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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II - Resumo - Prof. Adriano

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PROF. ADRIANO 2017/1 HELENA FABRICIO 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II 
1. SENTENÇA 
a) Conceito de Sentença 
Há um conceito tradicional que determinava que a “sentença é o ato através do qual o juiz 
põe fim (termo) ao processo”. Foi muito utilizado no CPC de 1973. 
Atualmente, porém, que o processo não se extingue obrigatoriamente. A sentença pode, 
então, dar fim ao processo – mas nem sempre é assim. Isso porque é o recurso que acaba 
cumprindo essa função. Dizemos, então, que a sentença extingue a fase cognitiva, primária. 
Dessa forma, o processo faz coisa julgada, mas cabe às partes decidir recorrer ou não. É 
possível, então, tanto a extinção na fase cognitiva quanto no recurso. 
Percebe-se, então, que existem vários conceitos conflitantes de sentença. Podemos falar, 
porém, na utilização de quatro conceitos principais: 
1) Sentença como ato que dá fim ao processo; 
2) Sentença como ato que gera o termo do processo; 
3) Sentença como ato que conclui a fase cognitiva; 
4) Sentença como ato do juiz que finda o processo. 
 
b) Sentença Terminativa X Sentença Definitiva 
A sentença definitiva é aquela que resolve o mérito da demanda. Já a sentença terminativa 
encerra o processo sem manifestação sobre o mérito. 
Isso, porém, levanta uma discussão sobre o que seria o mérito. No processo civil fático, o 
mérito é vinculado a “acolher ou rejeitar o pedido do autor”, ou seja, o inciso I do art. 487 dá 
origem às sentenças definitivas. Os demais são casos impróprios de mérito, mesmo que 
constem no mesmo artigo. 
Já os casos sem análise de mérito, que dão origem à sentença terminativa, são vinculados 
ao art. 485. São exemplos indeferir a iniciação ou verificar ausência de legitimidade processual. 
c) Questão Prejudicial X Questão Preliminar 
Importante, aqui, compreender os conceitos de questão prejudicial e preliminar ao mérito. 
As preliminares ao mérito são aquelas questões que dizem respeito ao mérito, mas não se 
confundem com ele, sendo capazes de impedir o seu julgamento. Normalmente são 
pressupostos e condições da ação. É exemplo falta de legitimidade para integrar o processo. 
Já as questões prejudiciais são aquelas que não inviabilizam o julgamento de mérito, mas 
sim direcionam o resultado do julgamento. É, geralmente, vinculada ao caso fático. Ela 
interfere, então, no modo como o mérito será resolvido. 
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As questões prejudiciais podem ser heterônimas ou homônimas. As heterônomas são 
aquelas que abrangem mais de um campo do direito, a exemplo da bigamia: o casamento é 
instituto do direito civil, e a bigamia do direito penal; o casamento válido é uma prejudicial no 
processo de bigamia. 
Já as questões prejudiciais homônimas são aquelas em que tanto a questão principal como 
a prejudicial estão no mesmo ramo do direito. É exemplo o pedido de alimentos, não 
cumulado com ação de paternidade: a paternidade ser procedente ou não interfere no modo 
como se resolverá o mérito da pensão alimentícia. Outro exemplo aqui é a receptação, que 
tem como prejudicial o crime de furto ou roubo. 
Então, quando a razão de decidir da sentença for uma questão preliminar, não há 
impedimento para que se instaure outro processo, com causa de pedir distinta, sobre a mesma 
questão, já que o mérito não foi resolvido. Já se a sentença teve como base a decisão sobre 
uma questão prejudicial, o mesmo pedido não poderá ser objeto de novo processo, ainda que 
tenha causa de pedir distinta, mantidas as mesmas circunstâncias. 
d) Orientação atual é a preservação do processo 
Em prol da efetividade real, permite-se que sejam sanados os defeitos que impediram o 
julgamento de mérito. Isso para garantir que seja resolvida a lide, de fato. 
A orientação atual do Código é, então, tentar salvar o processo. É exemplo o prazo para 
extinção por abandono: a extinção do processo, nesse caso, só ocorre a pedido do réu. 
Há, ainda, a possibilidade de o juiz retratar sua decisão em 5 dias úteis, com ou sem 
pedido da parte. Deste juízo de retratação não cabe recurso, pois não consta no art. 1015. É 
possível, inclusive, retratar-se da extinção, nulificando sentença terminativa. 
e) Composição da Sentença 
Uma sentença, na maioria das vezes, tem três partes. São elas o relatório, fundamentação 
e parte dispositiva. No relatório o juiz faz menção aos principais acontecimentos. Ele não é, 
porém, essencial, a exemplo da lei dos juizados especiais que os dispensa. 
Após o relatório vem a fundamentação, onde são analisadas questões de fato (se houver) 
ou de direito. Cabe ao juiz fundamentar somente os fatos controvertidos, delimitando-se à 
lide. A sentença sem fundamentação é nula. O art. 489 determina que não podem ser 
invocados motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão, mas isso é 
controverso, uma vez que em ações semelhantes é comum o uso de “modelos”. 
Por fim, na parte dispositiva, a decisão de fato é proferida. São aqui resolvidas as questões 
principais. Essa última acaba sendo a fase mais sucinta, sendo que poderia ser mais detalhada. 
A sentença deve conter relação com o pedido. 
f) Defeitos na Sentença 
1) Extrapetita: É a sentença que não guarda relação com o pedido formulado na petição 
inicial. O autor pede A e o juiz tutela B. O recurso deve pedir a anulação da sentença. 
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2) Ultrapetita: É a sentença que concede além do que foi pedido na inicial. O autor pede 
apenas A e o juiz dá A e B. Cabe recurso para reformá-la, corrigi-la. 
3) Citrapetita: É a sentença que não aprecia todos os pedidos, de modo que o juiz ignora 
um deles. O autor pede A e B, e o juiz só julga e fundamenta sua decisão sobre A. Caso 
a instrução do processo não tenha sido suficiente para analisar, a sentença será 
anulada e o juiz deve proferir nova. Se a instrução foi correta, o tribunal recursal só 
reforma a sentença. 
• Infrapetita não há nenhum vício, pois é aquela em que o juiz tutela parcialmente o 
pedido. É exemplo quando peço 100 mil, mas ganho apenas 80 mil. 
g) Impugnação da Sentença 
Os principais meios de impugnação da sentença são os recursos. O recurso ocorre no 
mesmo processo. 
É possível, também, ação rescisória (busca desconstituir a coisa julgada), ação declaratória 
de nulidade, pedido de reconsideração (não está previsto legalmente, mas pode ser feito 
pedido pelas partes) e embargos de declaração com efeito infringente (tratam de defeitos 
como falta de contagem de prazo ou ausência de intimação). 
h) Classificação das Sentenças 
Podemos classificar as sentenças de algumas formas. Cabe dizer que, normalmente, uma 
sentença pode envolver mais de uma dessas situações, sendo que a classificação se dá pela 
predominância de uma delas. 
1) Declaratória: não cria nada, apenas declara a existência ou não de uma situação 
jurídica. Possui efeitos ex-tunc. 
2) Condenatória: Não é auto satisfatória. Condena a pagar dívida, mas é necessário título 
executivo. 
3) Constitutiva: É auto satisfatória. A própria sentença cria, modifica ou extingue a 
situação jurídica. 
4) Mandamental: Relacionada as obrigações de fazer e não fazer, atuando sobre a 
vontade da parte demandada. Existem, nela, dois elementos: uma ordem e uma 
sanção. 
5) Executiva Lato Sensu: Não precisa de processo de execução para realizar-se. A própria 
sentença tem carga para execução. É utilizada para tutela de pretensões de restituição 
de bem. Cabe uso da força coercitiva estatal. 
i) Existênciada Sentença 
O requisito essencial para a existência da sentença é que seja proferida por um órgão 
jurisdicional diante de um processo (demanda). Já a validade da sentença requer sua 
publicação. 
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2. COISA JULGADA 
a) Conceito de Coisa Julgada 
O CPC de 1973 determinava que só fazia coisa julgada a parte dispositiva da sentença, o 
que significa que os motivos e a fundamentação não transitavam em julgado – salvo se alguém 
propusesse ação declaratória incidental (ação dentro da principal que incide sobre o fato). O 
motivo e a fundamentação podiam, então, ser “reutilizados”. 
Já o novo CPC diz que o motivo determinante também faz coisa julgada. O que mudou, 
então, foi essa capacidade de os motivos gerarem coisa julgada. Os motivos são vinculados à 
“ratio decidendi”, ou seja, razão de decidir, o que levou o juiz à decisão. 
A coisa julgada é uma garantia constitucional, estando junto do direito adquirido e do 
julgamento perfeito. Na última década, houve uma relativização da coisa julgada, mostrando 
que é possível, inclusive, rescindi-la. 
A importância, então, da coisa julgada é que ele reveste a coisa julgada material (de 
mérito), tornando imutável o que foi decidido pelo judiciário. Dentro daquele processo, então, 
não poderá o judiciário a fazer discussões e modificações. 
A coisa julgada existe justamente porque buscamos segurança, inclusive dentro do direito. 
Aqui no Brasil, dificilmente é a sentença que faz coisa julgada, pois são muito utilizados os 
recursos. 
O novo CPC determinou, então, que “a coisa julgada é a autoridade que torna indiscutível 
a decisão (de mérito, na coisa julgada material), que não está mais sujeita a recurso. O termo 
autoridade inclui, então, acórdão, sentença e decisão. 
A decisão que julga o mérito total ou parcial assume, então, força de lei, conforme o art. 
503. As prejudiciais de mérito assumem a mesma função – o que faz com que a 
fundamentação (caso prejudicial) faça coisa julgada também. 
Caso não haja contraditório efetivo ou prévio, porém, a coisa julgada não pode incidir 
sobre a prejudicial. Também não poderá se o juízo não tiver competência para julgar. 
Importante dizer que a coisa julgada reputa repelidas todas as alegações que as partes 
poderiam ter feito na petição inicial e contestação a respeito da lide e não o fizeram. Isto quer 
significar que não se admite a propositura de nova demanda para rediscutir a lide. 
b) Coisa Julgada Formal X Coisa Julgada Material 
A coisa julgada pode ser formal ou material. A coisa julgada está sempre presente, em 
todas as sentenças, ocorrendo quando acaba a possibilidade de recorrer. Determina, então, 
que não poderá ser feita discussão no mesmo processo, esgotando-se os recursos cabíveis. 
Contra a coisa julgada formal, cabe ação rescisória. Caso seja apenas formal (terminativas), 
sem material, pode ser discutida em outro processo. 
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Já a coisa julgada material, conhecida somente como coisa julgada, ocorre quando há 
imutabilidade em relação ao mérito, discutindo-o. Esse tipo de coisa julgada não poderá ser 
discutida nem mesmo em outro processo, caso sejam mantidas as condições e circunstâncias. 
A coisa julgada material atinge a parte dispositiva da sentença ou aqueles pontos que, 
substancialmente, tenham sido acolhidos ou rejeitados. Atinge a partes dispositiva justamente 
porque é ali que o magistrado resolve as questões que as partes lhe submeteram. 
c) Coisa Soberanamente Julgada 
A coisa julgada se torna soberana quando transcorre o período para interposição de ação 
rescisória (2 anos). Dessa forma, não há outra ação capaz de alterar a coisa julgada. 
d) Relativização da Coisa Julgada 
O art. 506 determina que a coisa julgada só tem valor entre as partes do processo, mas 
isso não impede que a decisão atinja terceiros. Apesar disso, os terceiros podem rediscutir em 
caso de saírem prejudicados. O benefício, porém, tem valor indiscutivelmente, de acordo com 
a doutrina. 
É exemplo caso de avô, pai e neto. Ficou decidido que o pai não era filho do avô. O neto, 
depois, entrou com ação alegando ser neto. Ele poderia porque, teoricamente, a ação de seu 
pai não poderia prejudicá-lo. 
Além disso, em casos antigos sem DNA, por exemplo, pode ser feito recurso mesmo com a 
coisa julgada. Isso é uma aplicação da relativização. 
3. RECURSOS 
a) Conceito de Recurso 
O significado literal da palavra recurso é “voltar ao curso”. Ele é um meio de 
desconformidade dentro do processo (endoprocessual), sendo essa sua principal característica 
diferencial dos demais (que são externas). 
A interposição do recurso impede o trânsito em julgado, o que significa que ele faz com 
que a demanda permaneça pendente, alongando a lide. O recurso, então, só cabe enquanto o 
processo não for extinto – depois disso, existem outras opções, como a ação rescisória. 
Em resumo, o conceito do recurso é: “um remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do 
mesmo processo, a anulação, modificação ou esclarecimento daquilo que se impugna”. 
b) Funções do Recurso 
Um recurso possui quatro funções básicas: modificar, anular, esclarecer (ou integrar) e 
corrigir erro material. 
Normalmente a função primária é reformar a decisão. Busca, então, alterar o mérito da 
causa – o qual não se confunde com o mérito do recurso. Caso não seja atingido esse objetivo, 
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há uma função secundária: a anulação da decisão, que ocorre especialmente quando houve 
vício processual, pretendendo que nova decisão seja proferida. 
Existem, porém, os embargos de declaração, que são casos atípicos de recurso. Os 
embargos buscam esclarecer, completar (e não complementar) ou corrigir erro material. 
Cabe aqui definir o que é o autêntico erro material. Esse erro é vinculado à escrita, por 
exemplo, trocar nomes. Antigamente não exigiam recurso, bastando manifestação ou petição, 
mas agora há discussão sobre a possibilidade de tratar do erro material fora dos embargos. O 
prof. Adriano acha que é permitido, pois foi um erro do juiz. Ainda nessa questão, muitos 
tentam dizer que o cálculo de valores é erro material, mas na verdade é uma inconformidade, 
para a qual deve ser usado recurso. 
Ainda devemos falar da completude da decisão. Diz-se que ela é incompleta quando o juiz 
deixa de analisar algo que foi pedido pelas partes nas petições ou contestações (citrapetita). 
Os embargos, nesse caso, pedem que complete-se a decisão. 
Há, ainda, uma função atípica dos embargos de declaração: o efeito infringente. Ele ocorre 
quando há uma alteração nuclear na decisão. Por exemplo, o embargo diz que não houve 
análise de uma prova, e, ao analisá-la, o juiz percebe que deve ser feita uma alteração na 
decisão de improcedente para procedente. Nesse sentido, não vale embargo para decisões 
não vinculativas, utilizando-se, então, o recurso simples. 
c) Sobre o Despacho e os Recursos 
Um despacho autêntico é aquele que não possui juízo valorativo. É exemplo o despacho 
que determina a numeração dos autos ou a troca de capa. Não cabe, para o despacho 
verdadeiro, recurso. 
Existe, porém, o falso despacho, em que há certo caráter decisório. É exemplo processo 
em que a parte pede que não haja citação para agilizar, mas o juiz, desatento, cita – tendo, 
então, decidido contrariamente a não citar. Desse “falso despacho”, cabe recurso. 
Podemos dizer, então, que, a princípio, não se recorre de despacho.Existem, porém, os 
“falsos despachos”, que configuram situação excepcional. 
d) Objeto do Recurso 
O objeto do recurso é a parte da decisão lato sensu da qual se recorre. Dizem os manuais 
que se recorre da parte dispositiva e que, para recorrer, a parte deve ter sido sucumbente. 
No caso de assistência litisconsorcial, diz-se que não poderá o assistente recorrer da justiça 
da decisão, a não ser que tenha ficado impossibilitado de atuar devido ao estado do processo 
ou devido à obstrução do assistido. Nesses casos, então, muito raros, é possível recorrer da 
fundamentação (que é a justiça da decisão). Só poderá o assistente recorrer, porém, quando 
sucumbiu na parte dispositiva, ou seja, quando perdeu e foi prejudicado. 
O novo CPC determinou, além disso, que a fundamentação também será levada em cotejo 
com a decisão. O juiz deverá, então, responder às indagações feitas pelas partes. Mesmo 
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aquele que ganhou pode, então, recorrer exclusivamente com base na fundamentação, já que 
a fundamentação vinculará (inclusive para servir de precedente). 
e) Relação Ato-Recurso 
Para cada ato, há um recurso específico. É vinculado ao princípio processual da adequação. 
O art. 994 elenca os recursos existentes no CPC. Existem, porém, outros recursos em leis 
extravagantes (a exemplo dos Juizados Especiais e seus recursos inominados). Além disso, só a 
lei federal pode instituir novos recursos. 
Existem, porém, dois recursos centrais, os mais utilizados. São eles o agravo e a apelação. 
O agravo vale para decisão interlocutória, enquanto a apelação vale para a sentença, conforme 
o art. 1015 do CPC. 
Podemos, então, resumidamente, fazer a seguinte relação: 
• Despacho: de despacho verdadeiro não cabe recurso. De “falso despacho”, caberá. 
• Decisão Interlocutória: ato, que não é sentença, proferido pelo juiz com caráter 
valorativo. Cabe agravo de instrumento, se previsto no art. 1015, e apelação, se não 
estiver nos casos do artigo – e essa última deve ser ao fim do processo, em preliminar 
de apelação. Isso porque sobre decisão em que não for possível manejar agravo, não 
há preclusão – e por isso são alegadas em preliminar ou contrarrazões. 
Isso deixa claro que o novo CPC adotou um sistema de concentração, permitindo que 
na preliminar de apelação, ao fim do processo, sejam corrigidos os erros. Foi uma 
simplificação. 
• Sentença: o recurso cabível é a apelação. 
*Embargos de declaração cabem para qualquer decisão judicial. 
O problema recente é que muitos juízes começaram a avaliar o mérito do processo ainda 
no meio do seu curso, determinando, por exemplo, a impossibilidade jurídica do pedido. Cabe, 
então, apelação da sentença, desde que não haja previsão expressa de agravo no art. 1015. 
Isso porque, em algumas situações, o mérito será definitivamente julgado no meio do processo 
– como quando há impugnação para tutela provisória, tornando-se denifitiva e de mérito, não 
podendo ser modificada nem pela sentença. A tutela provisória requer agravo. 
 *Os casos de agravo estão no 1015, mas o rol não é taxativo. Há agravo no art. 354 e 
356, por exemplo. 
Aqui, cabe falar brevemente de alguns princípios e da admissibilidade. 
• Unirrecorribilidade/Adequação: cada ato tem um recurso específico. Se for o incorreto, 
ele não será conhecido, pois não preencherá os pressupostos. O recurso não 
conhecido bloqueia o exame de mérito. 
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• Fungibilidade Recursal: É possível converter o recurso errado no certo, desde que 
tenha sido interposto no prazo do correto e não caracterize erro grosseiro. É uma 
espécie de aproveitamento. 
• Juízo de Admissibilidade: CPC determina que só haverá um juízo de admissibilidade. Os 
ministros do STF, porém, fizeram mudança: para recursos extraordinários lato sensu 
mantem-se o duplo juízo: o primeiro exame é feito pelo vice presidente do TJ ou TRF e 
o segundo pelo ministro relator. Já nos recursos ordinários o juiz de 1º grau é mero 
despachante, cabendo ao relator o exame (apenas o juízo ‘ad quem’ faz o exame de 
admissibilidade). 
*Na prática ocorriam 3 exames: juiz, relator e, caso ambos reprovassem, órgão do 
tribunal. 
f) Legitimidade para Recorrer 
Antes de analisar os legitimados propriamente ditos, precisamos compreender quem está 
envolvido no recurso. O recorrente é aquele que recorre, e o recorrido é a outra parte. O juiz 
da decisão inicial é o “a quo”, e o juiz a quem se recorre é “ad quem”. Também participam 
terceiros, MP e amicus curiae. 
Como regra, tem interesse para recorrer aquele que foi sucumbente. Se a parte 
representada pelo advogado perde, ela pode recorrer. Se a parte ganha e o advogado quer 
mais honorários, ele recorre em nome próprio. Se ambos perdem, podem recorrer 
conjuntamente. 
O amicus pode recorrer em dois casos: embargos de declaração, pois tem direito a uma 
decisão clara; e IRDR (incidente de demandas repetitivas), pois busca a uniformização e 
pacificação de entendimento em múltiplas decisões. 
O terceiro prejudicado (o que não intervém no processo, mas é sucumbente) pode 
recorrer, bem como o terceiro interessado. O juiz, porém, não pode recorrer caso sua decisão 
seja reformada. 
g) Classificação dos Recursos 
• Total ou Parcial: utiliza o conteúdo como critério, analisando qual parte da decisão 
está sendo impugnada. Mistura, então, uma análise do recurso e do ato que é objeto 
dele. Art. 1002: “A decisão pode ser impugnada no todo ou em parte.” 
O total abrange todo o conteúdo impugnável. Já o parcial e aquele que não vai contra 
todas as questões da sentença. 
Aqui, entram alguns pontos importantes: primeiro, que o conteúdo impugnável é o 
conteúdo sucumbencial (e não o conteudo da senteça), ou seja, é esse que levará a 
conclusão de recurso total ou parcial. Além disso, o conteúdo principal é diferente do 
secundário, a exemplo dos honorários – que só podem ser discutidos após definido o 
principal. Por fim, o dano moral normalmente não tem valor determinado fixo, por 
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isso não há sucumbência – mas, nesse caso excepcional, é permitido recurso mesmo 
sem a sucumbência. 
• Ordinário (comum) ou Extraordinário Lato Sensu: utiliza a natureza da matéria como 
critério. O recurso comum ou ordinário pode (e não necessariamente deve) fazer 
análise de fato e de direito, sem qualquer limitação. Já os extraordinários 
(extraordinário, do STF; especial, do STJ; e embargos de divergência) são aqueles nos 
quais só cabe análise de direito, não podendo analisar provas. Cabe aqui, ainda, dizer 
que suscedâneos recursais não são recursos, e por isso não obedecem a tal 
classificação. 
• Livre ou Vinculado: o critério é a fundamentação. Os vinculados são aqueles que 
possuem requisitos para sua admissão, como os extraordinários lato sensu e os 
embargos de declaração (que devem possuir vício de omissão, contradição, 
obscuridade ou erro material). Já os livres são os demais, que não dependem de 
nenhuma espécie de vício. 
• Principal ou Adesivo: o critério utilizado é a autonomia. Ele é principal quando é 
interposto independentemente da conduta da parte adversa. Por outro lado, é adesivo 
quando depende da conduta: a parte adversa interpõe recurso ao qual se deseja 
aderir. No adesivo, se houver desistência do recurso principal, o adesivo também será 
desconsiderado. É possível, porém, recorrer de maneira autônoma. Além disso, em 
qualquer recurso é permitidaa adesão. 
h) Efeitos do Recurso 
Não entra aqui apenas o efeito do recurso em si, mas também da decisão e interposição. 
Inclusive a possibilidade de recurso geras efeitos: mesmo que não se falando dessa 
possibilidade em lei, nada mais é do que o respeito aos prazos para interposição de recurso 
antes de iniciar a execução. 
1) Obstativo ou Impeditivo (efeito da interposição): A interposição do recurso impede 
que ocorra o trânsito em julgado até que se tenha uma decisão sobre o recurso. Obsta 
que ocorra a coisa julgada material, mantendo o estado de litispendência. Todos os 
recursos têm essa característica. Embargos de declaração inclusive. 
2) Suspensivo (efeito da interposição): Em regra, os recursos não têm efeito suspensivo. 
A exceção é a apelação (e o art. 1013 é a exceção da exceção). Ele impossibilita a 
execução da decisão até o julgamento do recurso. 
3) Devolutivo (efeito do próprio recurso): A apelação devolverá ao tribunal o 
conhecimento da matéria impugnada, ou seja, apenas a matéria objeto do seu 
recurso. “Tantum devolutum quantum appellatum”. Há, por isso, a garantia de não 
haver reforma em prejuízo. São exceções a teoria da causa madura e o efeito 
translativo. 
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* Teoria da causa madura: O julgador pode julgar o mérito mesmo sem 
contraditório completo quando é questão de direito. Em eventual recurso, 
porém, o tribunal pode julgar o mérito pela primeira vez. 
4) Translativo (efeito do próprio recurso): Devolve-se, também, ao tribunal, toda a 
matéria de ordem pública, mesmo que não tenha sido objeto do recurso. Isso porque 
caso haja vício no process, é possível inclusive anulação. Aqui pode ocorrer reformatio 
in prejus. 
5) Substitutivo (efeito da decisão): Ocorre quando o tribunal recursal substitui a 
sentença do juiz. Acontece quando há julgamento de mérito do recurso, devendo ele 
ser conhecido: só não ocorre, então, quando o recurso não passa no juízo de 
admissibilidade. Pode modificar a decisão total ou parcialmente. 
6) Expansivo ou Extensivo (efeito da decisão): Expande o julgamento além da decisão 
recorrida para atingir outros atos ou pessoas que possam ter sido afetados. É, então, 
quando vai além do ato impugnado por decorrência natural dele. É exemplo 
testemunha que deveria ser ouvida, mas não foi: todos os atos afetados por isso 
devem ser abrangidos pelo recurso. 
i) Princípios Recursais 
O princípio é um elemento nuclear de um sistema, orientando-o. Os princípios são 
elementos fundamentais do sistema recursal, é sempre se aplicam. 
1) Voluntariedade Recursal: transposição para área processual do princípio da inércia. É, 
então, necessário um ato voluntário para dar início ao recurso. É possível, portanto, 
desistir e renunciar ao direito de recorrer. Ninguém é, então, obrigado a recorrer. A 
parte deve ter interesse e legitimidade para recorrer. A voluntariedade é marcante 
para o recurso, distinguindo-o de outros atos de impugnação. Há caso, porém, de 
reexame necessário, no qual a voluntariedade não é elemento – portanto, não poderia 
ser chamado de recurso. 
2) Substitutividade, anulação ou integração da decisão recorrida: Relaciona-se com o 
que se almeja da decisão. Em apelação e recurso, normalmente se quer a substituição 
ou anulação. No caso dos embargos de declaração normalmente pede-se a integração. 
A substituição ocorre quando a decisão recorrida é substituída pela decisão recursal. 
Esse efeito ocorre sempre que for conhecido o recurso. 
A anulação é quando o recorrente quer anular, eliminar a condenação. Não muda, mas 
sim anula a decisão “a quo”. 
Já a integração é típica dos embargos de declaração, a fim de integrar a decisão 
recorrida. 
3) Devolutividade da Matéria: Limita o que pode ser examinado pelo juízo ad quem. 
Determina, então, o espectro no qual o órgão recursal poderá trabalhar. Com base no 
princípio da voluntariedade o recorrente pode escolher sobre quais capítulos recorrer, 
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e o tribunal estará limitado a esses capítulos. Não devolve-se toda a matéria, mas sim 
o objeto do recurso. É exceção a questão de ordem pública (efeito translativo). 
4) Suspensão: É o efeito que torna a sentença inexequível, ou seja, suspense a execução. 
A maioria não tem esse feito, a apelação tem. 
5) Taxatividade Recursal: Não há recurso sem lei que o determine, devendo essa lei ser 
federal. Pode ser lei extravagante, não precisa estar no CPC. 
6) Singularidade (ou unicidade ou unirrecorribilidade): Para cada decisão existe apenas 
um recurso a ser manejado. Após a decisão sobre um recurso, porém, pode ser 
interposto outro. É exceção recurso extraordinário lato sensu, no qual recorre-se do 
ato – e não do conteúdo. 
7) Incindibilidade: não pode recorrer de uma decisão interpretando as duas partes sem 
sincronia. Não é possível apelar de forma desconexa, devendo haver harmonia entre o 
relatório. 
8) Dialeticidade: As partes devem estar em constante comunicação. Deve apontar 
decisões que levaram a recorrer. Deve ser fundamentado. 
9) Dispositivo: O recurso é uma prerrogativa da parte, da qual ela pode dispor. Não 
sendo possível que o estado venha a impelir a parte a recorrer. A parte escolhe se vai 
recorrer e do que vai recorrer. Daqui decorre a garantia de non reformatio in pejus, 
proibição de reforma em prejuízo – porém, se as duas partes recorrerem, pode. 
Também pode se há reexame necessário. Recurso é prerrogativa da parte. 
10) Inquisitivo: o tribunal pode reconhecer questões de ofício – questões de ordem 
pública. Não é possível recurso de ofício, mas sim cognição pelo tribunal. 
11) Correspondência: relacionado à adequação, para cada ato há um recurso 
determinado. 
12) Fungibilidade: é o que pode ser trocado sem prejuízo, substituindo o recurso errado 
pelo certo. As duas condições são que não haja erro grosseiro e que seja manejado no 
prazo do recurso certo. 
13) Consumação: preclusão consumativa. Consuma-se ato com a sua prática. Um recurso 
feito de forma prematura, em que se esquece de recorrer uma parte, não poderá ser 
corrigido posteriormente, pois o ato já foi consumado. 
14) Complementariedade: A decisão prolatada no recurso devem ser interpretada junto 
com a decisão recorrida. Deve ser proferida de modo harmonioso. Há coisas que estão 
implícitas na decisão do tribunal (a exemplo dos embargos). 
15) Ineficácia das decisões recorríveis: não tem eficácia até que se decida sobre o recurso. 
São os casos em que não há efeito suspensivo. São exceções as medidas cautelares. 
16) Colegialidade: o recurso é, em regra, julgado por um colegiado. Ganham, porém, 
espaço as decisões monocráticas. Há casos em que o próprio órgão é monocrático. 
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j) Pressupostos Recursais e Juízo de Admissibilidade 
• Expressões Utilizadas 
Precisamos, antes de passar a análise do juízo e dos pressupostos, compreender as 
expressões utilizadas. Quando um recurso não cumpre seus pressupostos, ele será “recurso 
não conhecido”, não havendo, então, análise de mérito. É errado, portanto, falar de “recurso 
não conhecido e improvido”. 
Quando o recurso preenche os pressupostos, porém, será chamado “recurso conhecido”. 
Nesse caso, haverá análise de mérito, podendo o recurso ser provido, parcialmente provido ou 
improvido. 
• Juízo de Admissibilidade 
Agora passamos ao exame de admissibilidade. A primeira fase é a admissibilidade recursal. 
Nessa fase, sóé examinado o aspecto formal do recurso. O relator é quem examina, sendo 
selecionado pela câmara. São exemplos de aspecto formal a tempestividade, as custas e a 
legitimidade. 
Caso falte algum aspecto formal, o juiz deve chamar as partes a fim de sanar o vício e, se 
não for possível, o relator “não conhecerá do recurso”. Como consequência, o recurso é 
extinto sem análise de mérito, e a sentença transitará em julgado. Leva, então, à extinção do 
processo com análise de mérito. 
A decisão que não conhece o recurso tem natureza declaratória, com efeitos “ex tunc” 
(retroativos). Isso significa que o trânsito em julgado se dá a partir da interposição do recurso, 
e não dessa decisão. 
A segunda fase é a análise do mérito recursal. Esse mérito pode ser de direito material 
(valor estipulado) ou processual (competência, por exemplo). Esse mérito, eventualmente, 
confunde-se com o mérito da causa, mas isso só ocorre quando o recurso visar afetar o mérito 
da sentença. 
Nessa fase, obviamente, foram cumpridos os pressupostos e o recurso foi, então, 
conhecido. O relator pode dar provimento, parcial provimento ou negar o provimento, 
conforme o acolhimento que for feito do mérito do recurso. 
O novo CPC tentou criar um único juízo de admissibilidade, mas a lei 13266 impediu que 
houvesse essa alteração para os recursos extraordinários. O duplo exame foi excluído para 
apelação e recursos ordinários – e vale lembrar que embargos de declaração (ao juiz) e agravo 
(ao tribunal) já tinham exame único. 
Nos recursos ordinários, o juiz de primeiro grau apenas formaliza o recurso, sem fazer juízo 
de admissibilidade, encaminhando-o para o tribunal “ad quem”. Após isto, o relator é quem 
fará o verdadeiro exame, devendo “não conhecer” recurso inadmissível, prejudicado ou sem 
impugnação específica. Dessa decisão do relator cabe agravo. 
*Considera-se recurso prejudicado aquele que for alvo de reexame pelo juiz. 
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A grande inovação do Código foi, então, que antes de “não conhecer”, o juiz deve chamar 
as partes para discutir sobre a possibilidade de sanar o vício. Mesmo nos casos em que for 
insanável, deve convocar, a fim de garantir o princípio da dialeticidade. 
Nos extraordinários, o primeiro exame é feito pelo vice-presidente do TJ ou TRF. Já o 
segundo exame será feito pelo relator do STF ou STJ. 
• Conteúdo do Julgamento do Mérito Recursal 
Na análise do mérito recursal, podem ocorrer dois tipos de erro: de julgamento (im 
iudicando) e processual, procedimental (im procedendo). O vício de julgamento é de natureza 
substancial, ou seja, o juiz valorou mal ou cometeu erro de interpretação na aplicação da 
norma abstrata ao fato, caracterizando uma injustiça. 
Já o vício procedimental é de natureza formal, de atividade (e não de conteúdo). É 
exemplo a inversão na oitiva ou não intimação do MP. 
É importante essa diferenciação para vincular cada um deles ao tipo de pretensão recursal. 
O erro procedimental leva à anulação da sentença, enquanto o erro de julgamento pede a 
reforma da decisão. 
• Requisitos ou Pressupostos de Admissibilidade 
Os pressupostos ou requisitos são extraídos de diversos dispositivos espalhados pelo CPC. A falta 
deles é que leva ao “não conhecimento” do recurso. Eles podem ser separados em objetivos e 
subjetivos. 
Objetivos: são elementos dissociados das partes, vinculados ao objeto. 
1) Cabimento: o recurso deve estar previsto no sistema recursal, seja na lei 994 ou nas leis 
esparsas. 
2) Adequação: para cada ato existe um recurso específico. É vinculado à unirrecorribilidade. 
3) Tempestividade: o recurso deve ser feito no prazo correto. O prazo geral é de 15 dias. O 
recurso antes do prazo é tempestivo, e normalmente é feito quando há risco de os embargos 
não serem conhecidos (pois, se isso ocorre, é perdido o prazo e o efeito interruptivo). 
4) Preparo: é o recolhimento de custas recursais. O recurso deserto é aquele que não recolheu. 
Importante dizer que no processo eletrônico não há custas. 
5) Regularidade Formal: deve seguir as normas formais, com partes, motivos, pedidos, 
impugnação específica. Deve ser ainda escrito e em língua portuguesa. 
6) Inexistência de fato impeditivo/extintivo do direito ao recurso: Fato extintivo é a desistência 
do recurso ou da ação e o reconhecimento jurídico do pedido. Já o fato impeditivo é a renúncia 
ao direito e à aquiescência – por exemplo, pagando o valor há preclusão lógica. 
Subjetivos: são elementos relacionados aos sujeitos do processo. 
1) Legitimidade: art. 996 determina o rol de legitimados. Pode usar parte vencida, terceiro 
prejudicado, terceiro interessado e MP. O juiz não pode recorrer. 
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2) Sucumbência: a sucumbência é o que justifica meu interesse recursal. A sucumbência que a 
parte teve é o prejuízo em relação a parcela não atendida de sua pretensão. No 
Existem casos, porém, em que não precisa ser sucumbente, a exemplo do agravo. Na 
interposição de embargos também não, porque todos podem ter interesse em uma decisão 
clara. Outro exemplo é o caso de danos morais, em que não há valor fixo ou sucumbência. 
MATÉRIA DA P2 
4. DA ORDEM DOS PROCESSOS NO TRIBUNAL 
Novidade no Código, que busca preservar a celeridade processual. O art. 929 determina, 
então, que devem ocorrer três coisas: o registro, a distribuição (designação do relator) e a 
conclusão do processo (deve estar pronto para receber a decisão). 
Importante, de início, compreender alguns termos. O pleno é a totalidade de membros do 
tribunal, e o plenário onde o pleno se encontra. Tribunais com mais de 25 membros, porém, 
podem reunir-se em cortes especiais. 
A distribuição é a primeira fase da ordem dos processos. O primeiro sorteio determina a 
distribuição por órgãos, e o segundo o relator. Ela está regrada no art. 930, dizendo que cabe 
ao regimento interno de cada tribunal a regulamentação da distribuição. Devem, porém, ser 
respeitados alguns princípios: 
1) Alternatividade: um mesmo desembargador pode ser sorteado duas ou mais vezes 
seguidas, mas deve ser respeitado, ao longo do ano, o equilíbrio e a proporção entre 
os relatores. Deve haver, então, alternância de juízes. Se já houver, porém, um recurso 
distribuído ao relator, ele será prevento. 
2) Publicidade: a distribuição é um ato público. 
3) Sorteio Eletrônico: ocorre para evitar fraudes. 
O parágrafo único do art. 930 determina o critério da prevenção: o primeiro relator 
designado será o mesmo para todos os recursos daquele processo. 
Cada órgão, em seu regimento, tem sua composição. Normalmente o presidente é o mais 
antigo. Ao lado direito do presidente, no plenário, fica o representante do MP e ao lado 
esquerdo o secretário da sessão. À direita, na mesa lateral, fica o julgador mais antigo, e na 
esquerda o mais novo. 
Passamos, agora, às atividades do relator. Cabe a ele, obviamente, relatar o processo. O 
art. 931 determina que, após elaborar o voto, deveria restituir os autos à secretaria em 30 dias 
– mas na prática leva 3 ou 4 meses, só sendo respeitado o prazo de 30 dias em caso de 
extinção do processo (por recurso não conhecido em virtude de questão formal). 
Os poderes do relator foram ampliados, também, para estimular decisões monocráticas. 
Cabe a ele, então: 
1) Conduzir o processo, atuando em nome do colegiado.. 
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2) Dirigir e ordenar o processo no tribunal; 
3) Julgar a tutela provisória,tanto de evidência quanto de urgência, antecipando os 
efeitos; 
4) Não conhecer o recurso inadmissível, prejudicado ou sem impugnação específica, 
fazendo o exame de admissibilidade. O recurso inadmissível é aquele que não 
preenche os pressupostos. O prejudicado é aquele em que o objeto do recurso se 
exauriu. O relator, aqui, não precisa ouvir a parte adversa. 
5) Intimações; 
6) Negar provimento, fazendo negação monocrática se a decisão de 1º grau estiver 
baseada em súmula do STJ; acórdão de recurso repetitivo; IRDR; incidente de assunção 
de competência. Não será necessário contrarrazões nesses casos. 
7) Dar provimento ao recurso quando a decisão contraria súmula, acórdão de recurso 
repetitivo, IRDR ou IAC. Nesse caso, o relator deve intimar as partes, pois o recorrido 
poderá ser prejudicado. Mesmo que seja possível decisão de ofício, deve convocar, e a 
parte pode tentar sanar algum vício em 5 dias. Pode dar, também, tutela provisória. 
Quando o voto estiver pronto, o relator pede pauta ao órgão. Entre a data da publicação 
da pauta e a sessão haverá 5 dias, havendo nulidade se não respeitado tal prazo. Contra 
decisão do relator cabe agravo. 
O art. 936 determina a ordem dos processos. Os processos em mesa são aqueles que já 
estavam em pauta na sessão anterior (e o advogado não precisa ser intimado se foi avisado 
nessa última sessão). O presidente lê a pauta, anuncia o processo e dá a palavra para o relator. 
A ordem básica é: com sustentação oral; de preferência apresentados até a sessão; 
julgamento em mesa (sessão anterior); e demais casos. A sustentação oral não cabe em todos 
os processos. Além disso, só cabe agravo em relação ao mérito – e não cabe sustentação oral 
para agravo de instrumento. O art. 937 determina os casos em que será cabível. 
Os embargos infringentes do CPC foram extintos, serviam para decisões não unânimes. 
Para substituí-lo, o art. 942 cria técnica determinando que, quando houver decisão não 
unânime em apelação tem-se uma 2ª etapa de julgamento, com maior número de julgadores a 
fim de poder reverter a decisão. As partes poderão, aqui, sustentar oralmente novamente. 
Vale ressaltar que o juiz pode mudar seu voto até o presidente proclamar a decisão, 
encerrando-a. O MP e o advogado podem se pronunciar sobre questão de fato, mas não 
ocorrerá reargumentação. Membros do tribunal podem atuar como copartes. O voto vencido 
também fará parte do acórdão decisivo para fins de pré-questionamento, conforme o art. 941, 
parágrafo 3º. 
 
 
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5. PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO 
O pedido de reconsideração é pouco tratado pela doutrina. Muitos o consideram uma 
artimanha do insistente e insatisfeito, mas não necessariamente é assim. Na linguagem vulgar, 
reconsiderar é “considerar outra vez os mesmos fatos”, é refletir, mas nem novos 
fundamentos. É, então, pedir mais uma análise daquela mesma situação. 
O prazo para pedir tal reconsideração é até a preclusão da decisão. Não é possível, então, 
pedir a qualquer tempo, precluindo quando estiver perdido o prazo dos recursos. A preclusão, 
lembrando, tem 3 espécies: temporal, lógica e consumativa. Há, ainda, um quarto tipo, que é a 
preclusão pro judicato (para o juiz, que ocorre quando a parte recorre e o tribunal mantem a 
decisão). 
É possível manejar recurso e pedido de reconsideração ao mesmo tempo, já que tal pedido 
não é um recurso. Além disso, o prazo para recorrer começa a partir da primeira decisão (e 
não da decisão de reconsideração). 
Vale lembrar, também, que o recurso evita a preclusão caso tenha efeito suspensivo. Se 
não tiver tal efeito, não se deve manejar o pedido de reconsideração após esgotado prazo para 
recorrer, ainda que pendente aquele recurso (o agravo é exemplo que não possui efeito 
suspensivo). 
Não há prazo, porém, para que o juiz analise o pedido de reconsideração. 
Não cabe aplicação do princípio da fungibilidade, pois o pedido de reconsideração não é 
um recurso. Não é, também, um embargo de declaração, que só ocorre em casos muito 
excepcionais buscando modificar a decisão como decorrência de sanar um vício. 
No verdadeiro pedido de reconsideração, não é, então, possível alegar novos fatos. É 
refletir, mas sem novos fundamentos. Deve pedir, então, que se reconsidere os mesmos fatos, 
direitos e fundamentações. Nesse legítimo pedido, não haverá contraditório, já que não foram 
feitas novas alegações a serem contestadas. 
Quando há novo fato, deve ser pedida nova decisão. O prazo de recurso contará, então, 
desta. É um novo pedido, pois pede que sejam considerados novos fatos. Fica claro, então, que 
o pedido de reconsideração é diferente de um novo pedido. Quando houver novo é obrigatória 
a oitiva da parte adversa. 
São exemplos de reconsideração legítima: 
• O perito, não satisfeito em receber metade adiantada e metade após o processo, pede 
que o juiz reconsidere, sem ter que alegar nada. Ele é um terceiro afetado por essa 
decisão, e o juiz pode alterar, não alterar, ou dar um meio termo. 
• Bradesco pedia reconsideração de prazo nos casos em que devia enviar a 
documentação. Era somente um terceiro. 
• Pedido de nova perícia também pode se encaixar como reconsideração. 
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O pedido de reconsideração é requerimento apresentado ao órgão judiciário, que proferiu 
o ato decisório, para reformá-lo, retratá-lo ou revoga-lo. É um instituto multicentenário, 
presente desde as Ordenações Filipinas. 
Os legitimados para tal pedido são aqueles (todo e qualquer um) afetados pela decisão. 
São exemplo as partes, MP e até terceiros – que não precisam, então, ser interessados. Todo 
aquele que foi sucumbente pode fazer tal pedido, também. 
Ele é muito usado por dois motivos: é de graça e é fácil. Não há, então, custo nem forma 
restrita. Deveria ser diretamente escrito, mas muitas vezes o advogado vai até o juiz e tenta 
um pedido oral para ver se vai conseguir: faz uma espécie de consulta para depois instruir o 
pedido formal. 
A competência para julgar esse pedido é do órgão que proferiu a decisão. Ou seja, peço 
que aquele que considerou, reconsidere. 
Há, porém, duas observações: 
1) Se o primeiro pedido foi ao plantonista, o pedido de reconsideração será feito para o 
juiz natural do processo – a não ser que ainda seja período do plantonista. Significa 
que o plantonista não fica vinculado, não há prevenção. Além disso, ele jamais aprecia 
a reconsideração endereçada a um juiz natural. Relaciona-se com a hierarquia, de 
modo que ele não poderá alterar decisão de seu superior. Se for, porém, uma “falsa 
reconsideração”, em que haja novo pedido, ele poderá analisar. 
Vale ressaltar que isso não se aplica para juiz substituto. Esse tem liberdade para 
analisar e alterar, mas é questão de etiqueta não mudar a decisão daquele que se está 
substituindo. 
2) Não cabe pedido de reconsideração de decisão de órgão colegiado. Isso, 
provavelmente, para não perpetuar a lide. 
 
6. APELAÇÃO 
A apelação é o recurso por excelência. Ela é o recurso da sentença, conforme o art. 1009. A 
sentença, porém, não é a única decisão em que cabe apelação, conforme o CPC. É possível, 
então, apelar das decisões interlocutórias em que não couber agravo de instrumento (sendo 
que as hipóteses de agravo estão no art. 1015). 
Decisões interlocutórias, proferidas durante o procedimento e em que não cabe agravo, 
serão apeladas apenas ao fim do processo, como preliminar de razão ou contrarrazões. Elas 
são, então, alegadas após proferimento da sentença. 
Em casosexcepcionais a apelação pode ocorrer antes da sentença. Por exemplo, quando 
um dos pedidos é liminarmente julgado e não couber agravo, será possível. 
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Tudo aquilo que estiver na sentença é objeto de apelação, não importando o capítulo em 
que se encontra. Recorre-se, então, do ato – ou seja, da sentença. Não há mais de um recurso 
para esse ato. 
Em preliminar ficam as insurgências contra decisões interlocutórias em que não coube 
agravo. Tais preliminares farão, então, parte da apelação. 
Fica claro que o Código quis evitar o “truncamento do processo” com tantos pequenos 
recursos. Há, então, um único recurso, ao final, nos casos em que não couber agravo. O que 
for conteúdo da sentença será apelado no mérito, enquanto aquilo que for de decisão 
interlocutória estará na preliminar de apelação. 
A apelação, como regra, tem efeito suspensivo. Ela não terá tais efeitos em casos 
excepcionais, muito raros. Nos casos, por exemplo, em que o juiz conceder tutela provisória na 
sentença, a apelação não terá efeito suspensivo. Em casos de condenação por alimentos 
também não haverá tal efeito. Isso é marcado no art. 1012 do CPC. 
A apelação deve conter identificação das partes e razões de apelação, com um resumo do 
que ocorreu no processo. Posteriormente, vêm os fundamentos de fato e de direito para a 
reforma da sentença. Por fim, vem o pedido explícito. Isso está no art. 1010. 
Antes dos fundamentos podem vir as preliminares, que são a insurgência contra decisões 
interlocutórias. No MP era exemplo a alegação de nulidade das interceptações telefônicas. Ao 
oferecer contrarrazões, o apelado, além de ir contra o que o apelante alegou, pode oferecer 
suas preliminares – ou seja, apresentar suas insatisfações com decisões interlocutórias. 
Em resumo, então, a parte do mérito está sempre presente na apelação, referindo-se à 
sentença. Já a parte de preliminares só se faz presente caso haja insurgência contra decisões 
interlocutórias em que não cabe agravo. Vale dizer, aqui, que a decadência e prescrição são 
abordadas no mérito, mesmo que não sejam mérito propriamente dito. 
Existem, porém, outros tipos de preliminares, que nada tem a ver com as decisões 
interlocutórias. Essas são as que se vinculam aos pressupostos e condições recursais, alegando 
falta de interesse de agir ou preclusão, por exemplo. Ela devem vir antes, fisicamente, das 
preliminares contra decisões interlocutórias. 
• Vale ressaltar que o juiz de 1º grau não diz mais sob que efeitos será acolhido o 
recurso, assim como não az mais juízo de admissibilidade. Se há problema com a 
sentença, antes do recurso, o juiz deve endereçar questões ao relator ou ao tribunal, 
caso não haja relator estabelecido. 
Qual seria a consequência de não colocar as questões preliminares contra decisões 
interlocutórias como preliminares? Haverá erro no local, e isso afeta a temporalidade. 
Podemos dizer que há, então, preclusão. 
Sobre a apelação, diz ainda a jurisprudência que, se ela repetir os fundamentos de inicial 
ou contestação, o recurso não deve ser conhecido. Isso porque a apelação deve ter razões 
pelas quais se busca a reforma ou anulação da sentença – e não as razões dos pedidos iniciais. 
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Deve, então, ficar claro o que se quer na apelação (pedido) e porque isso deve ser considerado 
(razões de apelação). 
O art. 1013 fala da teoria da causa madura e da possibilidade de se pedir, na reforma, que 
o mérito seja imediatamente julgado. Isso será aprofundado posteriormente. 
O art. 1009 determinou que cabe agravo ou cabe apelação (em SP misturavam os dois) em 
seu parágrafo 1º. Já o 3º diz que cabe apelação para tudo aquilo que estiver na sentença, 
mostrando a força da unirrecorribilidade. 
Também é possível que ocorra uma apelação adesiva. É como um recurso adesivo: 
significa que eu não tenho porquê recorrer, mas, por cautela, posso fazer uma apelação 
aderente a do réu. É a ideia de “já que ele está recorrendo, eu também vou tentar a sorte”. Ela 
segue o mesmo prazo das contrarrazões e, se o réu não apelar, ela é descartada. Só valerá, 
então, se o outro apelar. Ela só é possível, porém, se a parte aderindo for sucumbente em 
algo. 
• EXEMPLO: Pedi 20 mil, ganhei 15 mil. Estou satisfeito, mas se o réu recorrer para não 
pagar, eu vou recorrer para tentar os 20 mil. Eu posso fazer isso, porque sucumbi em 5 
mil. Se eu já tivesse ganho os 20 mil e o outro recorresse, eu não poderia fazer recurso 
adesivo, mas apenas contrarrazoar. Também não posso recorrer por fundamentação 
diversa (pedi por responsabilidade subjetiva mas ganhei pela objetiva), já que aplicar 
lei não levantada pelas partes não ofende o princípio da não surpresa. 
• Embargos infringentes na lei de execução fiscal – dar uma olhada. 
O art. 932 fala dos casos em que o relator pode decidir monocraticamente, não levando 
para órgão colegiado. Dividimos em três grupos, em que ele decide o mérito ou não 
conhece do recurso. 
1) Decide monocraticamente, julgando o mérito, quanto mantém a sentença: ele não 
precisa dar vista as partes. Pode fazer isso quando o recurso for contrário as Súmulas 
do STF, STJ ou do próprio tribunal relator; quando for contrário ao entendimento 
firmado em IRDR ou IAC; ou quando for contrária a acórdão do STJ ou STJ em recurso 
repetitivo. 
2) Decide monocraticamente, julgando o mérito, dando provimento: quando o recurso 
for contrário as Súmulas do STF, STJ ou do próprio tribunal relator; quando for 
contrário ao entendimento firmado em IRDR ou IAC; ou quando for contrária a 
acórdão do STJ ou STJ em recurso repetitivo. Aqui, precisa ouvir o apelado. 
3) Decide monocraticamente, sem julgar o mérito, não conhecendo do recurso: quando 
tal recurso for inadmissível (não é o correto; quando estiver prejudicada a apelação 
(reconsideração); quando não houver impugnação específica dos fundamentos da 
decisão. Antes de considerar inadmissível, porém, deve chamar a parte para tentar 
sanar o vício, dando segunda chance. 
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Os efeitos da apelação são aqueles englobados pelos efeitos recursais. São exemplos o 
efeito devolutivo, translativo, suspensivo, entre outros. 
7. TEORIA DA CAUSA MADURA 
A teoria da causa madura é marcada pelo art. 1013, em seu parágrafo 3º e 4º. Nela, o 
juiz julga desde logo o mérito quando o processo estiver em condições de imediato 
julgamento. Permite, então, que o juízo recursal extravase o âmbito do dispositivo de sentença 
de 1º grau. 
Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. 
§ 3o Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o 
mérito quando: 
I - reformar sentença fundada no art. 485; 
Reforma sentença terminativa, sem análise de mérito. O tribunal acaba suprimindo um grau de 
jurisdição, e julga por si mesmo. 
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa 
de pedir; 
Em casos de sentença que extrapola os limites do pedido (extra – fora do pedido - ou ultra 
petita – além do pedido). Pode anular, o que é muitas vezes errado, e rejulgar. 
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; 
Em casos de sentença citra ou infra petita. O mais comum é encaminhar para que o primeiro 
grau faça diligências, para prolatar nova decisão. Em casos excepcionais, o 2º grau julga direto. 
IV- decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. 
§ 4o Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, 
julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de 
primeiro grau. 
A teoria da causa madura, porém, é diferente de fazer com que surja nova hipótese na 
instância recursal. O art. 1014 fala da ausência de fato no 1º grau, sendo permitido que ele 
surja em 2º grau quando a parte provar que não o fez por força maior. Basta, então, que a 
questão não tenha sido proposta – não tratando de direito novo ou nova interpretação de 
direito (embora tenha sido admitida, não caberia). 
A teoria da causa madura tem como exemplo o despejo. A ação baseia-se em dois 
fundamentos: falta de pagamento e infração contratual por fazer muito barulho. O juiz de 1º 
grau despeja por falta de pagamento e não fala do barulho. O réu, em apelação, comprova que 
pagou. O juiz de 2º grau, então, julgará a questão do barulho – que já foi alvo de contraditório, 
pois estava na inicial – pela primeira vez. É, então, abordado um fundamento não constante na 
sentença, mas tratado na causa. Só haveria suspensão e retorno caso não tivesse ocorrido o 
contraditório. 
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Também cabe sua aplicação quando uma prejudicial é acolhida pelo juízo de 1º grau, a 
exemplo da prescrição e decadência. Se o segundo grau afastar tal prejudicial, pode desde logo 
julgar o mérito. Também é possível em caso que envolva questão exclusivamente de direito. 
Em resumo, o tribunal, em princípio, não deve avançar no exame das matérias não 
decididas em 1º grau. No entanto, em determinadas hipóteses, o tribunal fica autorizado a 
desde logo decidir o mérito da demanda, sem restituir o processo para novo julgamento pela 
primeira instância. Para tanto, é necessário que a causa esteja “madura” para julgamento, ou 
seja, que verse exclusivamente de questão de direito ou esteja em condições de imediato 
julgamento. Não caberá, então, a teoria da causa madura se for necessária dilação probatória, 
sob pena de cerceamento de defesa. 
8. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
Cabe embargos de declaração para as mais diversas decisões, inclusive para despacho. 
O art. 1022 trata das hipóteses em que cabe: quando houver contradição, omissão, 
obscuridade ou erro material. Não cabem embargos quando quero reformar a decisão, ou 
seja, não é regra a eficácia infringente dos embargos. Os embargos pode, ainda, ser usados 
para fim de prequestionamento – o que não está na lei, mas sim em súmula do STJ. 
• Cabe aqui definir o que é o autêntico erro material. Esse erro é vinculado à escrita, por 
exemplo, trocar nomes. Antigamente não exigiam recurso, bastando manifestação ou 
petição, mas agora há discussão sobre a possibilidade de tratar do erro material fora 
dos embargos. O prof. Adriano acha que é permitido, pois foi um erro do juiz. Ainda 
nessa questão, muitos tentam dizer que o cálculo de valores é erro material, mas na 
verdade é uma inconformidade, para a qual deve ser usado recurso. 
• Ainda devemos falar da completude da decisão. Diz-se que ela é incompleta quando o 
juiz deixa de analisar algo que foi pedido pelas partes nas petições ou contestações 
(citrapetita). Os embargos, nesse caso, pedem que complete-se a decisão. 
O art. 1026 determina que os embargos não têm efeito suspensivo, mas sim interruptivo 
de outros recursos – o prazo é, então, devolvido integralmente, zerando a contagem. Vale 
ressaltar que, se não for conhecido, não interrompe o prazo. Os embargos também não têm 
custas, preparo, nem honorários. 
 Os embargos de declaração não se prestam para rediscutir a lide – o que seria erro 
grosseiro. 
O art. 1022 tentou definir o que seria, por exemplo, a omissão. Outros artigos, como 203 e 
409 também tratam de casos em que cabe embargo. 
O prazo para embargos é de 5 dias. Na maioria das vezes, ele são manejados não com o 
objetivo real de esclarecimento, mas sim para aproveitar-se do efeito interruptivo, ganhando 
mais tempo. 
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Embora a lei não determina a intimação da parte embargada, tem se compreendido que o 
embargado é o próprio juiz. Só será chamada a parte adversa em caso de mudança substancial 
ou quando os embargos tiverem natureza infringente. 
Cabem embargos de declaração dos próprios embargos de declaração. Essa hipótese só 
será cabível quando houver omissão na sentença que julgou tais embargos. 
Se a decisão for monocrática, o embargo também será julgado monocraticamente, 
conforme o art. 1024. Se admite, ainda, fungibilidade recursal dos embargos de declaração 
com agravo interno, também conforme o 1024. 
Embora não possua naturalmente o efeito suspensivo, o juiz pode concedê-lo conforme o 
caso. Não podemos dizer, então, que eles têm caráter protelatório. 
• Há, ainda, uma função atípica dos embargos de declaração: o efeito infringente. Ele 
ocorre quando há uma alteração nuclear na decisão. Por exemplo, o embargo diz que 
não houve análise de uma prova, e, ao analisá-la, o juiz percebe que deve ser feita 
uma alteração na decisão de improcedente para procedente. Nesse sentido, não vale 
embargo para decisões não vinculativas, utilizando-se, então, o recurso simples. 
9. INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS 
O chamado IRDR não é um recurso, tendo natureza incidente. Não é ação, exceção 
nem modo de defesa. Ele deve, então, incidir sobre algo. Ele foi criado pelo novo CPC a partir 
de uma experiência alemã. Em Frankfurt, foram ajuizadas 13 mil ações – o que, para os 
alemães, é muito. 
Tal incidente é muito útil quando ocorrem milhares de ações tratando de uma mesma 
questão, exatamente. No art. 976 é abordado, então, o IRDR, que se dá quando há repetição 
de processos – bastando que se repita, ou seja, 2 processos iguais correndo simultaneamente. 
No IRDR tais demandas precisam ser simultâneas, ou seja, presentes, em andamento. 
Duas ações pendentes de julgamento bastariam para pedir o IRDR. 
Não há, porém direito subjetivo ao IRDR: apenas o tribunal pode escolher instaurar ou 
não. Há, então, discricionariedade do tribunal. Os legitimados para pedir o incidente são, 
porém, o juiz ou o relator, as partes, o MP e a defensoria. Diferencia-se do recurso, pois a 
legitimidade é mais restrita, não tendo o terceiro interessado legitimação para pedir. Isso está 
no art. 977. O juiz oficia para a instauração do incidente, enquanto MP, defensoria e partes 
peticionam. 
No Brasil, ele é mais utilizado quando há milhares de ações iguais. Quem utiliza é o TJ e 
TRF – ou seja, os tribunais regionais. O STJ e STJ terão instrumentos próprios, mas podem 
tornar o IRDR nacional. Permite-se, ainda, uma reanálise do IRDR, pois há um temor que de tal 
instituto seja usado em excesso. 
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O IRDR, para ser aplicável, deve incidir sobre decisão que fira a isonomia. Isso ocorre 
quando temos decisões diferentes para a mesma questão de direito (art. 976, II). O IRDR 
busca, então, evitar e solucionar essas questões. Busca dar maior segurança jurídica. 
 É grande exemplo de IRDR as ações de adicional noturno interpostas por milhares de 
policiais militares. 
O órgão competente para julgar o IRDR é quem o regimento interno definir. Ou seja, 
não há regra fixa para o órgão competente. Cada tribunal determina sua própria regra. 
Vamos reanalisar, então, o tribunal: O pleno, composto pelos desembargadores,poderá ter uma Corte Especial, com cerca de 25 membros. Essa corte (ou órgão) terá funções 
administrativas, mas também pode julgar inconstitucionalidade. Abaixo do pleno, vem as 3 
grandes sessões: criminal; cível de direito público (com o 1º, 2º e 11º grupo cível, sendo que 
cada grupo reúne duas câmaras) e a cível de direito privado (que reúne do 3º ao 10º grupo 
cível). 
Entre os processualistas já se consolidou que a Corte especial e o plenário não são 
bons para julgar IRDR. Isso porque nem todos que integram tais órgãos são especializados em 
alguma área, o que pode prejudicar o julgamento. O melhor é atribuir o julgamento conforme 
a matéria. Normalmente será julgado, então, por uma das sessões. Se a matéria não for de 
nenhuma das câmaras, porém, vai para o órgão especial – a exemplo da própria matéria de 
direito processual. 
O IRDR pode ser pedido em 1º grau se já houver um processo lá, por reexame 
necessário ou competência originária. O meu processo, então, poderia não estar nesse 
tribunal. Outros discordam, exigindo que esteja no mesmo tribunal. Esse tema está no 
parágrafo único do art. 978. 
O órgão que vai julgar o IRDR vai firmar a tese jurídica, desconsiderando questões 
fáticas. O IRDR analisa, então, questões de direito. No caso da PM, ele analisará apenas se é 
cabível ou não o adicional noturno. Fixa-se, então, a questão central, e o juiz deixará as demais 
abertas. O órgão julgador não deve, então, avançar. É por isso que o relator determina os 
pontos específicos que serão alvos da tese. 
Após fixados esses pontos, abrem-se, inclusive, debates públicos. Não é quem 
peticionou ao tribunal que irá defender o IRDR, necessariamente, mas pode ser assim. É o 
tribunal que escolhe quem fará tal defesa. Os demais interessados poderão manifestar-se nos 
termos no art. 984. Vale ressaltar que, depois de instaurado, o autor não pode desistir do IRR. 
O órgão que julgar o IRDR também julgará a ação originária e eventual recurso. Isso 
está determinado por lei, por mais incoerente que pareça. 
O objetivo real do IRDR é fazer com que se aplique a tese firmada nos casos cabíveis. 
Aquele tribunal que julgar – e os inferiores a ele – deverão aplicar tal tese. É por isso que, 
admitida a instauração do IRDR, o relator poderá suspender todos os processos vinculados 
àquela tese – mas isso não ocorre obrigatoriamente. A suspensão alcança juizados especiais e 
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turmas recursais – mesmo que o tribunal não julgue questões referentes a isso, o que mostra 
outra incoerência. 
Havendo interesse nacional, STF e STJ podem elevar o IRDR a esse nível, o que 
submete todo o país àquela tese. A instauração de simuladores nos CFCs foi desenvolvida a 
partir de um IRDR. De modo geral, recursos extraordinários e especiais não têm efeitos 
suspensivos. Nos recursos de IRDR, porém, há esse feito – não podendo o tribunal de 1º grau 
barrar a subida. 
10. AGRAVO DE INSTRUMENTO 
O agravo retido servia para vincular uma insurgência a fim de prorrogar a preclusão. 
Ele ficava, então, esperando a sentença. Se a sentença fosse contrária, interpunha-se apelação 
e reiterava-se tal agravo. O novo CPC extinguiu esse agravo retido – e o que antes se alegava 
nesse agravo fica em preliminar de apelação. 
Já o agravo de instrumento ocorria quando o advogado fazia um “instrumento”, 
formando pequeno processo e protocolava diretamente no tribunal. Assim surgiu o nome. 
Hoje, sabe-se que o agravo de instrumento é cabível contra decisões interlocutórias, 
nas hipóteses do art. 1015. O art. 1015 é taxativo, mas não exaustivo: leis especiais ou 
esparsas podem determinar o cabimento de agravo. Quando não for cabível para decisão 
interlocutória, será em preliminar de apelação ou contrarrazões. 
O prazo, conforme o art. 1003, é de 15 dias da intimação da decisão. O art. 1017 
determina as peças obrigatórias do agravo e a competência para julgamento. Se uma das 
peças obrigatórias não for juntada, o juiz deve intimar a parte para completar em 5 dias. 
No processo eletrônico o agravo não tem custas. 
O art. 1019 determina quando o relator poderá decidir monocraticamente. Há, ainda, 
efeito devolutivo e o relator pode determinar o suspensivo. O prazo para julgar o agravo é de 1 
mês. 
O juiz de 1º grau sempre pode se retratar em Agravo de Instrumento, quando é feita a 
juntada eletrônica. No processo eletrônico não precisa tal juntada. 
Art. 1018 - O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição do 
agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que 
instruíram o recurso. 
§ 1o Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará prejudicado o 
agravo de instrumento. 
§ 2o Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no caput, no prazo de 
3 (três) dias a contar da interposição do agravo de instrumento. 
§ 3o O descumprimento da exigência de que trata o § 2o, desde que arguido e provado pelo agravado, 
importa inadmissibilidade do agravo de instrumento. 
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11. AGRAVO INTERNO 
O agravo interno é interposto sempre no âmbito dos tribunais. Maneja-se contra 
decisão monocrática, levando a julgamento do órgão. Ele é dirigido ao relator, que levará tal 
agravo ao respectivo órgão interno – o órgão colegiado que teria proferido a decisão se ela 
não fosse monocrática. Esse relator não fará juízo de admissibilidade. 
É erro comum nesse agravo repetir os fundamentos manejados na apelação ou agravo 
de instrumento. O agravante deve, porém, impugnar especificamente os fundamentos da 
decisão agravada, conforme o art. 1021. 
Segundo o parágrafo 3º desse mesmo artigo, o relator também não pode reproduzir 
seus argumentos para negar provimento do agravo interno. Isso é, porém, um absurdo, pois 
pode não ser possível justificar o mesmo fato com outros argumentos. 
Já o parágrafo 4º determina que, quando esse agravo for inadmissível ou 
improcedente unanimemente, o agravante deverá pagar multa ao agravado. Isso acaba 
desestimulando o uso do agravo interno. 
Vale ressaltar que, recebido o agravo, deve ser intimado o agravado. 
Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão 
colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal. 
§ 1o Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os fundamentos da 
decisão agravada. 
§ 2o O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre o recurso no 
prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator levá-lo-á a julgamento 
pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta. 
§ 3o É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada para julgar 
improcedente o agravo interno. 
§ 4o Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em 
votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar ao 
agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa. 
§ 5o A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio do valor da multa 
prevista no § 4o, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o 
pagamento ao final.

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