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Quando a Linguagem é Argumento

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QUANDO A LINGUAGEM É ARGUMENTO
Capítulo XII, Livro Argumentação Jurídica: 
técnicas de persuasão e lógica informal. 
Víctor Gabriel Rodriguez. Martins Fontes (2005)
Os oito tópicos tratados + conclusão:
Predisposição à argumentação.
Palavra.
Conteúdo e forma.
A linguagem adequada.
O discurso jurídico.
Linguagem técnica x jargão.
Competência linguística e linguagem corrente.
Expressões latinas e brocardos jurídicos
9.Conclusão.
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1. Predisposição à argumentação
	Perelman: “ouvir alguém é mostrar-se disposto a aceitar-lhe eventualmente o ponto de vista”. 
	Alcançar bons níveis de atenção do interlocutor, nem sempre, é tarefa fácil.
	Algumas técnicas recomendadas pelo autor: 
	Quanto ao orador: roupa apresentável, gestos firmes, entonação de voz pertinente, simulação de um esquecimento, dentre outras.
	Texto escrito: impressão limpa, fontes que permitam a leitura mais cômoda, subtítulos que mostrem ao leitor o que será tratado.
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1. Predisposição à argumentação
O bom uso da linguagem é um dos modos mais eficientes de chamar a atenção do leitor.
Quando alguém se coloca para ouvir determinada argumentação, repara primeiro na forma e, depois, no conteúdo (no belo).
O belo é da natureza, mas apenas o ser humano o reproduz intencionalmente.
A linguagem transforma-se em ARGUMENTO, na medida em que se importa muito mais com a persuasão e com a adesão do leitor, do que com a transmissão dos discursos. 
Daí dizer que existe um argumento linguístico.
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2. Palavra
Plantin: “todo discurso tem um fundo cognitivo, ou seja, de exercer um pensamento justo, de revelar informações, noções a respeito da realidade”.
Todos os nossos pensamentos são exercidos por palavras. 
Quando um leigo em Direito aprende o que é uma NULIDADE, passa a articular raciocínios por esse conceito novo que aprendeu.
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2. Palavra
Othon Garcia cita pesquisa realizada nos EE.UU., em que foi testado o vocabulário de 100 alunos de determinado curso. Cinco anos depois, a pesquisa mostrou que os 10% que haviam revelado maior conhecimento vocabular, ocupavam cargos de direção. 
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2. Palavra
O domínio de vasto vocabulário é FATOR DIFERENCIAL.
O BOM VOCABULÁRIO FAZ PRESUMIR BOM CONHECIMENTO E É NESSE SENTIDO QUE ELE SE TRANSFORMA EM ARGUMENTO.
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3. Conteúdo e forma
O argumento de competência linguística é aquele em que CONTEÚDO e FORMA misturam-se para levar à persuasão.
Os operadores do Direito estão acostumados a valorizar a forma.
O autor cita discurso de Rui Barbosa, proferido na Câmara dos Deputados, em 1880.
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3. Conteúdo e forma
Resumindo o discurso de Rui Barbosa:
	Inicia seu discurso procurando angariar a simpatia de seu auditório.
Dispensa a forma, porque ela não pertenceria ao contexto político, mas percebe-se que é pela FORMA (linguística) que seu discurso se realça:
	- a seleção de palavras.
	- as hipérboles (a mais unânime unanimidade).
	- as imagens frequentes.
	- as citações 
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3. Conteúdo e forma
	Conteúdo e Forma caminham juntos:
	“A argumentação contundente não é apenas aquela que constroi bons raciocínios, mas também que os externaliza, enuncia-os de modo eficiente.” 
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4. A linguagem adequada
Todo nosso raciocínio é exteriorizado por palavras e, nelas, qualquer investimento é bem recompensado.
História dos pneus citada por Rodriguez.
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4. A linguagem adequada
No discurso jurídico, os operadores precisam selecionar as palavras adequadas para exteriorizar suas ideias.
O trabalho de SELEÇÃO VOCABULAR é tarefa super importante ao discursante.
As boas palavras são as que revelam competência e atingirão o interlocutor quanto mais próximas forem de sua compreensão.
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4. A linguagem adequada
Rodriguez apresenta 4 questões de vestibular, supostamente para uma universidade do crime (p. 5).
Essas questões satirizam a gíria da periferia paulistana
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4. A linguagem adequada
O vocabulário varia, dependendo de quem se pretende atingir.
No contexto jurídico, predomina a LINGUAGEM CULTA.
 Ela é a única que tem valor como argumento de competência linguística.
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5. O discurso jurídico
A linguagem técnica tem valido ouro nesta sociedade de informação.
Desconfia-se do médico que não utiliza o vocabulário apropriado.
Desconfia-se do economista que não utiliza o vocabulário apropriado.
Desconfia-se do jurista que não utiliza da linguagem específica. 
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5. O discurso jurídico
Cuidado!
	Não confundir a boa linguagem jurídica com a utilização de exagerados JARGÕES JURÍDICOS.
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6. Linguagem técnica & jargão
JARGÃO = gíria profissional. Exemplo de jargão jurídico (p.226).
Na p. 227, o autor mostra que algumas substituições de linguagem deixariam o discurso mais claro.
A linguagem jurídica, como argumento, presume a linguagem técnica e não o jargão. Exemplo (p. 227).
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6. Linguagem técnica & jargão
A linguagem técnica é carregada de sentido científico, de conceitos e isso a autoriza a diferenciar-se, na argumentação, da linguagem corrente.
Ampla defesa ≠ defesa ampla. A primeira, é uma expressão técnica
O discurso, recheado de jargões, torna-se chato, pouco coeso e, pior, nada técnico. 
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7. Competência linguística e linguagem corrente
É comum na linguagem jurídica, o uso dos preciosismos (linguagem rebuscada que assume ares de culta mas não o é).
Quem abusa das palavras difíceis, quase sempre, quebra a coerência do discurso.
No Direito, competência linguística significa linguagem precisa, direta, culta e clara.
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8. CARGA SEMÂNTICA
A cada palavra, é acoplada uma ideia, um significado. 
A palavra (vocábulo) ligada ao seu significado, denomina-se termo.
A carga de significado de cada termo tem 
	sua importância argumentativa, da qual o discursante não pode descuidar.
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8. CARGA SEMÂNTICA
Exemplo do autor (p. 232).
Flexibilização e aumento têm o mesmo significado?
Outro exemplo:
	- O defensor diz que seu cliente transgrediu a lei.
	- O promotor diz que o réu assassinou.
A carga de significado de cada uma das expressões acompanha seu contexto argumentativo.
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9. Expressões latinas e brocardos jurídicos
É usual se encontrar, em peças e sentenças, expressões latinas que nada acrescentam a seu equivalente em português, apenas tornando a linguagem difícil de entendimento.
Como argumentação, as expressões latinas podem ter duas funções: 1) como demonstração de competência linguística; 2) revelar que determinado princípio é tão antigo e amplamente aceito que deve ser interpretado como senso comum. 
Bem encaixadas no contexto do discurso, são extremamente persuasivas. Ao contrário, parecerão pedantes.
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10. CONCLUSÃO
Toda cultura, todo vocabulário, toda correção gramatical, todo cuidado na montagem de frases e parágrafos representam um meio de persuasão.
Conhecer a linguagem e aperfeiçoá-la é tarefa para a vida.
A boa linguagem sempre é argumento.

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