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Roteiro 14 - Teoria Geral do Delito - Tipo Subjetivo

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Prévia do material em texto

NOME DO ALUNO
	CAMILA FRAGOZO E 
RADHARANI BERTAZZO DA SILVA
	DATA
	ESTUDO DIRIGIDO
	DIREITO PENAL 1
	TEORIA GERAL DO DELITO:
TIPICIDADE SUBJETIVA
	DIRETRIZES PARA CONFECÇÃO E FORMATAÇÃO DO TRABALHO:
1. Preencha os tópicos abaixo, (a) utilizando ao menos TRÊS autores diferentes; (b) fazendo as devidas citações dos autores utilizados, em notas de rodapé, a cada ponto; (c) escrevendo, por fim, um parágrafo, com suas próprias palavras sobre cada tópico; e, (d) referindo exemplos esclarecedores (se tirados dos autores, deve haver a competente nota de rodapé.
2. Ao final, CRIE UMA questão objetiva, que abranja todo o conteúdo do presente estudo, e UMA questão objetiva sobre cada conteúdo específico, destacando-as com a resposta correta. O critério para avaliação deste item será a ORIGINALIDADE (e o não envolvimento do nome do Professor.).
3. Coloque os nomes da dupla, mantendo o destaque em amarelo, e obedecendo a ordem alfabética. Ambos devem postar o seu trabalho. Não serão aceitos trabalhos em trincas ou grupos. As mesmas regras valem para os trabalhos individuais.
4. Ao final, cole ao menos uma jurisprudência sobre cada o tema tratado, explicando, na sequência os motivos que o levaram a escolher o julgado e sua relação com a matéria em estudo. Atentem à formatação exigida para a colagem da jurisprudência.
5. O trabalho deverá ser entregue em formato PDF, com o corpo do texto em fonte Calibri, tamanho 12, em parágrafos com o alinhamento justificado, 6 pontos “antes” e 0 pontos “depois”, e recuo de 1,25cm na primeira linha. As notas de rodapé em fonte Calibri, tamanho 9, em parágrafos com o alinhamento justificado, 6 pontos “antes” e 0 pontos “depois”, e Hanging de 0,5cm. O documento deverá ter margem direita em 1,5cm e as demais em 2,0cm. O nome do arquivo deverá ser: NOME.SOBRENOME – Roteiro 14.pdf
6. Além disto, o documento deve conter as referências completas dos autores utilizados, nos moldes descritos no item Bibliografia. Atenção: Segue um modelo de como fazer a correta referência bibliográfica. As informações entre colchetes “[]” não devem constar da versão final, por óbvio. DE TAL, Fulano. Nome do livro. [número da edição] 2.ed. Vol. X [se houver] Cidade: Editora, ano. XXp. [número total de páginas]. DE TAL, Fulano. Nome do artigo. In: TRANO, BEL. (Org.) Nome do livro em que está o artigo consultado. 2.ed. [número da edição] Cidade: Editora, ano. XXp. [número total de páginas]. DE TAL, Fulano. Nome do artigo. Nome da Revista. Cidade da Publicação, ano [de vida da revista] XX, n. XX, p. XX-XX [página inicial-página final], mês.-mês., [jan.-fev.,] ano de publicação. DE TAL, Fulano. Nome do artigo. Nome do Sítio Virtual. Disponível em <http://www.copie o endereço url>, acesso em XX-XX-XXX [data o acesso]. Por fim, nas notas de rodapé, por fim, deve haver a indicação da página que consta o texto referido; nas referências bibliográficas, o total de páginas do livro.
7. A única citação direta permitida é a da(s) ementa(s) dos acórdãos, que devem ter a seguinte formatação: a fonte deve ser Calibri, tamanho 10, o parágrafo justificado com recuo à direita de 3,5cm, e 18 pontos “antes” e “depois”. (Coloque na sequência da ementa e entre parênteses, os dados fundamentais, como no modelo que segue: [Nome do Tribunal destacado em negrito] TJRS. [Nome do Recurso] HCnº 123234. [Indicação do Desembargador Relator] Rel. Des. Fulano de Tal. [Indicação do órgão julgador] Primeira Câmara Criminal. [Data do julgamento] Julgado em XX-XX-XXXX. [Indicação da veiculação da publicação do acórdão] DJ de XX-XX-XXXX, p. XXX. Disponível em (endereço simplificado – www. tjrs.gov.br). Acesso em XX-XX-XXXX).
8. Não esqueçam que CADA PONTO DEVE SER SUCEDIDO POR UMA NOTA DE NOTA DE RODAPÉ COM A REFERÊNCIA COMPLETA DA OBRA UTILIZADA E A PÁGINA CORRESPONDENTE À IDEIA TRABALHADA, NAS DEVIDAS NORMAS DA ABNT (sugeridas para a bibliografia nos moldes do item 6).
9. Bom trabalho!!
TIPO DOLOSO
Conforme as palavras de Damásio de Jesus : “O dolo, de acordo com a teoria finalista da ação, que passamos a adotar, é elemento subjetivo do tipo. Integra a conduta, pelo que a ação e a omissão não constituem simples formas naturalísticas de comportamento, mas ações ou omissões dolosas.”[footnoteRef:1] [1: JESUS, Damásio de. Direito Penal: Parte Geral. 32ª. Ed. vol. 1. São Paulo: Saraiva. 2011. P. 327.] 
Conforme as palavras de Victor Eduardo Rios Gonçalves: “Dolo. Todos os crimes contra a fé pública são dolosos. Não existe qualquer modalidade culposa. Além disso, há alguns crimes de falso que exigem um elemento subjetivo específico, como, por exemplo, a falsidade ideológica (art. 299), em que o agente deve ter cometido a falsificação com a “finalidade de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante etc.”[footnoteRef:2] [2: Gonçalves, Victor Eduardo Rios. Direito penal Esquematizado: parte especial. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2012. P 295] 
Conforme as palavras de Francisco de Assis Toledo: “Como o tipo legal é doloso, isto é, contém o dolo, a ação praticada culposamente não se subsunie, não confere com a do tipo legal de crime. Ora, se o dolo do delito em exame não estivesse no tipo, teríamos que concluir que, para o tipo de delito de auto-aborto, é indiferente que a mulher grávida pratique o fato dolosa ou culposamente. Com isso estaríamos criando um delito culposo de auto-aborto, sem previsão legal. [...] O dolo decide, pois, sobre a existência ou não de um tipo doloso de delito. E assim é porque é ele um elemento necessário do tipo doloso de crime.”[footnoteRef:3] [3: TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Básicos de Direito Penal. 5ª ed. Vol.1. São Paulo: Saraiva, 1994. P 331.] 
Deste modo compreendemos que, o dolo é a vontade livre e plena consciência do agente de praticar o tipo penal, ou, ainda, quem prevê um resultado e assume o risco de produzi-lo. A consciência é a parte intelectual do dolo, ou seja, o indivíduo quer fazer o que o tipo penal descreve e tem plena consciência do que está fazendo. Um exemplo muito utilizado pelos autores é o do homem que está caçando na floresta à noite, avista um animal e atira nele, vindo a descobrir que na verdade alvejou um colega. Não há dolo na conduta deste indivíduo, haja vista que o homem não tinha consciência de que tinha atirado contra um ser humano. Neste caso ele incorreu no “erro de tipo”. Sem adentrar no mérito, vale dizer que o erro de tipo sempre afasta o dolo, mas não necessariamente a culpa. A vontade é o elemento volitivo do dolo, é o que motiva a atividade de alguém para que este pratique um crime. Se faz mister o questionamento com relação ao conteúdo da vontade do autor ao praticar a ação, qual fim ele almejava. 
Ex: Se A mata B, não se pode dizer que A cometeu o crime descrito no art. 121 do Código Penal, apesar de ter praticado o verbo “matar” devemos analisar se o fim almejado por A era o de retirar a vida de B, se a resposta for , por exemplo, lesionar, o crime já não é homicídio, mas sim lesão corporal seguida de morte (art. 129, §3º, do Código Penal). Com base nos ensinamentos do professor Enio Luiz Rossetto , este momento volitivo é a “decisão no sentido de realizar o tipo" penal do sujeito. Como bem sintetiza o professor Damásio de Jesus , os elementos do dolo são: a. Consciência da conduta e do resultado. Consciência da relação causal objetiva entre a conduta e o resultado. Vontade de realizar a conduta e produzir o resultado
Jurisprudência: APELAÇÃO CRIME. RECEPTAÇÃO DOLOSA. PORTE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO. ELEMENTO SUBJETIVO EVIDENCIADO. CONSUNÇÃO ENTRE A RECEPTAÇÃO E O PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. NÃO RECONHECIMENTO. Comete o delito de receptação própria quem adquire, recebe ou oculta coisa que sabe ser produto de crime (art. 180, do CP). Caso em que foram encontradas na residência do réus diversas armas de fogo, dentre elas um rifle objeto de furto. O acusado alegou tê-lo encontrado encostado em uma árvore, quando participava de uma pescaria, sem ter diligenciado, posteriormente, quanto à origem do bem.O elemento subjetivo exigido pelo tipo penal – saber da procedência ilícita da res – é extraído das circunstâncias que circundam os fatos. Autoria delitiva evidenciada. Os delitos de receptação e porte ilegal de arma de fogo são autônomos, com objetos jurídicos diversos (patrimônio e segurança pública) e possuem momentos consumativos distintos, não havendo falar em consunção. Na espécie, a arma furtada foi encontrada no imóvel do réu, sem que este fizesse prova da regularidade da sua aquisição, o mesmo acontecendo em relação às demais espécies apreendidas. Descabe a isenção da multa por ausência de respaldo legal. Não há reparo a ser feito na sentença, porquanto a pena de multa foi fixada no mínimo legal. RECURSO DESPROVIDO.(Apelação Criminal, Nº 70082634676, Sexta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Túlio de Oliveira Martins, Julgado em: 04-06-2020)
Observa-se que o TJRS, julgou este caso levando em consideração que o tipo penal praticado pelo agente foi constatado como ato doloso. 
Questão. Assinale a assertiva incorreta acerca do dolo: 
a) O dolo alternativo é espécie de dolo indireto e apresenta-se quando o aspecto volitivo do agente se encontra direcionado, de maneira alternativa, seja em relação ao resultado, seja em relação à pessoa contra a qual é cometido o crime.
b) O nominado dolo de consequências necessárias é uma espécie de dolo indireto ou mediato.
(CERTA)
c) O erro sucessivo caracteriza hipótese em que o agente atua com dolo geral, isto é, o agente, supondo já ter alcançado o resultado por ele visado, pratica nova ação que efetivamente dá causa ao resultado por ele pretendido.
d) Para a teoria extremada do dolo, a real consciência da ilicitude é elemento do dolo, enquanto para a teoria limitada do dolo, este é integrado pela potencial consciência da ilicitude. 
Conceito
Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “Como lembra Mir Puig18, todo tipo doloso requer certos requisitos mínimos na conduta externa, que devem ser estudados na teoria geral do tipo doloso — e que geralmente são comuns a todo tipo objetivo, inclusive aos crimes culposos. Porém , a imputação do tipo objetivo somente é um problema da parte geral quando o tipo requer um resultado no mundo exterior separado, no tempo e no espaço, da ação do autor. Nos crimes de mera atividade, como o de falso testemunho, de ameaça, de injúria, a imputação do tipo objetivo se esgota na subsunção dos elementos do tipo respectivo, que deve ser tratado na Parte Especial.”[footnoteRef:4] [4: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal : Parte geral, Vol 1 - São Paulo : Saraiva, 2012. P 124. ] 
Conforme as palavras de Damásio de Jesus: “Dolo é a vontade de concretizar as características objetivas do tipo. Constitui elemento subjetivo do tipo (implícito). [...]Para a doutrina tradicional, o dolo é normativo, i. e., contém a consciê ncia da antijuridicidade. Para nós, entretanto, que adotamos a teoria finalista da ação, o dolo é natural: corresponde à simples vontade de concretizar os elementos objetivos do tipo, não portando a consciência da ilicitude. Assim, o dolo pode ser considerado: a) normativo (teoria clássica); b) natural (teoria finalista da ação). O dolo, na verdade, não contém a consciência da antijuridicidade, tese perfeitamente adaptável ao nosso CP. Pelo que dispõe o art. 21, se o sujeito atua sem a consciência da ilicitude do fato, fica excluída ou atenuada a culpabilidade, se inevitável ou evitável o erro. Pelo que se entende: o dolo subsiste.. ”[footnoteRef:5] [5: JESUS, Damásio de. Direito Penal: Parte Geral. 32ª. Ed. vol. 1. São Paulo: Saraiva. 2011. P. 327.] 
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci : “O tipo penal doloso em sua estrutura encarna necessariamente as modalidades do dolo direto e do dolo indireto. Não fora assim, necessário seria que em norma da parte geral ou em cada norma incriminadora se excepcionasse a forma indireta do dolo, para não se ver violado o direito penal da culpa.”[footnoteRef:6] [6: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal: Parte Geral. Vol. 1. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Forence. 2019. P 456.] 
Deste modo compreendemos que, o conceito de tipo doloso é a vontade, mas vontade livre e consciente do agente ao cometer um ato ilícito. A consciência abrange a ação ou omissão do agente, devendo igualmente compreender o resultado e o nexo causal entre este e a atividade desenvolvida entre o agente. Então dolosamente quem pratica a ação consciente e voluntariamente. 
 EX: O Artigo 18 diz o seguinte:
Art. 18. Diz-se o crime:
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzí-lo
Jurisprudência: APELAÇÃO CRIMINAL. POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. ART. 16, PARÁGRAFO ÚNICO, INCISO IV, DA LEI 10.826/03. TIPICIDADE. PROVAS DA AUTORIA E DA MATERIALIDADE. RELATO POLICIAL. VALIDADE. CONDENAÇÃO MANTIDA. DOSIMETRIA DA PENA. SÚMULA 231 DO STJ. REDUÇÃO AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. MULTA. ISENÇÃO INVIÁVEL. 1. A posse de arma de fogo com numeração suprimida é crime de perigo abstrato e de mera conduta, mostrando-se prescindível a demonstração de perigo concreto. Precedentes. Na esteira do entendimento dos Tribunais, em especial o Supremo Tribunal Federal, não são inconstitucionais os crimes de perigo abstrato, a exemplo daqueles previstos na Lei 10.826/03, que teve sua constitucionalidade assentada na ADI 3.112/DF. 2. Pratica o crime do art. 16, parágrafo único, inciso IV, da Lei nº 10.826/03, quem possui arma de fogo com a numeração dolosamente oculta, em desacordo com determinação legal ou regulamentar. A partir das provas produzidas, não houve dúvida de que a arma apreendida estava na residência do acusado. O relato dos policiais que participaram da prisão foi firme e se amolda ao restante do conteúdo produzido durante a instrução, inclusive à confissão do réu. Condenação mantida. 3. A perícia indicou a existência de arma adulterada, com numeração dolosamente oculta por tinta preta, fazendo incidir no tipo do art. 16, par. ún., IV, da Lei 10.826/03. Descabida, portanto, a pretendida desclassificação para o tipo do art. 12 do Estatuto do Desarmamento. 4. Por conta do entendimento da Súmula 231 do STJ, fica impossibilitado o estabelecimento da pena provisória aquém do mínimo legal, ainda que reconhecida a atenuante da confissão. 5. A multa é preceito secundário do tipo pelo qual o réu foi condenado, não havendo previsão legal para a isenção do pagamento. APELAÇÃO DESPROVIDA.(Apelação Criminal, Nº 70081496358, Quarta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Julio Cesar Finger, Julgado em: 28-05-2020)
Observa-se que o TJRS, julgou este caso levando em consideração que o tipo penal praticado pelo agente foi constatado como ato doloso. 
Questão. Acerca dos crimes, marque a alternativa CORRETA: 
a) A tentativa é quando, iniciada a execução, se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
b) Doloso é quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. (CERTA)
c) Culposo é quando o agente deu causa ao resultado por prudência.
d) Há crime quando o agente pratica o fato em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Teorias sobre o dolo
Conforme as palavras de Damásio de Jesus: “Há três teorias a respeito do dolo: a) Teoria da vontade A teoria da vontade foi exposta de forma orgânica na obra de Carrara: “Dolo é a intenção mais ou menos perfeita de praticar um fato que se conhece contrário à lei”. Para os partidários dessa teoria, o dolo exige os seguintes requisitos: a) quem realiza o fato deve conhecer os atos e sua significação; b) o autor deve estar disposto a produzir o resultado. Assim, para a teoria da vontade, é preciso que o agente tenha a representação do fato (consciência do fato) e a vontade de causar o resultado. b) Teoria da representação Para a teoria da representação, dolo é a previsão do resultado. É suficiente que o resultado seja previsto pelo sujeito. c) Teoria do assentimento Requer a previsão ou representação do resultado como certo, provável ou possível,não exigindo que o sujeito queira produzi-lo. É suficiente seu assentimento. É aceita a teoria da vontade. Dolo não é simples representação do resultado, o que constitui um simples acontecimento psicológico. Exige representação e vontade, sendo que esta pressupõe aquela, pois o querer não se movimenta sem a representação do que se deseja. O CP brasileiro adotou a teoria da vontade, pois o art. 18, I, determina: “Diz-se o crime doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”. Assim, não basta a representação do resultado; exige vontade de rea lizar a conduta e de produzir o resultado (ou assumir o risco de produzi-lo).”[footnoteRef:7] [7: JESUS, Damásio de. Direito Penal: Parte Geral. 32ª. Ed. vol. 1. São Paulo: Saraiva. 2011. P. 328.] 
Conforme as palavras do site Campuslab.com.br : “As teorias: 1. Teoria da vontade: segundo esta teoria, o dolo é a consciência e vontade do agente dirigidas ao resultado. Então, o autor do delito deve ter consciência e vontade em relação à conduta praticada, assim como em relação à consequência provocada. Essa teoria foi adotada por nosso Código Penal quanto ao dolo direto; 2. Teoria do assentimento ou consentimento: para esta teoria, a mera anuência do agente quanto ao resultado configura o dolo. Dessa forma, o agente tem consciência que sua conduta pode gerar determinada consequência, aceita e age mesmo assim. Existe a previsão do resultado, mas não é exigido que a conduta praticada pelo autor do delito seja voltada a esse fim. Essa teoria foi adotada por nosso Código Penal no que se relaciona ao dolo eventual. 3. Teoria da indiferença: de acordo com os adeptos desta teoria, para haver dolo eventual basta que o agente receba com indiferença o resultado apresentado como possivelmente causado pela prática da conduta. Assim, basta que o autor do delito considere como possível a realização do tipo, mas se demonstre apático ou insensível ao bem jurídico protegido. Um ponto importante é que se a consequência for indesejada, há ausência de dolo. 4. Teorias da representação: dolo, para estas teorias, é a vontade de realizar a conduta com a previsão de que o resultado pode ocorrer mas semquerer que ele ocorra. Se subdivide em duas teorias, de acordo com critérios cognitivos. Vejamos: – Teoria da possibilidade: é uma versão mais radical da teoria da representação, que diz que para haver dolo, basta que o agente tenha consciência ou previsão do resultado, independente da vontade do mesmo. Assim, para os adeptos desta teoria, não há diferença entre o dolo eventual e a culpa consciente. – Teoria da probabilidade: nesta segunda versão da teoria da representação, para haver dolo é necessário que o agente tenha previsão da grande probabilidade de ocorrer o resultado. - Teoria da cegueira deliberada: para essa teoria, a pessoa que renuncia deliberadamente a adquirir um conhecimento suficiente para basear a imputação dolosa de determinado crime é responsável por ele como se tivesse pleno conhecimento de sua prática. Vamos ver um exemplo? Ex: Renato, comerciante de veículos, suspeita que um de seus clientes cometeu um crime de roubo e, com a quantia apropriada, vai adquirir um veículo. Mesmo sabendo dessa possibilidade, Renato cria obstáculos para não tomar ciência dos fatos ou ter certeza de sua suspeita, limitando-se a vender o carro sem fazer maiores perguntas.”[footnoteRef:8] [8: Disponível em: https://campuslab.com.br/especialidades/direito-penal/aulas/tipo-doloso-pe-007/conteudos/teorias-do-dolo-html-cl-pe-tu-038, acesso em 20/06/2020 às 15h:00mim. ] 
Conforme as palavras do site www.mege.com.br: “Teorias sobre o Dolo: O Brasil adota a teoria da vontade no dolo direto e a teoria do assentimento no dolo eventual. Teoria da Vontade - Determina que age dolosamente quem pratica a ação consciente e voluntariamente. É necessária a existência, portanto, a consciência da conduta e do resultado e que o agente a pratique voluntariamente; Teoria do Assentimento (Consentimento) - Para essa teoria existe dolo simplesmente quando o agente consente em causar o resultado ao praticar a conduta. Assim, há dolo mesmo que o agente não queira o resultado, desde que assuma o risco (não se importe) desta acontecer; Teoria da Representação - Esta teoria determina que o dolo é a simples previsão do resultado. Embora não se negue a existência da vontade na ação, o que importa para essa posição é a consciência de que a conduta provocará a resultado. Teoria da Probabilidade - Segundo essa teoria, se o sujeito considerava provável a produção do resultado estaremos diante do dolo eventual. Se considerava que a produção do resultado era meramente possível, se daria a imprudência consciente ou com representação. Na verdade, a teoria da probabilidade trabalha com dados estatísticos, ou seja, se de acordo com determinado comportamento praticado pelo agente, estatisticamente, houvesse grande probabilidade.”[footnoteRef:9] [9: Disponível em: https://www.mege.com.br/news-dolo-%E2%80%93-principais-teorias-455, acesso em 20/06/2020 às 15h:20mim. 
] 
Deste modo compreendemos que, são três as teorias do dolo: - teoria da vontade, - teoria da representação, - teoria do consentimento ou assentimento: pela teoria da vontade, há dolo direto quando há vontade consciente de querer praticar a infração penal. Pela teoria da representação, o agente prevê o resultado como possível e ainda assim opta por continuar a conduta (esta teoria abrange tanto o dolo eventual quanto a culpa consciente). A terceira teoria, por sua vez, prega que há dolo (eventual) quando o agente prevê o resultado como possível e ainda assim continua na prática assumindo o risco de produzí-lo.
Jurisprudência: RECURSO INOMINADO. PRETENSÃO INDENIZATÓRIA. DANO MORAL. BLOQUEIO DE VALORES. AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL. DÉBITO OBJETO DE PARCELAMENTO. DEVER DE INDENIZAR CONFIGURADO. DEVER DE INDENIZAR – Tratando-se de responsabilidade civil de pessoa jurídica de direito público, aplica-se a teoria da responsabilidade civil objetiva, nos termos do disposto no artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.” Caso concreto em que houve bloqueio em ação de execução fiscal para cobrança de crédito tributário objeto de parcelamento, tendo a parte autora ficado mais de um ano com os valores indisponíveis (equivalentes a R$ 6.207,01). Não obstante as razões expostas na sentença para o julgamento de improcedência do pedido, entendo que a situação vivenciada pela parte autora, ultrapassou o mero dissabor e se deu por culpa exclusiva do demandado, que detinha o meio para obter a informação sobre o parcelamento. O dano, por sua vez, não é menos evidente, na medida em que é sabido os efeitos nefastos acarretados pelo bloqueio de valores em sua conta bancária – fato incontroverso -, quando, em verdade, não era possível imputar à parte autora a dívida (objeto de parcelamento). Por este motivo, tenho por dispensável a produção de outras provas especificamente para demonstrar a ocorrência de abalo moral à parte autora. Trata-se do dano moral puro (in re ipsa). QUANTUM INDENIZATÓRIO - É certo que o dano é irreparável, é justo que haja uma compensação em virtude do erro do demandado, compensação esta que fixada no valor de R$ 7.000,00 (sete mil e reais), quantia que se mostra apta a indenizar o dano sofrido. RECURSO PROVIDO. UNÂNIME.(Recurso Cível, Nº 71009143520, Segunda Turma Recursal da Fazenda Pública, Turmas Recursais, Relator: Mauro Caum Gonçalves, Julgado em: 29-05-2020).
Observa-se que o TJRS, julgou este caso levando em consideração uma das teorias que analisa o tipo penal doloso.
Questão. 
Considerando as teorias que tratam do dolo eventual e da culpa consciente, assinale a opção correta.
a) Consoante a teoria do risco, pertencente ao grupo das teorias volitivas, o dolo eventual não tem comoobjeto o resultado típico, mas, apenas, a conduta típica, sendo necessário que o agente, primeiro, tenha conhecimento de que sua ação implica risco indevido e, segundo, assuma o risco da produção do resultado como decorrência provável da conduta tipificada como proibida.
b) Com base na teoria do perigo desprotegido, também conhecida como teoria do perigo a descoberto, mesmo que a ocorrência do resultado lesivo fique na dependência do acaso e, portanto, fora da possibilidade de ser evitado pelo agente, poder-se-á falar, em princípio, tanto em dolo eventual quanto em culpa consciente, uma vez que somente a atitude subjetiva do agente em relação ao resultado mentalmente representado como possível é que poderá constituir referencial seguro para a distinção entre uma e outra hipótese típica.
c) Uma variante da teoria do risco surge com base no critério do conhecimento sobre um perigo qualificado para o bem jurídico, segundo o qual o dolo se configura no caso em que a produção do resultado for provável e não meramente possível, examinando-se as condições específicas de atuação do agente e afastado o parâmetro genérico fornecido pelo homem sensato ou cuidadoso.
d) De acordo com a teoria da representação, também denominada teoria da possibilidade, integrante do grupo das teorias intelectivas, haverá dolo eventual se o agente admitir, conscientemente, a possibilidade da ocorrência do resultado. Com base nessa teoria, portanto, culpa é sempre culpa inconsciente, não existindo culpa consciente. Assim, a distinção entre dolo e culpa está associada ao conhecimento ou ao desconhecimento, por parte do agente, dos elementos do tipo objetivo: o conhecimento configura o dolo; o desconhecimento caracteriza a culpa. (CERTA)
Estrutura do dolo
Conforme as palavras do site Ambitojuridico.com.br : “De acordo com a visão finalista da conduta, a estrutura do dolo, também chamado pelos adeptos desta concepção de dolo natural, o elemento em estudo nada mais é do que a vontade consciente de praticar a conduta criminosa. Entretanto, para os seguidores da corrente causalista, o dolo é considerado normativo, ou seja, além da vontade consciente de praticar a conduta criminosa, exige-se, para tanto, a consciência do agente de que ele está praticando uma ação ou omissão tipificada pelo Código Penal Brasileiro.”[footnoteRef:10] [10: Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/os-elementos-subjetivos-do-tipo-e-os-limites-fronteiricos-entre-o-dolo-eventual-e-a-culpa-consciente/ , acesso em 22/06/2020. ] 
Conforme as palavras do site Genjuridico: “As teorias do delito de fundo ontológico, assim consideradas aquelas que se sustentam sobre a determinação ontológica de suas categorias fundamentais, pretenderam reconhecer o dolo através da afirmação de determinados dados de natureza psicológica, cuja existência no momento de realização do delito fica demonstrada no processo. Na verdade, tal concepção arranca desde os primórdios da formulação da estrutura analítica do sistema de imputação, a ponto de ser comum na doutrina a afirmação de que “sempre se sustentou o caráter eminentemente psicológico do dolo”. Tanto é assim, que para o causal-naturalismo, o dolo era uma forma de culpabilidade que representava o vínculo de ordem subjetiva entre o autor e o fato delitivo que permitia a imputação (Zurechenbarkeit) do ato. De forma também ontológica, para o finalismo, o dolo, como elemento subjetivo da própria ação típica, configurava sua nota distintiva. A ação delitiva era fundamentalmente orientada a um fim, que poderia ser justamente a intenção de realização de um delito, ou seja, consciência e vontade orientadas à realização de um propósito delitivo.O dolo, aqui, se situa na cabeça do autor. Ou seja, o dolo é uma realidade ontológica e existe como dado psicológico que compete ao jurista identificar.”[footnoteRef:11] [11: Disponível em: http://genjuridico.com.br/2015/12/08/dolo-e-significado/, acesso em 22/06/2020. ] 
Deste modo compreendemos que, a estrutura dos delitos culposos, uma vez que em diversos desses casos a quebra de dever de cuidado pode preexistir à prática da conduta, sempre que repercutir na posterior realização do tipo. Nas situações em que há dolo, o modelo do tipo se aplica desde que o sujeito tenha se colocado dolosamente em estado de inimputabilidade, pois nesse caso o sujeito já iniciou o ato executório. Caso a embriaguez tenha se dado por descuido, não iniciou o sujeito a execução e, portanto, não pode ser responsabilizado.
 EX: 
Jurisprudência: HABEAS CORPUS. CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA. FEMINICÍDIO. MANUTENÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. INOCORRÊNCIA. PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. Paciente que, supostamente, ceifou a vida de sua ex-companheira, mediante golpes de faca, tendo sido o crime praticado no momento em que a ofendida visitava sua filha e neta que com ele residiam, circunstâncias a evidenciar a periculosidade do agente, bem como a gravidade concreta da conduta, tendo em vista seu ímpeto violento. Fumus comissi delicti e periculum libertatis presentes. Requisitos do artigo 312 e 313, ambos do Código de Processo Penal, atendidos. Constrangimento ilegal não evidenciado. INADEQUAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS. Devidamente justificada a necessidade da prisão preventiva, inaplicáveis as medidas cautelares diversas, incompatíveis com o grau de periculosidade demonstrado pelo paciente. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. Encarceramento provisório que não malfere o princípio constitucional da presunção de inocência quando presentes os requisitos autorizadores, como ocorre na espécie. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. Uma vez demonstrada a necessidade da prisão cautelar, nos termos da legislação processual penal, as condições pessoais favoráveis não impedem a custódia cautelar. PANDEMIA DE COVID-19. Orientação do Conselho Nacional de Justiça, por intermédio da Recomendação CNJ 62/2020, que consignou a possibilidade de concessão da liberdade aos presos que se enquadrem no grupo de risco, que tenham excedido o prazo de 90 dias por crimes, praticados sem violência ou grave ameaça. Entretanto, trata-se de mera recomendação, cabendo ao Juízo singular a análise de cada caso. Hipótese em que sequer houve a devida comprovação de que o coacto se enquadre no grupo de risco, não se podendo olvidar sua periculosidade social, evidenciada pela gravidade da conduta. População já se encontra confinada em quarentena, para evitar a propagação do COVID-19 e, por consequência, o colapso do sistema de saúde, suportando as consequências econômicas da paralisação das atividades comerciais do País. Não se podendo dela exigir o enclausuramento por medo, pela soltura indiscriminada de todo e qualquer indivíduo preso, sem que o grau de periculosidade do agente seja antes apreciada. A evidente periculosidade do agente é fator que tolhe a aplicação da recomendação do Conselho Nacional de Justiça, devendo o Poder Público buscar outras alternativas, como o isolamento dos constritos do grupo de risco, e, somente quando outra solução não há, a prisão domiciliar ou a aplicação das medidas cautelares diversas à prisão deverão ser aplicadas EXCESSO DE PRAZO. NÃO CONFIGURAÇÃO. O princípio da razoável duração do processo não impõe tempo exato para a conclusão de determinado feito ou ato processual; imprescindível é verificar, em cada caso concreto, a razoabilidade do tempo decorrido, consideradas suas peculiaridades e, na atual conjuntura também dos entraves estabelecidos em razão da declaração pública de pandemia em relação ao novo Coronavírus pela Organização Mundial da Saúde. Daí que se impõe reconhecer que os prazos previstos na legislação processual penal são de natureza imprópria, devendo ser utilizados unicamente como parâmetros para auxiliar no adequado andamento do feito. Não há se reconhecer, no momento, o alegado excesso de prazo, o feito não se fazendo de complexidade diminuta, bem assim porque se encontra aguardando a realização do exame nos autos do incidente de insanidademental instaurado a pedido da defesa. ORDEM DENEGADA.(Habeas Corpus Criminal, Nº 70084149061, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Viviane de Faria Miranda, Julgado em: 29-05-2020)
Observa-se que o TJRS julgou este caso levando em consideração algumas das estruturas para caracterizar este ato como doloso e de fato penalizar o agente por FEMINICÍDIO. 
Questão. Rodrigo pretende roubar transeuntes no centro da cidade, mas como não tem coragem para isso, embriaga-se dolosamente, com o intuito de praticar tais atos criminosos. Diante desta situação, a doutrina penal reconhece que: 
a) Rodrigo não responderá pelos crimes cometidos, ante sua semi-imputabilidade. 
b) A embriaguez voluntária é causa de diminuição de pena. 
c) Aplica-se a teoria da actio libera in causa. (CERTA)
d) A consciência de Rodrigo viu-se abalada pela embriaguez, respondendo ele parcialmente por seus atos. 
Elementos do dolo
Conforme as palavras de Damásio de Jesus: “Presentes os requisitos da consciência e da vontade, o dolo possui os seguintes elementos: a) consciência da conduta e do resultado; b) consciência da relação causal objetiva entre a conduta e o resultado; c) vontade de realizar a conduta e produzir o resultado. É necessário que o agente tenha consciência do comportamento positivo ou negativo que está realizando e do resultado típico. Em segundo lugar, é preciso que sua mente perceba que da conduta pode derivar o resultado, que há ligação de causa e efeito entre eles. Por último, o dolo requer vontade de concretizar o comportamento e causar o resultado. Isso nos crimes materiais e formais. Nos de mera conduta é suficiente que o sujeito tenha a representação e a vontade de realizá-la. Em face desses requisitos ou elementos, vê-se que o dolo possui dois momentos: a) momento intelectual — consciência da conduta e do resultado e consciência da relação causal objetiva; b) momento volitivo — vontade que impulsiona a conduta positiva ou negativa. Podemos estabelecer o seguinte quadro: Elementos do dolo 1 — consciência da conduta e do resultado, 2 — consciência da relação causal objetiva entre a conduta e o resultado, 3 — vontade de realizar a conduta e de produzir o resultado momento intelectual momento volitivo. O dolo, de acordo com a teoria que adotamos, não comporta a consciê ncia da antijuridicidade, que pertence à culpabilidade. Segundo Welzel, o dolo abrange: 1) o objetivo que o sujeito deseja alcançar; 2) os meios que emprega para isso; e 3) as consequências secundárias que estão necessariamente vinculadas com o emprego dos meios. O dolo deve abranger os elementos da figura típica. Assim, para que se possa dizer que o sujeito agiu dolosamente, é necessário que seu elemento subjetivo tenha-se estendido às elementares e às circunstâncias do delito. Toda figura típica contém uma série de elementos que, relacionados com a conduta culpável do agente, ensejam a aplicação da pena. Assim, no caso do crime de furto (art. 155), é imprescindível que o sujeito saiba que a coisa móvel é “alheia”. Se não conhece a qualidade da coisa ou tem uma falsa apreciação sobre ela, fica afastado o dolo e, por consequência, o próprio fato típico. ”[footnoteRef:12] [12: JESUS, Damásio de. Direito Penal: Parte Geral. 32ª. Ed. vol. 1. São Paulo: Saraiva. 2011. P. 329-330.] 
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “A inclusão no tipo de elementos intelectivos e volitivos particulares não pode 455 nem deve constituir previsão do dolo eventual, pois já natural e necessariamente participante da estrutura do tipo doloso. A adição de tais elementos no tipo visa, muito ao contrário, a maior restrição do aparecimento da forma eventual”. Em suma, conclui que é possível haver tipo penal contendo a expressão “que sabe”, embora possa ser cometido com dolo eventual, o que contraria o entendimento predominante de que se constitui indicativo único de dolo direto. Cita como exemplo a denunciação caluniosa: “O agente que, conhecendo plenamente a inocência do imputado, encaminha com animus injuriandi vel diffamandi carta acusadora a um Procurador de Justiça, antecipando mentalmente e aceitando a alta probabilidade de este oficiar à Polícia ou mesmo instaurar procedimento investigatório ou oferecer denúncia, comete o delito com dolo eventual. Aceita o resultado de ataque ao bem jurídico (administração da justiça) como consequência de sua ação.”[footnoteRef:13] [13: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal: Parte Geral. Vol. 1. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Forence. 2019. P 456.] 
Conforme as palavras de Julio Fabbrini Mirabete: “A concepção de Julio Fabbrini Mirabete: “são elementos do dolo, portanto, a consciência (conhecimento fato– que constitui a ação típica) e a vontade (elemento volitivo de realizar esse fato). A consciência do autor deve referir-se a todos os elementos do tipo, prevendo ele os dados essenciais dos elementos típicos futuros em especial o resultado e o processo causal. A vontade consiste em resolver executar ação típica, estendendo-se a todos os elementos objetivos conhecidos pelo autor que servem de base a sua decisão de pratica-la.”[footnoteRef:14] [14: MIRABETE, Julio Fabbrini, Manual de direito penal, volume 1 : parte geral, arts. 1° a 120 do CP -São Paulo : Atlas, 2009. Pagina: 126] 
Deste modo compreendemos que, para a teoria dominante (ver letra A do próximo tópico) o dolo é composto de um elemento intelectual (consciência) e de um elemento volitivo (vontade), como fatores formadores da ação típica dolosa. A) Elemento intelectual (Cognitivo): O componente intelectual do dolo consiste no conhecimento atual das circunstâncias de fato do tipo objetivo, como representação ou percepção real da ação típica. O conhecimento deve ser atual, logo não basta conhecimento potencial. B) Elemento Volitivo: A vontade, definida como querer realizar o tipo objetivo, deve apresentar duas características para constituir elemento do dolo: a) a vontade deve ser i já definida (se A pega uma faca sem saber se fere ou ameaça B, não há, ainda, vontade de ferir ou de ameaçar um ser humano); b) a vontade deve ser capaz de influenciar o acontecimento real, permitindo definir o resultado típico como obra do autor, e não como mera esperança ou desejo deste.
 EX: a) Não se poderia deduzir o conhecimento sobre os períodos de pesca proibida; b) A vontade deve ser capaz de influenciar o acontecimento real, permitindo definir o resultado típico como obra do autor, e não como mera esperança ou desejo deste.
Jurisprudência: APELAÇÃO CRIME. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. FURTO SIMPLES. RECURSO DEFENSIVO. 1. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADOS. CONDENAÇÃO MANTIDA. A prova contida no feito autoriza a manutenção da sentença, a fim de condenar o réu pelo crime de furto. O réu Sidinei confessou em Juízo a prática delitiva, relato que é corroborado pelos depoimentos da vítima e de outras testemunhas em sede judicial. Conjunto probatório que confirma a prática delitiva. 2. DEPOIMENTO DE POLICIAL MILITAR. MEIO VÁLIDO DE PROVA. O depoimento do policial militar prestado em sede judicial é coerente e corroborado pelo demais elementos de prova carreados nos autos, possibilitando a condenação do acusado. No caso concreto, não há nenhuma razão para se desmerecer tal depoimento, tampouco qualquer comprovação de predisposição do agente público para prejudicar o réu. 3. AUSÊNCIA DE ANIMUS FURANDI. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO POR ATIPICIDADE DA CONDUTA. IMPOSSIBILIDADE. DOLO COMPROVADO. Em que pese as alegações defensivas para o fim de absolver o apelante em razão da ausência de animus furandi, esta restou comprovada na medida em que o réu confirmou ter praticado a subtração como represália por não aceitar algumas atitudes da vítima. Compulsando o caderno probatório, presente o dolo. 4. FURTO DE USO. NÃO CONFIGURAÇÃO. O furto de uso caracteriza-se pela rápida devolução da coisa, a restituição integral e sem qualquer dano do objeto e a devolução antes que a vítima perceba a situação, dando falta do bem. Requisitos para a configuração de furto de uso nãopreenchidos no caso em concreto. APELAÇÃO DEFENSIVA NÃO PROVIDA.(Apelação Criminal, Nº 70080016371, Sexta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Felipe Keunecke de Oliveira, Julgado em: 18-06-2020)
Observa-se que o TJRS julgou este caso levando em consideração algumas das estruturas para caracterizar este ato como doloso e de fato penalizar o agente por FEMINICÍDIO. 
Questão. Assinale a assertiva correta acerca do dolo: 
a) O dolo alternativo é espécie de dolo indireto e apresenta-se quando oagente se encontra direcionado, de maneira direta, seja em relação ao resultado, seja em relação à pessoa contra a qual é cometido o crime.
b) O nominado dolo de consequências necessárias é uma espécie de dolo indireto ou mediato.
c) O erro progressivo caracteriza hipótese em que o agente não atua com dolo geral, isto é, o agente, supondo não ter alcançado o resultado por ele visado, pratica nova ação que efetivamente dá causa ao resultado por ele pretendido.
d) Para a teoria extremada do dolo, a real consciência da ilicitude é elemento do dolo, enquanto para a teoria limitada do dolo, este é integrado pela potencial consciência da ilicitude. (CERTA)
Espécie de dolo
Conforme as palavras de Damásio de Jesus: “Embora o dolo conceitualmente seja o mesmo em todos os crimes, varia a sua forma de expressão de acordo com os elementos da figura típica. Assim, o dolo do homicídio não é igual ao do furto, uma vez que as elementares dos tipos são diferentes e se exige que esse elemento subjetivo abranja todos os componentes da figura típica. Em face disso, e por força do disposto no art. 18, I, do CP, que trata da forma dolosa, a doutrina costuma apresentar várias espécies de dolo, que veremos a seguir.”[footnoteRef:15] [15: JESUS, Damásio de. Direito Penal: Parte Geral. 32ª. Ed. vol. 1. São Paulo: Saraiva. 2011. P.330.] 
Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “O surgimento das diferentes espécies de dolo é ocasionado pela necessidade de a vontade consciente abranger o objetivo pretendido pelo agente, o meio utilizado, a relação de causalidade, bem como o resultado. A partir da relação entre a vontade e os elementos constitutivos do tipo podemos classificar as espécies de dolo em dolo direto e dolo eventual (dolo indireto). Afirma Juarez Tavares, com acerto, que “não há mesmo razão científica alguma na apreciação da terminologia de dolo de ímpeto, dolo alternativo, dolo determinado, dolo indireto, dolo específico ou dolo genérico, que podem somente trazer confusão à matéria e que se enquadram ou entre os elementos subjetivos do tipo ou nas duas espécies mencionadas”. Por essa razão, nos limitamos a trabalhar, no estudo da teoria do delito, com os conceitos de dolo direto e dolo eventual ”.[footnoteRef:16] [16: BITENCOURT, Cezar Roberto Tratado de direito penal : parte geral 1– 24. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2018. Pg. 527] 
Conforme as palavras de Juarez Cirino dos Santos: “A lei brasileira define duas espécies de dolo, delimitando asa formas possíveis de realização dos crimes dolosos: dolo direito e dolo eventual (art. 18, I, CP). A definição legal de categorias científicas é inconveniente, pelo risco de fixar conceitos em definições controvertidas ou defeituosas, como é o caso da lei penal brasileira: nem o dolo direto é definível pela expressão querer o resultado, porque existem resultados que o agente não quer ou, até lamenta, atribuíveis como dolo direto; nem a fórmula de assumir o risco de produzir o resultado, que reduz o conceito de dolo ao elemento volitivo, parece suficiente para definir o dolo eventual ”. [footnoteRef:17] [17: SANTOS, Juarez Cirino dos. A moderna teoria do fato punível -Rio de Janeiro: Freitas bastos, 2000, P. 64] 
Deste modo compreendemos que, o dolo divide-se em algumas espécies. Então vamos agora para algumas espécies de dolo. Dolo direto: quando o evento corresponde à vontade do sujeito ativo, quando o agente quer o resultado. Dolo indireto: quando, apesar de querer o resultado, a vontade não se manifesta de modo único e seguro em direção a ele.O dolo indireto subdivide-se em:
· dolo alternativo: quando o agente quer um dos eventos que sua ação pode causar. Exemplo: atirar para matar ou ferir
· dolo eventual: o sujeito ativo prevê o resultado e, embora não seja este a razão de sua conduta, aceita-o.
Jurisprudência: APELAÇÃO CRIME. CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO. FURTO QUALIFICADO PELO CONCURSO DE AGENTES. PRIVILÉGIO. NULIDADE DOS ATOS PERICIAIS. PORTARIA DE NOMEAÇÃO DE PERITOS E AUTO DE AVALIAÇÃO INDIRETA. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DA PROFISSÃO DOS PERITOS E DE COMPROVAÇÃO DO GRAU DE ESCOLARIDADE. AUTO DE AVALIAÇÃO NULO, PORQUE CONFECCIONADO DE FORMA INDIRETA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA MATERIALDIADE DELITIVA. REJEIÇÃO. MÉRITO. PROVA. CONDENAÇÃO MANTIDA. PLEITOS ABSOLUTÓRIOS PELA OCORRÊNCIA DE ERRO DE TIPO OU POR INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA AFASTADOS. A materialidade e a autoria restaram assentes nos autos. Embora GUILHERME não tenha apresentado sua versão nos autos, pois silente, em sede policial, e revel, em pretório, AIRTON, admitiu, em juízo, ter, na companhia do coacusado e de Ernani (réu que teve cindido o feito), subtraído as lenhas de propriedade do Haras Old Friends, acondicionando-as e transportando-as em duas carroças, ocasião em que, já distantes do local, foram presos em flagrante delito, na posse da res. E semelhante versão foi apresentada pelo empreiteiro do local que, ao saber do furto, acionou a PM (fls.112/114), bem como pelas testemunhas policiais, os quais confirmaram que foram chamados, via 190, para verificar o furto das lenhas e, ao se aproximar do local, visualizaram o trio já transportando a lenha, em duas carroças, detendo-os em flagrante delito. Embora AIRTON tenha tentado, com sua versão, afastar o dolo na sua conduta, não logrou êxito. Pela dinâmica dos fatos, impossível cogitar-se ter ele se confundido, entendendo tratar-se de res nullius, já que a lenha se encontrava cortada e empilhada, em propriedade privada. Condenação que merece ser mantida. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. Na aplicação do princípio da insignificância, além do valor da res, que deve ser desprezível, há que se levar em conta o desvalor da conduta e do resultado, a repercussão do fato na pessoa da vítima e as condições pessoais do acusado. Na espécie, não estão presentes as circunstâncias que autorizariam a aplicação do aludido princípio, especialmente por tratar-se de de furto qualificado. PRIVILEGIADORA. RECONHECIMENTO. Em se tratando de réus primários, bem como de pequeno valor a res furtivae, porquanto inferior ao salário mínimo então vigente, é de ser reconhecida a benesse do furto privilegiado, com a consequente redução de pena. PENA. DOSIMETRIA. REDUÇÃO DA PENA PROVISÓRIA AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL, PELO RECONHECIMENTO DA ATENUANTE DA CONFISSÃO, QUANTO A AIRTON. INVIABILIDADE. SÚMULA N.º 231 DO STJ. REDUÇÃO, PORQUE RECONHECIDO O PRIVILÉGIO. ISENÇÃO DE PENA PECUNIÁRIA. DESCABIMENTO NESTA SEDE. APELOS DAS DEFESAS PARCIALMENTE PROVIDOS.(Apelação Criminal, Nº 70078667805, Oitava Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Isabel de Borba Lucas, Julgado em: 27-05-2020)
Observa-se que o TJRS julgou este caso levando em consideração uma das espécies do solo para caracterizar este ato como doloso e de fato penalizar o agente de modo correto. 
Questão. Acerca do dolo e da culpa, marque a alternativa CORRETA. 
A) O Código Penal Brasileiro, ao dispor que o crime é doloso quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo, está adotando as teorias da vontade e do assentimento, respectivamente. (CERTA)
B) O dolo presumido ou dolo in re ipsa é uma espécie de dolo que exige comprovação técnica e fática da sua ocorrência no caso concreto e é perfeitamente compatível com os princípios que regem o direito penal, em especial a vedação da responsabilidade penal objetiva. 
C) É possível dizer que o crime culposo, em regra, possui os seguintes elementos: conduta involuntária; violação de um dever de cuidado objetivo; resultado naturalísticoinvoluntário; nexo causal, tipicidade; previsibilidade objetiva e ausência de previsão. 
D) A culpa consciente é aquela em que o agente não prevê o resultado naturalístico e, mesmo assim, realiza a conduta acreditando verdadeiramente que nada ocorrerá. 
E) A culpa própria, também denominada de culpa por extensão ou equiparação, é aquela em que o sujeito, após prever o resultado, realiza a conduta por erro escusável quanto à ilicitude do fato. 
Direito (determinado)
Conforme as palavras de Damásio de Jesus: “No dolo direto, o sujeito visa a certo e determinado resultado. Ex.: o agente desfere golpes de faca na vítima com intenção de matá-la. O dolo se projeta de forma direta no resultado morte. [..]O dolo direto é equiparado ao dolo eventual, equiparação advinda de longo debate doutrinário. No CP, o dolo direto está contido na expressão “quis o resultado” (art. 18, I, 1.ª parte); o dolo eventual se encontra na expressão “assumiu o risco de produzi-lo” (art. 18, I, 2.ª parte). O dolo alternativo também se encontra na expressão “quis o resultado”: se ele quis um ou outro resultado, e produziu um deles, não deixou de querê-lo.”[footnoteRef:18] [18: JESUS, Damásio de. Direito Penal: Parte Geral. 32ª. Ed. vol. 1. São Paulo: Saraiva. 2011. P.330.] 
Conforme as palavras de André Estefam: “dolo direto ou imediato: dá-se quando o sujeito quer produzir o resultado (subdivide-se em dolo de primeiro e segundo grau — vide item 13.8.1) ”.[footnoteRef:19] [19: ESTEFAM, André ; Gonçalves, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado– parte geral - 9. ed. – São Paulo : Saraiva, 2020. P. 463] 
Conforme as palavras de Julio Fabbrini Mirabete: “...o agente quer determinado resultado, como a morte da vítima, por exemplo, no homicídio.”[footnoteRef:20] [20: MIRABETE, Julio Fabbrini, Manual de direito penal, volume 1 : parte geral, arts. 1° a 120 do CP = 25. Ed. Ver. E atual. -São Paulo : Atlas, 2009. Pagina: 130] 
Deste modo compreendemos que, o dolo direto ou determinado configura-se quando o agente prevê um resultado, dirigindo sua conduta na busca de realizá-lo. Já no dolo indireto ou indeterminado, o agente, com a sua conduta, não busca resultado certo e determinado
 EX: 
	
	Consciência
	Vontade
	Dolo direto
	Prevê o resultado
	Quer o resultado
Jurisprudência: EMBARGOS INFRINGENTES EM RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO. DOLO DIRETO. DOLO EVENTUAL . Não obstante o dolo direto e o eventual serem equiparados quanto aos efeitos, sob a ótica da conduta observada pelo agente, mostram-se substancialmente diversos. Embora o conceito de dolo esteja intimamente ligado ao resultado – ou à previsão desse –, o que leva à equiparação referida, afigura-se evidente que a busca do resultado e a aceitação do risco de produzi-lo constituem condutas - em sua essência - diversas. Na realidade o dolo eventual situa-se mais próximo da culpa consciente do que do chamado dolo direto, estabelecendo-se a distinção entre aqueles, a partir da previsão do resultado (comum às condutas dolosa e culposa), na forma como o agente, subjetivamente, maneja tal previsão, acreditando que a conduta observada não determinará o resultado (culpa) ou se desimportando com esse (dolo eventual). Basta para que se chegue a tal conclusão a consideração do conceito de crime tentado posto na regra contida no art. 14, inc. II, do Código Penal, de onde resulta que a tentativa – determinada pela vontade – somente pode ser considerada quando a conduta for finalística e dirigida à produção de um resultado, o que, à evidência, não ocorre quando o agente apenas assume o risco de produzi-lo. Por conseguinte, a possibilidade jurídica do homicídio tentado pressupõe conduta diretamente dolosa, exigindo a configuração de tal infração que o agente, efetivamente, queira o resultado morte (não se afigurando suficiente para tanto que a ele tenha assentido), mas que ele não sobrevenha por circunstâncias alheias à sua vontade. EMBARGOS ACOLHIDOS. POR MAIORIA.(Embargos Infringentes e de Nulidade, Nº 70083628099, Primeiro Grupo de Câmaras Criminais, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jayme Weingartner Neto, Redator: Honório Gonçalves da Silva Neto, Julgado em: 03-06-2020)
Observa-se que o TJRS julgou este caso levando em consideração o dolo direto para caracterizar este ato como doloso e de fato penalizar o agente de modo correto. 
Questão. Quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo, ele comete o crime de forma :
A) Agravada
B) Culposa
C) Punível
D) Dolosa (CERTA)
E) Tentada. Parte superior do formulário
Parte inferior do formulário
Indireto (alternativo, eventual)
Conforme as palavras de Damásio de Jesus: “Há dolo indireto quando a vontade do sujeito não se dirige a certo e determinado resultado. Possui duas formas: a) dolo alternativo; e b) dolo eventual. Há dolo alternativo quando a vontade do sujeito se dirige a um ou outro resultado. Ex.: o agente desfere golpes de faca na vítima com intenção alternativa: ferir ou matar. Ocorre o dolo eventual quando o sujeito assume o risco de produzir o resultado, isto é, admite e aceita o risco de produzi-lo. Ele não quer o resultado, pois se assim fosse haveria dolo direto. Ele antevê o resultado e age.”[footnoteRef:21] [21: JESUS, Damásio de. Direito Penal: Parte Geral. 32ª. Ed. vol. 1. São Paulo: Saraiva. 2011. P.331.] 
Conforme as palavras de Julio Fabbrini Mirabete: “...o conteúdo do dolo não é preciso, definido. Neste caso, poderá existir o dolo alternativo, em que o agente quer, entre dois ou mais resultados (matar ou ferir, por exemplo) ...”. [footnoteRef:22] [22: MIRABETE, Julio Fabbrini, Manual de direito penal, volume 1 : parte geral, arts. 1° a 120 do CP = 25. Ed. Ver. E atual. -São Paulo : Atlas, 2009. Pagina: 130] 
Conforme as palavras de André Estefam: “dolo indireto ou mediato: subdivide-se em eventual (o agente não quer produzir o resultado, mas, com sua conduta, assume o risco de fazê-lo) e alternativo (o agente quer produzir um ou outro resultado, p. ex., matar ou ferir). Há quem entenda que o dolo eventual difere do dolo direto quanto à possibilidade de tentativa. Explica-se: um crime considera-se tentado quando o autor, depois de dar início à sua execução, não consegue consumá-lo por circunstâncias alheias à sua vontade. Não seria possível, destarte, falar-se em dolo eventual no crime tentado, uma vez que esta figura pressupõe a “vontade” de produzir o resultado, elemento ausente no dolo eventual. É de ver, contudo, que o Código Penal equipara o dolo direto ao dolo eventual no art. 18, I, e, ao tratar da forma tentada (art. 14, II), não faz qualquer distinção expressa quanto à sua aplicação (essa posição é adotada pelo STJ328).”[footnoteRef:23] [23: ESTEFAM, André ; Gonçalves, Victor Eduardo Rios Direito penal esquematizado® – parte geral / André Estefam; Victor Eduardo Rios Gonçalves. – Coleção esquematizado ® / coordenador Pedro Lenza - 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020. 832 p. Bibliografia 1. Direito penal - Brasil I. Título. II. Lenza, Pedro. 20-0132. Páginas: 463-464] 
Deste modo compreendemos que, o dolo indireto possui suas formas, quais sejam, dolo alternativo e dolo eventual. Alternativo ocorre quando o agente prevê e quer um ou outro dos resultados possíveis da sua conduta, e o eventual, quando a intenção do agente se dirige a um resultado, aceitando, porém, outro também previsto e consequente possível da sua conduta
 EX: 
	
	Consciência
	Vontade
	Dolo eventual
	Prevê o resultado
	Não quer, mas assume o risco
Jurisprudência: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. JÚRI. HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRONÚNCIA. Não há cogitar da ausência de dolo (eventual) na conduta observada pelo recorrente que, em meio a confraternização pública, por ocasião da comemoração do Natal, efetuou diversos disparos de arma de fogo, inicialmente para cima, e, mesmo alertado para que cessasse tal conduta, continuou a observá-la, acabando por atingir a vítima, causando a morte dessa, com o que não prospera a pretensão de desclassificação da infração para outra situadafora da competência do Tribunal do Júri. Revela-se anódina a circunstância de o réu, eventualmente, encontrar-se sob efeito de substâncias entorpecentes e de bebida alcoólica quando da realização dos disparos de arma de fogo, pois a embriaguez e a drogadição voluntária, nos termos do artigo 28, inciso II, do Código Penal, não afastam a culpabilidade do agente. Embora não exista incompatibilidade abstrata entre o dolo eventual e as circunstâncias qualificadoras de natureza objetiva, estas somente se tornam admissíveis diante de dados concretos que estejam a apontar para o fato de decorreram de ação consciente do agente. E tanto não se observa, no caso presente, com relação ao recurso que dificultou a defesa da vítima, admitido na pronúncia sob o fundamento de que a vítima foi surpreendida, pois, tratando-se de hipótese de dolo indireto, inviável cogitar da existência de ação consciente do acusado no intuito de impedir que a vítima reagisse à agressão, porquanto nem sequer objetivava a superveniência do resultado morte, senão que assumiu o risco de produzi-lo. Contudo, subsiste a qualificadora prevista no inciso III do 2º do artigo 121 do Código Penal, pois os elementos probatórios coligidos apontam para o fato de que o perigo comum decorreu de ato consciente e voluntário do agente, vinculado a conduta por ele observada, de realizar múltiplos disparos de arma de fogo durante uma confraternização natalina, em que se encontravam presentes diversas dezenas de pessoas, mesmo depois de instado a cessar a ação que estava a observar. Inexiste razão jurídica para que, com a confirmação da decisão de pronúncia, seja, agora, posto em liberdade o acusado que permaneceu preso durante a tramitação do processo, sobretudo se ostenta condenações definitivas pela prática de crimes graves, inclusive de homicídio, e se encontrava foragido ao tempo dos fatos. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO, POR MAIORIA.(Recurso em Sentido Estrito, Nº 70083640896, Primeira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Honório Gonçalves da Silva Neto, Julgado em: 04-06-2020)
Observa-se que o TJRS julgou este caso levando em consideração o dolo eventual para caracterizar este ato como doloso e de fato penalizar o agente de modo correto. 
Questão. “Existe_________ quando o agente prevê o resultado, mas espera, sinceramente, que não ocorrerá; configura- se _________ quando a vontade do agente não está dirigida para a obtenção do resultado, pois ele quer algo diverso, mas, prevendo que o evento possa ocorrer, assume assim mesmo a possibilidade de sua produção.” 
Assinale a alternativa que correta e respectivamente completa as lacunas:
a) dolo indireto ... dolo alternativo
b) dolo eventual ... culpa consciente
c) culpa inconsciente ... culpa consciente 
d) culpa consciente ... dolo eventual (CERTA)
e) culpa inconsciente ... dolo eventual
Dolo geral
Conforme as palavras de Damásio de Jesus : “Ocorre quando o agente, com a intenção de praticar determinado fato, realiza uma conduta capaz de produzir o efeito desejado, e, logo depois, na crença de que o evento já se produziu, empreende nova ação com finalidade diversa, ocorrendo que o segundo comportamento é que causa o resultado (o denominado “erro sucessivo”). Há um fato dividido em duas fases: 1.ª) realização de uma conduta tendente à produção de determinado resultado; 2.ª) crendo que o evento desejado em face do primeiro comportamento já ocorreu, o agente passa a realizar uma segunda conduta com finalidade diferente, verificando-se que o resultado querido na primeira fase só acontece por causa da ação concretizada na segunda. Exs.: o sujeito apunhala a vítima e, acreditando que já se encontra morta, pretendendo cometer ocultação de cadáver, joga-a nas águas de um rio, vindo ela a falecer em conse- quência de asfixia por afogamento; o agente, após disparar tiros de revólver na vítima e acreditando que já esteja morta, pendura-a numa árvore pelo pescoço para simular suicídio por enforcamento, ocorrendo a morte por asfixia.”[footnoteRef:24] [24: JESUS, Damásio de. Direito Penal: Parte Geral. 32ª. Ed. vol. 1. São Paulo: Saraiva. 2011. P.335.] 
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci : “Também denominado erro sucessivo ou aberratio causae, trata-se, em verdade, de uma hipótese de engano quanto ao meio de execução do delito, terminando por determinar o resultado visado. É um erro sobre a causalidade, mas jamais quanto aos elementos do tipo, tampouco quanto à ilicitude do que se pratica. Típico exemplo é o do agente que, pretendendo matar o inimigo, esgana-o. Imaginando-o morto, o que não ocorreu de fato, estando a vítima apenas desmaiada, atira o corpo no rio, tendo por fim eliminar a evidência do crime.”[footnoteRef:25] [25: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal: Parte Geral. Vol. 1. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Forence. 2019. P 460.] 
Conforme as palavras de Julio Fabbrini Mirabete: “...nos casos em que o agente, supondo ter conseguido o resultado pretendido, pratica nova ação que, esta sim, vem a resultar no evento. É o exemplo da vítima de golpes de faca em tentativa de homicídio que é atirada ao mar pelo agente, na suposição de já tê-lo eliminado, causando-lhe a morte por afogamento. Responderá ele por homicídio doloso consumado em decorrência do denominado dolo geral quando, tecnicamente, haveria tentativa de homicídio seguido de homicídio culposo.”[footnoteRef:26] [26: MIRABETE, Julio Fabbrini, Manual de direito penal, volume 1 : parte geral, arts. 1° a 120 do CP /Julio Fabbrini Mirabete, Rebato N. Fabbrini. = 25. Ed. Ver. E atual. Até 11 e março de 2009. -São Paulo : Atlas, 2009. Pagina: 130] 
Deste modo compreendemos que, o dolo geral ocorre (ou erro sucessivo) na hipótese em que o agente, supondo já ter alcançado o resultado visado, pratica nova ação que efetivamente o provoca. É a situação pela qual o agente, supondo já ter alcançado seu intento, pratica nova conduta que efetivamente o provoca. O erro sucessivo é irrelevante para o Direito Penal, pois o que importa é que o agente alcance o resultado querido.
 EX: A atira em B e imagina que este morreu; A joga B no mar, e apenas quando este é jogado no mar é que efetivamente morre, afogado. O resultado pretendido aconteceu, porém com nexo de causalidade diverso (afogamento).
Jurisprudência: APELAÇÃO. MANDATOS. AÇÃO INDENIZATÓRIA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. DESCABIMENTO. Por se tratar de relação de mandato, e não de consumo, não é possível a inversão do ônus da prova prevista no art. 6º, inc. VIII, do CDC, pretendida pela apelante. Jurisprudência do STJ. ALEGAÇÃO DE DESÍDIA. NÃO COMPROVADA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. 1. É sabido que a obrigação do advogado é de meio e não de resultado, isto quer dizer que o mandatário se compromete a prestar os serviços jurídicos com a maior diligência e melhor técnica possíveis, não se responsabilizando pelo (in)sucesso da demanda, salvo quando demonstrado que ele agiu com dolo ou erro grave. 2. No caso, a autora não se desincumbiu do ônus de comprovar eventual desídia ou falha na prestação de serviços do profissional vinculado à universidade-demandada, especialmente no que tange à alegada ausência de notificação para comparecer na solenidade realizada na esfera trabalhista. Recurso desprovido.(Apelação Cível, Nº 70082900390, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jucelana Lurdes Pereira dos Santos, Julgado em: 21-11-2019).
Observa-se que o TJRS julgou este caso levando em consideração o dolo geral para caracterizar este ato como doloso e de fato penalizar o agente de modo correto. 
Questão. Em face das seguintes assertivas, indique a que se apresenta CORRETA: 
a) O ordenamento jurídico brasileiro adotou a teoria psicológica do dolo, segundo a qual dolo é a consciência e a vontade de concretizar os elementos do tipo penal. (CERTA)
b) No conceito finalista de delito, dolo e culpabilidade têm como característica comum a sua natureza normativa. 
c) Para punição do agente, a título de culpa, segundo a teoria finalista da ação, é suficientea demonstração de conduta realizada com imprudência, negligência ou imperícia. 
d) O “dolo geral” é gênero do qual são espécies o “dolo direto” e o “dolo eventual”, responsabilizando-se o agente tanto diante da vontade de produção do resultado quanto da simples aceitação de sua ocorrência. 
e) A teoria normativa do dolo, ínsita à doutrina finalista da ação e acolhida no Código Penal Brasileiro, exige do agente a consciência da ilicitude de sua conduta.
Elemento subjetivo do tipo
Conforme as palavras de Victor Eduardo Rios Gonçalves: “É o dolo. Todas as modalidades podem ser praticadas com dolo direto, o que se verifica quando o agente quer efetivamente causar o aborto. As modalidades de auto aborto e provocação de aborto sem o consentimento da gestante são ainda compatíveis com o dolo eventual. O mesmo não ocorre com os crimes de consentimento para o aborto e provocação de aborto com o consentimento da gestante. Com efeito, como estes crimes pressupõem um consentimento específico para ato determinado — o aborto —, não há que falar em dolo eventual.”[footnoteRef:27] [27: Gonçalves, Victor Eduardo Rios. Direito penal Esquematizado: parte especial. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2012. P 295] 
Conforme as palavras de Julio Fabbrini Mirabete: “Nos tipos normais, composto apenas de elementos objetivos (descritivos), basta o dolo, su seja, a vontade de realizar a conduta típica ou voluntariamente consentir que ela se realize. Basta, pois, que o agente tenha conhecimento dos elementos objetivos (verbo sujeito passivo etc.).”[footnoteRef:28] [28: MIRABETE, Julio Fabbrini, Manual de direito penal, volume 1 : parte geral, arts. 1° a 120 do CP /Julio Fabbrini Mirabete, Rebato N. Fabbrini. = 25. Ed. Ver. E atual. Até 11 e março de 2009. -São Paulo : Atlas, 2009. Pagina: 128] 
Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “O tipo subjetivo abrange todos os aspectos subjetivos do tipo de conduta proibida que, concretamente, produzem o tipo objetivo. O tipo subjetivo é constituído de um elemento geral — dolo —, que, por vezes, é acompanhado de elementos especiais — intenções e tendências —, que são elementos acidental, conhecidos como elementos subjetivos especiais do injusto ou do tipo penal. “[footnoteRef:29] [29: BITENCOURT, Cezar Roberto Tratado de direito penal : parte geral 1 / Cezar Roberto Bitencourt. – 24. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2018. 1. Direito penal 2. Direito penal - Brasil I. Título. 17-1506 CDU 343(81). pagina: 520
] 
Deste modo compreendemos que, os elementos subjetivos têm origem na psique e no espírito do autor e manifestam-se como a vontade que rege a ação do autor. O elemento cognitivo ou intelectual que compõe o dolo é representado pela consciência ou previsão do agente em relação àquilo que pretende realizar (crime). O elemento cognitivo deve abranger todos os elementos que formam o tipo penal objetivo, porém, não se exige que a consciência da ilicitude esteja presente na previsão do agente. O elemento subjetivo especial do tipo pode ser considerado como uma característica subjetiva que integra ou então fundamenta o dolo, contudo, o elemento subjetivo especial do tipo não integra o dolo. O elemento subjetivo especial do tipo integra determinados tipos objetivos, condicionando ou fundamentando a ilicitude do fato, e é considerado um elemento subjetivo do tipo objetivo, de forma autônoma e independente do dolo. A realização do elemento subjetivo especial do tipo não é exigida pelo Direito Penal, sendo suficiente que exista no psiquismo do autor.
Jurisprudência: APELAÇÕES CRIMINAIS. ART. 14, CAPUT, DA LEI Nº 10.826/2003. ATIPICIDADE FORMAL POR AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO FEDERAL PARA LEGISLAR. PRELIMINAR AFASTADA. PROVAS DA MATERIALIDADE E DA AUTORIA. CRIME DE PERIGO ABSTRATO. TIPICIDADE. FALSA IDENTIDADE. ART. 307 DO CP. PROVAS DA AUTORIA E MATERIALIDADE. TIPICIDADE. CONDENAÇÃO MANTIDA. RECEPTAÇÃO. ART. 180 DO CP. DÚVIDA SOBRE O ELEMENTO SUBJETIVO. ABSOLVIÇÃO MANTIDA. FIXAÇÃO DA PENA. COMPENSAÇÃO DA CONFISSÃO COM A REINCIDÊNCIA. PENA DE MULTA. ISENÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. REDUÇÃO VIÁVEL. 1. A União Federal tem competência para legislar sobre Direito Penal e o STF, no julgamento da ADI nº 5010, reconheceu a competência, também, para legislar sobre matéria de interesse geral no âmbito da segurança pública (porte de arma, no caso). Não há falar em invasão de competências. Preliminar rejeitada. 2. O porte de arma e munições é crime de perigo abstrato e de mera conduta, mostrando-se prescindível a demonstração de perigo concreto. Precedentes. Na esteira do entendimento dos Tribunais, em especial o Supremo Tribunal Federal, não são inconstitucionais os crimes de perigo abstrato, a exemplo daqueles previstos na Lei 10.826/03, que teve sua constitucionalidade assentada na ADI 3.112/DF. 3. A partir das provas produzidas, levando-se em conta o relato fidedigno apresentado pelo policial que participou da prisão, não há dúvida de que o acusado portava a arma e as munições em desacordo com a norma legal e regulamentar. Negativa do réu isolada no contexto probatório. 4. A apreensão da arma de fogo com o acusado, no entanto, não se mostrou bastante, no caso concreto, para comprovar o elemento subjetivo da receptação, especificamente a ciência sobre a origem ilícita do armamento furtado. Na dúvida, deve ser mantida a absolvição. 5. A partir da prova produzida, não houve dúvida de que o acusado praticou o delito previsto no art. 307 do CP, ao atribuir-se falsa identidade, para esconder a condição de foragido. Trata-se de crime formal, que independe da obtenção de vantagem para sua consumação. Delito que se consumou e se mostrou apto a ludibriar os policiais, que somente descobriram a identidade verdadeira do réu ao consultar o sistema informatizado, não caracterizado, portanto, o crime impossível. 6. Compete ao Juízo da origem definir a pena adequada ao caso, comportando alteração, em grau de recurso, apenas em situações em que a modificação não for arrazoada, proporcional ou contrariar disposição legal ou preceito constitucional. Na hipótese dos autos, cabível, quanto ao delito de falsa identidade, a compensação da confissão com a reincidência. Precedentes. 7. A multa é preceito secundário do tipo do porte ilegal de arma de fogo, pelo qual o réu foi condenado, não havendo previsão legal para a isenção do pagamento. Contudo, comporta redução para guardar proporcionalidade com a pena privativa de liberdade fixada. APELAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NÃO PROVIDA. APELAÇÃO DA DEFESA PARCIALMENTE PROVIDA.(Apelação Criminal, Nº 70081459505, Quarta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Julio Cesar Finger, Julgado em: 28-05-2020). 
Observa-se que o TJRS julgou este caso levando em consideração o elemento subjetivo especial do tipo para caracterizar o ato e de fato penalizar o agente de modo correto. 
Questão. Assinale a opção correta a respeito do dolo. 
a) O estudo do tipo subjetivo dos crimes dolosos tem por objeto o dolo, elemento subjetivo geral, excluído nas hipóteses de erro de tipo, sendo as intenções, tendências ou atitudes pessoais elementos subjetivos especiais existentes em conjunto com o dolo em determinados delitos. (CERTA)
b) Considere que, durante a formação de uma tempestade, Lino tenha convencido Jorge a visitar determinada floresta na esperança de que um raio o atingisse de forma letal. Considere, ainda, que, de fato, Jorge tenha sido, na ocasião, atingido por um raio e falecido como consequência. Nesse caso, Lino deve responder pelo delito de homicídio na modalidade dolo eventual. 
c) Os elementos normativos do tipo legal doloso, como os conceitos jurídicos empregados pelo legislador, não devem ser apreendidos conforme o seu significado comum, segundo uma valoração paralela ao nível do leigo, e sim, no sentido da definição jurídica respectiva.
d) As teorias do consentimento, da indiferença e da vontade de evitação não comprovada adotam, em relação ao dolo eventual, critérios fundados na representação, sendo o dolo eventual definido na teoria da vontade de evitaçãonão comprovada como a atitude de aprovação do resultado típico previsto como possível, que deve agradar ao autor.
e) Suponha que, com intenção de fraudar o seguro que contratara, Mauro tenha instalado explosivos em embarcação de sua propriedade e detonado o dispositivo de explosão por meio de controle remoto antes de uma viagem programada. Suponha, ainda, que, em decorrência da explosão, a embarcação tenha sido destruída e a tripulação, morta. Nesse caso, com relação à conduta de Mauro, fica caracterizado o dolo de primeiro grau, ainda que as mortes não tenham sido por ele desejadas.
Graus de Dolo
Conforme as palavras de André Estefam: “O dolo, ademais, abrange não só o objetivo perseguido pelo sujeito (dolo de primeiro grau), mas também os meios escolhidos para a consecução desse fim e as consequências secundárias inerentemente ligadas aos meios escolhidos (dolo de segundo grau ou dolo de consequências secundárias). Se o agente, intentando matar um gêmeo siamês, efetua contra ele um disparo de arma de fogo letal e, como consequência secundária inerentemente ligada aos meios e ao fim pretendido, leva à morte o irmão, responde por dois homicídios a título de dolo direto (de primeiro grau em relação ao seu desafeto e de segundo grau no tocante ao seu irmão). Exemplo interessante de dolo de segundo grau nos é fornecido por Cezar Bitencourt. Imagine-se um terrorista que, objetivando matar um importante líder político, decida colocar uma bomba no automóvel oficial e, com a explosão, provoque a morte do político e do motorista. Haverá dolo direto com relação às duas mortes. A do líder político será imputada a título de dolo direto de primeiro grau e a do motorista, de segundo grau. Não se pode confundir o dolo direto de segundo grau com o dolo eventual. No dolo de segundo grau, as consequências secundárias são inerentes aos meios escolhidos. No exemplo acima, o emprego da bomba resultará, obrigatoriamente, na morte do líder político e de seu motorista. Já no dolo eventual, que se verifica quando alguém assume o risco de produzir determinado resultado (embora não o deseje), o resultado não é inerente ao meio escolhido; cuida-se de um evento que pode ou não ocorrer. Suponha-se, no exemplo mencionado, que, quando da explosão, uma motocicleta passava ao lado do automóvel oficial, provocando a morte do motociclista (nesse caso, haverá dolo eventual, pois o falecimento deste não era inerente ao meio escolhido).”[footnoteRef:30] [30: ESTEFAM, André ; Gonçalves, Victor Eduardo Rios Direito penal esquematizado® – parte geral / André Estefam; Victor Eduardo Rios Gonçalves. – Coleção esquematizado ® / coordenador Pedro Lenza - 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020. Páginas: 462-463] 
Deste modo compreendemos que, No dolo direto de 1º grau a conduta é orientada para atingir um ou vários resultados, previamente delimitados e pretendidos. Aqui, o agente sabe o que quer fazer, contra qual bem jurídico quer atingir e qual resultado delituoso ele pretende alcançar. Note que no dolo direto de 1º grau, o agente orienta seus atos executórios objetivando desde o primeiro momento alcançar um ou vários resultados que lhe foram previamente pretendido. Exemplo: ''A'' quer matar ''B'', para tanto, atira contra sua cabeça. Já no dolo direto de 2º grau (ou dolo de consequência necessária), o agente delituoso sabe, tem consciência de que para atingir um resultado previamente pretendido, ele acabará e precisará a atingir outros resultados delimitados, mas que não lhe era pretendido previamente. Observe que o dolo direto de 2º grau não tem existência autônoma, ele é sempre uma consequência do dolo direto de 1º grau. Em que pese ele não possuir o animus inicial de gerar tais efeitos, ele acaba aceitando a produção destas consequências necessárias como forma de atingir o objetivo previamente pretendido a título de dolo de 1º grau. Exemplo: ''A'' quer matar ''B'', que é motorista de ônibus. Para isso, corta os cabos de freio do veículo em que ''B'' viajará, deixando-os na iminência de se romperem. O dolo, quanto a ''B'', é direto de primeiro grau, e quanto aos demais passageiros que morrerão no acidente, é direto de segundo grau.
Ex: Escola é aqui constituído pelo agente que coloca uma bomba num avião como forma de, em pleno voo, matar um seu inimigo que nele viaja, mas plenamente consciente de que a explosão provocará, como vem a provocar, a morte dos restantes viajantes. A morte do inimigo ser –lhe –á imputada a título de dolo direto intencional ou de primeiro grau, a de todos os outros ocupantes, como consequência da explosão da bomba e da aeronave, a título de dolo direto necessário ou de segundo grau.
Jurisprudência: APELAÇÃO CRIME. RECEPTAÇÕES DOLOSAS, EM CONCURSO FORMAL. 1. O dolo, nesta espécie de delito, pode ser aferido pelas circunstâncias do fato e comportamento do acusado, até porque ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. 2. O regime carcerário é estabelecido em função da pena aplicada e da análise das circunstâncias judiciais. Nos seu três graus - aberto, semiaberto e fechado -, segue-se a gravidade do regime nessa ordem, quando a pena aplicada indica o menos grave e as circunstâncias judiciais, o mais grave. RECURSO DE UM DOS RÉUS PARCIALMENTE PROVIDO E DE OUTRO DESPROVIDO.(Apelação Crime, Nº 70044734226, Oitava Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Danúbio Edon Franco, Julgado em: 18-01-2012)
Observa-se que o TJRS julgou este caso levando em consideração os graus que foram analisado o tipo de dolo, para caracterizar o ato e de fato penalizar o agente de modo correto. 
Questão. (Prova: UEG – NÚCLEO – 2008 – PC-GO – Delegado de Polícia) - Sobre o dolo, é CORRETO afirmar:
a) o dolo direto de segundo grau compreende os meios de ação escolhidos para realizar o fim, incluindo os efeitos secundários representados como certos ou necessários, independentemente de serem esses efeitos ou resultados desejados ou indesejados pelo autor. (CERTA)
b) age com culpa consciente aquele químico que manipula fórmulas para produção de alimentos sem as devidas cautelas relativas à contaminação; no entanto, sabedor do perigo, continua a atuar e acaba, desse modo, causando lesão à saúde dos consumidores.
c) no dolo de primeiro grau, o agente busca indiretamente a realização do tipo legal.
d) o Código Penal pátrio, no artigo 18, inciso I, adotou somente a teoria da vontade.
TIPO CULPOSO
Conforme as palavras de Paulo César Busato: “A ideia de “violação de um dever de cuidado”, para Roxin, não é mais do que uma simples generalização dos critérios de imputação objetiva.136 Essa resolve e enfrenta o problema de modo mais claro, resolvendo problemas que critérios gerais e amplos como previsibilidade, possibilidade de reconhecimento, violação de dever de cuidado ou evitabilidade,137 não são capazes, de modo que “para a constatação do cumprimento de um tipo culposo não é necessário acudir a nada mais do que a teoria da imputação objetiva”.138 Portanto, no modelo de Roxin, como será visto adiante, a normatividade é absoluta, ou seja, não se fala em “elemento subjetivo” do tipo imprudente. Embora Roxin não mencione, essa circunstância é uma evidência de que a imprudência e dolo são instâncias normativas de valoração pertencentes à afirmação do ilícito, com nenhuma relação com o mero estabelecimento da tipicidade.”[footnoteRef:31] [31: BUSATO, Paulo César. Direito penal: parte geral – 2. ed. – São Paulo: Atlas, 2015. P 428. ] 
Conforme as palavras de Eugenio Raúl Zaffaroni: “Se a conduta não se concebe sem vontade, e a vontade não se concebe sem finalidade, a conduta que individualiza o tipo culposo terá uma finalidade, tal qual a que individualiza o tipo doloso [...]. O tipo culposo não individualiza a conduta pela finalidade, mas sim porque pela forma que se obtém essa finalidade se viola um dever de cuidado.”[footnoteRef:32] [32: ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Manual de derecho penal – Parte general, p. 427. ] 
Conforme as palavras de Rogério Greco: “Os crimes culposos, como vimos, são, em sua maioria, considerados

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