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Trabalho Regime de Comunhao Universal de Bens

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MARA LUCIA MERLINI SUTIL
 TRABALHO DE DIREITO DE FAMILIA
Regime de Comunhão Universal de Bens
TOLEDO, PR.
2017
REGIME DE BENS
O regime de bens deve ser escolhido quando os noivos fazem o pedido da habilitação do casamento. O regime de bens no casamento faz parte do Título II do livro IV do Código Civil, destinando o direito patrimonial no direito de família, e abrangendo os regimes de bens, o pacto antenupcial, o usufruto e a administração dos bens de filhos menores, os alimentos e o bem de família. O regime de bens é o conjunto de regras que os noivos devem escolher antes da celebração do casamento, para definir juridicamente como os bens do casal serão administrados durante o casamento.
REGIME DE COMUNHAO UNIVERSAL DE BENS
Historicamente o mais conhecido, atualmente pouco escolhido. O Código Civil de 1916 impôs ao casamento a eternidade como condição e o divórcio nem sequer tinha previsão em nosso ordenamento jurídico. Por isso o regime mais adotado era sem dúvidas o da comunhão universal de bens, além de ser historicamente o mais conhecido. Antes da lei do divórcio, criada em 26 de dezembro de 1977 (Lei nº 6.515/77), o regime da comunhão universal de bens era aplicado automaticamente caso os interessados não se manifestassem sobre qual regime de bens desejassem ao casar. Tal observação é importante para que se possa entender o motivo pelo qual todas as pessoas casadas pelo regime de comunhão universal antes de 26 de dezembro de 1977 não precisaram de pacto antenupcial para tornar válido o referido regime.
Somente em 1977, com a Lei do Divórcio, foi que a questão patrimonial passou a ser pensada de uma forma um pouco mais crítica,
 A comunhão universal é um dos regimes de bens que podem ser adotados quando duas pessoas decidem se casar oficialmente no civil. Ela traz vantagens e desvantagens e, antes de adotá-la, é preciso entender como funciona.
Todos os bens atuais e futuros de ambos os cônjuges serão comuns ao casal. Conforme descreve o Art. 1.667. O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte.
Quem adota a comunhão universal deve saber que todos os bens, adquiridos antes ou depois do casamento, serão comuns ao casal. Não importa a natureza, sejam móveis ou imóveis, direitos ou ações, apreciáveis ou não economicamente, passam a formar um único acervo, um patrimônio comum, que se torna individual até a dissolução da sociedade conjugal. Os bens que o cônjuge leva para o matrimônio se fundem com os trazidos pelo outro cônjuge, formando uma única massa.
Portanto, ao nos depararmos com o regime da comunhão universal de bens, estaremos diante de duas massas patrimoniais que se uniram e viraram uma só com o casamento, em que cada um dos cônjuges torna-se meeiro do outro.
O Superior Tribunal de Justiça tem decidido que “integram a comunhão as verbas indenizatórias trabalhistas correspondentes a direitos adquiridos durante o matrimônio sob o regime da comunhão universal”. Essa teoria, aduz, “é confirmada no novo regime do Código Civil de 2002, em que, assim como nas sociedades em geral, na sociedade conjugal os cônjuges têm liberdade de confiar a qualquer deles a respectiva administração (art. 1.663, caput, c/c o art. 1.670)”, existindo ainda várias outras afinidades.
Há situações em que os bens não são divididos igualmente entre os parceiros. No entanto, como quase tudo no Direito, existem exceções. Os bens incomunicáveis, no regime da comunhão universal, estão relacionados nos artigos 1668 e 1659, incisos V a VII , São elas:
Doação ou herança com cláusula de incomunicabilidade
Quando um dos cônjuges recebe algum valor por meio de doação ou herança com cláusula de incomunicabilidade, esses bens não podem ser divididos e nem transferidos a outra pessoa – mesmo em caso de comunhão universal de bens.
Não só são excluídos os bens doados em vida, os deixados em testamento, com cláusula de incomunicabilidade, como também os sub-rogados em seu lugar, ou seja, os que substituírem os bens incomunicáveis. Assim, se o dono de um terreno recebido em doação com cláusula de incomunicabilidade resolver vendê-lo para, com o produto da venda, adquirir outro, com localização que melhor atende aos seus interesses, este se sub-rogará no lugar do primeiro e será também incomunicável. 
A incomunicabilidade não acarreta a inalienabilidade do bem, mas esta produz, de pleno direito, a impenhorabilidade e a incomunicabilidade (CC, art. 1.911). Isso porque quem se casa — e do casamento resulta a comunicação da metade do bem — de certa forma está alienando. E a penhora é realizada para a venda do bem em hasta pública. 
Dispõe a Súmula 49 do Supremo Tribunal Federal: “A cláusula de inalienabilidade inclui a incomunicabilidade dos bens”. Embora omissa a lei, não se comunicam também os bens doados com a cláusula de reversão (CC, art. 547), ou seja, com a condição de, morto o donatário antes do doador, o bem doado voltar ao patrimônio deste, não se comunicando ao cônjuge do falecido.
Bens com fideicomisso
O fideicomisso é quando há, registrado em testamento, herdeiros de modo sucessivo. Ou seja, um herdeiro é herdeiro do outro. Fideicomisso é espécie de substituição testamentária, na qual existem dois beneficiários sucessivos. Os bens permanecem durante certo tempo, ou sob certa condição, fixados pelo testador, em poder do fiduciário, passando depois ao substituto ou fideicomissário.
Para que possa cumprir a obrigação imposta pelo testador, os bens não se comunicam ao cônjuge do fiduciário. Embora o último seja titular do domínio, o seu direito é resolúvel. O fideicomissário, por sua vez, possui um direito eventual. A aquisição do domínio depende da morte do fiduciário, do decurso do tempo fixado pelo testador ou do implemento da condição resolutiva por ele imposta. O seu direito também não se comunica, por razões de segurança, nas relações sociais. 
Haverá comunicação de bens, portanto, se, com o advento da condição, os bens passarem para o patrimônio do fideicomissário, ou se a propriedade se consolidar nas mãos do fiduciário, em virtude da pré-morte daquele. A hipótese prevista no inciso em apreço é de pouca aplicação prática, pela raridade do fideicomisso, especialmente depois da restrição a ele imposta no Código de 2002.
Dívidas anteriores, sem proveito comum
Dívidas feitas antes do casamento que não tenham sido realizadas para beneficiar os dois parceiros não estão incluídas na comunhão universal de bens. Portanto, a responsabilidade de quitá-la será apenas da pessoa que criou a dívida.
Somente o devedor responde pelas dívidas anteriores ao casamento, com seus bens particulares ou com os bens que trouxe para a comunhão. A lei, entretanto, abre duas exceções:
a) comunicam-se as dívidas contraídas com os aprestos ou preparativos do casamento, como enxoval, aquisição de móveis etc.;
 b) e também as que reverterem em proveito comum, como as decorrentes da aquisição de imóvel que servirá de residência do casal e dos móveis que a guarnecem, ainda que contraídas em nome de um só dos cônjuges.
Pelas dívidas que não se comunicam será demandado o devedor e, se na sua liquidação forem alcançados os bens comuns, o valor deverá imputar-se na meação do responsável e ser excluído da do outro.
Doação entre cônjuges com cláusula de incomunicabilidade
Essa é outra forma de proteger os bens, garantindo que não serão passados para outra pessoa após o divórcio. Por mais estranho que pareça, é possível fazer doações ao cônjuge durante o casamento. Essas doações só podem ser feitas quando envolverem os bens excluídos da comunhão (CC, arts. 544 e 1.668). A cláusula de incomunicabilidade garante que o valor recebido não será compartilhado com terceiros.
São vedadas também as doações que envolvam fraude ao regime de separação obrigatória. Alerta-se sobre a necessidade de se verificar se a doação antenupcial não está sendo realizadaem fraude à execução (CPC, art. 593) ou em fraude contra credores (CC, art. 158). Se a liberalidade reduzir o devedor à insolvência, poderá ser anulada por meio da ação pauliana, ou declarada ineficaz, se, quando efetivada, corria demanda contra o devedor.
Bens de uso pessoal
Objetos com valor sentimental e de uso pessoal, como o secador pelo qual você pagou caro, suas maquiagens, sua caixa de ferramentas e seu CDs não estão incluídos na comunhão universal de bens. Por terem caráter pessoal, são incomunicáveis. Presume a lei que os bens de uso pessoal foram adquiridos com recursos do próprio cônjuge, inclusive as joias. Todavia, se representarem investimento do casal, passam a se comunicar, pertencendo a metade a cada um no momento da dissolução do casamento.
Os Proventos de Uso Pessoal de cada Cônjuge
A expressão “proventos” não é empregada em seu sentido técnico, mas genérico, abrangendo vencimentos, salários e quaisquer formas de remuneração. Deve-se entender, na hipótese, que não se comunica somente o direito aos aludidos proventos. No entanto, que a exclusão não se estende aos frutos dos referidos bens que venham a ser percebidos, ou vencidos, na constância do casamento.
As pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
O que não se comunica é somente o direito ao percebimento desses benefícios.
Cumpre salientar que a incomunicabilidade dos bens não se estende aos frutos deste (Código Civil, art. 1.669). Importante ressaltar que, como a regra da comunhão universal de bens é a da unificação dos patrimônios, os bens mencionados acima são excluídos somente porque há previsão legal, não sendo possível presumir que outros tipos de bens permaneçam sendo individuais quando a própria legislação traz, especificamente, as únicas exceções possíveis.
Assim, embora certos bens sejam incomunicáveis (art. 1.668), os seus rendimentos se comunicam. A disposição está em harmonia com o princípio de que, no regime da comunhão universal, a comunicabilidade é a regra.
A administração dos bens comuns compete ao casal (sistema da cogestão), e a dos particulares, ao cônjuge proprietário, salvo convenção diversa em pacto antenupcial (arts. 1.670, 1.663 e 1.665).
Por fim, dispõe o art. 1.671 do Código Civil que, “extinta a comunhão, e efetuada a divisão do ativo e do passivo, cessará a responsabilidade de cada um dos cônjuges para com os credores do outro”.
A sociedade conjugal termina, segundo estatui o art. 1.571, caput e § 1º, do Código Civil, pela morte de um dos cônjuges, pela nulidade ou anulação do casamento, pela separação judicial (suprimida pela EC n. 66/2010), pelo divórcio e pela morte presumida do ausente, quando presentes os requisitos para a abertura da sucessão definitiva. Não havendo mais comunhão, “a responsabilidade pelas dívidas se torna pessoal, por ela só respondendo o cônjuge que a contraiu”. (Carlos Roberto Gonçalves, 2012, Pag. 410 a 415. e Gediel Claudino de Araujo Junior, Pag. 53, 2016). Foi tirado dos dois livros ao mesmo tempo o que faltava de um complementei com o outro.
ALGUNS JULGADOS ENCONTRADOS NA JURISPRUDÊNCIA:
APELAÇÃO E AGRAVO RETIDO. FAMÍLIA. SEPARAÇÃO JUDICIAL. REGIME DE COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS. PARTILHA. 1. Não configura cerceamento de defesa o indeferimento de prova testemunhal que se mostra desnecessária ao desate da lide. 2. Casamento realizado sob o Regime da Comunhão Universal. Artigos 1.667 e art. 1.668 do Código Civil. Imóvel adquirido a título oneroso pelo varão, antes do casamento. Hipótese de comunicabilidade, diante do regime de bens adotado. Inclusão de dívidas contraída durante a união. AGRAVO RETIDO DESPROVIDO, APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. (Apelação Cível Nº 70063521611, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Julgado em 25/03/2015).
 (TJ-RS - AC: 70063521611 RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Data de Julgamento: 25/03/2015, Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 31/03/2015).
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE PARTILHA. BENS ADQUIRIDOS POR HERANÇA. REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS. COMUNICABILIDADE. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. 1. No regime da comunhão universal de bens sob a égide do Código Civil de 1916, o acervo patrimonial recebido por herança, desde que não gravado com cláusula de incomunicabilidade, compõe a meação de cada cônjuge. 2. Considerando que o óbito do genitor da apelada se deu durante a constância do casamento, irrelevante o fato de eventual partilha haver sido ultimada quando já separados de fato, razão pela qual a herança recebida deve integrar o acervo patrimonial do casal e, por consequência, a meação de cada um, para fins de partilha.
(TJ-MG - AC: 10461010021743001 MG, Relator: Bitencourt Marcondes, Data de Julgamento: 30/01/2014, Câmaras Cíveis / 8ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 10/02/2014).
O Superior Tribunal de Justiça tem decidido que “integram a comunhão as verbas indenizatórias trabalhistas correspondentes a direitos adquiridos durante o matrimônio sob o regime da comunhão universal”. Essa teoria, aduz, “é confirmada no novo regime do Código Civil de 2002, em que, assim como nas sociedades em geral, na sociedade conjugal os cônjuges têm liberdade de confiar a qualquer deles a respectiva administração (art. 1.663, caput, c/c o art. 1.670)”, existindo ainda várias outras afinidades.
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL: AgRg no REsp 1100247 SP 2008/0233517-8 PUBLICADO POR SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ; EMENTA PARA CITAÇÃO; PROCESSO; AGRG NO RESP 1100247 SP 2008/0233517-8; ORGÃO JULGADORT4 - QUARTA TURMA; PUBLICAÇÃO DJE 12/04/2013 JULGAMENTO 2 DE ABRIL DE 2013;RELATOR MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO; EMENTA: DIREITO DE FAMÍLIA E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. REGIME DACOMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS. INTEGRAM A COMUNHÃO AS VERBAS INDENIZATÓRIAS TRABALHISTAS, CORRESPONDENTES A DIREITOS ADQUIRIDOSDURANTE O MATRIMÔNIO SOB O REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL.ENTENDIMENTO PACIFICADO NO ÂMBITO DO STJ.
1. Com o julgamento dos EREsp 421.801-RS, ficou pacificado no STJ que "Integra a comunhão a indenização trabalhista correspondente a direitos adquiridos durante o tempo de casamento sob o regime de comunhão universal". (EREsp 421801/RS, Rel. Ministro HUMBERTO GOMESDE BARROS, Rel. p/ Acórdão Ministro CESAR ASFOR ROCHA, SEGUNDASEÇÃO, julgado em 22/09/2004, DJ 17/12/2004, p.
410) 2. Como o acórdão recorrido guarda estrita sintonia com o entendimento consolidado no âmbito do STJ, a Súmula 83/STJ impõe óbice intransponível ao conhecimento do recurso especial.
3. Agravo regimental não provido.
Acordão
Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros da QUARTA Turma do Superior Tribunal de Justiça acordam, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Raul Araújo, Maria Isabel Gallotti, Antonio Carlos Ferreira e Marco Buzzi votaram com o Sr. Ministro Relator.
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO TRT-2 - AGRAVO DE PETICAO : AP 00485000820085020432 SP 00485000820085020432 A20
PUBLICADO POR TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO
PROCESSO AP 00485000820085020432 SP 00485000820085020432 A20; ORGÃO JULGADOR 17ª TURMA; PARTES
AGRAVANTE(S): ANGEL LUIS IBANEZ RABANAQUE, AGRAVADO(S): HENRIQUE PEREIRA DA SILVA, AGRAVADO(S): NEXTTEC PROJETOS E ENGENHARIA LTDA. PUBLICAÇÃO 06/10/2015; JULGAMENTO 24 DE SETEMBRO DE 2015 RELATOR ÁLVARO ALVES NÔGA EMENTA: DOAÇÃO EFETUADA SEM CLÁUSULA DE INCOMUNICABILIDADE. REGIME DE COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS.
Apenas se excluem da comunhão os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar.
DOAÇÃO EFETUADA SEM CLÁUSULA DE INCOMUNICABILIDADE. REGIME DE COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS. Apenas se excluem da comunhão os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os subrogados em seu lugar.
Inconformado com a decisão de fls. 394/395, que julgou Improcedentes os Embargos à Execução, agravade petição o sócio executado, Angel Luiz Ibanez Rabanaque, às fls. 401/412, alegando, em síntese, que não pode a penhora atingir bens imóveis de terceiro. Menciona que o bem não foi adquirido com capital da empresa. Afirma que não é possível a penhora sobre a nua propriedade. Aduz que há excesso de penhora e que indicou maquinário da empresa de valor adequado à pretensão da execução. Postula, por fim, a concessão de efeito suspensivo ao presente recurso. Tempestividade observada. Contraminuta às fls. 416/420.
É o relatório.
VOTO:
Conhece-se do agravo de petição, eis que presentes os pressupostos de admissibilidade.
EFEITO SUSPENSIVO
O sócio executado postula a concessão de efeito suspensivo ao presente recurso, em razão de violação a preceitos de ordem pública. Assevera que a manutenção da penhora implicará em prejuízos irreversíveis, conforme fls. 411.
Sem razão.
Os recursos terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções expressamente previstas, permitida a execução provisória até a penhora, nos termos do artigo 899 da CLT.
A concessão de efeito suspensivo ao recurso apenas é cabível quando demonstrada a fumaça do bom direito e o perigo da demora e através do remédio processual adequado.
Indefere-se, pois, o pedido de concessão de efeito suspensivo ao agravo de petição.
VALIDADE DA PENHORA
O MM. Juízo de origem (fls. 394/395) julgou improcedentes os embargos à execução, sob o fundamento de que a penhora recaiu sobre a nua propriedade e, ainda, sobre a fração ideal pertencente ao executado, não tendo este demonstrado que a doação não se comunica ao cônjuge.
Entendeu, ainda, que não houve excesso de penhora, pois a penhora recaiu sobre 1/6 da nua propriedade. Por fim, indeferiu a substituição do bem indicado à penhora, em razão de tratar-se de bem de difícil comercialização.
Contra a r. decisão, foi interposto o presente apelo.
Com relação à propriedade do imóvel, tem-se que referido bem foi doado à esposa do agravante, com o qual é casado pelo regime de comunhão universal de bens (comunhão de bens - anterior à Lei 6.515/77) (fls. 369/370).
Nos termos do artigo 1668, I, do Código Civil apenas se excluem da comunhão os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar.
No caso, o bem foi doado sem referida cláusula, pelo que integram o patrimônio do casal, razão pelo qual responde pelo crédito do reclamante.
Ainda, o agravante não comprovou que a doação não se comunica ao cônjuge, conforme ônus que lhe competia, pelo que presume-se que os bens adquiridos pelo casal o foram por esforço e em benefício comum.
Quanto à penhorabilidade da nua propriedade, não há qualquer impedimento legal à sua efetivação. O artigo 619 do Código de Processo Civil exige tão somente a ciência do usufrutuário a respeito da penhora, o que de fato é evidenciado no caso dos autos (fls. 371).
Não há que se falar em excesso de penhora, uma vez que a penhora recaiu sobre fração de bem imóvel (1/6 da nua propriedade pertencente ao agravante).
Sabe-se que a penhora deve garantir, além do montante correspondente à condenação, as custas processuais, os juros de mora e a atualização monetária de todo período. Há que se considerar ainda que o artigo 710 do Código de Processo Civil deixa expresso que eventual sobejo no produto da alienação em hasta pública será restituído aos executados, que respondem apenas nos limites da obrigação exequenda.
Quanto à indicação a penhora de outro bem, qual seja. máquina puncionadeira, vale lembrar que a regra do artigo 620 do CPC, de que a execução deve seguir pelo modo menos gravoso para o devedor, deve ser interpretada com restrição e conciliada com o disposto no artigo 612 do mesmo diploma legal, que dispõe que a execução se processa no interesse do credor. No caso, não é admissível a mera indicação de máquina de difícil venda e sem comprovação de seu estado e propriedade.
Correta, portanto, a r. decisão agravada que julgou improcedentes os embargos à penhora.
Mantém-se.
ANTE O EXPOSTO, ACORDAM os Magistrados integrantes da 17ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região em: CONHECER do Agravo de Petição e, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO.
Relator: ALVARO ALVES NÔGA
BIBLIOGRAFIA
 
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm > Acesso em: 05 de outubro de 2017.
COMO FUNCIONA O REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL DE BENS? Disponível em: http://www.escolalivrededireito.com.br/como-funciona-o-regime-da-comunhao-universal-de-bens/ > Acesso em: 05 de outubro de 2017.
ENTENDA COMO FUNCIONA A COMUNHAO UNIVERSAL DE BENS E COMO ELA PODE AFETAR O SEU NEGÓCIO; Disponível em: http://www.meunegociobrilhante.com.br/primeiros-passos/organize-se/comunhao-universal-de-bens-como-funciona/ > Acesso em: 05 de outubro de 2017.
GONÇALVES, CARLOS ROBERTO, DIREITO CIVIL BRASILEIRO; volume 6: direito de família / Carlos Roberto Gonçalves. — 9º Edição. — São Paulo: Saraiva, 2012.
ARAÚJO JÚNIOR, GEDIEL CLAUDINO; PRÁTICA NO DIREITO DE FAMÍLIA;.– 8º Edição. rev. e atual. – São Paulo: Atlas, 2016.
JURISPRUDÊNCIA; Disponível em: Fonte: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/23101624/agravo-regimental-no-recurso-especial-agrg-no-resp-1100247-sp-2008-0233517-8-stj. Acesso em 15/10/1017.
JURISPRUDENCIA; Disponível em: https://trt-2.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/312195726/agravo-de-peticao-ap-485000820085020432-sp-00485000820085020432-a20/inteiro-teor-312195743?ref=juris-tabs. Acesso em 15/10/2017

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