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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS – CAMPUS VARGINHA 
 
 
 
 
 
Juliano Francisco Vital 
 
 
 
 
 
A Taxa de Câmbio e a Indústria Brasileira, 1947-1961. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Varginha 
2014 
 
 
 
 
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A Taxa de Câmbio e a Indústria Brasileira, 1947-1961 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Instituto 
de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal 
de Alfenas, como requisito parcial á obtenção do título de 
Bacharel em Ciências Econômicas com ênfase em 
Controladoria. 
Orientador: Prof. Michel Deliberali Marson 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Varginha/MG 
2014 
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A Taxa de Cambio e a Indústria Brasileira, 1947-1961 
 
A Banca examinadora abaixo assinada aprova a monografia 
apresentada com parte dos requisitos para obtenção do Titulo de 
Bacharel em Ciências Econômicas com Ênfase em 
Controladoria da Universidade Federal de Alfenas. 
 
 
 
 
 
 
Aprovado em: 
 
 
 __________________________________ 
Professor 
 
 
__________________________________ 
Professor 
 
 
 
 
 
 
 
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Dedico a Deus, a minha família, 
professores e amigos pelo apoio na 
realização deste trabalho. 
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Agradecimentos 
 
Agradeço primeiramente a minha amada família que sempre incentivou e 
contribuiu para que o meu sonho em se tornar um futuro economista pudesse se tornar 
realidade. Sou muito grato a família que tenho e por tudo o que fizeram por mim. 
Ao meu orientador Prof. Michel Deliberali Marson pela sua atenção e compreensão e 
por compartilhar comigo os seus conhecimentos para que esta monografia pudesse ser 
concluída. 
A Universidade Federal de Alfenas – Campus Varginha, na qual pude ao longo 
destes seis anos da minha vida, passar o maior tempo dedicando aos estudos, para um dia 
retornar o conhecimento adquirido a sociedade, sendo o objetivo principal de um aluno 
formado em Universidade Federal. 
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Resumo 
 
 
 O assunto principal a ser tratado neste trabalho é a relação da taxa de câmbio e a 
indústria brasileira entre o período de 1947-1961. Sendo o objetivo básico analisar qual 
seria a relação entre a taxa de câmbio vigente neste período em relação ao crescimento 
industrial. Existe uma escassez de trabalhos que procuram analisar esta relação da taxa de 
câmbio e desenvolvimento industrial, sendo o diferencial desta pesquisa. Para isso, 
procurou-se fazer uma análise nos dados publicados pela Revista Conjuntura Econômica 
que abordam o período mencionado acima. Este trabalho irá apresentar quais seriam as 
principais políticas econômicas de taxa de câmbio que levaram a um aumento ou queda na 
produção industrial e lucratividade no período de 1947-1961. 
 
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Sumário 
 
 
Introdução ............................................................................................................................................... 8 
1-Referencial teórico ............................................................................................................................... 9 
1.1-A evolução da política cambial no Brasil, 1945-1961. ................................................................. 9 
2 - Resultados: relação entre política cambial e o desenvolvimento da indústria ................................. 24 
2.1 - Política cambial e produção industrial .......................................................................................... 24 
2.2 – Política cambial e rentabilidade industrial ................................................................................... 29 
Referencial Bibliográfico ...................................................................................................................... 35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Introdução 
 
Após a Segunda Guerra Mundial, houve a manutenção da política econômica no 
Brasil para preservar a estabilização da economia. Os principais objetivos da política 
econômica brasileira entre outros, seria o controle inflacionário, crescimento econômico e 
o equilíbrio da balança de pagamentos. Para conseguir tais objetivos, o governo dispõe de 
instrumentos entre eles, a política cambial, como meio de promover a estabilidade 
econômica do país. A política cambial seria um conjunto de medidas, na qual é de 
responsabilidade do Estado e entidades competentes manterem equalizado o poder de 
compra do país de origem em relação aos países estrangeiros. A definição de taxa de 
câmbio está relacionada com o valor de uma moeda nacional em termos de valor de outra 
moeda internacional, ou seja, a taxa pela quais duas moedas de diferentes países podem ser 
trocadas ou transacionadas. A taxa de câmbio tem o intuito de promover a transação 
econômica entre países, de modo a impulsionar as importações, exportações e o mercado 
de capitais. 
Existe um debate na literatura econômica sobre a importância da taxa de câmbio para 
o processo de desenvolvimento da industrialização brasileira, no período de 1945-1964. 
Autores como, Vianna, Pinho Netto, Luiz Orenstein e Antonio Claudio, Malan, Serra, 
Huddle, Fishlow e Celso Furtado discorrem, em seus textos, sobre a influência da taxa de 
câmbio no processo de industrialização. Nesse sentido, buscou-se aprofundar o 
conhecimento de modo a resgatar a influência da política cambial no Brasil no período de 
1945 a 1961 para o processo de industrialização no Brasil. Para a elaboração deste 
trabalho, foi necessária uma leitura aprofundada em livros e artigos na literatura existente 
que abordam sobre a industrialização brasileira. Este trabalho tem como objetivo 
identificar qual a relação da taxa de câmbio e o crescimento da indústria brasileira no 
período de 1947-1961, de modo a avaliar seus impactos positivos e negativos sobre a 
produção e a lucratividade. 
Esta monografia tem a finalidade de fazer uma análise em uma fonte pouco utilizada 
em trabalhos, como a Revista Conjuntura Econômica. A Revista Conjuntura Econômica 
foi lançada em novembro de 1947, na qual buscou acompanhar as mudanças e as 
transformações político-econômicas que ocorreram no Brasil até os dias atuais. 
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O trabalho pretende fazer uma análise da produção e lucratividade das indústrias no 
período de 1947-1961 e relacionar a taxa de câmbio com o desenvolvimento industrial. 
Como se deu o crescimento dos setores industriais neste período e a importância da taxa de 
câmbio? Qual foi a política cambial que mais favoreceu o crescimento das indústrias? O 
objetivo deste trabalho, é responder estas perguntas. 
 Esta monografia pode ser divida em três partes. A primeira parte seria a apresentação 
e discussão das teorias econômicas relacionado à evolução política cambial no Brasil. Na 
segunda parte será realizada a análise da fonte de dados da Revista Conjuntura Econômica 
relacionados com a produção e lucratividade. A última parte irá tratar sobre as principais 
conclusões do crescimento industrial e taxa de câmbio do período de 1947 a 1961. 
1-Referencial teórico 
1.1-A evolução da política cambial no Brasil, 1945-1961. 
 
 Dando início ao referencial teórico, decorre a evolução política cambial de 1945-
1961 de acordo com os autores Vianna, Pinho Netto, Luiz Orenstein e Antonio Claudio. Ao 
final, mostrará o debate na literatura econômica entre os autores Malan, Serra, Huddle, 
Fishlow e Celso Furtado sobre a influência e a importância da taxa de câmbio para o 
processo de industrialização no período de 1945 a 1961. 
De acordo comVianna (1987, p.105), a política econômica do Governo Dutra pode 
ser dividida em dois períodos relevantes: o primeiro foi devido à mudança da política do 
comércio exterior, na qual ocorreu o fim do mercado de livre câmbio e o sistema de 
restrição às importações, no fim do ano de 1947 e começo de 1948. O segundo marco foi o 
afastamento do Ministro da Fazenda Correa e Castro em meados de 1949. Marcou-se como 
o período em que ocorreu a passagem da política econômica contracionista de caráter 
ortodoxo, para uma política monetária e fiscal mais flexível. 
Com o acordo de princípios liberais de Bretton Woods, adotou-se a moeda norte-
americana (dólar) como padrão de conversibilidade entre os países aliados. No Brasil, 
ocorreu uma ilusão em relação às divisas, sendo que não poderia mais fazer a 
conversibilidade. Ao manter o mesmo câmbio do ano de 1939, com a paridade de Cr$ 
18,5/US$ e instituído o mercado livre com a abolição das restrições em relação a 
pagamentos dos anos 1930 resultou no aumento de preços no Brasil em relação aos 
Estados Unidos, evidenciando a sobrevalorização da taxa cambial de Cr$ 18,5/US$. 
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Ao adotar a política de sobrevalorização cambial, Dutra tinha como objetivos, 
aumentar a demanda de matéria-prima e bens de capital para as indústrias brasileiras 
depreciadas durante a guerra, promover a baixa dos preços industriais em relação aos 
produtos importados, estimular a entrada de capitais estrangeiros e principalmente, atender 
as características liberais externas. 
O Brasil estava com superávit na balança comercial em moedas que não tinham 
conversibilidade, o que resultou um déficit crescente em relação aos Estados Unidos. No 
final do ano de 1947, o Brasil chegou a acumular US$ 82 milhões em atrasados 
comerciais, fazendo com que os fornecedores internacionais parassem de mandar remessas 
para o Brasil. Como resultado, implicou na diminuição do ritmo da produção das indústrias 
brasileira, devido à falta de matérias-primas importadas. 
O presidente Dutra ao aplicar uma política de sobrevalorização da taxa de câmbio, 
tinha como objetivo beneficiar a indústria que estava desgastada devido ao período entre 
guerras. Mas com o fim do período de guerras, os antigos fornecedores do mercado 
mundial, voltaram a restabelecer a sua produção. O Brasil foi afetado com a diminuição 
das exportações de matéria-prima e manufaturas e das importações. Essa queda nas 
exportações está ligada à volta da concorrência após o término da Segunda Guerra 
Mundial. As importações passam a enfrentar não apenas as pressões da necessidade de 
novos equipamentos, mas também do aumento dos preços que subiram 75% no ano de 
1947 em relação a 1946, ocasionando em queda das importações de equipamentos para 
substituição da maquinaria obsoleta do pós-guerra. 
Em julho de 1947, foi estabelecido um regime de câmbio por cooperação, no qual 
bancos autorizados a operar com o câmbio venderiam cerca de 30% de suas compras de 
câmbio livre, a taxa oficial de compra ao Banco do Brasil. Assim, o Banco do Brasil 
passaria a controlar as importações de produtos essenciais. Em fevereiro de 1948, o 
governo adotou a medida de restrição de importações, a qual visava a concessões de 
licenças para importação, predominando até o início do Governo Vargas. A medida de 
contingenciamento das importações chegou a diminuir o déficit com a área conversível. 
Com a manutenção da taxa de câmbio, ocorreu uma queda na competitividade das 
exportações brasileiras no mercado europeu devido à desvalorização de 1949 e a inflação 
interna. Na Europa outros fatores como, a reorganização dos países do pós-guerra, 
diminuição de moedas inconversíveis e a diminuição da inflação em relação ao aumento do 
consumo doméstico, contribuíram com a queda das exportações. 
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Devido à dificuldade que envolvia as exportações, o governo decide manter uma taxa 
favorável para os importadores de produtos gravosos (aqueles produtos que não 
conseguiriam ser exportados a taxa oficial de câmbio). 
Para Vianna (1987), o processo de controle das importações instaurado no ano de 
1947 teve forte influência para o crescimento da indústria no Brasil. Deve se considerar 
que o controle das importações passou por várias fases, até chegar ao desenvolvimento da 
industrialização através da substituição de importações. Outro fato que favoreceu o 
processo de industrialização no Governo Dutra, foi o regime de orçamento de câmbio com 
licença, no ano de 1949 e o aumento de divisas decorrentes da elevação do preço do café. 
Segundo Tavares: 
Mantinha-se a taxa de câmbio sobrevalorizada e progressivamente impunham-se 
medidas discriminatórias à importação de bens de consumo não essenciais e os 
com similar nacional; daí resultou um estímulo considerável à implantação interna 
de indústrias substitutivas desses bens de consumo, sobretudo os duráveis, que 
ainda não eram produzidos dentro do país e passaram a contar com uma proteção 
do custo de operação. Esta foi basicamente a fase de implantação do consumo 
durável. (TAVARES, 1972, p.71 apud VIANNA, 1987, p.114). 
 
No trecho acima, podemos tirar como resultado da política da taxa de câmbio 
sobrevalorizada o efeito subsídio e protecionista para indústria. O primeiro está 
relacionado aos preços relativos artificialmente mais baratos para compra de matérias-
primas e bens de capital e o segundo permitiu a proteção da indústria doméstica através do 
processo de contingenciamento das importações. 
É preciso frisar a importância do Governo Dutra no seguimento à acumulação 
industrial. A política de substituição de importações e controle destas fizeram com que se 
desenvolvessem as indústrias de bens de consumo duráveis no Brasil (VIANNA, 1987, 
p.116). Sendo caracterizado o final do seu governo a retomada do crescimento do setor 
interno, do processo inflacionário e o desequilíbrio financeiro do setor público. 
Em Janeiro de 1951, ingressa o presidente da República Getúlio Vargas que 
permaneceu no governo até agosto de 1954. Ao entrar no poder, Vargas enfrentou alguns 
problemas herdados do Governo Dutra derivado do estrangulamento da balança comercial 
em atrasados comerciais e do aumento da inflação. 
O segundo Governo de Getúlio Vargas pode ser divido em dois momentos: a 
primeira seria a fase de estabilização da economia, ou seja, equilibrar as finanças públicas 
com política monetária restritiva e a contenção da inflação. A 2ª fase seria a de influxo de 
capital estrangeiro para o financiamento de projeto de indústrias e de infraestrura. 
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 Manteve-se a taxa de câmbio fixa e sobrevalorizada, com o regime de concessão de 
licenças para importar, uma herança do Governo Dutra. Mas esse regime durou por apenas 
os primeiros setes meses do Governo Vargas, depois ocorreu um afrouxamento em relação 
à concessão das licenças. 
Com a Guerra da Coréia, houve o aumento das importações para estocagem de 
mercadorias, pois havia o receio de ocorrer à falta de abastecimento de mercadorias, igual 
ocorreu na Segunda Guerra Mundial. 
De acordo com Vianna (1987), a liberalização da concessão de licenças está 
relacionada aos seguintes fatores conjunturais: pressão inflacionária interna, precariedade 
de importações para o abastecimento do mercado interno devido à expansão 
armamentistas, perspectiva positiva em relação às exportações dos principais produtos e o 
câmbio favorável. 
 No primeiro semestre de 1951, as importações encerraram no total de US$ 860 
milhões, sendo que US$ 449 milhões eram em moedas conversíveis. Ocorreu uma redução 
nas reservas em moedas conversíveis, devido ao fato de financiar os encargos da balança 
de pagamentos. 
 No ano de 1952, ocorre uma crise cambial que teve origem na perda do controle da 
defasagem entre a concessão de licenças e a efetivação das importações, crise da indústria 
têxtil mundial, queda das exportaçõesdo algodão, retração das exportações, exceto do café 
e o gasto com a compra de trigo dos Estados Unidos, devido à quebra de produção na 
Argentina. 
 Segundo Viana (1987), a economia no Governo Vargas obteve um desempenho no 
PIB real, que cresceu cerca de 4,9% no ano de 1951 e 7,3%, no ano de 1952. O setor de 
serviços foi impulsionado pelo comércio importador, resultando em maiores taxas de 
crescimento. Em relação à produção industrial, esta foi afetada pela liberalização das 
importações, apresentando as menores taxas anuais de crescimento desde o ano de 1947. 
 No ano de 1953, foi elaborada a Lei 1807 que instituiu o sistema de taxas múltiplas 
de câmbio, nos quais algumas flutuantes. A Lei previa aumentar as exportações e 
desestimular as importações de produtos não essenciais. Ficaram determinadas do lado da 
oferta, cinco taxas efetivas: em primeiro lugar, a taxa fixa oficial, aplicada a mais de 85% 
dos produtos, exceto o café, algodão e cacau; em segundo lugar, determinaram-se três 
taxas de câmbio flutuantes para as demais exportações. 
 No lado da demanda de câmbio tiveram-se duas taxas, sendo a primeira, a taxa oficial 
para as importações essenciais, remessas financeiras do governo e rendimentos do capital 
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estrangeiro e a segunda taxa a do mercado livre, sendo aplicada paras outras importações e 
remessas. 
 Os objetivos da Lei de 1807 eram relacionados ao comércio exterior, possibilitando 
as exportações dos produtos gravosos e a redução da propensão a importar devido ao 
deslocamento para o mercado livre. 
 Havia certa preocupação relacionada aos efeitos inflacionários do novo sistema 
cambial, devido ao encarecimento dos bens de consumos e insumos que eram utilizados na 
produção industrial. 
 Mas o principal objetivo da lei de 1807 não foi alcançado, as exportações brasileiras 
tiveram um decréscimo de 11% no primeiro semestre de 1953 comparado com o ano de 
1952. Isso se deve ao fato das exportações dos produtos gravosos não ter reagido com a 
desvalorização cambial. Em decorrência disto, os atrasados comerciais continuaram a 
crescer. 
 É convocado Osvaldo Aranha para o ministério, tentou-se novamente a estabilização 
da economia, mantendo uma visão ortodoxa, com objetivo de uma política fiscal austera e 
monetária creditícia restritiva. 
 Para tentar resolver os problemas com a situação do câmbio e o financiamento do 
déficit público, foi baixada no dia 9 de outubro de 1953, a Instrução 70 da Sumoc. A 
Instrução 70 da Sumoc promoveu mudanças no sistema cambial brasileiro, como o 
restabelecimento do monopólio cambial ao Banco do Brasil e a extinção do controle 
quantitativo das importações que foi substituído pelos regimes de leilões em bolsa de 
fundos públicos do país. Os leilões de câmbio funcionam da seguinte maneira: 
negociavam-se Promessas de Venda de Câmbio, conhecido como PVC, logo havia o 
resgate no pregão público, dando ao importador o direito de aquisição de câmbio no valor e 
na moeda na qual foram estipulados. Em seguida, o comprador levava ao Banco do Brasil 
no prazo de cinco dias, fazia o pagamento do ágio e em troca recebia um certificado de 
câmbio, que daria o direito obter a licença de importação. As importações passaram a ser 
classificadas em cinco categorias, sendo um meio de manter a essencialidade dos produtos 
importados e proteção da indústria, pois o surto de investimentos dos anos anteriores 
permitia que as produções domésticas de certas importações industriais fossem menos 
essenciais. 
 Do lado das importações, as taxas múltiplas de câmbio através do sistema de leilões, 
permitiram que ocorressem as desvalorizações cambiais, de modo a substituir o controle de 
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importações como um instrumento para o equilíbrio da balança comercial. Esta medida 
permitiu a política de importações seletiva, de modo a proteger a indústria doméstica. 
 Os primeiros resultados da Instrução 70 da Sumoc foram pontos positivos, como; a 
aceleração das exportações, fechando o último trimestre de 1953 com 34,2% do valor total 
obtido no ano e a elevação da receita. Em relação a posição da indústria, está foi 
prejudicada com as desvalorizações cambiais que implicavam na elevação dos seus custos. 
 De acordo com Vianna (1987), a Instrução 70 da Sumoc não permitiu um amplo 
processo de industrialização, pois houve o encarecimento dos insumos de produção e de 
equipamentos, devido à desvalorização cambial propostas pelos leilões. 
 Segundo Pinho Netto (1986), os anos de 1954 a 1955 ficaram conhecidos como: “O 
Interregno Café Filho”. Este período foi marcado entre o suicídio de Vargas e a posse de 
Juscelino Kubitschek para Presidente da República. 
 Café Filho nomeia para a composição do ministério, o professor Eugênio Gudin 
como Ministro da Fazenda. Gudin era crítico das propostas desenvolvimentista e partidário 
da política econômica ortodoxa. 
 Não obstante ao sucesso da negociação do crédito com exterior, o Governo de Café 
Filho resolve implementar políticas que visassem o equilíbrio da balança de pagamentos à 
longo prazo. No desejo de eliminar os impasses a livre entrada de capital internacional no 
país, Gudin efetivou a principal ação do seu Governo que ficou conhecida como a 
Instrução 113 da Sumoc. Instituída em 17 de Janeiro de 1955, a Instrução 113 da Sumoc 
colocava a Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil (CACEX), autorizada a 
emitir licenças de importação sem cobertura cambial para equipamentos que fossem 
destinados a complementação dos conjuntos já existentes no Brasil. A CACEX ficou 
responsável por licenciar a favor das empresas nacionais, de modo que a importação de 
equipamentos financiados no exterior em prazo não inferior a cinco anos seriam 
incorporados aos ativos das empresas nacionais ou estrangeiras, sem a contrapartida no 
passivo exigível. A Instrução 113 da Sumoc tinha o intuito de eliminar os empecilhos 
existentes às importações sem a cobertura cambial, favorecendo os setores industriais. A 
lista de setores favorecidos com a Instrução 113 incluía todos os setores industriais. 
Ocorreu um aumento na movimentação de capitais no ano de 1955 o capital estrangeiro 
nesta época teve uma grande contribuição na formação interna de capital. Somaram-se o 
valor de US$ 379,4 milhões para as indústrias básicas e US$ 131,7 milhões para as 
indústrias leves. Nota-se a grande importância da Instrução 113 da Sumoc para o 
desenvolvimento das indústrias, através de capitais externos. 
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 Segundo Pinho Netto (1986), o investidor externo detinha vantagem em importar 
equipamentos sem a cobertura cambial do que ingressar com divisas á taxa do mercado 
livre, recomprando as licenças de importação por um valor mais alto nos leilões de câmbio. 
 Gudin ao elaborar a Instrução 113 da Sumoc, tinha como objetivo dar continuidade 
ao processo de industrialização consolidada pela legislação anterior através do processo de 
eliminação das barreiras existentes as importações sem a cobertura cambial. A Instrução 
113 da Sumoc permitiu a diminuição do processo de burocracia nas transações sem 
cobertura cambial, ficando sujeito à deliberação apenas do CACEX. 
 Como podemos observar, a Instrução 113 foi um instrumento de grande importância 
para atração de investimentos estrangeiros para o Brasil. 
 No dia 4 de abril do ano de 1955, Gudin exonerava-se em caráter irrevogável, sendo 
nomeado para a pasta da Fazenda o banqueiro paulista José Maria Whitaker, ex-ministro 
da Fazenda do Governo Vargas. 
Em maio de 1955, foi assinado por Whitaker a Instrução 116 da Sumoc, que tinha 
como objetivo restabelecer o depósito compulsório e a taxa de redesconto de 
anteriormente. Whitaker limitou as operações do Banco do Brasil para empréstimos ao 
comércio, indústria e lavoura pelo prazo de 120 dias. Através desta medida, o novo 
ministro visava à recuperação da participação das exportações brasileirasno mercado 
mundial. 
No final de setembro de 1955 é formulada uma Instrução da Sumoc responsável pela 
reformulação do sistema cambial brasileiro. Determinava-se a unificação cambial por meio 
do regime de taxas flutuantes. Mas o Ministério não aprovou a nova formulação devido o 
governo de Café Filho ser visto como um governo de “transição”. Caso fosse aprovada a 
reforma no sistema cambial, colocaria em discussão o processo de industrialização 
ocorrida no Brasil, na qual desestimulava as exportações através da taxa câmbio 
sobrevalorizadas. 
De acordo com Pinho Neto (1986), o Governo de Café Filho no ano de 1954 teve 
como resultados o aumento da taxa de crescimento do PIB em 7,8%, a agricultura cresceu 
7,9% e a indústria em 9,3%. No ano de 1955, o PIB elevou-se para 8,8%, devido ao 
aumento da indústria de 11,7%. Apesar do aumento da indústria brasileira no seu governo, 
ocorreu uma contração creditícia no final de 1954, provocando uma redução na formação 
bruta de capital fixo e das importações de bens de capital. 
Segundo Luiz Orenstein e Antonio Claudio (1989), a política cambial da década de 
1950 foi a principal forma de instrumento de política econômica a favor do setor público e 
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do setor privado. Utilizavam-se quotas, tarifas e impostos de importação como meio de 
manipulação da política econômica. O presidente vigente do período de 1956-1961 era 
Juscelino Kubitschek, ficando reconhecido pelas políticas desenvolvimentistas. 
 Devido à política econômica de substituição de importação e a diminuição das 
receitas de exportação, o setor público não conseguiu orientar o processo de 
industrialização. 
 No ano de 1956 foi criado o Conselho de Desenvolvimento, sendo formulado um 
plano de desenvolvimentista, conhecido como Plano de Metas. O Plano de Metas era um 
plano quinquenal que contemplava investimentos em cinco principais áreas, são elas; 
energia, transporte, alimentação, indústria de base e educação. Previa-se um investimento 
de 22,3% a cargo do setor privado ou de financiamento de entidades públicas. Supondo 
que as previsões do Plano de Metas estivessem corretas, previa-se um aumento da 
produção de aço bruto em 3,6 milhões de toneladas no ano de 1955 para 5 milhões em 
1960, instalação da indústria automobilística produzindo cerca de 170.000 veículos como 
caminhões, caminhonetas e automóveis. Para indústria mecânica teria o investimento em 
maquinarias e equipamentos. O plano também especificava os setores a serem estimulados 
como: material elétrico pesado, máquinas operatrizes, máquinas e equipamentos para 
indústrias diversas, caldeiras e outros equipamentos pesados. 
Na segunda metade dos anos 1950, o Estado teve controle no desenvolvimento da 
produção de aço, através da Cosipa, CSN e Usiminas, o refino de petróleo ficou por conta 
da Petrobrás, a exportação de minério de ferro nas mãos da Companhia do Vale do Rio 
Doce. 
O Plano de Metas também deu estímulos à empresa privada, dentre eles a expansão 
do crédito concedido pelo BNDE no valor de Cr$ 64 bilhões na forma de empréstimos 
reembolsáveis, sendo que Cr$ 18 bilhões eram para as indústrias básicas. 
Para Luiz Orenstein e Antonio Claudio (1989), não é fácil realizar uma avaliação 
final das consequências do Plano de Metas. Houve a modificação da estrutura econômica 
com o crescimento do setor industrial, sua modernização e a implantação de novos ramos. 
 Em agosto de 1957 ocorre uma nova reforma no sistema cambial. Modificou-se o 
sistema de taxas múltiplas e introduzido um sistema de proteção específica para produtos 
de mesma categoria. Esta reforma resultou na redução das cinco categorias anteriores para 
apenas duas, sendo a Geral e a Específica. Através da categoria geral eram importadas 
matérias-primas, equipamentos e bens genéricos que não detinham um suprimento interno 
suficiente. Já a categoria específica era importada os bens de consumo restrito e os bens 
17 
 
que fossem satisfatórios ao mercado interno. Ocorreu a criação do Conselho de Política 
Aduaneira (CPA), que tinha como objetivo enquadrar os produtos em umas das categorias 
de importação e o estabelecimento de alíquota para o grupo de produtos na qual o produto 
específico estivesse classificado. 
 Uma das principais ideias implícitas na reforma cambial era permitir a aceleração da 
substituição de bens de capital, diminuindo a ênfase dada à substituição de bens de 
consumo. Entre os anos de 1955 e 1960, a indústria brasileira de bens de capital cresceu a 
taxa de 26,4% ao ano, devido aos segmentos de “equipamentos e veículos” e 
“equipamentos de transporte”. A reforma de 1957 teve grande importância para o 
desenvolvimento das indústrias, pois criou artifícios políticos para a importação de 
equipamentos, estimulando a produção interna e o aprofundamento do processo de 
substituição, criando estágios avançados no processo de industrialização. Entre os artifícios 
utilizados pela política econômica estava a possibilidade de aplicação de quotas que 
permitiriam assegurar a isenção ou a redução de certos produtos até uma quantidade 
importada pré-determinada. A redução de 50% da tarifa caso fosse comprovada a 
incapacidade da indústria doméstica em produzir o produto em quantidade suficiente. 
De acordo com Orenstein e Antonio Claudio, a reforma de 1957 na Instrução da 
Sumoc provocou algumas distorções como: 
 
“Por um lado, o congelamento do “custo de câmbio” de janeiro de 1959 a março de 
1961 à taxa de Cr$100,00/US$, enquanto os preços internos aumentavam cerca de 
80%, subsidiava crescentemente a importação dos produtos essenciais, perturbando 
o cálculo econômico do investimento em substituição. Por outro lado, os setores 
prioritários, ao importarem seus equipamentos pelo “cambio de custo, tendiam a 
sobre investir e, sem duvida, essa seria uma das causas da crise que se iniciou em 
1963” (ORENSTEIN; LUIZ e CLAUDIO SOCHACZEWSKI; ANTONIO, 1989, 
P.175). 
 
 
De um ponto, a reforma de 1957 implicou no aprofundamento do processo de 
substituição, na medida em que alcançava estágios mais avançados na industrialização, de 
modo a considerar a distorção acima criada pela reforma. 
De acordo com Marcelo de Paiva Abreu (1989), em 31 de janeiro de 1961, assume a 
presidência Jânio Quadros, sendo um período de intensa conturbação política. O Governo 
de Jânio Quadros herdou as dificuldades econômicas de Kubitschek, a aceleração da 
inflação, déficit fiscal e a deterioração do balanço de pagamentos. 
18 
 
 Em março de 1961, ocorreu uma importante reformulação do regime cambial 
vigente, através da Instrução 204 da Sumoc, tendo como objetivo a desvalorização do 
câmbio e unificação do mercado cambial. 
 Em agosto de 1961, Jânio Quadros renuncia ao cargo de presidente, devido a curta 
duração da sua gestão dificulta uma avaliação mais criteriosa do resultado da política 
econômica do seu governo. 
 Com João Goulart no poder, no segundo semestre de 1962, ocorre uma deterioração 
doa balança de pagamentos, impactando numa redução significativa das exportações. 
 Após ter realizado um exame geral sobre a evolução da política cambial, vamos 
mostrar o debate existente na literatura econômica sobre a importância do processo de 
desenvolvimento industrial no período de 1947-1961 na visão de Malan, Serra, Huddle, 
Fishlow e Celso Furtado. 
Iniciando o debate com Malan (1977), a década de 1940 teve grande importância para 
a fase de transição da Indústria de Transformação. Os anos iniciais de1940 foram marcados 
pela retração das importações, em particular das indústrias. Esta retração está ligada a 
grande dependência do parque industrial doméstico em relação aos bens intermediários e 
de capitais importados. 
 No biênio de 1946-1947, as importações chegaram a quadruplicar. De acordo com a 
posição de pauta de gênero, os bens de consumo duráveis obteve uma ampliaçãona 
participação relativa de 44,5%. Em relação aos anos de 1947 e 1950, a participação relativa 
dos bens de consumo durável na pauta de importações de Material Elétrico e de 
Telecomunicações foi reduzida de 44,5 para 25,5%, chegando em 1950-1952 com a 
participação de 17,5%. Esse decréscimo está ligado à substituição de importações de bens 
de consumo duráveis por Material Elétrico. 
 De acordo com Serra (1982), no período de 1945-1946 ocorreu a fase de liberalização 
das importações, esgotamento das reservas de divisas e a defesa dos interesses do café. De 
1947 em diante, o governo aplicou uma política simultânea de controle de câmbio, dando 
preferência a importações de máquinas e equipamentos. E preciso destacar grande 
importância do papel do Estado na formação do desenvolvimento capitalista brasileiro. 
Este foi o fator principal para o processo de industrialização através da definição, 
articulação e sustentação financeira dos grandes blocos de investimentos. Outros fatores 
que contribuíram para o processo de industrialização foram às políticas protecionistas 
adotadas em relação á indústria doméstica e de apoio à substituição de importações, 
investimentos estatais na infraestrutura de energia e transportes, entrada de capital 
19 
 
estrangeiro em meados dos anos 1950 na produção de bens manufaturados ao mercado 
interno e subsídios fiscais, creditícios e cambiais ao investimento privado na indústria. 
 Serra (1982) destaca a importância da Guerra da Coréia para o crescimento da 
indústria e da capacidade instalada, pois devido ao receio de interrupção dos fluxos de 
comércio internacional, gerou um boom das importações de máquinas e equipamentos nos 
anos de 1951 a 1952. A primeira metade dos anos 1950 foi bastante decisiva para 
ampliação industrial. Foram tomadas quatro medidas para o desenvolvimento da indústria, 
são elas: Instrução 70 da Sumoc, criação do Banco Nacional de Desenvolvimento 
Econômico com o objetivo de apoiar a ampliação da infraestrutura de transportes e energia, 
criação da Petrobrás e a Instrução 113 da Sumoc. O Plano de Metas teve importância para 
o processo de transformações estruturais que foram decisivas para a industrialização 
brasileira. No período de 1956-1960, com a implantação do Plano de Metas do Governo 
de Juscelino Kubitschek, ocorreu um avanço de curto prazo no desenvolvimento do pólo 
industrial brasileiro em relação setor de bens de capital. 
 Para Huddle (1977), a Segunda Guerra Mundial trouxe benefícios para economia 
brasileira, pois alavancou a procura por produtos primários. A consequência foi o 
incremento do Produto Nacional Bruto de quase 2,5% ao ano, melhora do comércio 
exterior, saldos positivos na balança no final de 1945 e a expansão das indústrias 
manufatureiras. Este aponta pontos negativos da política cambial para o processo de 
desenvolvimento da industrialização brasileira. Ele afirma que no ano de 1947, o regime de 
liberdade cambial foi falho, pois apenas uma pequena parte da acumulação e reestocagem 
de equipamento de capital foram atendidas e outra grande porcentagem das importações foi 
de produtos não essenciais, como por exemplo, os subsídios de artigos de luxo. Este 
ressalva que o câmbio livre durou apenas os primeiros sete meses de 1947. A tentativa de 
uso dos saldos positivos das importações, para tentar amenizar as pressões sobre os preços 
internos, foi de caráter secundário. Pois essa política obteve um caráter positivo apenas 
para estabilização dos preços até o final do ano de 1948, sendo que logo depois, o 
esgotamento das reservas levou a perder o controle sobre as pressões inflacionárias. Este 
afirma que, ao invés de aplicar essa política, seria melhor comprar mercadorias norte-
americanas, antes do aumento dos preços devido à inflação do pós-guerra. 
 Segundo Huddle (1977), os controles cambiais de redução dos volumes de 
importações executados pelo Banco do Brasil, apresentavam falhas. Não havia um controle 
rígido diante as importações que poderia entrar livremente no país. Em Fevereiro de 1948, 
foi criado o primeiro controle cambial exercido através da CEXIM e da FIBAN. O controle 
20 
 
das exportações passou a ser exercido através de um sistema de licenças de embarque, 
declarações de venda, licenças prévias e as importações seriam concedidas de acordo com 
uma lista cronológica de espera. O resultado do licenciamento do câmbio foi à redução das 
importações e a elevação das exportações para os Estados Unidos.. Embora tenha ocorrido 
o aumento das exportações no ano de 1948, intercorreu um decréscimo das exportações de 
couros, rícino, cera da carnaúba, fumo, borracha e tecido de algodão. Essa queda deve-se 
ao fato dos países estrangeiros subsidiar as suas próprias indústrias como forma de 
proteção. 
 Os regimes de controle cambial executado pelo Banco do Brasil, CEXIM e a FIBAN, 
permitiu que abrisse espaço para o surgimento de um mercado cinzento e um mercado 
negro. O mercado cinzento permitia à retenção de certa percentagem pelos bancos 
autorizados sobre o câmbio adquirido dos exportadores e a venda do mesmo, aos 
comerciantes. O mercado negro detinha a característica de um mercado livre, pois as taxas 
de câmbio eram cotadas livremente pelas agências de viagens, onde não havia o dano em 
suas operações. 
 O resultado da abertura desses mercados paralelos na economia brasileira foi uma 
perda líquida de câmbio de quase 20% do déficit do Balanço de Pagamentos de 1948. O 
déficit com a balança comercial e de atrasados comerciais perpetuaram pós o advento do 
regime de licença prévia. Para o autor, a causa desses atrasados, era devido à falta de 
autoridades responsáveis pela criação do orçamento de câmbio. Sem o orçamento de 
câmbio, não havia um controle sobre as disponibilidades de câmbio e o órgão que emitia as 
licenças de importação. Esta falta de autoridades responsáveis pelas disponibilidades de 
câmbio, não permitia a redução dos atrasados comerciais, pois não havia um controle sobre 
as disponibilidades de câmbio. 
 Huddle (1977) enfatiza o problema da corrupção que levou a uma perda da confiança 
do público, ocorrendo o desvio de recursos entre exportadores e importadores como 
acontecia no mercado negro e no mercado cinzento. Para este, a política cambial nos anos 
de 1946 a 1953 serviu para provar que o racionamento direto era ineficiente, pois não havia 
uma administração encarregada em fiscalizar as exportações e importações e as instituições 
não estavam á altura da tarefa de fiscalização a qual foi dada. Isso se deve, ao caráter 
corrupto dos funcionários públicos, que viam um meio de enriquecimento rápido. 
O autor Albert Fishlow faz algumas críticas a Huddle em seu trabalho“Origens e 
Consequências da Substituição de Importações no Brasil”. Para Fishlow (1972), a política 
cambial foi importante sim para o desenvolvimento da industrialização no Brasil. 
21 
 
Primeiramente, Fishlow (1972) considera que houve evidências da existência do mercado 
cinzento, na qual ocorreu a descoberta de que 100 milhões de dólares em licenças não 
haviam sido contabilizadas. Destaca que é preciso tomar cuidado em relação aos valores 
apontados por Huddle em seu livro. Um exemplo da falta de credibilidade dos valores 
assinalados por Huddle seria que, no período de 1948-1952, os funcionários do câmbio 
chegaram a receber um valor total de gorjetas que chega a equivalência das despesas do 
governo central com pagamentos de salários ao funcionalismo. 
Segundo Fishlow (1972), houve a ocorrência de uma corrupção como havia dito 
Huddle, mas de grandeza desconhecida, que levou a uma redução no subsídio da indústria 
através dos lucros auferidos pelos importadores. Os importadores ao cobrar apenas os 
preços de importação dos compradores, permitiam que o ganho fosse transferido à 
indústria. Mas se os preços internos fossem mais altos devido à divergência entrea 
demanda e a oferta, os subsídios da taxa de câmbio serviram apenas como meio de 
enriquecimento por parte dos importadores. Mas ele reafirma que, não é possível avaliar 
até que ponto este fator operou, pois não existem dados comparativos entre os preços 
internos e os preços das importações, e que não houve o aniquilamento do subsídio, pois se 
pode inferir a partir do comportamento dos preços industriais relativos e do deflator de 
investimentos durante o período. 
Outro fato que gera dúvida em Fishlow (1972) em relação ao Huddle, seria sobre a 
desvalorização ocorrida no ano de 1946. Segundo Fishlow, a desvalorização ocorrida neste 
ano não poderia ter estimulado o crescimento industrial acima da média de 9,3%, 
observada nos anos de 1947 a 1952. Primeiramente, o fato de alterar a taxa de câmbio, 
teria aumentado os lucros obtidos pelo setor cafeeiro, sem aumentar as receitas com 
moedas estrangeiras de maneira significativa. Logo, não representaria uma fonte 
importante de acumulação para o investimento na indústria. Segundo, mesmo com o 
aumento dos preços das importações, a proteção das indústrias domésticas seria menos 
significante, do que o acesso a insumos e bens de capital a preços inferiores. E conforme 
Fishlow (1972), não resta dúvida sobre o quanto a política do sistema de licenciamento de 
importações foi bem sucedida nos seus resultados. 
 Manteve-se a mesma taxa de câmbio do ano de 1939 até o ano de 1945, com a 
paridade de 70 por cento mais valorizadas em relação ao primeiro ano, ou seja, uma 
política de supervalorização da taxa de cambial. Esta medida foi importante para o 
aumento das grandes importações no período de 1946 a 1947 e para o declínio das 
exportações, exceto do café. 
22 
 
 Para o autor, o sistema de supervalorização da taxa de câmbio levou a um 
desequilíbrio da balança de pagamentos, pois ocorreu o desestimulo do fluxo de capital 
estrangeiro para o Brasil. Ocorreu a acumulação de créditos no curto prazo e de débitos nos 
anos de 1951 e 1952, tornando o sistema não viável. 
 Assim, no ano de 1953 a política de taxas de câmbio fixa e sobrevalorizada foi 
substituída pelo sistema de taxas de câmbio múltiplas, mas que mantinha muitas 
características das políticas anteriores. Esta política tinha como diferença das anteriores: a 
variação da taxa de câmbio á longo prazo para corrigir as taxas internas de inflação e o 
sistema de leilão para as concessões de licenças. O que ocorreu de fato para Fishlow 
(1972), foram os subsídios das importações vistas como essenciais ao crescimento da 
indústria e o imposto implícito sobre as exportações como forma de financiamento dos 
subsídios. Com a isenção dos impostos sobre os insumos intermediários e bens de capital 
após o ano de 1957, ocorreu à atração de capital estrangeiro e a concentração de crédito, 
dando origem à produção de automóveis e de outros bens duráveis de consumo. A 
participação dos bens de consumo decresceu cerca de um quarto, enquanto os bens de 
consumo duráveis quase dobraram. As indústrias que obtiveram o rápido crescimento 
foram as de plásticos, equipamento de transporte, material elétrico, produtos químicos e 
metalurgia. Observa-se a importância da isenção dos impostos para o processo de 
crescimento da indústria. 
 O descaso com a balança de pagamentos levou ao desequilíbrio externo. Como 
resultado, as exportações brasileiras foram uma das piores em relação aos países em 
desenvolvimento no período posterior da Segunda Guerra Mundial. Esse fato está 
relacionado com a falta de uma estratégia política para estimular a exportação de outros 
produtos além do café. Mesmo com a flexibilidade das taxas múltiplas de câmbio para 
aumentar a exportação de produtos não cafeeiros, o que sobreveio, foi à delimitação das 
quantidades em prol das barreiras protecionistas mais elevadas. 
 A estratégia de substituição de importações do período dos anos 1950 levou a uma 
redução da participação dos bens duráveis de consumo, na qual foi substituída pela 
produção interna. 
 Segundo o autor, a instrução 113 da Sumoc foi de extrema importância para o 
desenvolvimento da indústria, principalmente a automobilística, pois ocorreram grandes 
investimentos estrangeiros nas indústrias brasileiras. Os investimentos estrangeiros 
representam cerca de um terço do crescimento entre os anos de 1949 e 1962. Mas o autor 
reforça a dúvida relacionada à grande importância do investimento estrangeiro: 
23 
 
 “Sob a estratégia alternativa sugerida acima, o investimento estrangeiro 
teria sem dúvida um papel importante, mas a questão aberta se ele teria sido tão 
grande. Em setores básicos com a metalurgia, máquinas, e equipamento elétrico, 
que também experimentaram substituição de importações, a participação 
estrangeira era, em 1965, menor do que no setor de equipamentos de transporte”. 
(FISHOLW; 1972, p.53). 
 
 Na década de 1960 não aconteceu à estagnação do processo de substituição de 
importações, como diziam alguns autores da época. Para o autor, o que veio acontecer, foi 
uma diferenciação das taxas de crescimento da produção em relação à taxa de aumento da 
demanda interna, tendo como resultado, o declínio do coeficiente de importação. A 
expansão do mercado interno não foi capaz de manter a manutenção da aceleração da taxa 
de crescimento industrial, na qual tinha sido planejada para um mercado reservado de 
substituição de importações. 
 Fishlow (1972) destaca que o processo de industrialização no Brasil passou por fases 
cíclicas e não por uma fase de estagnação, como diziam alguns estudiosos da época. O 
processo de produção tende a crescer rapidamente no começo, às taxas superiores, podendo 
ser mantidas no longo prazo. A desaceleração da produção está relacionada também às 
despesas de capital inicial. Muitas indústrias operavam em capacidade ociosa na qual 
delimitava os planos de continuar o investimento, afetando outras indústrias. Outros 
problemas relacionados à desaceleração dos anos 1960 seria o agravamento da balança de 
pagamentos, como havia sido dito a cima e a redução dos investimentos estrangeiros entre 
os anos de 1959 e 1962. Os anos de 1949 e 1964, o processo de modernização dos 
equipamentos favorecidos pelo regime de processo de importação, permitiu um aumento 
da empregabilidade no setor industrial. 
 O autor frisa a ideia no final do texto de que o processo substituição de importação 
no período pós-guerra foi importante para o processo de industrialização no Brasil. Mas 
que ao depender exclusivamente de um mercado interno e ao descuidar da produtividade 
na agricultura, o processo de substituição de importação dos anos 1950 não conseguiu 
obter um avanço significativo do avanço tecnológico. 
Tanto o Celso Furtado (2007) como Fishlow (1972), dão a mesma importância à 
política de taxa de câmbio supervalorizada para o desenvolvimento da industrialização 
interna. Segundo Celso Furtado (2007), houve um aumento das importações devido ao 
restabelecimento do preço relativo do ano de 1929. Ocorreu uma redução relativa das 
importações de produtos de manufaturas de consumo, em prol da importação de bens de 
capital e de matérias-primas. Mas o setor industrial foi beneficiado com essa medida, pois 
possibilitou a diminuição da concorrência externa devido ao controle seletivo das 
24 
 
importações e a compra de equipamentos por um preço relativamente baixo. A política 
cambial de baixa dos preços permitiu a possibilidade de capitalização do aumento da 
produtividade pelo setor industrial. Como resultado, houve a elevação da taxa de 
capitalização e estabilização do consumo. O empresário industrial foi o mais beneficiado 
por esta política, pois este absorveu a maior parte da concentração do aumento da renda na 
economia. 
2 - Resultados: relação entre política cambial e o desenvolvimento da indústria 
 
Para Malan a década de 1940 foi importantepara o desenvolvimento industrial 
devido ao processo de substituição de importações de bens de consumo duráveis. Para 
Serra o Estado teve papel importante na condução da política de desenvolvimento 
industrial. A primeira metade do ano de 1950 foi decisiva para ampliação industrial, onde 
tivemos a criação da Instrução 70 da Sumoc, a Instrução 113 da Sumoc e o Plano de 
Metas. Segundo o autor Huddle, o regime de liberdade cambial do ano de 1947 foi falho, 
pois não beneficiou a acumulação de equipamento de capital, sendo beneficiada a 
importação de produtos não essenciais, como artigos de luxo. Para o autor Fishlow, a 
década de 1940 foi importante para o aumento das importações devido a taxa de câmbio 
sobrevalorizada que foi adotada do ano de 1939 até 1945. Celso Furtado concorda com 
Fishlow sobre a importância da política de taxa de câmbio supervalorizada, beneficiando o 
desenvolvimento da industrialização interna. 
Após ter apresentado o debate entre Malan, Serra, Huddle, Fishlow e Celso Furtado 
sobre a importância do processo de desenvolvimento industrial no período de 1947-1961, 
vamos dar início a análise dos resultados da produção industrial e rentabilidade industrial. 
 
2.1 - Política cambial e produção industrial 
 
 O período de 1947-1953 foi marcado por duas fases em relação a taxa de câmbio fixa 
ao ano de 1939 em 18,50/ US$, resultando na sobrevalorização da taxa de câmbio. A 
segunda medida foi o estabelecimento do sistema de controles cambiais de importações, 
como licença de importação. 
25 
 
 Já o período de 1953-1961 foi introduzido o regime de taxas de câmbio múltiplas, no 
qual fixou cinco taxas efetivas, sendo uma taxa oficial para exportação de café, cacau e 
algodão, três taxas para demais exportações e uma taxa especial de mercado livre para as 
transações financeiras. No decorrer deste período, foram implementadas a Lei de 1807, a 
Instrução 70 da Sumoc e a Instrução 113 da Sumoc, sendo todas de taxa de câmbio 
múltiplas, cada uma com suas particularidades. 
 Nosso interesse é identificar qual foi a política cambial mais importante para 
produção industrial nos dois períodos que vai de 1947-1953 (sobrevalorização cambial) e 
1953-1961 (taxa múltipla de câmbio). Para isso, os dados apresentados nesta seção e nas 
demais, foram retirados do site Revista Conjuntura Econômica editada pelo Instituto 
Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV). Fizemos a separação do 
estudo do desenvolvimento industrial e da política cambial em duas seções: produção e 
lucratividade. 
Para o processo de análise da produção dos períodos de 1947-1953 a 1953-1961 foi 
elaborada uma tabela com os valores da produção total de cada setor industrial, que vai de 
1944 a 1962 para produção industrial. Os valores da produção total de cada setor foram 
retirados da produção industrial de Dezembro de 1964, todos publicados na Revista 
Conjuntura Econômica, tendo como ano-base o ano de 1953. Os setores que fazem parte da 
produção industrial são: minérios, metalúrgica mecânica, material elétrico, material de 
transportes, madeira, mobiliário, papel e papelão, borracha, couros e peles, química, têxtil, 
calçados e vestuários, alimentos, bebidas, fumo, gráfica e diversos.. Como podemos 
observar na tabela abaixo, alguns anos não apresentam dados relacionados à sua produção, 
isto se deve a falta de informações registradas na época. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
Tabela 1: Produção industrial brasileira, por setores, 1947-1962 
Base Industrial: 1953 = 100 
 
Fonte: Revista Conjuntura Econômica – Dezembro de 1964, p.9 
 
Logo em seguida, foi utilizada a fórmula da taxa média anual de crescimento ([P = 
[(f/s)^(1/n)]– 1) x100]) para realização dos cálculos dos períodos de 1947-1953 e 1953-
1961, sendo possível a análise do crescimento anual das indústrias de acordo com as taxas de 
câmbio vigente. Utilizando o ano base de 1953, temos: f =100 (ano base), s =60(valor da 
produção de 1947) e n = 7 (quantidade de anos). Ao realizarmos esta operação, obtemos o 
valor de 7,57% que equivale à taxa média de crescimento anual do total geral de 1947-1953. 
Realizamos esta mesma operação para os anos de 1953 a 1955; de 1955 a 1957; de 1957 a 
1961. Agregamos também o período de 1953 a 1961 para comparação com o período de 
sobrevalorização cambial de 1947 a 1953. 
 
Tabela 2 - Taxa média anual de crescimento (%) da produção industrial brasileira, por setores, 1947-1962 
Período
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1947 60 59 50 40 59 54 81 37 78 64 63 53 52
1948 67 66 61 50 64 58 89 56 82 71 67 56 57
1949 74 73 66 60 74 66 91 61 88 80 75 65 56
1950 82 82 72 76 85 77 93 69 93 90 89 74 67
1951 88 87 75 84 90 84 99 92 90 93 106 87 82
1952 92 92 83 88 90 90 94 84 95 94 96 96 98
1953 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
1954 109 109 120 108 115 159 112 104 108 114 101 112 118 105 98 99 115 110
1955 120 121 142 109 110 156 249 95 114 117 99 262 124 106 117 105 126 115 100
1956 128 129 141 126 119 201 366 111 131 110 110 350 124 129 104 92 133 120 104
1957 136 136 144 117 313 530 124 115 114 357 109 126 99 141 132 95
1958 158 139 146 139 385 721 143 130 125 417 146 139 108 152 140 94
1959 178 172 170 160 477 800 151 154 124 429 152 153 113 160 144 111
1960 197 198 180 178 163 174 138 489 166 162 110 165 157 119
1961 219 220 194 193 177 171 148 538 177 170 128 190 166 116
1962 232 235 199 208 200
Produção Industrial
27 
 
 
Fonte: Elaboração própria a partir da tabela 1 
 
 Como podemos observar na tabela 2, o período da implantação das taxas múltiplas de 
câmbio que vai de 1953-1961 obteve um crescimento significativo maior para produção 
industrial ao se comparar com o período de 1947-1953. Em relação ao total geral, podemos 
ver um crescimento de 1,53% ao ano maior entre 1953-1961 em comparação a 1947-1953. 
Os setores mais beneficiados entre 1953 a 1961 foram às indústrias de mineral, química e a 
indústria de energia elétrica. O mesmo não se pode dizer para as indústrias de Minérios, 
Metalúrgica, Borracha, Bebidas, Fumo e Gráfica que tiveram um crescimento relativamente 
menor do que no período de 1947 a 1953. 
 Mas qual seria o motivo do crescimento significativo da produção industrial no 
período das taxas múltiplas de câmbio? De acordo com a historiografia econômica, um dos 
motivos para tal crescimento dos setores indústrias no período que abrange 1953-1961 
estaria relacionado à Instrução 70 e 113 da Sumoc e principalmente ao Plano de Metas de 
Juscelino Kubitschek, sendo adotada a taxa de câmbio múltipla (Pinho Neto, 1986, p.154). A 
Instrução 70 da Sumoc ao restabelecer o monopólio cambial ao Banco do Brasil e ao 
implantar o regime de leilões, tornou-se um instrumento de política econômica que 
diferenciava as importações de acordo com a sua essencialidade e necessidade de importação 
das indústrias brasileiras, resultando na aceleração das exportações e elevação da receita. A 
Instrução 113 da Sumoc permitiu dar uma continuidade ao processo de industrialização 
através da eliminação das barreiras existentes as importações sem a cobertura cambial, 
permitindo as indústrias renovarem os seus equipamentos, aumentando ainda mais a sua 
produção. Já o Plano de Metas, foi um dos mais completos e coerentes em relação ao 
conjuntode investimentos planejados que teve na história da economia brasileira. Contribuiu 
Período 
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1947-1953 7,6 7,82 10 14 7,8 9,2 3,1 15,3 3,61 6,6 6,8 9,5 9,8 5,66 5,9 1,8
1953-1955 6,3 6,56 12 2,9 3,2 16 36 -1,7 4,5 5,4 -0,3 37,8 7,43 5,4 1,6 8 4,8 8 1 8,9
1955-1957 4,3 3,97 0,5 2,4 26 29 2,8 -0,6 4,8 10,9 -4,2 2,5 -1,9 3,8 4,7 -1,7 4,84 5,5 8,6
1957-1961 10 10,1 6,1 11 7,4 8,3 5,4 8,54 10,2 6,2 5,3 6,1 4,7 4,1 14,5 4,7 7,3
1953-1961 9,1 9,15 7,6 7,6 6,5 6,1 4,5 20,6 6,54 6,1 2,8 7,4 5,8 10,2 4,8 10
1961-1962 2,9 3,35 1,3 3,8 8,1 0 2,3
28 
 
para o crescimento industrial de 1957-1961 ao investir na produção de insumos básicos 
industriais, bens de consumo duráveis como os automóveis e obras de infraestrutura. 
 Segundo Orenstein e Claudio (1989), o Plano de Metas contemplou as cinco 
principais áreas de energia, transporte, alimentação, indústrias de base e educação, sendo que 
houve um investimento de 71,3% em energia e transportes, justificando o aumento da 
indústria de energia em 9,95% da data base de 1953 e do ano de 1961. 
 A tabela abaixo mostra a previsão do Plano de Metas para o período de 1957-1961: 
 
Tabela 3- Brasil: Plano de Metas, previsão e resultados, 1957-1961 
 
Fonte: Orenstein e Sochaczewski, 1989, p.180 
 
 Podemos destacar o aumento da produção de energia elétrica, devido aos altos 
investimentos realizados pelo Plano de Metas, chegando quase próximo ao que foi previsto. 
 Em relação ao período de 1947-1953, com a política cambial de sobrevalorização e 
licença de importação, podemos observar um crescimento menor do que 1953-1961 na 
produção industrial. Mas qual seria o motivo do menor crescimento na produção industrial? 
A questão da conversibilidade das moedas afetou negativamente a produção industrial ao 
acumular atrasados comerciais em relação aos EUA, logo mais, fornecedores internacionais 
pararam de mandar remessas ao Brasil, diminuindo a produção brasileira devido à falta de 
matérias primas. Outro fator que agiu negativamente na produção das indústrias no período 
de 1947-1953, estaria ligado à volta da concorrência dos antigos fornecedores do mercado 
mundial após o término da Segunda Guerra Mundial (Vianna, 1987, p.110). Os 
equipamentos e máquinas se tornaram cada vez mais obsoletos em relação ao processo de 
produção, como eram importados antes do término da Segunda Guerra Mundial, já estavam 
com a tecnologia ultrapassada, não acompanhando o aumento da produção, dado que, os 
Previsão Realizado %
Energia Elétrica (100 KW) 2000 1650 82
Carvão (100 ton) 1000 230 23
Petróleo Produdação (100 barris/dia) 96 75 76
Petróleo Refino (100 barris/dia) 200 52 26
Ferrovias (100 barris/dia) 3 1 32
Rodovias-Construção (100 km) 13 17 138
Rodovias-Pavimentação (100 Km) 5 0 0
Aço (1000) 1100 650 60
Cimento (100 ton) 1400 870 62
Carros e caminhões (100 uni) 170 133 78
Nacionalização (carros) % 90 75 0
Nacionalização (caminhões) % 95 74 0
29 
 
outros países voltaram a produzir e com uma tecnologia mais avançada de produção. O fato 
do protecionismo das indústrias brasileiras na época do processo de substituição de 
importação, fez com que as indústrias se fechassem diante o mercado internacional, 
ocasionando queda de competitividade entre as próprias indústrias e a diminuição dos 
investimentos para o avanço tecnológico da produção. 
2.2 – Política cambial e rentabilidade industrial 
 
A segunda e última análise desta monografia trata-se da questão da rentabilidade das 
indústrias no período de 1947-1961 e a relação com a política cambial. 
 Dividimos a nossa análise nos períodos históricos de 1947-1953 e 1953-1961, sendo 
marcantes em relação a política cambial adotada, sobrevalorização cambial e taxa 
múltiplas de câmbio. O primeiro período de 1947-1953 se deu após o término da Segunda 
Guerra Mundial. Houve um estrangulamento externo brasileiro devido às restrições a 
capacidade de importação ocasionada por estes marcos históricos. O processo de 
substituição de importações foi imposto devido à redução da demanda internacional por 
nossas exportações e a retração do financiamento externo, tendo como a necessidade a 
efetivação das tarifas aduaneiras sobre as importações, o controle quantitativo (licenças de 
importação) e os investimentos substitutivos de importação. 
 O segundo período de 1953-1961 deu-se o início ao sistema de taxas múltiplas de 
câmbio, com a introdução da Lei 1807. No início dos anos 1950, a estrutura industrial 
brasileira apresentava uma produção muito limitada a bens de consumo com os setores 
têxtil, alimentar, vestuário, fumo, couro e peles, que resultaram em grande parte do 
processo de substituição de importações, iniciado na década 1930. A grande maioria das 
empresas era formada por capitais nacionais e gerenciadas pelo núcleo familiar 
proprietário. Havia uma escassez de recursos acumulados para manutenção de padrões 
técnicos elevados, sendo uma característica do modelo de industrialização brasileira a falta 
de recursos financeiros necessários para altos investimentos de capital para o processo de 
industrialização. Desta maneira, o governo que iniciava a partir de 1953 teria de encontrar 
soluções para o avanço no processo de industrialização, como a implantação das indústrias 
de bens de consumo duráveis. Para tentativa de resolução ao processo de avanço da 
industrialização brasileira, foram criadas a Lei de 1807, a Instrução 70 da Sumoc, Instrução 
113 da Sumoc e o Plano de Metas. 
30 
 
 Para iniciarmos a nossa análise do processo de rentabilidade dos períodos de 1947-
1953 a 1953-1961, foi elaborada uma tabela com os valores calculados a partir do índice de 
rentabilidade por setor industrial em porcentagem. Os resultados do índice de rentabilidade 
foram calculados a partir das demonstrações dos balanços patrimoniais publicados na 
Revista Conjuntura Econômica dos setores em análise, que estende da publicação de 
outubro de 1948 até fevereiro de 1965. A Revista Conjuntura Econômica publicou em 
fevereiro de 1948 os dados relativos ao ano de 1947 e a revista de fevereiro de 1963 
apresenta os dados do ano de 1961, concluindo o período da pesquisa desta monografia. Os 
setores que fazem parte da rentabilidade industrial são: gêneros alimentícios, mecânica e 
metalurgia, química e farmacêutica, papel, gráficas e jornais, vidros e cerâmicas, vestuário, 
eletrotécnica, mineração, construções, equipamentos, joalheria e bijuteria, fumo e fósforo e 
energia elétrica. Como podemos observar na tabela abaixo, alguns anos não apresentam 
dados relacionados à sua produção, isto se deve a falta de informações registradas na 
época. 
 
Tabela 4 - Índice de rentabilidade por setor industrial (lucro/capital em %), 1947-1961
Fonte: Revista Conjuntura Econômica: Abril de 1948; Outubro de 1948; Novembro de 1948; Dezembro de 1948; 
Junho de 1949; Julho de 1949; Agosto de 1949; Setembro de 1949; Junho de 1950 Julho de 1950; Agosto de 
1950; Setembro de 1950; Outubro de 1950; Julho de 1951; Agosto de 1951; Setembro de 1951; Outubro de 
1951; Junho de 1952; Julho de 1952; Agosto de 1952; Setembro de 1952; Outubro de 1952; Novembro de 1952; 
Maio de 1953; Julho de 1953; Agosto de 1953; Outubro de 1953; Dezembro de1953; Julho de 1954; Agosto de 
1954; Setembro de 1954; Outubro de 1954; Dezembro de 1954; Janeiro 1955; Agosto de 1955; Setembro de 
1955; Outubro de 1955; Novembro de 1955; Dezembro de 1955; Janeiro de 1956; Setembro de 1956, Outubro 
de 1956; Novembro de 1956; Dezembro de 1956; Janeiro de 1957; Agosto de 1957; Setembro de 195; 
Novembro de 1957, Dezembro de 1957; Janeiro de 1958; Fevereiro de 1958; março de 1958; Agosto de 1958; 
Outubro de 1958; Novembro de 1958; Janeiro de 1959; Fevereiro de 1959; Fevereiro de 1959; Maio de 1959; 
Setembro de 1959; Novembro de 1959; Fevereiro de 1960; Março de 1960; Abril de 1960; Abril de 1961; Maio 
de 1961; Junho de 1961; Julho de 1961; Agosto de 1961; Outubro de 1961; Fevereiro de 1962; Fevereiro de 
1963; Fevereiro de 1965. 
Setor 1947 1948 1949 1950 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958 1959 1960 1961 1947-1953 1953-1961
Têxtil 23,6 24,0 18,1 25,2 26,2 14,7 18,5 23,0 21,1 14,7 6,3 15,1 6,9 14,3 16,5 23,6 15,1
Generos Alimentícios 21,8 16,6 25,6 25,4 23,1 22,4 28,7 29,5 28,0 20,5 21,7 21,6 13,6 16,1 14,8 23,1 21,6
Mecânica e Metalúrgia 10,1 10,4 22,3 20,5 28,1 17,5 29,3 33,4 25,9 22,0 15,1 37,7 18,0 19,9 21,0 20,5 22,0
Química e Farmaceutica 21,6 21,3 23,0 30,3 33,5 15,9 28,6 36,3 23,5 16,5 17,1 19,3 8,9 14,5 14,6 23,0 17,1
Papel 19,8 9,1 13,5 35,2 47,8 4,7 30,4 42,6 20,9 13,9 8,2 19,1 17,8 18,0 13,6 19,8 18,0
Gráficas e Jornais 19,2 15,6 13,6 28,3 37,4 18,1 22,8 16,7 20,5 11,4 15,9 19,3 9,8 10,8 13,4 19,2 15,9
Vidros e Cerâmica 22,4 24,1 29,7 30,8 42,9 13,8 23,2 17,7 16,6 19,8 16,5 18,9 11,5 12,6 16,8 24,1 16,8
Vestuário 27,8 30,0 25,0 30,6 29,1 31,6 25,9 34,7 25,7 24,7 21,1 25,9 11,5 15,2 22,0 29,1 24,7
Eletrotécnica 23,8 9,6 15,1 23,0 37,9 18,9 24,2 30,1 35,4 26,6 19,0 22,1 13,3 18,0 19,6 23,0 22,1
Mineração 5,0 2,3 3,5 3,7 5,0 8,3 14,2 18,6 39,5 7,1 4,7 23,8 31,4 25,7 5,0 21,2
Construçoes 21,0 24,7 28,0 43,1 19,0 28,2 26,3 10,1 11,9 9,8 12,6 14,4 16,2 11,0 26,4 12,6
Equipamentos 58,8 45,8 64,5 30,1 50,2 6,0 27,0 19,4 11,5 14,9 16,9 50,2 16,9
Joalheria e Bijuteria 29,7 28,0 31,3 34,0 30,4 25,9 17,5 9,4 21,2 30,2 30,5 25,9
Fumo e Fósforo 36,5 17,6 23,2 28,0 25,7 19,8 24,6 17,2 22,5 22,4 35,6 32,6 16,3 21,2 29,5 24,6 22,5
Indústria em Geral 24,0 16,4 21,8 28,8 31,3 18,1 27,3 25,9 24,4 18,3 16,0 22,2 13,3 17,4 19,0 24,0 19,0
Energia Elétrica 13,6 9,8 18,1 18,8 18,1 11,6 8,3 8,6 15,5 9,1 6,6 3,2 3,7 2,0 15,8 8,3
MédiaIndice de rentatabilidade por setor industrial (Lucro/Capital em %)
31 
 
Nota: De 1947 a 1950 são dados de São Paulo e Distrito Federal (Rio de Janeiro). De 1951 a 1961 são dados 
para todo o país. 
 
Logo em seguida, foi utilizada a fórmula do índice de rentabilidade por setor 
industrial x= (Lucro/Capital). Os dados publicados em outubro de 1948 pela Revista 
Conjuntura Econômica são relativos ao ano de 1947, estendendo-se a publicação de 
fevereiro de 1953, referentes aos dados do ano de 1951. As publicações dos balanços 
patrimoniais deste período em análise traziam os valores do lucro e do capital dos setores 
industriais já citados, justificando a fórmula utilizada para o calculo da rentabilidade de 
cada setor, sendo todos os resultados em porcentagem. Posteriormente, utilizou a fórmula 
de rentabilidade por setor industrial x= Lucro/Capital Realizado. A publicação de maio de 
1953 da Revista Conjuntura Econômica são referentes aos dados do ano de 1952, 
estendendo-se a publicação de abril de 1961, referentes aos dados dos anos de 1958 e 
1959. Fez o uso do capital realizado ao invés do capital, dado que as demonstrações 
contábeis publicadas neste período passaram a utilizar o valor do capital realizado nas 
demonstrações contábeis. A partir da publicação de maio de 1961 pela Revista Conjuntura 
Econômica, foi utilizada a fórmula de rentabilidade por setor industrial x= (Lucro Total/ 
Inversões Próprias Brutas) relacionados aos dados dos anos de 1960 e 1961. Este período 
em análise ocorre à utilização das inversões próprias brutas ao invés do capital realizado 
utilizado anteriormente. 
 As demonstrações contábeis publicadas em outubro de 1948 até a publicação de 
julho do ano de 1951, sendo os dados referentes aos anos de 1947, 1948, 1949 e 1950, 
utilizaram como referência os setores das cidades de São e Distrito Federal (Rio de 
Janeiro). A partir da publicação de julho do ano de 1952, referentes aos dados dos anos de 
1951 até 1961 foram utilizada a base de dados referentes aos setores espalhados pelos 
estados brasileiros. Para o calculo da média anual dos setores em análise exposta na tabela 
4, referentes aos períodos de 1947-1953 e 1953-1961, foi utilizada a fórmula da taxa média 
anual ([P = [(f/s)^(1/n)]– 1) x100]). 
Como pode ser observado na tabela acima, houve um decréscimo na média de 
rentabilidade por setor industrial em quase todas as indústrias do período de 1947-1953 
para 1953-1961. Os setores têxteis, gêneros alimentícios, química e farmacêutica, papel, 
gráfica e jornais, vidros e cerâmicas, vestuário, construções, equipamentos, joalheria e 
bijuteria, fumo e fósforos tiveram um crescimento da lucratividade relativamente maior no 
período de sobrevalorização cambial com licenças de importação de 1947-1953 ao 
comparado com o período de taxas múltiplas de 1953-1961. Já os setores de mecânica e 
32 
 
metalurgia e mineração, tiveram um crescimento relativamente maior no período de 1953-
1961 com as taxas múltiplas de câmbio ao ser confrontado com o período de 
sobrevalorização cambial com licenças de importação de 1947-1953. Para entender o 
crescimento e a diminuição em alguns setores industriais acima, precisamos responder a 
seguinte pergunta. Com as mudanças na taxa de sobrevalorização cambial com licença de 
importação para taxa de câmbio múltipla, há uma mudança na rentabilidade no setor 
industrial? Podemos responder que houve sim uma mudança na rentabilidade para a 
indústria em geral. Após o calculo do índice de rentabilidade por setor industrial, podemos 
observar que a indústria em geral teve um crescimento da rentabilidade relativamente 
maior no período de sobrevalorização da taxa de câmbio com licença de importação em 
relação ao período de taxas múltiplas de câmbio. No período de 1947-1953, o índice médio 
de rentabilidade foi de 24% enquanto em 1953-1961 a rentabilidade foi de 19,9%, sendo 
uma diferença de 5% da rentabilidade da política com licença de importação para a política 
de taxas múltiplas de câmbio. O mesmo não ocorreu para o processo de análise da 
produção industrial de 1947-1953 a 1953-1961. Para a produção industrial, o período de 
taxas múltiplas de câmbio (1953-1961) teve um crescimento relativamente maior ao ser 
comparado com o período de sobrevalorização com licença de importação (1947-1951). 
Conforme visto anteriormente, qual a explicação da rentabilidade relativamente menor no 
período de taxas de câmbio múltiplas? Podemos responder a esta pergunta, utilizando a 
historiografia econômica utilizada nesta monografia. No segundo mandato do presidente 
Getúlio Vargas de 1951-1954, foi elaborada no ano de 1953 a Lei 1807 que tinha como 
intuito a taxas múltiplas de câmbio, sendo algumas flutuantes. No ano seguinte, de 1954, o 
governo de Getúlio Vargas decretou no dia 1º de Maio o aumento de 100% do salário 
mínimo dos trabalhadores após oito anos de inflação constante sem a correção do piso 
salarial. Essa medida buscou recuperar o poder de compra da classe trabalhadora e a sua 
popularidade nas camadas mais populares. O aumento do salário dos trabalhadores poderia 
ser uma das justificativas para a diminuição na rentabilidade da indústria em geral, mesmo 
com o aumento da produção no período das taxas múltiplas de câmbio, ocasionou um 
aumento dos custos, resultando na diminuição da lucratividade (VIANNA 1987). 
A terceira pergunta a ser feita é como a mudança na taxa de cambio afetou a 
rentabilidade dos setores industriais? Com a mudança da políticacambial de 
sobrevalorização com licença de importação para taxas múltiplas de câmbio houve uma 
queda no lucro dos setores industriais, podendo ser observado nos resultados da tabela do 
índice de rentabilidade por setor industrial. Esta mudança na taxa de câmbio afetou 
33 
 
negativamente para maioria dos setores em análise, exceto para mecânica, metalurgia e 
mineração. A maneira como afetou os setores foi que no período de taxa de câmbio 
sobrevalorizado com licença de importação havia a medida discriminatória de importação 
de bens de consumo não essenciais e com similares aos nacionais de acordo com as 
prioridades do Governo, o que resultou na implantação interna de indústrias substitutivas 
desses bens de consumo, sobretudo os duráveis que ainda não eram produzidos no Brasil. 
A sobrevalorização do câmbio e controle de importações resultou em três efeitos em 
relação à política cambial. O primeiro seria o efeito subsídio, com a associação dos preços 
relativos artificialmente mais baratos de bens de capital, matérias primas e combustíveis 
importados. O segundo efeito seria o protecionista, através das restrições a importação de 
bens competitivos. E por último, o efeito lucratividade, que foi resultante da taxa de 
câmbio sobrevalorizada que alterou a estrutura das rentabilidades relativas, estimulando a 
produção para o mercado doméstico ao comparado com a produção para exportação 
(VIANNA, 1987, p. 115). A partir de 1953, com as taxa múltiplas de câmbio, a proteção 
dos produtos importados ficou de acordo com o enquadramento na categoria do câmbio, ou 
seja, se fosse um produto importante no qual o país não produzisse, o câmbio era mais 
favorável e via compra de certificados de câmbio, determinado pelo mercado. 
Podemos concluir que alguns fatores como o aumento salarial no governo de Getúlio 
Vargas e os efeitos subsídios, protecionistas e lucratividade que havia no período de taxa 
de sobrevalorização cambial com licença de importação de 1947-1953 e que deixaram de 
existir no período de taxa múltiplas de câmbio de 1953-1961, pois a proteção dos produtos 
importados ficaram a cargo do enquadramento da essencialidade da categoria do câmbio, 
podem ter agido negativamente para a queda da rentabilidade dos setores industriais em 
análise no período de taxas múltiplas de câmbio. 
 
 
Considerações Finais 
Após ter recolhido os dados da produção industrial e da rentabilidade seguidamente 
ter realizado uma análise minuciosa sobre estes, podemos descrever sobre a questão central 
que norteou a pesquisa da importância da taxa de câmbio para o processo de 
industrialização no período de 1947 a 1961. Dividimos a nossa pesquisa em dois períodos, 
de 1947-1953 e 1953-1961. Foi realizada essa divisão, pois tivemos duas políticas 
cambiais importantes para o processo de produção e rentabilidade das indústrias, que são a 
34 
 
política de sobrevalorização cambial com licença de importação e a política de taxas 
múltiplas de câmbio. 
Para mensurar o impacto da implantação das políticas de sobrevalorização cambial 
com licença de importação e a política de taxas múltiplas de câmbio, foi gerado um quadro 
relacionado a taxa média anual de crescimento da produção industrial e um quadro do 
índice de rentabilidade por setor industrial (lucro/capital em %). Notou-se um crescimento 
da produção industrial relativamente maior no período de taxas múltiplas de câmbio (1953-
1961) ao comparado com o período de sobrevalorização com licença de importação (1947-
1953). Um dos fatores que estaria relacionado ao crescimento da produção seria a 
Instrução 113 da Sumoc, que permitiu dar continuidade ao processo de industrialização e o 
Plano de Metas que realizou investimentos na produção de insumos básicos industriais. 
Para análise da lucratividade, observamos que a indústria em geral teve um crescimento 
relativamente menor no período de taxas múltiplas de câmbio ao ser comparado com o 
período de sobrevalorização com licença de importação. Este crescimento relativamente 
menor no período de taxas múltiplas de câmbio na análise da lucratividade pode estar 
relacionado com o decreto de 1º de Maio no segundo mandato do Governo Vargas e a 
política salarial de J.K. 
 O período de análise de 1947-1961 na Revista Conjuntura Econômica relacionada à 
produção industrial e a rentabilidade, demonstrou que a política cambial sempre esteve em 
sua maioria subordinada aos frequentes estrangulamentos cambiais, de modo que houve a 
necessidade de equilibrar as contas externas para prover o fornecimento de divisas para 
importação de bens de produção necessários para o desenvolvimento industrial no período 
de 1941-1961. Sendo assim, houve a necessidade de intervenção do governo brasileiro em 
adotar medidas alternativas de controle cambial, sendo algumas austeras outras flexíveis, 
justificando as mudanças no desenvolvimento industrial no período mencionado. 
 Esta pesquisa poderá ser aprimorada com a ampliação de variáveis 
macroeconômicas, tais como taxa de juros, balança comercial e mercados internacionais de 
modo a dar mais segurança aos resultados encontrado. 
 
 
 
 
 
35 
 
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