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MEMORIAIS

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EXCELENTISSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE TRINDADE.
	“A prisão constitui realidade violenta, expressão de um sistema de justiça desigual e opressivo, que funciona como realimentador. Serve apenas para reforçar valores negativos, proporcionando proteção ilusória. Quanto mais graves são as penas e as medidas impostas aos delinquentes, maior é a probabilidade de reincidência.”
Heleno Cláudio Fragoso
Número do Processo: 2016 01147087
RÉU PRESO
VINICIUS GOMES FERREIRA, brasileiro, casado, adestrador de cães, nascido aos 29/12/1976. Natural de Porto Nacional - Tocantins, RG: 3731360, CPF: 812.600.161-53, filho de Rosa Gomes Ferreira, residente na Rua 407 Norte, Alameda 11, Lt. 30, Palmas Tocantins, por sua advogada in fine assinado, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência apresentar ALEGAÇÕES FINAIS EM FORMA DE MEMORIAIS, pelas razões de fato e de direito que passa a aduzir.
PRELIMINARES DE DEFESA
1 – NEGATIVA DE AUTORIA
2 – FALHAS NA INVESTIGAÇÃO
3 - INEXISTÊNCIA DE INDÍCIOS DE AUTORIA 
4 – TOTAL FALTA DE PROVAS
5 - IN DUBIO PRO REU
BREVES CONSIDERAÇÕES.
As razões serão expostas ao longo da presente alegação final, mas a priori é de suma importância ressaltar para os nobres julgadores, que o único acontecimento que liga o defendente ao crime ora a ele imputado, foi o fato do mesmo ter marcado de encontrar com a vítima horas antes do momento fatídico, o que não se revela uma prova, mas sim uma presunção nem chegando a ser um indício, principalmente por vários outros motivos que serão expostos ao longo da presente defesa.
Ressalta que o mesmo precisa voltar ao labor, para continuar trabalhando para sustentar a família e o filho que nasceu, e que mora em Palmas no Tocantis, não tendo o mesmo conhecido seu filho, ate o presente momento.
I - DOS FATOS E DO DIREITO
Inobstante a clareza da letra da lei, onde a denuncia feita pelo Ministério Publico deve constar os fatos como realmente foram investigados, temos alguns pontos que devem ser evidenciados, pois demonstra que a investigação foi totalmente falha e tendendiosa.
Levando em consideração que a única situação que podemos chamar de presunção e nunca de indícios e muito menos provas, é o fato do mesmo ter entrado em contato com a vítima por telefone, o que não foi negado pelo defendente em momento algum. A partir dai tudo que foi descrito na denuncia não passa de especulação, sem prova alguma.
Vem a tempo esclarecer mais uma vez que o réu nunca fugiu do distrito de culpa, mas sim o mesmo sofreu um atentado contra sua própria vida. (documentos anexo nos memoriais).
E um absurdo, alegar que o defendente tenha tirado a vida da vitima, pura e simplesmente por ter marcado com ela de se encontrar para cuidar de negocios, pois ficou claro em depoimentos que isso era costume dos dois.
Ficou claro e notorio que a família tinha ciumes do relacionamento entre a vitima e o acusado, ate porque o mesmo sabia dos seus segredos, de sua amante, situações que o defendente não negou em momento algum. 
O defendente em momento algum negou que tivesse marcado de encontrar com a vitima, e este fez questão de falar para todos que estava levando valores em dinheiro, neste encontro, valores estes que os filhos subtrairam na delegacia, e que nunca foram encontrados na posse do defendente.
CONVÉM RESSALTAR QUE EXISTEM VÁRIAS SITUAÇÃOES QUE NÃO FORAM INVESTIGADAS PELA POLICIA QUAL SEJA :
O fato da vítima ser casada e possuir amante ao longo de muitos anos, e segundo consta o mesmo antes de ser assassinado havia se encontrado com a tal amante, podendo com certeza ser uma das motivações do crime em tela.
OBS: O PROPRIO FILHO DA VÍTIMA, O SR. VINICIUS RODRIGUES LOPES GODOI, EM DEPOIMENTO QUE FICOU GRAVADO, EM JUIZO, SUSPEITA DA PARTICIPAÇÃO DA AMANTE NA MORTE DO PAI.
O fato dos dois filhos da vitima terem subtraído valor em espécie, dentro da camionete do já então falecido pai, dentro do pátio da delegacia, ou seja, sabiam que ali possuía dinheiro, e em momento algum não foram indiciados por obstrução da justiça. 
O fato que o defendente afirmou para essa defesa que apanhou muito nos dias em que esteve preso na delegacia, sofrendo todo tipo de humilhação e tortura, caracterizando assim que o douto delegado de policia queria uma confissão a qualquer custo.
O fato de que a vítima notoriamente transacionava com grande quantia de dinheiro pois trabalhava com compra e venda de carro e imóvel, como também emprestava dinheiro, e isso era de conhecimento de toda a cidade, fatos estes que também podem ser vistos como indícios desse terrível crime, mas que também não foi investigado.
O fato de que em sede de inquérito, existiu um pedido de prisão temporária para a pessoa de ANDRÉ DA SILVA CUNHA, as folhas 123 a 130 do processo de quebra de sigilo telefônico (201404258129), pois o mesmo admitiu ser dono de uma linha telefônica, que ficou comprovado ter feito ligações para o numero da vitima no dia do assassinato, onde esse pedido não teve seu objetivo alcançado por falta de interesse da investigação.
OBS: ESTE NOME ANDRE APARECE NO PROCESSO COMO SENDO UM SUSPEITO DO CRIME EM TELA. E O MESMO NUNCA FOI INVESTIGADO. (VER AUDIO EM ANEXO). 
O fato de que curiosamente, um tal de ANDRÉ também foi apontado como autor da tentativa de homicídio contra o defendente e este jamais foi encontrado, ou seja a teoria de que esse André pudesse ter assassinado HELIO dias antes pensando ser Vinicius, nunca foi cogitada pela policia. Pois é fato que Vinicius era amigo de confiança da vítima e sempre dirigia os seus veículos. 
O fato do de que o mesmo não fugiu da comarca em que o crime ocorreu, mas sim fugiu de uma tentativa de homicídio onde o defendente é vitima e o processo corre nesta mesma cidade nº 2015 00014782, não tendo nunca comparecido para testemunhar contra seus agressores pois estava o tempo todo sendo ameaçado de morte por eles caso viesse a depor.
OBS: VER VIDEO EM ANEXO, DA AUDIÊNCIA DA TENTATIVA DE HOMICIDIO CONTRA O DEFENDENTE.
O fato de que houve a quebra de sigilo telefônico do defendente e seus parentes e não foi evidenciado ter o mesmo ligação como o homicídio em tela.
O fato de estar claro e notório que a investigação foi totalmente falha e sem compromisso com a verdade, mas sim em busca de apontar um suspeito a qualquer custo, e finalizar a investigação.
O fato de que estranhamente um dos filhos da vítima mentiu ao informar para o delegado que não conhecia o acusado, tendo fartas provas contrárias de que o mesmo conhecia sim o defendente, e que já participaram de vários eventos juntos.
O fato de não existir nenhuma prova tecnica, nem material nem substancial, contra o defendente. Somente presunçoes e ilações.
Ressalte-se que a lei fala em indícios suficientes de autoria, portanto, não é qualquer indício que autoriza a custódia cautelar. O acusado, Excelência, nega ter sido ele o autor do crime, é o único fato que existe em seu desfavor foi o episódio do mesmo ter marcado encontro com a vitima antes do crime, fato este de conhecimento de toda a sua família.
As únicas pessoas que acham que foi o defendente, por questões até mesmo emocionais, são a família, que são testemunhas informantes, descompromissadas com a verdade dos fatos.
A defesa não conseguiu de forma alguma trazer em juizo, testemunhas que comprovassem o alibi do defendente, pois ele foi verdadeiro em dizer que estava na casa de quem vendia drogas. 
FRISANDO QUE O DEFENDENTE NUNCA FUGIU, POR SER CULPADO PELA MORTE DA VÍTIMA, MAS SIM POR PRECISAR SALVAR SUA PROPRIA VIDA. (video anexo)
RESSALTAMOS QUE ATÉ O PRESENTE MOMENTO O INQUERITO ESTÁ POR DEMAIS OBSCURO, CHEIO DE FALHAS E CONTRADIÇÕES.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, LVII, consagra o princípio da presunção de inocência, destacando, destarte, a garantia do devido processo legal, visando à tutela da liberdade pessoal, dispondo que:
“ninguémserá considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”
Ainda, o art. 8º, I, do Pacto de São José da Costa Rica, recepcionado em nosso ordenamento jurídico (art. 5º, § 2º da CF/88 – Decreto Executivo 678/1992 e Decreto Legislativo 27/1992), reafirma, em sua real dimensão o princípio da presunção da inocência, in verbis:
“Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa”.
O defendente tenta se defender da acusação infundada que contra ele vem sendo proferida. Pois razão assiste em todo o processo, a tendência a se reconhecer sua inocência, por absolutamente não haver prova alguma nos autos, do envolvimento do defendente no crime que ora está sendo imputado. Portanto não existe indícios de autoria.
TESTEMUNHOS DE PARENTES QUE NADA SABEM SOBRE O FATO E SÃO CONSIDERADAS INFORMANTES
São as testemunhas que não prestam compromisso de dizer a verdade e não responderão por crime de falso testemunho.
Deve ser analisado o depoimento com cautela, pois ficou claro e notorio, nos depoimentos da família que estavam respondendo as perguntas sobre influencia de uma investigação falha e tendenciosa.
			O depoimento dos parentes da vítima deveriam ter sido corroborados, com provas materiais e outros, e em momento algum o foi;
OPINIÃO DAS TESTEMUNHAS
A opinião das testemunhas foi o que mais foi pedido pelo Parquet em audiência, o que afronta visivelmente o direito de defesa de quem esta sendo acusado de um crime tão grave.			
CPP - Art. 213. “O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato”.
A apreciação pessoal é vedada, não se admitindo opinião a respeito dos fatos, salvo se necessário na narrativa do fato.
			STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO AgRg no Ag 22800 SP 1992/0012805-0 (STJ)
Data de publicação: 15/02/1993
Ementa: PROCESSUAL CIVIL - TESTEMUNHO DE PARENTES (APROVEITABILIDADE) - MATERIA DE PROVA. I - A APROVEITABILIDADE DO TESTEMUNHO DE PARENTES TORNA-SE INOCUA, QUANDO, NO JUÍZO, SE VERIFICA SEM PESO PARA ENSEJAR A CONVICÇÃO DO JULGADOR. II - MATERIA DE PROVA NÃO SE REEXAMINA EM ESPECIAL (SUMULA N. 07 DO STJ). III - REGIMENTAL IMPROVIDO
DA INEXISTÊNCIA DE INDÍCIOS DE AUTORIA
Importantíssimo ressaltar que embora exista prova da existência do crime de homicídio, com laudo da pericia técnico científica, ainda assim não existe no processo em momento algum, indícios de autoria. 
Pois e totalmente injusto, e temerário afirmar ser o defendente autor de crime de homicídio pelo fato do mesmo ter marcado de se encontrar com a vitima.
Como defendente não foi encontrado arma, dinheiro, nem pertences da vitima, não existe testemunha ocular que afirme ser o defendente autor de crime de homicídio, não foi encontrado nenhuma prova que ligue o defendente ao crime.
Não foi encontrado nem mesmo impressões digitais do defendente na camionete de propriedade da vítima segundo a descrição do material de confronto de digitais que deu resultado NEGATIVO, as folhas 109 dos autos.
O defendente em seu depoimento na delegacia apresentou álibi de onde estava no momento do crime o que não foi em momento algum contraditado.
O telefone do defendente como também de sua família foi grampeado com ordem judicial, e não surgiu em momento algum nada que ligasse o defendente ao crime que ora esta sendo imputado.
A Ministra do Superior Tribunal de Justiça Maria Thereza Rocha de Assis Moura, em sua obra, nos ensina a etimologia da palavra indício:
A palavra “indício” tem origem latino indicium, indicii, que provém de index, indicis, do verbo indicere (indico, indicis,indixi, indictrum), que significa dar a saber, manifestar, anunciar, divulgar, marcar, fixar, indicar.[1]
Nessa esteira, a Ministra acimada dá sequência a sua explanação, indicando que o indício, lato sensu “corresponde, modernamente, a sinal, argumento, vestígio, indicação, aspecto, aparência, mostra, rasto, marca, pegada, descoberta, revelação”.
Ensina o professor Capez, que indício:
 “é toda circunstância conhecida e provada, a partir da qual, mediante raciocínio lógico, pelo método indutivo, obtém-se a conclusão sobre um outro fato. A indução parte do particular e chega ao geral”.
Destarte, nos indícios, a partir do momento que se conheceum fato, dele decorre a existência do que se pretende provar.
O professor Marcos Antônio de Barros doutrina que:
 “Geralmente, se utiliza o termo no plural (indícios), precisamente porque se manifestam na pluralidade de vestígios ou rastros que integram as circunstâncias indiciárias”.
OU SEJA, NO CASO SOB JUDICE, NÃO EXISTE PLURALIDADE DE VESTÍGIOS PORTANTO NÃO HÁ INDICIOS. 
Os indícios aparecem na nossa legislação no artigo 329, do CPP: “Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.”
Mas temos que concordar que o que o legislador aponta no artigo de lei supracitado não são indício, pelo contrário, chegam mais perto de serem presunções. 
AS CIRCUNTANCIAS ACIMA SE REFEREM A POSSÍVEL CONFRONTO BALÍSTICO DE ARMA ENCONTRADA COM O DEFENDENTE, TESTEMUNHAS OCULARES, DIGITAIS ENCONTRADAS, CONFISSÃO EXPONTÂNEA, O QUE NO CASO QUE ESTÁ SENDO JULGADO NÃO EXISTE, ESTANDO O DEFENDENTE PRESO INJUSTAMENTE POR UM CRIME QUE NÃO COMETEU.
Diz o Procurador de Justiça aposentado Marcos Antônio de Barros que a presunção “decorre da lei, ou de extrai de uma regra de experiência, que traz em si, a presunção de veracidade. Pode ser absoluta ou relativa, mas não é um meio de prova”.
Há, também, a diferenciação entre indício e suspeita. Uma vez que a suspeita não existe no mundo real, é uma desconfiança, uma simples hipótese ou uma suposição. A suspeita predispões uma investigação, por conseguinte, abre-se vez para o indiciamento do suspeito se forem apurados indícios suficientes de autoria do mesmo, o que no caso não existe.
Quando em conjunto com outros meios de prova produzidos no curso do procedimento penal, podem os indícios fundamentarem uma decisão judicial seja ela condenatória ou absolutória.
A prova indiciária pode atesta ou não a autoria de um crime, tendo, assim, importância como qualquer outro tipo de prova na ação penal, contudo, deve ser analisada com um pouco mais de cautela para evitar um erro judiciário.
No entanto como preleciona os artigos seguintes do CPP:
Art. 414.  Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008).(grifos nossos).
Art. 415.  O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
        II –provado não ser ele autor ou partícipe do fato;(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008). (grifos nossos).
Nossa jurisprudência tem entendido que:
RELATOR:DES. JOSE LENAR DE MELO BANDEIRA. RECURSO: 9154-3/220 -Inteiro Teor do Acórdão. EMENTA:"RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. Homicídio. Decisão de pronuncia. Participação. Liames objetivo e subjetivo. Inexistência.despronuncia. O juízo de admissibilidade da acusação exige acomprovação da materialidade e a existência de indícios suficientes da autoria. Não demonstrados, na primeira fase do procedimento escalodado que encerra a formação da culpa, os liames subjetivo e objetivo imprescindíveisa caracterização do concurso eventual, imperiosa a despronuncia, porque improducente a submissão ao juri popular de acusado conta o qual não reunidas provas ou mesmo indícios que apontem a participação na prática de crime doloso contra a vida. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO." DECISÃO: "ACORDA O TRIBUNAL DE JUSTICA DE GOIAS, PELA SEGUNDA TURMA DA SEGUNDA CAMARA CRIMINAL, EM VOTACAO UNANIME, ACOLHENDO O PARECER DA PROCURADORIA GERAL DE JUSTICA, CONHECER DO APELO E DAR-LHE PROVIMENTO, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR, QUE A ESTE SE INCORPORA. CUSTAS NAFORMA DA LEI." (grifos nossos)
.
RELATOR: DES. PAULO TELES. RECURSO:7134-5/220 - EMENTA: "RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICIDIO QUALIFICADO. INDICIOS DE AUTORIA. INEXISTENCIA. DESPRONUNCIA. SE AS PROVAS COLHIDAS NA FASE JURISDICIONAL NAO DAO SUPORTE PARA PRONUNCIAR O AGENTE, DEVE SER ELE IMPRONUNCIADO. A CIRCUNSTANCIA DE HAVER ENTRE A VITIMA E A ACUSADA DESARMONIA CONJUGAL NAO E INDICIO SUFICIENTE A ENSEJAR UMA DECISAO DE PRONUNCIA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. PARECER ACOLHIDO". (grifos nossos).
DES JOAO BATISTA DE FARIA FILHO. RECURSO: 5605-0/220 -EMENTA: " RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - PRONUNCIA - HOMICIDIO - CO-AUTORIA - NEGATIVA DE PARTICIPACAO - RECURSO PROVIDO PARA IMPRONUNCIAR O ACUSADO. EM DECORRENCIA DA INEXISTENCIA DE MOTIVOS PARA RESPONSABILIZAR O REU VISTO QUE INSUFICIENTES, VAGOS E IMPRECISOS OS INDICIOS DE SUA PARTICIPACAO NO EVENTO, NAO SUFICIENTEMENTE CLAROS NO DECORRER DA INSTRUCAO, TUDO BASTA PARA SE ADMITIR QUE NAO TERIA ELE CONCORRIDO PARA A PRATICA DELITUOSA ". DECISÃO:CONHECIDO E PROVIDO, A UNANIMIDADE. (grifos nossos).
DA INSTRUÇÃO CRIMINAL E O PRINCÍPIO “IN DUBIO PRO RÉU”.
               		Meritíssimos Julgadores, nos presentes autos, não existe prova robusta e convincentes das acusações atribuídas ao defendente.
	Destarte, não há provas para incriminar o denunciado; neste sentido é o entendimento da Jurisprudência, seguindo julgados que lastreia o pedido da defesa:
"O conjunto probatório nebuloso, impreciso e confuso não autoriza decreto condenatório" (TACrimSP, Julgados, 12/338).
 "Prova - Dúvida - Absolvição. No Juízo Criminal a prova a sustentar o decreto condenatório há de ser plena, segura e convincente. Onde houver dúvida, por mínima que seja, é preferível absolver o réu" (Jurisprudência Mineira, v. 131/440).
  "Quando a prova não responde a indagação sobre qual a versão verdadeira sobre uma imputação, se a acusatória ou a do réu, o non liquet deve subsistir" (JUTACrim 53/465).
Neste norte, é velho princípio de lógica judiciária:
“A acusação não tem nada de provado se não conseguiu estabelecer a certeza da criminalidade, ao passo que a defesa tem tudo provado se conseguiu abalar aquela certeza, estabelecendo a simples e racional credibilidade, por mínima que seja, da inocência”.
As obrigações de quem quer provar a inocência são muito mais restritas que as obrigações de quem quer provar a criminalidade” (F. MALATESTA – A lógica das Provas – Trad. De Alves de Sá – 2ª Edição, págs. 123 e 124).
“É sempre importante reiterar – na linha do magistério jurisprudencial que o Supremo Tribunal Federal consagrou na matéria – que nenhuma acusação penal se presume provada. Não compete, ao réu, demonstrar a sua inocência. Cabe ao contrário, ao Ministério Público, comprovar, de forma inequívoca, para além de qualquer dúvida razoável, a culpabilidade do acusado. Já não mais prevalecem em nosso sistema de direito positivo, a regra, que, em dado momento histórico do processo político brasileiro (Estado novo), criou, para o réu, com a falta de pudor que caracteriza os regimes autoritários, a obrigação de o acusado provar a sua própria inocência (Decreto-lei nº. 88, de 20/12/37, art. 20, nº. 5). Precedentes.” (HC 83.947/AM, Rel. Min. Celso de Mello).
Convém assinalar, neste ponto, que, “embora aludido ao preso, a interpretação da regra constitucional deve ser no sentido de que a garantia abrange toda e qualquer pessoa, pois, diante da presunção de inocência, que também constitui garantia fundamental do cidadão, a prova da culpabilidade incumbe exclusivamente à acusação” (ANTÔNIO MAGALHÃES GOMES FILHO, Direito À Prova no Processo Penal, p. 113, item nº. 7, 1997, São Paulo: Revista dos Tribunais).
Assim, existindo dúvida, deve-se aplicar o princípio do IN DÚBIO PRO REO para absolvê-los.
Trago a colação alguns arestos:
“No processo criminal, máxime para condenar, tudo deve ser claro como a luz, certo como a evidência, positivo como qualquer expressão algébrica. Condenação exige certeza absoluta, fundada em dados objetivos indiscutíveis, de caráter geral, que evidenciem o delito e a autoria, não bastando à alta probabilidade desta ou daquela. E não pode, portanto, ser a certeza subjetiva, formada na consciência do julgador, sob pena de se transformar o princípio do livre convencimento em arbítrio.” (TJSP – RT, 619/267). 
“Inadmissível a prolatação de decreto condenatório se suficientes os elementos probatórios apenas para fundar suspeitas contra o réu. É que a simples probabilidade de autoria, tratando-se de mera etapa da verdade, não constitui, por si só, certeza” (TACRIMSP – in JUTACRIM 45/218).
Prova precária. Absolvição decretada. (TJSP, Ap. Crim. 213.603-3, 2ª Câm. Crim., j. 30-9-1996, rel. Des. Renato Talli, JTJ 184/313).
No caso concreto, não se vislumbra menor indicio de participação do acusado no delito a ele imputado.
A culpabilidade deve resultar apurada, estreme de duvida, dentro do devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV). É a regra do ID QUOD NON EST IN ACTIS NON EST IN MUNDO ( o que não está nos autos não esta no mundo). 
O defendente foi o tempo todo apontado pela autoridade policial pelo fato de ter tido envolvimento com drogas, por isso, tentaram induzir esse juízo a acreditar que o mesmo quis, se apropriar de dinheiro da vítima sem ter prova alguma dessas afirmações.
Senão vejamos:
Ninguém deve ser acusado ou condenado apenas pelos seus antecedentes, mas unicamente por realizar uma ação típica, antijurídica e culpável.
A culpabilidade é do fato e não do autor. O agente só pode ser considerado culpado “POR AQUILO QUE ELE FEZ NÃO PELO QUE ELE É” (ASSIS TOLEDO, “Princípios”, PP.382-389).
O direito penal modernoe liberal é “direito penal do fato, não do autor”; o juízo de culpabilidade recai sobre o fato do agente, não sobre o caráter ou modo de pensar do agente do fato”(JESCHECK, “Tratado”,p.581); FIANDACA-MUSCO – “DirittoPenalle” , p. 155, citado por LUIZ FLAVIO GOMES, in “ Erro de Tipo e Erro de Proibição”, RT, PP. 110/111).
Não é possível, observa FRAGOSO, fundar sentença condenatória em prova que não conduz a certeza. Como ensina o grande mestre EBERHARDT SCHIMDT (“DeutschesStrafprozessrecht”, 1967, p.48).
Constitui princípio fundamental do processo o de que o acusado somente deve ser condenado quando o Juízo, na forma legal, tenha estabelecido os fatos que fundamentam a sua autoria e culpabilidade, com completa certeza. Se subsiste ainda que apenas a menor dúvida, deve o acusado ser absolvido. A condenação exige certeza e não basta, sequer, a alta probabilidade. (“Jurisprudência Criminal”,III, Borsoi, 1973, p. 405/406).
Compete à acusação demonstrar o elemento subjetivo da culpa, que há de ser plena e convincente, ao passo que para o Acusado basta a dúvida. 
É a consagração do in dúbio pro reo ou actore non probante absolvitur réus; há prevenção legal da inocência do Acusado. È o que o Código expressamente consagra: “absolver-se o réu quando não existir prova suficiente para a condenação”.
De igual modo a doutrina de maneira uníssona ampara o acusado:
“O processo criminal é o que há de mais sério neste mundo. Tudo nele deve ser claro como a luz, certo como a evidência, positivo como qualquer grandeza algébrica. Nada de ampliável, de pressuposto, de anfibológico.
Assente o processo na precisão morfológico legal e nesta outra precisão mais salutar ainda. A VERDADE SEMPRE DEVE SER DESATAVIADA DE DÚVIDAS. (CARRARA).
II - DO PEDIDO.
Diante do acima exposto, e que será comprovado a defesa requer dessa Nobre Corte, que o defendente seja IMPRONUNCIADO, aplicando-se o principio universal “IN DUBIO PRO REU” por total falta de provas, por ser de lidima Justiça!!
Ante o exposto, requer digne-se Vossa Excelência em conceder a REVOGAÇÃO DE PRISÃO do defendente, para que o mesmo possa acompanhar o desfecho dessa acusação injusta e sem prova em liberdade, pois o mesmo precisa conhecer o seu filho que nasceu, e trabalhar para sustentar sua família, com a consequenteexpedição do ALVARÁ DE SOLTURA em seu favor.
Requer a juntada do video que comprova que o defendente não fugiu do distrito de culpa mas sim o mesmo sofreu tentativa de homicidio.
.
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Goiânia, 10 de abril de 2017.
_____________________________
Marcia Paulina Rocha
OAB/ GO nº 29527
Rua T-36 c/ T-63, Edifício Aquarius Center, sala 1303, Setor Bueno, Goiânia/GO
Fone: 62 8178 4869; 62 9900 8580; 62 9410 0792; 62 8476 2068.

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