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Fome oculta em pacientes obesos - Interdisciplinar

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INTERDISCIPLINAR 201
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CURSO DE 
NUTRIÇÃO
	
A FOME OCULTA EM PACIENTES OBESOS
Alunos:Amanda Veríssimo, Bianca Maria Araújo de Almeida, 
ItaloKaio, Klarysa Holanda, Luciana Felipe Nunes, 
Mirella Carolina,Mirna Elena Gomes, Patrícia Souza, Rayssa Kelly
Professora Fomentadora: Milena Maia
Turma: Nutrição 2B-M
e-mail do responsável: lucianaluba@hotmail.com
Instituto Brasileiro de Gestão e Marketing (IBGM)
Curso de Nutrição–Interdisciplinar 2016.2
Recife, PE.
Palavras-chave: Obesidade, Desnutrição, Fome Oculta.
Introdução 
A “fome oculta” é um tipo de desnutrição decorrente de hábitos alimentares deficientes, tendo como resultado um desequilíbrio nutricional devido à carência de micronutrientes essenciais ao funcionamento de nosso organismo. É considerada a desnutrição que mais atinge pessoas no mundo, provocando queda de imunidade e tornando o individuo mais suscetível a doenças oportunistas (SANTOS,2012).
A obesidade é considerada fator de risco para uma série de doenças e caracteriza-se pelo acúmulo excessivo de gordura corporal (BRASIL). Ao contrário do que se imagina, em alguns indivíduos ela se relaciona a má nutrição e devido a esse fato o conceito de desnutrição foi reformulado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) abrangendo os obesos e não apenas pessoas de baixo peso (GLOBAL NUTRITION REPORT, 2016).
Países em desenvolvimento estão vivenciando uma fase de “transição nutricional”, mudança observada em outras partes do mundo, passando da desnutrição calórica para um quadro de obesidade (fome oculta) que atinge crianças, jovens e adultos (AVANCINI, 2013). Um aporte nutricional de baixa qualidade ou insuficiente torna o indivíduo uma pessoa faminta, independente de ser obeso ou de terem hábitos regularidade de alimentação (BOAS apud CASTRO, 2014).
Sendo assim este trabalho teve como objetivo esclarecer sobre a fome oculta em pacientes obesos, apontando os fatores associados com o quadro de má nutrição, as formas de prevenção, as consequências, o diagnóstico e tratamento dessa desordem.
Metodologia
Foi realizada uma revisão bibliográfica utilizando-se bases específicas direcionadas a temática: livros, artigos científicos e pesquisa nos banco de dados, Scielo,Decs (Diretores em Ciência da Saúde), Organização Mundial da Saúde (OMS), ANVISA e Ministério da Saúde (Brasil).
Selecionaram-se trabalhos pelo título, resumo e sua pertinência ao objetivo da pesquisa. Dessa forma escolhemos produções científicas (artigos, livros) que abordassem algum elemento,utilizando os descritores: obesidade, desnutrição, obesos desnutridos, alimentos ultraprocessados, carências nutricionais, transtornos relacionados a obesidade, transição nutricional, diagnóstico nutricional e fome oculta, publicados em língua portuguesa e inglesa a partir do ano de 2003.
Resultados e Discussão
Na esfera nutricional, fome representa uma incessante necessidade do corpo, que pela não ingestão de alimentos desencadeia as sensações do estômago (SILVEIRA,2011). 
Biologicamente é muito importante levar em conta a quantidade e qualidade da alimentação. A fome oculta, dada por falta de micronutrientes é mais discreta que a fome calórica, pois o organismo necessita bem mais do que a quantidade de energia (caloria) gasta pelo corpo. Quando a distribuição de micronutrientes é falha, o corpo poderá ser exposto a doenças provocadas por esse desequilíbrio (GUIMARÃES, 2011).
A epidemiologia da fome oculta vem sendo analisada sob os aspectos biológicos e seus fatores determinantes. O principal fator etiológico, em nível epidemiológico da escassez de vitaminas e que sua redução ou ausência estão diretamente relacionadas a questões culturais e hábitos alimentares mais do que com fatores econômicos (RAMALHO, 2009).
   	Podemos identificar as deficiências nutricionais através de indicadores bioquímicos que permitem o diagnóstico precoce em níveis subclínicos. (RAMALHO,2009). 
Os aspectos clínicos são diagnosticados através de alterações anatômicas mais tardias citadas na tabela abaixo, bem como o tipo de coleta (indicadores bioquímicos) para análise subclínica:
Micronutrientes relacionados à Fome Oculta
	Mineral/vitamina
	Coleta(indicadores bioquímicos)
	Deficiência
	Vitamina D
	Plasma 25-hidroxivitamina D
	Osteomalácia, raquitismo, osteoporose, fraturas.
	Ferro
	Dosagem sérica de ferretina, transferrina ou ferro sérico
	Anemia microcítica, hipocromia.
	Zinco
	Valor sérico
	Baixa estatura,hipogonadismo, anemia.
	Vitamina A
	Dosagem de retinol sérico
	Cegueira noturna, xeroftalmia, infecções, alterações cutâneas.
	Folato
	Folato sérico
	Alterações do crescimento, fadiga, anemia megaloblástica, perda de peso, glossite e distúrbios gastrointestinais.
	Iodo
	Dosagem de iodo urinário
	Bócio (aumento da glândula tireóide).
Fonte: FOME OCULTA – Diagnóstico, Tratamento e Prevenção (p.240)
A fome oculta, além de todas as doenças citadas, pode ainda deixar a pessoa desnutrida muito vulnerável a uma contaminação parasitária gastrointestinal e bacteriana. Doenças que precisam de um organismo fraco e desgastado para poder se instalar.Essas contaminações dadas, muitas vezes por baixa qualidade higiênico-sanitária durante o preparo de um alimento para o consumo. (PAULA P. et al, 2003).
Segundo Aparecida (2012), a segurança alimentar é um desafio atual e visa à oferta de alimentos livres de agentes que podem colocar em risco á saúde do consumidor. A higiene na produção, comercialização e armazenamento são importantespara a qualidade dos alimentos. Ela evita a intoxicação alimentar, uma patologia oriunda do consumo de alimentos contaminados. Dentro da diversidade de agentes etiológicos, as infecções bacterianas são responsáveis pela maioria dos casos.
 A respeito de uma alimentação adequada, diz que a mesma deve ter energia suficiente para suprir as necessidades do organismo, contendo variados elementos indispensáveis para seu equilíbrio funcional. Precisa ser completa, mas só será harmônica se estes variados elementos entrarem em sua composição com proporções determinadas (BOAS apud CASTRO, 2016). 
No entanto os atuais hábitos alimentares são os principais fatores relacionados à obesidade. O processo de industrialização justifica o aumento da obesidade em todas as classes sociais, o que contribui para um estilo de vida sedentário, diminui os custos e facilita o acesso aos produtos alimentícios ultraprocessados, pobres nutricionalmente. (CARVALHO et al, 2013).
Um dos grandes vilões da alimentaçãoé o carboidrato de alto índice, pois, ele libera rapidamenteo hormônio insulina no sangue. O excesso desse carboidrato possibilita a resistência à insulina, que tem sido considerado o fator responsável pela obesidade. (SILVA et al, 2015).
O quadro de resistência à insulina refere-se, a condição patológica determinada por falta de resposta fisiológica dos tecidos periféricos à ação da insulina, causando variações metabólicas. A insulina assegura ao organismo energia suficiente para todas as funções celulares, propiciando o estoque energético, que, quando em grande quantidade, provoca à formação da gordura localizada. (MENDONÇA; MOREIRA, 2015).
Estes péssimos hábitos incidem sobre a pré-disposição genética para ser obeso. O fenótipo da obesidade é influenciado pela base genética e por fatores ambientais. Estudos de nutrigenômica vêm comprovando diferentes manifestações de fenótipos com o consumo de nutrientes, (interação gene/nutriente), pois os componentes presentes nos alimentos geraminfluência no organismo. (McLUSKY, MALAGRIDA, VALVERDE,2013).
Sendo assim,os fatores nutricionais têm impacto sobre a regulação e manifestação de genes específicos da obesidade, ou seja,pode-se ligar e desligar a expressão desses genes principalmente através da alimentação. (FERNANDES, 2014).O gene mais comum associado à massa gorda e obesidade é o FTO – do inglês Fat massandObesityassociated gene. (LIMA, GLANER,TAYLOR. 2009).
A primeira etapa do tratamento nutricional é odiagnóstico, alicerçado por meio de anamnese utilizando-se de questionários de frequência alimentar para determinar a variedade de alimentos e refeições consumidas ao longo de um período. Esta estratégia visa avaliar a ingestão de micronutrientes do paciente, para que em seguida seja efetuada uma avaliação clínica e bioquímica. (RAMALHO, 2009). 
Após a constatação da avitaminose, o nutricionista deverá desenvolver uma dieta moldada às necessidades do paciente, por exemplo: se houver carência de vitamina A, pode ser combatida com cenoura, manga, mamão; Em casos de deficiências de Ferro pode-se incluirna dieta a beterraba e feijão preto; carências de vitamina D, pelo consumo de alimentos ricos em pré-vitamina D como fígado e sardinha, onde a vitamina será ativada com os raios solares (RAMALHO, 2009).
Para o atendimento das recomendações especificas de cada individuo também é importante o estímulo ao consumo de alimentos fortificados é muito importante e o uso de suplementos, que são indicados apenas em situações extremas (RAMALHO, 2009).
Conclusões
Há uma série de estratégias disponíveis para o combate e a prevenção da fome oculta que podem ser utilizadas com o objetivo de melhorar a qualidade e quantidade do consumo de micronutrientes. Via de regra, o que se observa é o aumento quantitativo da dieta consumida habitualmente pela população, sendo necessária então a mudança de sua estrutura, promovendo equilíbrio. Esse é um trabalho que deve ser feito em conjunto com o Governo, nutricionistas e uma equipe multidisciplinar.
Como medida preventiva, devido à observação dos hábitos alimentares deficientes da população, o Ministério da Saúde efetuou enriquecimento de vitaminas e minerais em vários produtos como: farináceos, sal, óleo, leite, dentre outros visando reduzir o alastramento dessas deficiências.Além dessas medidas governamentais, o nutricionista pode trabalhar com educação nutricional através de palestras ministradas em escolas, comunidades, corporações e igrejas, a fim de conscientizar a população sobre a importância de um consumo dietético adequado, atendendo as recomendações preconizadas adaptadas à realidade de cada indivíduo.
A diminuição da gordura corporal dos pacientes obesos com fome oculta é uma consequência da melhoria dos hábitos alimentares alicerçada a uma dieta elaborada pelo nutricionista, baseada em alimentos ricos em nutrientes necessários para suprir a carência do organismo.
Referências
APARECIDA,R. Ciência do alimento; contaminação,manipulação e conservação dos alimentos. UTFPR. Paraná, 2012.
AVANCINI, M. Um desafio de peso para as políticas públicas. Rio de janeiro, 2013.
BOAS,L. Capitalismo, desigualdade de alimentos e fome oculta.UFJF.VII congresso brasileiro de geógrafos. Vitória-ES, 2014.
CARVALHO, E; SIMÃO, M; FONSECA, M; ANDRADE, R ; FERREIRA, M; SOUZA, I; SILVA, A ; FERNANDES, B; Obesidade: aspectos epidemiológicos e prevenção. Minas Gerais, 2013.
McLUSKY,S; MALAGRIDA,R; VALVERDE,L ; A genética da obesidade: uma atividade laboratorial, 2013.
MENDONÇA, L; MOREIRA, J; A influência dos hormônios leptina e insulina na gordura localizada, UNIARARAS, nº 2, 2015.
RAMALHO, A.Fome oculta - Diagnóstico, tratamento e prevenção, ed. Atheneu 1º edição 2009.
SILVA, K; NOBRE, L; VICENTE, S; MOREIRA, L; LESSA, A; LAMOUNIER, J; Influência do índice glicêmico e carga glicêmica da dieta sobre o risco de sobrepeso e adiposidade na infância. São Paulo, 2015.
SILVEIRA, A. Você tem fome de que? Um estudo sobre as conseqüências da inanição. CAOS. Paraíba, 2011.
TAYLOR, A; GLANER, M; LIMA,W; Fenótipo da gordura, fatores associados e polimorfismo. Distrito Federal, 2009.
VOGT, C. Global NutritionReport2016.

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