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TEORIA DA EVOLUÇÃO E REFORÇO BAUM, W.M. Cap.4 TEORIA DA EVOLUÇÃO A história evolutiva (filogênese). Os genes dos indivíduos herdados foram selecionados ao longo de muitas gerações porque promoveram comportamentos que contribuíram para o sucesso na interação com o ambiente e na reprodução. HISTÓRIA EVOLUTIVA • A filogênese de uma espécie é entendida como uma série ou história de eventos no decorrer de um longo tempo. • Vejam só: “Por que as girafas têm pescoços compridos?” • A explicação sobre as girafas exige referência ao nascimento, vida e morte de um número incontável de girafas e de ancestrais de girafas no decorrer de muitos milhões de anos. • Darwin percebeu que a história do pescoço das girafas é mais do que uma sequência de mudanças; é uma história de seleção. Seleção Natural • Os indivíduos variam em uma população de organismos devido a dois fatores: * Fatores ambientais (ex. nutrição); * Herança genética. • Havia os ancestrais de giravam que moravam na Planície Serengeti e nesta época algumas girafas tinham pescoços mais curtos outros mais compridos. • Porém, à medida que o clima foi gradualmente se alterando, novos tipos de vegetação, mais altos, tornaram-se mais frequentes. • Com isso, os ancestrais que tinham pescoços mais compridos eram capazes de comer um pouco mais do que a média. E desta forma, se tornavam mais saudáveis e mais resistentes a doenças e mais ágeis para fugir de predadores em média. • Como consequência disso, as girafas de pescoço longo, deixaram mais descendentes que, por sua vez, tiveram em média maior probabilidade de sobreviver e de deixar mais descendentes. • Como os pescoços mais longos se tornaram frequentes, novas combinações genéticas ocorreram, resultando em descendentes de pescoço ainda mais longo que o das girafas anteriores, e que saiam ainda melhor. Na medida em que as girafas de pescoço comprido continuavam a se reproduzir em maior número que as de pescoço curto, o comprimento médio do pescoço de toda a população aumentou. Interessante... • Para ocorrer o processo de seleção desse tipo é necessário três condições: * Primeiro, qualquer que seja o fator ambiental que torne vantajoso ter um pescoço mais comprido (a alteração da vegetação), ele deve estar presente. * Segundo, a variação no comprimento do pescoço deve refletir, pelo menos em parte, a variação genética. Indivíduos com pescoço mais comprido devem ter mais probabilidade de deixar descendentes de comprido do que de pescoço curto. * Terceiro, deve haver competição. Os descendentes bem sucedidos irão sobreviver, na geração seguinte, produzindo sua própria descendência. • Estes três fatores incorporados fazem parte da aptidão. A aptidão de uma variação genética (um genótipo) é sua tendência a um aumento quantitativo, de uma geração à outra, em relação aos outros genótipos da população. Qualquer genótipo, até mesmo de pescoço curto, poderia se sair bem desde que estivesse isolado, mas em competição com outros poderá apresentar baixa aptidão. Quanto maior aptidão de um genótipo, maior será a tendência de tal genótipo predomine no decorrer das gerações. • Quando o genótipo médio numa população alcança a aptidão máxima, a distribuição de genótipos na população se estabiliza. • Com a curva de aptidão passa por um valor máximo, a seleção trabalhará contra os desvios desse valor máximo (a média da população) em ambas as direções. • O próprio Darwin, e muitos biólogos desde então, reconheceram que o comportamento exerce um papel central na evolução. • Logo, as girafas tem pescoços compridos porque se alimentam. As tartarugas possuem cascos porque, ao se encapsularem dentro deles, protegem-se. A reprodução, chave de todo processo, não pode ocorrer sem comportamentos tais como cortejar, acasalar-se e cuidar da prole. • Os indivíduos que se comportam mais eficientemente tem maior aptidão. A aptidão de um genótipo depende de sua capacidade de gerar indivíduos que se comportam melhor do que outros. Reflexos • Os reflexos são produto da seleção natural. Invariavelmente eles estão envolvidos na manutenção da saúde e na promoção da sobrevivência e da reprodução. Exemplos: espirrar, piscar, tremer, liberar adrenalina frente a um perigo, excitar-se sexualmente. Os indivíduos nos quais esses reflexos eram fortes tinham maior probabilidade de sobreviver e de se reproduzir do que indivíduos nos quais eles eram fracos ou inexistentes. Padrões Fixos de Ação • Padrões mais complexos de comportamento também podem fazer parte de relações fixas com eventos ambientais e ser característico da espécie. • Ex.: Em espécies de pássaros, os filhotes abrem ao máximo suas bocas, e o pai (ou mãe) coloca ali a comida. • Tal reação comportamental complexa é conhecida como padrões fixos de ação. • Os eventos ambientais que disparam esses padrões são conhecidos como estímulos-sinal ou liberadores – a chegada do pássaro pai, as batidas no bico, a boca bem aberta. Tal como os reflexos, essas reações comportamentais podem ser vistas como importantes para a aptidão e, por essa razão, como produtos de uma história de seleção natural. • Reflexos e padrões fixos de ação são reações que aumentam a aptidão por estarem imediatamente disponíveis no momento necessário. • Ex: quando uma sombra de um falcão passa sobrevoando, o filhote de codorna se encolhe como estivesse congelado. Se essa reação dependesse de experiência, poucos filhotes de codorna sobreviveriam para se reproduzir. • Logo, genótipos que exigissem que tais padrões fossem aprendidos a partir do zero seriam menos aptos do que genótipos que já trouxessem a forma básica incorporada. • Os reflexos e padrões fixos de ação que vemos hoje foram selecionados pelo ambiente passado. • O nosso comportamento humano além de termos muitos reflexos e padrões fixos de ação, como por exemplo, movimento de sobrancelha que ocorre quando cumprimentamos uma pessoa; temos também muitos dos comportamentos apreendidos, ou seja, que dependem da aprendizagem. Condicionamento Respondente • Condicionamento Repondente é entendido como um processo pelo qual um estímulo neutro adquire a capacidade de produzir uma resposta por si mesma, à medida que os emparelhamentos, ou associações, estímulos condicionados aumentam. S R condicionada • Um tipo simples de aprendizagem que ocorre com os reflexos e padrões fixos de ação é o condicionamento clássico ou respondente. Exemplo dos experimentos de Pavlov. P.74 (Baum). • O mesmo condicionamento que governa reações reflexas simples também governa os padrões fixos de ação. RECAPITULANDO...Experimento... PAVLOV Primeiro momento: SOM (estímulo neutro) – não elicia salivação. Carne na boca do cachorro (estímulo incondicionado). Carne na boca do cachorro – Salivação (Resposta incondicionada - espontânea). Segundo momento: Em seguida o som (estímulo neutro) é apresentado simultaneamente antes da comida (estímulo incondicionado). Os dois estímulos são apresentados desta maneira várias vezes. Som – Salivação Houve o condicionamento, pois o som é estímulo condicionado. E a salivação é Resposta condicionada. LEMBRE-SE....ANOTE! O condicionamento respondente (clássico ou pavloviano) tem classes de comportamento, tais como: - Não aprendido/ Reflexos:natureza fisiológica e valor sobrevivência. - Aprendido. Seleção Natural e seus resultados • 1) Que os eventos importantes para a aptidão, tais como alimento, um parceiro sexual ou um predador produzam invariavelmente reações comportamentais, tanto reflexos simples quanto padrões fixos de ação. • 2)Pode assegurar a susceptibilidade da espécie ao condicionamento respondente. • Logo, esses eventos filogeneticamente importantes costumam ser importantes, pois induzem a reações comportamentais para todos os membros da espécie. Reforçadores e Punidores • As consequências tendem a modelar o comportamento, e isso serve de base para um segundo tipo de aprendizagem, a aprendizagem ou condicionamento operante. • Eventos filogeneticamente importantes, quando são consequências de comportamento, são chamados de reforçadores e punidores. • Eventos que durante a filogênese, aumentaram a aptidão por estarem presentes são chamados de reforçadores, porque tendem a fortalecer o comportamento que os produz. Ex. Se alimento e abrigo puderem ser obtidos através do trabalho, então eu trabalho. • Os eventos que aumentaram a aptidão durante a filogênese por estarem ausentes são chamados de punidores porque tendem a suprimir (punir) o comportamento que os produz. Ex: dor, o frio e a doença. Se eu faço um agrado em um cão e ele morde, será menos provável que eu acaricie novamente. • Essas mudanças no comportamento por causa de suas consequências são exemplos de aprendizagem operante. Observações complementares • Segundo a lei do efeito/Thorndike afirma que: “os resultados bem sucedidos no passado, ou efeitos do comportamento, deveriam ter influência importante na determinação das tendências comportamentais presentes do animal”. Toda vez que somos bem sucedidos, tendemos a repetir o comportamento que resulta em sucesso. • O estímulo é considerado reforçador quando toda e qualquer consequência que seguindo uma resposta, aumente sua probabilidade de ocorrer (aumenta a frequência ou mantêm). • A punição é entendida como o enfraquecimento de uma resposta que seja seguido de estímulos aversivos (tal comportamento vem a enfraquecer a resposta temporariamente). • Cuidado: Punição não é o oposto de reforçamento positivo. Ela não elimina comportamento, apenas o enfraquece. Aprendizagem operante • Enquanto o condicionamento respondente ocorre como resultado da relação entre dois estímulos – um evento filogeneticamente importante e um sinal – a aprendizagem operante ocorre como resultado de uma relação entre comportamento e consequência: positiva ou negativa. • Exemplo, se você caça ou trabalha para comer, esse comportamento tende a produzir o alimento ou torná-la mais provável. Trata-se de uma relação positiva entre consequência (alimento) e ação (caçar ou trabalhar). Agora se Lurdinha é alérgica a amendoim, ela verifica os ingredientes de alimentos industrializados antes de comprá-los, para se certificar de que não há amendoim ou óleo de amendoim em sua composição, e não passar mal. Trata-se de uma relação negativa; a ação (verificar os ingredientes) evita a consequência (doença) ou a tornar menos provável. • Com dois tipos de relação ação-consequência (positiva e negativa) e dois tipos de consequência (reforçadores e punidores), temos quatro tipos de relação que podem dar origem à aprendizagem operante. • Ex : A relação entre escovar os dentes e desenvolver cáries é um exemplo de reforço negativo: reforço porque a relação tende a manter a escovação dos dentes (a ação), e negativo porque escovar torna a cárie (punidor) menos provável. • Lembrando, consequência positiva é a relação positiva entre consequência e ação. Na consequência negativa ou reforçamento negativo existe uma operação que remove...uma ação de retirar...são estímulos que são aversivos, fortalecendo assim a resposta que teve sucesso na remoção. • O fato de um estímulo se tornar ou se manter reforçador ou punidor condicional vai depender de sinalizar um reforçador ou um punidor incondicional. O dinheiro se mantém como reforçador enquanto sinaliza a obtenção de alimento e de outros reforçadores incondicionais. • De maneira geral, o comportamento, com frequência, tem consequências mistas. • No caso, comparecer ao trabalho propicia tanto receber a remuneração (reforço positivo), evitar as aporrinhações (reforço negativo), propiciar alguns feriados (reforço positivo). Fatores Biológicos • A filogênese nos deixou uma fisiologia que, de várias formas, tanto ajuda como obstrui a ação do reforço e da punição. Os analistas de comportamento consideram três tipos de influência fisiológica. • 1) Nenhum reforçador funciona como reforçador o tempo todo. Por mais poderoso que seja o reforçador, ainda é possível a saturação. Se você passou um certo tempo sem o reforçador, é provável que ele se mostre poderoso; isso é privação. Se recentemente você recebeu muito desse reforçador, é provável que ele se mostre fraco; isso é saciação. • 2) Segundo, é possível que venhamos ao mundo fisiologicamente preparados para determinados tipos de condicionamento respondente.Mesmo alguns reforçadores e punidores aparentemente incondicionais parecem depender um pouco de experiência. E por outro lado, alguns reforçadores e punidores, aparentemente condicionais, são facilmente adquiridos, tão facilmente que mal parecem condicionais. • Ex.; muitas crianças manusearão cobras com facilidade e sem demonstrar medo, mas mostram uma sensibilidade especial para qualquer sugestão de que cobras devam ser temidas. • Os seres humanos parecem ser especialmente sensíveis, também, a sinais de aprovação e desaprovação dos outros. Alguns desses sinais, como o sorriso e o franzir de sobrancelhas, são universais; outros variam de uma cultura para outra. • É provável que nossa história de seleção tenha favorecido tanto a sensibilidade a “dicas” incondicionais como o sorriso e a carranca quanto a capacidade de aprender quaisquer “dicas” condicionais com facilidade. • A terceira influência fisiológica é a preparação do caminho para certos tipos de aprendizagem operante. • Nossa espécie também é predisposta a se comportar de determinadas maneiras e a aprender certas habilidades. As crianças vêm ao mundo com uma especial susceptibilidade para sons de fala, e começam a balbuciar com pouca idade. Virtualmente todas as crianças, sem instrução especial, acabam falando a língua que ouvem ao seu redor por volta dos dois anos de idade. O falar é aprendido por causa de suas consequências, pelos efeitos que tem sobre outras pessoas, que fornecem reforço e punição.
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