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Comentários do Código Penal (arts. 155 - 212)

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APOSTILA ORGANIZADA POR JOSÉ RAIMUNDO LIMA E DÉBORA FERREIRA
DIREITO PENAL III
Profª: Lara
Aluno: _______________________________________
Semestre: 2017.1
REVISÃO
CLASSIFICAÇÃO DO CRIMES
= Contra o Patrimônio = 
Comum - não demanda sujeito ativo qualificado ou especial.
Qualificado – demanda sujeito ativo qualificado ou especial.
Material - exige resultado naturalístico: diminuição do patrimônio da vítima.
Formal - delito cujo resultado naturalístico pode não ocorrer.
Próprio - sujeito ativo qualificado ou especial.
Forma livre - cometido por qualquer meio eleito pelo agente.
Comissivo - implica em ação.
Comissivo por omissão – 
Instantâneo - resultado de maneira instantânea, não se prolongando no tempo.
Permanente – se prolonga no tempo.
De dano - consuma-se apenas com efetiva lesão a um bem jurídico tutelado.
Unissubjetivo - pode ser praticado por um só agente.
Plurissubsistente - em regra ,vários atos integram a conduta.
Admite tentativa – pode ser tentado
Não admite tentativa – não pode ser tentado
De forma vinculada - o tipo penal impõe o modo pelo qual o crime é praticado.
DO FURTO
Furto2
Art. 155. Subtrair,3-5 para si ou para outrem,6 coisa7-9 alheia10móvel:11-13
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1.º A pena aumenta-se de um terço,14 se o crime é praticadodurante o repouso noturno.15-16
§ 2.º Se o criminoso17 é primário,18 e é de pequeno valor19a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pelade detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicarsomente a pena de multa.20-21
§ 3.º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.22-22-A
Furto qualificado23
§ 4.º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, emulta, se o crime é cometido:
I – com destruição24 ou rompimento25 de obstáculo à subtraçãoda coisa;26-28II – com abuso de confiança,29 ou mediante fraude,30-30-Aescalada31 ou destreza;32
III – com emprego de chave falsa;33
IV – mediante concurso de duas ou mais pessoas.34
§ 5.º A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos,35-36se a subtração for de veículo automotor37 que venha a sertransportado38 para outro Estado39 ou para o exterior.40-41
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção,ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração.
 
Anotações da professora
Art. 155 – sem violência ou grave ameaça
Súmula 567-STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto.
§ 1.º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
Obs: mesmo que tenha uma festa em minha casa, se houver furto é considerado repouso.
Repouso noturno – do anoitecer à aurora.
§ 2.º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
Sumula 511 STJ É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva
OBS: . Segundo o entendimento desta Corte, a qualificadora do abuso de confiança possui natureza subjetiva, razão pela qual é incompatível com a figura privilegiada do crime de furto. Aplicação da Súmula 511/STJ.
Primário : crime privilegiado. Pequeno valor: para a doutrina é tudo aquilo abaixo de um salário mínimo. Bagatela e valor insignificante mas há interesse no processo. Insignificante é infinitamente irrisório.
Crime falimentar: lei de falências. Crime famélico: para comer. 
Art. 155 § 3º - norma penal explicativa.
Art. 155 § 4º - Abuso de confiança não inventa estória. Na fraude você engana com uma estória. A fraude é na entrega do objeto. Estelionato está na ação do indivíduo. Escala você tem que usar braços e pernas. Chave falsa é tudo aquilo que não é verdadeiro, até mesmo a cópia. 
FURTO COM FRAUDE E ESTELIONATO: Logo, diferenciam-se ambos os crimes uma vez que no estelionato o sujeito obtém a coisa que lhe é transferida pela vítima por ter sido induzida em erro, ao passo que o furto qualificado pela fraude a coisa é subtraída, em discordância expressa ou presumida do detentor, utilizando-se o agente de fraude para retirá-la da esfera de vigilância da vítima.
Ou seja, quando o objeto é entregue pela vítima iludida, de forma escondida, o fato é estelionato.
Em suma, a distinção se dá pela análise do elemento semelhante a ambos os tipos, no caso, a fraude: No furto é utilizada pelo agente com o fim de burlar a vigilância da vítima, que, por desatenção, tem seu bem subtraído, diferente do que acontece na hipótese de estelionato em que a fraude é usada como meio para obter o consentimento da vítima que, iludida, entrega voluntariamente o bem STJ (CC 67343/GO)
Art. 155 § 4º - só entre estados e países. 
Art. 155, § 6º - Ex: gado, cavalo, galinha (morto ou vivo)
 RESUMO
2. Conceito de furto: apoderar-se ou assenhorear-se de coisa pertencente a outrem.
3. Análise do núcleo do tipo: exige o ânimo de assenhorear-se do que não lhe pertence.
CUIDADO: o simples fato de alguém tirar coisa pertencente a outra pessoa não quer dizer, automaticamente, ter havido um furto. 
4. Sujeitos ativo e passivo: qualquer pessoa. 
CUIDADO: no caso de ladrão que subtrai coisa já furtada de outro ladrão, a vítima é o legítimo dono ou possuidor do objeto.
5. Consumação do furto: tão logo a coisa subtraída saia da esfera de proteção e disponibilidade da vítima, ingressando na do agente, ainda que por breve tempo, em posse mansa e tranquila do agente. 
STJ: "Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada."
CUIDADO: Se houver perseguição e em momento algum conseguir o autor a livre disposição da coisa, trata-se de tentativa. 
6. Elemento subjetivo do tipo: o dolo (vontade do agente de subtrair coisa alheia móvel):
reclama-se o elemento subjetivo do tipo específico, que é a vontade de apossamento do que não lhe pertence. 
Não existe a forma culposa.
7. Conceito de coisa: é tudo aquilo que existe, podendo tratar-se de objetos inanimados ou de semoventes. 
8. Furto de coisa puramente de estimação: objeto sem qualquer valor econômico. A dor moral causada no ofendido deve ser resolvida na esfera civil.
8-A. Furto de cadáver: pode ser objeto material do crime de furto caso tenha valor econômico e esteja na posse legítima de alguém (ex.: corpo pertencente a um museu). Não sendo este o caso, a subtração do cadáver pode constituir crime contra o respeito aos mortos.
8-B. Furto de coisas abandonadas, não pertencentes a ninguém, ou perdidas: 
Abandonadas e não pertencentes a ninguém - não podem ser objeto do crime de furto, uma vez que não integram o patrimônio de outrem; 
Perdidas - também não se encaixa como objeto de furto, pois há tipo específico para tal caso, cuidando-se de apropriação indébita (art. 169, parágrafo único, II, CP).
8-C. Furto de coisas de ínfimo valor e princípio da insignificância: 
Ex.: levar um clipe que está sobre o guichê do caixa, embora não lhe pertença. Subtrair um pintinho de uma granja imensa, com milhares de aves.
8-D. Furto de talão de cheques: pode ser objeto do crime de furto, visto possuir nítido valor econômico, tanto para quem subtrai, que o vende a estelionatários, quanto para a vítima, que é obrigada a sustar os cheques, retirar outro talão, pagando ao estabelecimento bancário taxas elevadas e sofrendo prejuízo material. 
8-E. Furto de uso: Se o agente retirar a coisa da posse da vítima apenas para usar por pouco tempo é de se considerar não ter havido crime.CUIDADO; a devolução da coisa no estado original, sem perda ou destruição do todo ou de parte.É preciso haver imediata restituição r que a vítima não descubra a subtração antes da devolução do bem. 
8-F. Furto em túmulos e sepulturas: apenas o crime de violação de sepultura (art. 210, CP) ou, conforme o caso, destruição, subtração ou ocultação de cadáver (art. 211), 
CUIDADO: materiais da cova não pertencem a ninguém. Somente os adornos ou bens que guarnecem o próprio túmulo, como castiçais ou estátuas de bronze são objetos de furto. 
8-G. Furto sob vigilância: STJ: “A vigilância de guardas e de circuito interno não afasta, de forma peremptória, a potencialidade lesiva de condutas que visem à subtração ou dano do patrimônio de estabelecimentos com esta característica. 
8-H. A questão da trombada: STF: “Violência contra a vítima tipifica o crime de roubo” 
8-I. Furto de cartão de crédito e bancário: Crime de bagatela. O cartão não tem valor algum. 
CUIDADO: Se o agente do furto utilizar o cartão para fazer saques ou comprar algum produto em lugar do titular da conta, configura-se o estelionato.
9. Furto famélico: subtrair alimento para saciar a fome, SENDO indispensável e inevitável. 
10. Elemento normativo do tipo: alheia é toda coisa que pertence a outrem, seja a posse ou a propriedade.
11. Móvel: é a coisa que se desloca de um lugar para outro. Trata-se do sentido real, e não jurídico. 
12. Objetos material e jurídico: o objeto material é a coisa sujeita à subtração; o objeto jurídico é o patrimônio do indivíduo.
13. Classificação: trata-se de crime:
Comum - material - forma livre - comissivo (“subtrair”) - e, excepcionalmente, comissivo por omissão - instantâneo, embora seja permanente (furto de energia) - de dano - unissubjetivo - plurissubsistente - admite tentativa.
14. Causa específica de aumento de pena: furto cometido durante o repouso noturno.
15. Repouso noturno: período que medeia entre o início da noite, com o pôr do sol, e o surgimento do dia, com o alvorecer. 
16. Condições para a aplicação do aumento: STJ: “[...] é suficiente que a infração ocorra durante o repouso noturno independente de outras situações.
17. Furto privilegiado: causa de diminuição da pena. Diminuindo-se o mínimo e o máximo em abstrato, estabelecidos pelo legislador no preceito sancionador do tipo penal. 
17-A. Diferença da insignificância: esta gera a atipicidade da conduta, pois incapaz de afetar o patrimônio da vítima. 
18. Primariedade: é o primeiro requisito para o reconhecimentodo furto privilegiado. 
19. Pequeno valor: STJ:“Afasta-se a incidência do furto privilegiado quando o valor dos bens subtraídos é muito superior ao salário mínimo” 
20. Aplicação do privilégio à figura qualificada: STF: “Não há vedação legal ao reconhecimento do furto ao mesmo tempo qualificado (art.155, § 4.º) e privilegiado (art. 155, § 2.º).” 
21. Aplicação dos §§ 1.º e 2.º concomitantemente :há perfeita possibilidade. Trata-se de um concurso entre causa de aumento e causa de diminuição da pena.
22. Equiparação a coisa móvel: qualquer outra que possua valor econômico à coisa móvel (inclusive energia). 
22-A. Furto de sinal de TV a cabo: é válido para encaixar-se na figura prevista neste parágrafo, pois é uma forma de energia. 
23. Conceito de qualificadora: convém relembrar que o crime é qualificado quando o tipo penal faz prever circunstâncias acrescentadas ao tipo básico, tornando-o mais grave. 
24. Destruição: conduta que provoca aniquilamento ou faz desaparecer alguma coisa.
25. Rompimento: conduta que estraga ou faz em pedaços alguma coisa. 
26. Obstáculo: é o embaraço, a barreira ou a armadilha montada para dificultar ou impedir o acesso a alguma coisa. 
27. Destruição ou rompimento da própria coisa furtada: STJ: “ ...nao gera a incidência da qualificadora do art. 155, § 4.º, I, do Código Penal”
28. Necessidade do exame de corpo de delito: se o crime deixa vestígios é indispensável, não podendo supri-lo a prova testemunhal. Esta somente será admitida, em lugar do exame, caso os vestígios tenham desaparecido.
29. Abuso de confiança: Ex.: uma empregada doméstica que há anos goza da mais absoluta confiança dos patrões, que lhe entregam a chave da casa e várias outras atividades pessoais.
30. Fraude: é uma manobra enganosa destinada a iludir alguém. Ex.: o funcionário do aeroporto, a pretexto de prestar auxílio a um turista desorientado, prometendo tomar conta da bagagem da vítima, enquanto esta é enviada a outro balcão de informações, subtrai bens contidos nas malas incide na figura qualificada. 
30-A. Furto com fraude versus estelionato:
Estelionato - o agente consegue convencer o ofendido, fazendo-o incidir em erro, a entregar, voluntariamente, o que lhe pertence, 
Furto com fraude - o autor, em razão do quadro enganoso, ludibria a vigilância da vítima, retirando-lhe o bem, trata-se de furto com fraude. 
31. Escalada: é a subida de alguém a algum lugar, valendo-se de escada. 
32. Destreza: agilidade de suas mãos, conseguia retirara carteira de alguém, sem que a vítima percebesse. 
33. Chave falsa: toda que não for a orgininal.
CUIDADO: a chave original, subtraída subrepticiamente, não provoca a configuração da qualificadora.
 34. Concurso de duas ou mais pessoas: quando mais de pum agente se reúnem para a prática do crime de furto.
35. Nova qualificadora: A pena aumenta ainda mais – nas faixas abstratas mínima e máxima –, para reclusão de 3 a 8 anos, quando o veículo automotor for transportado para outro Estado da Federação ou para o exterior. 
36. Esquecimento da pena de multa: olvidou o legislador a pena de multa, típica sanção penal dos delitos contra o patrimônio.
37. Veículo automotor: dotado de automovimentação. 
38. Análise do tipo penal: “venha a ser transportado”, efetivamente seja levado para outro Estado da Federação ou ainda a outro país. 
CUIDADO: Se ficar na mesma unidade federativa, não há a incidência da qualificadora. 
39. Interpretação extensiva do termo Estado: equiparado a Estado está o Distrito Federal. 
40. Conhecimento e adesão à qualificadora: Caso algum dos concorrentes para a prática do delito desconheça totalmente a remessa do automóvel para esses outros estados e país não pode incidir a qualificadora, por inexistência de dolo. 
41. Preponderância da qualificadora: caso o agente furte um veículo, incidindo inicialmente na figura do caput (furto simples) e depois leve o objeto subtraído para fora do País, a figura é qualificada .
Furto de coisa comum42
Art. 156. Subtrair43 o condômino, coerdeiro ou sócio,44-46para si ou para outrem,47 a quem legitimamente a detém,48 a coisa comum:49-51
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
§ 1.º Somente se procede mediante representação.52
§ 2.º Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.53
 RESUMO
42. Furto específico: prevê uma subtração de coisa que não é completamente alheia, mas pertencente a mais de uma pessoa.
43. Análise do núcleo do tipo: ver nota 3 ao artigo anterior.
44. Condômino, coerdeiro ou sócio: são sujeitos ativos especiais. 
45. Sujeitos ativo e passivo: o sujeito ativo o condômino, o coerdeiro ou o sócio; o sujeito passivo, de igual modo, só pode ser o condômino, o coerdeiro ou o sócio.
46. Furto de sócio contra a sociedade: 
CUIDADO: trata-se da figura do art. 155, e não de furto de coisa comum. 
47. Elemento subjetivo: o dolo. Não existe a forma culposa. Finalidade específica de agir (“para si ou para outrem”), que é o ânimo de assenhoreamento.
48. Detenção legítima: é a conservação em seu poder, conforme a lei, de alguma coisa Ex: inventariante.
49. Coisa comum: o agente subtrai alguma coisa que lhe pertence, mas também e igualmente a terceiro. 
50. Objetos material e jurídico: o objeto material é a coisa subtraída; o objeto jurídico é o patrimônio, que pode ser a propriedade ou a posse, desde que legítimas.
51. Classificação: trata-se de crime:
Próprio - material- forma livre - comissivo (“subtrair. Excepcionalmente, comissivo por omissão - instantâneo - de dano – unissubjetivo - plurissubsistente - admite tentativa.
52. Ação pública condicionada: está legitimado a agir o Ministério Público caso haja representação de alguma vítima.
53. Causa específica de exclusão da ilicitude: se coisa comum for fungível, isto é, substituível por outra da mesma espécie, quantidade e qualidade (como o dinheiro), e o agente subtrai uma parcela que não excede a cota a que tem direito, não há fato ilícito.
Capítulo II
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
Roubo1
Art. 157. Subtrair2 coisa3 móvel alheia, para si ou para outrem,4-5 mediante grave ameaça ou violência a pessoa,6 oudepois de havê-la, por qualquer meio,7 reduzido à impossibilidade de resistência.8-14
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.
§ 1.º Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grav e ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.15-16
§ 2.º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até 1/2 (metade):17-19
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;20-22-A
II – se há o concurso de duas ou mais pessoas;23-24
III – se a vítima está em serviço de transporte de valores25e o agente conhece tal circunstância;26
IV – se a subtração for de veículo automotor que venha aser transportado para outro Estado ou para o exterior;27V – se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindosua liberdade.28
§ 3.º Se da violência resulta lesão corporal grave,29-30 apena é de reclusão, de 7 (sete) a 15 (quinze) anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de 20 (vinte) a 30(trinta) anos, sem prejuízo da multa.31-34
 RESUMO
1. Crime complexo: é um furto com violência ou de grave ameaça.
2. Sujeitos ativo e passivo: qualquer pessoa. Os objetos jurídicos protegidos o patrimônio, a integridade física e a liberdade do indivíduo.
3. Princípio da insignificância:
CUIDADO: a violência ou a grave ameaça não podem ser consideradas de menor relevância, configuradora do delito de bagatela. 
4. Análise do núcleo do tipo: vide notas ao art. 155.
4-A. Elemento subjetivo: o dolo. Não se pune a forma culposa.
5. Roubo de uso: não existe, pois há violência ou grave ameaça e a vítima tem imediata ciência da conduta e de que seu bem foi levado embora. 
6. Grave ameaça ou violência a pessoa: a grave ameaça é o prenúncio de um acontecimento desagradável. 
7. Interpretação analógica desnecessária: o agente se valha de qualquer outro meio para impedir a natural resistência do ofendido à perda dos seus bens.
8. Objetos material e jurídico: o objeto material é a coisa subtraída, a pessoa que sofre a violência ou a grave ameaça. Os objetos jurídicos são o patrimônio, a integridade física e a liberdade do indivíduo.
9. Classificação: trata-se de crime:
Comum - material (diminuição do patrimônio da vítima) - forma livre - comissivo (“subtrair” excepcionalmente, comissivo por omissão) – instantâneo - de dano -unissubjetivo -plurissubsistente - admite tentativa.
10. Roubo contra várias pessoas através de uma ação: concurso formal. Por isso, caracteriza-se a figura do art. 70 do Código Penal. 
10-A. Roubo seguido de resistência: concurso material. Vislumbramos crimes independentes, gerando a figura do art. 69 do CP. Ver também a nota 13 ao art. 329.
11. Roubo e estado de necessidade: se alguém, necessitando de um carro com absoluta urgência para salvar seu pai, que está sofrendo um enfarte, utiliza de violência, retirando um motorista de dentro do seu veículo para dele fazer uso, pode-se perfeitamente configurar o estado de necessidade. 
12. “Trombada”: tipo de violência com a finalidade de levar-lhe os pertences, configura o roubo, e não um simples furto. 
13. Consumação do crime de roubo: O roubo está consumado quando o agente retira o bem da esfera de disponibilidade e vigilância da vítima. 
13-A. Veículo com rastreador: não influi na consumação do roubo. 
14. Concurso de roubo e extorsão: são crimes diferentes. Ex: o agente subtraindo coisas com violência ou grave ameaça, e, em seguida, obriga a vítima a dar-lhe a senha do caixa eletrônico ou faz com que o ofendido vá retirar o dinheiro, trazendo-o até o agente, comete roubo e extorsão, em concurso material. 
15. Roubo próprio e roubo impróprio: roubo próprio, o agente usa a violência ou a grave ameaça; roubo impróprio, o agente consegue a coisa sem valer-se de violência, mas é levado a empregar violência ou grave ameaça após ter o bem em suas mãos, tendo por finalidade assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa definitivamente. 
16. Tentativa no roubo impróprio: há controvérsia.
17. Causas de aumento da pena: é tradição tratar de roubo qualificado, as formas de subtração previstas no § 2.º, embora sejam apenas causas de aumento da pena. 
18. Incidência de mais de uma causa de aumento:
CUIDADO: STJ: “... a majoração da pena acima do mínimo legal (um terço) deve estar fundamentada em circunstâncias concretas que justifiquem um acréscimo mais expressivo, não sendo suficiente a simples menção ao número de causas de aumento presentes no caso em análise.” 
19. Critérios que eram seguidos pelo Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo (atual TJSP) para a fixação do aumento da pena no caso de roubo: sem comentários
20-A. Utilização de arma própria e imprópria e sua influência na pena: o uso de arma imprópria, admite a aplicação de pena mais branda. Ex: pequeno pedaço de pau.
21. Arma de brinquedo: STJ: “... não mais se mostra suficiente para configurar a causa especial de aumento de pena, dada a ausência de incremento no risco ao bem jurídico, servindo, apenas, para caracterizar a grave ameaça já inerente ao crime de roubo.” 
22-A. Apreensão da arma e prova da causa de aumento: a materialidade do roubo independe da apreensão de qualquer instrumento, assim como a prova da autoria pode ser concretizada pela simples, mas verossímil, palavra da vítima. 
23. Concurso de duas ou mais pessoas: TJDF: “O fato de o crime ter sido cometido por duas pessoas, sendo uma inimputável, não afasta a ocorrência de concurso de pessoa a justificar o afastamento da norma que majora o delito nessa circunstância embrenhado, até porque a lei não faz nenhuma menção a respeito da capacidade punitiva do agente.” 
24. Concurso material entre roubo qualificado e associação criminosa armada- STF: “... a condenação simultânea pelos crimes de roubo qualificado com emprego de arma de fogo (art. 157, § 2.º, I, do CP) e de formação de quadrilha armada [associação armada] (art. 288, parágrafo único, do CP) não configura bis in idem, uma vez que não há nenhuma relação de dependência ou subordinação entre as referidas condutas delituosas e porque elas visam bens jurídicos diversos. 
25. Vítima a serviço de transporte de valores: o roubo é mais grave quando se trata de transporte de valores pertencentes a terceiro.
26. Dolo direto: exige o agente conheça a circunstância referente ao transporte de valores de terceiros. Não há aumento no dolo indireto (assumir o risco de provocar o resultado).
27. Veículo automotor levado a outro Estado ou para o exterior: vide nota 38 ao art. 155, § 5.º.
28. Vítima com a liberdade cerceada: STJ: “O inciso V do art. 157, § 2.º, do CP exige para a sua configuração que a vítima seja mantida em tempo juridicamente relevante em poder do réu ...”
29. Crime qualificado pelo resultado lesões graves: se configura pela presença de dolo na conduta antecedente (roubo) e dolo ou culpa na conduta subsequente (lesões corporais graves – art. 129,§§ 1.º e 2.º, CP). 
30. Hipóteses quanto ao resultado mais grave:
a) lesão grave consumada + roubo consumado = roubo qualificado pelo resultado lesão grave; 
b) lesão grave consumada + tentativa de roubo = roubo qualificado pelo resultado lesão grave, dando-se a mesma solução do latrocínio (morte consumada + tentativa de roubo). 
31. Crime qualificado pelo resultado morte: se,da grave ameaça, resultar lesão grave ou morte (caso no qual, durante um assalto, o síndico do prédio, com mais de 80 anos, morre de ataque cardíaco). LATROCÍNIO É HEDIONDO (157, §3º)
32. Aspectos do resultado morte: mesmo se um dos autores atira contra o ofendido, mas termina matando quem está passando pelo local, comete latrocínio. 
32-A. Multiplicidade de vítimas: constitui crime único. Entretanto, deve o magistrado ponderar as consequências do crime (mais de uma morte) para majorara pena, valendo-se do art. 59 do Código Penal. 
33. Hipóteses possíveis:
a) roubo consumado e homicídio tentado: tentativa de latrocínio; 
b) roubo consumado e homicídio consumado: latrocínio consumado; 
c) roubo tentado e homicídio tentado: tentativa de latrocínio. 
34. Inviabilidade de aplicação do art. 9.º da Lei 8.072/90: artigo de referência revogado.
Extorsão35
Art. 158. Constranger36 alguém,37 mediante violência ou grave ameaça,38 e com o intuito de obter39 para si ou para outrem indevida vantagem econômica,40-41 a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:42-44
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.
§ 1.º Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de 1/3 (um terço)até 1/2 (metade).45
§ 2.º Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3.º do artigo anterior.46
§ 3.º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica,46-A a pena é de reclusão, de 6 (seis)a 12 (doze) anos,46-B além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159,§§ 2.º e 3.º, respectivamente.46-C-46-D
 RESUMO
35. Extorsão: a diferença entre o roubo e a extorsão é esta exigir a participação ativa da vítima fazendo alguma coisa, tolerando que se faça ou deixando de fazer algo em virtude da ameaça ou da violência sofrida.
36. Análise do núcleo do tipo: constranger significa tolher a liberdade, forçando alguém a fazer alguma coisa. 
37. Sujeitos ativo e passivo: qualquer pessoa.
38. Violência ou grave ameaça: ver comentários ao art.157.
39. Elemento subjetivo: pune-se a extorsão quando houver dolo. Inexiste a forma culposa. 
40. Indevida vantagem econômica. A vantagem econômica demonstra, nitidamente, ser um crime patrimonial.
41. Consumação: o agente obtém a vantagem econômica almejada, configurador do seu objetivo (“com o intuito de...”), não sendo necessário estar presente para concretizar a extorsão. 
42. Condutas da vítima: fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa é precisamente a colaboração do ofendido para a configuração do crime de extorsão. (colaboração devido a ameaça).
43. Objetos material e jurídico: o objeto material é a pessoa que sofre a violência ou a grave ameaça; os objetos jurídicos são o patrimônio da vítima, sua integridade física e a sua liberdade.
44. Classificação: trata-se de crime:
Comum - formal - de forma livre - comissivo (“constranger” e possível, comissivo por omissão) - instantâneo - de dano - unissubjetivo - plurissubsistente - Admite tentativa.
45. Causas de aumento de pena: ver comentários ao art.157, § 2.º.
46. Crime qualificado pelo resultado lesão grave ou morte: ver comentários ao art. 157, § 3.º.
46-A. Sequestro relâmpago: uma qualificadora a restrição da liberdade da vítima, sendo essa a condição necessária para a obtenção da vantagem econômica.
46-B. Proporcionalidade das penas: não vale a pena discutir.
46-C. Tipo remissivo: quando, da restrição da liberdade da vítima, ocorrer lesão grave, a pena será de reclusão, de 16 a 24 anos (cf. art. 159, § 2.º, CP); se ocorrer morte, a pena será de reclusão, de 24 a 30 anos (cf. art. 159, § 3.º, CP). 
46-D. Ausência do rol dos crimes hediondos: 
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes:
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o);  
Extorsão mediante sequestro
Art. 159. Sequestrar47 pessoa48 com o fim de obter,49 para si ou para outrem,50 qualquer vantagem,51 como condição52ou preço53 do resgate:54-55
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1.º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, 56-57 se o sequestrado é menor de 18 (dezoito)58 ou maior de 60 (sessenta) anos,58-A ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha:59
Pena – reclusão, de 12 (doze) a 20 (vinte) anos.
§ 2.º Se do fato60 resulta lesão corporal de natureza grave:61
Pena – reclusão, de 16 (dezesseis) a 24 (vinte e quatro) anos. 
§ 3.º Se resulta a morte:
Pena – reclusão, de 24 (vinte e quatro) a 30 (trinta) anos.61-A
§ 4.º Se o crime62 é cometido em concurso,63 o concorrente que o denunciar à autoridade,64 facilitando a libertação do sequestrado,65 terá sua pena reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois terços).
 RESUMO
47. Análise do núcleo do tipo: sequestrar significa tirar a liberdade, isolar, reter a pessoa. Havendo finalidade na obtenção de vantagem patrimonial, torna-se uma modalidade de extorsão.
48. Sujeitos ativo e passivo: qualquer pessoa.
49. Elemento subjetivo: é o dolo. Não há a forma culposa. O elemento subjetivo do tipo específico – “com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate”.
50. Consumação: pune-se a mera atividade de sequestrar pessoa, tendo a finalidade de obter resgate, mesmo que o agente não consiga a vantagem almejada.
51. Vantagem: vantagem econômica, valendo-se da privação da liberdade de uma pessoa. 
52. Condição: é uma obrigação que se impõe à(s) vítima(s) para que possa haver a libertação.
53. Preço: é a recompensa ou o prêmio que proporcionará a libertação.
54. Objetos material e jurídico: o objeto material é a pessoa privada e o patrimônio. O objeto jurídico é tanto o patrimônio quanto a liberdade do indivíduo.
55. Classificação: trata-se de crime:
Comum - formal (o resgate– pode não ocorrer) - forma livre – comissivo (“sequestrar” pode ser comissivo por omissão) - permanente – unissubjetivo – plurissubsistente - admite tentativa.
CUIDADO : Trata-se de crime hediondo (Lei 8.072/90).: OS §§§ 1º, 2º E 3º
56. Figura qualificada:§ 1.º - qualificadoras, aumentam o mínimo e o máximo da pena.
57. Duração superior a 24 horas: privação da liberdade superior a 24 horas, o delito torna-se qualificado.
58. Sequestro de menor de 18 anos: a proteção é maior às vítimas menores de 18 anos.
58-A. Sequestro de idoso: trata-se de introdução proporcionada pelo Estatuto do Idoso. 
59. Bando ou quadrilha: é necessária a prova de que três ou mais pessoas se associaram com a finalidade específica de cometer crimes. 
60. Fato que dá margem ao resultado qualificador: no § 1.º que o legislador continuou a falar do sequestro, prevendo questões pertinentes ao prazo de duração, à idade da vítima e à autoria.
61. Forma qualificada pelo resultado: Se do fato resultar lesão corporal grave, a pena eleva-se para reclusão, de 16 a 24 anos; se resultar morte, a pena sofre a elevação para reclusão, de 24 a 30 anos. 
61-A. Inviabilidade de aplicação do art. 9.º da Lei 8.072/90: Não vale a pena ler para a prova.
62. Delação premiada: a Lei 8.072/90 - crimes hediondos, criou a delação premiada, que significa a possibilidade de se reduzir a pena do criminoso que entregar o(s) comparsa(s). É o “dedurismo” oficializado.
63. Requisito do concurso de agentes: para a delação produzir a redução da pena do réu é necessário que o delito tenha sido cometido por, pelo menos, duas pessoas, já que se fala em “concurso” e “concorrente”. 
64. Autoridade: autoridade capaz de levar o caso à solução almejada, causando a libertação da vítima (delegado, juiz, promotor, entre outros).
65. Libertação do sequestrado: requisito fundamental ocorrer a libertação da pessoa sequestrada. Sem esta, não há aplicação do prêmio para a delação.
Extorsão indireta
Art. 160. Exigir ou receber,66 como garantia de dívida,67-68 abusando da situação de alguém,69 documento70 que pode darcausa71 a procedimento criminal72 contra avítima73 ou contraterceiro:74-75 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
66. Análise do núcleo do tipo: exigir (extorsão direta) receber (extorsão indreta). A extorsão indireta ocorre quando o agente ordena ou aceita, como garantia de uma dívida, abusando da vítima, um documento passível de gerar um procedimento criminal contra alguém. 
67. Garantia de dívida: a dívida existente entre autor e vítima pode ser resultante de contrato, título extrajudicial ou qualquer outra forma de obrigação, lícita ou ilícita.
68. Elemento subjetivo: é o dolo, a noção de estar abusando da vítima. Não existe a forma culposa. Admite o elemento subjetivo do tipo específico - finalidade de garantir uma dívida. 
69. Elemento normativo do tipo: abusar : o credor, aproveitando-se da situação do devedor – que sempre é de inferioridade pelo simples fato de dever –, exige ou recebe algo indevido.
70. Documento que proporciona procedimento criminal: aqueles que podem proporcionar a instauração de uma ação penal ou inquérito policial contra alguém, como o cheque sem fundos, a duplicata fria, a confissão da prática de um delito etc.
71. Potencialidade lesiva do documento: cause ou possa provocar a instauração de uma ação penal ou de um inquérito policial contra a vítima.
72. Procedimento criminal: tanto a ação penal quanto para o inquérito policial, um de natureza jurisdicional e o outro de natureza administrativa. 
73. Sujeitos ativo e passivo: o sujeito ativo é o credor da dívida, o sujeito passivo é o devedor.
74. Objetos material e jurídico: o objeto material é o documento que sofre a conduta criminosa, finalidade maior do autor; o objeto jurídico é tanto o patrimônio, quanto a liberdade da vítima.
75. Classificação: trata-se de crime:
Próprio ( credor da dívida) - formal - de forma vinculada (exigindo-se ou recebendo-se documento) - comissivo (“exigir” ou “receber”. Pode ser e, comissivo por omissão ) - instantâneo - unissubjetivo - plurissubsistente - Admite tentativa. 
Capítulo III
DA USURPAÇÃO1
1.Proteção constitucional: usurpação, conduta de quem adquire alguma coisa com fraude ou indevidamente: bens imóveis, exceto no tocante ao delito previsto no art. 162, que cuida de gado ou rebanho. 
Alteração de limites
Art. 161. Suprimir ou deslocar2-3 tapume,4 marco5 ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória,6 para apropriar-se,7 no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:8-9
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa.
§ 1.º Na mesma pena incorre quem:
Usurpação de águas
I – desvia ou represa,10-11 em proveito próprio ou de outrem, 12 águas alheias;13-15
Esbulho possessório16
II – invade,17-19 com violência a pessoa ou grave ameaça,20ou mediante concurso de mais de duas pessoas,21 terreno ou edifício22 alheio,23 para o fim de esbulho possessório.24-25
§ 2.º Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta cominada.26
§ 3.º Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.27
 RESUMO
2. Análise do núcleo do tipo: suprimir significa eliminar e deslocar quer dizer mudar do local onde se encontrava originalmente. 
3. Sujeitos ativo e passivo: o sujeito ativo é o dono do imóvel ao lado daquele que terá a linha divisória alterada; o sujeito passivo é o proprietário do imóvel que teve a linha divisória modificada.
4. Tapume: cerca ou vedação, utilizada, sobretudo, para separar propriedades imóveis.
5. Marco: é qualquer tipo de sinal demarcatório, natural ou artificial.
6. Sinal indicativo de linha divisória: sinal é qualquer símbolo ou expediente destinado a servir de advertência ou reconhecimento.
7. Elemento subjetivo: Dolo. Não existe a forma culposa. O elemento subjetivo específico é suprimir ou deslocar a linha divisória com a finalidade de apropriar-se da coisa alheia imóvel.
8. Objetos material e jurídico: o objeto material é o imóvel com metragens alteradas; o objeto jurídico é o patrimônio.
9. Classificação: trata-se de crime:
Próprio - formal - de forma vinculada - comissivo(“suprimir” e “deslocar” . Pode ser comissivo) - instantâneo – unissubjetivo – plurissubsistente – admite tentativa.
10. Análise do núcleo do tipo: desviar - mudar a direção ou o destino de algo e represar - deter o curso das águas. 
11. Sujeitos ativo e passivo: o sujeito ativo é qualquer pessoa; o passivo é o proprietário de algum leito ou curso de água.
12. Elemento subjetivo: é o dolo. O elemento subjetivo do tipo específico (dolo específico), consistente em agir “em proveito próprio ou de outrem”. Não há forma culposa.
13. Objetos material e jurídico: o objeto material é a água alheia; o jurídico é o patrimônio.
14. Elemento normativo do tipo: alheias, como ocorre no furto. Não é, pois, qualquer “água” .
15. Classificação: trata-se de crime:
Comum - formal - forma livre - comissivo(os verbos indicam ação. Pode ser comissivo por omissão ) - instantâneo - unissubjetivo - plurissubsistente - admite tentativa.
16. Esbulho possessório: esbulhar é privar alguém de alguma coisa, indevidamente, valendo-se de fraude ou violência. 
17. Análise do núcleo do tipo: invadir, neste contexto, significa entrar à força, visando à dominação.
18. Sujeitos ativo e passivo: o sujeito ativo é qualquer pessoa; o passivo é a pessoa que detém a posse de um imóvel.
19. Elemento subjetivo do tipo: é o dolo, a finalidade específica de agir (“para o fim de esbulho possessório”), que é o elemento subjetivo do tipo específico. Não existe a forma culposa.
CUIDADO : TJSP: “A invasão de propriedades rurais com a finalidade, ou sob o pretexto, de pressionar as autoridades a dinamizar a reforma agrária, expediente que tangencia a guerra revolucionária, perturba a ordem pública e importa em ilícito civil, mas não configura o delito de esbulho possessório, porque ausente o elemento subjetivo do tipo” 
20. Violência ou grave ameaça a pessoa: O esbulho configura-se quando a invasão a um imóvel ocorre com violência física desferida contra uma pessoa ou quando houver grave ameaça.
21. Concurso de mais de duas pessoas: não se trata de uma circunstância qualificadora ou agravante, mas inerente ao próprio tipo básico. 
22. Terreno ou edifício: dispensa comentários.
]23. Elemento normativo do tipo: alheio : imóvel outra pessoa. 
24. Objetos material e jurídico: o objeto material o imóvel invadido e a pessoa que sofreu a violência ou a grave ameaça. O objeto jurídico é o patrimônio, a incolumidade física e a liberdade do indivíduo. 
25. Classificação: trata-se de crime:
Comum - formal - de forma livre - comissivo (“invadir”. Pode ser comissivo por omissão) - instantâneo - unissubjetivo - plurissubjetivo - plurissubsistente – Admite tentativa.
26. Concurso com o crime violento: usurpação de águas e esbulho possessório, quando praticados com violência contra a pessoa, devem ser punidos em concurso com o delito correspondente à violência cometida. 
27. Ação pública incondicionada ou privada: nas três hipóteses (alteração de limites, usurpação de águas e esbulho possessório) a ação será pública incondicionada. Entretanto, quando a propriedade, sujeita à alteração dos limites, as águas, objeto de desvio ou represamento, e a propriedade, sujeita à invasão, forem privadas, não tendo o crime sido cometido com violência, a ação será privada. 
Supressão ou alteração de marca em animais
Art. 162. Suprimir ou alterar,28-29 indevidamente,30-31 em gado ou rebanho32 alheio,33 marca ou sinal indicativo de propriedade: 34-35
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
 RESUMO
28. Análise do núcleo do tipo: suprimir - desaparecer ou eliminar; alterar - transformar ou modificar. 
CUIDADO: Se o rebanho não está marcado, aquele que o fizer não responde por esta figura típica.
29. Sujeitos ativo e passivo: o ativo é qualquer pessoa; o passivo é o proprietário das reses.
30. Elemento normativo do tipo: a conduta indevida, ou seja, ilícita. 
31. Elemento subjetivo: é o dolo. Não se pune a forma culposa. 
32. Objetos material e jurídico:o objeto material do crime é o gado ou o rebanho. O objeto jurídico é o patrimônio. 
33. Elemento normativo do tipo: alheio , que não é o agente.
34. Marca ou sinal indicativo de propriedade: marca; sinal é o expediente usado, através de meios visíveis ou auditivos, para dar alerta sobre alguma coisa. 
35. Classificação: trata-se de crime:
Comum - formal - de forma livre - comissivo (“suprimir” e “alterar”. Pode ser comissivo por omissão) - instantâneo - unissubjetivo - plurissubsistente - admite tentativa.
Capítulo IV
 DO DANO
Dano1
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar2-4 coisa5 alheia: 6-8
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Dano qualificado
Parágrafo único. Se o crime é cometido:
I – com violência à pessoa ou grave ameaça;9 
II – com emprego de substância inflamável ou explosiva,10 se o fato não constitui crime mais grave;
III – contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista;11-12
IV – por motivo egoístico13 ou com prejuízo considerável para a vítima:14
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
 RESUMO
1. Dano e proteção constitucional: é o prejuízo material ou moral causado a alguém por conta da deterioração ou estrago de seus bens. 
2. Análise do núcleo do tipo: destruir quer dizer arruinar, extinguir ou eliminar; inutilizar significa tornar inútil ou imprestável alguma coisa aos fins para os quais se destina; deteriorar é a conduta de quem estraga ou corrompe alguma coisa parcialmente.
CUIDADO. Quem desaparece com coisa alheia, lamentavelmente, não pratica crime algum. Assim, aquele que faz sumir coisa de seu desafeto, somente para que este fique desesperado a sua procura, responderá civilmente pelo seu ato.
3. Sujeitos ativo e passivo: podem ser qualquer pessoa.
4. Elemento subjetivo: é o dolo. Não há forma culposa.
5. Conceito de coisa: no contexto dos delitos contra o patrimônio é conjunto de bens suscetíveis de apreciação econômica.
6. Elemento normativo do tipo: alheia : posse ou propriedade que não é o agente.
7. Objetos material e jurídico: o material é a coisa que sofre a conduta criminosa do agente; o objeto jurídico é o patrimônio.
8. Classificação: trata-se de crime:
Comum - material - de forma livre - comissivo (verbos de ação. Pode comissivo por omissão) - instantâneo - de dano - unissubjetivo - plurissubsistente - admite tentativa.
9. Violência ou grave ameaça à pessoa: Trata-se da violência física ou da ameaça séria voltada contra a pessoa, e não contra a coisa pois esta já está prevista no caput.
10. Emprego de substância inflamável ou explosiva: subsidiária da qualificadora. 
CUIDADO: Se alguém explodir o veículo da vítima em um descampado, longe de outras pessoas, comete dano qualificado. Entretanto, se o fizer em zona urbana, colocando em risco a segurança alheia, comete outro delito mais grave (explosão – art. 251, CP).
11. Patrimônio público: o prejuízo é coletivo.
12. Preso que danifica a cadeia para fugir: não configura o crime de dano a conduta do preso que destrói, inutiliza ou deteriora os obstáculos materiais à consecução da fuga. 
13. Motivo egoístico: quem danifica patrimônio alheio somente para satisfazer um capricho ou incentivar um desejo de vingança ou ódio pela vítima.
14. Prejuízo considerável para a vítima: quando o crime de dano provoca na vítima um prejuízo de elevado custo, sendo esta a intenção do agente, é preciso puni-lo mais gravemente. 
Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia
Art. 164. Introduzir ou deixar15-16 animais17 em propriedade alheia,18 sem consentimento de quem de direito,19-20desde que do fato resulte prejuízo:21-22
Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, ou multa.
 RESUMO
15. Análise do núcleo do tipo: introduzir significa fazer entrar e deixar, nesse contexto, quer dizer largar ou soltar.
16. Sujeitos ativo e passivo: o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa e o passivo necessita ser o proprietário do lugar onde os animais foram introduzidos.
]17. Animais: (animais, no plural) Se o sujeito deixar um único cavalo pastando em propriedade alheia, é isso suficiente para configurar o tipo penal.
18. Elemento normativo do tipo: alheia ;a propriedade precisa ser de outra pessoa, não o agente.
19. Elemento normativo do tipo (“sem consentimento de quem de direito”): não somente a propriedade deve pertencer a outra pessoa, mas também não pode ter havido qualquer tipo de autorização para a introdução ou abandono de animal dentro dela. 
DESDE QUE O FATO RESULTE PREJUÍZO
20. Elemento subjetivo: é o dolo. Não existe a forma culposa nem outro elemento subjetivo.
21. Objetos material e jurídico: o objeto material é a propriedade onde os animais foram introduzidos; o jurídico é o patrimônio.
22. Classificação: trata-se de crime
Comum - material - de forma livre - comissivo ou omissivo (“introduzir”implica em ação e “deixar”, em omissão) - instantâneo ( ou permanente, cuja consumação se arrasta no tempo, na forma “deixar”) - de dano - unissubjetivo – plurissubsistente - não admite tentativa (por ser crime condicionado só há conduta punível se o fato trouxer prejuízo).
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico
Art. 165. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.23-3223-32. Revogação deste tipo penal pelo art. 62 daLei 9.605/98: 
Alteração de local especialmente protegido
Art. 166. Alterar,33-34 sem licença da autoridade competente, 35-36 o aspecto de local37 especialmente protegido por lei:38-39
Pena – detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.
Revogação deste tipo penal pelo art. 62 daLei 9.605/98: 
Ação penal
Art. 167. Nos casos do art. 163, do n. IV do seu parágrafo e do art. 164, somente se procede mediante queixa.40
 RESUMO
40. Casos de ação penal privada: cuida-se das hipóteses do dano simples (art. 163), do dano qualificado pelo motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima (art. 163, parágrafo único, IV) e da introdução ou abandono de animais em propriedade alheia (art. 164).
Capítulo V
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Apropriação indébita
Art. 168. Apropriar-se1-3-A de coisa alheia móvel,4 de que tem a posse ou a detenção:5-7
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1.º A pena é aumentada de 1/3 (um terço), quando o agente recebeu a coisa:8
I – em depósito necessário;9
II – na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;10
III – em razão de ofício, emprego ou profissão.11-11-A
 RESUMO
1. Análise do núcleo do tipo: apropriar-se : apossar-se de coisa que pertence a outra pessoa.
2. Sujeitos ativo e passivo: o ativo é a pessoa que tem a posse ou a detenção de coisa alheia; o sujeito passivo é o senhor da coisa dada ao sujeito ativo.
3. Elemento subjetivo: é o dolo. Não existe a forma culposa. 
3-A. Objetos material e jurídico: o objeto material é a coisa alheia móvel; o objeto jurídico é o patrimônio.
4. Conceito de coisa alheia móvel: 
CUIDADO: A única cautela que se deve ter neste caso é quanto à coisa fungível (substituível por outra da mesma espécie, qualidade e quantidade),uma vez que não pode haver apropriação quando ela for dada em empréstimo ou em depósito. 
PARA O STJ CABE APROPRIAÇÃO INDEBITA DE COISA FUNGÍVEL.
5. Posse ou detenção: a coisa precisa ter sido dada ao agente para que dela usufruísse, tirando alguma vantagem e exercitando a posse direta, ou pode ter sido dada para que fosse utilizada em nome de quem a deu, ou seja, sob instruções ou ordens suas. 
6. Classificação: trata-se de crime:
Próprio (quem recebeu a coisa em confiança) - material - de forma livre - comissivo ou omissivo) - instantâneo - de dano – unissubjetivo - unissubsistente ou plurissubsistente- admite tentativa.
7. Reparação do dano: o Código Penal não elegeu a reparação do dano, nos delitos patrimoniais, como causa que pudesse afastar a punibilidade do agente, devendo-se aplicar o art. 16 (arrependimento posterior), que é somente causa de redução da pena, dentro das condições ali especificadas. 
8. Causas de aumento da pena: não se trata de § 1.º, mas sim de autêntico parágrafo único. Quando estiver presente alguma dessas causas, deve o agente responder por uma pena mais grave, concretizada através de um aumento de um terço.
9. Depósito necessário: o sujeito passivo não tinha outra opção a não ser confiar a coisa ao agente. 
10. Qualidade da pessoa: o tutor, o curador, o síndico, o liquidatário, o inventariante, o testamenteiro e o depositário judicial. O rol não pode ser ampliado.
11. Ofício, emprego ou profissão: cometida por pessoas que, por conta das suas atividades profissionais de um modo geral, terminam recebendo coisas, através de posse ou detenção, para devolução futura, é mais grave. 
A APROPRIAÇÃO DE USO NÃO É PUNIDA (Utiliza como dono mas devolve).
Art. 168-A. Deixar15-18 de repassar à previdência social19 as contribuições20-21 recolhidas dos contribuintes, no prazo eforma legal ou convencional:22-25-A
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1.º Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
I – recolher,26-28 no prazo legal,29 contribuição ou outra importância30 destinada à previdência social que tenha sidodescontada31 de pagamento efetuado a segurados, a terceirosou arrecadada do público;32-33
II – recolher34 contribuições devidas à previdência socialque tenham integrado despesas contábeis ou custos relativosà venda de produtos ou à prestação de serviços;35-37
III – pagar38-39 benefício40 devido a segurado, quando asrespectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados41 àempresa pela previdência social.42-43
§ 2.º É extinta a punibilidade44 se o agente, espontaneamente,declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições,importâncias ou valores e presta as informaçõesdevidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento,antes do início da ação fiscal.45-45-A
§ 3.º É facultado ao juiz deixar de aplicar46 a pena ou aplicarsomente a de multa se o agente for primário e de bonsantecedentes, desde que:
I – tenha promovido,47 após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou
II – o valor das contribuições48 devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.49
 RESUMO
15. Análise do núcleo do tipo: deixar de repassar. O objeto da conduta omissiva é a contribuição recolhida dos contribuintes.
16. Sujeitos ativo e passivo: o sujeito ativo é o substituto tributário, que tem, por lei, o dever de recolher determinada quantia. O sujeito passivo é o Estado, especificamente o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
17. Elemento subjetivo do tipo: é o dolo. Não se pune a forma culposa. 
18. Exigência do elemento subjetivo específico (dolo específico): a polêmica em torno dessa exigência. Não há posição do STF.
19. Previdência social: dispensa comentários.
20. Contribuições previdenciárias: dispensa comentários.
21. Diversidade da figura do caput e da prevista no
§ 1.º: deixar de recolher contribuição destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público, o que não corresponde à realidade. 
22. Prazo e forma legal ou convencional: norma em branco.
23. Objetos material e jurídico: o objeto material é a contribuição recolhida do contribuinte. O objeto jurídico é a seguridade social. 
24. Classificação: trata-se de crime:
Próprio ( substituto tributário) - formal - de forma livre - omissivo (o verbo implica em abstenção) - instantâneo - Unissubjetivo – Unissubsistente - não admite tentativa.
25. Competência: é da Justiça Federal e a ação é pública incondicionada.
25-A. Condição objetiva de punibilidade: é fundamental que a apuração do débito, na esfera administrativa, tenha sido concluída.
26. Análise do núcleo do tipo: deixar de recolher. O objeto é a contribuição ou outra importância destinada à previdência. 
27. Sujeitos ativo e passivo: o sujeito ativo é o “titular de firma individual, os sócios solidários, os gerentes, diretores ou administradores que efetivamente tenham participado da administração da empresa. O sujeito passivo é o Estado, especificamente o INSS.
28. Elemento subjetivo do tipo: ver nota 17 ao caput.
29. Prazo legal: é norma penal em branco, necessitando de complemento. 
30. Outra importância: “a lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção
ou expansão da seguridade social.
31. Desconto concretizado de pagamento feito: somente se concretiza o tipo penal da apropriação indébita previdenciária caso o empregador desconte a contribuição do segurado e não a repasse à previdência. 
32. Objetos material e jurídico: ver nota 23 ao caput.
33. Classificação: trata-se de crime;
Próprio (só pode ser cometido por sujeito qualificado) - formal - de forma livre - omissivo (o verbo implica em abstenção) - instantâneo - unissubjetivo - unissubsistente - não admite tentativa.
34. Análise do núcleo do tipo, sujeitos ativo e passivo e elemento subjetivo: ver notas 26 a 28 ao inciso anterior
35. Despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços: contribuição devida pelo empregador (20% sobre a folha de remuneração, acrescidos do percentual relativo ao seguro acidente de trabalho).
36. Objetos material e jurídico: ver nota 23 ao caput.
37. Classificação: ver nota 33 ao inciso I.
38. Análise do núcleo do tipo: deixar de pagar. O objeto é o benefício devido a segurado, já reembolsado pela previdência social. 
39. Sujeitos ativo e passivo e elemento subjetivo: ver notas 27 e 28 ao inciso I.
40. Benefício: Exemplo de benefício: salário-família
41. Necessidade do reembolso realizado: para a configuração do crime omissivo (“deixar de pagar”) é preciso que a previdência social tenha efetuado o pagamento à empresa e esta não o tenha repassado ao segurado. Do contrário, não seria apropriação indébita.
42. Objetos material e jurídico: o objeto material é o benefício devido ao segurado. O objeto jurídico é a seguridade social.
43. Classificação: ver nota 33 ao inciso I.
44. Causa de extinção da punibilidade: exigem-se, os seguintes requisitos: 
a) declaração do valor devido (demonstrar à previdência o montante arrecadado ou recolhido de contribuinte ou segurado e não repassado); 
b) confissão da prática delituosa, isto é, a admissão de não ter feito o recolhimento ou o repasse na época e da forma previstas em lei. 
c) efetuar o pagamento (recolher o devido com todos os encargos, visto que o parágrafo menciona que tudo deve ser realizado “na forma definida em lei ou regulamento”.
d) prestar as informações devidas (além de declarar o devido, precisa esclarecer a previdência social a respeito da sua real situação, para que os próximos recolhimentos sejam corretamente efetuados. 
e) espontaneidade (sinceridade na declaração, demonstrando arrependimento, agindo sem subterfúgios). 
f) agir antes do início da ação fiscal.
45. Não aplicação do art. 34 da Lei 9.249/95: sem comentários
45-A. Parcelamento do débito administrativamente: autorizando-se o devedor a efetuar o pagamento, não há razão para deixar de excluir a sua punibilidade no campo penal. 
46. Perdão judicial ou figura privilegiada: criou-se, com o § 3.º, uma hipótese alternativa de perdão judicial (“deixar de aplicar a pena”) ou de privilégio (aplicação somente da multa). Mas há requisitos gerais e específicos. Os gerais, válidos para qualquer hipótese, são: a) primariedade; b) bons antecedentes. 
47. Promoção do pagamento: deve o agente efetuar o pagamento de todo o montante devidoà previdência social antes do oferecimento da denúncia e depois do início da ação fiscal. 
48. Valor devido de pouca monta: Atualmente, o órgão previdenciário não se interessa em propor execuções fiscais cuja dívida ativa não ultrapasse R$ 10.000,00.
49. Critério para a escolha do juiz: o legislador previu hipóteses alternativas, mas impôs condições cumulativas para as duas, é preciso distinguir quando o magistrado deve aplicar o perdão judicial e quando deve aplicar somente a multa.
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza
Art. 169. Apropriar-se50 alguém51 de coisa alheia52-53 vinda ao seu poder54 por erro,55 caso fortuito56 ou força da natureza:57-59
Pena – detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre:
Apropriação de tesouro
I – quem60 acha tesouro em prédio alheio e se apropria,61 no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;62-64
Apropriação de coisa achada
II – quem65 acha coisa alheia perdida66 e dela se apropria, 67 total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor68 ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.69
 RESUMO
50. Análise do núcleo do tipo: ver comentários ao art.168, pois idêntico.
51. Sujeitos ativo e passivo: qualquer pessoa. Sujeito passivo, é o proprietário da coisa desviada ou perdida por erro ou acidente.
52. Coisa alheia: ver comentários ao art. 155, cujo objeto material é o mesmo.
53. Elemento subjetivo: é o dolo. Não há elemento subjetivo do tipo específico, nem a forma culposa. 
54. Estar em poder do agente: ter a coisa de terceiro sob sua esfera de vigilância e posse.
55. Erro: é a falsa percepção da realidade, que leva alguém a entregar ao agente coisa pertencente a outrem. Ex.: um entregador, confundindo o destinatário, passa às mãos do apropriador algo que não lhe cabe, havendo, então, o apossamento.
56. Caso fortuito: é o evento acidental, que faz com que um objeto termine em mãos erradas. Ex: Se bois alheios, por mero instinto de vagueação ou acossados pelo fogo de uma queimada, entram nas minhas terras, ou se peças de roupa no coradouro do meu vizinho são impelidas por um tufão até o meu quintal, tudo é caso fortuito” 
57. Forças da natureza: Assim, se, durante uma enchente, um automóvel vai cair na propriedade de outrem, fica este obrigado a devolvê-lo. Não o fazendo, configura-se o delito de apropriação.
58. Objetos material e jurídico: o objeto material é a coisa desviada acidentalmente; o objeto jurídico é o patrimônio.
59. Classificação: trata-se de crime:
Comum - material - de forma livre - comissivo ou omissivo) – instantâneo - de dano -unissubjetivo - unissubsistente ou plurissubsistente - admite tentativa, quando na forma comissiva.
60. Sujeitos ativo e passivo: ativo - qualquer pessoa ; passivo há de ser o proprietário do prédio onde o tesouro foi achado.
61. Análise do núcleo do tipo: apropriar-se – que já foi definida em nota anterior – de tesouro achado em prédio alheio. É indispensável que o local onde o tesouro foi encontrado pertença a terceira pessoa.
62. Quota pertencente ao proprietário divisão, em partes iguais, de tesouro encontrado por acaso, que não possua dono conhecido, com o proprietário do lugar onde ele foi achado.
63. Objetos material e jurídico: o objeto material é o tesouro visado; o objeto jurídico é o patrimônio do proprietário do prédio.
64. Elemento subjetivo e classificação: vide notas 53 e 59 ao caput.
65. Sujeitos ativo e passivo: ativo - pessoa pode cometer o delito; o sujeito passivo é o proprietário ou legítimo possuidor da coisa perdida.
66. Coisa perdida e coisa esquecida: A perdida sumiu por causa estranha à vontade do proprietário ou possuidor, que não mais a encontra; a esquecida saiu da sua esfera de vigilância e disponibilidade por simples lapso de memória, embora o dono saiba onde encontrá-la. 
ACHADO NÃO É ROUBADO, É APROPRIADO.
67. Análise do núcleo do tipo: O apossamento, neste caso, volta-se contra coisa pertencente a outrem, que está perdida. 
68. Dono ou legítimo possuidor: somente ao dono da coisa, mas também a quem a possui legitimamente.
69. Elemento temporal:. período de 15 dias para encontrar a vítima e devolver a coisa achada ou levar a autoridade policial competente
CABE TENTATIVA. 
Art. 170. Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, § 2.º.170. Apropriação privilegiada: segue as mesmas regras do furto privilegiado. Ver comentários ao art. 155, § 2.º.
Capítulo VI
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
Estelionato
Art. 171. Obter,1-2 para si ou para outrem,3 vantagem ilícita, 4 em prejuízo alheio,5 induzindo ou mantendo alguém em erro,6 mediante artifício,7 ardil,8 ou qualquer outro meio fraudulento:9-13
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1.º Se o criminoso é primário,14 e é de pequeno valor oprejuízo,15 o juiz pode16 aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2.º.
§ 2.º Nas mesmas penas incorre quem:
Disposição de coisa alheia como própria
I – vende, permuta, dá em pagamento,17-18 em locação ouem garantia coisa alheia19-20 como própria;21-23
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
II – vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia24-25coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa,26 ouimóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamentoem prestações,27-28 silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;29-30
Defraudação de penhor
III – defrauda,31-32 mediante alienação33 não consentida34 pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia,quando tem a posse do objeto empenhado;35-37
Fraude na entrega de coisa
IV – defrauda38-39 substância, qualidade ou quantidade de coisa40-41 que deve entregar42 a alguém;43-44
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
V – destrói,45-46 total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, 47 ou lesa o próprio corpo ou a saúde,48 ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de49 haver indenização ou valor de seguro;50-51
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI – emite52-54 cheque,55 sem suficiente provisão de fundos em Poder do sacado,56-58 ou lhe frustra o pagamento.59-64
§ 3.º A pena aumenta-se de um terço,65-65-A se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público66-67 ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência. 68
Anotações da professora
Estelionato: obter para si vantagem ilícita. É um crime de duplo resultado porque, além da vantagem ilícita, causa prejuízo.
Momento consumativo – momento em que o sujeito ativo obtém a vantagem.
Fraude – ocorre antes, durante ou depois. Obs: a fraude é utilizada para iludir a vítima a fim de que ela espontaneamente entregue o bem ao agente.
No furto qualificado pela fraude – a fraude é utilizada para distrair a vítima a fim de que ela não perceba a subtração.
Estelionato privilegiado – quando é coisa é de pequeno valor e o agente é primário.
Art. 171, 
- § 2º, II – Coisa própria inalienável : o único bem de família.
- § 2º, III – defraudar = alterar
- § 2º, IV– defraudar substância = É ela deve ser objetivamente importante.
- § 2º, VI – cheque emitido em Itabuna – entrar com a queixa no local onde o cheque foi negado o pagamento (compensado).
- § 4º - duplicata simulada : cabe na duplicata e na triplicata.
Súmula 244/STJ : «Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de fundos.»
Súmula 521/STF: «O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.»
Súmula 554/STJ: «Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão.»
 RESUMO 
1. Análise do núcleodo tipo: Obter vantagem indevida induzindo ou mantendo alguém em erro. 
2. Sujeitos ativo e passivo: qualquer pessoa.
3. Elemento subjetivo: é o dolo. Inexiste a forma culposa. Elemento subjetivo do tipo específico (ou dolo específico), é a vontade de obter lucro indevido, destinando-o para si ou para outrem.
4. Vantagem ilícita: diversamente do objeto material do crime de furto – que menciona coisa alheia –, neste caso basta que o agente obtenha vantagem, isto é, qualquer benefício, ganho ou lucro, de modo indevido, ou seja, ilícito. Trata-se de vantagem de natureza econômica, uma vez que se cuida de crime patrimonial.
5. Elemento normativo: prejuízo quer dizer perda ou dano; alheio significa pertencente a outrem. 
6. Erro: é a falsa percepção da realidade. Ex.: o autor finge manter uma agência de venda de carros, recolhe o dinheiro da vítima, prometendo-lhe entregar o bem almejado, e desaparece.
7. Artifício: é astúcia, esperteza. Ex.: o sujeito, dizendo-se representante de uma instituição de caridade conhecida, fazendo referência ao nome de pessoas conhecidas que, de fato, dirigem a mencionada instituição, consegue coletar contribuição da vítima, embolsando-a.
8. Ardil: é também artifício, esperteza, embora na forma de armadilha, cilada ou estratagema. No exemplo dado anteriormente, o agente prepara um local com a aparência de ser uma agência de venda de veículos, recebe o cliente (vítima), oferece-lhe o carro, recebe o dinheiro e, depois, desaparece. Trata-se de um ardil.
9. Qualquer outro meio fraudulento: trata-se de interpretação analógica, ou seja, qualquer outro semelhante ao artifício e ao ardil, que possa, igualmente, ludibriar a vítima.
10. Objetos material e jurídico: o objeto material é tanto a pessoa enganada, quanto o bem obtido indevidamente, que sofrem a conduta criminosa. O objeto jurídico é o patrimônio.
11. Classificação: trata-se de crime:
Comum - material - de forma livre - comissivo (“obter”, “induzir” e“manter” pode ser comissivo) - instantâneo - de dano - unissubjetivo - plurissubsistente - admite tentativa.
12. Questões controversas: a) trabalho espiritual (cartomancia, passes espirituais, bruxaria, macumba, entre outros, quando se referir a atividade paga, cremos estar configurado o delito de estelionato.
b) mecanismos grosseiros de engodo: não há crime. Utiliza-se, para tanto e como regra geral, o critério do homem médio, ou seja, a pessoa comum. 
c) esperteza nas atividades comerciais: não configura o delito de estelionato, resolvendo-se, se for o caso, na esfera civil; 
d) torpeza bilateral: em tese, não afasta o delito, pois o tipo penal não exige que a vítima tenha boas intenções. Assim, no conhecido golpe do bilhete premiado, o agente cerca a vítima, contando-lhe uma mirabolante história de necessidade (como ter de socorrer, urgentemente, sua mãe à beira da morte no interior), propõe a troca de um bilhete premiado que possui por uma determinada quantia em dinheiro. 
e) estelionato e falsidade: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido”. Trata-se da aplicação da regra de que o crime-fim absorve o crime-meio. 
f) reparação do dano: não afasta a configuração do estelionato, salvo na hipótese do cheque sem fundos, como será visto a seguir. 
CUIDADO: A reparação do dano, no entanto, quando feita antes do recebimento da denúncia ou da queixa, pode servir de causa de diminuição da pena ou mesmo de circunstância atenuante.
12-A. Estelionato judiciário: denomina-se como tal a manobra, o ardil ou o engodo, utilizado no processo, de forma a ludibriar o juízo ou a parte contrária, podendo alcançar provimento favorável à sua pretensão. 
12-B. Estelionato versus furto com fraude: ver a nota 30-A ao art. 155.
13. Estelionato como delito instantâneo de efeitos permanentes: STF: assentou que o crime de estelionato previdenciário praticado por terceiro não beneficiário tem natureza de crime instantâneo de efeitos permanentes, e, por isso, o prazo prescricional começa a fluir da percepção da primeira parcela. 
14. Estelionato privilegiado: como no caso do furto e da apropriação indébita, é possível haver substituição ou diminuição da pena (art. 155, § 2.º). Exige-se primariedade para o réu, embora não se fale em antecedentes. 
15. Pequeno valor do prejuízo: diferentemente do que ocorre com o furto, neste caso não se refere o tipo penal ao pequeno valor da coisa, e sim à perda sofrida pela vítima. 
16. Faculdade ou obrigação do juiz: reconhecendo existentes todos os requisitos, é natural que tenha a obrigação de conceder o benefício, pois a lei não deve ser utilizada como objeto do capricho do seu aplicador.
17. Análise do núcleo do tipo: vender, permutar ou dar em pagamento, locação ou garantia (esta última: hipoteca, penhor, anticrese) coisa que não lhe pertence é uma das modalidades de estelionato.
18. Sujeitos ativo e passivo: qualquer pessoa, desde que envolvida no negócio.
19. Coisa alheia: diversamente do furto, nesse caso podem incluir-se móveis e imóveis, não sendo necessária a tradição ou a realização completa e formal do negócio, como a transcrição no registro de imóveis, por exemplo. 
20. Elemento subjetivo: é o dolo. Inexiste a forma culposa.
21. Objetos material e jurídico: o objeto material é a coisa alheia vendida, permutada ou dada em pagamento; o objeto jurídico é o patrimônio.
22. Classificação: trata-se de crime:
comum - material - de forma livre - comissivo (“vender”, “permutar”e “dar” pode ser comissivo por omissão) - instantâneo - de dano – unissubjetivo - plurissubsistente - admite tentativa.
23. Furto e disposição de coisa alheia como própria: trata-se de hipótese em que se devem punir os dois crimes praticados, em concurso material. 
24. Análise do núcleo do tipo: vide nota 17 ao inciso anterior. O objeto material, neste caso, é que muda: em vez de ser coisa alheia, é coisa própria não passível de alienação.
25. Sujeitos ativo e passivo: o sujeito ativo é o dono da coisa inalienável, gravada de ônus ou litigiosa; o sujeito passivo é qualquer pessoa, que tenha adquirido, feito a permuta ou recebido o bem em pagamento ou garantia.
26. Coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa: coisa pertencente ao próprio agente que, no entanto, está impedido – por lei, por contrato ou por testamento – de aliená-la. 
27. Imóvel prometido à venda, mediante pagamento de prestações: agente que, tendo compromissado seu imóvel, prometendo vendê-lo a terceiro. 
CUIDADO: com pagamento em prestações, conforme exige o tipo penal, não valendo, pois, o pagamento à vista.
28. Elemento subjetivo: o dolo. Não há a forma culposa. 	Elemento subjetivo do tipo específico: obter lucro indevido para si ou para outrem (ou dolo específico).
29. Objetos material e jurídico: o objeto material é a coisa própria vendida, permutada, dada em pagamento ou garantia; o objeto jurídico é o patrimônio.
30. Classificação: trata-se de crime:
Próprio - material - de forma livre - comissivo (ações. Pode ser comissivo por omissão) – instantâneo - de dano - unissubjetivo - plurissubsistente - admite tentativa.
31. Análise do núcleo do tipo: defraudar significa lesar, privar ou tomar um bem de outrem. A defraudação pode se dar através de alienação do bem ou de qualquer outro modo, desde que seja suficiente para privar o credor do seu direito sobre a garantia pignoratícia.
32. Sujeitos ativo e passivo: o sujeito ativo é o devedor, que está com a coisa empenhada; o passivo é o credor pignoratício.
33. Elemento subjetivo: é o dolo. Não há a forma culposa. Elemento subjetivo do tipo específico – “para si ou para outrem” – em relação à vantagem indevida auferida (ou dolo específico).
34. Elemento normativo do tipo: a falta de consentimento do credor refere-se à ilicitude da conduta do agente.
35. Objeto empenhado: somente coisas móveis que foram dadas em garantia ao credor.
36. Objetos material e jurídico: o material é o objeto empenhado; o jurídico é o patrimônio.
37. Classificação: trata-se decrime:
Próprio - material - de forma livre - comissivo (“defraudar” Pode ser comissivo por omissão) - instantâneo - de dano - unissubjetivo - plurissubsistente - admite tentativa.
38. Análise do núcleo do tipo: vide nota 31 ao inciso anterior.
39. Sujeitos ativo e passivo: o ativo é a pessoa que esteja na posse da coisa a ser entregue – e com a obrigação de fazê-lo; o passivo é o destinatário da coisa.
40. Substância, qualidade e quantidade de coisa: substância é a matéria que compõe alguma coisa; qualidade significa a propriedade ou atributo que algo; quantidade é a medida em unidades de alguma coisa.
41. Elemento subjetivo do tipo:o dolo. Não se admite a forma culposa. Elemento subjetivo do tipo específico é a obtenção de lucro para si ou para outrem (ou dolo específico). 
42. Elementos normativos do tipo: o dever de entrega é sujeito à valoração jurídica, configurando hipótese de uma obrigação decorrente de lei, contrato ou acordo.
43. Objetos material e jurídico: o objeto material é a coisa a ser entregue; o jurídico é patrimônio.
44. Classificação: trata-se de crime:
Próprio - material - forma livre - comissivo (“defraudar”. Pode ser comissivo por omissão) - instantâneo - de dano - unissubjetivo - plurissubsistente - admite tentativa.
45. Análise do núcleo do tipo: destruir; ocultar; lesa; agravar . 
46. Sujeitos ativo e passivo: o ativo é a pessoa que possui coisa ou o próprio corpo segurado. O sujeito passivo é a seguradora.
47. Coisa própria: diversamente do furto, neste caso é preciso que o agente se volte contra coisa que lhe pertence. 
CUIDADO: A razão é simples: o sujeito passivo não é o proprietário do bem, mas sim a companhia seguradora, que haveria de ressarcir o dano. 
48. Próprio corpo ou saúde: a auto lesão não é punida. O sujeito passivo é a seguradora que deveria pagar pelo dano propositadamente causado.
49. Elemento subjetivo do tipo: o dolo. Não há a forma culposa. Elemento subjetivo do tipo específico, que é o intuito de receber indenização ou valor de seguro, lucrando indevidamente (ou dolo específico).
50. Objetos material e jurídico: o objeto material pode ser a coisa pertencente ao agente ou seu próprio corpo ou saúde. O objeto jurídico é o patrimônio do sujeito passivo.
51. Classificação: trata-se de crime:
Próprio - formal - de forma livre - comissivo ou omissivo (as condutas típicas implicam, de regra, em ações; quanto à conduta de agravar, pode ser realizada na forma omissiva) – instantâneo (cujo resultado se dá de maneira instantânea, não se prolongando no tempo , salvo na forma “ocultar”, que é permanente ‘delito de consumação prolongada no tempo’) - unissubjetivo - plurissubsistente - admite tentativa na forma comissiva.
52. Análise do núcleo do tipo: emitir; frustrar o pagamento, evitando a sua remuneração. 
53. Sujeitos ativo e passivo: o sujeito é o emitente do cheque. O sujeito passivo é qualquer pessoa que receba o título para pagamento de dívida.
54. Elemento subjetivo do tipo: exige-se o dolo. Não há a forma culposa. Pede-se, ainda, a existência do elemento subjetivo específico, que é a vontade de fraudar (ou dolo específico). 
55. Elemento normativo do tipo: cheque é um título de crédito, uma ordem de pagamento à vista.
56. Sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado: no momento da emissão do cheque .É preciso que o estabelecimento bancário, encarregado da compensação, já não possua fundo suficiente para cobrir o pagamento.
57. Análise das Súmulas 246 e 554 do Supremo Tribunal Federal: 
CUIDADO :dizem as súmulas que, “comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheques sem fundos” (246) e “o pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal” (554). 
58. Cheque pré-datado ou dado como garantia de pagamento
CUIDADO: A falta de fundos, é apenas um ilícito civil, mas não um crime. 
59. Sustação do cheque: quando indevida, porque sem qualquer motivo justo, configura a modalidade prevista na segunda parte do inciso: frustrar o pagamento.
60. Cheque sem fundos emitido para pagar dívida de jogo: não configura o crime, pois é inexigível judicialmente a dívida proveniente de jogo ilícito.
CUIDADO: “se o cheque é transmitido a terceiro de boa-fé, por simples tradição ou endosso, ocorre a responsabilidade penal, pois a ilicitude da causa que o originou não pode ser oposta ao terceiro que a ignora; ela vigora apenas entre as partes primitivamente em contato”.
61. Cheque sem fundos emitido para pagar atividade de prostituição: configura o crime. 
CUIDADO: A prostituição é atividade lícita no Brasil, embora não regulamentada por leil 
62. Cheque sem fundos emitido em substituição de outro título de crédito: não configura crime, pois o credor aceitou um título em substituição a outro, não pago. 
63. Objetos material e jurídico: o cheque emitido sem fundos ou cujo pagamento foi frustrado; o objeto jurídico é o patrimônio.
64. Classificação: trata-se de crime:
Próprio - material - de forma livre - Comissivo(“emitir” e “frustrar” implicam. Pode ser comissivo por omissão - instantâneo -de dano - unissubjetivo - Plurissubsistente - admite tentativa,embora seja rara. 
65. Causa de aumento de pena: um terço, configurando uma causa de aumento da pena. 
CUIDADO: costuma-se chamar tal hipótese de estelionato qualificado, visto ser a causa de aumento uma qualificadora em sentido amplo. 
65-A. Inaplicabilidade do princípio da insignificância: tem-se entendido não ser cabível o crime de bagatela. STJ: “..., no caso de o crime ser praticado em detrimento de entidade de direito público, a pena é aumentada de um terço em razão de o prejuízo, nesses casos, ser maior, já atinge, indiretamente, a sociedade de modo geral” 
66. Entidade de Direito Público: União, Estados, Municípios e Distrito Federal, autarquias e fundações públicas. 
67. Súmula 24 do Superior Tribunal de Justiça: “Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da Previdência Social, a qualificadora do § 3.º do art. 171 do Código Penal”.
68. Instituto de economia popular, assistência social ou beneficência: são as entidades de Direito Privado, que têm fins beneméritos e por isso merecem maior proteção.
Duplicata simulada
Art. 172. Emitir69-70 fatura, duplicata ou nota de venda71-72-A que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.73-76
Pena – detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar77 a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas.78
Anotações da professora
Art. 172, Parágrafo único: na forma equiparada.
 RESUMO
69. Análise do núcleo do tipo: emitir significa colocar em circulação. 
70. Sujeitos ativo e passivo: ativo é quem expede a fatura, duplicata ou nota de venda; o sujeito passivo é o recebedor, seja ele quem desconta a duplicata ou a pessoa contra a qual se saca a duplicata, fatura ou nota de venda. 
71. Fatura, duplicata e nota de venda: fatura a nota descritiva dessas mercadorias. Não é título representativo da mercadoria. Duplicata é o título de crédito sacado com correspondência à fatura. Nota de venda é o documento emitido por comerciantes para atender ao fisco.
72. Triplicata: emite-se em substituição à duplicata que tenha sido extraviada ou subtraída. 
72-A. Exigência de apresentação da duplicata para a comprovação do crime: é infração que deixa vestígios materiais, motivo pelo qual não prescinde da apresentação do título, que constitui o elemento indispensável para a formação do corpo de delito.
73. Não correspondência à mercadoria vendida em quantidade ou qualidade ou ao serviço prestado: a situação narrada pelo tipo penal espelha uma falta de sintonia entre a venda efetivamente realizada e aquela que se estampa na fatura,duplicata ou nota de venda. 
73-A. Não pagamento da duplicata é questão puramente civil:
CUIDADO: o simples inadimplemento,

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