
o mundo. Apesar disso, ainda há muita desinformação sobre as 
particularidades do envelhecimento e o que é pior: muito 
preconceito e desrespeito em relação às pessoas da terceira 
idade, principalmente nos países pobres ou em desenvolvimento. 
No Brasil, são muitos os problemas enfrentados pelos idosos em 
seu dia-a-dia: a perda de contato com a força de trabalho, a 
desvalorização de aposentadorias e pensões, a depressão, o 
abandono da família, a falta de projetos e de atividades de lazer, 
além do difícil acesso a planos de saúde são os principais. 
Segundo pesquisa do IBGE, em 1999, apenas 26,9% do total de 
idosos no País possui algum plano de saúde, sendo que em 
algumas regiões como o Nordeste essa taxa ainda cai para 13%. 
As mulheres são ainda mais afetadas, porque vivem mais tempo 
e, em geral, com menos recursos e menos escolaridade. 
Diante desse quadro, o governo brasileiro precisa elaborar, o 
mais rápido possível, políticas sociais que preparem a sociedade 
para essa mudança da pirâmide populacional. 
(Fonte: Jornal A Voz da Serra, de Nova Friburgo-RJ). 
Em Portugal, o dia do idoso é comemorado no primeiro dia do 
mês de Outubro. 
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
+++++++++++++++++++++++++ 
O Dia do Idoso é atualmente comemorado no Brasil no dia 1º de 
Outubro e tem como objetivo a valorização do idoso. 
Até o ano de 2006, esta data era celebrada no dia 27 de 
Setembro, porém, em razão da criação do estatuto do idoso em 
134 
 
1º de Outubro, o dia do idoso foi transferido para esta data de 
acordo com a lei número 11.433 de 28 de Dezembro de 2006. 
 
*** 
 
Campanha da Fraternidade 2003 
 
A possibilidade de chegar aos 100 anos nunca foi tão grande. O 
progresso está prolongando a vida, mas criando também diversos 
e grandes desafios: 
o que fazer com esta legião de idosos e idosas? 
Como garantir-lhes uma velhice saudável? 
Será que vale a pena viver tanto? 
A Campanha da Fraternidade 2003 quer ajudar a sociedade e a 
Igreja a refletir ea agir para que haja uma real preocupação com 
a velhice, a etapa mais longa da existência humana, para que 
seja marcada pela vida, pela dignidade e pela esperança. 
A VELHICE 
Ter vida longa sempre foi uma aspiração da humanidade e, viver 
bem, um direito do ser humano 
Todos querem viver mais, mas ninguém quer ficar ou ser 
considerado velho. Todos gostam de serem vistos como novos. 
Novos no corpo e novos na mente. Novos no coração e com 
capacidade de amar. 
O BRASIL É UM PAÍS JOVEM? 
O Brasil é caracterizado como um país jovem, no entanto, sua 
população está mudando de cara. O país está ficando mais 
velho, e de forma rápida, bem mais veloz do que em outros 
países. A população com mais de 60 anos aumentou de 4%, em 
1940, para 8,6%, em 2000. Hoje, são mais de 15 milhões, sendo 
que, em 2020, a população com mais de 60 anos atingirá a cifra 
de 15% (33 milhões, 6 vezes a população da Dinamarca). 
Causas do envelhecimento da população: 
135 
 
• Diminuição da taxa de fecundidade das mulheres que, de uma 
média de 6 filhos, em 1960, em 1991 já baixava para 2,5 
• Aumento da longevidade. No ano de 1980, era de 57,2 anos 
para o homem e 64,3 para a mulher, enquanto que, em 2000, já 
era de 64,8 anos para o homem e 72,5 anos para a mulher. 
Portanto, em vinte anos, a estimativa de vida aumentou 7,6 anos 
para o homem e 8,2 anos para a mulher. 
Outros fatores que influenciam no envelhecimento da população: 
redução da mortalidade, melhoria de infra-estrutura sanitária, 
avanços científicos, etc. 
SITUAÇÃO DOS IDOSOS 
Que bom, hoje o ser humano vive mais, mas a sociedade ainda 
não conseguiu atender adequadamente a esta parcela da 
população. Portanto, embora o aumento da longevidade seja uma 
conquista da humanidade, o envelhecer com qualidade de vida é 
um dos grandes desafios da sociedade moderna. Delicada é, de 
fato, a situação do idoso em nossas famílias e no seio da 
sociedade de consumo que, com seu espírito de produtividade, 
rendimento e eficiência, considera um peso a presença do idoso. 
O envelhecimento da população é um fenômeno mundial. Isso 
traz importantes repercussões no campo social e econômico. É o 
que acontece no Brasil, onde a infra-estrutura que atende a essa 
população é precária, no que diz respeito a serviços, programas 
sociais e de saúde, particularmente para os idosos de baixa 
renda. 
O Brasil, que sempre se considerou um país jovem, não se 
preparou para a realidade de 15 milhões de sexagenários, um em 
cada dezesseis habitantes. 
A aposentadoria, conquista que deveria proporcionar um tempo 
de descanso e de realização de antigos sonhos, para a maioria 
dos idosos significa uma grave queda do poder aquisitivo, 
dificultando assim o pagamento do aluguel, da alimentação e dos 
remédios. Esta situação piora ainda mais quando as famílias se 
encontram sem condições de cuidar de seus anciãos. 
136 
 
CULTO AO CORPO 
Hoje existe um verdadeiro culto ao corpo. Multiplicam-se assim 
as academias de ginástica, as cirurgias plásticas, os cosméticos 
e as drogas que prometem milagres. 
A idéia subjacente a essas práticas é a de que a velhice feliz 
consiste em parecer jovem, o que leva muitos idosos a 
valorizarem a juventude que possuíram, vivendo do passado e 
desconhecendo os valores da sua própria velhice que ainda 
poderia ser repleta de vivências e realizações. 
Nota-se também que, enquanto a ciência prolonga a vida do ser 
humano, a sociedade desestimula a participação da população 
idosa nos processos socioeconômicos e culturais. O mesmo diga-
se do desinteresse dos meios de comunicação pela causa dos 
idosos. 
A pressão social atua para negar a velhice enquanto tal, 
valorizando a pessoa que consegue disfarçá-la fisicamente 
(velhos “bem conservados”) e/ou psicologicamente (velhos “de 
espírito jovem”). 
INCAPACIDADE OU EXPERIÊNCIA? 
Nesse sentido, são as gerações mais novas que designam aos 
idosos seu lugar, status e papel. Na sociedade industrializada 
ocidental, o idoso quase não é ouvido e salienta-se, antes de 
tudo, a incapacidade mais do que sua experiência. Alega-se que 
a velhice traz prejuízos à saúde física e mental. 
Por detrás dessas concepções fica evidente uma visão 
reducionista da pessoa humana, que só vale pelo que produz, e 
não pelo que é. Diga-se, porém, que esta discriminação acontece 
quase que exclusivamente com os mais pobres, pois são 
inúmeros os casos de dirigentes idosos que se mantêm 
longamente no poder. 
Uma vez que o ancião se retira do mundo do trabalho, 
simultaneamente se afasta daquilo que dá sentido e prestígio 
nessa sociedade: o processo de produção. Conseqüentemente, 
ao invés de ser respeitado e valorizado, ele é tratado como 
137 
 
criança, pessoa sem incidência efetiva. Trata-se de uma 
verdadeira conspiração silenciosa contra a velhice. 
Mas nem sempre é assim, pois, em outros tipos de sociedade, 
encontramos os papéis inversos: os idosos são honrados por 
causa de sua rica experiência, tendo assim uma participação 
importante. 
Fica claro, portanto, que uma das preocupações em relação aos 
idosos e à sociedade que envelhecerão deve ser a valorização 
dos talentos da terceira idade. Valorizando a capacidade que 
ainda possuem e estimulando seus dons, certamente eles 
“envelhecerão vivendo, e não viverão envelhecendo”. 
PERIGOS DA VELHICE 
A velhice, como todas as etapas do desenvolvimento humano 
traz consigo uma situação de crise existencial. Essa crise se 
apresenta em três dimensões: 
• Crise de identidade: necessidade de novas relações consigo 
mesmo, com as demais pessoas e com o mundo dos valores. 
A capacidade de se aceitar, de estar de bem com a vida, é 
fundamental para uma vida saudável. 
• Crise de autonomia: Ser “dependente”, receber e não poder dar 
é, para muitos, uma idéia terrível, uma lição difícil de aprender. 
• Crise de pertença: necessidade de novas relações com a 
sociedade. É preciso substituir os papéis sociais que vão se 
perdendo por outros, adequados ao próprio estado de vida, para 
não se cair na frustração. Daí a necessidade de estratégias de 
socialização dos idosos que, pelo fato de não irem mais trabalhar, 
desfazem-se do relacionamento com uma porção de 
companheiros. 
Às vezes chega a viuvez e a solidão aumenta, já que a 
comunidade não valoriza mais a sua participação. A este ponto 
não é de se estranhar que alguns idosos entrem em estado de 
depressão. 
UM PRÊMIO! 
138 
 
A vida longa é um prêmio. A velhice pode ser um tempo de 
intenso desenvolvimento social e espiritual. Não há nada que 
justifique a exclusão dos velhos. 
Quem envelhece não deseja que sua vida sofra uma contração, 
pois, apesar das perdas, das dificuldades e dos problemas, o 
idoso quer viver, contando com a ajuda de sua experiência e ser 
premiado por ter lutado sempre. 
Mas isso não é automático. Para pensar a velhice do futuro, é 
preciso muita criatividade. O tempo do velho deve ser 
reinventado. 
Os exemplos não faltam. Basta observar as portas das escolas 
infantis e das creches. Quem leva as crianças e quem vai buscá-
las? Quem as alimenta e cuida delas quando os pais trabalham? 
Quem vai à feira e ao supermercado? Quem põe seu lar à 
disposição dos filhos que não têm casa? 
Mas, lamentavelmente, esse ser disponível, com trabalho e sem 
salário, quando necessitado, infelizmente e injustamente é 
considerado um peso. 
Fonte: Texto-Base 2003 
Mauri Heerdt 
 
*** 
ESPIRITUALIDADE DA TERCEIRA IDADE 
Esta é uma das áreas mais esquecidas no campo do 
envelhecimento: uma espiritualidade para os mais anciãos. Se 
houve grandes progressos na medicina, nutrição, transporte e 
outros fatores ligados aos idosos, o mesmo não se pode dizer da 
teologia, da filosofia ou da ética. 
É preciso explorar melhor as dimensões mais profundas do 
envelhecimento e oferecer-lheuma espiritualidade que dê sentido 
à vida humana neste momento mais difícil. 
Entre as principais características para uma espiritualidade da 
Terceira Idade, podemos destacar: 
139 
 
A assistência religiosa: Cultivar a religiosidade do idoso é 
ajudá-lo a descobrir os valores humano-religiosos de sua idade e 
a viver esse tempo de sua existência na serenidade e na paz que 
só Deus sabe dar. É ajudá-lo a descobrir que mesmo os 
sofrimentos podem ser ocasião de crescimento interior, tanto 
para quem sofre como para os outros. 
Otimismo e realismo: Encarar a realidade com clareza e 
coragem. A fé e a esperança nos ensinam a olhar para a frente, 
para a estrada que ainda temos que percorrer. 
Contemplação: uma espiritualidade mais plena exige a abertura 
para a contemplação: saber parar, refletir, encontrar a Deus na 
oração e na prática da caridade. 
Celebrar: esta idade pode trazer grandes alegrias, tais como 
chegar às bodas de ouro, ver os filhos se realizarem, ter velhos 
amigos. Isso tudo pode se tornar motivo de festa e celebração. 
Autocompreensão: é fundamental aceitar a própria realidade. 
Aceitação que não significa resignação, mas aquela atitude e 
dignidade que vem da consciência esclarecida do processo 
natural da vida. 
Relacionar-se: A felicidade dos idosos depende muito do 
entrelaçamento de relações estabelecidas com o cônjuge, com os 
filhos e netos e também no interior da sociedade mais ampla: 
amigos, vizinhos... 
Conviver é contribuir: Para que a velhice não seja vazia e 
monótona, é preciso continuar a perseguir ideais que dêem 
sentido à vida: dedicação a instituições, trabalho social e político, 
intelectual... O amor é o critério último para o discernimento de 
toda autêntica espiritualidade, em qualquer idade. 
Ser um eterno aprendiz: a assimilação de novos 
conhecimentos, atitudes e hábitos pode ocorrer em qualquer 
idade. 
 
PARA OS AMIGOS DOS ANCIÃOS 
Já faz muitos anos que nasci. 
Muitas coisas boas e ruins aconteceram na minha vida, mas não 
estou cansado de viver! 
A vida nunca cansa, porque é amor, e o amor não cansa e nem 
se cansa de amar. 
Senhor! 
140 
 
Não sei quanto tempo tenho ainda para viver, mas tudo aceito 
como dom precioso de tuas mãos. 
Quero só o que tu queres, e só desejo o que tu, Senhor, desejas 
para mim. 
Senhor! 
Às vezes sinto que o meu corpo está cada vez mais frágil, mas, 
de tudo isto, não tenho medo e nem quero ter, porque tu, Senhor, 
és meu Pastor e nada me falta. 
Senhor! 
Se não posso enxergar com os olhos do corpo, que possa ver 
com os olhos da fé. 
Se os meus pés não podem mais andar, que eu seja peregrino e 
missionário no exercício do amor. 
Se nada posso fazer que exija força, que eu tenha plena 
confiança na tua bondade. 
Senhor! 
Dai-me a força da esperança para crer no amanhã. 
Que eu sirva somente de estímulo para todos os que de mim se 
aproximarem. 
Que eu seja, com a tua força e a proteção de Maria, um idoso 
experiente e alegre. 
Nada de amargura e raiva esteja em mim. 
Senhor! 
Dai-me a alegria de ver os jovens realizarem seus ideais, e que 
eu saiba oferecer-lhes os meus. 
Que tenha a consciência da minha missão de ser fermento, sal e 
luz. 
Que os jovens, olhando para mim, já experiente na vida, possam 
sentir e descobrir que vale a pena viver, com amor radical, o dom 
da vida. 
Senhor! 
Não estou cansado de viver! 
Quero viver com alegria! 
Quando e como Tu quiseres, quero partir deste mundo... 
Se viver neste mundo é tão bom, sem dúvida será bem melhor 
viver contigo por toda eternidade. Amém! 
Frei Patrício Sciadini 
 
A família é o lugar onde os idosos têm o direito de se sentirem 
em casa. 
Não permita que eles “chorem” hoje, para que amanhã você 
141 
 
venha a 
amargar um futuro sem sentido. 
Só o amor é capaz 
de superar os conflitos 
de idade e de mentalidade 
PARA REFLETIR 
1 - Que lugar ocupam os idosos em nossa família? 
2 - Nós escutamos o passado dos idosos? 
3 - Admitimos e respeitamos o presente dos idosos? 
4 - Atendemos as necessidades dos idosos? 
 Testamento e Inventário 
Testamento e Inventário 
 
Se nos relacionamos com pessoas e coisas ao longo de nossa 
vida para formar um patrimônio, com a morte, esse patrimônio 
será transferido aos nossos herdeiros. Dessa sucessão aos 
herdeiros cuida o Direito das Sucessões. 
No relacionamento das pessoas entre si para celebrar contratos 
(Direito das Obrigações) e do relacionamento das pessoas com 
as coisas para adquirir propriedade (Direito Real), formamos um 
patrimônio, por isso, o Direito Civil é conhecido como o “direito 
dos ricos”. 
Propriedade e herança são dois direitos que estimulam a 
capacidade produtiva das pessoas, em benefício direto da família 
e indireto da sociedade como um todo. 
Quem vai primeiro se beneficiar com o nosso trabalho será os 
familiares. 
A expressão sucessão em direito, ela pode ser tanto inter vivos, 
como mortis causa. A sucessão inter vivos interessa ao direito 
obrigacional/contratual. 
A sucessão que nos interessa agora é a sucessão “mortis causa”, 
ou seja, em decorrência da morte. 
142 
 
Art. 1786 do CC – A sucessão “mortis causa” se dá 1º - por lei ou 
2º - por disposição de última vontade. 
A sucessão por lei é a sucessão legal. 
A sucessão por disposição de última vontade é a sucessão 
testamentária. 
Toda sucessão ou é decorrente da lei ou do testamento, ou então 
decorrente dos dois. 
Na sucessão por lei quem determina para quem vão os bens é a 
lei: 95% das sucessões em nosso país são legais. 
Já a sucessão testamentária é exceção em nosso costume, se dá 
por disposição de última vontade = testamento. Todavia, mesmo 
havendo testamento, a lei vai limitar essa liberdade de testar para 
resguardar os familiares mais próximos que são os filhos e o 
cônjuge. 
 
Por que a sucessão testamentária é rara? 
 
1°) a gente nunca acha que vai morrer. 
2°) Se a gente morre sem testamento, os nossos bens vão para 
nossos filhos, a quem mais queremos bem, então não 
precisamos testar. 
3°) Pela burocracia, despesa em cartório. 
 
Esses 3 (três) argumentos nos levam a desprezar o testamento. 
Mas há um novo artigo do CC de 2002 que pode aumentar os 
testamentos, porque agora, o cônjuge herda em igualdade com 
nossos filhos. Uma coisa é deixar seus bens para os filhos, outra 
coisa é deixar para os cônjuges em condições de igualdade com 
os filhos, especialmente nos casamentos desgastados. O tempo 
irá dizer se agora as pessoas mal casadas vão ter a preocupação 
de testar para beneficiar os filhos mais do que o cônjuge. 
 
Na sucessão legal, não há testamento ou ele foi anulado, 
teremos sempre a figura dos herdeiros que são aqueles que 
sucedem a título universal, porque tanto recebe os créditos como 
os débitos, até o limite da herança. 
143 
 
Na sucessão testamentária, deveremos encontrar herdeiros 
sucedendo a título universal, mas poderemos encontrar 
legatários, porque estes sucedem a título singular, ou seja, 
legatário não responde pelas dívidas do falecido. 
Com base na cláusula testamentária, se o testador deixa a 
exemplo 13 do seu patrimônio, ou 10% deste patrimônio para 
alguém, está testando a título universal, mas se deixa coisas 
individualizadas, especificadas: casa na praia, colar de 
diamantes, etc., está testando a título singular. 
O herdeiro assume a posse logo, já o legatário não assume, só 
assume no final do processo de inventário, quando se verificar 
que a herança é solvível, ou seja, pode pagar as dívidas do 
falecido. 
Art. 1784 do CC – Destaca-se: a herança transfere-se logo aos 
herdeiros, o legado não se transfere logo. Se a herança não 
pagar as dívidas, o legatário não vai receber seu colar de 
diamantes. 
É vantagem ser legatário porque não responde pelas dívidas da 
herança, em compensação só entra na posse após se verificarque a herança é solvível; ressalto que herdeiro só paga as 
dívidas do falecido dentro dos limites da herança, afinal ninguém 
herda só dívida. 
 
Parágrafo 1° art. 1923 do CC – depende da herança ser solvível. 
De acordo com a Nova Lei 11.441/2007, altera alguns 
dispositivos da Lei 5.869/73 do C.P.C, possibilitando a realização 
de inventário por via administrativa. Abaixo a Lei na íntegra: 
 
LEI Nº 11.441, DE 4 DE JANEIRO DE 2007 
 
Altera dispositivos da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - 
Código de Processo Civil, possibilitando a realização de 
inventário, partilha, separação consensual e divórcio consensual 
por via administrativa. 
144 
 
 
O P R E S I D E N T E D A R E P Ú B L I C A 
 
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a 
seguinte Lei: 
Art. 1º Os arts. 982 e 983 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 
1973 - Código de Processo Civil, passam a vigorar com a 
seguinte redação: 
"Art. 982. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-
se-á ao inventário judicial; se todos forem capazes e concordes, 
poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a 
qual constituirá título hábil para o registro imobiliário. 
Parágrafo único. “O tabelião somente lavrará a escritura pública 
se todas as partes interessadas estiverem assistidas por 
advogado comum ou advogados de cada uma delas, cuja 
qualificação e assinatura constarão do ato notarial." (NR) 
"Art. 983. O processo de inventário e partilha deve ser aberto 
dentro de 60 (sessenta) dias a contar da abertura da sucessão, 
ultimando-se nos 12 (doze) meses subseqüentes, podendo o juiz 
prorrogar tais prazos, de ofício ou a requerimento de parte. 
Parágrafo único. (Revogado). (NR) 
Art. 2º O art. 1.031 da Lei nº 5.869, de 1973 - Código de 
Processo Civil, passa a vigorar com a seguinte redação: 
"Art. 1.031. A partilha amigável, celebrada entre partes capazes, 
nos termos do art. 2.015 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 
2002 - Código Civil, será homologada de plano pelo juiz, 
mediante a prova da quitação dos tributos relativos aos bens do 
espólio e às suas rendas, com observância dos arts. 1.032 a 
1.035 desta Lei. 
.................................................................................... ...........” (NR) 
Art. 3º. A Lei nº 5.869, de 1973 - Código de Processo Civil, passa 
a vigorar acrescida do seguinte art. 1.124-A: 
"Art. 1.124-A. A separação consensual e o divórcio consensual, 
não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados 
os requisitos legais quanto aos prazos, poderão ser realizados 
145 
 
por escritura pública, da qual constarão as disposições relativas à 
descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, 
ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome 
de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o 
casamento. 
§ 1º A escritura não depende de homologação judicial e constitui 
título hábil para o registro civil e o registro de imóveis. 
§ 2º O tabelião somente lavrará a escritura se os contratantes 
estiverem assistidos por advogado comum ou advogados de 
cada um deles, cuja qualificação e assinatura constarão do ato 
notarial. 
§ 3º A escritura e demais atos notariais serão gratuitos àqueles 
que se declararem pobres sob as penas da lei. 
Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Art. 5º Revoga-se o parágrafo único do art. 983 da Lei nº 5.869, 
de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. 
Brasília, 4 de janeiro de 2007; 186º da Independência e 119º da 
República. 
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA 
Márcio Thomaz Bastos 
 
Dieta para Envelhecer Bem e com Saúde 
Dieta para envelhecer bem e com saúde 
 
 
por Jocelem Salgado 
Quando falamos em nutrição de idosos 
no Brasil temos um cenário 
desanimador. Segundo dados da 
Pesquisa Nacional sobre Saúde e 
Nutrição (PNSN), estima-se que no 
nosso país existam cerca de 1,3 
milhões de idosos com baixo peso, 
sendo que a desnutrição representa, 
atualmente, mais de 35% nos registros 
 
Alimentação 
equilibrada é 
fundamental para que 
as pessoas envelheçam 
bem, com boa 
capacidade de gerir sua 
própria vida de forma 
autônoma, com o 
146 
 
de mortes de idosos nas regiões 
metropolitanas. 
mínimo de limitações 
físicas e mentais 
Um estudo desenvolvido na Unicamp confirmou que os 
idosos não estão se alimentando como deveriam. A 
pesquisa, resultado da tese da Dra. Glaucia Maria Navarro 
de Abreu Ruga avaliou os hábitos alimentares de 94 pessoas 
com idade entre 55 e 83 anos. Os resultados mostraram que 
dois terços das pessoas não se alimentavam 
adequadamente e que havia um consumo insuficiente de 
cálcio, magnésio, zinco, vitamina B6 e ferro. A quantidade 
média de calorias por dia era de apenas 900, dieta digna de 
top model, quando o valor recomendado para essa faixa 
etária é cerca de 1.500 calorias diárias. O estudo mostrou 
também que o consumo de fibras era muito baixo, o que 
gerava queixas freqüentes de problemas intestinais. A 
preferência dos idosos por alimentos industrializados prontos, 
mais fáceis de preparar, foi considerada a maior responsável 
pelas carências nutricionais. 
Mais idosos 
 
De acordo com dados do IBGE, estima-se que em 2050 o 
número de idosos no Brasil será igual ao número de jovens: 
as pessoas com mais de 60 anos, que hoje representam 
cerca de 5% da população, serão 18%, mesma porcentagem 
dos que terão entre zero e 14 anos. Em pouco mais de 
quatro décadas, o número de pessoas com 80 anos ou mais 
chegará a aproximadamente 13,7 milhões. 
Esses números mostram que o país precisará investir em 
políticas públicas tanto para criar condições de oferecer 
atendimento médico adequado a essa população como para 
divulgar a importância dos hábitos saudáveis para a 
obtenção de uma qualidade de vida superior. Principalmente 
porque em outro espectro encontramos também idosos 
obesos, que ao contrário daqueles avaliados pelo estudo da 
Unicamp, exageram no consumo de calorias diárias, 
consomem grandes quantidade de gorduras e açúcares e 
147 
 
não praticam nenhuma atividade física. 
As conseqüências de todo esse desequilíbrio alimentar (falta 
ou excesso de nutrientes) tem causado um avanço 
assustador de doenças que debilitam e matam anualmente 
milhares de brasileiros. De acordo com o relatório 
"Preventing Chronic Disease : a vital investment" da 
Organização Mundial de Saúde, divulgado em outubro de 
2005, doenças crônicas não transmissíveis como as 
cardiovasculares, diabetes, câncer, entre outras, são 
responsáveis por 72% de todas as mortes no Brasil. Isso 
equivale a 928 mil mortes/ano de um total de 1.289 milhões 
de mortes e representa um prejuízo anual de US$ 3 bilhões 
ao nosso país. 
 
 
Viver...melhor 
 
Bons alimentos ajudam a envelhecer melhor. Por isso, é 
importante ter uma alimentação equilibrada e saudável desde 
criança para chegar em plena forma à maturidade. Contudo, 
modificações nos hábitos alimentares e a prática de 
exercícios físicos podem trazer também grandes benefícios 
mesmo para as pessoas que já chegaram à meia-idade e 
nunca tiveram um estilo de vida saudável. Sempre há tempo 
para tentar reverter a situação. 
Veja algumas dicas para quem quer envelhecer bem e com 
saúde: 
- Calorias: a partir dos 55 anos o metabolismo torna-se mais 
lento e com isso o risco de se perder massa magra 
(músculos) e ganhar gordura corporal é maior. A 
necessidade de calorias diminui para homens (cerca de 600 
calorias/dia a menos) e mulheres (cerca de 300 calorias/dia a 
menos). Procure diminuir o consumo de alimentos 
energéticos e pouco nutritivos, como doces, refrigerantes, 
alimentos gordurosos, frituras, massas. 
- Carboidratos: Não exagere, dê preferência aos 
148 
 
carboidratos presentesem grãos integrais como trigo 
integral, aveia, centeio, e leguminosas como a soja e o feijão. 
O ideal é que os idosos consumam quatro porções diárias: 
pão integral no café da manhã e no lanche e arroz integral 
com feijão no almoço e na jantar, por exemplo. 
- Proteínas: Você não pode deixar faltar proteínas em sua 
alimentação. Elas ajudam a manter a musculatura e reforçam 
o sistema imunológico. O ideal é consumir cerca de 0,8 a 
1,0g de proteína por quilo de peso ao dia. Assim, uma 
pessoa que pesa 60 kg, deve consumir algo em torno de 60g 
de proteínas ao dia. Peixes, aves sem pele, carnes magras, 
laticínios desnatados, e leguminosas como feijão, soja, grão 
de bico, ervilhas e lentilhas são as melhores fontes de 
proteínas para as pessoas de meia idade. A clara do ovo 
pode ser consumida todos os dias, enquanto que a gema é 
indicada apenas 3 vezes por semana. No quesito proteínas, 
uma novidade fica por conta do colágeno hidrolisado, uma 
proteína que já está disponível no mercado e que promete 
repor parte do colágeno corporal perdido com o avançar da 
idade. 
- Gorduras: Muito cuidado com elas - os idosos têm mais 
dificuldade que os jovens em se livrar delas. Em quantidades 
adequadas formam hormônios, enzimas, etc. Em excesso 
acumulam-se nos tecidos adiposos aumentando o peso, e o 
que é pior, facilitam a deposição do colesterol nas artérias, 
causando obstrução e aumentando o risco de infartos. 
Consuma com moderação gorduras saudáveis como aquelas 
presentes no azeite de oliva, castanhas, abacate e óleos de 
peixes marinhos, canola, milho e girassol. 
- Vitaminas e minerais: Encontrados em todos os alimentos, 
mas em quantidades excepcionais nas hortaliças e frutas. A 
menos que haja alguma restrição médica, pode-se comer 
esses alimentos à vontade. Recomenda-se pelo menos 
quatro porções de verduras e legumes e três de frutas todos 
os dias, variando ao longo da semana de forma que vários 
tipos de vitaminas e minerais possam ser consumidos. 
- Água: A necessidade de água aumenta com a idade, até 
porque os rins nem sempre funcionam tão bem. Tome de 
sete a oito copos por dia. Você ainda se beneficia com a 
149 
 
melhora na digestão e evita prisão de ventre. 
- Não fique sem comer, nem substitua refeições por chá com 
torradas ou sanduíches. O ideal é fazer cinco ou seis 
pequenas refeições equilibradas por dia. 
- Cuidado com o sal. Com o passar da idade, existe uma 
menor percepção do sabor salgado, e isso pode fazer com 
que as pessoas utilizem mais sal na comida do que devem. 
Um perigo para quem tem pressão alta. A dica é caprichar 
nas ervas e condimentos naturais, que acentuam o sabor em 
vez de salgar demais. 
- Não descuide das fibras na alimentação: a ausência delas 
colabora com a prisão de ventre, que é freqüente nessa 
idade. Trocar o pão e o arroz brancos por suas versões 
integrais, ou fazer um belo prato de mamão com aveia no 
café da manhã, são jeitos fáceis de aumentar a quantidade 
de fibras na alimentação. 
- Lembre-se: A alimentação equilibrada é fundamental para 
que as pessoas envelheçam bem, com boa capacidade de 
gerir sua própria vida de forma independente e autônoma, 
com o mínimo de limitações físicas e mentais. 
Informações podem ser obtidas no site 
http://www.hcanc.org.br/dmeds/psiq/psic2.html. 
 
Cuidar do Idoso Doente no Domicílio 
EXTRATO NA ÍNTEGRA DE ARTIGO CIENTÍFICO 
 
CATTANI, R. B.; GIRARDON-PERLINI, N. M. O. - Cuidar do 
idoso doente no domicílio na voz de cuidadores 
familiares. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 06, n. 02, 
2004. Disponível em www.fen.ufg.br 
 
 "Categoria 1. Ser cuidador familiar: uma opção ou uma 
obrigação? 
150 
 
Definir quem será o cuidador familiar de um idoso doente no 
domicílio constitui-se numa situação em que a família, na maioria 
das vezes, necessita reorganizar-se e negociar possibilidades, 
que incluem identificar, conforme o parentesco, a disponibilidade 
de tempo e o desejo pessoal, quem poderá assumir essa tarefa. 
A partir das informações obtidas junto aos colaboradores deste 
estudo percebemos que o grau de parentesco tem influência 
decisiva na escolha de quem irá cuidar, ou seja, quanto mais 
próxima for a relação familiar, mais chances tem esta pessoa de 
vir a ser a responsável pelo cuidado do idoso, conforme descrito 
na literatura. 
Alguns entrevistados referiram que assumiram o cuidado do 
idoso doente porque entendem ser uma obrigação matrimonial, 
tanto de esposo como de esposa, pois uma vez casados 
constitui-se em dever um cuidar do outro até o fim da vida. 
Atribuem esta responsabilidade ao acordo firmado perante Deus, 
por ocasião do matrimônio, em que se comprometeram a partilhar 
alegrias e tristezas, além de estarem juntos na saúde e na 
doença, conforme pode ser evidenciado nas seguintes 
manifestações: 
“A senhora sabe que antigamente a gente, tendo, casado, fez 
aquele juramento pra Deus e as coisas assim, nas horas boas 
e nas horas ruins, a gente tem que estar sempre junto, pra 
cuidar, eu tenho que cuidar, o que eu vou fazer, abandonar não 
dá”.” (He-man) 
Esta obrigação também é mencionada por aqueles que tem uma 
vida em comum, que mesmo não tendo formalizado a sua união 
de acordo com um ritual religioso ou num contrato civil, sentem-
se com o mesmo tipo de responsabilidade. 
“Penso assim que, que eu tenho que cuidar dele, porque estou 
junto com ele. É meu companheiro, então tenho que cuidar”. 
(Shenna) 
Em investigação realizada por SILVA (1995) na qual buscou 
conhecer as relações de gênero e poder entre cuidadoras – 
mulheres e pacientes acometidos por Acidente Vascular Cerebral 
(AVC) e que perderam sua independência, constatou que para 
algumas cuidadoras a “opção” de cuidar é vista como uma 
obrigação que está embutida no seu papel de esposa, estando 
151 
 
relacionado ao projeto de vida do casal, já que o casamento se 
constitui em um projeto de vida comum que inclui a questão do 
cuidado pelo outro. 
Associado ao fato de cuidar como uma função inerente ao 
casamento, evidencia-se que também existe um componente 
afetivo que conduz essa atuação e contribui para que um cônjuge 
cuide do outro: o sentimento de carinho, de gostar do outro, como 
pode ser percebido nesta fala: 
“Mas porque, é meu esposo, a gente cuida, é uma pessoa que 
a gente quer bem, a gente cuida nem que não seja esposa, 
que seja mãe, cuida, Não há como um porque, não há uma 
obrigação eu acho, e sim gostar da pessoa. Eu acho que, que 
mais que obrigação é um dever que a gente tem, um cuidar do 
outro, tem que ser, quando não der mais, terá que se arrumar 
uma pessoa mais”. (Sherra) 
O cuidar se apresenta como uma manifestação de afeto, pois 
como diria o poeta, “quem ama, cuida”, e a concepção popular de 
amar remete a essa forma de compromisso com o outro. Na 
língua portuguesa cuidar denota “aplicar a atenção; o 
pensamento; ter cuidado com os outros e consigo mesmo; tratar 
de assistir”, dentre outros sinônimos (FERREIRA, 1999, p. 589). 
Embora a cuidadora refira-se ao afeto como motivação para 
cuidar, evidencia-se que cuidar de seu esposo também é um 
dever, mais que uma obrigação, podendo se notar o expressivo 
traço cultural, no qual sendo esposo, tem que ficar junto e 
dedicar-se na realização dos cuidados. Assim, podemos 
depreender que o componente afetivo apresenta-se como um 
fator importante e influencia na escolha do cuidador, porém este 
estará acompanhado de valores impostos pela cultura familiar, ou 
seja, os direitos, deveres e obrigações dos membros da família. 
Dever é definido como se ter obrigação ou necessidade de; ser 
devedor de; aquilo a que se está obrigado por lei, pela moral, 
pelos costumes, incumbência ou obrigação; sendo que obrigação 
é definida como dever; imposição; tarefa necessária; 
compromisso; motivo de reconhecimento; favor; serviço; 
preceito...(FERREIRA,1999). Assim, quando o cuidador se refere 
a seu dever ou a sua obrigação, podemos considerar que este 
152 
 
está se referindo a uma obrigação moral determinada, expressa 
em uma regra de ação, que nesse caso é o cuidar. 
Culturalmente, a sociedade espera essa atitude dos casais e, 
segundo KARSCH (1998), para cuidadoras esposas, o ato de 
cuidar está embutido no seu papel de mulher casada, a partir do 
compromisso assumido e selado desde o momento do 
matrimônio. Este compromisso associa-se a valores como 
responsabilidade e obrigação e o dever como um sentimento 
natural e subjetivo. Cuidar do companheiro, enquanto puder, 
enquanto tiver forças, tem uma representação para os 
cuidadores, no sentido de ser valorizado e reconhecido pelas 
outras pessoas, por aquilo que faz. De certo modo, há um 
heroísmo que os torna respeitados perante a sua comunidade, 
pois estão cumprindo com suas obrigações. 
Nesse sentido, SOMMERHALDER & NERI (2001) em uma 
investigação com 15 mulheres cuidadoras principais de idosos de 
alta dependência identificaram que os benefícios relatados por 
estas estavam relacionados a crescimento pessoal, senso de 
auto-realização, senso de significado e senso de reciprocidade. 
No aspecto social os ganhos relacionaram-se à valorização 
social, à satisfação pelo cumprimento de normas sociais e 
benefícios às relações familiares. 
Também MENDES (1995) reforça a idéia de que os cuidadores 
entendem a atividade de cuidar como um dever moral decorrente 
das relações pessoais e familiares inscritas na esfera doméstica, 
visto que muitos cuidadores não se viam como tais e, a partir do 
momento que necessitam desempenhar tal papel, o assumem 
como uma exigência decorrente do viver em família. 
O dever, entretanto, refere-se a ações impostas por normas 
sociais. Estas por sua vez, estão inscritas num conjunto de 
crenças e valores compartilhados entre membros de uma 
sociedade, sendo que a família é o lugar da transmissão, 
introjeção e manutenção dos valores. 
Para os casais, principalmente, os idosos, cuidar de seu 
companheiro(a) é tido como uma etapa normal e esperada no 
processo de envelhecer o que, como diz MENDES (1995), faz, 
muitas vezes, com que “o cuidador de um idoso doente e 
153 
 
dependente seja outro idoso, que por sua vez também pode ter 
restrições em sua saúde, porém, encontra-se em melhores 
condições, o que os possibilita cuidar”. 
Quando o cônjuge não pode desempenhar esse papel ou já é 
falecido, a responsabilidade pelos cuidados passa a ser 
uma obrigação filial. Os filhos referem que cuidam porque não há 
outra alternativa, pois “mãe é mãe”. O sentimento para com o 
idoso é fortuito, cuidam pelo amor que sentem pelo genitor, 
procurando aceitar seus defeitos, e pelos laços de afeto que os 
une. 
“Olha eu, eu faço, porque isso tem que fazer, ela é minha mãe, 
tudo, o que eu vou fazer, tem que fazer igual e (...) suportar o 
que a mãe é”. (Super-homem) 
Quando os idosos precisam de ajuda, os filhos adultos costumam 
assumir o papel de cuidadores, por terem um vínculo afetivo e 
uma responsabilidade culturalmente definida, conhecida como 
“obrigação filial” (Bleiszner, apud PAVARINI et al., 2001). 
Ser cuidador da própria mãe (ou pai) transcende o ato em si, pois 
resgata o carinho, o amor, as desavenças do cotidiano e 
possibilita a retribuição de valores, de cuidados e também, de 
certa forma, o fato de existirem. 
“Eu (filha) tenho amor por ela, à gente se não fosse ela, a 
gente não estava no mundo”. (Mulher Maravilha) 
“É eu cuido, é minha mãe, tenho carinho por ela. É o que eu 
posso fazer hoje por ela, é cuidar”. (Super-homem) 
Mesmo que esta obrigação seja vista como um fator inerente à 
condição de filhos, outras figuras se apresentam neste estudo 
como cuidadoras. A neta, embora não seja filha, sente-se como 
tal e, portanto, imbui-se da mesma obrigação filial. Ao residir com 
a avó, passou a cuidá-la diariamente, sentindo-se responsável 
por ela. Além disso, separada dos pais, por motivos familiares, 
relata que com o passar do tempo, do carinho e da atenção da 
avó a considera como a própria mãe. 
“Se eu fosse escolher eu não ia escolher cuidar dela, aí então 
como surgiu eu cuidar dela, eu aceitei. Daí fosse uma escolha 
assim, no meu ver, antes eu não ia querer cuidar de uma 
pessoa idosa doente, mas surgiu a oportunidade, então eu vim 
cuidar. Também ficou na minha responsabilidade e eu fiquei 
154 
 
aqui então. E eu tenho um carinho de mãe com ela, o carinho 
que a minha mãe não teve por mim ela teve”. (Bat girl) 
A responsabilidade que lhe foi imposta frente às circunstâncias 
familiares sem possibilidade de optar ou não por tal tarefa, fez 
com que o cotidiano fosse moldando a relação familiar e a 
realização dos cuidados para com a idosa doente, na esfera 
familiar. Tornar-se cuidador de um familiar idoso e dependente no 
domicílio implica em alguns fatores que levam o cuidador a 
assumir-se como tal, como, por exemplo, ser o familiar mais 
próximo e do fato dos outros se desvencilharem do cuidado. 
Também, como cuidadora identifica-se à nora, que cuida da mãe 
de seu esposo. Ambos residem no mesmo domicílio e, como 
nestas ocasiões, em que alguém necessita de cuidados no 
âmbito familiar, alguém tem de executar, a nora, devido às 
contingências, assumiu esta tarefa. Considerando que o cuidado 
é culturalmente desempenhado pela figura feminina, a nora o 
realiza, pois o filho precisa trabalhar e considera esta uma tarefa 
a ser desempenhada pela mulher. Refere também que realiza um 
sistema de rodízio com uma das filhas da idosa, quando uma ou 
outra precisa viajar, porém ainda fala que os outros filhos se 
desvencilharam do cuidado, então alguém precisa realizá-los. 
“Vou cuidar dela até quando ela precisar de mim, enquanto eu 
puder, eu cuido. Por isso que enquanto eu puder e tiver saúde 
eu cuido dela, agora o dia que eu não puder mais, daí as filhas 
vão ter que assumir ela daí. Por enquanto sou eu que estou 
assumindo e vou assumir até enquanto der, pra cuidar dela. 
Gosto dela, quero bem e tudo e os outros não querem, não tem 
muita vontade de cuidar, então alguém tem que cuidar”. 
(Mulher Gato) 
A colaboradora explicita que enquanto puder desenvolver os 
cuidados à sogra irá fazê-los, entretanto quando isto não for 
possível, enfatiza que as filhas é que deverão assumir os 
cuidados. De certa forma, sua mensagem deixa transparecer que 
na sua concepção esta função compete às filhas, e não a ela. 
O assumir o fato de ser o responsável pelo cuidado não é uma 
opção, porque em geral, o cuidador não toma a decisão de 
cuidar, mas esta se define na indisponibilidade de outros 
possíveis cuidadores para cuidar e, quanto mais o cuidador se 
155 
 
envolve, mais os não-cuidadores se desvencilham do cuidado 
(KARSCH, 1998). Assim percebemos que, uma vez assumindo, o 
cuidado dificilmente é transferível. 
A aceitação de ser cuidador se dá, geralmente, num processo 
que pode ser explicado como uma forma de “impulso” inicial e ou 
de slipping into it (escorregar para dentro) conforme Ungerson 
(1987), Lewis & Meredith (1988) apud MENDES (1995). Ou seja, 
em princípio, a pessoa, num ato espontâneo e impulsivo assume 
o cuidar ou, sem perceber, vai assumindo pequenos cuidados e 
quando percebe já é o cuidador principal, estando completamente 
comprometido. “É como se de um lado o cuidador escorregasse 
cada vez mais para dentro da situação e, de outro, os não - 
cuidadores deslizassem cada vez mais para fora dela” (KARSCH, 
1998, p.138). 
Categoria 2 : Sendo cuidador familiar de idoso doente no 
domicílio 
Sentimentos do cuidador: da gratidão a resignação 
Desempenhar a tarefa de cuidar do idoso doente e dependente 
no domicílio deflagra diferentes sentimentos que são vivenciados 
pelos cuidadores diariamente. Alguns entrevistados relatam que 
paraser cuidador é imprescindível ter algumas qualidades, que 
os possibilitem resistir ao cotidiano. Têm que se conformar, 
“agüentar” cuidar do idoso, pois não há o que fazer. Segundo 
eles, qualquer atitude, como abandonar a função, brigar com o 
idoso e os outros familiares, não mudará a situação de ser 
cuidador, nem a situação do idoso doente, pois este continuará 
dependente e possivelmente não haja outra pessoa para assumir 
o cuidado. Assim, não podendo abdicar de tais 
responsabilidades, acabam sentindo-se impotentes diante da 
situação e a aceitam como imutável, resignando-se às 
circunstâncias. 
 “Em cuidar eu me sinto bem, fazer o quê, estou junto, tenho 
que cuidar, tenho que agüentar”. (Sherra) 
[...] Ele está doente, tenho que cuidar. Paciência. E se não tem 
paciência, e daí?”(Sherra) 
Outra colaboradora ainda expressa a “raiva” como um sentimento 
passageiro, mas que se faz presente frente ao cuidar. Muitas 
vezes torna-se incomodada pela condição de ser cuidadora, de 
ter que cuidar de alguém doente, entretanto, afirma que o 
156 
 
sentimento é temporário, efêmero e que com o passar do tempo, 
na medida do possível, tudo volta ao “normal”. 
“Me dava raiva assim, mas depois que a raiva passava, daí 
(...)”. (Tempestade) 
“Bem, às vezes tem umas resmunguinhas ou outra, mas ela 
não aceita, às vezes a gente briga por causa de remédio dela e 
outras coisas, mas é coisinha, assim”. (Bat girl) 
O cotidiano do cuidado favorece o surgimento de sentimentos de 
insatisfação por parte do cuidador e a manifestação do seu 
descontentamento, entre outros motivos, pode produzir situações 
de conflito entre ele e o familiar. Refletir sobre estes 
desencontros desencadeia sentimentos ambíguos para ambos os 
lados. Ao cuidador o sentimento de compaixão pela dependência 
do idoso e de desagrado pelas limitações que lhe impõe a 
condição de cuidador. Ao familiar que está sendo cuidado, a 
indignação pela dependência e o reconhecimento pela ajuda 
recebida. Conforme KARSCH (1998), o cuidador não pode ficar 
pensando nos problemas de relacionamento que poderão surgir 
no decorrer do cuidado, mas este deve fazer o que tem que ser 
feito, porque, ao ficar preocupado, não cuida e nem muda a 
situação. 
Considerando as motivações que permeiam a tarefa de cuidar, 
evidencia-se no cuidado uma forma de agradecimento 
pelas experiências vividas e pelos cuidados e atenção recebidos 
no passado. A fala abaixo expressa esse sentimento. 
“Então eu acho que chegou a vez de eu retribuir o que ela fez 
por mim”. (Batman) 
“Eu tenho carinho por ela, ela me deu amor. Então agora tenho 
que cuidar dela, retribuir pra ela”. (Bat girl) 
Sentimentos de gratidão são perceptíveis, principalmente, nas 
relações em que os filhos são cuidadores dos pais. SILVA (1995) 
em sua pesquisa com cuidadoras de adultos dependentes, 
analisando a relação mães-filhas, conclui que as filhas ao 
assumirem os cuidados querem retribuir o que a mãe fez ao 
longo de suas vidas, especialmente no período em que 
dependiam dos pais para a sua manutenção. É como se fosse 
uma espécie de “retribuição” pelos esforços realizados pela mãe 
ao criá-las. 
Sentindo-se inexperiente frente à demanda de cuidados 
157 
 
O exercício de cuidar do idoso doente no domicílio é um 
aprendizado constante, baseado nas necessidades físicas e 
biológicas e de acordo com o nível de dependência do idoso. Na 
maioria das vezes se torna difícil, pela inexperiênciado cuidador, 
atender as demandas que vão surgindo no transcorrer do 
processo do cuidar e que necessitam ser aprendidas no 
enfrentamento do cotidiano. 
Atividades que parecem ser simples, para quem já as 
desenvolve, se tornam árduas para quem nunca precisou 
enfrentá-las. Assim, o cuidar, que inicialmente abrange atividades 
simples que se limitam a ajudar na realização de atividades da 
vida diária, como ajudar no vestir-se ou a servir de apoio para 
andar na rua, podem, gradativamente, ir se complexificando e 
exigindo do cuidador conhecimento e habilidades para o exercício 
do cuidar de acordo com as necessidades físicas do idoso. 
“Daí, eu tive que aprender como dar banho nela em cima da 
cama, eu tive que aprender como trocar de roupa nela, os 
cuidados que tinha que ter pra não dar aquelas feridas no 
corpo dela, tudo eu tive que aprender”. (Batman) 
“Eu tive que aprender a lidar com o oxigênio, com tudo, 
praticamente. Desde as pequenas coisas”. (Sherra) 
Com isso, o processo de tornar-se cuidador é gerado no 
enfrentamento diário, segundo Mendes (1995), aprendendo a 
lidar com as necessidades do idoso doente e muitas vezes, tendo 
que se adaptar a elas. Também, nesse sentido, GIRARDON-
PERLINI (2001, p.118) em um estudo com cuidadores familiares 
principais de pessoas incapacitadas em decorrência de AVC que 
cuidam no domicílio, identificou que a maioria dos cuidadores 
referiu ter “aprendido a cuidar na prática do dia – a – dia, como 
um autodidata, fazendo, errando e acertando e, em segundo 
lugar, observando e auxiliando a enfermagem durante a 
internação, o que reflete também um aprender por si mesmo”. 
Os cuidadores descrevem que tiveram que incorporar e 
desenvolver a cada dia uma nova gama de cuidados, adequando-
os às necessidades do idoso que, conforme a dependência vai se 
apresentando no transcurso da evolução de sua doença, o que 
torna o cotidiano cansativo e repetitivo. Referem que as noites 
são mal dormidas, geradas pela preocupação em saber se o 
158 
 
idoso está bem, pelo compromisso de administrar medicamentos 
nos horários corretos e pela repetição de tarefas. 
“Em casa tenho que cuidar de noite e dia, durmo um sono e me 
acordo, pra ir lá atender ele, ver se tá coberto, tapado, dar um 
remédio (...). E é isso (...). Acordar, levantar, tratar de 
esquentar uma água”. (Shena) 
“Eu fui cuidando ele, conforme as necessidades dele e cada 
vez mais, eu tive que ir fazendo as coisas pra ele, até chegar 
um ponto assim, que agora eu que dou banho, eu que tenho 
que ajudar ele a pôr na cadeira, às vezes nem na cadeira não 
dá pra ir, tem que colocar fralda, então, e (...)”. (Sherra) 
Outros colaboradores mencionaram que iniciaram os cuidados 
conforme as necessidades que o idoso doente apresentava, 
porém, com o passar do tempo, a dependência do mesmo foi 
aumentando e a sobrecarga de cuidados também, posto às 
exigências da evolução da doença. Percebemos que os 
cuidadores sentem-se sobrecarregados pela demanda de 
cuidados e, também, por terem que realizar tarefas que até então 
eram atividades pessoais do idoso, realizadas por eles próprios, 
como tomar banho e ir ao banheiro e que agora, com o avanço 
da patologia, tem de ser executada pelo cuidador. 
Ser cuidador de um idoso doente e dependente seja ele parcial 
ou total, no âmbito doméstico, como refere MENDES (1995), é 
uma atividade absorvente que preenche o dia, e às vezes, à noite 
da pessoa que assume cuidar deste familiar, pois o cotidiano é o 
espaço do imediato em que os indivíduos devem operar as 
atividades através do saber prático. 
As mudanças que se instalam na nova dinâmica de vida do 
cuidador estão, principalmente, relacionadas a re-acomodação 
das atividades, com reformulação de horários, preparação de 
uma alimentação, muitas vezes, diferenciada, administração de 
medicamentos, estabelecimento de uma rotina para exercícios e 
atividades de conforto que incluem efetuar a higiene pessoal, 
pentear o cabelo, escovar os dentes, cortar as unhas, fazer a 
toalete, vestir, despir, locomover de um lugar para outro, subir 
escadas, sentar, levantar, deitar, entre outras (MENDES, 1995; 
KARSCH, 1998). 
159 
 
Assim, ao cuidador familiar é apresentada a necessidade de 
incorporar a nova realidade ao seu cotidiano, muitas vezes árdua 
e desgastante, conforme o que o idoso doente apresenta, e 
conviver com ela. 
Sentindo cansaço físico eemocional 
Associado ao aprendizado constante do cuidar, posto o 
enfrentamento do cotidiano e a repetição de cuidados para com o 
idoso doente e dependente no âmbito domiciliar, surge, dentre os 
entrevistados, manifestações relacionados a cansaço físico e 
emocional. 
Cansaço emocional, conforme FREITAS et al. (2002), se 
caracteriza pela perda progressiva de energia, fadiga e 
esgotamento emocional. Reflete a situação em que os 
trabalhadores não podem dar de si no âmbito afetivo. Trata-se de 
uma diminuição da energia vital, assim como dos recursos 
emocionais. É uma experiência de desgaste psicológico 
ocasionado pela assistência cotidiana prestada a usuários que 
demandam ajuda. Já o cansaço físico pode ser entendido como 
fraqueza causada por exercício ou doença e ainda por atividades 
que exige esforço físico, agregado a repetição das mesmas 
(FERREIRA, 1999). 
O cuidar diariamente de alguém que apresenta dependência 
pode significar o desenvolvimento de atividades que envolvem 
esforço físico para a prestação de alguns cuidados e, também, 
estar atento à execução de determinados procedimentos que 
exigem concentração e planejamento antecipado do que será 
feito, afim da obtenção de resultados satisfatórios no cuidado que 
tem de ser realizado. Com o tempo vão surgindo características 
estressantes da atividade de cuidar, o desgaste físico e 
emocional dos cuidadores. 
“Que, a cabeça da gente é muita coisa né. É a mesma coisa 
que a senhora tivesse cansada demais, bem cansada, a 
senhora não dorme direito e essa canseira na cabeça da gente 
que vem de certo, essa amoaceira, essa canseira e a gente 
fica assim’’.( He-man) 
Como pode ser observado, as noites tornam-se mal dormidas e o 
acúmulo de preocupações, que envolvem a prática do cuidar 
fazem com que o cuidador fique “amoado” e sentindo-se “fraco 
160 
 
mentalmente”, referindo-se ao cansaço emocional causado pelo 
estresse da responsabilidade de cuidar diariamente do idoso 
doente. 
Postos às exigências do cuidar, os colaboradores deste estudo 
demonstraram que cuidar de um idoso doente no domicílio é uma 
tarefa cansativa, pois lhes ocupa muito tempo. Além das 
atividades que envolvem o cuidado ao idoso doente no domicílio, 
aliam-se a estes os afazeres domésticos que consomem outra 
parte do tempo, tendo, com isso, que organizar as ações de 
modo a conseguir dar conta da demanda de todos os trabalhos. 
“Canso, mas Deus o livre, estou cansada mesmo. A filha dele 
diz que está cansada e vai descansar, mas eu tenho que lavar 
roupa, limpar a casa, fazer a comida (...)”. (Shena) 
As atividades relacionadas ao lar, como aponta KARSCH (1998), 
estão inscritas nas necessidades de tarefas a serem 
desenvolvidas pelos cuidadores no dia-a-dia, sendo que isto 
imputa a eles uma jornada de trabalho que, muitas vezes, 
estende-se ao longo do dia e para a qual não contam com ajuda 
de outras pessoas. Conciliar as atividades domésticas com os 
cuidados pessoais e os cuidados ao idoso dependente exige 
habilidade na organização do tempo e da execução dos mesmos. 
Analisando cuidadoras – mulheres de adultos acometidos por 
AVC, SILVA (1995) constatou que a maioria das cuidadoras 
admite que sua vida mudou radicalmente após assumir esse 
papel, pois além das tarefas caseiras aumentarem, o idoso 
normalmente precisa ser auxiliado nos cuidados pessoais. O 
cansaço foi o sentimento mais comum entre as cuidadoras, e nos 
casos em que o paciente tinha incontinência urinária e/ou de 
fezes, essa situação era mais aguda, pois, na sua maioria, era 
somente a cuidadora que lidava com a troca de roupas. 
Também se referindo aos afazeres dos cuidadores, FREITAS et 
al. (2002) menciona que estes percebem o cuidar como um 
trabalho solitário e gerador de sobrecarga, principalmente de 
natureza física, que se expressa em cansaço, insônia e 
problemas de saúde. 
Percebe-se que em certas ocasiões os cuidadores se sentem 
esgotados, sem condições para cuidar, porém como o idoso não 
161 
 
pode se autocuidar nem, muitas vezes, colaborar nos cuidados, o 
cuidador tem de fazer as atividades, superando as próprias 
dificuldades e limitações. Diante do desgaste pessoal e da 
dependência do outro, chega a se questionar se o familiar 
realmente não consegue cooperar nos cuidados, surgindo dai um 
certo conflito interno e de culpa por estar em dúvida quanto a 
dependência do outro. Esta constatação pode ser reforçada com 
a afirmação de FREITAS et al. (2002) de que cuidar não é uma 
situação linear em que são vivenciados sempre os mesmos 
sentimentos e por isso existem conflitos e ambivalências. 
A gente diz que também não está, como é que a gente diz, 
assim, com muita vontade de fazer isso. Isso cansa, fico 
nervosa e até a gente não devia ficar, porque ele também não 
tem culpa, mas a gente pensa, será que ele está tanto assim 
que, não podia se ajudar um pouco”. (Sherra) 
Para SILVA (1995) o esgotamento físico e emocional relatado 
pelas cuidadoras, está associado a múltiplos fatores. Além das 
tarefas dos cuidados, sofrem pressão cotidiana decorrentes do 
próprio estado de saúde do doente, que gera a dependência 
física e emocional; da falta de ajuda de outros familiares; das 
dificuldades financeiras para a manutenção da própria família; da 
ausência de suporte formal por parte do Estado, como por 
exemplo, atendimento domiciliar médico, de enfermagem, de 
fisioterapia e medicamentos. Prestar cuidados a um idoso muitas 
vezes leva o cuidador a reestruturar sua vida, alterando 
costumes, rotinas, hábitos e até mesmo a natureza de sua 
relação com o idoso (NERI, 1993). 
As exigências no cuidar , de acordo com FREITAS et al. (2002), 
parecem ser mais fortes no início de cada nova atividade, porém 
o senso de sobrecarga pode se estabilizar ou diminuir ao longo 
do tempo, em virtude de uma variedade de processos que 
ocorrem na vida do cuidador, tais como aprender a desempenhar 
as tarefas, reorganizar-se de acordo com suas disponibilidade e 
com as demandas ou estabelecer novos níveis de adaptação 
para comportamentos e estados psicológicos. Além disso, a 
evolução da doença pode ocasionar mudanças no curso das 
exigências. 
Outro fator a contribuir no desgaste emocional dos cuidadores 
está relacionado às dificuldades financeiras. Diante da 
162 
 
impossibilidade de suprir todas as necessidades que o familiar 
necessita e que a doença exige, se sentem impotentes e tristes. 
“É, nessas condições, e de qualquer maneira, eu só me sinto 
triste às vezes, quando eu não posso alcançar o que ele 
precisa, que nem sempre eu posso fazer o que ele precisa, 
tanto financeiro como ... Mais o financeiro, que é difícil, porque 
ele, é uma doença que requer muito, só alimentação é muito 
cara e, às vezes tu tem dinheiro, às vezes não tem”. 
(Tempestade) 
“Quê, cuidar não é nada vizinha, pior são as dificuldades que a 
gente tem, por exemplo, pra comprar um remédio, as coisas 
financeiras e tal, paga isso, aquilo e a gente ganha pouco, 
dinheiro de aposentado já viu, é pouca coisa, duzentos pila, 
duzentos e poucos pila, então tudo isso vai acumulando, a 
gente vai indo”. (He-man) 
Quando comparam o ato de cuidar com os gastos para atender 
as necessidades dos idosos, ponderam que cuidar não é tão 
oneroso, pois o mais difícil é dar conta dos custos que a doença 
exige para suprir todas as carências do idoso. Como maioria dos 
participantes do estudo dependem dos valores recebidos como 
aposentados da previdência social, referem que o valor recebido 
pelos benefícios, às vezes, a única fonte de manutenção e 
sobrevivência, é insuficiente para atender as necessidades 
básicas do idoso doente e dependente. 
Assim, diante das limitações financeiras, buscam, primeiramente, 
suprir as necessidades do idoso, pois os gastos com a doença 
são ordem prioritária sendo que os gastos domésticos e pessoaispodem ser deixados em segundo plano. 
Cuidar sentindo a perda de liberdade e sendo solitário 
Os cuidadores deste estudo além de mencionar o cansaço físico 
e emocional como fatores desgastantes desencadeados durante 
o processo de cuidar referem, também, a necessidade de “abrir 
mão” de atividades que eram praticadas habitualmente, antes de 
se tornarem cuidadores familiares. Ser cuidador de um idoso 
doente na esfera domiciliar é, na maioria das vezes, ter que 
negligenciar sua própria vida ou parte dela. A prioridade, neste 
momento, é cuidar de seu familiar doente, realizar o que ele 
necessita abdicando de suas próprias vontades. 
163 
 
Um dos maiores obstáculos apontados enquanto vivenciam o 
processo de cuidar é a impossibilidade de sair de casa, passear, 
pois, de forma geral ficam atrelados à responsabilidade e a 
preocupação diária com a doença e cuidado do idoso. A pouca 
realização de atividades de lazer no cotidiano e a limitadas 
possibilidades de conversar com outras pessoas contribuem para 
o sentimento de solidão e de perda da liberdade. 
“Não tenho liberdade, faz anos que eu já não tenho mais a 
liberdade pra sair, assim passear, a senhora pensa, bá, capaz, 
saía ali, já tinha que estar em casa de volta. Gente doente em 
casa é uma coisa ou outra, chega uma pessoa a gente sempre 
com aquele cuidado, aquela coisa, aquela aflição parece dentro 
da gente”. (Heman) 
“Minha vida é sofrida, porque a gente fica assim sem poder 
sair, tem que ficar em casa isolada e se eu saio um pouquinho 
ela está chamando, ela está procurando, se eu vou sair eu 
tenho que falar bem com ela, explicar bem pra ela o que eu vou 
fazer”. (Mulher Maravilha) 
Como diz MENDES (1995), existe uma dinâmica no processo de 
cuidar que é uma relação tensionada onde os sujeitos envolvidos, 
cuidador e idoso dependente, constroem seus espaços 
respectivos, dentro dos limites dessa nova relação pessoal. 
Desse modo, os cuidadores também apontam que a perda da 
liberdade se desencadeia pelo vínculo e pela dependência que o 
idoso manifesta, ou seja, quanto mais o doente necessita de 
cuidados ou se sente sozinho, mais o cuidador tende a ficar 
“isolado” no domicílio para cuidar deste. 
Para cuidadoras de um estudo realizado por SILVA (1995), o 
sentir-se privado do contato nas relações com amigos e parentes 
é bastante visível, já que a possibilidade de sair de casa é cada 
vez mais escassa e as visitas são mais esporádicas. Este 
afastamento das pessoas faz com que as cuidadoras busquem 
alternativas para o seu próprio suporte emocional que substituem 
o diálogo com as pessoas, tais como: chorar, rezar ou isolar-se. 
Nesse sentido, MENDES (1995) considera que fatores 
psicossociais interferem na forma dos sentimentos dos 
cuidadores serem objetivados no cotidiano do cuidador e do 
164 
 
idoso, sendo comum à busca de valores religiosos como suporte 
para a aceitação deste cotidiano e dos sentimentos que afloram. 
Os colaboradores manifestaram, ainda, que as condições do 
idoso são fatores preponderantes na realização de atividades 
extra-domiciliares. Muitas vezes, para desenvolverem ações 
voltadas ao lazer, como sair à noite, ou visitar amigos, há 
necessidade do idoso estar bem, caso contrário, a atenção 
precisa estar constantemente voltada a este, e o cuidador tem 
que readequar seus planos. 
“Às vezes eu não realizo tudo que quero realizar. Às vezes 
quero sair à noite e não dá, porque tenho que pensar nela, 
então (...). Tudo depende de como ela está no dia, como ela 
levanta. Se está bem, ela pode ficar um pouco mais sozinha, 
senão não dá pra deixar. Tudo depende de como ela está”. 
(Bat girl) 
“Então eu digo, às vezes eu tenho vontade de sair, ir numa tia 
minha, mas não posso, num domingo, ir lá almoçar, mas não 
posso fazer o que quero, tenho que ficar cuidando da “vó”, ela 
não pode caminhar muito, então eu fico e é assim”. (Mulher 
gato) 
Cuidar de uma pessoa dependente faz com que o estilo de vida 
do cuidador seja modificado em função das necessidades do 
outro. Independente do fato do cuidador ser uma pessoa jovem 
ou idosa, suas atividades de recreação e convívio social acabam 
sendo alteradas e dando a este a sensação de não ter autonomia 
para gerenciar a própria vida e ter de viver em torno do outro. O 
indivíduo que necessita dos cuidados, por sua vez, “cobra” a 
presença do cuidador e nem sempre reage favoravelmente às 
ausências. 
Como bem explicita MENDES (1995), “a falta de liberdade e os 
momentos solitários vivenciados pelos cuidadores fazem com 
que o cuidador e o idoso se lancem numa relação de busca, 
querendo (re)montar, (re)fazer, (re)estabilizar uma vida cotidiana 
nos moldes anteriores, o que já não é mais possível pela 
demanda dos cuidados e pela dependência do idoso para com o 
cuidador”. O processo de reconstrução da vida do cuidador é 
conflitante, exige tempo para desenhar um novo cotidiano, novas 
articulações, novos personagens, novas identidades que nascem 
165 
 
de uma descontinuidade, mas mantém-se articuladas pela 
história de cada um (MENDES, 1995). 
Em meio à solidão de ficar inserida somente no meio domiciliar e 
não ter liberdade para realizar o que gosta, os participantes deste 
estudo apontaram que, mesmo com a preocupação de cuidar do 
idoso doente e isto ser um fator gerador de dificuldades no 
enfrentamento pessoal, procuram reorganizar suas atividades de 
rotina e de vida para se sentirem, além de úteis, felizes consigo 
mesmo. 
“E agora eu também então estou indo na ginástica ali, de 
quarta e sexta, é às duas horas e demora uma hora só. É tão 
pertinho, só que daí eu tenho que deixar ele fechado, ele fica 
sozinho, às vezes chega gente, não tem nem quem abra a 
porta, daí ficam batendo, é meio difícil, mas (...)”. (Sherra) 
“Agora eu estou mais assim, porque ele melhorou, assim mais 
feliz, ele melhorou, posso sair, vou no baile dos velhos, eu já 
tava com as pernas meio duras de não treinar as pernas, e 
agora dá pra eu ir, assim, às vezes”. (Shena) 
Diante da tentativa de readequação de suas vidas, os cuidadores 
principais ainda enfrentam dificuldades, pois na ausência de 
cuidadores secundários, muitas vezes, o idoso acaba por ficar 
sozinho no domicílio, enquanto realiza atividades fora de casa, 
situação esta que gera preocupação ao cuidador. 
Podemos deduzir que, com o passar do tempo, o cuidador pode 
redefinir e redesenhar seu papel em relação às tarefas do 
cotidiano e do cuidado, que mesmo sendo conturbado, permite a 
ele vislumbrar opções de lazer e descontração. Para não 
adoecer, é importante que o cuidador perceba que está vivo, que 
não está doente e precisa continuar a sua vida da melhor forma 
possível. 
A necessidade de mostrar ao cuidador a importância do 
desenvolvimento de atividades físicas e de lazer, de dedicar um 
tempo a si, para que possa manter sua saúde física e mental, foi 
apontado por PAVARINI et al. (2001). Esta necessidade está 
relacionada ao mal - estar e a frustração gerada pelas 
dificuldades para auto-cuidado, geralmente por falta de tempo, 
no caso dos cuidadores que, envolvidos no cuidado, muitas 
vezes, esquecem da sua própria vida. Por outro lado, os 
166 
 
cuidadores referem que a reorganização das atividades, a fim de 
se distraírem, acontece, mais facilmente, quando o idoso melhora 
seu estado clínico, de debilidade e dependência. 
Em uma reflexão mais abrangente e mais profunda, MENDES 
(1995), mostrou em sua pesquisa que o dia-a-dia do cuidador é 
radicalmente modificado pela doença. De acordo com esta 
pesquisadora, na relação de cuidar e ser cuidado, velhas 
relações pessoais são redefinidas, novas atividades, tanto de 
rotina como de vida e relações psico – sociais são introduzidas 
no seu cotidiano, e de certa forma, a doença põe em suspensão 
a vida cotidiana da família. Uma nova vida cotidiana se instalaaos poucos reitroduzindo algo do velho cotidiano, no novo." 
A Razão dos Direitos Humanos da Pessoa 
Idosa 
A Razão dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa 
Fonte: http://www.idoso.ms.gov.br/artigo.asp?id=76 
Núcleo de Informação do Idoso 
Governo Popular de Mato Grosso do Sul 
 
“Rugas no rosto moreno, ondas no lago sereno, vento repentino, 
ares de menino. Fugas de brigas de rua, luas e luas e luas, 
repentina paz, meu velho rapaz” (Gilberto Gil. O Mar e o Lago, 
1996, in Quanta). Durante a Segunda Assembléia Sobre 
Envelhecimento, em Madri, a ONU divulgou as projeções de uma 
revolução demográfica: o número de pessoas com mais de 60 
anos aumentaria de 600 milhões em 2000 para 2 bilhões em 
2050. Nos países em desenvolvimento, espera-se a 
quadruplicação de idosos no mesmo período. Para melhor 
enquadrar a questão, mister conceber a sociedade moderna, 
geometricamente, como retangular, em oposição à anterior e 
clássica forma piramidal; isto é dizer que em cada década de vida 
(0-9; 10-19 e assim por diante) há número equivalente de 
pessoas (Stuart-Hamilton, 2002). 
A busca responsável pelo equilíbrio entre tutela e autonomia, 
prerrogativas e privilégios, juventude e senilidade, direitos e 
deveres é um desafio jurídico, além de social e ético. A 
Declaração Política da ONU sobre o envelhecimento, produzida a 
partir daquele recente encontro em Madri, refere-se já em seu 
primeiro artigo à meta de promover o desenvolvimento de uma 
167 
 
sociedade para todas as idades e, naturalmente, a contribuição 
das legislações para a formação de um novo paradigma de 
convivialidade, diante desta nova ordem demográfica, não pode 
ser desprezada. Os Direitos Humanos, entendidos através de seu 
caráter universalizante, apreendidos como verdadeiro movimento 
de globalização íntima, no qual são contemplados e sacralizados 
apenas necessidades e interesses constantes – ainda que 
historicamente expansíveis –, porque próprios da humanidade, 
são a referência legítima à limitação do Poder, inclusive em plano 
internacional, e se prestam a nortear condutas neste diálogo 
intercultural e intergeracional. 
Tais Direitos básicos nascem dos fins humanos, sobretudo 
daqueles de maior significação. Do ciclo vital nascimento-
crescimento-reprodução-morte derivam todos eles, embora com 
variações aduzidas pelo tempo e pelo espaço. Pacificamente 
admitidos os direitos à vida, à igualdade, à alimentação, à 
liberdade (inclusive procriativa, a render, no entanto, ainda 
calorosos debates acerca, por exemplo, do aborto, da seleção 
gênica, etc.), impõe-se a nobilitação também do direito ao 
envelhecer. Assim estabelecidos os direitos, poder-se-ia pensar 
que o direito da pessoa idosa corresponde ao homem em 
abstrato, direito, portanto, “de primeira geração”. Entretanto, para 
que finalmente seja ultrapassada a era de direitos noctifloros, que 
surgem e desaparecem em um único período porque não lhes 
foram asseverados sobrevivência e respeito no corpo social, 
deve-se justificar estes valores na demonstração de que “são 
apoiados no consenso, o que significa que um valor tanto é mais 
fundado quanto mais é aceito” (BOBBIO, 1992, p.27). 
Isto equivale dizer que fundamentação e justificativa estão na 
imposição da realidade – envelhecida, discriminada. Neste 
raciocínio – de que reconhecimento e eventual proteção de 
direitos estão intimamente relacionados a um contexto social 
determinado –, crê-se que só foi possível cogitar Direitos de 
categorias (idosos, mulheres ou trabalhadores) ulteriormente a 
certas mudanças que ensejaram o aparecimento destas 
categorias. O direito, portanto, é antes social que natural, neste 
aspecto. Em nossa sociedade, a velhice difere de outras 
categorias etárias basicamente no que se refere a inúmeras 
perdas de relacionamentos afetivos (por afastamento ou por 
morte); profundas modificações familiares (com a ausência dos 
168 
 
próprios pais, quiçá do cônjuge, e o surgimento de novas famílias 
constituídas pelos filhos); dificuldades quanto ao mercado de 
trabalho ou opção por uma segunda carreira, especialmente sob 
um sistema coercitivo de aposentadoria e subemprego; batalha 
contínua contra doenças crônicas e debilidades orgânicas, 
proximidade da morte, ameaça à sexualidade, à inteligência e à 
integridade. (FRAIMAN, 1995, p.23). 
Em 1970, quando Simone de Beauvoir escreveu seu famoso 
ensaio sobre a velhice, não havia ainda, assim entendida, tal 
categoria de cidadãos seniores: Em política, o indivíduo conserva 
durante toda sua vida os mesmos direitos e deveres. O Código 
Civil não faz qualquer distinção entre um centenário e um 
quadragenário. Os juristas consideram que, fora os casos 
patológicos, a responsabilidade penal dos idosos é tão integral 
quanto a dos jovens. Os velhos não são considerados uma 
categoria á parte e, por outro lado, isto não lhes agradaria; 
existem livros, publicações, espetáculos, programas de tevê e de 
rádio destinados às crianças e aos adolescentes; aos velhos, 
não. (BEAUVOIR, 1990, p.9). Além do homem em abstrato, 
senhor dos direitos humanos de liberdade – os quais se 
consagraram como de “primeira geração” –, ganha então espaço 
o homem específico, diferenciado quer por sua idade, quer por 
seu sexo ou sua posição na cadeia de trabalho. 
O Direito do Idoso, dessa forma, está catalogado como direito 
social, junto a todos outros direitos chamados de “segunda 
geração”, que exigem ações – e não omissões – do Poder. 
Obviamente, são também direitos seus – à medida que não perde 
a humanidade genérica quando envelhece – a vida, a liberdade 
religiosa, a liberdade de expressão e demais direitos de liberdade 
negativa e igualdade, mas ao apresentar a condição diferenciada, 
de idoso, autorizado está a exigir do Estado políticas igualmente 
especiais que lhe concedam inclusive prerrogativas, privilégios. O 
envelhecimento é, assim, universal, tanto quanto a infância ou o 
nascimento. De acordo com a Organização Mundial de Saúde: 
Em nosso mundo de diversidade e de constantes mudanças, o 
processo de envelhecimento é uma das poucas coisas que nos 
unifica e nos define. 
Nós todos estamos envelhecendo e devemos celebrar este 
processo natural. Uma vez que os seres humanos precisam 
169 
 
envelhecer, este é um assunto que a todos interessa. Não há, 
contudo, homogeneidade entre os idosos - daí o mapeamento de 
suas necessidades especiais precisar observar tais 
dessemelhanças para ser efetivo – recordando, a todo tempo, 
que pecados podem ser omissivos ou comissivos e ambos 
podem ser intencionais; a desatenção às necessidades do idoso, 
igualando-o ao homem adulto em direitos e deveres, ou supondo 
que a garantia de um caixa preferencial no supermercado é 
elemento bastante a aplacar qualquer sofrimento, é o mesmo que 
enterrá-lo vivo, como faziam os dinkas do Sudão (BEAUVOIR, 
1990, p.53). 
A Aids na Terceira Idade na Perspectiva dos 
Idosos, Cuidadores e Profissionais de saúde 
A Aids na Terceira Idade na Perspectiva dos Idosos, 
Cuidadores e Profissionais de saúde 
 
http://www.aidscongress.net/article.php?id_comunicacao=294 
 
Para os Idosos da população em geral, as representações acerca 
da Aids na terceira idade são: 
Ancoradas em aspectos fisiológicos e psico-afetivos (externos) 
Prevenção é concebida como informação aos grupos de risco 
Risco de Contrair é associado à libertinagem, coragem de ter 
contato sexual sem prevenção e uso de drogas. 
Doença de jovem: a pessoa jovem tem a jovialidade (1) falta de 
cuidado, sobretudo a juventude (1) o adulto é mais aventureiro (5) 
a moçada quando encontra o rapaz primeira coisa que faz é se 
entregar a ele (1) é muito preocupante pra os adolescentes (10) o 
jovem é mais cheio de muitas fantasias (2) essa libertinagem que 
eles tem (1) é preciso alertar os jovens sobre o sexo (5) 
Impossibilidade: que as pessoasidosas que saem aos encontros 
com outras pessoas acho que aquela pessoa é tão... tem tanta 
coragem (1) o idoso é mais precavido (2) O idoso por si já é um 
170 
 
homem retraído (1) é muito difícil a gente achar na terceira idade 
(13) é tão difícil uma pessoa idosa ter relações sexuais completas 
(1) idoso não tem ligação com aidético, convivência, não tem 
sexo, nessa idade eu não quero nem saber (2) 
Observa-se, portanto, uma subestimação do potencial da 
infecção nas pessoas idosas e, 11consequentemente, uma 
vulnerabilidade não percebida, o que constitui em um desafio 
para uma mudança de concepção da doença para os idosos, que 
enxergam a contaminação como algo de grande dimensão, mas 
distante da sua faixa etária por ser o sexo a maior causa de 
transmissão. 
Para os Idosos Soropositivos a Aids é representada: 
- A Aids é vivenciada com constrangimento e associada com a 
promiscuidade. 
-O enfrentamento é dado pela religião. 
- Risco é associado ao sangue, beijo e usuários de droga, 
prostituição 
- A Aids é concebida como uma doença contagiosa e fatal, ainda 
associada às minorias, prevalecendo a crença de que as pessoas 
são responsáveis pela própria enfermidade. 
“Eu me senti até abestalhado. Aí eu falei: “como é que diabos eu 
fui buscar essa doença, onde? mas que diabo foi que eu fiz pra 
merecer isso?!”... Já fazia 12 ou 13 anos que eu tive relação com 
mulher de fora, sabe. Eu estava com essa doença sem saber. 
Cheguei aqui e foi descoberto essa doença... Sabia nada, sabia 
nada que diabo era isso não” (Suj6);“Eu disse: não, eu não 
acredito. Eu não acredito porque eu não saio com ninguém.” 
“Ave maria, é muito difícil. Porque o povo rejeita, né. Rejeita 
porque fala assim: um homem daquela idade com Aids.” (Suj 13) 
Na convivência com a Aids destacam-se os seguintes conteúdos: 
estigma e outras dificuldades decorrentes do contágio, referindo 
às questões de ordem particular e manifesto de desagrado frente 
às dificuldades materiais, sociais ou afetivas do dia-a-dia; 
incapacidade para o trabalho devido aos sintomas e seqüelas de 
171 
 
doenças atribuídas à Aids; dificuldades de reintegração social, na 
comunidade em geral e nos círculos mais íntimos e na família em 
particular; baixa auto-estima e a culpabilidade; conformismo 
diante da doença e da morte, decorrente da idade avançada, de 
crenças religiosas e da transferência do foco da preocupação 
com a morte para as questões mais concretas da sobrevivência. 
Em relação aos Cuidadores Domésticos foi observado: 
- Pouca participação da família na sobrevida do idoso 
soropositivo 
- Curta rede de apoio social 
- O medo do preconceito por parte dos entes queridos 
- A religião assume o papel confortador, que, diferentemente do 
esperado, não é atribuído à família. 
“...eu mesma assim pessoalmente num era pra ta cuidando dele 
não, porque ele é ex-marido meu. Nós somos separado há dez 
anos, mas ninguém quis cuidar, só eu mesmo assim...” (Sujeito 
1). 
Acho que depois de “véi” se pegar essa doença é pra morrer, 
porque existe muitos problemas, doença, né? (Suj. 4) 
“É porque assim a família dele fica muito distante. E ele nem tem 
contato com outras pessoas porque tem gente que não gosta de 
fazer favor pra ninguém, só gosta de fazer favor por dinheiro, né 
isso? Enfim, a gente se dá muito bem...” (Suj. 3). 
A difícil tarefa de encontrar a amostra revela um indício da pouca 
participação da família na sobrevida do idoso soropositivo 
corroborado pelos discursos dos próprios pacientes que acabam 
por levantar questões como a curta rede de apoio social, visto 
que muitos optam por não contar à família seu estado de 
soropositividade; o enfrentamento dos pacientes através da 
religião, sendo a “fé” e “Deus” termos freqüentes nos discursos 
analisados; e finalmente o medo do preconceito por parte dos 
entes queridos. Tais resultados sugerem que a religião assume o 
papel confortador, que, diferentemente do esperado, não é 
atribuído à família. 
172 
 
No discurso dos Profissionais de Saúde destacou-se: 
- Associação a temáticas negativas, como decepção, preconceito 
e dificuldades 
- Via de infecção: procedimentos médicos, tais como transfusões 
de sangue, e práticas sexuais promíscuas. 
- Solicitação do teste anti-HIV é solicitado somente mediante 
sintomatologia característica da doença 
Aids: “Se os dias deles já estariam contados, imagina tendo 
AIDS” (Odontóloga 1, 24 anos). “Eu vejo como um terror (...) é 
uma decepção” (Médica, geriatra, 55 anos). “Eu vejo muito 
complicado” (Enfermeira 1, 65 anos). 
Risco:“...promiscuidade, de mudança de parceiro, de infidelidade” 
(Médica, geriatra, 55 anos). “...através de alguma relação ilícita” 
(Odontóloga 4, 58 anos). “...procura na rua o que não tem dentro 
de casa” (Odontóloga 2, 51 anos). “(...) drogas é um negócio tão 
distante deles” (Fisioterapeuta 6, gerontólogo, 29 anos). “A maior 
probabilidade de o idoso se contaminar com a aids, seria meio de 
internamentos em hospitais, através de transfusões, porque ele 
não corre tanto risco como os jovens, que está exposto as 
drogas, a toda variedade de sexualidade que ele pratica, só isso 
mesmo” (Odontólogo 5, 57 anos). 
Solicitação Exame: “Eu não solicito porque, não sei. Eu nunca 
solicitei. A não ser algumas vezes que ela desconfia de alguma 
coisa do companheiro e me pede para eu solicitar. Porque eu sou 
muito assim a favor do que o Ministério da Saúde preconiza né. 
Então ele nunca me orientou a solicitar na rotina” (Médica, 
geriatra, 55 anos). 
Evidenciam-se nestes discursos, concepções associadas a 
estigmas e preconceitos, igualando o conhecimento científico ao 
senso comum, podendo interferir em suas práticas de 
atendimento. 
Entre as representações dos Coordenadores dos Grupos de 
Convivência destacam-se: 
173 
 
- Aids:as mais jovens associam a Aids à necessidade de 
cuidado,enquanto as mais velhas ao sofrimento e grupo de risco. 
- A prevenção é colocada como responsabilidade da Saúde 
Pública. 
“...muitos idosos que estão agora indo em busca de amores...o 
número em homens é maior...” (Assistente Social, 53 anos) “o 
idoso que gosta de sair, procurar pra sair e satisfazer seus 
desejos não usam uma prevenção, não conhece a parceira e traz 
essa doença pra sua própria esposa”... (Psicóloga, 48 anos) “a 
maior vulnerabilidade é com relação ao parceiro...se confia 
plenamente, acredita que ele jamais vai pular a cerca...de repente 
pega e transmite para sua companheira”... (Professora, 38 anos) 
“Eu não tenho bem assim aquele conhecimento como é que você 
pode, eu acho que o risco é no beijo, no assento, no toalete, no 
exame”... (Educadora física, 47 anos;“a falta de informação, o 
pior é isso”... (Professora aposentada, 67 anos). “é por transfusão 
de sangue...(Assistente social, 53 anos), “eu acho que é na 
intervenção cirúrgica e na transfusão de sangue”... (Professora 
aposentada, 72 anos),(“é através de alguma injeção 
sabe”...(Psicóloga, 49 anos) 
Se por um lado, há satisfação no desenvolvimento de sua 
atividade, por outro lado, observam-se um distanciamento em 
relação à Aids, dificuldade de lidar com o assunto junto aos 
idosos e também no âmbito pessoal, chegando a negação da 
doença junto à população da terceira idade. 
Estes resultados demonstram que os idosos que se deparam 
com a doença tendem ao isolamento, escondendo o diagnóstico 
da família, dos vizinhos, no ambiente de trabalho. Não dispõem 
de grupos de auto-ajuda ou ambulatórios especializados em lidar 
com a complexa situação de envelhecer com Aids. O medo da 
discriminação é tão grande que, muitas vezes, o preconceito 
brota de dentro para fora e os impede de dividir suas angústias. 
O diagnóstico tardio é uma das principais razões de morte 
precoce e as interações do coquetel com outros medicamentos já 
utilizadospelos idosos produzem reações indesejáveis. Com a 
imunidade enfraquecida, podem morrer em decorrência de 
qualquer resfriado banal. 
174 
 
Aumentanto o Grau de Segurança no 
Ambiente da Pessoa Idosa 
Aumentanto o Grau de Segurança no Ambiente da Pessoa 
Idosa 
 
Juliana V. S Zinni Flávia Aparecida Pussi 
VII Congresso Internacional da UNICASTELO 31 de Outubro de 
2003 
Profa Dra Kelly Rafael Ribeiro Coqueiro 
 
34.1. MOBÍLIA 
 
Obstruir passagem: arrumar os móveis de forma que os 
caminhos não fiquem obstruídos; evitar corredores atravancados 
ajuda a mobilidade de pessoas com visão periférica 
comprometida; Cadeiras, mesas instáveis precisam ser 
suficientemente estáveis para suportar o peso da pessoa apoiada 
sobre as bordas de mesa ou encosto e braços das cadeiras, 
pessoas com comprometimento de equilíbrio usam a mobília 
como apoio. 
 
34.2. COZINHA 
 
Gabinetes Prateleiras muito altas: manter os itens usados 
freqüentemente ao nível da cintura; Instalar prateleiras e armários 
a uma altura acessível reduz o risco de cair por causa de tentar 
alcançar ou subir em escadas ou cadeiras instáveis. 
Registro de gás botão difícil de ver, assinalar claramente as 
posições “ligado” e “desligado” nos botões. 
175 
 
Pernas de cadeira mau estado Evitar cadeiras com rodas; 
consertar pernas frouxas cadeiras resistentes e estáveis não 
escorregam durante a transferência. 
Mesa Bambas, instáveis: Instalar mesa com pernas resistentes 
de boa altura; evitar mesa sobre tripés ou pedestais; Pessoas 
com comprometimento da marcha freqüentemente usam a mesa 
como apoio. 
 
 
34.3. BANHEIRO 
 
Banheira com fundo escorregadio: Instalar faixas antiderrapantes 
ou capacho de borracha; usar chinelos para chuveiro ou cadeiras 
para banho, evita escorregar na banheira molhada. 
Suporte de toalha e topo da pia instáveis para uso como suporte 
ao transferir do vaso sanitário, fixar grades de apoio em pinos na 
parede próximo ao vaso sanitário ajuda a transferência para os 
vaso sanitário e dele para outro local. 
Assento sanitário muito baixo: Usar acento sanitário elevado 
ajuda a transferência para o vaso sanitário e para fora dele; 
Drogas rotuladas inadequadamente: Rotular todas as drogas de 
acordo com a necessidade de uso interno ou externo; manter 
uma lupa dentro ou próximo ao gabinete; Porta / Fechadura: 
 Evitar fechaduras nas portas do banheiro ou usar apenas as que 
podem ser abertas dos dois lados da porta, Permite o acesso de 
outras pessoas no caso de ocorrer uma queda. 
 
34.4. ILUMINAÇÃO 
 
Instalar iluminação adequada no topo e na base da escada; luzes 
noturnas ou faixas adesivas coloridas podem ser usadas para 
assinalar claramente os degraus Define a localização dos 
176 
 
degraus, especialmente para pessoas com comprometimento de 
visão ou da percepção 
 Aspectos Clínicos da Demência Senil em 
Instituições Asilares 
Aspectos clínicos da demência senil em instituições 
asilares 
 Milton Luiz Gorzoni; Sueli Luciano Pires 
 
Aspectos clínicos do dementado asilado 
 
Infecções 
 
Idosos asilados freqüentemente são hospitalizados, favorecendo 
contato com flora bacteriana intra-hospitalar resistente a 
antibióticos. O ambiente confinado das instituições asilares facilita 
a disseminação desse tipo de bactérias a outros internados. 
Diante disso, deve-se colher culturas, com antibiograma, para 
melhor caracterização da flora bacteriana intra-asilar ou criar 
procedimentos semelhantes aos das comissões de controle de 
infecção intra-hospitalar. Devido à gravidade das doenças 
existentes e do grau de dependência física e mental em que se 
encontram, institucionalizados estão propensos a apresentar 
infecções, principalmente no tegumento cutâneo, trato urinário e 
aparelho respiratório. Aconselha-se a promoção de cuidados 
preventivos para infecções nesses três locais (Yoshikawa, 1989; 
Bentley et al., 2001; Yoshikawa, 2002; Villas-Boas e Ruiz, 2004; 
Boockvar et al., 2005; Ramroth et al., 2005). 
O envelhecimento da pele provoca alterações, principalmente em 
áreas expostas à radiação solar, que a torna mais fina, seca e 
propensa para a formação de hematomas e soluções de 
continuidade, notadamente em antebraços e mãos. Recomenda-
se o uso regular de sabonetes e cremes hidratantes nesses 
locais, como prevenção de lesões, que muitas vezes são 
interpretadas por familiares como sinais de abuso e maus tratos. 
Dementados apresentam, com freqüência, quadros 
comportamentais que podem gerar traumas e lesões cutâneas 
com infecções secundárias. Essas lesões devem ser avaliadas e, 
se necessário, receberem não apenas tratamento local, como 
177 
 
sistêmico. Igualmente é comum o encontro de doenças 
coadjuvantes à demência senil que provoquem estase e/ou 
lesões venosas em membros inferiores e favoreçam a formação 
de erisipelas ou de tromboflebites associadas. Essas 
circunstâncias exigem cuidados locais e o uso de 
antibioticoterapia sistêmica, muitas vezes de forma profilática. 
Constante é a observação da ocorrência de posições semifetais 
em estágios avançados da demência senil. Isso favorece a 
formação ou o encontro à admissão asilar de úlceras de pressão. 
Cuidados locais com as preexistentes ou medidas como 
mudança periódica de posições viciosas que as favoreçam, 
podem impedir circunstâncias de sofrimento e reduzir o risco de 
bacteremias e sepse, nesses asilados. Recomenda-se ainda a 
vacinação antitetânica, devido ao fato de que as lesões 
tegumentares, descritas acima, serem potenciais portas de 
entrada para o Clostridium tetani (Yoshikawa, 1989; Webster, 
2001; Yoshikawa, 2002; Strausbaugh et al., 2003; Laube, 2004; 
Theodosa, 2004). 
Infecções respiratórias disseminam-se facilmente em 
comunidades fechadas, como as instituições asilares. Pode-se 
minimizar esse risco com o emprego regular de vacinas 
antipneumocócicas e antiinfluenzas, tanto em asilados, como no 
corpo de funcionários do local. Ocorre, porém, que demências em 
estágio final associam-se constantemente a broncopneumonias 
aspirativas recorrentes. Essa relação decorre de quadros de 
imobilismo crônico e do uso de sondas e cateteres. O agente 
causador é, habitualmente, a flora bacteriana mista (agentes 
Gram-negativos, anaeróbios e estafilococos), muitas vezes 
multirresistente a antibióticos usuais. Geram-se, assim, 
circunstâncias propícias à sepse e à morte desses dementados. 
Estima-se que, enquanto idosos sem demência senil apresentem 
incidência de aproximadamente 90% de sobrevida após 180 dias 
da hospitalização por pneumonia, dementados em estado 
avançado têm a sobrevida reduzida para algo em torno de 50% 
após o mesmo período (Morrison e Siu, 2000; Bentley et al., 
2001; Van der Steen et al., 2002; Yoshikawa, 2002; Strausbaugh 
et al., 2003; Bardenheier et al., 2004; Furman et al., 2004; 
Boockvar et al., 2005; Janssens, 2005). 
Deve-se ainda observar que o diagnóstico de tuberculose em 
idosos, dementados ou não, é pouco lembrado. Freqüente em 
178 
 
comunidades fechadas como asilos, tem-se observado aumento 
no número de casos nessa faixa etária e maior mortalidade 
devido ao percentual de casos diagnosticados em estágios mais 
avançados da doença (Chaimowicz, 2001; Ijaz et al., 2002; 
Strausbaugh et al., 2003). 
 
Desnutrição 
 
Deficiências nutricionais, permanente ou transitoriamente, 
ocorrem entre 30% a 80% dos idosos asilados. Doenças crônicas 
e/ou graves alteram as necessidades orgânicas de proteínas e de 
calorias e podem estar acompanhadas de inapetência, 
provocadas por elas mesmas ou devido a medicamentos e por 
barreiras à alimentação, como ausência de auxílio para oferecer 
as refeições, falta de dentes, dieta de consistência ruim para a 
deglutição ou monótona ao paladar. Revisão da necessidade de 
fármacos, como antiinflamatóriosnão-hormonais e digitálicos 
soluciona ou minimiza, em muitos casos, quadros de anorexia. 
Avaliações odontológicas, fonoaudiológicas e nutricionais 
periódicas contribuem para a prevenção da desnutrição. Indica-se 
o uso de sondas enterais, quando outras medidas, citadas 
anteriormente, não forem eficazes ou o paciente não apresente 
condições de ser alimentado por via oral e esteja desenvolvendo 
quadro de desnutrição progressiva (Kamel et al., 2000; Sullivan, 
2000; Alibhai et al., 2005). 
Quadros depressivos, nem sempre de fácil diagnóstico quando 
associados à demência senil, podem, em muitos asilados, 
justificar baixa ingesta alimentar. O mesmo ocorre em 
dementados com outros distúrbios comportamentais, como 
agitação e irritabilidade. Períodos de perambulação e/ou de 
extrema atividade física associam aumento do consumo 
energético à baixa oferta calórica nessas alterações 
comportamentais. A perda de peso aumenta com a gravidade e a 
progressão da demência senil, particularmente na doença de 
Alzheimer, servindo como preditora de mortalidade para esses 
casos (Berkhout et al., 1998; White et al., 1998; Forlenza, 2000; 
White et al., 2004). 
179 
 
 
Incontinência urinária 
 
Causa freqüente de asilamento e de alta prevalência em idosos 
institucionalizados, apresenta significativa associação com 
quadros demenciais. Estima-se que esta prevalência chegue, aos 
85 anos de idade, em torno de 43% nas mulheres e de 24% nos 
homens. O percentual aproxima-se a 84% quando são analisados 
apenas octogenários asilados. Incontinência urinária pode 
provocar ou agravar insuficiência renal, infecções urinárias, litíase 
renal, hematúria, lesões cutâneas, quedas e fraturas. A 
mortalidade, mesmo em idosos vivendo em comunidade e com 
graus graves de incontinência urinária, é de mais de 50% em 
aproximadamente 3,5 anos de evolução do quadro (Hellstorm et 
al., 1990; Nakanishi et al., 1999; Sthothers e Fenster, 2002; 
Durrant e Snape, 2003). 
Nem sempre irreversível, deve-se estar atento a fatores 
controláveis como delírio, medicamentos tipo diuréticos ou 
hipnóticos, atrofia vulvar, fecaloma e diabetes melito. Aconselha-
se também a avaliação do local onde se encontra o idoso 
incontinente, para que sejam retirados obstáculos que dificultem 
sua ida com facilidade ao sanitário. Observa-se ainda e com 
freqüência incontinência urinária associada a quadros como 
parkinsonismo ou demência com corpúsculos difusos de Lewy, 
seqüelas de acidentes vasculares cerebrais ou demências 
vasculares e hidrocefalia de pressão liquórica normal ou 
intermitente, situações que, em muitos casos, são passíveis de 
tratamento e/ou processos de reabilitação miccional (Fowler, 
1999; Sthothers e Fenster, 2002; Durrant e Snape, 2003). 
 
35.4. Distúrbios do comportamento 
 
Percentuais entre 40% e 90% de dementados asilados 
apresentam períodos de depressão, psicose, agressividade ou 
delírio. Torna-se, assim, comum a prescrição de psicofármacos, 
com as reações adversas e complicações inerentes ao seu uso. 
180 
 
Embora não se relacione ao enfoque principal do presente artigo, 
a referência a que esses distúrbios são passíveis de tratamento 
não necessariamente medicamentoso. Deve-se considerar essa 
opção pela necessidade de mais estudos controlados sobre o uso 
de psicofármacos em distúrbios comportamentais em 
dementados (Gorzoni, 1995; Forlenza, 2000; MacDonald et al., 
2002; Tamai, 2002; Cummings, 2004). 
 
35.5. Imobilidade 
 
Quadros demenciais em estágios mais avançados e 
psicofármacos são causas significativas de imobilidade em 
asilados. Circunstâncias que provocam dor, incontinência 
urinária, distúrbios da força muscular, alterações do equilíbrio e 
rigidez articular contribuem para sua instalação e progressão. 
Equipes de reabilitação e de enfermagem adequadamente 
motivadas e treinadas para a detecção de quadros de imobilidade 
podem, com boas chances de sucesso, reduzir sua freqüência e 
impedir quadros decorrentes, como úlceras de pressão e eventos 
tromboembólicos (MacLennae et al., 1987; Campbell et al., 1990; 
Berkout et al., 1998; Gordon et al., 1999; Carvalho e Coutinho, 
2002; Durrant e Snape, 2003; Toulotte et al., 2003). 
 Cartilha do Idoso 
Cartilha do Idoso 
 
 
 
181 
 
 
 
 
Apresentação 
"A família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao 
idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação 
na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito 
à vida" (Lei 8.842/94 - Política Nacional do Idoso, artigo 3º, inciso 
I) 
A PRODIDE - Promotoria de Justiça de Defesa do Idoso e do 
Portador de Deficiência, órgão integrante do Ministério Público do 
Distrito Federal e Territórios, oferece ao público a presente 
Cartilha do Idoso que tem como objetivo divulgar os direitos da 
pessoa idosa e, sobretudo, ressaltar a responsabilidade do Poder 
Público, da família e da sociedade em geral no cumprimento das 
diretrizes da Política Nacional do Idoso, na esperança de 
alcançarmos sua eficácia. 
 
Introdução 
O progresso da medicina e o avanço tecnológico trouxeram para 
a sociedade moderna a possibilidade de maior expectativa de 
vida. Para o brasileiro, que há poucas décadas convivia com uma 
média de expectativa de vida de até 40 anos, o avanço da 
medicina alterou a realidade nacional, elevando essa média para 
70 anos. Isso significa dizer que, associado ao fato de que o 
índice de natalidade brasileiro vem se reduzindo, a população 
brasileira está ficando mais velha. 
182 
 
Os idosos já representam cerca de 9% de nossa população. No 
Distrito Federal representam 5% da população, ou seja, mais de 
100 mil pessoas. A tendência é que, em futuro próximo, o número 
de idosos seja equivalente ao de jovens. Diante dessa realidade, 
governo, sociedade e família precisam promover uma ampla 
conscientização e priorizar a instalação de políticas de 
reeducação social em relação à pessoa idosa. É fundamental que 
se criem mecanismos para uma saudável convivência com a 
velhice, garantindo a dignidade como um bem legitimamente 
reconhecido a qualquer ser humano e o respeito aos seus direitos 
não como algo próprio de minoria a ser protegida, mas como 
verdadeira regra de convívio de gerações. 
Na implementação dessa política, dentre as atribuições 
vinculadas ao Estado, o Ministério Público possui a missão 
constitucional de garantir os direitos da pessoa idosa. O 
Ministério Público criou a PRODIDE Promotoria de Justiça de 
Defesa dos Direitos do Idoso e Portadores de Deficiência, com o 
propósito de cuidar dos direitos coletivos e individuais 
indisponíveis da pessoa idosa. 
Daí a iniciativa desta cartilha destinada a divulgar as leis 
direcionadas aos idosos e mostrar o papel de cada um agente - 
governo, sociedade, família e o próprio idoso - na efetivação das 
garantias previstas na legislação, especialmente na Lei n° 8.842, 
de 1994, que instituiu a Política Nacional do Idoso. 
 
Papel do estado, da sociedade e da família em relação ao 
idoso 
 
Papel do Estado 
 
O Estado, ou seja, todos os órgãos públicos da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios têm a obrigação de 
assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua 
participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-
estar e o direito à vida. 
183 
 
Atente-se para os seguintes princípios, diretrizes e obrigações do 
Estado tratados pela Política Nacional do Idoso: 
- Não discriminação de qualquer natureza ao idoso; 
- Integração do idoso com os mais jovens, pois o processo de 
envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser 
objeto de conhecimento e informação para todos; 
- Participação do idoso na formulação, implementação e 
avaliação das políticas, planos, programas e projetos a serem 
desenvolvidos;- Priorização do atendimento ao idoso por meio de sua própria 
família, em detrimento do atendimento asilar, à exceção dos 
idosos sem condições que garantam sua própria sobrevivência; 
- Capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de 
geriatria e gerontologia e na prestação de serviços; 
- Implementação de sistema de informações que permita a 
divulgação da política, dos serviços oferecidos, dos planos, 
programas e projetos em cada nível de governo; 
- Estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação 
de informações de caráter educativo sobre os aspectos 
biopsicossociais do envelhecimento; 
- Garantia de atendimento prioritário ao idoso nos órgãos públicos 
e privados prestadores de serviços à população; 
- Vedação da permanência de portadores de doenças que 
necessitem de assistência médica ou de enfermagem 
permanente em instituições asilares de caráter social. 
 
Na área da Assistência Social 
 
Assistência Social é o amparo às pessoas necessitadas, sem que 
estas precisem contribuir financeiramente para receber os 
benefícios. Constitui obrigação do Estado fazer com que os 
184 
 
idosos caminhem com as próprias forças, mediante os seguintes 
princípios: 
- Prestação de serviços e desenvolvimento de ações voltadas 
para o atendimento das necessidades básicas do idoso, mediante 
a participação da família, da sociedade e de entidades 
governamentais e não-governamentais; 
- Prestação de atendimento, em regime de internato asilar, ao 
idoso sem vínculo familiar, abandonado ou sem condições de 
prover a própria subsistência, de modo a satisfazer as suas 
necessidades de moradia, alimentação, saúde e convivência 
social; 
- Criação de Centros de Convivência: locais destinados à 
permanência diurna do idoso, onde são desenvolvidas atividades 
físicas, laborativas, recreativas, culturais, associativas e de 
educação para a cidadania; 
- Criação de Centros de Cuidados Diurno: Hospital-Dia e Centro-
Dia - locais destinados à permanência diurna do idoso 
dependente ou que possua deficiência temporária e necessite de 
assistência médica ou de assistência multiprofissional; 
- Criação de Casas-Lares: residências, em sistema participativo, 
cedidas por instituições públicas ou privadas, destinadas a idosos 
detentores de renda insuficiente para sua manutenção e sem 
família; 
- Criação de Oficinas Abrigadas de Trabalho: locais destinados 
ao desenvolvimento de atividades produtivas para o idoso, 
proporcionando-lhe oportunidade de elevar sua renda, sendo 
regidas por normas específicas; 
- Atendimento domiciliar: serviço prestado ao idoso que vive só e 
seja dependente, a fim de suprir as suas necessidades da vida 
diária. Esse serviço é prestado em seu próprio lar por 
profissionais da área de saúde ou por pessoas da própria 
comunidade; 
- Pagamento do benefício de prestação continuada de um salário-
mínimo mensal ao idoso, com idade igual ou superior a 67 anos, 
185 
 
que não tenha condições de se manter ou de ser mantido pela 
família. 
 
Na área da Saúde 
 
Saúde não é apenas a ausência de doenças, e sim o estado de 
completo bem-estar físico, mental e espiritual do homem. "A 
saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido 
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do 
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e 
igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e 
recuperação" - artigo 196 da Constituição Federal. 
São obrigações dos órgãos de saúde: 
- Garantir ao idoso a assistência à saúde, nos diversos níveis do 
Sistema Único de Saúde, mediante programas e medidas 
profiláticas, além de prioridade no atendimento; 
- Incluir a Geriatria como especialidade clínica, para efeito de 
concursos públicos federais, estaduais, municipais, e do Distrito 
Federal; 
- Fornecer medicamentos, órteses e próteses necessários à 
recuperação e reabilitação da saúde do idoso; 
- Estimular a participação do idoso nas diversas instâncias de 
controle social do Sistema Único de Saúde; 
- Desenvolver política de prevenção para que a população 
envelheça mantendo um bom estado de saúde; 
- Estimular a permanência do idoso na comunidade, junto à 
família, desempenhando papel social ativo, com a autonomia e 
independência que lhe for própria; 
- Estimular a criação, na rede de serviços do Sistema Único de 
Saúde, de Unidades de Cuidados Diurnos (Hospital-Dia, Centro-
Dia), de atendimento domiciliar e outros serviços alternativos para 
o idoso; 
186 
 
- Garantir, no Distrito Federal, cartão facilitador de saúde para o 
idoso, com o objetivo de tornar mais fácil o atendimento na rede 
do SUS. 
 
Na área da Educação 
 
A educação é direito de todos e dever do Estado, o qual deve se 
encarregar de adequar currículos, metodologias e material 
didático aos programas educacionais destinados ao idoso. Veja 
algumas obrigações da área de educação: 
- Inserir nos currículos mínimos, nos diversos níveis do ensino 
formal, conteúdos voltados para o processo de envelhecimento, 
de forma a eliminar preconceitos e a produzir conhecimentos 
sobre o assunto; 
- Incluir a Gerontologia e a Geriatria como disciplinas curriculares 
nos cursos superiores; 
- Desenvolver programas educativos, especialmente nos meios 
de comunicação, a fim de informar a população sobre o processo 
de envelhecimento; 
- Desenvolver programas que adotem modalidades de ensino a 
distância, adequados às condições do idoso; 
- Criar universidade aberta para a terceira idade, como meio de 
universalizar o acesso às diferentes formas do saber, bem como 
estimular e apoiar a admissão do idoso na universidade, 
propiciando a integração intergeracional. 
 
Na área de Trabalho e Previdência 
 
- Garantir mecanismos que impeçam a discriminação do idoso 
quanto à sua participação no mercado de trabalho; 
187 
 
- Atender prioritariamente o idoso em via de aposentadoria e 
prestar-lhe esclarecimentos sobre os seus direitos 
previdenciários, bem como os meios de exercê-los; 
- Criar e manter programas de preparação para aposentadorias, 
por meio de assessoramento às entidades de classes, 
instituições de natureza social, empresas e órgãos públicos, por 
intermédio das suas respectivas unidades de recursos humanos; 
- Prestar atendimento preferencial nas áreas do Seguro Social, 
visando à habilitação e à manutenção dos benefícios, exame 
médico pericial, inscrição de beneficiários, serviço social e 
setores de informações; 
- Prestar atendimento, preferencial nas áreas da arrecadação e 
fiscalização, visando à prestação de informações e ao cálculo de 
contribuições individuais; manter programas de preparação para 
aposentadorias; 
- Encaminhar ao Programa de Reabilitação do INSS o idoso 
aposentado, exceto por invalidez, que retornar ao trabalho nas 
atividades abrangidas pelo Regime Geral de Previdência Social, 
quando acidentado no trabalho. 
 
 
Nas áreas de Habitação e Urbanismo 
 
Nos programas habitacionais devem ser observados os seguintes 
critérios: 
- Identificação, na população-alvo destes programas, da 
população idosa e suas necessidades habitacionais; 
- Alternativas habitacionais adequadas à população idosa 
identificada; 
- Previsão de equipamentos urbanos de uso público que atendam 
às necessidades da população idosa; 
188 
 
- Estabelecimento de diretrizes para que os projetos eliminem 
barreiras arquitetônicas e urbanas e utilizem tipologias 
habitacionais adequadas à população idosa identificada; 
- Criar mecanismos que induzam à eliminação de barreiras 
arquitetônicas para o idoso, em equipamentos urbanos de uso 
público; 
- Garantia, no Distrito Federal, de isenção de IPTU e TLP para 
imóveis de até 120 m2, ocupados por maiores de 65 anos que 
ganhem até doissalários-mínimos; 
- Garantia, no Distrito Federal, de fornecimento de recursos para 
a construção, junto à moradia da família do idoso, de cômodo que 
lhe sirva de habitação independente. 
Viabilizar linhas de crédito visando ao acesso a moradias para o 
idoso, junto: 
- Às entidades de crédito habitacional; 
- Aos Governos Estaduais e do Distrito Federal; 
- A outras entidades públicas ou privadas relacionadas com os 
investimentos habitacionais. 
 
Nas áreas da Justiça e da Segurança Pública 
 
- Zelar pela aplicação das normas sobre o idoso determinando 
ações para evitar abusos e lesões a seus direitos; 
- Garantir tramitação prioritária de processos judiciais que 
envolvam idosos com idade igual ou superior a 65 anos; 
- Garantir atendimento prioritário e especializado nos órgãos de 
segurança pública, especialmente nas delegacias de polícia; 
- Comunicar às autoridades competentes qualquer abuso contra 
idoso de que se tenha conhecimento em qualquer atuação 
profissional; 
189 
 
- Tratar com respeito o idoso vítima de crimes, dando imediata 
atenção a seus reclamos e apurando com rigor os delitos ainda 
que sejam considerados de menor potencial ofensivo ou 
praticados no seio familiar, onde a violência é corriqueira e 
dissimulada. 
“TODO CIDADÃO TEM O DEVER DE DENUNCIAR À 
AUTORIDADE COMPETENTE QUALQUER FORMA DE 
NEGLIGÊNCIA OU DESRESPEITO AO IDOSO." 
 
Nas áreas de Cultura, Esporte e Lazer 
 
É incentivando e criando programas de esportes, lazer e 
atividades culturais, que vamos proporcionar melhor qualidade de 
vida ao idoso, garantindo a sua integração social. São obrigações 
dessas áreas: 
- Garantir ao idoso a participação no processo de produção, 
reelaboração e fruição dos bens culturais; 
- Propiciar ao idoso o acesso aos locais e eventos culturais, 
mediante preços reduzidos; 
- É garantido, no Distrito Federal, ao idoso com mais de 60 anos 
acesso gratuito no Jardim Botânico e Parques Públicos; 
- Valorizar o registro da memória e a transmissão de informações 
e habilidades do idoso aos mais jovens, como meio de garantir a 
continuidade e a identidade cultural; 
- Incentivar os movimentos de idosos a desenvolver atividades 
culturais; destinar, nos programas habitacionais, unidades em 
regime de comodato ao idoso, na modalidade de casas-lares; 
- Incluir nos programas de assistência ao idoso formas de 
melhoria de condições de habitabilidade e adaptação de moradia, 
considerando seu estado físico e sua independência de 
locomoção; 
190 
 
- Elaborar critérios que garantam o acesso da pessoa idosa à 
habitação popular; diminuir barreiras arquitetônicas e urbanas. 
 
Obrigações da área Financeira 
 
Fazer incluir nos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e Municípios recursos financeiros necessários à 
implantação das ações previstas na Política Nacional do Idoso. 
 
Na área de Transportes 
 
A Lei Distrital nº 2.477/99 que garante a reserva de vagas para 
idosos nos estacionamentos públicos e privados, já foi 
devidamente regulamentada. Assim, aquele que tiver mais de 65 
anos, for proprietário e condutor do veículo, pode estacionar nas 
vagas reservadas, se estiver portando o selo do DETRAN, o selo 
é distribuído gratuitamente pelo DETRAN. É só requerer. 
A Constituição Federal determina a gratuidade dos transportes 
coletivos urbanos aos maiores de 65 anos, bastando a sua 
carteira de identidade para usufruir esse benefício. O idoso tem 
direito à reserva de assentos nos veículos de transporte coletivo. 
Não pode haver nenhum embaraço para que o idoso usufrua o 
direito de gratuidade no transporte. Qualquer discriminação será 
punida criminalmente e pode gerar indenização por danos 
morais. 
 
Papel da Sociedade 
 
A sociedade também é responsável pela eficácia da Política 
Nacional do Idoso. As pessoas devem respeitar os direitos do 
idoso, independentemente das ações do Governo. É necessário 
que a sociedade não se acomode. A qualquer evidência de 
191 
 
abusos contra idosos, cada um de nós deve cobrar dos 
responsáveis, particulares ou agentes públicos, imediatas 
providências para evitá-los ou coibir sua ocorrência. 
 
Como devem agir as empresas 
 
O idoso é um cliente como qualquer outro cidadão, um 
consumidor que gera lucro para a empresa. Assim, oferecer ao 
idoso o tratamento adequado à sua condição é, antes de mero 
cumprimento da lei, fundamental para os interesses das 
empresas. 
 
Dicas úteis para melhorar o atendimento dos idosos 
 
- O idoso tem direito ao atendimento preferencial. Atendimento 
preferencial não significa necessariamente a criação de guichês 
exclusivos, mas atendimento mais rápido e oferta de condições 
de conforto, tais como existência de assentos para eventual 
espera e facilidade de acesso aos prédios e banheiros; 
- O idoso não pode ser discriminado, qualquer que seja sua 
idade, no ato de adquirir mercadorias, abrir contas-correntes ou 
fazer financiamentos; 
- Para o bom atendimento, as pessoas que lidam com o público 
devem ser devidamente treinadas e orientadas a respeito dos 
direitos do idoso, de modo a não causar-lhe nenhuma forma de 
constrangimento; 
- Motoristas e cobradores de transportes coletivos devem atender 
os idosos com a urbanidade e o respeito devidos a qualquer 
cidadão e não discriminá-los em função da gratuidade a que têm 
direito, até porque um dia eles também serão idosos e poderão 
necessitar dos serviços de transportes. 
 
192 
 
As entidades que desenvolvem programas de asilo 
deverão adotar os seguintes princípios, de acordo com o 
estatuto do idoso 
 
- Preservação dos vínculos familiares; 
- Atendimento personalizado e em pequenos grupos; 
- Manutenção do idoso na mesma instituição, salvo em caso de 
força maior; 
- Participação do idoso nas atividades comunitárias, de caráter 
interno e externo; 
- Observância dos direitos e garantias dos idosos; 
- Preservação da identidade e oferecimento de ambiente de 
respeito ao idoso; 
- Prestar contas, com a devida publicidade, dos recursos públicos 
e privados recebidos pela entidade. 
 
O dirigente da entidade asilar será responsável por 
qualquer irregularidade apurada no atendimento ao idoso. 
Constituem-se ainda obrigações das entidades asilares: 
 
- Fornecer vestuário e alimentação suficientes aos idosos 
atendidos; 
- Oferecer acomodações apropriadas para visitas; 
- Proporcionar cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e 
farmacêuticos; 
- Promover atividades educacionais, esportivas, culturais e de 
lazer; 
- Propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de 
acordo com suas crenças; 
193 
 
- Comunicar às autoridades competentes a ocorrência de 
moléstias infecto-contagiosas; 
- Providenciar a obtenção dos documentos necessários ao 
exercício da cidadania àqueles que não os possuírem; 
- Fornecer comprovante de depósito dos pertences dos idosos; 
- Zelar pela preservação dos bens do idoso, respeitando a 
vontade deste em relação aos seus pertences; 
- Manter arquivo de anotações onde constem data e 
circunstâncias do atendimento, nome do idoso, responsável, 
parentes, endereços, cidade, relação de seus pertences e demais 
dados que possibilitem sua identificação e a individualização do 
atendimento; 
- Comunicar às autoridades competentes qualquer abuso contra 
idoso, especialmente o abandono por parte de familiares. A 
atribuição de fiscalizar as entidades asilares cabe ao Conselho do 
Idoso, ao Ministério Público, a órgãos de saúde pública e a outros 
previstos em lei. 
 
Papel da família 
 
I - Dever de assistência: 
Os filhos também são obrigados a ajudar na manutenção dos 
pais necessitados, conforme o previsto no artigo 399 do Código 
Civil, em seu parágrafoúnico: 
"No caso de pais que, na velhice, carência ou enfermidade, 
ficaram sem condições de prover seu próprio sustento, 
principalmente quando se despojaram de bens em favor da prole, 
cabe, sem perda de tempo e até em caráter provisional, aos filhos 
maiores e capazes, o dever de ajudá-los e ampará-los, com a 
obrigação irrenunciável de assisti-los e alimentá-los até o final de 
suas vidas". 
194 
 
A pessoa idosa que necessite dos alimentos deve requerê-los na 
Justiça, por meio de advogado ou da Defensoria Pública. 
Outra forma que a pessoa idosa dispõe é procurar a PRODIDE 
para um possível acordo com os filhos a fim de que estes 
cumpram sua obrigação de prestar assistência aos pais. Esse 
acordo é referendado pelo Ministério Público e tem o 
mesmo valor de uma decisão judicial. Considerando que prestar 
alimentos aos ascendentes é um dever, há pena para quem: 
"Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou 
de filho menor de 18 anos ou inapto para o trabalho, ou de 
ascendente inválido ou valetudinário, não lhes proporcionando os 
recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão 
alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, 
sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente 
gravemente enfermo: Pena - detenção de 1 a 4 anos e multa". 
Trata-se do crime de Abandono Material (art. 244 do Código 
Penal). 
II - Administração de bens. 
A pessoa idosa, não importando a idade, tem o direito de 
administrar seus próprios bens enquanto não for interditada 
judicialmente. Quem administrar bens de pessoa idosa, a pedido 
desta, deve estar ciente de que é crime apropriar-se, 
indevidamente, total ou parcialmente, desses bens. 
III - Incapacidade. 
A pessoa é completamente capaz para os atos da vida civil, a 
partir de 21 (vinte um anos), sem limite de idade, mesmo que se 
encontre abrigada em qualquer instituição. Quando se verificar 
que a pessoa, principalmente idosa, não tem condições de 
manifestar a sua vontade por qualquer razão física ou mental, é 
necessário que se promova a interdição. 
A interdição deve ser requerida ao Juiz, por meio de advogado, 
pelos parentes. Quando não houver parentes ou estes forem 
incapazes ou não se interessarem, a interdição será promovida 
pelo Ministério Público por meio das Promotorias de Justiça de 
Família, existentes em todas as cidades do Distrito Federal. Ao 
final do processo, o Juiz nomeará curador que será inteiramente 
responsável pela pessoa interditada. 
195 
 
Nos casos de comprovada incapacidade do idoso apenas para 
gerir seus bens, o Juiz nomeará curador especial exclusivamente 
com essa função. Neste caso, o idoso continua com capacidade 
plena para os demais atos da vida civil. Muitos parentes, mesmo 
diante da incapacidade do idoso, continuam a administrar seus 
bens por procuração. Isso não é correto e pode gerar prejuízos 
para o idoso e sérios transtornos penais e civis para o 
procurador. 
 
Papel do Idoso 
 
Participação e defesa de direitos. O idoso, pessoalmente, ou por 
meio de associações, deve impor sua presença dentro da 
sociedade. Nunca deve sentir-se inferior ou incapaz diante das 
pessoas mais jovens. Sempre que sofrer abusos e sentir que 
seus direitos não estão sendo respeitados, deve levar o problema 
às autoridades competentes mesmo que o desrespeito seja 
praticado por familiares. Quando sentir necessidade de passar 
procuração para alguém cuidar de seus interesses, deve escolher 
com bastante critério e exigir que a pessoa escolhida preste 
contas periodicamente. Se o procurador ou procuradora não 
estiver cumprindo corretamente sua missão, basta procurar o 
cartório onde a procuração foi passada e revogá-la. Não fornecer 
cartão bancário ou senhas para ninguém. Em qualquer 
circunstância, nunca permitir que o cartão bancário seja retido por 
outra pessoa em garantia de pagamento de dívidas ou de 
contribuição para a entidade em que estiver abrigado. 
 
A quem denunciar abusos 
 
O idoso ou qualquer pessoa deve denunciar abusos aos orgãos 
competentes, dentre as quais o Ministério Público, o Conselho do 
Idoso, as Delegacias de Polícia e mesmo o PROCON, quando se 
tratar de abusos contra o consumidor. 
 
196 
 
O papel do Ministério Público 
 
Instrumentos de atuação 
Cabe ao Ministério Público velar pelos direitos da pessoa idosa. 
No Distrito Federal, por meio da PRODIDE, o Ministério Público 
atua investigando qualquer notícia de desrespeito ou violação dos 
direitos do idoso, desde que se trate de direitos coletivos como, 
por exemplo, o direito de preferência no atendimento; ou se trate 
de direitos individuais indisponíveis, como o direito a alimentos. 
Quando o direito reclamado pelo idoso é individual e disponível, 
ou seja, quando ele pode abrir mão desse direito, a PRODIDE 
não pode atuar, devendo a pessoa interessada procurar um 
advogado, a Defensoria Pública ou outros órgãos responsáveis 
pelo direito reclamado. No caso de reclamação contra órgão 
federal, como é o caso do INSS, a PRODIDE não pode atuar. 
Nesses casos, se for direito coletivo ou individual indisponível 
deve procurar o Ministério Público Federal. Na hipótese de 
reclamações envolvendo direito coletivo do trabalho, o órgão que 
pode atuar é o Ministério Público do Trabalho. Nas situações 
individuais, pode-se reclamar diretamente na Justiça do Trabalho 
ou nas Delegacias Regionais do Trabalho. Todo cidadão tem o 
dever de denunciar qualquer forma de negligência ou desrespeito 
ao idoso. Para tanto basta procurar a secretaria da PRODIDE, 
que funciona no 1º andar do Edifício Sede do MPDFT, na Praça 
do Buriti, e fazer a reclamação mesmo que verbalmente. 
 
Bibliografia/Links Recomendados 
Bibliografia/Links Recomendados 
 
 Estudos Interdisciplinares do Envelhecimento. Porto Alegre, 
v.1, p. 77-89, 1999. 
 Scharfstein, Eloísa Adler. A construção da identidade social 
de uma pessoa idosa através do discurso. 
 Moreira, Marilda Maria da Silva. Trabalho, qualidade de vida 
e envelhecimento. 
197 
 
 Hall, Stuart. A Identidade em Questão. 
 MERCADANTE, E. Aspectos antropológicos do 
envelhecimento. In: PAPALÉO NETTO, M. Gerontologia. São 
Paulo: Atheneu, 1996. p. 73-76. 
 FLECK, J.S., KRAEMER, W.J. Fundamentos do 
Treinamento de Força Muscular. Editora Artmed, 2ª Edição, São 
Paulo. 1997. 
 BEST-MARTINI, E., BOTENHAGEN-DIGENOVA, K.A. 
Exercise for Frail Elders. Human Kinetics, United States of 
America. 2003. 
 Exercise for Older Adults: ACE’s (American Council on 
Exercise) Guide for fitness professionals. Human Kinetics, United 
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 Exercise: A Guide from the National Institute of Aging. 
Publication Number NIH 99-4258. 
 ROSE, D.J. Fall Proof: A Comprehensive Balance and 
Mobility Training Program. Human Kinetics, United States of 
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Nutrição para idosos 
Introdução 
 
A população idosa no Brasil cresceu mais de 200% nos 
últimos 20 anos. Este crescimento é decorrente da melhoria 
das condições de saneamento, alimentação, educação e 
assistência à saúde, que refletem o desenvolvimento sócio-
econômico das últimas quatro décadas. 
Por outro lado, esta população demanda atenção e serviços 
específicos. No caso da saúde, busca-se qualidade de vida por 
meio da promoção da saúde e da prevenção de doenças de 
maior ocorrência nesta faixa etária. 
Envelhecer é um processo que atinge o corpo todo. Cada 
órgão, independentemente, reduz aos poucos sua função e o 
corpo se torna senil. Envelhecer é um processo que começa 
204 
 
com o nascimento e termina com a morte. Durante o período 
de crescimento, processos de construção dos tecidos 
sobrepõem-se às alterações degenerativas. Quando o corpo 
atinge a maturidade fisiológica, a mudança degenerativa se 
torna maior do que a taxa de regeneração celular, resultando 
em uma perda de células, que leva à diminuição da função 
orgânica. 
Alterações fisiológicas importantes na nutrição do idoso 
No envelhecimento ocorre perda sensorial com diminuição da 
sensibilidade do paladar, do olfato, do tato, da audição, da 
visão e da função motora. Conseqüentemente, há redução das 
secreções salivares, gástricas e pancreáticas, ricas em 
enzimas. Paralelamente também há redução do metabolismo, 
o que implica em menor ingestão de alimentos, de modo que a 
quantidade produzida de enzimas, ainda que diminuída, é 
suficiente para atender às necessidades orgânicas do idoso. 
Todavia, estas alterações podem levar à menor ingestão de 
alimentos como resultado da redução do apetite, do 
reconhecimento do alimento e da habilidade em se alimentar, 
podendo comprometer a nutrição do organismo. 
 
Por outro lado, com a redução da sensibilidade dos órgãos do 
sentido, também há risco de ingestão aumentada de 
205 
 
determinadas substâncias nocivas à saúde, como excesso de 
sal, açúcares, gordura e, até mesmo, substâncias químicas 
normalmente detectadas pelos sentidos. 
O idoso também está mais sujeito às deficiências nutricionais 
devido à agudização de determinadas doenças e/ou à 
debilidade em se alimentar, ocasionando risco de deficiência 
de certos nutrientes, como: vitamina B12, ácido fólico, ferro, 
vitamina A e vitamina C. Por outro lado, a manutenção da 
mesma quantidade de alimentos, usualmente ingerida na vida 
adulta, pode levar ao sobrepeso ou obesidade. 
Pode haver também diminuição da tolerância à glicose, 
associada ao processo de envelhecimento, levando à 
deficiência da produção de insulina, o que implica na 
preferência de uma dieta com carboidratos complexos. Há 
diminuição do teor da enzima lactase, o que limita a ingestão 
de laticínios. 
No envelhecimento, há alteração do metabolismo de cálcio e 
vitamina D, acelerando a perda óssea e contribuindo para o 
desenvolvimento da osteoporose. 
Ocorre redução da função renal, levando à necessidade de 
redução de proteínas. Pode haver constipação pela redução 
de ingestão de líquidos e fibras, além do sedentarismo. 
Cuidados na alimentação do idoso 
O idoso, de um modo geral, necessita menos calorias do que o 
adulto, isto significa que para manter o peso na faixa de 
normalidade é necessário reduzir a quantidade total de 
alimentos ingeridos. 
Na prática, a dieta do idoso difere muito pouco da do adulto. 
Todavia, é necessário atentar para a consistência, pois muitas 
vezes o idoso tem problemas de mastigação e deglutição, 
206 
 
apresentando dificuldade para digerir alimentos mais duros e 
secos. 
Recomenda-se 5 a 6 refeições diárias, pequenos volumes e 
variação de alimentos. 
O alimento, além da função de nutrição, fornece prazer e 
conforto, devendo ter boa apresentação e tempero adequado. 
 
Plano alimentar básico 
alimentos porções exemplos 
tamanho da 
porção 
energéticos 2 a 4 
pão 1 francês 
arroz cozido, 
macarrão 
cozido 
1 xícara** 
purê de batata 1/2 xícara 
batata cozida 1 média 
biscoito água e 
sal 
6 unidades 
aveia 1/4 xícara 
hortaliças 2 a 3 
verduras cruas 1 xícara 
legumes crus 1/2 xícara 
verduras 
cozidas 
1 xícara 
207 
 
legumes 
cozidos 
1 xícara 
frutas 2 a 3 
frutas frescas 
1 xícara ou 1 
média 
suco natural de 
frutas 
1/2 xícara 
laticínios 1 a 2 
leite, coalhada, 
iogurte 
1 xícara 
queijo 2 fatias 
leguminosas 1 a 2** 
feijão, lentilha, 
ervilha-seca, 
grão-de-bico, 
soja cozidos 
1/2 xícara 
oleaginosas 1 a 2** 
amendoim, 
castanha, 
nozes 
1/4 xícara 
carne 1 a 2 
carne (boi, 
frango, peixe, 
porco e 
derivados) 
1 bife médio ou 
4 pedaços 
pequenos 
ovos 1 a 2 ovos (galinha) 2 unidades 
 
* 2 a 3 para homens 
** xícara = 250 mL (1 copo de requeijão) 
 
 
208 
 
Dia Alimentar 
quantidade mínima máxima 
Desjejum 
1/2 pão com 
manteiga 
1 xícara de leite com 
café 
1 pão com manteiga 
2 fatias de queijo 
1 xícara de chá 
1 xícara de mamão 
Colação 1 laranja 1 banana 
Almoço 
1 xícara de salada 
de agrião 
1/2 xícara de arroz 
1/4 de xícara de 
feijão 
1 filé de pescada 
grelhado 
1 xícara de salada de 
tomate 
1 xícara de arroz 
1/2 xícara de feijão 
2 ovos cozidos 
Lanche 1 maçã 
1 xícara de leite 
1 pedaço de bolo 
Jantar (sopa) 
1/2 xícara de 
macarrão 
1 xícara de abóbora 
1/4 xícara de lentilha 
1 batata média 
1/2 xícara de cenoura 
1 xícara de ervilha 
seca 
1/2 xícara de vagem 
Ceia 
3 biscoitos de água e 
sal 
1 xícara de chá 
1 mexirica 
 
209 
 
 
Glossário 
 
DOENÇAS ESPECÍFICAS 
Anemia: a anemia nutricional ocorre principalmente por falta 
de ferro, ácido fólico e vitamina B12. 
Câncer: doença degenerativa que debilita o organismo como 
um todo, podendo levar à morte. 
Desnutrição: doença relacionada com a baixa ingestão de 
alimentos ou de certos nutrientes 
Diabete mellitus: pode ocorrer pela deficiência de produção 
de insulina (tipo I) ou pela dificuldade da insulina em 
atravessar a barreira celular devido à obesidade (tipo II) 
dislipidemias: caracteriza-se pelo teor elevado de triglicerídes 
ou colesterol no sangue, contribuindo para o aumento do risco 
de doenças cardiovasculares. 
Hipertensão arterial: caracteriza-se pelo aumento da pressão 
arterial, com níveis diastólitco acima de 90 mmHg e/ou 
sistólico acima de 140 mmHg. 
Obesidade: doença relacionada com o excesso de alimentos; 
excesso de peso; excesso de tecido adiposo. 
Os teoporose: é uma doença caracterizada pela perda da 
densidade óssea até o ponto de risco de fratura, pois o 
esqueleto, mais frágil e quebradiço, encontra-se incapaz de 
suportar cargas comuns. 
 
 
210 
 
 VITAMINA B12 
A vitamina B12 (cobalamina, cianocobalamina)participa na 
síntese de células novas, auxilia na manutenção das células 
nervosas. Fonte: vísceras, carnes, pescado, leite, queijos, 
ovos. A deficiência leva à anemia (chamada perniciosa), língua 
lisa (glossite), fadiga, hipersensibilidade da pele, degeneração 
do sistema nervoso periférico, paralisia. 
 
ÁCIDO FÓLICO 
O ácido fólico (folacina, folato, ácido pteroglutâmico) participa 
na síntese de ácidos nucleicos (DNA). Fonte: ervilha seca, 
feijão, espinafre, beterraba, brócoli, alface, couve-flor. Tanto a 
deficiência como o excesso pode causar anemia, diarréia, 
obstipação, comprometimento do sistema imunológico 
(infecções freqüentes), língua lisa e vermelha, depressão, 
confusão mental, fadiga. 
 
 
FERRO 
O ferro classifica-se em heme (origem animal) e não-heme 
(origem vegetal). O organismo absorve-se cerca de 23% do 
ferro-heme e 5% do não heme. Fontes de ferro: fígado (1mg), 
carnes vermelhas (0,6mg) e peixe (0,6mg). Os alimentos 
vegetais (ferro não-heme) não podem ser considerados fonte 
de ferro, embora sua absorção possa ser otimizada em até 
50% na presença de ácido ascórbico e proteínas de origem 
animal. Uma concha de feijão fornece 0,2mg de ferro. Obs.: os 
números entre parenteses se referem à quantidade de ferro 
biodisponível por porção de alimento consumido. A deficiência 
causa anemia, com fadiga, fraqueza, descoramento, 
211 
 
respiração difícil. O excesso causa náusea, vômito, diarréia, 
taquiquardia, tontura, confusão. 
 
VITAMINA A 
A vitamina A (retinol, retinal, ácido retinóico, beta-caroteno 
como precursor) é importante para o crescimento e 
desenvolvimento, saúde da pele, do osso, da visão e do 
sistema imunológico. Fonte: fígado, abóbora, batata doce, 
cenoura, espinafre, manga, mamão, brocoli, melancia, alface. 
A deficiência causa alteração no formato dos ossos, cessação 
do crescimento ósseo, dores nas juntas, cegueira noturna, 
tecida dos olhos seco e escamoso, degeneração da córnea, 
pele seca e escamosa, anemia, comprometimento do sistema 
imunológico. O excesso: descalcificação, dores nas juntas, dor 
de cabeça, perda de hemoglobina e potássio, suspensão da 
menstruação, pele seca, rachadura nos lábios, perda de 
cabelo, náusea, vômito, dores abdominais. 
 
VITAMINA C 
A vitamina C (ácido ascórbico) tem função antioxidante, 
participa na síntese de colágeno (importante para a 
cicatrização), no metabolismo dos aminoácidos, 
funcionamento dos osteoblastos (células dos ossos), na 
absorção do ferro. Fonte: camu-camu, acerola, mamão, 
laranja, cajú, limão, morango, manga, melancia, salsinha, 
tomate, aspargos, brocoli, couveflor. A deficiência leva à 
depressão do sistema imunológico, inflamação das gengivas, 
perda de dentes, degeneração muscular, depressão, 
fragilidade dos ossos, dor nas juntas, comprometimento da 
pele, anemia. O excesso causa náusea, aumento do 
movimento intestinal, diarréia, dor de cabeça, fadiga, insônia. 
212 
 
 
CARBOIDRATOS COMPLEXOS 
Os carboidratos são compostos orgânicos à base de carbono, 
hidrogênio e oxigênio. São conhecidos como nutrientes 
energéticos, dividem-se em simples (açúcares) e complexos 
(amidos). Exemplos de alimentos fonte de carboidratos 
complexos: cereais (arroz, trigo, milho, aveia, etc.) e derivados, 
feculentos (batata, cará, inhame, etc.) e derivados. Os 
açúcares, mel, melado, refrigerantes fornecem carboidratos 
simples. 
 
LATICÍNIOS 
 
São ricos em proteínas e cálcio. Exemplos: leite, queijos, 
iogurtes, coalhada. 
 
CÁLCIO 
É importante na construção dos ossos e dentes; manutenção 
dos ossos; contração muscular; manutenção das membranas 
das células; coagulação do sangue; absorção da vitamina B2; 
ativação de enzimas. Fonte: leite e derivados (iogurtes e 
queijos), peixes enlatados com os ossos (sardinha, salmão), 
mandioca, mostarda em folha, salsinha, brócolis, feijão. A 
deficiência causa raquitismo nas crianças, osteoporose e 
maior risco de fraturas nos adultos. O excesso: tontura, 
213 
 
letargia, redução da absorção de ferro, zinco e manganês; 
acúmulo de cálcio nos tecidos do organismo. 
 
VITAMINA D 
A vitamina D (calciferol, colecalciferol) é importante para a 
saúde dos ossos. Fonte: leite integral, gema de ovo, fígado. 
Necessita da luz solar para ativar os precursores ao nível da 
pele. A deficiência causa problemas na calcificação dos ossos, 
desmineralização, dores. O excesso leva à perda de apetite, 
dor de cabeça, fraqueza, fadiga, irritabilidade, apatia, dano 
renal irreversível, pedra nos rins (aumento das concentrações 
de cálcio e fósforo), calcificação de tecidos moles (vasos 
sangüíneos, rins, coração, pulmão), morte. 
 
PROTEÍNAS 
São compostos orgânicos, que fornecem aminoácidos para o 
organismo. Podem ser de origem animal (latícinios, carnes e 
ovos) e vegetal (leguminosas e oleaginosas) 
 
 
FIBRAS 
São carboidratos não digeríveis pelo organismo humano, 
importante para o funcionamento intestinal, controle dos níveis 
séricos de colesterol e glicose. A principal fonte na dieta 
brasileira é o feijão. 
 
FAIXA DE NORMALIDADE 
214 
 
IMC entre 22 e 27 kg/m
2
 
 
ENERGÉTICOS 
São alimentos ricos em calorias. Na dieta brasileira, os mais 
importantes são os cereais (arroz, trigo, milho, aveia), os 
feculentos (batata, cará, inhame, mandioca, mandioquinha) e 
seus derivados. O feijão, embora do grupo dos alimentos 
construtores, pelo seu alto teor de proteínas, também é um 
alimento energético importante na nossa dieta. 
 
HORTALIÇAS 
 
Dividem-se em verduras e legumes. São ricas em vitaminas, 
minerais e fibras. 
 
VERDURAS 
São as hortaliças na forma de folhas. Exemplos: alface, agrião, 
almeirão, acelga, escarola, mostarda, rúcula. 
 
 
215 
 
LEGUMES 
Fazem parte das hortaliças. Exemplos: tomate, beterraba, 
cenoura, rabanete, chuchu, abobrinha, abóbora. 
 
FRUTAS 
 
São ricas em vitaminas, minerais e fibras. 
 
LEGUMINOSAS 
 
São alimentos ricos em proteínas e energia. São as vagens 
secas. Exemplos: feijões, ervilha seca, lentilha, grão-de-bico, 
soja. 
 
OLEAGINOSAS 
São alimentos ricos em proteínas e calorias pelo alto teor de 
lipídios. Exemplos: amendoim, castanhas, nozes, coco. 
 
216 
 
CARNES 
 
São alimentos ricos em proteínas e ferro. 
São provenientes de animais mamíferos (boi, porco, carneiro, 
cabrito, etc.), aves (frango, peru, etc.), pescados (peixes, frutos 
do mar) e seus derivados. 
 
OVOS 
 
São ricos em proteínas, vitamina B12, B2, ácida fólica e 
vitamina A. Embora tenham alto teor de colesterol não 
oferecem risco de hipercolesterolemia, pois apresentam quase 
o dobro de ácidos graxos insaturados em relação aos 
saturados. Os mais utilizados são os de galinha e codorna. 
 
CAFEÍNA 
A cafeína é uma substância alcalóide, conhecido como 
xantina, que provoca algumas reações específicas no 
organismo humano. O café é a principal fonte de cafeína (90 
217 
 
mg por xícara de café), mas outras bebidas também oferecem 
grande quantidade desta substância, como é o caso dos chás 
(34 mg por xícara de chá) e das bebidas aromatizadas com 
cola - Coca-Cola, Pepsi-Cola e outras colas (27 mg por copo 
de 250 ml). 
 
 
Conclusão 
 
O envelhecimento é marcado pela progressiva perda de 
massa magra corporal e aumento do tecido adiposo, assim 
como mudanças na maior parte dos sistemas fisiológicos, 
tendo como conseqüência a redução do metabolismo. Estas 
mudanças têm sido objeto de estudo, e até de especulação, na 
busca de maior longevidadee de um envelhecimento 
saudável. Todavia, a boa nutrição e a atividade física têm sido 
os carros chefes desta busca. 
 
Bibliografia 
Fontes desta pesquisa: 
 
Bases Biológicas do Envelhecimento - por Maria Edwiges 
Hoffmann 
Entre a Memória e uma Vaga Lembrança - por Fábio Reynol 
de Carvalho 
Andropausa e Reposição Hormonal Masculina - por Rodrigo 
Mattos dos Santos 
A Senilidade dos Cinco Sentidos - por Eduardo Melani Rocha 
218 
 
Envelheça com Saúde - por Erly Catarina de Moura 
Cuidar do Idoso Doente: Aprendizado de Vida - por Liliane 
Castelões Gama 
O Cuidado de Enfermagem com o Idoso - por Semiramis 
Melani Rocha 
Profissional de Enfermagem é o mais Capacitado para Cuidar 
de Idosos - por Liliane Castelões Gama 
Atendimento Domiciliar ao Idoso - por Erly Catarina de Moura 
Exercício Físico e Sistema Cardiovascular - por Marta Helena 
Krieger 
O Cuidado de Enfermagem com o Idoso - por Semiramis 
Melani Rocha 
Enfermagem para Idosos - por Semiramis Melani Rocha

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