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exemplos a seguir, fac¸a um desenho e explique com sı´mbolos matema´ticos o que cada teorema quer dizer. (a) Lei (Teorema) dos Senos: “A medida de cada um dos lados de um triaˆngulo qualquer e´ proporcional ao seno do res- pectivo aˆngulo oposto, e a constante de proporcionalidade e´ duas vezes a medida do raio do cı´rculo circunscrito ao triaˆngulo”. (b) Lei (Teorema) dos Co-senos: “Em um triaˆngulo qualquer, o quadrado da medida de um lado e´ igual a` soma dos quadrados das medidas dos outros dois lados menos duas vezes o produto das medidas desses lados pelo co-seno do aˆngulo formado por eles”. 89 Capı´tulo 5. Desvendando os teoremas-Parte II Figura 5.1: Estudos de Leonardo da Vinci (1452-1519), onde veˆ-se desenhos de poliedros 4. Este exercı´cio e´ para voceˆ perceber que, ale´m de uma escolha pessoal, a maneira de enunciar teoremas pode tambe´m depender da linguagem usada na e´poca em que foram demonstrados pela primeira vez. Como curiosidade, apresentamos alguns resultados matema´ticos escritos com a linguagem original com a qual foram enunciados ha´ centenas de anos. Observe como e´ utilizada uma linguagem totalmente geome´trica, e como os resultados tambe´m eram apresentados usando-se proporc¸o˜es, um estilo que perdurou por centenas de anos na Matema´tica Grega Antiga. Os teoremas que seguem sa˜o muito conhecidos, so´ que esta˜o escritos de uma forma diferente da que estamos acostumados. Em cada caso, descubra qual teorema estamos enunciando e o reescreva no estilo em que sa˜o apresentados hoje em dia. (a) “Se um segmento de reta e´ dividido aleatoriamente em dois pedac¸os, o quadrado construı´do sobre o segmento inteiro e´ igual aos quadrados sobre os segmentos parciais e duas vezes os retaˆngulos construı´dos por esses segmentos”. Euclides n’Os Elementos, II. 4; 300 a.C. (b) “A a´rea de qualquer cı´rculo e´ igual ao triaˆngulo retaˆngulo no qual um dos lados adjacentes ao aˆngulo reto e´ igual ao raio, e o outro lado vale a circunfereˆncia do cı´rculo.” Arquimedes 2, 225 a.C. no Medida do cı´rculo. 2Arquimedes de Siracusa (c. 287-212 a.C.) e´ considerado um dos maiores sa´bios da Antigu¨idade. Nos seus trabalhos pode-se encontrar as ide´ias germinais do Ca´lculo Integral. Usando me´todos surpreendentes para sua e´poca, calculou a a´rea de figuras planas (cı´rculo, para´bola) bem como a´reas e volumes de so´lidos (esfera, por exemplo). Brilhante inventor (catapultas, ma´quinas de guerra, Parafuso de Arquimedes), foi descobridor do Princı´pio do Empuxo e da Lei das Alavancas. Ficou conhecido por sua frase “Da´-me um ponto de apoio e eu moverei o mundo” e por seu grito “Eureka!” (descobri!, em Grego). Reza uma lenda que enquanto tomava banho, ele teria descoberto a Lei do Empuxo e, eufo´rico, teria saı´do a`s ruas correndo e gritando ‘eureka!’, ‘eureka!’. So´ que no ı´mpeto da descoberta, Arquimedes teria esquecido de vestir suas roupas!! 90 5.3. A famı´lia dos teoremas (c) “A superfı´cie de qualquer esfera e´ igual a quatro vezes o maior cı´rculo que ela conte´m”. Arquimedes, 220 a.C. no Sobre a esfera e o cilindro. (d) “O volume da esfera esta´ para o volume do cilindro circular reto a ela circunscrito, assim como 2 esta´ para 3”. Arquimedes, Sec. III a.C. 5.3.1 Teoremas de existeˆncia e unicidade Na Linguagem Matema´tica, quando dizemos “existe um elemento que satisfaz determinada pro- priedade”, diferentemente do que ocorre na Linguagem Coloquial, deve-se entender na verdade que, “existe pelo menos um elemento que satisfaz aquela propriedade”, nada impede que possam existir out- ros. Ao dizer “existem dois elementos que satisfazem tal propriedade”, entenda-se, “existem pelo menos dois elementos que satisfazem aquela propriedade”, mas podem existir mais do que dois; e assim por diante. Se, por acaso, for possı´vel determinar o nu´mero exato de elementos que satisfazem a propriedade em questa˜o, o resultado, sem du´vida, e´ mais preciso. Daı´, esse nu´mero deve sempre ser enfatizado ao redigir o teorema. Lembre-se de enunciados de teoremas nessa linha como: “Existem cinco e somente cinco poliedros de Plata˜o 3”. Os teoremas que garantem a existeˆncia de qualquer objeto matema´tico sa˜o chamados teoremas de existeˆncia. Um fato interessante e´ que, va´rias vezes, um teorema garante a existeˆncia de determinado objeto matema´tico, mas na˜o o exibe, tampouco constro´i um exemplo desse objeto. Em muitos casos, diante da natureza do problema, realmente e´ impossı´vel exibir um exemplo, mesmo tendo sido assegurada sua existeˆncia! Muitas vezes o que importa e´ a existeˆncia do objeto e na˜o propri- amente o objeto em si. Interessante, na˜o? Mais adiante vamos dar um exemplo de um teorema desse tipo. Ha´ tambe´m os resultados de unicidade (teoremas de unicidade), garantindo que, se existir algum objeto que possua determinada propriedade, enta˜o ele e´ u´nico. Por exemplo: “Por um ponto do espac¸o pode-se trac¸ar um u´nico plano perpendicular a uma determinada reta” Conve´m registrar que, em certos casos, pode-se deduzir alguns resultados apenas usando a unicidade, independente de estar assegurada a existeˆncia do objeto! Outros teoremas asseguram a existeˆncia e a unicidade de objetos matema´ticos. Estes teoremas, com muita raza˜o, sa˜o chamados teoremas de existeˆncia e unicidade. Por exemplo: 3Plata˜o (c.428-348 a.C) era um filo´sofo grego ateniense, discı´pulo de So´crates (469-399 a.C) e mestre de Aristo´teles (c.384-322 a.C). Na˜o contribuiu com descobertas matema´ticas, entretanto, seu entusiasmo e sua maneira de tratar a Matema´tica, dando-lhe importaˆncia como parte vital do pensamento filoso´fico e da Educac¸a˜o, contribuiu para que a Matema´tica alcanc¸asse a grande reputac¸a˜o que obteve no mundo Ocidental. Dois de seus famosos Dia´logos teˆm como personagem Teeteto, que era um matema´tico. Inspirados pelo mestre, alguns discı´pulos de Plata˜o tornaram-se destacados matema´ticos, sobressaindo-se Eudoxo de Cnido (408-355? a.C.). Sobre os po´rticos da Academia de Plata˜o estava escrito: “Que ningue´m que ignore a geometria entre aqui”. 91 Capı´tulo 5. Desvendando os teoremas-Parte II UMA PROPRIEDADE DOS NU´MEROS INTEIROS CONSECUTIVOS: “Dada uma sequ¨eˆncia qualquer de n nu´meros inteiros consecutivos k, k+1, k+2, . . . , k+n− 1, existe um, e apenas um deles, que e´ divisı´vel por n.” Observe que o resultado acima assegura a existeˆncia e a unicidade de determinado nu´mero de uma sequ¨eˆncia de n nu´meros consecutivos, mas na˜o o exibe, tampouco informa qual deles seja. EXERCI´CIOS: 1. Analise e deˆ as interpretac¸o˜es de como a frase abaixo e´ concebida na Linguagem Coloquial e na Linguagem Matema´tica: “Ha´ 21 alunos na sala-de-aula”. 2. Que outras opc¸o˜es voceˆ daria para reescrever a frase: “Existem cinco e somente cinco poliedros de Plata˜o”, ressaltando a existeˆncia de exatamente cinco desses poliedros. 3. Considere o seguinte teorema de unicidade: “A equac¸a˜o x2 + x− 6 = 0 possui uma u´nica raiz positiva”. Como justificar o fato acima, sem usar as raı´zes do trinoˆmio? 92 CAPI´TULO 6 Desvendando as demonstrac¸o˜es “Senhor, perdoai que a Verdade esteja confinada a`s demonstrac¸o˜es matema´ticas!” William Blake (1757-1827) in Notes on Reynold’s Discourses, c. 1808. “Nenhuma investigac¸a˜o feita pelo homem pode ser chamada realmente de cieˆncia se na˜o puder ser demonstrada matematicamente.” Leonardo da Vinci (1452-1519) 6.1 O que e´ uma demonstrac¸a˜o? (O raciocı´nio dedutivo) “Senhoras e senhores, vamos apresentar uma sensacional e maravilhosa ma´gica, ou melhor, uma MATEMA´GICA, que ha´ de lhes deixar surpresos! Precisamos de sua ajuda para essa surpreendente e incrı´vel fac¸anha da Matema´tica, que nos intriga com seus miste´rios! Primeiramente, escolha quan- tos dias da semana voceˆ gosta de sair para passear. Multiplique esse nu´mero por 2. Adicione 5. Mul-