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Aula 5 – Cultura e Religiosidade do Antigo Egito
Começaremos finalizando a linha política que havíamos proposto, uma vez que paramos em um momento político de crise com Primeiro Período Intermediário. Pela cronologia, podemos notar que este lapso é bastante curto, porém profundo, uma vez que transforma completamente o poder da própria figura faraônica. Quando falamos na figura do faraó, temos que pensar na figura da sagração que marca esse traço. O nome sagração nos remete à ideia de sagrado, aquele movimento que tem a chancela do sagrado.  Quando se observa essa questão da sagração, entende-se que por mais que as cerimônias sejam consideradas simples, elas têm um efeito simbólico dentro da estrutura local. Assim, entendemos a figura do faraó do Médio Império. Ele perde completamente sua força e sua ação política, no entanto em nenhum outro momento ele foi tão sagrado. O faraó deixa de poder ser tocado, visto de maneira direta, é um deus, mas fica distante das questões humanas. No momento em que se tem toda aquela disputa e a elite sacerdotal está assistindo a figura do faraó, ela ganha uma função especial, os poderes locais e a aristocracia passam a ter uma força singular na estrutura social. A escolha do faraó é uma questão política.  Existe um traço, o faraó é escolhido pelos sacerdotes, não necessariamente a morte de um faraó gera a busca de um novo ou o trono é garantido a seu filho no reino Médio. Em vários momentos, os conflitos e a própria elevação à corregência cria a ideia de dois ou três faraós. Tal modelo político geral uma lenta e constante deterioração das estruturas centrais. Grupos estrangeiros foram ocupando áreas do Egito e, em cerca de cem anos o poder do Faraó era apenas uma sombra poderosa. É o segundo período intermediário, espaço de dominação do Hicsos. Somente após quase cerca de 150 anos observamos a ideia de um retorno faraônico. Mas, sobre essa transição veremos mais na próxima aula.  Hoje discutiremos a questão da religião e do poder dos mitos no mundo egípcio.
A questão do mito é importante para conhecer um pouco da história e da organização egípcia. Alguns dos próprios faraós têm na sua construção se são homens ou deuses. O que se sabe é que o próprio faraó é fruto de uma representação mítica de uma batalha divina. São aqueles que representam a unificação da coroa. O que seria um faraó? A questão do mito é importante para conhecer um pouco da história e da organização egípcia. Alguns dos próprios faraós têm na sua construção se são homens ou deuses. O que se sabe é que o próprio faraó é fruto de uma representação mítica de uma batalha divina. São aqueles que representam a unificação da coroa. O que seria um faraó? Seria a reprodução do Maat, a reprodução da terra perante os deuses, a própria casa da coroa de Horus personificada entre os homens ou aqueles que representam Amon e a liderança do sol nesse mundo.
A organização do Egito terá um fundamento que será explicado. Esse próprio fundamento varia de momento para momento e sempre com explicações religiosas. E essas explicações religiosas estarão representando, o momento de auge do templo de Amon ou pode representar muito mais, buscando origens para sua legitimidade, como no Novo Império e no período ptolomaico; é a coroa de Hórus que é buscada é a união de Isis e Osíris, do homem e da mulher, do bem e do mal, como a representação do faraó como aquele que media essas forças. Por isso ele é a coroa de Horus entre os homens.
Bem, agora, vamos fazer uma leitura da descrição elaborada pela professora Eunice Simões Lins Gomes, em seu artigo sobre Ísis: “Para descrever o mito de Isis, resolvemos começar detalhando sua origem. Tentamos reconstituir a história cósmica a partir de Moustafa Gadalla (2003), Christiane Noblecourt (1994) e Christian Jacq (2000), todos baseados nos registros de Plutarco, colhidos entre os egípcios. Tudo inicia com Atum, o Princípio Criador, Senhor do Universo, autocriado, que cuspiu, gerando um casal, irmãos gêmeos Shu e Tefnut. Estes, deram origem a Nut (o céu) e a Geb (a terra), que eram estreitamente ligados.” “Sendo assim, Atum ordenou que fossem separados, proibindo-lhes qualquer união sexual, mas sua ligação era tamanha, que desobedeceram a ordenança e Nut ficou grávida de quatro gêmeos: Ausar (Osíris), Auset (Isis), Set (Seth) e Neb-Het (Néftis). Ausar (lua minguante e lua crescente, representa a natureza cíclica do universo) casou-se com Auset e tornou-se rei da terra, primeiro faraó do Egito, visto ser Auset (assento, trono, autoridade) a herdeira legitima, o trono físico real.”
“Set casou-se com Néftis, mas como era estéril não teve filho. Tendo inveja de seu irmão Ausar o odiou por sua popularidade, então resolveu matá-lo, arranjou uma briga e assassinou-o traiçoeiramente. Depois de mata-lo cortou o corpo de Ausar em quatorze pedaços, um para cada noite de lua minguante, e espalhou-o por todo Egito. Morto Ausar, Set tornou-se rei do Egito e governou como um tirano. Auset, a viúva fiel, recusou a morte do seu amado e elaborou um projeto insano, encontrar todos os pedaços do cadáver e reconstituí-lo. Ela queria reconstituir lhe a vida. Ela encontrou todas as partes, menos o falo, que fora engolido por um peixe. Então, convocou sua irmã Nebt-Het (senhora do templo, do culto) e organizou uma vigília fúnebre. Isis e Néftis, de corpo purificado (inteiramente depilados e boca purificada), pronunciaram encantamentos numa câmara funerária, obscura e perfumada com incenso. Isis invocou todos os templos e todas as cidades do país para que se juntassem as suas dores e fizessem a alma de Osíris regressar do além. Também tomou o cadáver nos braços e seu coração bateu de amor por ele, e murmurou-lhe palavras de amor ao ouvido.” “Mas nada deu resultado, então, transformou-se num falcão fêmea, bateu asas para restituir o sopro da vida ao defunto. E pousou no lugar do falo desaparecido de Osíris, que ela fez reaparecer por magia.”
“Pode-se dizer então que as portas da morte abriram-se diante de Isis, que conheceu o segredo fundamental, a ressurreição, conseguiu fazer regressar aquele que parecia ter partido para sempre e ser fecundada por ele. Assim, foi concebido seu filho Hórus (Heru), nascido da união da vida e da morte. Quando Set descobriu o nascimento da criança, tentou matar o recém-nascido. Mas Auset o escondeu e assim Hórus foi criado em secreto às margens do Delta do Nilo. Quando cresceu, Hórus desafiou Set pelo direito ao trono, e assim travaram muitas batalhas, numa das quais Set chegou a arrancar o olho de seu sobrinho e lançá-lo no oceano celestial.” “Contudo, nenhuma batalha foi suficiente para derrotar um dos guerreiros. Sendo assim, ambos se apresentaram ao conselho de neteru (poderes/atributos/ações do Único Deus), que determinou que Hórus deveria ser o governante sobre o Egito e Set deveria reinar sobre os desertos.”
Enfim, Hórus representa a união das duas coroas e é o símbolo de um novo Egito. Um Egito que vai se afirmar na sua imagética, como vemos ainda no Antigo Império com Djoser. Nas palavras de Christian Jacq (O Egito dos Grandes Faraós): "graças a uma inscrição encontrada em Uadi Hammamat, vale por onde passa a estrada que vai da cidade de Coptos ao mar Vermelho, sabemos que o faraó envio expedições ao Sinai. Nos rochedos do Uadi Maghara, na península do Sinai, estão representados vários soberanos, entre os quais Djoser, que bate com sua maça piriforme num chefe beduíno prostrado em sinal de submissão. Mais do que um acontecimento particular, devemos ver nisso o símbolo do poder exercido por Djoser sobre as tribos nômades que já não ousam transpor as fronteiras do "Duplo país" e perturbar a serenidade dos egípcios.  E talvez devamos igualmente compreender que Djoser já mandava explorar as minas de cobre do Sinai. Seja como for, a cena clássica do faraó derrubando o inimigo assume aqui um valor especial: trata-se da vitória da ordem sobre o caos, de Djoser, o Magnífico, sobre as forças obscuras do mal.” “Outro fato parece pertencer mais à lenda do que à História, masa sua importância merece que o assinalemos com alguns pormenores.  No reino de Djoser teria havido uma grande fome.  Infelizmente, não o sabemos por meio de um documento contemporâneo, mas sim por uma estela da época ptolomaica separada da terceira dinastia por um bem considerável número de anos.  A estela intitulada "da fome" está gravada num rochedo descoberto ao sul da ilha de Sehel, na região de Elefantina, na extremidade meridional do Egito.” “Fato extraordinário: os sacerdotes que gravam esse texto dataram-no da época de Djoser!  É evidente que não tencionavam enganar quem quer que fosse com um documento falso. Podemos, portanto, considerar que um dos ptolomeus se identificou com o seu remoto e glorioso antepassado, Djoser, a fim de dar um caráter sagrado à sua própria luta contra a fome.  Também é possível supor que tenha sido transmitido um documento histórico que evocava acontecimentos antigos.”
Estela da Fome ( Ela nos diz que Djoser está profundamente triste. Sentado em seu trono, na solidão do seu palácio, sente um verdadeiro desespero. A seca já dura sete anos. O Nilo não voltou a transbordar e a depositar na terra do Egito o lodo fértil, é a miséria e a fome para todos. Os corpos mais vigorosos perdem a força; em breve sequer terão força para andar. As crianças choram; os velhos fatalistas estão sentados no chão à espera da morte. Mesmo os cortesãos passam privações. Os templos vão sendo fechados um a um. O serviço dos deuses não é mais seguro.
Qual a razão desta desgraça? Pergunta Djoser. “Volta-se para os sacerdotes do culto de Imhotep, o filho do deus Ptah, sábio entre os sábios. Que se passa?  porque motivo o Nilo, o sinuoso, a que que serpenteia, já não cumpre a sua missão?  Os sacerdotes procuram nas salas dos arquivos do templo de Thot, na cidade santa de Hermópolis.  Desenrolando os livros sagrados, recolhem preciosas informações, que transmitem a Djoser. No meio das águas existe uma cidade: Elefantina.  É uma cidade notável, sede de Rá, o deus sol, quando este decide conceder a vida. Ora, existem lá duas tetas que dispensa todas as coisas. "O Nilo", diz a estela, "acasala saltando como um rapaz que fecunda uma mulher e recomeça a ser um jovem cujo o coração está vivo”, Mas este renascimento anual depende de um deus: Khnum, homem com cabeça de carneiro, cujas duas sandálias são colocadas sobre as ondas. Se Khnum não as levantar, não será libertado. O Nilo não rejuvenescerá, e o vale estará condenado à seca."
Outra parte da História ( “Djoser compreende que o deus Khnum está irado. Manda, pois realizar purificações e procissões em honra do deus, faz-lhe oferendas de pão, cerveja, aves e vacas.”. ”Khum aparece-lhe num sonho: se o rei continuar a honrá-lo como merece, levantará as sandálias, libertará o Nilo e fará voltar as inundações. Ao despertar, Djoser emite um decreto a favor de Hhnum. O milagre realiza-se: graças à sabedoria do rei e à intervenção de Imhotep, as flores voltam a florir, a abundancia regressa, a fome desaparece, a terra resplandece e a alegria volta a habitar o coração dos homens.”
Mas terá a narrativa anterior um conteúdo histórico preciso? ( “De fato, não é impossível que conserve a memória da soberania exercida por Djoser sobre toda a região da primeira catarata, e mais particularmente sobre a Núbia. Para apaziguar Khnum e obter favores, Djoser oferece-lhe a região compreendida entre Assuã e Tkompso, o Dodecsceno, segundo o nome grego. Esse território gozou de um estatuto especial durante toda a historia do Egito, estatuto esse que lhe deve ter sido concedido durante o reinado de Djoser”. Tal reprodução demonstra o quanto é tenso a compreensão dos períodos históricos com poucos documentos, muitos de caráter mítico.
“Djoser inaugura um segundo elemento muito presente no imaginário egípcio com a construção do centro funerário de Saqqara. As pirâmides não eram necessariamente, o local onde se enterravam os faraós. Só foram construídas pirâmides no Antigo Império, não há pirâmides reproduzidas nos períodos posteriores, o que não quer dizer que a agricultura deixou de ser grandiosa com a construção de grandes templos.” Sobre a arte egípcia, é importante expressar que é um fator primordial para a compreensão do Egito. Alias um fato interessante: é um pouco difícil lembrar das imagens de templos e estatuas sem nenhum vestígio de cor e acreditar que os estudos apontam o fato de que elas foram cheias de cores vivas, por vezes com combinações berrantes.
Seguindo a linha de Sérgio Couto, em seu livro Desvendando o Egito, pensemos no trabalho desenvolvido nas paredes dos túmulos. Muitas delas contam, como se fosse uma história em quadrinhos sem texto, cenas do cotidiano do falecido. A parede onde o desenho seria aplicado era primeiramente revestida de gesso branco para, em seguida, ser aplicada tina sobre aquela camada. O traçado do desenho era feito com um sistema composto por linhas mestras que dividiam a parede para efeito de decoração, de maneira a obter superfícies delimitadas e reservar certos espaços para cenas diferentes. A ideia desse olhar foi trabalhar um pouco o legado cultural egípcio. Demonstramos que, além das pirâmides, esse povo foi responsável pelo desenvolvimento de outros tipos de artes, tão relevantes e suntuosas quanto os monumentos fúnebres. Havia também uma outra rede linear que era apagada posteriormente. Era usada para obter as proporções. Essa grande dividia o registro em quadrados de tamanhos iguais em figuras que se integravam e isso é um princípio geométrico, bidimensional.
A revisão das obras tem o intuito de informa-lo sobre as cheias do Nilo, ou seja, diques, barragens, canais de irrigação, mostrando como esse povo soube trabalhar com o que a natureza lhe ofereceu e também com a adversidade: o deserto. Ainda nessa vertente, serão apresentadas curiosidades sobre a edificação das pirâmides e a impossibilidade de executá-las, sem a existência da mão de obra escrava e do modelo de servidão coletiva. Serão apresentados, ainda, o apurado senso estético e a riqueza de detalhes expressões nos ornamentos trazidos à tona pelas descobertas arqueológicas e enfatizaremos que a preocupação em erigir monumentos de grande porte estava associada à ostensiva demonstração de poder por parte dos faraós. Outro foco importante a se conhecer é a intima relação entre religiosidade e o poder do faraó:
Mumificação ( Técnica desenvolvida pelos egípcios para preservar os corpos após o óbito. Por ser um processo demorado e oneroso, não era acessível a toda população egípcia.
Metempsicose ( Crença de que a alma, após a morte, transmigraria para o corpo do falecido. Por isso, os egípcios tinham a preocupação de preservá-lo através da mumificação.
Antropomorfismo ( Representação divinas com aspecto humano.
Zoomorfismo ( Representações divinas com aspecto animal
Antropozoomorfismo ( Representações divinas com parte do corpo sob a forma de animal e parte sob a forma humana.
Outro aspecto a ser fundamentado é o motivo para a adoção do politeísmo na prática da religiosidade egípcia. Deve se remontar à sua origem, ou seja, a unificação dos nomos. Como cada um possuía suas próprias divindades, elas foram conservadas dando origem a um vasto Panteão. Um importante conceito é o de metempsicose, ou seja, crença de que alma voltaria a habitar o corpo após a morte. Sua relevância consiste no fato de justificar a preocupação desse povo com a conservação dos cadáveres. Apenas os mais abastados dispunham de recursos para custear o processo de mumificação, o que significa que só a esses era dado o direito de serem julgados no tribunal de Osíris. Ainda nessa linha de raciocínio, podemos mostrar que o monumento funerário também era diferenciado de acordo com suas posses, na medida em que apenas faraós eram enterrados em lugares suntuosos como as pirâmides. Os demais, se dispunham de bens, em monumentos mais simples, denominados hipogeus, mais ainda individuais e os pobres e escravos, em lugares coletivos denominados mastabas. Podemos pontuar também oalto grau de desenvolvimento no que tange a conhecimentos anatômicos que esse povo possuía, o que foi observado pelos estudiosos através das múmias nas quais foram constatadas cirurgias complexas, inclusive no cérebro.
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