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se não possam demorar sem perigo, regulando-‐se os seus serviços dentro desse limite, pelas mesmas normas a que os do mandatário estão sujeitos. c) Mudança de estado A mudança de estado de qualquer das partes importa na extinção do mandato, se afetar a capacidade para dar e receber procuração. No entanto, os negócios realizados, de boa-‐fé, pelo mandatário que desconhecia a mudança de estado do mandante são válidos. Carlos Roberto Gonçalves ilustra com os seguintes exemplos: -‐ Extingue-‐se o mandado conferido pelo pai representando o filho absolutamente incapaz, quando este se tornar relativamente incapaz, devendo a outorga, agora, ser feita pelo filho, assistido por aquele. A maioridade não extingue o mandato outorgado pelo relativamente incapaz, porque não o inabilita para a concessão. -‐ O mandato para alienar imóvel outorgado por pessoa solteira, viúva ou divorciada, que se casa por regime diverso do da separação absoluta de bens, se extingue, porque o cônjuge, se casado, para alienar imóvel, necessita da outorga do outro cônjuge. A mudança de estado não tem aplicação às pessoas jurídicas, porque a substituição dos representantes da empresa em nada altera o mandato conferido. 78 d) Término do prazo ou pela conclusão do negócio O mandado se extingue pelo implemento do prazo ajustado pelas partes, se concedido com data de vigência certa. Também se extingue se a outorga é feita para a realização de um negócio determinado. Realizado o negócio, esgota-‐se o objeto. 79 Locação. I -‐ Locação em geral 1. Generalidades No direito romano, a locação era: de coisas (locatio condctio rerum) – o locador cedia ao locatário o uso de uma coisa, mediante pagamento; de serviços (locatio condctio operarum) – alguém se obrigava a prestar serviços a outrem, cobrando determinado valor; de obra (locatio condctio operis) – uma pessoa confiava a outra a execução de uma obra, pagando certo preço (Donizetti e Quintella). No nosso ordenamento jurídico, a locação de serviços dividiu-‐se em contrato de prestação de serviços, regulado pelo Código Civil, e em contrato de trabalho, regido pela Consolidação das Leis Trabalhistas; a locação de obra passou a se chamar contrato de empreitada, também regulado pelo Código Civil; e a locação de coisas, propriamente dita, são regidas pelo Código Civil (incide sobre coisas não fungíveis – Lei 8.245/91, art. 1º) e por Leis Especiais (imóveis urbanos, pela Lei 8.245/91; Imóveis rurais, pela Lei nº 4.504/64); imóveis da União, pela Lei 9.760/46: Arrendamento Mercantil, pela 6.099/74 (Sanseverino). Os sujeitos do contrato de locação são: de um lado, o locador, também chamado de senhorio ou arrendador; de outro lado, o locatário, também conhecido por inquilino ou por arrendatário (Sanseverino). 2. Conceito. É o negócio jurídico por meio do qual uma das partes (locador) se obriga a ceder à outra (locatário), por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa infungível, mediante certa remuneração (Gagliano e Pamplona). É o contrato pelo qual alguém cede, temporariamente, o uso e gozo de uma coisa infungível, mediante contraprestação pecuniária (Gonçalves). 80 Art. 565. Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição. 3. Elementos 3.1. Coisa não fungível Todos os bens podem ser objeto de locação (Rizzardo). A coisa não pode ser fungível, pois, no final do contrato, ela deve ser restituída ao locador. A definição de coisa fungível é dada pelo artigo 85 do Código Civil, que dispõe: Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-‐se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Por exemplo, são fungíveis, sacos de arroz, trigo, milho, dinheiro. A contrario sensu, não fungíveis são as coisas que não podem ser substituídas por outras da mesma espécie, qualidade e quantidade, tais como, jóias, automóveis, roupas, louças para festa, imóveis (Sanseverino). 3.2. Preço É a remuneração pelo uso e gozo da coisa feita pelo locatário em favor do locador, comumente denominada de aluguel. É essencial para configurar o contrato de locação, pois, se a cessão da coisa for gratuita, tem-‐se o contrato de comodato e não de locação. Em regra, é fixado em dinheiro, mas pode ser por meio de “frutos ou produtos advindos do bem locado” (Rizzardo). 81 3.3. Consentimento