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alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO CRIME DOLOSO ................................................................................................................................ 2 CONCEITO ...................................................................................................................................... 2 TEORIA FINALISTA .................................................................................................................. 2 conceito ......................................................................................................................................... 2 teorias do dolo .................................................................................................................................. 2 teoria da representação ................................................................................................................. 3 TEORIA da vontade ..................................................................................................................... 3 teoria do consentimento ................................................................................................................ 3 espécies de dolo ................................................................................................................................ 3 dolo direto ..................................................................................................................................... 3 dolo indireto .................................................................................................................................. 4 dolo específico .............................................................................................................................. 6 dolo geral ou aberratio causae ..................................................................................................... 7 dolo de 2º grau .............................................................................................................................. 7 Exercícios ............................................................................................................................................. 8 Gabarito ............................................................................................................................................ 9 alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 z CRIME DOLOSO CONCEITO TEORIA FINALISTA Para teoria finalista adotada pelo Direito Penal brasileiro, o dolo integra a conduta, um dos elementos do fato típico. Para fins didáticos, o tema é abordado após o estudo da Teoria do Crime. CONCEITO É o crime em que o agente quer ou assume o risco de produzir o resultado lesivo. O art. 18, I, do Código Penal apresenta o conceito legal de crime doloso nos seguintes termos: Art. 18, I, do CP – “(...) doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.” TEORIAS DO DOLO TEMA DE APROFUNDAMENTO CRIME Fato típico Conduta Dolo Resultado Nexo de causalidade Tipicidade Ilicitude Culpabilidade alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 TEORIA DA REPRESENTAÇÃO Para a teoria da representação, o crime doloso exige, apenas, que o agente consiga prever o resultado lesivo, ou seja, pouco importa se tinha, ou não, a intenção de produzi-lo. Dada a definição apresentada pelo art. 18, I, do CP, percebe-se que tal teoria não foi adotada pelo Direito Penal brasileiro. OBS: O maior defeito da teoria da representação é não distinguir o dolo eventual da culpa consciente. TEORIA DA VONTADE A teoria da vontade, como o nome já induz, exige não só a previsão do resultado lesivo (representação), mas a intenção de produzi-lo. É a teoria adotada na primeira parte do art. 18, I, do Código Penal, no chamado dolo direto. TEORIA DO CONSENTIMENTO A teoria do consentimento, ou assentimento, afirma que há dolo, também, quando o agente assume o risco de produzir o resultado lesivo. É a teoria adotada na parte final do art. 18, I, do Código Penal, no chamado dolo indireto. ESPÉCIES DE DOLO DOLO DIRETO TEORIA DO DOLO Representação Vontade Consentimento alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 4 O dolo direto é aquele que ocorre quando o agente deseja obter o resultado lesivo, conforme aponta a teoria da vontade. SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A”, intencionalmente, subtrai o aparelho celular da bolsa “B” para, posteriormente, trocá-lo por drogas. Nesse caso, “A” age com dolo direito, já que sua vontade é dirigida à subtração do bem móvel alheio, praticando o crime de furto (CP, art. 155). DOLO INDIRETO O dolo indireto não decorre da vontade do agente em praticar a conduta, mas do fato de, prevendo sua produção, assumir o risco de causá-lo. O dolo indireto possui 02 (duas) espécies: DOLO ALTERNATIVO e DOLO EVENTUAL. O DOLO ALTERNATIVO ocorre quando o agente prevê mais de um resultado lesivo possível, ainda assim, assume o risco de produzir o mais grave dentre os resultados previsíveis. SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A, dirigindo, joga o carro contra seu desafeto “B”. Nesse caso, “A” tinha ciência de que poderia causar tanto lesões corporais, quanto a morte da vítima. Nesse sentido, responderá pelo resultado mais grave (morte) caso este venha a ocorrer no caso concreto. DÚVIDA: E se, no caso concreto, não houve morte, mas apenas lesão corporal, qual o crime praticado? O agente deverá responder pelo crime mais grave (homicídio) na modalidade tentada. O motivo é simples. Se o agente teve a vontade de praticar um crime mais grave, ainda que de forma alternativa, deverá responder por tal conduta, seja na modalidade consumada ou tentada. CRIME DOLOSO Dolo direto Dolo indireto Dolo alternativo Dolo eventual alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 5 Por outro lado, o DOLO EVENTUAL ocorre quando o agente não quer o resultado, mas aceita produzi-lo. SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A”, após praticar um assalto, atira para trás durante a fuga e acaba atingindo “B”, que estava no local. DÚVIDA: Todo crime doloso aceita o dolo indireto eventual? A resposta é NÃO. O art. 180, caput, do Código Penal prevê o crime de receptação simples nos seguintes termos: Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. A expressão “sabe” exige que o agente possua dolo direto de adquirir a coisa que é produto de crime. Por outro lado, a receptação qualificada, prevista no art. 180, §1º, do Código Penal tem a seguinte redação: Art. 180, § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. Na receptação qualificada, ao contrário, admite-se o dolo eventual, já que o tipo penal utiliza o termo “deve saber”, ou seja, o agente sabia da condição ilícita do produto ou, ao menos, deveria saber de tal procedência. DÚVIDA: A embriaguez na condução de automóvel gera presunção de dolo eventual em acidente de trânsito com resultado morte? A resposta é NÃO. Segundo o STJ (Info 623), a embriaguez do agente condutor do automóvel, sem o acréscimo de outras peculiaridades, não pode servir como presunção de que houve dolo eventual1. 1 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O simples fato do condutor do veículo estar embriagado não gera a presunçãode que tenha havido dolo eventuala. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 6 Nesse sentido, para se configurar o dolo eventual na embriaguez ao volante, são necessários outros elementos ao caso concreto. Por exemplo, o agente, além de bêbado, dirige na contramão e em alta velocidade. DOLO ESPECÍFICO Em regra, os tipos penais não exigem uma finalidade específica do agente, ou seja, basta que este pratique a conduta descrita na lei para que haja o crime. Nesse caso, diz-se que o tipo penal admite o chamado dolo genérico. Por outro lado, determinados tipos penais exigem um especial fim de agir do agente, o chamado dolo específico. Assim, o dolo específico ocorre quando o agente pratica a conduta descrita no tipo penal com um fim específico em seu agir. SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A”, funcionário público, assina seu ponto de forma britânica e que não corresponde a sua efetiva jornada de trabalho. DÚVIDA: Nesse caso, é possível afirmar que “A” praticou o crime de falsidade ideológica descrito no art. 299 do Código Penal? A resposta é DEPENDE. O art. 299 do Código Penal tem a seguinte redação: Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis, se o documento é particular. O crime de falsidade ideológica exige o dolo específico, ou seja, não basta omitir ou inserir a informação falsa, tal conduta deve ter a finalidade de (“com o fim de”) prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/9873eaad153c6c960616c89e54fe155a>. Acesso em: 04/05/2020 alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 7 Nesse sentido, se “A” preencheu sua folha de ponto de forma britânica, mas comparecia ao local de trabalho e cumpria sua jornada normalmente, ainda que em horário diverso do registrado, não há crime. DOLO GERAL OU ABERRATIO CAUSAE O dolo geral é conhecido como aberratio causae e ocorre quando o erro recai sobre o nexo causal. Dessa forma, o agente acredita que alcançou o resultado pretendido com sua conduta inicial, quando, na realidade, este é obtido a partir de outro nexo causal. SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A”, após atirar em “B”, atira seu corpo no rio. Posteriormente, o exame necroscópico aponta que “B” morreu afogado e não em decorrência dos tiros sofridos. No caso concreto, percebe-se que o tiro não foi a causa da morte (nexo causal), mas uma conduta posterior do agente, em momento que já acreditava ter alcançado o resultado. A conclusão é que não há exclusão do dolo, devendo o agente responder pelo resultado na modalidade dolosa. DOLO DE 2º GRAU O dolo de 2º grau ocorre quando, em razão do meio escolhido pelo agente para praticar um delito, há um efeito colateral certo ou necessário que, também, será considerado criminoso. SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A”, com o intuito de matar “B”, planta uma bomba na aeronave em que aquele iria viajar. No exemplo acima, a explosão da bomba acarretará na morte não só de “B”, mas de todos os passageiros a bordo da aeronave. Não há dúvidas de que “A” tinha consciência desse resultado colateral, mas, ainda assim, aceitou sua consumação. Nesse caso, “A” agiu com dolo de 2º grau em relação aos tripulantes e demais passageiros e com dolo de 1º grau em relação à vítima almejada, “B”. DOLO GENÉRICO Vontade DOLO ESPECÍFICO Vontade Com finalidade específica alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 8 EXERCÍCIOS 1. (SELECON/2019 – Prefeitura de Niterói/RJ – Guarda Civil) - Paul Polônio é motorista profissional e apreciador das corridas de alta velocidade. Conduzindo seu próprio automóvel, tem o hábito de reunir-se com amigos para realizar corridas ilícitas em vias públicas conhecidas como “rachas”. Em um desses eventos, uma das pessoas presentes vem a ser atingida pelo veículo conduzido por Paul, vindo a falecer. Nesse caso, aplicando-se a parte geral do Código Penal e adequada interpretação jurisprudencial, o crime ocorrido deve ser caracterizado como doloso: a) direto b) aberto c) presente d) negligente e) eventual 2. (CESPE – PC-PB) – Leandro, pretendendo causar a morte de José, o empurra do alto de uma escada, caindo a vítima desacordada. Supondo já ter alcançado o resultado desejado, Leandro pratica nova ação, dessa vez realiza disparo de arma de fogo contra José, pois, acreditando que ele já estaria morto, desejava simular um ato de assalto. Ocorre que somente na segunda ocasião Leandro obteve o que pretendia desde o início, já que, diferentemente do que pensara, José não estava morto quando foram efetuados os disparos. a) Crime preterdoloso b) Dolo eventual c) Dolo alternativo d) Dolo geral e) Dolo de 2º grau COMENTÁRIO DA QUESTÃO 01: A assertiva é a letra E. DOLO DE 2º GRAU Efeito colateral necessário alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 9 No enunciado, resta claro que Paul Polônio assumiu o risco de produzir um acidente de trânsito com a prática do racha. Nesse sentido, quando ao gente não quer o resultado, mas assume o risco de produzi-lo, tem se o dolo indireto na modalidade eventual. COMENTÁRIO DA QUESTÃO 02: A assertiva é a letra D. Nesse caso, o agente acreditou que havia alcançado o resultado com sua primeira conduta (empurrão na escada), quando, na realidade, ocorreu com a segunda (disparo de arma de fogo). Assim, o contexto fático apresentado aponta a existência da aberratio causae, também conhecida como dolo geral. GABARITO 1. E 2. D
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