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TENTATIVA EM CRIMES COM DOLO EVENTUAL (DOUTRINA)
	
Quando se estuda a disciplina de Direito Penal (parte geral) é possível visualizar o que 
seria um crime doloso e um crime culposo, que tanto se fala no mundo cheio de violência que 
vivemos, por isso não é só uma espécie de dolo que existe, por isso tem-se a divisão com as espécies de dolo que são: dolo direto e dolo indireto. Sendo que dentro do dolo indireto temos mais uma divisão, que é dolo alternativo e dolo eventual, que é o dolo que será estudado no presente trabalho. Dolo eventual: o agente não quer o resultado, mas assume o risco de produzir determinado resultado típico. Nele, não há vontade do agente em produzir o resultado danoso, mas somente a aceitação de que determinado resultado venha a ocorrer.
	Alguns doutrinadores defendem a possibilidade de tentativa no dolo eventual, aqui está os nomes e suas justificativas para aceitar a possibilidade: Eugênio Raúl Zaffaroni, o qual afirma que a tentativa requer sempre o dolo, que pode tanto ser o direto, quando o agente requer diretamente o resultado, ou eventual, quando assume o risco de produzir o resultado, tendo em vista que nosso ordenamento jurídico equiparou o dolo direto ao dolo eventual, não fazendo qualquer distinção em face de sua aplicação, No mesmo pensamento temos, Flávio Augusto Monteiro de Barros, que admite também a tentativa constituída de dolo eventual, quando o agente realiza a conduta assumindo o risco da consumação do crime, que não ocorre por circunstâncias alheias à sua vontade. Também defendem a compatibilidade dos dois institutos, utilizando a mesma linha de pensamento, os renomados doutrinadores Damásio de Jesus, Cézar Roberto Bitencourt e Francisco Muñoz Conde. Para esta teoria, também é dolo a vontade que, embora não dirigida diretamente ao resultado previsto como provável ou possível, consente na sua ocorrência ou, o que dá no mesmo, assume o risco de produzi-lo. A representação é necessária, mas não suficiente à existência do dolo, e consentir na ocorrência do resultado é forma de querê-lo.
Todos esses doutrinadores que defendem a compatibilidade entre os dois institutos filiam-se à teoria do consentimento, pois acreditam que tolerar o resultado, consentir em sua provocação, assumir o risco de produzi-lo, são todas formas diversas de expressar a vontade de realizar o resultado.
 OPOSIÇÃO
	Depois de ter visto a corrente doutrinária que aceita firmemente que a tentativa é possível nos crimes com dolo eventual, veremos agora a corrente oposta, que não aceita essa possibilidade.
Segundo Júlio Fabbrini Mirabete: Há hipóteses evidentes de impossibilidade da tentativa com dolo eventual nos crimes de homicídio e de lesões, pois quem põe em perigo a integridade corporal de alguém voluntariamente, sem desejar causar a lesão, pratica fato típico especial (art. 132); quem põe em risco a vida de alguém, causando-lhe lesão e não querendo sua morte, pratica o crime de lesão corporal de natureza grave (art. 129, §1º, II). Deve-se entender que, diante do texto legal, se punirá pelo crime menos grave quando o agente assume o risco de um resultado de lesão ou morte, respectivamente, que ao final não vem a ocorrer. 
Dentro dos doutrinadores que não aceitam está um dos melhores, pelo menos para mim, Rogério Greco, que também é professor, pelo menos para mim, porque o livro que eu adoto é o dele, e várias vídeo-aulas dele eu assisto com o maior prazer.
	Para ele a própria definição legal do conceito de tentativa nos impede de reconhecê-la nos casos em que o agente atua com dolo eventual. Quando o Código Penal, em seu art. 14, II, diz ser o crime tentado quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente, nos está a induzir, mediante a palavra vontade, que a tentativa somente será admissível quando a conduta do agente for finalística e diretamente dirigida à produção de um resultado, e não nas hipóteses em que somente assuma o risco de produzi-lo, nos termos propostos pela teoria do assentimento.
ENTENDIMENTOS JURISPRUDENCIAIS
	A favor da tentativa nos crimes com dolo eventual, a seguinte ementa foi proferida pelo Superior Tribunal de Justiça:
PENAL. PROCESSUAL. INÉPCIA DA DENÚNCIA. AUSÊNCIA DE SUPORTE PROBATÓRIO PARA A AÇÃO PENAL. CRIME COMETIDO COM DOLO EVENTUAL. POSSIBILIDADE DA FORMA TENTADA. “HABEAS CORPUS”. RECURSO. 1 NÃO HÁ QUE SE DIZER INEPTA A DENÚNCIA QUE PREENCHE TODOS OS REQUISITOS IMPOSTOS PELO CPP, ART. 41. 2.  A AUSÊNCIA DE SUPORTE PROBATÓRIO PARA A ALÇAO PENAL NÃO PODE SER VERIFICADA NA ESTREITA VIA DO ‘HABEAS CORPUS’; SÓ APÓS O REGULAR CURSO DA INSTRUÇÃO CRIMINAL PODE PODERÁ SE CHEGAR A CONCLUSÃO SOBRE SUA EFETIVA PARTICIPAÇÃO. 3. ADMISSÍVEL A FORMA TENTADA DO CRIME COMETIDO COM DOLO EVENTUAL, JÁ QUE PLENAMENTE EQUIPARADO AO DOLO DIRETO; INEGAVEL QUE ARRISCAR-SE CONSCIENTEMTE A PRODUZIR UM EVENTO EQUIVALE TANTO QUANTO QUERE-LO. 4. RECURSO CONHECIDO MAS NÃO PROVIDO. (RHC 6.797/RJ)
Nesse mesmo sentido o Supremo Tribunal Federal também se manifestou sobre o tema apresentado, reconhecendo a compatibilidade entre o dolo eventual e a tentativa. (RHC 67342. Relator: Min. Sydney Sanches. Órgão julgador: 1ª turma DJ 31.03.1989).
	Contra a tentativa nos crimes com dolo eventual. Temos aqui duas manifestações do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. DELITOS COMETIDOS NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. HOMICÍDIO TENTADO COM DOLO EVENTUAL E EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. DESCLASSIFICAÇÃO DO DELITO CONTRA A VIDA PARA OUTRO DE COMPETÊNCIA DO JUIZ SINGULAR. IMPOSSIBILIDADE LÓGICA DE ADMITIR-SE A TENTATIVA NO DOLO EVENTUAL. PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS. MANUTENÇÃO DA DECISÃO DE 1º GRAU. Recurso improvido. (Recurso em Sentido Estrito Nº 70034503961, Primeira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Manuel José Martinez Lucas, Julgado em 31/03/2010).
PRONÚNCIA. TENTATIVA DE HOMICÍDIO. DELITO DE CIRCULAÇÃO NO TRÂNSITO. DOLO EVENTUAL. PROVA. A submissão de quem se envolve em delito de circulação de veículos no trânsito ao julgamento popular, através de imputação de dolo eventual, exige a presença de circunstâncias excepcionais, bem determinadas, visto que a regra, em casos do gênero, é a culpa. Circunstâncias não presentes na espécie. Dificuldade, outrossim, de conciliar conceitos de crime tentado, cujo resultado só não se obtém por circunstâncias alheias à vontade do agente, com o dolo eventual, onde não há essa vontade de obtenção do resultado lesivo. Recurso provido para a desclassificação da infração. (Recurso em Sentido Estrito Nº 70001042415, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Antônio HirtPreiss, Julgado em 31/08/2000).
 OPINIÃO
	Como foi demonstrado durante o trabalho, há uma divergência de entendimentos entre a doutrina e à jurisprudência por causa dessa diversidade de linhas de pensamentos sigo
a segunda corrente, que não admite a tentativa nos crimes com dolo eventual, formando minha opinião através de Mirabete, que explicando a conceituação de dolo, fala que para existir o dolo é necessário a consciência do agente e a vontade do próprio agente de realizar uma determinada conduta descrita em um tipo penal, sendo assim quando o agente assume o risco de seus atos não está querendo diretamente causar dano a um bem juridicamente protegido, podendo vir a ocorrer ou não a possibilidade de afetar esse bem jurídico relevante.
	
REFERÊNCIAS
BARROS, Flávio Augusto Monteiro de. Direito Penal – Parte Geral. Volume 1. São Paulo: Saraiva, p. 205.
CONDE, Francisco Muñoz; BITTENCOURT, Cezar Roberto. Teoria Geral do Delito. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 157.
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito Penal – Parte Geral. 11. ed. São Paulo: Atlas, 1996, p. 154.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – Parte Geral. 12. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2010, p. 253/254.

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