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DEFESA PRELIMINAR

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EXCELENTISSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE TRINDADE.
	“A prisão constitui realidade violenta, expressão de um sistema de justiça desigual e opressivo, que funciona como realimentador. Serve apenas para reforçar valores negativos, proporcionando proteção ilusória. Quanto mais graves são as penas e as medidas impostas aos delinqüentes, maior é a probabilidade de reincidência.”
Heleno Cláudio Fragoso 
Número do Processo: 2016 01147087
RÉU PRESO
VINICIUS GOMES FERREIRA, brasileiro, casado, adestrador de cães, nascido aos 29/12/1976. Natural de Porto Nacional - Tocantins, RG: 3731360, CPF: 812.600.161-53, filho de Rosa Gomes Ferreira, residente na Rua 407 Norte, Alameda 11, Lt. 30, Palmas Tocantins, por sua advogada in fine assinado, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência apresentar DEFESA PREVIA, com base no art. 406, 414, e 415, II do Código de Processo Penal, c/c o art. 5º, LVII, da Constituição Federal, pelas razões de fato e de direito que passa a aduzir.
BREVES CONSIDERAÇÕES.
As razões serão expostas ao longo da presente defesa preliminar, mas a priori é de suma importância ressaltar para a nobre julgadora, que o único indício que liga o defendente ao crime ora a ele imputado, foi o fato do mesmo ter marcado de encontrar com a vítima horas antes do momento fatídico, o que não se revela uma prova, por vários outros motivos que serão expostos ao longo da presente defesa.
Ressalta que o mesmo precisa voltar ao labor, para continuar trabalhando para sustentar a família e o filho que ira nascer.
I - DOS FATOS E DO DIREITO
O requerente teve a sua prisão preventiva decretada por este Douto Juízo em 27/07/2015, tendo sido indiciado pela suposta prática de tentativa de homicídio, consubstanciado no artigo 121, § 2º, inciso IV, c/c o artigo 14, inciso II, do Código Penal Brasileiro, e tal medida foi cumprida em 22/10/2015.
Inobstante a clareza da letra da lei, onde a denuncia feita pelo Ministério Publico deve constar os fatos como realmente foram investigados, temos alguns pontos que devem ser evidenciados. 
entrado em contaa única pessoa que apontou o defendente como autor do fato foi a vitima e que só o fez num segundo momento, pois o seu primeiro depoimento no hospital, o mesmo não apontou o defendente nem mesmo como suspeito. 
Convém ressaltar que no histórico do Boletim de Ocorrência registrado no dia do fato pela vitima, as folhas 04 e 05, esta em momento algum declina o nome do defendente como sendo autor dos disparos contra ele.
Senão Vejamos, a transcrição de alguns trechos do depoimento de JEFERSON no BO de nº 1666/2014;
“ Segundo a vitima comunicante, no momento do fato estava trabalhando, quando o autor chegou em uma caminonete C-10 a gás, com outros 2 rapazes, desceu armado, foi em sua direção, efetuou, aproximadamente 4 disparos e fugiu no veículo” (grifos nossos).
Insta ressaltar que no primeiro momento, ou seja, naquele momento onde a lembrança esta latente, a vitíma alem de não declinar o nome do defendente Hiago, ainda disse que tinha três pessoas no veículo, e em momento algum, disse que Hiago estava escondido no carro, mas sim disse que o autor dos disparos saiu do carro e foi em sua direção.
No entanto uma semana depois a vitima comparece a delegacia de policia com uma versão, bem diferente da que ele mesmo contou, no dia dos fatos. 
Segundo consta nos autos do inquérito, o requerente foi requisitado a comparecer a delegacia para prestar esclarecimentos a cerca dos fatos e compareceu expontaneamente.
Já no termo de declarações de Hiago Douglas na delegacia, fls. 13, o mesmo não esconde que tinha desavensas com a vítima, mas nega ter atentado contra a vida de Jeferson, tendo declarado para o delegado que presidiu a investigação, que o mesmo estáva em um campo de futebol, quando sua mãe ligou desesperada querendo saber onde ele estava, pois Jeferson havia sofrido um atentado e a policia estava atras do defendente. 
Ou seja Excelência, o requerente nunca se negou a prestar esclarecimentos na delegacia, como também não se evadiu do distrito de culpa.
A vítima no termo de declarações complementares, as folhas 19, aduz que alguns vizinhos viram Hiago na camionete, e na casa do lado dos fatos possuem camera.
Ocorre que nenhum desses vizinhos afirmarao ver o Hiago, nem tampouco existe nenhuma filmagem que comprove o que a vitima esta tentando comprovar. 
Importante tambem averiguar que tanto o pai quanto a mãe e o tio da vitima se limitam, em repetir o que o filho, e o sobrinho lhes disse, não trazendo nada de substancial ao processo, pois não são testemunhas oculares. 
Mais importante ainda e informar a Vossa Excelência que que a vítima, segundo os moradores da região, e que ficará comprovado, na instrução do processo que a mesma é costumas em ameaçar e brigar com vizinhos e parentes sendo que tambem possui ficha criminal. 
Contudo, pelo fato da vítima ter mudado sua versão dos fatos, deve-se receber com ressalvas suas declaraçoes, observando-se ao maximo suas reais intenções em acusar.
Será medo de delatar o verdadeiro autor dos disparos, se aproveitando de uma discussão que outrora tivera com o defendente, para incrimina-lo injustamente?
Pergunta-se:
Porque das declaraçoes no boletim de ocorrencia, a vitima não informou a policia que Hiago Douglas havia atentado contra sua vida?
E analizando o Relatório Do Inquerito Policial, se denota que Hiago em momento algum, ameaçou a vítima, pois a verdade e o contrário, a vítima é que sempre ameçou o Hiago, como restara demosntrado na instrução criminal. 
Já a título de esclarecimento, insta ressaltar que no exame pericial de confronto balístico, que foi requisitado pelo representante do Ministério Público restará demosntrado que a arma encontrada com Hiago nada tem a ver com a arma utilizada nos disparos contra a vítima. 
Dentro do corpo do processo existem varias testemunhas, mas que jamais apontaram o requerente como sendo autor da tentativa de homicídio em questão.
Ressalte-se que a lei fala em indícios suficientes de autoria, portanto, não é qualquer indício que autoriza a custódia cautelar. O acusado, Excelência, nega ter sido ele o autor do crime, é o único que o acusou foi a vítima mas com versões antagônicas dos fatos. 
FRISANDO QUE O REQUERENTE NÃO FUGIU, POIS O MESMO COMPARECEU NA DELEGACIA PARA PRESTAR ESCLARECIMENTOS, E ATÉ O PRESENTE MOMENTO O INQUERITO ESTÁ POR DEMAIS OBSCURO E CHEIO DE CONTRADIÇÕES.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, LVII, consagra o princípio da presunção de inocência, destacando, destarte, a garantia do devido processo legal, visando à tutela da liberdade pessoal, dispondo que:
“ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória” 
Ainda, o art. 8º, I, do Pacto de São José da Costa Rica, recepcionado em nosso ordenamento jurídico (art. 5º, § 2º da CF/88 – Decreto Executivo 678/1992 e Decreto Legislativo 27/1992), reafirma, em sua real dimensão o princípio da presunção da inocência, in verbis: 
“Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa”. 
O defendente têm a intenção de se defender da acusação infundada que contra ele vem sendo proferida. Pois razão assiste em todo o processo, a tendência a se reconhecer sua inocência, por absolutamente não haver prova alguma nos autos, do envolvimento do requerente no crime que ora está sendo imputado. Portanto não existe indicios de autoria. 
DA INEXISTÊNCIA DE INDÍCIOS DE AUTORIA
Importantissimo ressaltar que embora exista prova da existencia do crime, com laudo da pericia tecnico cietifica, etc. Não existe no processo em momento algum, indicios de autoria, mesmo porque o unico que apontou o defendente como autor dos disparos não o fez num primeiro momento. Como tambem os depoimentos das testemunhas não envolvidas, jamais chegaram a colocar o defendente nem como suspeito,
quanto mais possível autor.
No entanto como preleciona os artigos seguintes do CPP:
Art. 414.  Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008).(grifos nossos).
Art. 415.  O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
        II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008). (grifos nossos).
Nossa jurisprudencia tem entendido que: 
RELATOR: DES. JOSE LENAR DE MELO BANDEIRA. RECURSO: 9154-3/220 - Inteiro Teor do Acórdão. EMENTA: "RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. Homicidio. Decisão de pronuncia. Participação. Liames objetivo e subjetivo. Inexistencia.despronuncia. O juizo de admissibilidade da acusação exige a comprovação da materialidade e a existencia de indicios suficientes da autoria. Não demonstrados, na primeira fase do procedimento escalodado que encerra a formação da culpa, os liames subjetivo e objetivo imprescindiveis a caracterização do concurso eventual, imperiosa a despronuncia, porque improducente a submissão ao juri popular de acusado conta o qual não reunidas provas ou mesmo indicios que apontem a participação na prática de crime doloso contra a vida. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO." DECISÃO: "ACORDA O TRIBUNAL DE JUSTICA DE GOIAS, PELA SEGUNDA TURMA DA SEGUNDA CAMARA CRIMINAL, EM VOTACAO UNANIME, ACOLHENDO O PARECER DA PROCURADORIA GERAL DE JUSTICA, CONHECER DO APELO E DAR-LHE PROVIMENTO, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR, QUE A ESTE SE INCORPORA. CUSTAS NA FORMA DA LEI." (grifos nossos)
.
RELATOR: DES. PAULO TELES. RECURSO: 7134-5/220 - EMENTA: "RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICIDIO QUALIFICADO. INDICIOS DE AUTORIA. INEXISTENCIA. DESPRONUNCIA. SE AS PROVAS COLHIDAS NA FASE JURISDICIONAL NAO DAO SUPORTE PARA PRONUNCIAR O AGENTE, DEVE SER ELE IMPRONUNCIADO. A CIRCUNSTANCIA DE HAVER ENTRE A VITIMA E A ACUSADA DESARMONIA CONJUGAL NAO E INDICIO SUFICIENTE A ENSEJAR UMA DECISAO DE PRONUNCIA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. PARECER ACOLHIDO". (grifos nossos).
DES JOAO BATISTA DE FARIA FILHO. RECURSO: 5605-0/220 -EMENTA: " RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - PRONUNCIA - HOMICIDIO - CO-AUTORIA - NEGATIVA DE PARTICIPACAO - RECURSO PROVIDO PARA IMPRONUNCIAR O ACUSADO. EM DECORRENCIA DA INEXISTENCIA DE MOTIVOS PARA RESPONSABILIZAR O REU VISTO QUE INSUFICIENTES, VAGOS E IMPRECISOS OS INDICIOS DE SUA PARTICIPACAO NO EVENTO, NAO SUFICIENTEMENTE CLAROS NO DECORRER DA INSTRUCAO, TUDO BASTA PARA SE ADMITIR QUE NAO TERIA ELE CONCORRIDO PARA A PRATICA DELITUOSA ". DECISÃO: CONHECIDO E PROVIDO, A UNANIMIDADE. (grifos nossos).
DA INSTRUÇÃO CRIMINAL E O PRINCÍPIO “IN DUBIO PRO RÉU”.
               		Meritíssimos Julgadores, nos presentes autos, não existe prova robusta e convincentes das acusações atribuídas ao defendente.
	Destarte, não há provas para incriminar o denunciado; neste sentido é o entendimento da Jurisprudência, seguindo julgados que lastreia o pedido da defesa:
"O conjunto probatório nebuloso, impreciso e confuso não autoriza decreto condenatório" (TACrimSP, Julgados, 12/338). 
 "Sem uma prova plena e eficaz, da culpabilidade do réu, não é possível reconhecer a sua responsabilidade penal" (TACrimSP, Julgados, 4/31). 
 "Prova - Dúvida - Absolvição. No Juízo Criminal a prova a sustentar o decreto condenatório há de ser plena, segura e convincente. Onde houver dúvida, por mínima que seja, é preferível absolver o réu" (Jurisprudência Mineira, v. 131/440).
  "Quando a prova não responde a indagação sobre qual a versão verdadeira sobre uma imputação, se a acusatória ou a do réu, o non liquet deve subsistir" (JUTACrim 53/465). 
Ora Excelência é sabido, também, que pelas cadeias circulam, diariamente, delinqüentes de todas as espécies, alguns de alta periculosidade, no que resulta um efetivo perigo para um rapaz, trabalhador que por uma fatalidade, que pode ocorrer com qualquer filho de família, se viu, injustamente, envolvido nesse lamentável episódio. 
II - DO PEDIDO.
Diante do acima exposto, e que será comprovado a defesa requer dessa Nobre Corte, ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA do acusado, por falta de provas, por ser de lidima Justiça!!
Se Vossa Excelência não convolar do mesmo entendimento desta defesa, esta requer seja o acusado IMPRONUNCIADO, pois tambem estará sendo feita Justiça!! 
Ante o exposto, requer digne-se Vossa Excelência em conceder o RELAXAMENTO DE PRISÃO do defendente, ante o já caracterizado excesso de prazo na instrução, como tambem da inexistência de motivos autorizadores da decretação da prisão preventiva, consoante o disposto no art. 310 do CPP, com a conseqüente expedição do ALVARÁ DE SOLTURA em seu favor.
O defendente compromete-se a comparecer a todos os atos de persecução penal, ocasião em que provará sua inocência. 
                   Protesta desde já provar por todos os meios de prova admitidos em direito, notadamente pela oitiva das testemunhas, cujo rol segue anexo, e que compareceram independente de intimação
.
Requerer a oitiva das testemunhas abaixo arroladas, e desde já requer a substituição caso não possam comparecer.
. 
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Goiânia, 07 de julho de 2016. 
_____________________________
Marcia Paulina Rocha
OAB/ GO nº 29527
ROL DE TESTEMUNHAS:
1 - KATIANE DOS SANTOS SILVA – End: Av: São Martins, Quadra: 193, Lote: 17 s/n. Jardim Novo Mundo
2 – MARIA JOSÉ SILVA DE AGUIAR, End: Rua 305, nº53, Setor Universitário. Goiânia-Go.
3 – EMILLY FELIX RIBEIRO LIMA - Rua São Paulo, Qd.46, Lt 14, Urias Magalhães.
4 – JOHNATAS RIBEIRO DA SILVA – Av. Francisco de Araujo, Qd.41, Lt 6a. Setor Urias Magalhães.

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