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ADI 4764 crime de responsabilidade governador

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Ementa e Acórdão
04/05/2017 PLENÁRIO
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.764 ACRE
RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO
REDATOR DO 
ACÓRDÃO
: MIN. ROBERTO BARROSO
REQTE.(S) :CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS 
ADVOGADOS DO BRASIL - CFOAB 
ADV.(A/S) :OSWALDO PINHEIRO RIBEIRO JÚNIOR E 
OUTRO(A/S)
ADV.(A/S) :MARCUS VINICIUS FURTADO COÊLHO 
INTDO.(A/S) :ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ACRE 
AM. CURIAE. :ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DEFENSORES 
PÚBLICOS FEDERAIS - ANADEF 
ADV.(A/S) :DEBORA CAMILA DE ALBUQUERQUE CURSINE E 
OUTRO(A/S)
Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE 
INCONSTITUCIONALIDADE. GOVERNADOR DE ESTADO. NORMAS DA 
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL SOBRE CRIMES DE RESPONSABILIDADE. LICENÇA 
PRÉVIA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA PARA INSTAURAÇÃO DE PROCESSOS POR 
CRIMES COMUNS .
1. “A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento 
das respectivas normas de processo e julgamento são da competência 
legislativa privativa da União” (Súmula Vinculante 46, resultado da 
conversão da Súmula 722/STF). São, portanto, inválidas as normas de 
Constituição Estadual que atribuam o julgamento de crime de 
responsabilidade à Assembleia Legislativa, em desacordo com a Lei nº 
1.079/1950. Precedentes.
2. A Constituição Estadual não pode condicionar a instauração de 
processo judicial por crime comum contra Governador à licença prévia da 
Assembleia Legislativa. A república, que inclui a ideia de 
responsabilidade dos governantes, é prevista como um princípio 
constitucional sensível (CRFB/1988, art. 34, VII, a), e, portanto, de 
observância obrigatória, sendo norma de reprodução proibida pelos 
Supremo Tribunal Federal
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 12899022.
Supremo Tribunal FederalSupremo Tribunal Federal
Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 140
Ementa e Acórdão
ADI 4764 / AC 
Estados-membros a exceção prevista no art. 51, I, da Constituição da 
República.
3. Tendo em vista que as Constituições Estaduais não podem 
estabelecer a chamada “licença prévia”, também não podem elas 
autorizar o afastamento automático do Governador de suas funções 
quando recebida a denúncia ou a queixa-crime pelo Superior Tribunal de 
Justiça. É que, como não pode haver controle político prévio, não deve 
haver afastamento automático em razão de ato jurisdicional sem cunho 
decisório e do qual sequer se exige fundamentação (HC 101.971, Primeira 
Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. em 21.06.2011, DJe 02.09.2011; HC 
93.056 Rel. Min. Celso de Mello, Segunda Turma, j. em 16.12.2008, DJe 
14.05.2009; e RHC 118.379 (Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, j. em 
11.03.2014, DJe 31.03.2014), sob pena de violação ao princípio 
democrático. 
4. Também aos Governadores são aplicáveis as medidas cautelares 
diversas da prisão previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, 
entre elas “a suspensão do exercício de função pública”, e outras que se 
mostrarem necessárias e cujo fundamento decorre do poder geral de 
cautela conferido pelo ordenamento jurídico brasileiro aos juízes.
5. Pedido julgado integralmente procedente, com declaração de 
inconstitucionalidade por arrastamento da suspensão funcional 
automática do Governador do Estado pelo mero recebimento da 
denúncia ou queixa-crime. Afirmação da seguinte tese: “É vedado às 
unidades federativas instituírem normas que condicionem a instauração de ação 
penal contra o Governador, por crime comum, à prévia autorização da casa 
legislativa, cabendo ao Superior Tribunal de Justiça dispor, fundamentadamente, 
sobre a aplicação de medidas cautelares penais, inclusive afastamento do cargo".
A C Ó R D Ã O
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do 
Supremo Tribunal Federal, na conformidade da ata de julgamento, sob a 
presidência da Ministra Cármen Lúcia, por maioria, vencido em parte o 
Ministro Celso de Mello (Relator), julgar procedente a ação, para declarar 
2 
Supremo Tribunal Federal
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documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 12899022.
Supremo Tribunal Federal
ADI 4764 / AC 
Estados-membros a exceção prevista no art. 51, I, da Constituição da 
República.
3. Tendo em vista que as Constituições Estaduais não podem 
estabelecer a chamada “licença prévia”, também não podem elas 
autorizar o afastamento automático do Governador de suas funções 
quando recebida a denúncia ou a queixa-crime pelo Superior Tribunal de 
Justiça. É que, como não pode haver controle político prévio, não deve 
haver afastamento automático em razão de ato jurisdicional sem cunho 
decisório e do qual sequer se exige fundamentação (HC 101.971, Primeira 
Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. em 21.06.2011, DJe 02.09.2011; HC 
93.056 Rel. Min. Celso de Mello, Segunda Turma, j. em 16.12.2008, DJe 
14.05.2009; e RHC 118.379 (Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, j. em 
11.03.2014, DJe 31.03.2014), sob pena de violação ao princípio 
democrático. 
4. Também aos Governadores são aplicáveis as medidas cautelares 
diversas da prisão previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, 
entre elas “a suspensão do exercício de função pública”, e outras que se 
mostrarem necessárias e cujo fundamento decorre do poder geral de 
cautela conferido pelo ordenamento jurídico brasileiro aos juízes.
5. Pedido julgado integralmente procedente, com declaração de 
inconstitucionalidade por arrastamento da suspensão funcional 
automática do Governador do Estado pelo mero recebimento da 
denúncia ou queixa-crime. Afirmação da seguinte tese: “É vedado às 
unidades federativas instituírem normas que condicionem a instauração de ação 
penal contra o Governador, por crime comum, à prévia autorização da casa 
legislativa, cabendo ao Superior Tribunal de Justiça dispor, fundamentadamente, 
sobre a aplicação de medidas cautelares penais, inclusive afastamento do cargo".
A C Ó R D Ã O
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do 
Supremo Tribunal Federal, na conformidade da ata de julgamento, sob a 
presidência da Ministra Cármen Lúcia, por maioria, vencido em parte o 
Ministro Celso de Mello (Relator), julgar procedente a ação, para declarar 
2 
Supremo Tribunal Federal
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 140
Ementa e Acórdão
ADI 4764 / AC 
a inconstitucionalidade das expressões constantes do art. 44, VII 
(“processar e julgar o Governador (...) nos crimes de responsabilidade”) e do art. 
81, parte final (“ou perante a Assembleia Legislativa, nos crimes de 
responsabilidade”), assim como das expressões do art. 44, VIII (“declarar a 
procedência da acusação”) e do art. 81, caput, primeira parte (“Admitida a 
acusação contra o Governador do Estado, por dois terços da Assembleia 
Legislativa”), bem como, por arrastamento, do art. 82, I (“Art. 82. O 
Governador ficará suspenso de suas funções: I - nas infrações penais comuns, se 
recebida a denúncia ou queixa-crimepelo Superior Tribunal de Justiça”), todos 
da Constituição do Estado do Acre. Por unanimidade, acordam, nos 
termos do que proposto pelo Ministro Luís Roberto Barroso, que redigirá 
o acórdão, fixar a seguinte tese, a figurar como uma proposta de súmula 
vinculante: “É vedado às unidades federativas instituírem normas que 
condicionem a instauração de ação penal contra o Governador, por crime comum, 
à prévia autorização da casa legislativa, cabendo ao Superior Tribunal de Justiça 
dispor, fundamentadamente, sobre a aplicação de medidas cautelares penais, 
inclusive afastamento do cargo”. O Tribunal deliberou autorizar os 
Ministros a decidirem monocraticamente matéria em consonância com o 
entendimento firmado nesta ação direta de inconstitucionalidade, contra 
o voto do Ministro Marco Aurélio. Ausente, justificadamente, o Ministro 
Dias Toffoli. 
Brasília, 4 de maio de 2017.
 
 MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO - REDATOR P/O ACÓRDÃO
3 
Supremo Tribunal Federal
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Supremo Tribunal Federal
ADI 4764 / AC 
a inconstitucionalidade das expressões constantes do art. 44, VII 
(“processar e julgar o Governador (...) nos crimes de responsabilidade”) e do art. 
81, parte final (“ou perante a Assembleia Legislativa, nos crimes de 
responsabilidade”), assim como das expressões do art. 44, VIII (“declarar a 
procedência da acusação”) e do art. 81, caput, primeira parte (“Admitida a 
acusação contra o Governador do Estado, por dois terços da Assembleia 
Legislativa”), bem como, por arrastamento, do art. 82, I (“Art. 82. O 
Governador ficará suspenso de suas funções: I - nas infrações penais comuns, se 
recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Superior Tribunal de Justiça”), todos 
da Constituição do Estado do Acre. Por unanimidade, acordam, nos 
termos do que proposto pelo Ministro Luís Roberto Barroso, que redigirá 
o acórdão, fixar a seguinte tese, a figurar como uma proposta de súmula 
vinculante: “É vedado às unidades federativas instituírem normas que 
condicionem a instauração de ação penal contra o Governador, por crime comum, 
à prévia autorização da casa legislativa, cabendo ao Superior Tribunal de Justiça 
dispor, fundamentadamente, sobre a aplicação de medidas cautelares penais, 
inclusive afastamento do cargo”. O Tribunal deliberou autorizar os 
Ministros a decidirem monocraticamente matéria em consonância com o 
entendimento firmado nesta ação direta de inconstitucionalidade, contra 
o voto do Ministro Marco Aurélio. Ausente, justificadamente, o Ministro 
Dias Toffoli. 
Brasília, 4 de maio de 2017.
 
 MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO - REDATOR P/O ACÓRDÃO
3 
Supremo Tribunal Federal
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Relatório
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.764 ACRE
RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO
REQTE.(S) :CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS 
ADVOGADOS DO BRASIL - CFOAB 
ADV.(A/S) :OSWALDO PINHEIRO RIBEIRO JÚNIOR E 
OUTRO(A/S)
INTDO.(A/S) :ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ACRE 
AM. CURIAE. :ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DEFENSORES 
PÚBLICOS FEDERAIS - ANADEF 
ADV.(A/S) :DEBORA CAMILA DE ALBUQUERQUE CURSINE E 
OUTRO(A/S)
R E L A T Ó R I O
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO – (Relator): Trata-se de 
ação direta de inconstitucionalidade que, proposta pelo Conselho Federal 
da Ordem dos Advogados do Brasil, tem por finalidade questionar a 
validade jurídico- constitucional das expressões normativas constantes dos 
incisos VII e VIII do art. 44 e do art. 81 da Constituição do Estado do Acre.
As normas ora impugnadas possuem o seguinte conteúdo material:
“Art. 44. Compete privativamente à Assembléia 
Legislativa:
…...................................................................................................
VII – processar e julgar o Governador e o Vice-Governador 
do Estado nos crimes de responsabilidade e os Secretários de Estado, 
nos crimes da mesma natureza, conexos com aqueles;
VIII – declarar a procedência da acusação, o impedimento e 
a perda dos cargos de Governador e de Vice-Governador do Estado e 
demais autoridades, nas hipóteses previstas nesta Constituição;
…...................................................................................................
Art. 81. Admitida a acusação contra o Governador do 
Estado, por dois terços da Assembléia Legislativa, é ele 
submetido a julgamento perante o Superior Tribunal de Justiça, nos 
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Supremo Tribunal Federal
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.764 ACRE
RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO
REQTE.(S) :CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS 
ADVOGADOS DO BRASIL - CFOAB 
ADV.(A/S) :OSWALDO PINHEIRO RIBEIRO JÚNIOR E 
OUTRO(A/S)
INTDO.(A/S) :ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ACRE 
AM. CURIAE. :ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DEFENSORES 
PÚBLICOS FEDERAIS - ANADEF 
ADV.(A/S) :DEBORA CAMILA DE ALBUQUERQUE CURSINE E 
OUTRO(A/S)
R E L A T Ó R I O
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO – (Relator): Trata-se de 
ação direta de inconstitucionalidade que, proposta pelo Conselho Federal 
da Ordem dos Advogados do Brasil, tem por finalidade questionar a 
validade jurídico- constitucional das expressões normativas constantes dos 
incisos VII e VIII do art. 44 e do art. 81 da Constituição do Estado do Acre.
As normas ora impugnadas possuem o seguinte conteúdo material:
“Art. 44. Compete privativamente à Assembléia 
Legislativa:
…...................................................................................................
VII – processar e julgar o Governador e o Vice-Governador 
do Estado nos crimes de responsabilidade e os Secretários de Estado, 
nos crimes da mesma natureza, conexos com aqueles;
VIII – declarar a procedência da acusação, o impedimento e 
a perda dos cargos de Governador e de Vice-Governador do Estado e 
demais autoridades, nas hipóteses previstas nesta Constituição;
…...................................................................................................
Art. 81. Admitida a acusação contra o Governador do 
Estado, por dois terços da Assembléia Legislativa, é ele 
submetido a julgamento perante o Superior Tribunal de Justiça, nos 
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 140
Relatório
ADI 4764 / AC 
crimes comuns, ou perante a Assembléia Legislativa, nos crimes 
de responsabilidade.” (grifei)
O autor da presente ação direta sustenta a inconstitucionalidade das 
expressões referidas, enfatizando que “tais dispositivos são 
inconstitucionais, em primeiro lugar, por evidente usurpação de 
competência legislativa privativa da União Federal e afronta à legislação 
federal aplicável à espécie” (grifei), acentuando, ainda, que as normas 
referidas “(…) contrariamprincípios constitucionais inerentes à República 
e ao regime de responsabilidade que estão submetidos os agentes políticos” 
(grifei). 
Eis, em síntese, os fundamentos que, invocados pelo autor, dão 
suporte à pretensão de inconstitucionalidade deduzida nesta sede processual:
“(...) o trecho ‘processar e julgar o Governador ... nos 
crimes de responsabilidade’, previsto no inciso VII do artigo 44, e 
‘... declarar a procedência da acusação …’, inserta no VIII do 
mesmo dispositivo, ambos da Constituição do Estado do Acre, 
estabelecem normas processuais a serem observadas no julgamento 
pela prática de crimes de responsabilidade do Governador do 
Estado.
Isto é, exige e condiciona o julgamento perante a Assembléia 
Legislativa, nos crimes de responsabilidade, o que é reforçado na 
segunda parte do art. 81 ao prescrever ‘.... ou perante a Assembléia 
Legislativa, nos crimes de responsabilidade’.
Porém, a competência para estabelecimento de regras para o 
processo e julgamento dos crimes de responsabilidade é reservada 
à União Federal, consoante entendimento consolidado do Supremo 
Tribunal Federal na Edição da sua Súmula 722 (DJ de 09.12.2003 – 
Precedentes: ADI’s 1.628 MC, 2.050 MC, 2.220 MC, 1.879 MC, 
2.592 e 1.901).
…...................................................................................................
(…) os dispositivos da Constituição do Estado do Acre que 
estabelecem o processamento e julgamento dos crimes de 
2 
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Supremo Tribunal Federal
ADI 4764 / AC 
crimes comuns, ou perante a Assembléia Legislativa, nos crimes 
de responsabilidade.” (grifei)
O autor da presente ação direta sustenta a inconstitucionalidade das 
expressões referidas, enfatizando que “tais dispositivos são 
inconstitucionais, em primeiro lugar, por evidente usurpação de 
competência legislativa privativa da União Federal e afronta à legislação 
federal aplicável à espécie” (grifei), acentuando, ainda, que as normas 
referidas “(…) contrariam princípios constitucionais inerentes à República 
e ao regime de responsabilidade que estão submetidos os agentes políticos” 
(grifei). 
Eis, em síntese, os fundamentos que, invocados pelo autor, dão 
suporte à pretensão de inconstitucionalidade deduzida nesta sede processual:
“(...) o trecho ‘processar e julgar o Governador ... nos 
crimes de responsabilidade’, previsto no inciso VII do artigo 44, e 
‘... declarar a procedência da acusação …’, inserta no VIII do 
mesmo dispositivo, ambos da Constituição do Estado do Acre, 
estabelecem normas processuais a serem observadas no julgamento 
pela prática de crimes de responsabilidade do Governador do 
Estado.
Isto é, exige e condiciona o julgamento perante a Assembléia 
Legislativa, nos crimes de responsabilidade, o que é reforçado na 
segunda parte do art. 81 ao prescrever ‘.... ou perante a Assembléia 
Legislativa, nos crimes de responsabilidade’.
Porém, a competência para estabelecimento de regras para o 
processo e julgamento dos crimes de responsabilidade é reservada 
à União Federal, consoante entendimento consolidado do Supremo 
Tribunal Federal na Edição da sua Súmula 722 (DJ de 09.12.2003 – 
Precedentes: ADI’s 1.628 MC, 2.050 MC, 2.220 MC, 1.879 MC, 
2.592 e 1.901).
…...................................................................................................
(…) os dispositivos da Constituição do Estado do Acre que 
estabelecem o processamento e julgamento dos crimes de 
2 
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 140
Relatório
ADI 4764 / AC 
responsabilidade do Governador pela Assembléia Legislativa não se 
revestem de validade jurídica por dispor de matéria de competência 
normativa exclusiva da União Federal, ferindo, assim, a 
repartição de competência contida na Constituição Federal.
A violação ao art. 22, I, da CF, é manifesta 
(inconstitucionalidade formal), visto que tais dispositivos regulam 
matéria de natureza processual, cuja competência legislativa é 
atribuída, privativamente, à União Federal, e não aos Estados.
Nessa linha de raciocínio, conclui-se que os dispositivos da 
Constituição do Estado do Acre – arts. 44, VII e VIII, especialmente os 
trechos ‘... VII – processar e julgar o Governador … nos crimes 
de responsabilidade,’ e ‘VIII – declarar a procedência da 
acusação …’ – ora impugnados, por desatender a iniciativa 
legislativa reservada, fere princípio fundamental de harmonia entre os 
poderes, violando, pois, o art. 2º, da Carta da República.
…...................................................................................................
Ademais, a matéria de competência legiferante da União 
Federal – NORMA DE PROCESSO E JULGAMENTO DE 
CRIMES DE RESPONSABILIDADE – é tratada pela 
Lei nº. 1079/50, a qual designa a um ‘tribunal especial’ (tribunal 
político) a competência para julgamento de Governador e prevê a 
possibilidade de suspensão das funções deste quando a Assembléia 
decretar a procedência da acusação.
…...................................................................................................
Portanto, o art. 44, VII e VIII, e a segunda parte do art. 81 
(‘...ou perante a Assembléia Legislativa, nos crimes de 
responsabilidade’) são inconstitucionais por veicular 
disposição referentes ao processo e julgamento dos crimes de 
responsabilidade, cuja matéria é de competência exclusiva da 
União Federal, e, ainda, por contrariar a Lei nº 1.079/1950 
que determina o julgamento do Governador pelo Tribunal Especial 
de composição mista (Desembargadores e membros do Poder 
Legislativo).
…...................................................................................................
Ante o exposto, constata-se que tais dispositivos são 
inconstitucionais por usurpação de competência legislativa da 
3 
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Supremo Tribunal Federal
ADI 4764 / AC 
responsabilidade do Governador pela Assembléia Legislativa não se 
revestem de validade jurídica por dispor de matéria de competência 
normativa exclusiva da União Federal, ferindo, assim, a 
repartição de competência contida na Constituição Federal.
A violação ao art. 22, I, da CF, é manifesta 
(inconstitucionalidade formal), visto que tais dispositivos regulam 
matéria de natureza processual, cuja competência legislativa é 
atribuída, privativamente, à União Federal, e não aos Estados.
Nessa linha de raciocínio, conclui-se que os dispositivos da 
Constituição do Estado do Acre – arts. 44, VII e VIII, especialmente os 
trechos ‘... VII – processar e julgar o Governador … nos crimes 
de responsabilidade,’ e ‘VIII – declarar a procedência da 
acusação …’ – ora impugnados, por desatender a iniciativa 
legislativa reservada, fere princípio fundamental de harmonia entre os 
poderes, violando,pois, o art. 2º, da Carta da República.
…...................................................................................................
Ademais, a matéria de competência legiferante da União 
Federal – NORMA DE PROCESSO E JULGAMENTO DE 
CRIMES DE RESPONSABILIDADE – é tratada pela 
Lei nº. 1079/50, a qual designa a um ‘tribunal especial’ (tribunal 
político) a competência para julgamento de Governador e prevê a 
possibilidade de suspensão das funções deste quando a Assembléia 
decretar a procedência da acusação.
…...................................................................................................
Portanto, o art. 44, VII e VIII, e a segunda parte do art. 81 
(‘...ou perante a Assembléia Legislativa, nos crimes de 
responsabilidade’) são inconstitucionais por veicular 
disposição referentes ao processo e julgamento dos crimes de 
responsabilidade, cuja matéria é de competência exclusiva da 
União Federal, e, ainda, por contrariar a Lei nº 1.079/1950 
que determina o julgamento do Governador pelo Tribunal Especial 
de composição mista (Desembargadores e membros do Poder 
Legislativo).
…...................................................................................................
Ante o exposto, constata-se que tais dispositivos são 
inconstitucionais por usurpação de competência legislativa da 
3 
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Relatório
ADI 4764 / AC 
União Federal e pelo desrespeito ao contido na Lei nº 1.079/50, sendo 
patente a violência ao art. 22, I, da Carta Federal.
…...................................................................................................
Da transcrição dos dispositivos ora impugnados 
constata-se, ainda, que a exigência de prévia autorização da 
Assembléia Legislativa para fins de autorizar a instauração de ação 
penal em desfavor do Governador (art. 81 – ‘Admitida a acusação 
contra o Governador, por dois terços da Assembléia 
Legislativa ...’) ofende os princípios republicano e da Separação dos 
Poderes (arts. 1º e 2º, CF), bem como do acesso à jurisdição (art. 5º, 
XXXV, CF).
De fato, o regime de responsabilização apregoado pela Carta da 
República não define a exigência de anuência prévia do 
Legislativo Estadual para instauração de persecução criminal em 
desfavor de Governadores de Estado ou do Distrito Federal, ou 
mesmo contra outras autoridades estaduais ou distritais.
…...................................................................................................
Com efeito, essa condição de procedibilidade, tal como 
instituída pelo art. 81 da Constituição do Estado do Acre, ofende o 
princípio da Separação dos Poderes (art. 2º) em razão da indevida 
interpretação extensiva da norma dirigida ao Chefe do Poder 
Executivo Federal, porquanto condiciona o exercício da função 
jurisdicional a uma autorização do Poder Legislativo.” (grifei)
A Augusta Assembleia Legislativa do Estado do Acre, por sua 
vez, ao prestar as informações que lhe foram solicitadas, assim se 
manifestou:
“Primeiramente, cumpre reconhecer que, de fato, a 
competência para legislar sobre os crimes de responsabilidade e das 
normas processuais para seu julgamento é da União. Esse é o 
entendimento desse Pretório Excelso, sumulado no verbete n.º 722, da 
jurisprudência dessa Suprema Corte. (…).
…..............................................................................................................
Assim, a Súmula 722 lançou luzes à questão, esmiuçando a regra 
constitucional segundo a qual a competência para legislar sobre 
4 
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União Federal e pelo desrespeito ao contido na Lei nº 1.079/50, sendo 
patente a violência ao art. 22, I, da Carta Federal.
…...................................................................................................
Da transcrição dos dispositivos ora impugnados 
constata-se, ainda, que a exigência de prévia autorização da 
Assembléia Legislativa para fins de autorizar a instauração de ação 
penal em desfavor do Governador (art. 81 – ‘Admitida a acusação 
contra o Governador, por dois terços da Assembléia 
Legislativa ...’) ofende os princípios republicano e da Separação dos 
Poderes (arts. 1º e 2º, CF), bem como do acesso à jurisdição (art. 5º, 
XXXV, CF).
De fato, o regime de responsabilização apregoado pela Carta da 
República não define a exigência de anuência prévia do 
Legislativo Estadual para instauração de persecução criminal em 
desfavor de Governadores de Estado ou do Distrito Federal, ou 
mesmo contra outras autoridades estaduais ou distritais.
…...................................................................................................
Com efeito, essa condição de procedibilidade, tal como 
instituída pelo art. 81 da Constituição do Estado do Acre, ofende o 
princípio da Separação dos Poderes (art. 2º) em razão da indevida 
interpretação extensiva da norma dirigida ao Chefe do Poder 
Executivo Federal, porquanto condiciona o exercício da função 
jurisdicional a uma autorização do Poder Legislativo.” (grifei)
A Augusta Assembleia Legislativa do Estado do Acre, por sua 
vez, ao prestar as informações que lhe foram solicitadas, assim se 
manifestou:
“Primeiramente, cumpre reconhecer que, de fato, a 
competência para legislar sobre os crimes de responsabilidade e das 
normas processuais para seu julgamento é da União. Esse é o 
entendimento desse Pretório Excelso, sumulado no verbete n.º 722, da 
jurisprudência dessa Suprema Corte. (…).
…..............................................................................................................
Assim, a Súmula 722 lançou luzes à questão, esmiuçando a regra 
constitucional segundo a qual a competência para legislar sobre 
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Relatório
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processo, inclusive o que cuida de crimes de responsabilidade, é da 
União.
…..............................................................................................................
Importante, neste momento, esclarecer que a Lei Ordinária 
Federal n.º 1.079/1950 foi devidamente recepcionada pela Ordem 
Constitucional vigente, conforme restou decidido nos autos da 
ADIN 1.628, citada pelo próprio Impetrante, estando, portanto, em pleno 
vigor.
Pois bem. Voltando à redação da referida Lei Federal, observa-se que 
o Legislador outorgou ao Legislador Constituinte Estadual a forma 
de julgamento nos crimes de responsabilidade, e ao mesmo tempo, 
estabeleceu uma forma supletiva para o caso dos Estados Federados que 
não fizessem uso dessa prerrogativa, a fim de evitar possível vazio 
legislativo (vide §3º acima).
Indaga-se: estaria o legislador federal autorizado a deixar a 
cargo do legisladorestadual tal mister? A resposta deve ser positiva, 
senão vejamos.
O artigo 22, inciso I, da Constituição Federal, estabeleceu, 
como visto, que a competência para legislar sobre processo é da União. 
(…).
…..............................................................................................................
Ora, embora não se tenha dito no julgamento da ADIN 1.628 
que a Lei Ordinária Federal n.º 1.079/1950 tenha sido recepcionada 
com status de lei complementar, observa-se que se trata de lei federal 
outorgando ao Poder Legislativo Estadual a prerrogativa de 
estabelecer a forma de processamento dos crimes de 
responsabilidade eventualmente perpetrados pelo Governador. Sendo 
assim, e considerando que há deliberação desse Supremo Tribunal 
Federal no sentido de que a aludida Lei Ordinária foi recepcionada, 
conforme asseverado pelo Impetrante, parece ser o caso de recepção com 
status de lei complementar, o que não seria nenhuma novidade 
jurídica, haja vista o precedente do Código Tributário Nacional 
(LEI Nº 5.172, DE 25 DE OUTUBRO DE 1966), que, embora tenha 
sido veiculado na forma de Lei Ordinária, atende como lei complementar 
às exigências constitucionais, conforme decisões reiteradas desse 
Pretório Excelso.
5 
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processo, inclusive o que cuida de crimes de responsabilidade, é da 
União.
…..............................................................................................................
Importante, neste momento, esclarecer que a Lei Ordinária 
Federal n.º 1.079/1950 foi devidamente recepcionada pela Ordem 
Constitucional vigente, conforme restou decidido nos autos da 
ADIN 1.628, citada pelo próprio Impetrante, estando, portanto, em pleno 
vigor.
Pois bem. Voltando à redação da referida Lei Federal, observa-se que 
o Legislador outorgou ao Legislador Constituinte Estadual a forma 
de julgamento nos crimes de responsabilidade, e ao mesmo tempo, 
estabeleceu uma forma supletiva para o caso dos Estados Federados que 
não fizessem uso dessa prerrogativa, a fim de evitar possível vazio 
legislativo (vide §3º acima).
Indaga-se: estaria o legislador federal autorizado a deixar a 
cargo do legislador estadual tal mister? A resposta deve ser positiva, 
senão vejamos.
O artigo 22, inciso I, da Constituição Federal, estabeleceu, 
como visto, que a competência para legislar sobre processo é da União. 
(…).
…..............................................................................................................
Ora, embora não se tenha dito no julgamento da ADIN 1.628 
que a Lei Ordinária Federal n.º 1.079/1950 tenha sido recepcionada 
com status de lei complementar, observa-se que se trata de lei federal 
outorgando ao Poder Legislativo Estadual a prerrogativa de 
estabelecer a forma de processamento dos crimes de 
responsabilidade eventualmente perpetrados pelo Governador. Sendo 
assim, e considerando que há deliberação desse Supremo Tribunal 
Federal no sentido de que a aludida Lei Ordinária foi recepcionada, 
conforme asseverado pelo Impetrante, parece ser o caso de recepção com 
status de lei complementar, o que não seria nenhuma novidade 
jurídica, haja vista o precedente do Código Tributário Nacional 
(LEI Nº 5.172, DE 25 DE OUTUBRO DE 1966), que, embora tenha 
sido veiculado na forma de Lei Ordinária, atende como lei complementar 
às exigências constitucionais, conforme decisões reiteradas desse 
Pretório Excelso.
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ADI 4764 / AC 
Assim, tendo a União exercido sua competência legiferante 
acerca da matéria, promulgando lei na qual outorga aos Estados Federados 
a prerrogativa de estabelecer normas procedimentais para 
responsabilização de seus Governadores nos crimes comuns e de 
responsabilidade, está preservada a competência legislativa da União, 
ficando prejudicada qualquer alegação de vício formal, e por que não 
dizer, material, pois se trata de questão reservada a lei, não cabendo 
ponderação acerca de sua conveniência. Acaso se entenda que a lei não 
atende aos reclamos do povo, de onde emana todo o poder, não há 
qualquer óbice para que se providencie, por meio do Congresso Nacional, 
mudança legislativa no sentido de estabelecer uma nova sistemática 
para a questão, parecendo ser essa a instância apropriada para o debate.
Assim, ainda que se diga - conforme consta da petição inicial – que 
o paralelismo das formas ou a simetria não justificam a outorga de tal 
prerrogativa ao Governador, a quem não seria dado se comparar ao 
Chefe do Estado Brasileiro o Presidente da República, parece que a questão 
não passa por esse prisma. Se trata do direito posto, da norma federal 
que, embora seja de 1950, foi devidamente recepcionada pela Ordem 
Constitucional vigente, conforme Jurisprudência desse Pretório Excelso, e 
que deixou a cargo do Poder Legislativo Estadual – Constituinte derivado 
ou reformador, diga-se de passagem – estabelecer procedimento para 
apuração de crime comum ou de responsabilidade.
Finalmente, não há nos autos qualquer notícia de urgência que 
justifique a concessão de medida cautelar. A situação política do Estado 
do Acre é de respeito à Constituição, aos Poderes instituídos, de paz 
social, de salutar disputa democrática pelo poder político, que está ao 
alcance de todos, na forma da Constituição Cidadã. Não há notícia de 
qualquer tentativa de responsabilização do Governador, quer no STJ, 
quer no Plenário da Assembleia Legislativa, que esteja encontrando 
óbice nas normas da Constituição Estadual impugnadas nesta Ação 
Direta de Inconstitucionalidade. Sendo assim, parece ser o caso de 
questão tão relevante seguir o rito normal de processamento, juntamente 
com as demais ADIs que tratam de matéria semelhante, no que toca a 
outros Estados Federados, sem qualquer açodamento.” (grifei)
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Assim, tendo a União exercido sua competência legiferante 
acerca da matéria, promulgando lei na qual outorga aos Estados Federados 
a prerrogativa de estabelecer normas procedimentais para 
responsabilização de seus Governadores nos crimes comuns e de 
responsabilidade, está preservada a competência legislativa da União, 
ficando prejudicada qualquer alegação de vício formal, e por que não 
dizer, material, pois se trata de questão reservada a lei, não cabendo 
ponderação acerca de sua conveniência. Acaso se entenda que a lei não 
atende aos reclamos do povo, de onde emana todo o poder, não há 
qualquer óbice para que se providencie, por meio do Congresso Nacional, 
mudança legislativa no sentido de estabelecer uma nova sistemática 
para a questão, parecendo ser essa a instância apropriada para o debate.
Assim, ainda que se diga - conforme consta da petição inicial – que 
oparalelismo das formas ou a simetria não justificam a outorga de tal 
prerrogativa ao Governador, a quem não seria dado se comparar ao 
Chefe do Estado Brasileiro o Presidente da República, parece que a questão 
não passa por esse prisma. Se trata do direito posto, da norma federal 
que, embora seja de 1950, foi devidamente recepcionada pela Ordem 
Constitucional vigente, conforme Jurisprudência desse Pretório Excelso, e 
que deixou a cargo do Poder Legislativo Estadual – Constituinte derivado 
ou reformador, diga-se de passagem – estabelecer procedimento para 
apuração de crime comum ou de responsabilidade.
Finalmente, não há nos autos qualquer notícia de urgência que 
justifique a concessão de medida cautelar. A situação política do Estado 
do Acre é de respeito à Constituição, aos Poderes instituídos, de paz 
social, de salutar disputa democrática pelo poder político, que está ao 
alcance de todos, na forma da Constituição Cidadã. Não há notícia de 
qualquer tentativa de responsabilização do Governador, quer no STJ, 
quer no Plenário da Assembleia Legislativa, que esteja encontrando 
óbice nas normas da Constituição Estadual impugnadas nesta Ação 
Direta de Inconstitucionalidade. Sendo assim, parece ser o caso de 
questão tão relevante seguir o rito normal de processamento, juntamente 
com as demais ADIs que tratam de matéria semelhante, no que toca a 
outros Estados Federados, sem qualquer açodamento.” (grifei)
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Relatório
ADI 4764 / AC 
O eminente Advogado-Geral da União pronunciou-se pela parcial 
procedência do pedido, por entender que deve ser “(...) declarada a 
inconstitucionalidade apenas das expressões ‘o Governador (…) nos 
crimes de responsabilidade” (grifei); bem como da expressão “’ou 
perante a Assembléia Legislativa, nos crimes de responsabilidade’, 
constantes dos artigos 44, inciso VII, e 81, ‘caput’, ambos da Constituição do 
Estado do Acre” (grifei), fazendo-o com apoio nas seguintes razões:
“(...) determina a Constituição Federal, em seu artigo 22, 
inciso I, que compete privativamente à União legislar sobre 
direito penal e processual penal, prevendo, ainda, ao dispor sobre os 
crimes de responsabilidade praticáveis pelo Presidente da República, 
que tais infrações devem ser definidas ‘em lei especial, que 
estabelecerá as normas de processo e julgamento’ (artigo 85, parágrafo 
único, da Lei Maior).
A matéria, a propósito, encontra-se regulada pela Lei 
federal nº 1.079, de 1950, que ‘define os crimes de responsabilidade e 
regula o respectivo processo de julgamento’. Esse diploma legal, 
conforme orientação dessa Corte Suprema, foi recepcionado pela 
ordem constitucional instaurada em 1988 no que diz respeito à 
disciplina que estabelece acerca dos crimes de responsabilidade 
praticados pelos Governadores e Secretários dos Estados.
Há, também, no âmbito da legislação federal, o Decreto- 
-lei nº 201, de 1967, que cuida dos crimes de responsabilidade 
cometidos por Prefeitos e Vereadores, e a Lei nº 7.106, de 1983, que 
trata dos crimes de responsabilidade praticados pelos Governadores do 
Distrito Federal e dos Territórios Federais, bem como dos respectivos 
Secretários, tudo a demonstrar a competência da União para 
legislar sobre a matéria.
…...................................................................................................
Dessa maneira, conclui-se que as expressões ‘o Governador 
(…) nos crimes de responsabilidade’; e ‘ou perante a 
Assembléia Legislativa, nos crimes de responsabilidade’, 
constantes dos artigos 44, inciso VII, e 81, ‘caput’, ambos da 
Constituição do Estado do Acre, são formalmente 
7 
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ADI 4764 / AC 
O eminente Advogado-Geral da União pronunciou-se pela parcial 
procedência do pedido, por entender que deve ser “(...) declarada a 
inconstitucionalidade apenas das expressões ‘o Governador (…) nos 
crimes de responsabilidade” (grifei); bem como da expressão “’ou 
perante a Assembléia Legislativa, nos crimes de responsabilidade’, 
constantes dos artigos 44, inciso VII, e 81, ‘caput’, ambos da Constituição do 
Estado do Acre” (grifei), fazendo-o com apoio nas seguintes razões:
“(...) determina a Constituição Federal, em seu artigo 22, 
inciso I, que compete privativamente à União legislar sobre 
direito penal e processual penal, prevendo, ainda, ao dispor sobre os 
crimes de responsabilidade praticáveis pelo Presidente da República, 
que tais infrações devem ser definidas ‘em lei especial, que 
estabelecerá as normas de processo e julgamento’ (artigo 85, parágrafo 
único, da Lei Maior).
A matéria, a propósito, encontra-se regulada pela Lei 
federal nº 1.079, de 1950, que ‘define os crimes de responsabilidade e 
regula o respectivo processo de julgamento’. Esse diploma legal, 
conforme orientação dessa Corte Suprema, foi recepcionado pela 
ordem constitucional instaurada em 1988 no que diz respeito à 
disciplina que estabelece acerca dos crimes de responsabilidade 
praticados pelos Governadores e Secretários dos Estados.
Há, também, no âmbito da legislação federal, o Decreto- 
-lei nº 201, de 1967, que cuida dos crimes de responsabilidade 
cometidos por Prefeitos e Vereadores, e a Lei nº 7.106, de 1983, que 
trata dos crimes de responsabilidade praticados pelos Governadores do 
Distrito Federal e dos Territórios Federais, bem como dos respectivos 
Secretários, tudo a demonstrar a competência da União para 
legislar sobre a matéria.
…...................................................................................................
Dessa maneira, conclui-se que as expressões ‘o Governador 
(…) nos crimes de responsabilidade’; e ‘ou perante a 
Assembléia Legislativa, nos crimes de responsabilidade’, 
constantes dos artigos 44, inciso VII, e 81, ‘caput’, ambos da 
Constituição do Estado do Acre, são formalmente 
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Relatório
ADI 4764 / AC 
inconstitucionais, uma vez que ofendem o disposto no artigo 22, 
inciso I, da Constituição Federal.
No tocante à expressão ‘declarar a procedência da 
acusação’, igualmente impugnada pelo autor, não se verifica a 
inconstitucionalidade alegada. A análise do artigo 44, inciso VIII, 
da Constituição do Estado do Acre, em que se encontra inserida a 
expressão, demonstra que o trecho normativo impugnado não está 
atrelado, unicamente, às hipóteses de crimes de responsabilidade do 
Governador do Estado, de modo que se aplica a todas as ‘hipóteses 
previstas nesta Constituição’, nos termos utilizados pela norma 
em questão. Destarte, não se vislumbra vício de 
inconstitucionalidade no trecho normativo hostilizado, devendo 
ser reconhecida a improcedência do pedido do autor,no ponto 
específico.
…...................................................................................................
Conforme relatado, o requerente sustenta, ainda, a 
inconstitucionalidade da expressão ‘Admitida a acusação contra o 
Governador do Estado, por dois terços da Assembléia 
Legislativa’, constante do artigo 81, ‘caput’, da Constituição do 
Estado do Acre.
A esse respeito, o autor aduz que a referida previsão violaria 
os princípios republicano, da separação de Poderes, da 
inafastabilidade da tutela jurisdicional e da proporcionalidade. 
Entretanto, são insubsistentes as alegações apresentadas, sendo a 
expressão impugnada plenamente válida.
Nesse sentido, cumpre ressaltar, inicialmente, a 
compatibilidade do trecho questionado com o princípio 
republicano, previsto pelo artigo 1º, ‘caput’, da Lei Maior.
Desenvolvida em contraponto ao exercício absoluto do Poder 
estatal, a forma republicana de governo tem, como uma das pedras 
angulares essenciais à sua configuração, o princípio da 
responsabilidade dos governantes, que constitui consequência 
necessária da adoção daquela.
A expressão questionada, no entanto, não impede a 
responsabilização da autoridade que menciona, cingindo-se 
a prever requisito de procedibilidade para a válida 
8 
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ADI 4764 / AC 
inconstitucionais, uma vez que ofendem o disposto no artigo 22, 
inciso I, da Constituição Federal.
No tocante à expressão ‘declarar a procedência da 
acusação’, igualmente impugnada pelo autor, não se verifica a 
inconstitucionalidade alegada. A análise do artigo 44, inciso VIII, 
da Constituição do Estado do Acre, em que se encontra inserida a 
expressão, demonstra que o trecho normativo impugnado não está 
atrelado, unicamente, às hipóteses de crimes de responsabilidade do 
Governador do Estado, de modo que se aplica a todas as ‘hipóteses 
previstas nesta Constituição’, nos termos utilizados pela norma 
em questão. Destarte, não se vislumbra vício de 
inconstitucionalidade no trecho normativo hostilizado, devendo 
ser reconhecida a improcedência do pedido do autor, no ponto 
específico.
…...................................................................................................
Conforme relatado, o requerente sustenta, ainda, a 
inconstitucionalidade da expressão ‘Admitida a acusação contra o 
Governador do Estado, por dois terços da Assembléia 
Legislativa’, constante do artigo 81, ‘caput’, da Constituição do 
Estado do Acre.
A esse respeito, o autor aduz que a referida previsão violaria 
os princípios republicano, da separação de Poderes, da 
inafastabilidade da tutela jurisdicional e da proporcionalidade. 
Entretanto, são insubsistentes as alegações apresentadas, sendo a 
expressão impugnada plenamente válida.
Nesse sentido, cumpre ressaltar, inicialmente, a 
compatibilidade do trecho questionado com o princípio 
republicano, previsto pelo artigo 1º, ‘caput’, da Lei Maior.
Desenvolvida em contraponto ao exercício absoluto do Poder 
estatal, a forma republicana de governo tem, como uma das pedras 
angulares essenciais à sua configuração, o princípio da 
responsabilidade dos governantes, que constitui consequência 
necessária da adoção daquela.
A expressão questionada, no entanto, não impede a 
responsabilização da autoridade que menciona, cingindo-se 
a prever requisito de procedibilidade para a válida 
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 11 de 140
Relatório
ADI 4764 / AC 
instauração de processo contra o Governador do Estado do 
Acre.
…...................................................................................................
Constata-se, portanto, que a expressão atacada não viola o 
princípio republicano. De modo diverso, ela evita que a instauração 
de processo contra Governador seja exclusivamente decidida pelo 
Poder Judiciário, o que representaria um desequilíbrio entre os 
Poderes.
Desse modo, o trecho normativo impugnado pelo autor 
contribui para resguardar o exercício das funções do Poder 
Executivo de eventuais arbitrariedades e interferências indevidas, em 
atendimento ao princípio da separação dos Poderes, previsto no 
artigo 2º da Carta da República.
…...................................................................................................
Assim, nos termos das razões expostas e da jurisprudência 
atual dessa Suprema Corte, constata-se a compatibilidade entre o 
Texto Constitucional, especialmente em relação aos princípios 
republicano, da separação de Poderes, da inafastabilidade da tutela 
jurisdicional e da proporcionalidade, e a expressão e ‘Admitida a 
acusação contra o Governador do Estado, por dois terços da 
Assembléia Legislativa’, constante do artigo 81, ‘caput’, da 
Constituição do Estado do Acre.” (grifei)
O Ministério Público Federal, atuando em sua condição de “custos 
constitutionis”, opinou pela parcial procedência da presente ação direta, em 
parecer assim ementado:
“Ação direta de inconstitucionalidade. Art. 44, incisos VII e 
VIII, e art. 81 da Constituição do Estado do Acre. Processamento e 
julgamento dos crimes de responsabilidade. Competência 
legislativa privativa da União (súmula 722 do STF). Exigência 
de aprovação da Assembleia Legislativa para recebimento de 
denúncia, por crimes comuns, formulada contra o Governador do 
Estado. Condição de procedibilidade inscrita em Constituições 
estaduais que não significa irresponsabilidade penal dos governantes, 
não desqualifica o princípio republicano nem a inafastabilidade da 
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instauração de processo contra o Governador do Estado do 
Acre.
…...................................................................................................
Constata-se, portanto, que a expressão atacada não viola o 
princípio republicano. De modo diverso, ela evita que a instauração 
de processo contra Governador seja exclusivamente decidida pelo 
Poder Judiciário, o que representaria um desequilíbrio entre os 
Poderes.
Desse modo, o trecho normativo impugnado pelo autor 
contribui para resguardar o exercício das funções do Poder 
Executivo de eventuais arbitrariedades e interferências indevidas, em 
atendimento ao princípio da separação dos Poderes, previsto no 
artigo 2º da Carta da República.
…...................................................................................................
Assim, nos termos das razões expostas e da jurisprudência 
atual dessa Suprema Corte, constata-se a compatibilidade entre o 
Texto Constitucional, especialmente em relação aos princípios 
republicano, da separação de Poderes, da inafastabilidade da tutela 
jurisdicional e da proporcionalidade,e a expressão e ‘Admitida a 
acusação contra o Governador do Estado, por dois terços da 
Assembléia Legislativa’, constante do artigo 81, ‘caput’, da 
Constituição do Estado do Acre.” (grifei)
O Ministério Público Federal, atuando em sua condição de “custos 
constitutionis”, opinou pela parcial procedência da presente ação direta, em 
parecer assim ementado:
“Ação direta de inconstitucionalidade. Art. 44, incisos VII e 
VIII, e art. 81 da Constituição do Estado do Acre. Processamento e 
julgamento dos crimes de responsabilidade. Competência 
legislativa privativa da União (súmula 722 do STF). Exigência 
de aprovação da Assembleia Legislativa para recebimento de 
denúncia, por crimes comuns, formulada contra o Governador do 
Estado. Condição de procedibilidade inscrita em Constituições 
estaduais que não significa irresponsabilidade penal dos governantes, 
não desqualifica o princípio republicano nem a inafastabilidade da 
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Relatório
ADI 4764 / AC 
jurisdição e que se afirma em face do princípio da Federação e da 
autonomia político-institucional dos Estados-membros. Parecer pela 
parcial procedência do pedido.” (grifei)
Este é o relatório, de cujo texto a Secretaria remeterá cópia a todos 
os Senhores Ministros deste Egrégio Tribunal (Lei nº 9.868/99, art. 9º, 
“caput”; RISTF, art. 172).
_____________________
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Supremo Tribunal Federal
ADI 4764 / AC 
jurisdição e que se afirma em face do princípio da Federação e da 
autonomia político-institucional dos Estados-membros. Parecer pela 
parcial procedência do pedido.” (grifei)
Este é o relatório, de cujo texto a Secretaria remeterá cópia a todos 
os Senhores Ministros deste Egrégio Tribunal (Lei nº 9.868/99, art. 9º, 
“caput”; RISTF, art. 172).
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Voto - MIN. CELSO DE MELLO
05/08/2015 PLENÁRIO
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.764 ACRE
V O T O
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO – (Relator): Destaco, 
inicialmente, a plena legitimidade do comportamento processual do Senhor 
Advogado-Geral da União, cujo pronunciamento favorável à parcial 
procedência da presente ação direta tem suporte na orientação 
jurisprudencial que o Plenário do Supremo Tribunal Federal firmou no 
julgamento da controvérsia ora em exame, como resulta claro de diversos 
precedentes (RTJ 213/436-438 – ADI 341/PR – ADI 1.440/SC, v.g.).
A jurisprudência desta Suprema Corte já se consolidou no sentido 
de que o Advogado-Geral da União – que, em princípio, atua como curador 
da presunção de constitucionalidade do ato impugnado (RTJ 131/470 – 
RTJ 131/958 – RTJ 170/801-802, v.g.) – não está obrigado a defender, 
incondicionalmente, o diploma estatal, se este veicular conteúdo normativo 
já declarado incompatível com a Constituição da República pelo Supremo 
Tribunal Federal em julgamentos proferidos no exercício de sua 
jurisdição constitucional:
“ATUAÇÃO DO ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO NO 
PROCESSO DE CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO.
– O Advogado-Geral da União – que, em princípio, atua 
como curador da presunção de constitucionalidade do ato impugnado 
(RTJ 131/470 – RTJ 131/958 – RTJ 170/801-802, v.g.) – não está 
obrigado a defender o diploma estatal, se este veicular conteúdo 
normativo já declarado incompatível com a Constituição da República 
pelo Supremo Tribunal Federal em julgamentos proferidos no 
exercício de sua jurisdição constitucional. Precedentes.”
(ADI 2.681-MC/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO)
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Supremo Tribunal Federal
05/08/2015 PLENÁRIO
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.764 ACRE
V O T O
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO – (Relator): Destaco, 
inicialmente, a plena legitimidade do comportamento processual do Senhor 
Advogado-Geral da União, cujo pronunciamento favorável à parcial 
procedência da presente ação direta tem suporte na orientação 
jurisprudencial que o Plenário do Supremo Tribunal Federal firmou no 
julgamento da controvérsia ora em exame, como resulta claro de diversos 
precedentes (RTJ 213/436-438 – ADI 341/PR – ADI 1.440/SC, v.g.).
A jurisprudência desta Suprema Corte já se consolidou no sentido 
de que o Advogado-Geral da União – que, em princípio, atua como curador 
da presunção de constitucionalidade do ato impugnado (RTJ 131/470 – 
RTJ 131/958 – RTJ 170/801-802, v.g.) – não está obrigado a defender, 
incondicionalmente, o diploma estatal, se este veicular conteúdo normativo 
já declarado incompatível com a Constituição da República pelo Supremo 
Tribunal Federal em julgamentos proferidos no exercício de sua 
jurisdição constitucional:
“ATUAÇÃO DO ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO NO 
PROCESSO DE CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO.
– O Advogado-Geral da União – que, em princípio, atua 
como curador da presunção de constitucionalidade do ato impugnado 
(RTJ 131/470 – RTJ 131/958 – RTJ 170/801-802, v.g.) – não está 
obrigado a defender o diploma estatal, se este veicular conteúdo 
normativo já declarado incompatível com a Constituição da República 
pelo Supremo Tribunal Federal em julgamentos proferidos no 
exercício de sua jurisdição constitucional. Precedentes.”
(ADI 2.681-MC/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO)
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Voto - MIN. CELSO DE MELLO
ADI 4764 / AC 
Vale rememorar, no ponto, que o Supremo Tribunal Federal, por mais 
de uma vez, já teve a oportunidade de advertir que “o Advogado-Geral da 
União não está obrigado a defender tese jurídica se sobre ela esta Corte 
já fixou entendimento pela sua inconstitucionalidade” (ADI 1.616/PE, 
Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA – grifei). Esse entendimento 
jurisprudencial veio a ser reafirmado nos julgamentos da ADI 2.101/MS, 
Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA, e da ADI 3.916/DF, Rel. Min. EROS 
GRAU.
Incensurável, desse modo, sob a perspectiva de suas funções no 
processo de fiscalização normativa abstrata, o pronunciamento que, 
nestes autos, manifestou o Senhor Advogado-Geral da União.
Prosseguindo, Senhor Presidente, desejo acentuar que o julgamento 
da presente controvérsia constitucional põe em perspectiva dois temas 
impregnados do mais alto relevo político-jurídico, ambos pertinentes ao 
princípio da federação e ao postulado republicano.
O exame da questão concernente ao princípio federativo resulta, na 
espécie, do debate emtorno da repartição material de competência 
normativa no âmbito do Estado Federal brasileiro.
Sob tal perspectiva, cabe reconhecer que esta Suprema Corte, em 
reiterados pronunciamentos, consagrou diretriz jurisprudencial no 
sentido de competir, privativamente, à União Federal – e a esta, apenas – a 
atribuição de legislar em tema de crimes de responsabilidade, seja para 
tipificá-los, seja para definir-lhes a ordem ritual ou o “modus procedendi”.
Em virtude dessa orientação jurisprudencial, firmaram-se diversos 
precedentes, todos no sentido de não se revelar possível ao Estado-membro 
dispor sobre o tema em questão, sob pena de usurpação da competência 
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Supremo Tribunal Federal
ADI 4764 / AC 
Vale rememorar, no ponto, que o Supremo Tribunal Federal, por mais 
de uma vez, já teve a oportunidade de advertir que “o Advogado-Geral da 
União não está obrigado a defender tese jurídica se sobre ela esta Corte 
já fixou entendimento pela sua inconstitucionalidade” (ADI 1.616/PE, 
Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA – grifei). Esse entendimento 
jurisprudencial veio a ser reafirmado nos julgamentos da ADI 2.101/MS, 
Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA, e da ADI 3.916/DF, Rel. Min. EROS 
GRAU.
Incensurável, desse modo, sob a perspectiva de suas funções no 
processo de fiscalização normativa abstrata, o pronunciamento que, 
nestes autos, manifestou o Senhor Advogado-Geral da União.
Prosseguindo, Senhor Presidente, desejo acentuar que o julgamento 
da presente controvérsia constitucional põe em perspectiva dois temas 
impregnados do mais alto relevo político-jurídico, ambos pertinentes ao 
princípio da federação e ao postulado republicano.
O exame da questão concernente ao princípio federativo resulta, na 
espécie, do debate em torno da repartição material de competência 
normativa no âmbito do Estado Federal brasileiro.
Sob tal perspectiva, cabe reconhecer que esta Suprema Corte, em 
reiterados pronunciamentos, consagrou diretriz jurisprudencial no 
sentido de competir, privativamente, à União Federal – e a esta, apenas – a 
atribuição de legislar em tema de crimes de responsabilidade, seja para 
tipificá-los, seja para definir-lhes a ordem ritual ou o “modus procedendi”.
Em virtude dessa orientação jurisprudencial, firmaram-se diversos 
precedentes, todos no sentido de não se revelar possível ao Estado-membro 
dispor sobre o tema em questão, sob pena de usurpação da competência 
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Voto - MIN. CELSO DE MELLO
ADI 4764 / AC 
legislativa da União Federal (tal como vem esta enumerada no art. 22, I, 
da Lei Fundamental), resultante de transgressão ao modelo de 
discriminação material de atribuições normativas partilhadas entre as 
pessoas políticas que compõem o Estado Federal brasileiro.
Não desconheço, Senhor Presidente, na linha dos votos que proferi 
em diversos julgamentos (Pet 1.656/DF – Pet 1.954/DF – RE 367.297/SP – 
RE 411.414/MG), que se registra, na matéria em exame, amplo dissídio 
doutrinário em torno da qualificação jurídica do “crime de 
responsabilidade” e do processo a que dá origem, pois, para uns, o 
“impeachment” constitui processo eminentemente político, enquanto que, 
para outros, ele representa processo de índole criminal (como sucedeu sob a 
legislação imperial brasileira: Lei de 15/10/1827), havendo, ainda, os que 
nessa matéria identificam a existência de um processo de natureza mista, 
consoante revela o magistério de eminentes autores (PAULO BROSSARD 
DE SOUZA PINTO, “O Impeachment”, p. 75/87, 2ª ed., 1992, Saraiva; 
PINTO FERREIRA, “Comentários à Constituição Brasileira”, 
vol. 3/596-600, 1992, Saraiva; MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO, 
“Comentários à Constituição Brasileira de 1988”, vol. 2/168-172, 1992, 
Saraiva; JOSÉ AFONSO DA SILVA, “Curso de Direito Constitucional 
Positivo”, p. 518-520, 10ª ed., 1995, Malheiros; JOSÉ CRETELLA JÚNIOR, 
“Comentários à Constituição de 1988”, vol. V/2931-2945, 1991, Forense 
Universitária; PONTES DE MIRANDA, “Comentários à Constituição de 
1967 com a Emenda nº 1 de 1969”, tomo III/351-361, 3ª ed., 1987, RT; 
MICHEL TEMER, “Elementos de Direito Constitucional”, p. 165/170, 
7ª ed., 1990, RT; JOSÉ FREDERICO MARQUES, “Elementos de Direito 
Processual Penal”, vol. 3/375, Forense; JOÃO BARBALHO, “Constituição 
Federal Brasileira – Comentários”, p. 133, 2ª ed., 1924; CARLOS 
MAXIMILIANO, “Comentários à Constituição Brasileira”, vol. II/105-106, 
item n. 332, 5ª ed., 1954, Freitas Bastos; AURELINO LEAL, “Teoria e 
Prática da Constituição Federal Brasileira”, Primeira Parte, p. 480, 1925).
Por entender, Senhor Presidente, que a natureza jurídica do “crime 
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Supremo Tribunal Federal
ADI 4764 / AC 
legislativa da União Federal (tal como vem esta enumerada no art. 22, I, 
da Lei Fundamental), resultante de transgressão ao modelo de 
discriminação material de atribuições normativas partilhadas entre as 
pessoas políticas que compõem o Estado Federal brasileiro.
Não desconheço, Senhor Presidente, na linha dos votos que proferi 
em diversos julgamentos (Pet 1.656/DF – Pet 1.954/DF – RE 367.297/SP – 
RE 411.414/MG), que se registra, na matéria em exame, amplo dissídio 
doutrinário em torno da qualificação jurídica do “crime de 
responsabilidade” e do processo a que dá origem, pois, para uns, o 
“impeachment” constitui processo eminentemente político, enquanto que, 
para outros, ele representa processo de índole criminal (como sucedeu sob a 
legislação imperial brasileira: Lei de 15/10/1827), havendo, ainda, os que 
nessa matéria identificam a existência de um processo de natureza mista, 
consoante revela o magistério de eminentes autores (PAULO BROSSARD 
DE SOUZA PINTO, “O Impeachment”, p. 75/87, 2ª ed., 1992, Saraiva; 
PINTO FERREIRA, “Comentários à Constituição Brasileira”, 
vol. 3/596-600, 1992, Saraiva; MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO, 
“Comentários à Constituição Brasileira de 1988”, vol. 2/168-172, 1992, 
Saraiva; JOSÉ AFONSO DA SILVA, “Curso de Direito Constitucional 
Positivo”, p. 518-520, 10ª ed., 1995, Malheiros; JOSÉ CRETELLA JÚNIOR, 
“Comentários à Constituição de 1988”, vol. V/2931-2945, 1991, Forense 
Universitária; PONTES DE MIRANDA, “Comentários à Constituição de 
1967 com a Emenda nº 1 de 1969”, tomo III/351-361, 3ª ed., 1987, RT; 
MICHEL TEMER, “Elementos de Direito Constitucional”, p. 165/170, 
7ª ed., 1990, RT; JOSÉ FREDERICO MARQUES, “Elementos de Direito 
Processual Penal”, vol. 3/375, Forense; JOÃO BARBALHO, “Constituição 
Federal Brasileira – Comentários”, p. 133, 2ª ed., 1924; CARLOS 
MAXIMILIANO, “Comentários à Constituição Brasileira”, vol. II/105-106, 
item n. 332, 5ª ed., 1954, Freitas Bastos; AURELINO LEAL, “Teoria e 
Prática da Constituição Federal Brasileira”, Primeira Parte, p. 480, 1925).
Por entender, Senhor Presidente, que a natureza jurídicado “crime 
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Voto - MIN. CELSO DE MELLO
ADI 4764 / AC 
de responsabilidade” permite situá-lo no plano estritamente político- 
-constitucional, revestido de caráter extrapenal, não posso deixar de 
atribuir a essa figura a qualificação de ilícito político - administrativo , 
desvestido, em consequência, de conotação criminal, o que me autoriza 
concluir – embora diversamente da orientação jurisprudencial 
prevalecente nesta Suprema Corte (RTJ 166/147 – RTJ 168/729, v.g.) – que 
o impropriamente denominado “crime de responsabilidade” não traduz 
instituto de direito penal, viabilizando-se, por isso mesmo, a possibilidade 
de o Estado-membro sobre ele legislar.
Essa percepção do tema tem o beneplácito de autorizadíssimo 
magistério doutrinário (PAULO BROSSARD, “O Impeachment”, p. 82, 
item n. 56, 2ª ed., 1992, Saraiva; THEMISTOCLES BRANDÃO 
CAVALCANTI, “A Constituição Federal Comentada”, vol. II/274-275, 
1948, Konfino; CASTRO NUNES, “Teoria e Prática do Poder Judiciário”, 
vol. 1/40-41, item n. 2, 1943, Forense; ALEXANDRE DE MORAES, 
“Constituição do Brasil Interpretada”, p. 1.239, 2002, Atlas; LUIZ 
ALBERTO DAVID ARAUJO e VIDAL SERRANO NUNES JÚNIOR, 
“Curso de Direito Constitucional”, p. 268/269, itens ns. 1 e 3, 6ª ed., 2002, 
Saraiva), cujas lições propiciam o substrato teórico legitimador das 
conclusões que venho de expor.
Reconheço, no entanto, que diverso é, nesse tema, o pensamento 
jurisprudencial predominante nesta Suprema Corte, como 
precedentemente por mim assinalado, tanto que os reiterados 
pronunciamentos deste Tribunal culminaram na formulação da 
Súmula Vinculante 46/STF, cujo enunciado assim dispõe: 
“A definição dos crimes de responsabilidade e o 
estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento 
são da competência legislativa privativa da União.” (grifei)
Os precedentes a que me referi deixam claro que é inconstitucional a 
regulação normativa, por parte do Estado-membro, dos temas relativos à 
4 
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
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Supremo Tribunal Federal
ADI 4764 / AC 
de responsabilidade” permite situá-lo no plano estritamente político- 
-constitucional, revestido de caráter extrapenal, não posso deixar de 
atribuir a essa figura a qualificação de ilícito político - administrativo , 
desvestido, em consequência, de conotação criminal, o que me autoriza 
concluir – embora diversamente da orientação jurisprudencial 
prevalecente nesta Suprema Corte (RTJ 166/147 – RTJ 168/729, v.g.) – que 
o impropriamente denominado “crime de responsabilidade” não traduz 
instituto de direito penal, viabilizando-se, por isso mesmo, a possibilidade 
de o Estado-membro sobre ele legislar.
Essa percepção do tema tem o beneplácito de autorizadíssimo 
magistério doutrinário (PAULO BROSSARD, “O Impeachment”, p. 82, 
item n. 56, 2ª ed., 1992, Saraiva; THEMISTOCLES BRANDÃO 
CAVALCANTI, “A Constituição Federal Comentada”, vol. II/274-275, 
1948, Konfino; CASTRO NUNES, “Teoria e Prática do Poder Judiciário”, 
vol. 1/40-41, item n. 2, 1943, Forense; ALEXANDRE DE MORAES, 
“Constituição do Brasil Interpretada”, p. 1.239, 2002, Atlas; LUIZ 
ALBERTO DAVID ARAUJO e VIDAL SERRANO NUNES JÚNIOR, 
“Curso de Direito Constitucional”, p. 268/269, itens ns. 1 e 3, 6ª ed., 2002, 
Saraiva), cujas lições propiciam o substrato teórico legitimador das 
conclusões que venho de expor.
Reconheço, no entanto, que diverso é, nesse tema, o pensamento 
jurisprudencial predominante nesta Suprema Corte, como 
precedentemente por mim assinalado, tanto que os reiterados 
pronunciamentos deste Tribunal culminaram na formulação da 
Súmula Vinculante 46/STF, cujo enunciado assim dispõe: 
“A definição dos crimes de responsabilidade e o 
estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento 
são da competência legislativa privativa da União.” (grifei)
Os precedentes a que me referi deixam claro que é inconstitucional a 
regulação normativa, por parte do Estado-membro, dos temas relativos à 
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 17 de 140
Voto - MIN. CELSO DE MELLO
ADI 4764 / AC 
definição típica do crime de responsabilidade, de um lado, e à determinação 
de seu processo e julgamento, de outro (ADI 341/PR , Rel. Min. EROS 
GRAU – ADI 687/PA , Rel. Min. CELSO DE MELLO – ADI 1.879/RO , 
Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA – ADI 1.901/MG , Rel. Min. ILMAR 
GALVÃO – ADI 2.592/RO , Rel. Min. SYDNEY SANCHES – 
ADI 3.279/SC , Rel. Min. CEZAR PELUSO, v.g.):
“Ação Direta de Inconstitucionalidade. Constituição do 
Estado de Rondônia. Emenda Constitucional nº 11/99: artigo 137, 
§§ 3º e 4º. Multa por atraso de pagamento a servidores públicos. 
Iniciativa reservada ao Chefe Do Poder Executivo. Despesa com 
servidores estaduais. Vinculação a índice federal: 
inconstitucionalidade. Crime de responsabilidade . Definição 
jurídica do delito, regulamentação do processo e do 
julgamento: competência da União. 
…...................................................................................................
4. São de competência da União a definição jurídica de 
crime de responsabilidade e a regulamentação dos respectivos 
processo e julgamento. Precedente.”
(ADI 2.050-MC/RO , Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA – 
grifei)
“Inscreve-se na competência legislativa da União a 
definição dos crimes de responsabilidade e a disciplina do 
respectivo processo e julgamento. 
Precedentes do Supremo Tribunal: ADIMC 1.620, 
ADIMC 2.060 e ADIMC 2.235.”
(ADI 2.220-MC/SP , Rel. Min. OCTAVIO GALLOTTI – 
grifei)
Constata-se, portanto, a inconstitucionalidade das expressões 
normativas “processar e julgar o Governador (…) nos crimes de 
responsabilidade”, “declarar a procedência da acusação (...)” e “(…) ou perante a 
Assembléia Legislativa, nos crimes de responsabilidade” inscritas, 
respectivamente, nos incisos VII e VIII do art. 44 e no art. 81 da 
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Supremo Tribunal Federal
ADI 4764 / AC 
definição típica do crime de responsabilidade, de um lado, e à determinação 
de seu processo e julgamento, de outro (ADI 341/PR , Rel. Min. EROS 
GRAU – ADI 687/PA , Rel. Min. CELSO DE MELLO – ADI 1.879/RO , 
Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA – ADI 1.901/MG , Rel. Min. ILMAR 
GALVÃO – ADI 2.592/RO , Rel. Min. SYDNEY SANCHES – 
ADI 3.279/SC , Rel. Min. CEZAR PELUSO, v.g.):
“Ação Direta de Inconstitucionalidade. Constituição do 
Estado de Rondônia. Emenda Constitucional nº 11/99: artigo 137, 
§§ 3º e 4º. Multa por atraso de pagamento a servidores

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