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Aula 1 Direito Processual PENAL

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DIREITO DAS FAMÍLIAS
Professora Keilla Borges
Família: origem, evolução, conceito atual de sociedade afetiva (família moderna)
DIREITO DE FAMÍLIA: DEFINIÇÕES, FONTES, CONTEÚDO, PRINCÍPIOS, NATUREZA, IMPORTÂNCIA, ESTADO DE FAMÍLIA, ENTIDADES FAMILIARES LEGISLADAS E NÃO LEGISLADAS (CONTORNOS CONSTITUCIONAIS).
Introdução do Conceito de Família
O conceito de família sofreu grandes mudanças no Brasil nos últimos anos. A noção de família brasileira passou por diversas evoluções. Antes ela era matrimonializada e patrimonializada, o que significa que para ser considerada família deveria resultar do vínculo do matrimônio, ou seja, só era considerada família a formação do vínculo entre pessoas pelo o casamento. Era também considerada patrimonializada porque havia um núcleo patrimonial dentro dos matrimônios.
Estatuto da Mulher Casada, 
Lei n. 4.121/1962 
Apesar de hoje parecer um atraso, foi um grande avanço para a independência da mulher dentro da família naquela época. Isso porque, a mulher era, até então, totalmente submissa aos desejos e vontades do marido, detentor do poder patriarcal.
Constituição Federal de 1988 
Embora o Estatuto da Mulher Casada tenha trazido vários avanços no sentido de igualar a mulher ao homem no seio da família, de fato, foi a Constituição Federal de 1988 o grande marco da isonomia entre o homem e a mulher na sociedade conjugal.
Foi, também, a CF/88 que equalizou os filhos havidos do casamento e fora dele, anteriormente intitulados filhos legítimos e ilegítimos.
sociedade conjugal
Segundo Carlos Roberto Gonçalves (2013) “é o complexo de direitos e obrigações que formam a vida em comum dos cônjuges”. Em outras palavras, a sociedade conjugal é a união entre duas pessoas com o ânimus de constituir família. Para Silvio de Salvo Venosa (2012) “a sociedade conjugal começa com o casamento e compreende o regime de bens, as obrigações entre os cônjuges, os deveres, se extinguindo com a morte, a anulação ou nulidade do casamento, a separação judicial ou o divórcio”. No entanto, o mesmo autor também admite a possibilidade de sociedade conjugal sem o matrimônio, uma vez que ela “pode se estabelecer pela união estável e homoafetiva, por exemplo”, ou seja, de modo diverso do casamento.
Conceito de família
Ainda no que se refere ao conceito de família é importante esclarecer que o Código Civil de 2002 não define o seu significado. Por isso, podem coexistir diversos significados de “família” no direito, por vezes o conceito se estende, por vezes, fica restrito ao núcleo pais e filhos.
O direito moderno (Venosa, 2012) considera membros da família as pessoas unidas por relação conjugal ou de parentesco.
Art. 226, §3º, §4§ cf/88
introduziu outros modelos de família que não só aquela advinda do casamento, tais como a família formada pela união estável e a família monoparental, respectivamente.
Os modelos de família introduzidos pelo texto constitucional são meramente exemplificativos e não taxativos, já que há outros modelos de família:
Elpídio Donizetti e Felipe Quintella (2012):
1) Família matrimonial
2) Família por união estável
3) Família homoafetiva
4) Família mosaico
5) Família monoparental
6) Família parental
7) Família paralela
8) Família unipessoal?
1) Família matrimonial:
Se forma pelo casamento. Agrupamento conjugal por excelência. Em geral é também parental, pois cuida-se do marido, da esposa e dos filhos. O regime pode ser o monogâmico ou poligâmico, pode-se sujeitar a mulher aos desejos do marido e os filhos aos desejos do pai e etc. É o modelo mais tradicional que existe, não se sabendo precisar seu surgimento. No entanto, devido ao seu alto grau de controle. É a forma mais repudiada na modernidade.
Familia por união estável entre homem e mulher
Também é conhecida como família informal ou extrapatrimonial, expressões que, entretanto, guardam um certo preconceito. Este modelo de família é por natureza conjugal e também pode se tornar parental, a depender da convivência com descendentes ou ascendentes. Este modelo foi quase sempre rechaçado pela sociedade. Já foi denominado concubinato e mancebia, além de união ilegítima, pelo direito e pela religião.
Família homoafetiva
Formada por pessoas do mesmo sexo, unidas por um vínculo conjugal. Modelo extremamente condenado ao longo da história. Nenhum tipo de repulsa a este modelo de família pode ser tolerado pelo direito que pelo Principio da Dignidade da Pessoa Humana (art. 1, III, da CF) e pela vedação a toda e qualquer forma de discriminação (art.3, IV, da CF) afasta qualquer espécie de não aceitação. O legislador  infraconstitucional ainda não editou leis que regulamentem ou prevejam esse modelo de família, mas isso não quer dizer que ela não é aceita. Atualmente, o STJ no julgamento do REsp 1183378/RS decidiu pela legalidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo. A decisão foi bastante emblemática e superou o olhar pejorativo do pp direito que não reconhecia referida união como família, mas como sociedade de fato, ou seja, a reconhecia, apenas, no âmbito patrimonial. Um ponto polêmico sobre o modelo de família homoafetiva que ainda não foi esclarecido pelo direito é a possibilidade dela também ser considerada família parental, além de conjugal (direito de casais homossexuais terem filhos).
Família mosaico
Núcleos formados por pessoas separadas ou divorciadas, seus novos companheiros e os filhos de um ou de ambos. São também reconhecidas como famílias reconstruída, recomposta, pluriparental  ou binuclear. O núcleo é igualmente parental e conjugal. Há deficiência no trato da família mosaico, prova disso não haver uma designação para as expressões pejorativas padrasto e madrasta. Única previsão sobre a matéria está no ECA (art. 41, par. 1.) que prevê a adoção pelo companheiro (a) da mãe ou do pai, do filho de um deles, no entanto, conforme art. 45 do ECA  essa adoção carece do consentimento de ambos os genitores.
Família monoparental
Consiste no núcleo formado por apenas um dos pais e seu filho ou filhos. A CF o reconheceu como instituição familiar no art. 226, par. 4.
Família parental
Núcleo por excelência parental,  ou seja, aquele no qual não há vínculo conjugal. É possível a convivência no mesmo lar, com divisão de bens e contas por amigos ser considerada família parental? Sim. Embora a doutrina e a jurisprudência não disponham nada sobre o assunto, não podemos nos esquecer que vivemos em tempos nos quais qualquer forma de discriminação deve ser rejeitada e os vínculos puramente socioafetivos, portanto, possuem tanta validade quanto os vínculos biológicos, conjugais ou registrais.
Família paralela
Famílias formadas pela união conjugal  de uma pessoa casada ou que vive em união estável com uma terceira pessoa. No direito, este modelo de família foi chamado de concubinato adulterino ou ilegítimo. Os filhos havidos desse modelo de família eram erroneamente denominados filhos bastardos ou ilegítimos e, assim, discriminados. O direito não pode regulamentar uma situação irregular, já que este modelo de família não é aceito pelo ordenamento jurídico, mas ele deve proteger as pessoas envolvidas por esta relação, por exemplo, os filhos havidos dessa união e até mesmo um  dos "cônjuges" caso dependa financeiramente do outro que venha a falecer. A jurisprudência vem se inclinando para proteger o convivente de boa-fé, ou seja, aquele que não sabia do vínculo conjugal do outro. No entanto, tal entendimento está errado, em razão do principio da dignidade. Isso porque em matéria de direito de família não se pode renegar certos direitos em razão da má-fé, sob pena de se ferir sua dignidade enquanto pessoa.
Reconhecimento de família paralela: REsp 872659/MG -STJ- Min. Nancy Andrighi.
De acordo com Elpídio Donizetti: " uma mulher, durante anos a fio, se dedica ao convivente, trabalhando no lar do casal, cuidando dos filhos etc. Em um dado momento, o relacionamento se rompe, seja por vontade do convivente ou por sua morte. Negar direitos à convivente, ainda
que se possa taxa-la de convivente de má-fé, seria impor a ela uma quase sanção penal, que, pior que violar seu patrimônio ou sua liberdade, feriria sua dignidade.
Família Unipessoal
Casos de pessoas que vivem sozinhas. A doutrina majoritária entende que não existe aí família, uma vez que inexistente afeto ou comunhão.
Considerações gerais
Geralmente, partimos para o estudo da família a partir da CF/88, ou, do texto do CC/2002, mas deixamos, por vezes, de lado a origem histórica que resulta no direito e que se caracteriza como a abordagem de cunho sociológico e filosófico do instituto objeto de estudo, absolutamente importante quando se trata da abordagem introdutória de determinada matéria. Nesse sentido, mister salientar que a família encontra o seu fundamento, antes da própria CF/88, nos textos do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (PIDCP) e no Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC). Estes, por sua vez, são o fundamento do art. 226 da CF/88. O PIDCP menciona a possibilidade jurídica da pessoa se casar com quem melhor lhe aprouver, determina a liberdade conjugal entre as pessoas e o PIDESC, ao abordar os direitos humanos, contempla o direito de constituir família.
O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos é um dos três instrumentos que constituem a Carta Internacional dos Direitos Humanos. Os outros dois são a Declaração Universal dos Direitos Humanos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos Sociais e Culturais.
O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC) é um tratado multilateral adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 16 de dezembro de 1966 e em vigor desde 3 de janeiro de 1976.
Conceito amplo de família, por Venosa (2012):
“É o conjunto de pessoas unidas por vínculo jurídico de natureza familiar”. 
Ex.: ascendentes, descendentes e colaterais de uma linhagem mais ascendentes, descendentes e colaterais do cônjuge (por afinidade).
Conceito restrito de família, por Venosa (2012)
“É somente o núcleo formado por pais e filhos que vivem sob o poder familiar”.
 Nesse sentido a CF/88 dispõe sobre a família monoparental (qualquer dos pais e seus descendentes – art. 226, §4º).
Conceito sociológico de família
“Pessoas que vivem sob um mesmo teto sob a autoridade de um titular”.
Conceito de Ulpiano, Digesto:
“Grupo plural de pessoas que, pela natureza ou pelo direito, vive sob o poder de outra”.
Atualmente, a noção de família se afasta cada vez mais da ideia de poder e coloca em supremacia a vontade de seus membros, igualando-se os direitos familiares.
Natureza Jurídica da Família
Segundo a doutrina majoritária seria uma “instituição” (conceito vago e impreciso), o conceito não é homogêneo, mas é majoritário. 
O direito de família tem natureza personalíssima (são intransferíveis, intransmissíveis por herança e irrenunciáveis, na maioria);
O estado de família apresenta as seguintes características: intransmissibilidade, irrenunciabilidade, imprescritibilidade, universalidade, indivisibilidade, correlatividade, oponibilidade.
Direito de família
é um ramo do direito civil integrado pelo conjunto de normas que regulam as relações jurídicas familiares, orientado por elevado interesse moral e bem-estar social.
O CC/2002 consagra a igualdade jurídica entre os cônjuges e companheiros e de todos os filhos, independentemente de sua origem.
O CC/2002 substitui a expressão pátrio poder por “poder famíliar”
Objeto do Direito de Família
em síntese, o direito de família estuda as relações das pessoas unidas pelo matrimônio, bem como daqueles que convivem em uniões sem casamento; dos filhos e da relação destes com os pais, da sua proteção por meio da tutela e da proteção dos incapazes por meio da curatela.
Conteúdo do direito de família
é inegavelmente moral e ético. As disposições patrimoniais contidas no direito de família são de cunho secundário.
Obs: O casamento ainda é o centro gravitacional do direito de família, embora as uniões sem casamento tenham recebido parcela importante dos julgados dos Tribunais.

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