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Ementa e Acórdão 04/05/2017 PLENÁRIO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.764 ACRE RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO REDATOR DO ACÓRDÃO : MIN. ROBERTO BARROSO REQTE.(S) :CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - CFOAB ADV.(A/S) :OSWALDO PINHEIRO RIBEIRO JÚNIOR E OUTRO(A/S) ADV.(A/S) :MARCUS VINICIUS FURTADO COÊLHO INTDO.(A/S) :ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ACRE AM. CURIAE. :ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DEFENSORES PÚBLICOS FEDERAIS - ANADEF ADV.(A/S) :DEBORA CAMILA DE ALBUQUERQUE CURSINE E OUTRO(A/S) Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. GOVERNADOR DE ESTADO. NORMAS DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL SOBRE CRIMES DE RESPONSABILIDADE. LICENÇA PRÉVIA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA PARA INSTAURAÇÃO DE PROCESSOS POR CRIMES COMUNS . 1. “A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União” (Súmula Vinculante 46, resultado da conversão da Súmula 722/STF). São, portanto, inválidas as normas de Constituição Estadual que atribuam o julgamento de crime de responsabilidade à Assembleia Legislativa, em desacordo com a Lei nº 1.079/1950. Precedentes. 2. A Constituição Estadual não pode condicionar a instauração de processo judicial por crime comum contra Governador à licença prévia da Assembleia Legislativa. A república, que inclui a ideia de responsabilidade dos governantes, é prevista como um princípio constitucional sensível (CRFB/1988, art. 34, VII, a), e, portanto, de observância obrigatória, sendo norma de reprodução proibida pelos Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 12899022. Supremo Tribunal FederalSupremo Tribunal Federal Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 140 Ementa e Acórdão ADI 4764 / AC Estados-membros a exceção prevista no art. 51, I, da Constituição da República. 3. Tendo em vista que as Constituições Estaduais não podem estabelecer a chamada “licença prévia”, também não podem elas autorizar o afastamento automático do Governador de suas funções quando recebida a denúncia ou a queixa-crime pelo Superior Tribunal de Justiça. É que, como não pode haver controle político prévio, não deve haver afastamento automático em razão de ato jurisdicional sem cunho decisório e do qual sequer se exige fundamentação (HC 101.971, Primeira Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. em 21.06.2011, DJe 02.09.2011; HC 93.056 Rel. Min. Celso de Mello, Segunda Turma, j. em 16.12.2008, DJe 14.05.2009; e RHC 118.379 (Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, j. em 11.03.2014, DJe 31.03.2014), sob pena de violação ao princípio democrático. 4. Também aos Governadores são aplicáveis as medidas cautelares diversas da prisão previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, entre elas “a suspensão do exercício de função pública”, e outras que se mostrarem necessárias e cujo fundamento decorre do poder geral de cautela conferido pelo ordenamento jurídico brasileiro aos juízes. 5. Pedido julgado integralmente procedente, com declaração de inconstitucionalidade por arrastamento da suspensão funcional automática do Governador do Estado pelo mero recebimento da denúncia ou queixa-crime. Afirmação da seguinte tese: “É vedado às unidades federativas instituírem normas que condicionem a instauração de ação penal contra o Governador, por crime comum, à prévia autorização da casa legislativa, cabendo ao Superior Tribunal de Justiça dispor, fundamentadamente, sobre a aplicação de medidas cautelares penais, inclusive afastamento do cargo". A C Ó R D à O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, na conformidade da ata de julgamento, sob a presidência da Ministra Cármen Lúcia, por maioria, vencido em parte o Ministro Celso de Mello (Relator), julgar procedente a ação, para declarar 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 12899022. Supremo Tribunal Federal ADI 4764 / AC Estados-membros a exceção prevista no art. 51, I, da Constituição da República. 3. Tendo em vista que as Constituições Estaduais não podem estabelecer a chamada “licença prévia”, também não podem elas autorizar o afastamento automático do Governador de suas funções quando recebida a denúncia ou a queixa-crime pelo Superior Tribunal de Justiça. É que, como não pode haver controle político prévio, não deve haver afastamento automático em razão de ato jurisdicional sem cunho decisório e do qual sequer se exige fundamentação (HC 101.971, Primeira Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. em 21.06.2011, DJe 02.09.2011; HC 93.056 Rel. Min. Celso de Mello, Segunda Turma, j. em 16.12.2008, DJe 14.05.2009; e RHC 118.379 (Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, j. em 11.03.2014, DJe 31.03.2014), sob pena de violação ao princípio democrático. 4. Também aos Governadores são aplicáveis as medidas cautelares diversas da prisão previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, entre elas “a suspensão do exercício de função pública”, e outras que se mostrarem necessárias e cujo fundamento decorre do poder geral de cautela conferido pelo ordenamento jurídico brasileiro aos juízes. 5. Pedido julgado integralmente procedente, com declaração de inconstitucionalidade por arrastamento da suspensão funcional automática do Governador do Estado pelo mero recebimento da denúncia ou queixa-crime. Afirmação da seguinte tese: “É vedado às unidades federativas instituírem normas que condicionem a instauração de ação penal contra o Governador, por crime comum, à prévia autorização da casa legislativa, cabendo ao Superior Tribunal de Justiça dispor, fundamentadamente, sobre a aplicação de medidas cautelares penais, inclusive afastamento do cargo". A C Ó R D à O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, na conformidade da ata de julgamento, sob a presidência da Ministra Cármen Lúcia, por maioria, vencido em parte o Ministro Celso de Mello (Relator), julgar procedente a ação, para declarar 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 12899022. Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 140 Ementa e Acórdão ADI 4764 / AC a inconstitucionalidade das expressões constantes do art. 44, VII (“processar e julgar o Governador (...) nos crimes de responsabilidade”) e do art. 81, parte final (“ou perante a Assembleia Legislativa, nos crimes de responsabilidade”), assim como das expressões do art. 44, VIII (“declarar a procedência da acusação”) e do art. 81, caput, primeira parte (“Admitida a acusação contra o Governador do Estado, por dois terços da Assembleia Legislativa”), bem como, por arrastamento, do art. 82, I (“Art. 82. O Governador ficará suspenso de suas funções: I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crimepelo Superior Tribunal de Justiça”), todos da Constituição do Estado do Acre. Por unanimidade, acordam, nos termos do que proposto pelo Ministro Luís Roberto Barroso, que redigirá o acórdão, fixar a seguinte tese, a figurar como uma proposta de súmula vinculante: “É vedado às unidades federativas instituírem normas que condicionem a instauração de ação penal contra o Governador, por crime comum, à prévia autorização da casa legislativa, cabendo ao Superior Tribunal de Justiça dispor, fundamentadamente, sobre a aplicação de medidas cautelares penais, inclusive afastamento do cargo”. O Tribunal deliberou autorizar os Ministros a decidirem monocraticamente matéria em consonância com o entendimento firmado nesta ação direta de inconstitucionalidade, contra o voto do Ministro Marco Aurélio. Ausente, justificadamente, o Ministro Dias Toffoli. Brasília, 4 de maio de 2017. MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO - REDATOR P/O ACÓRDÃO 3 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 12899022. Supremo Tribunal Federal ADI 4764 / AC a inconstitucionalidade das expressões constantes do art. 44, VII (“processar e julgar o Governador (...) nos crimes de responsabilidade”) e do art. 81, parte final (“ou perante a Assembleia Legislativa, nos crimes de responsabilidade”), assim como das expressões do art. 44, VIII (“declarar a procedência da acusação”) e do art. 81, caput, primeira parte (“Admitida a acusação contra o Governador do Estado, por dois terços da Assembleia Legislativa”), bem como, por arrastamento, do art. 82, I (“Art. 82. O Governador ficará suspenso de suas funções: I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Superior Tribunal de Justiça”), todos da Constituição do Estado do Acre. Por unanimidade, acordam, nos termos do que proposto pelo Ministro Luís Roberto Barroso, que redigirá o acórdão, fixar a seguinte tese, a figurar como uma proposta de súmula vinculante: “É vedado às unidades federativas instituírem normas que condicionem a instauração de ação penal contra o Governador, por crime comum, à prévia autorização da casa legislativa, cabendo ao Superior Tribunal de Justiça dispor, fundamentadamente, sobre a aplicação de medidas cautelares penais, inclusive afastamento do cargo”. O Tribunal deliberou autorizar os Ministros a decidirem monocraticamente matéria em consonância com o entendimento firmado nesta ação direta de inconstitucionalidade, contra o voto do Ministro Marco Aurélio. Ausente, justificadamente, o Ministro Dias Toffoli. Brasília, 4 de maio de 2017. MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO - REDATOR P/O ACÓRDÃO 3 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 12899022. Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 140 Relatório AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.764 ACRE RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO REQTE.(S) :CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - CFOAB ADV.(A/S) :OSWALDO PINHEIRO RIBEIRO JÚNIOR E OUTRO(A/S) INTDO.(A/S) :ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ACRE AM. CURIAE. :ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DEFENSORES PÚBLICOS FEDERAIS - ANADEF ADV.(A/S) :DEBORA CAMILA DE ALBUQUERQUE CURSINE E OUTRO(A/S) R E L A T Ó R I O O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO – (Relator): Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade que, proposta pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, tem por finalidade questionar a validade jurídico- constitucional das expressões normativas constantes dos incisos VII e VIII do art. 44 e do art. 81 da Constituição do Estado do Acre. As normas ora impugnadas possuem o seguinte conteúdo material: “Art. 44. Compete privativamente à Assembléia Legislativa: …................................................................................................... VII – processar e julgar o Governador e o Vice-Governador do Estado nos crimes de responsabilidade e os Secretários de Estado, nos crimes da mesma natureza, conexos com aqueles; VIII – declarar a procedência da acusação, o impedimento e a perda dos cargos de Governador e de Vice-Governador do Estado e demais autoridades, nas hipóteses previstas nesta Constituição; …................................................................................................... Art. 81. Admitida a acusação contra o Governador do Estado, por dois terços da Assembléia Legislativa, é ele submetido a julgamento perante o Superior Tribunal de Justiça, nos Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8740849. Supremo Tribunal Federal AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.764 ACRE RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO REQTE.(S) :CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - CFOAB ADV.(A/S) :OSWALDO PINHEIRO RIBEIRO JÚNIOR E OUTRO(A/S) INTDO.(A/S) :ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ACRE AM. CURIAE. :ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DEFENSORES PÚBLICOS FEDERAIS - ANADEF ADV.(A/S) :DEBORA CAMILA DE ALBUQUERQUE CURSINE E OUTRO(A/S) R E L A T Ó R I O O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO – (Relator): Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade que, proposta pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, tem por finalidade questionar a validade jurídico- constitucional das expressões normativas constantes dos incisos VII e VIII do art. 44 e do art. 81 da Constituição do Estado do Acre. As normas ora impugnadas possuem o seguinte conteúdo material: “Art. 44. Compete privativamente à Assembléia Legislativa: …................................................................................................... VII – processar e julgar o Governador e o Vice-Governador do Estado nos crimes de responsabilidade e os Secretários de Estado, nos crimes da mesma natureza, conexos com aqueles; VIII – declarar a procedência da acusação, o impedimento e a perda dos cargos de Governador e de Vice-Governador do Estado e demais autoridades, nas hipóteses previstas nesta Constituição; …................................................................................................... Art. 81. Admitida a acusação contra o Governador do Estado, por dois terços da Assembléia Legislativa, é ele submetido a julgamento perante o Superior Tribunal de Justiça, nos Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8740849. Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 140 Relatório ADI 4764 / AC crimes comuns, ou perante a Assembléia Legislativa, nos crimes de responsabilidade.” (grifei) O autor da presente ação direta sustenta a inconstitucionalidade das expressões referidas, enfatizando que “tais dispositivos são inconstitucionais, em primeiro lugar, por evidente usurpação de competência legislativa privativa da União Federal e afronta à legislação federal aplicável à espécie” (grifei), acentuando, ainda, que as normas referidas “(…) contrariamprincípios constitucionais inerentes à República e ao regime de responsabilidade que estão submetidos os agentes políticos” (grifei). Eis, em síntese, os fundamentos que, invocados pelo autor, dão suporte à pretensão de inconstitucionalidade deduzida nesta sede processual: “(...) o trecho ‘processar e julgar o Governador ... nos crimes de responsabilidade’, previsto no inciso VII do artigo 44, e ‘... declarar a procedência da acusação …’, inserta no VIII do mesmo dispositivo, ambos da Constituição do Estado do Acre, estabelecem normas processuais a serem observadas no julgamento pela prática de crimes de responsabilidade do Governador do Estado. Isto é, exige e condiciona o julgamento perante a Assembléia Legislativa, nos crimes de responsabilidade, o que é reforçado na segunda parte do art. 81 ao prescrever ‘.... ou perante a Assembléia Legislativa, nos crimes de responsabilidade’. Porém, a competência para estabelecimento de regras para o processo e julgamento dos crimes de responsabilidade é reservada à União Federal, consoante entendimento consolidado do Supremo Tribunal Federal na Edição da sua Súmula 722 (DJ de 09.12.2003 – Precedentes: ADI’s 1.628 MC, 2.050 MC, 2.220 MC, 1.879 MC, 2.592 e 1.901). …................................................................................................... (…) os dispositivos da Constituição do Estado do Acre que estabelecem o processamento e julgamento dos crimes de 2 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8740849. Supremo Tribunal Federal ADI 4764 / AC crimes comuns, ou perante a Assembléia Legislativa, nos crimes de responsabilidade.” (grifei) O autor da presente ação direta sustenta a inconstitucionalidade das expressões referidas, enfatizando que “tais dispositivos são inconstitucionais, em primeiro lugar, por evidente usurpação de competência legislativa privativa da União Federal e afronta à legislação federal aplicável à espécie” (grifei), acentuando, ainda, que as normas referidas “(…) contrariam princípios constitucionais inerentes à República e ao regime de responsabilidade que estão submetidos os agentes políticos” (grifei). Eis, em síntese, os fundamentos que, invocados pelo autor, dão suporte à pretensão de inconstitucionalidade deduzida nesta sede processual: “(...) o trecho ‘processar e julgar o Governador ... nos crimes de responsabilidade’, previsto no inciso VII do artigo 44, e ‘... declarar a procedência da acusação …’, inserta no VIII do mesmo dispositivo, ambos da Constituição do Estado do Acre, estabelecem normas processuais a serem observadas no julgamento pela prática de crimes de responsabilidade do Governador do Estado. Isto é, exige e condiciona o julgamento perante a Assembléia Legislativa, nos crimes de responsabilidade, o que é reforçado na segunda parte do art. 81 ao prescrever ‘.... ou perante a Assembléia Legislativa, nos crimes de responsabilidade’. Porém, a competência para estabelecimento de regras para o processo e julgamento dos crimes de responsabilidade é reservada à União Federal, consoante entendimento consolidado do Supremo Tribunal Federal na Edição da sua Súmula 722 (DJ de 09.12.2003 – Precedentes: ADI’s 1.628 MC, 2.050 MC, 2.220 MC, 1.879 MC, 2.592 e 1.901). …................................................................................................... (…) os dispositivos da Constituição do Estado do Acre que estabelecem o processamento e julgamento dos crimes de 2 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8740849. Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 140 Relatório ADI 4764 / AC responsabilidade do Governador pela Assembléia Legislativa não se revestem de validade jurídica por dispor de matéria de competência normativa exclusiva da União Federal, ferindo, assim, a repartição de competência contida na Constituição Federal. A violação ao art. 22, I, da CF, é manifesta (inconstitucionalidade formal), visto que tais dispositivos regulam matéria de natureza processual, cuja competência legislativa é atribuída, privativamente, à União Federal, e não aos Estados. Nessa linha de raciocínio, conclui-se que os dispositivos da Constituição do Estado do Acre – arts. 44, VII e VIII, especialmente os trechos ‘... VII – processar e julgar o Governador … nos crimes de responsabilidade,’ e ‘VIII – declarar a procedência da acusação …’ – ora impugnados, por desatender a iniciativa legislativa reservada, fere princípio fundamental de harmonia entre os poderes, violando, pois, o art. 2º, da Carta da República. …................................................................................................... Ademais, a matéria de competência legiferante da União Federal – NORMA DE PROCESSO E JULGAMENTO DE CRIMES DE RESPONSABILIDADE – é tratada pela Lei nº. 1079/50, a qual designa a um ‘tribunal especial’ (tribunal político) a competência para julgamento de Governador e prevê a possibilidade de suspensão das funções deste quando a Assembléia decretar a procedência da acusação. …................................................................................................... Portanto, o art. 44, VII e VIII, e a segunda parte do art. 81 (‘...ou perante a Assembléia Legislativa, nos crimes de responsabilidade’) são inconstitucionais por veicular disposição referentes ao processo e julgamento dos crimes de responsabilidade, cuja matéria é de competência exclusiva da União Federal, e, ainda, por contrariar a Lei nº 1.079/1950 que determina o julgamento do Governador pelo Tribunal Especial de composição mista (Desembargadores e membros do Poder Legislativo). …................................................................................................... Ante o exposto, constata-se que tais dispositivos são inconstitucionais por usurpação de competência legislativa da 3 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8740849. Supremo Tribunal Federal ADI 4764 / AC responsabilidade do Governador pela Assembléia Legislativa não se revestem de validade jurídica por dispor de matéria de competência normativa exclusiva da União Federal, ferindo, assim, a repartição de competência contida na Constituição Federal. A violação ao art. 22, I, da CF, é manifesta (inconstitucionalidade formal), visto que tais dispositivos regulam matéria de natureza processual, cuja competência legislativa é atribuída, privativamente, à União Federal, e não aos Estados. Nessa linha de raciocínio, conclui-se que os dispositivos da Constituição do Estado do Acre – arts. 44, VII e VIII, especialmente os trechos ‘... VII – processar e julgar o Governador … nos crimes de responsabilidade,’ e ‘VIII – declarar a procedência da acusação …’ – ora impugnados, por desatender a iniciativa legislativa reservada, fere princípio fundamental de harmonia entre os poderes, violando,pois, o art. 2º, da Carta da República. …................................................................................................... Ademais, a matéria de competência legiferante da União Federal – NORMA DE PROCESSO E JULGAMENTO DE CRIMES DE RESPONSABILIDADE – é tratada pela Lei nº. 1079/50, a qual designa a um ‘tribunal especial’ (tribunal político) a competência para julgamento de Governador e prevê a possibilidade de suspensão das funções deste quando a Assembléia decretar a procedência da acusação. …................................................................................................... Portanto, o art. 44, VII e VIII, e a segunda parte do art. 81 (‘...ou perante a Assembléia Legislativa, nos crimes de responsabilidade’) são inconstitucionais por veicular disposição referentes ao processo e julgamento dos crimes de responsabilidade, cuja matéria é de competência exclusiva da União Federal, e, ainda, por contrariar a Lei nº 1.079/1950 que determina o julgamento do Governador pelo Tribunal Especial de composição mista (Desembargadores e membros do Poder Legislativo). …................................................................................................... Ante o exposto, constata-se que tais dispositivos são inconstitucionais por usurpação de competência legislativa da 3 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8740849. Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 140 Relatório ADI 4764 / AC União Federal e pelo desrespeito ao contido na Lei nº 1.079/50, sendo patente a violência ao art. 22, I, da Carta Federal. …................................................................................................... Da transcrição dos dispositivos ora impugnados constata-se, ainda, que a exigência de prévia autorização da Assembléia Legislativa para fins de autorizar a instauração de ação penal em desfavor do Governador (art. 81 – ‘Admitida a acusação contra o Governador, por dois terços da Assembléia Legislativa ...’) ofende os princípios republicano e da Separação dos Poderes (arts. 1º e 2º, CF), bem como do acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, CF). De fato, o regime de responsabilização apregoado pela Carta da República não define a exigência de anuência prévia do Legislativo Estadual para instauração de persecução criminal em desfavor de Governadores de Estado ou do Distrito Federal, ou mesmo contra outras autoridades estaduais ou distritais. …................................................................................................... Com efeito, essa condição de procedibilidade, tal como instituída pelo art. 81 da Constituição do Estado do Acre, ofende o princípio da Separação dos Poderes (art. 2º) em razão da indevida interpretação extensiva da norma dirigida ao Chefe do Poder Executivo Federal, porquanto condiciona o exercício da função jurisdicional a uma autorização do Poder Legislativo.” (grifei) A Augusta Assembleia Legislativa do Estado do Acre, por sua vez, ao prestar as informações que lhe foram solicitadas, assim se manifestou: “Primeiramente, cumpre reconhecer que, de fato, a competência para legislar sobre os crimes de responsabilidade e das normas processuais para seu julgamento é da União. Esse é o entendimento desse Pretório Excelso, sumulado no verbete n.º 722, da jurisprudência dessa Suprema Corte. (…). ….............................................................................................................. Assim, a Súmula 722 lançou luzes à questão, esmiuçando a regra constitucional segundo a qual a competência para legislar sobre 4 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8740849. Supremo Tribunal Federal ADI 4764 / AC União Federal e pelo desrespeito ao contido na Lei nº 1.079/50, sendo patente a violência ao art. 22, I, da Carta Federal. …................................................................................................... Da transcrição dos dispositivos ora impugnados constata-se, ainda, que a exigência de prévia autorização da Assembléia Legislativa para fins de autorizar a instauração de ação penal em desfavor do Governador (art. 81 – ‘Admitida a acusação contra o Governador, por dois terços da Assembléia Legislativa ...’) ofende os princípios republicano e da Separação dos Poderes (arts. 1º e 2º, CF), bem como do acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, CF). De fato, o regime de responsabilização apregoado pela Carta da República não define a exigência de anuência prévia do Legislativo Estadual para instauração de persecução criminal em desfavor de Governadores de Estado ou do Distrito Federal, ou mesmo contra outras autoridades estaduais ou distritais. …................................................................................................... Com efeito, essa condição de procedibilidade, tal como instituída pelo art. 81 da Constituição do Estado do Acre, ofende o princípio da Separação dos Poderes (art. 2º) em razão da indevida interpretação extensiva da norma dirigida ao Chefe do Poder Executivo Federal, porquanto condiciona o exercício da função jurisdicional a uma autorização do Poder Legislativo.” (grifei) A Augusta Assembleia Legislativa do Estado do Acre, por sua vez, ao prestar as informações que lhe foram solicitadas, assim se manifestou: “Primeiramente, cumpre reconhecer que, de fato, a competência para legislar sobre os crimes de responsabilidade e das normas processuais para seu julgamento é da União. Esse é o entendimento desse Pretório Excelso, sumulado no verbete n.º 722, da jurisprudência dessa Suprema Corte. (…). ….............................................................................................................. Assim, a Súmula 722 lançou luzes à questão, esmiuçando a regra constitucional segundo a qual a competência para legislar sobre 4 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8740849. Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 140 Relatório ADI 4764 / AC processo, inclusive o que cuida de crimes de responsabilidade, é da União. ….............................................................................................................. Importante, neste momento, esclarecer que a Lei Ordinária Federal n.º 1.079/1950 foi devidamente recepcionada pela Ordem Constitucional vigente, conforme restou decidido nos autos da ADIN 1.628, citada pelo próprio Impetrante, estando, portanto, em pleno vigor. Pois bem. Voltando à redação da referida Lei Federal, observa-se que o Legislador outorgou ao Legislador Constituinte Estadual a forma de julgamento nos crimes de responsabilidade, e ao mesmo tempo, estabeleceu uma forma supletiva para o caso dos Estados Federados que não fizessem uso dessa prerrogativa, a fim de evitar possível vazio legislativo (vide §3º acima). Indaga-se: estaria o legislador federal autorizado a deixar a cargo do legisladorestadual tal mister? A resposta deve ser positiva, senão vejamos. O artigo 22, inciso I, da Constituição Federal, estabeleceu, como visto, que a competência para legislar sobre processo é da União. (…). ….............................................................................................................. Ora, embora não se tenha dito no julgamento da ADIN 1.628 que a Lei Ordinária Federal n.º 1.079/1950 tenha sido recepcionada com status de lei complementar, observa-se que se trata de lei federal outorgando ao Poder Legislativo Estadual a prerrogativa de estabelecer a forma de processamento dos crimes de responsabilidade eventualmente perpetrados pelo Governador. Sendo assim, e considerando que há deliberação desse Supremo Tribunal Federal no sentido de que a aludida Lei Ordinária foi recepcionada, conforme asseverado pelo Impetrante, parece ser o caso de recepção com status de lei complementar, o que não seria nenhuma novidade jurídica, haja vista o precedente do Código Tributário Nacional (LEI Nº 5.172, DE 25 DE OUTUBRO DE 1966), que, embora tenha sido veiculado na forma de Lei Ordinária, atende como lei complementar às exigências constitucionais, conforme decisões reiteradas desse Pretório Excelso. 5 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8740849. Supremo Tribunal Federal ADI 4764 / AC processo, inclusive o que cuida de crimes de responsabilidade, é da União. ….............................................................................................................. Importante, neste momento, esclarecer que a Lei Ordinária Federal n.º 1.079/1950 foi devidamente recepcionada pela Ordem Constitucional vigente, conforme restou decidido nos autos da ADIN 1.628, citada pelo próprio Impetrante, estando, portanto, em pleno vigor. Pois bem. Voltando à redação da referida Lei Federal, observa-se que o Legislador outorgou ao Legislador Constituinte Estadual a forma de julgamento nos crimes de responsabilidade, e ao mesmo tempo, estabeleceu uma forma supletiva para o caso dos Estados Federados que não fizessem uso dessa prerrogativa, a fim de evitar possível vazio legislativo (vide §3º acima). Indaga-se: estaria o legislador federal autorizado a deixar a cargo do legislador estadual tal mister? A resposta deve ser positiva, senão vejamos. O artigo 22, inciso I, da Constituição Federal, estabeleceu, como visto, que a competência para legislar sobre processo é da União. (…). ….............................................................................................................. Ora, embora não se tenha dito no julgamento da ADIN 1.628 que a Lei Ordinária Federal n.º 1.079/1950 tenha sido recepcionada com status de lei complementar, observa-se que se trata de lei federal outorgando ao Poder Legislativo Estadual a prerrogativa de estabelecer a forma de processamento dos crimes de responsabilidade eventualmente perpetrados pelo Governador. Sendo assim, e considerando que há deliberação desse Supremo Tribunal Federal no sentido de que a aludida Lei Ordinária foi recepcionada, conforme asseverado pelo Impetrante, parece ser o caso de recepção com status de lei complementar, o que não seria nenhuma novidade jurídica, haja vista o precedente do Código Tributário Nacional (LEI Nº 5.172, DE 25 DE OUTUBRO DE 1966), que, embora tenha sido veiculado na forma de Lei Ordinária, atende como lei complementar às exigências constitucionais, conforme decisões reiteradas desse Pretório Excelso. 5 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8740849. Inteiro Teor do Acórdão - Página 8 de 140 Relatório ADI 4764 / AC Assim, tendo a União exercido sua competência legiferante acerca da matéria, promulgando lei na qual outorga aos Estados Federados a prerrogativa de estabelecer normas procedimentais para responsabilização de seus Governadores nos crimes comuns e de responsabilidade, está preservada a competência legislativa da União, ficando prejudicada qualquer alegação de vício formal, e por que não dizer, material, pois se trata de questão reservada a lei, não cabendo ponderação acerca de sua conveniência. Acaso se entenda que a lei não atende aos reclamos do povo, de onde emana todo o poder, não há qualquer óbice para que se providencie, por meio do Congresso Nacional, mudança legislativa no sentido de estabelecer uma nova sistemática para a questão, parecendo ser essa a instância apropriada para o debate. Assim, ainda que se diga - conforme consta da petição inicial – que o paralelismo das formas ou a simetria não justificam a outorga de tal prerrogativa ao Governador, a quem não seria dado se comparar ao Chefe do Estado Brasileiro o Presidente da República, parece que a questão não passa por esse prisma. Se trata do direito posto, da norma federal que, embora seja de 1950, foi devidamente recepcionada pela Ordem Constitucional vigente, conforme Jurisprudência desse Pretório Excelso, e que deixou a cargo do Poder Legislativo Estadual – Constituinte derivado ou reformador, diga-se de passagem – estabelecer procedimento para apuração de crime comum ou de responsabilidade. Finalmente, não há nos autos qualquer notícia de urgência que justifique a concessão de medida cautelar. A situação política do Estado do Acre é de respeito à Constituição, aos Poderes instituídos, de paz social, de salutar disputa democrática pelo poder político, que está ao alcance de todos, na forma da Constituição Cidadã. Não há notícia de qualquer tentativa de responsabilização do Governador, quer no STJ, quer no Plenário da Assembleia Legislativa, que esteja encontrando óbice nas normas da Constituição Estadual impugnadas nesta Ação Direta de Inconstitucionalidade. Sendo assim, parece ser o caso de questão tão relevante seguir o rito normal de processamento, juntamente com as demais ADIs que tratam de matéria semelhante, no que toca a outros Estados Federados, sem qualquer açodamento.” (grifei) 6 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8740849. Supremo Tribunal Federal ADI 4764 / AC Assim, tendo a União exercido sua competência legiferante acerca da matéria, promulgando lei na qual outorga aos Estados Federados a prerrogativa de estabelecer normas procedimentais para responsabilização de seus Governadores nos crimes comuns e de responsabilidade, está preservada a competência legislativa da União, ficando prejudicada qualquer alegação de vício formal, e por que não dizer, material, pois se trata de questão reservada a lei, não cabendo ponderação acerca de sua conveniência. Acaso se entenda que a lei não atende aos reclamos do povo, de onde emana todo o poder, não há qualquer óbice para que se providencie, por meio do Congresso Nacional, mudança legislativa no sentido de estabelecer uma nova sistemática para a questão, parecendo ser essa a instância apropriada para o debate. Assim, ainda que se diga - conforme consta da petição inicial – que oparalelismo das formas ou a simetria não justificam a outorga de tal prerrogativa ao Governador, a quem não seria dado se comparar ao Chefe do Estado Brasileiro o Presidente da República, parece que a questão não passa por esse prisma. Se trata do direito posto, da norma federal que, embora seja de 1950, foi devidamente recepcionada pela Ordem Constitucional vigente, conforme Jurisprudência desse Pretório Excelso, e que deixou a cargo do Poder Legislativo Estadual – Constituinte derivado ou reformador, diga-se de passagem – estabelecer procedimento para apuração de crime comum ou de responsabilidade. Finalmente, não há nos autos qualquer notícia de urgência que justifique a concessão de medida cautelar. A situação política do Estado do Acre é de respeito à Constituição, aos Poderes instituídos, de paz social, de salutar disputa democrática pelo poder político, que está ao alcance de todos, na forma da Constituição Cidadã. Não há notícia de qualquer tentativa de responsabilização do Governador, quer no STJ, quer no Plenário da Assembleia Legislativa, que esteja encontrando óbice nas normas da Constituição Estadual impugnadas nesta Ação Direta de Inconstitucionalidade. Sendo assim, parece ser o caso de questão tão relevante seguir o rito normal de processamento, juntamente com as demais ADIs que tratam de matéria semelhante, no que toca a outros Estados Federados, sem qualquer açodamento.” (grifei) 6 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8740849. Inteiro Teor do Acórdão - Página 9 de 140 Relatório ADI 4764 / AC O eminente Advogado-Geral da União pronunciou-se pela parcial procedência do pedido, por entender que deve ser “(...) declarada a inconstitucionalidade apenas das expressões ‘o Governador (…) nos crimes de responsabilidade” (grifei); bem como da expressão “’ou perante a Assembléia Legislativa, nos crimes de responsabilidade’, constantes dos artigos 44, inciso VII, e 81, ‘caput’, ambos da Constituição do Estado do Acre” (grifei), fazendo-o com apoio nas seguintes razões: “(...) determina a Constituição Federal, em seu artigo 22, inciso I, que compete privativamente à União legislar sobre direito penal e processual penal, prevendo, ainda, ao dispor sobre os crimes de responsabilidade praticáveis pelo Presidente da República, que tais infrações devem ser definidas ‘em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento’ (artigo 85, parágrafo único, da Lei Maior). A matéria, a propósito, encontra-se regulada pela Lei federal nº 1.079, de 1950, que ‘define os crimes de responsabilidade e regula o respectivo processo de julgamento’. Esse diploma legal, conforme orientação dessa Corte Suprema, foi recepcionado pela ordem constitucional instaurada em 1988 no que diz respeito à disciplina que estabelece acerca dos crimes de responsabilidade praticados pelos Governadores e Secretários dos Estados. Há, também, no âmbito da legislação federal, o Decreto- -lei nº 201, de 1967, que cuida dos crimes de responsabilidade cometidos por Prefeitos e Vereadores, e a Lei nº 7.106, de 1983, que trata dos crimes de responsabilidade praticados pelos Governadores do Distrito Federal e dos Territórios Federais, bem como dos respectivos Secretários, tudo a demonstrar a competência da União para legislar sobre a matéria. …................................................................................................... Dessa maneira, conclui-se que as expressões ‘o Governador (…) nos crimes de responsabilidade’; e ‘ou perante a Assembléia Legislativa, nos crimes de responsabilidade’, constantes dos artigos 44, inciso VII, e 81, ‘caput’, ambos da Constituição do Estado do Acre, são formalmente 7 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8740849. Supremo Tribunal Federal ADI 4764 / AC O eminente Advogado-Geral da União pronunciou-se pela parcial procedência do pedido, por entender que deve ser “(...) declarada a inconstitucionalidade apenas das expressões ‘o Governador (…) nos crimes de responsabilidade” (grifei); bem como da expressão “’ou perante a Assembléia Legislativa, nos crimes de responsabilidade’, constantes dos artigos 44, inciso VII, e 81, ‘caput’, ambos da Constituição do Estado do Acre” (grifei), fazendo-o com apoio nas seguintes razões: “(...) determina a Constituição Federal, em seu artigo 22, inciso I, que compete privativamente à União legislar sobre direito penal e processual penal, prevendo, ainda, ao dispor sobre os crimes de responsabilidade praticáveis pelo Presidente da República, que tais infrações devem ser definidas ‘em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento’ (artigo 85, parágrafo único, da Lei Maior). A matéria, a propósito, encontra-se regulada pela Lei federal nº 1.079, de 1950, que ‘define os crimes de responsabilidade e regula o respectivo processo de julgamento’. Esse diploma legal, conforme orientação dessa Corte Suprema, foi recepcionado pela ordem constitucional instaurada em 1988 no que diz respeito à disciplina que estabelece acerca dos crimes de responsabilidade praticados pelos Governadores e Secretários dos Estados. Há, também, no âmbito da legislação federal, o Decreto- -lei nº 201, de 1967, que cuida dos crimes de responsabilidade cometidos por Prefeitos e Vereadores, e a Lei nº 7.106, de 1983, que trata dos crimes de responsabilidade praticados pelos Governadores do Distrito Federal e dos Territórios Federais, bem como dos respectivos Secretários, tudo a demonstrar a competência da União para legislar sobre a matéria. …................................................................................................... Dessa maneira, conclui-se que as expressões ‘o Governador (…) nos crimes de responsabilidade’; e ‘ou perante a Assembléia Legislativa, nos crimes de responsabilidade’, constantes dos artigos 44, inciso VII, e 81, ‘caput’, ambos da Constituição do Estado do Acre, são formalmente 7 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8740849. Inteiro Teor do Acórdão - Página 10 de 140 Relatório ADI 4764 / AC inconstitucionais, uma vez que ofendem o disposto no artigo 22, inciso I, da Constituição Federal. No tocante à expressão ‘declarar a procedência da acusação’, igualmente impugnada pelo autor, não se verifica a inconstitucionalidade alegada. A análise do artigo 44, inciso VIII, da Constituição do Estado do Acre, em que se encontra inserida a expressão, demonstra que o trecho normativo impugnado não está atrelado, unicamente, às hipóteses de crimes de responsabilidade do Governador do Estado, de modo que se aplica a todas as ‘hipóteses previstas nesta Constituição’, nos termos utilizados pela norma em questão. Destarte, não se vislumbra vício de inconstitucionalidade no trecho normativo hostilizado, devendo ser reconhecida a improcedência do pedido do autor,no ponto específico. …................................................................................................... Conforme relatado, o requerente sustenta, ainda, a inconstitucionalidade da expressão ‘Admitida a acusação contra o Governador do Estado, por dois terços da Assembléia Legislativa’, constante do artigo 81, ‘caput’, da Constituição do Estado do Acre. A esse respeito, o autor aduz que a referida previsão violaria os princípios republicano, da separação de Poderes, da inafastabilidade da tutela jurisdicional e da proporcionalidade. Entretanto, são insubsistentes as alegações apresentadas, sendo a expressão impugnada plenamente válida. Nesse sentido, cumpre ressaltar, inicialmente, a compatibilidade do trecho questionado com o princípio republicano, previsto pelo artigo 1º, ‘caput’, da Lei Maior. Desenvolvida em contraponto ao exercício absoluto do Poder estatal, a forma republicana de governo tem, como uma das pedras angulares essenciais à sua configuração, o princípio da responsabilidade dos governantes, que constitui consequência necessária da adoção daquela. A expressão questionada, no entanto, não impede a responsabilização da autoridade que menciona, cingindo-se a prever requisito de procedibilidade para a válida 8 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8740849. Supremo Tribunal Federal ADI 4764 / AC inconstitucionais, uma vez que ofendem o disposto no artigo 22, inciso I, da Constituição Federal. No tocante à expressão ‘declarar a procedência da acusação’, igualmente impugnada pelo autor, não se verifica a inconstitucionalidade alegada. A análise do artigo 44, inciso VIII, da Constituição do Estado do Acre, em que se encontra inserida a expressão, demonstra que o trecho normativo impugnado não está atrelado, unicamente, às hipóteses de crimes de responsabilidade do Governador do Estado, de modo que se aplica a todas as ‘hipóteses previstas nesta Constituição’, nos termos utilizados pela norma em questão. Destarte, não se vislumbra vício de inconstitucionalidade no trecho normativo hostilizado, devendo ser reconhecida a improcedência do pedido do autor, no ponto específico. …................................................................................................... Conforme relatado, o requerente sustenta, ainda, a inconstitucionalidade da expressão ‘Admitida a acusação contra o Governador do Estado, por dois terços da Assembléia Legislativa’, constante do artigo 81, ‘caput’, da Constituição do Estado do Acre. A esse respeito, o autor aduz que a referida previsão violaria os princípios republicano, da separação de Poderes, da inafastabilidade da tutela jurisdicional e da proporcionalidade. Entretanto, são insubsistentes as alegações apresentadas, sendo a expressão impugnada plenamente válida. Nesse sentido, cumpre ressaltar, inicialmente, a compatibilidade do trecho questionado com o princípio republicano, previsto pelo artigo 1º, ‘caput’, da Lei Maior. Desenvolvida em contraponto ao exercício absoluto do Poder estatal, a forma republicana de governo tem, como uma das pedras angulares essenciais à sua configuração, o princípio da responsabilidade dos governantes, que constitui consequência necessária da adoção daquela. A expressão questionada, no entanto, não impede a responsabilização da autoridade que menciona, cingindo-se a prever requisito de procedibilidade para a válida 8 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8740849. Inteiro Teor do Acórdão - Página 11 de 140 Relatório ADI 4764 / AC instauração de processo contra o Governador do Estado do Acre. …................................................................................................... Constata-se, portanto, que a expressão atacada não viola o princípio republicano. De modo diverso, ela evita que a instauração de processo contra Governador seja exclusivamente decidida pelo Poder Judiciário, o que representaria um desequilíbrio entre os Poderes. Desse modo, o trecho normativo impugnado pelo autor contribui para resguardar o exercício das funções do Poder Executivo de eventuais arbitrariedades e interferências indevidas, em atendimento ao princípio da separação dos Poderes, previsto no artigo 2º da Carta da República. …................................................................................................... Assim, nos termos das razões expostas e da jurisprudência atual dessa Suprema Corte, constata-se a compatibilidade entre o Texto Constitucional, especialmente em relação aos princípios republicano, da separação de Poderes, da inafastabilidade da tutela jurisdicional e da proporcionalidade, e a expressão e ‘Admitida a acusação contra o Governador do Estado, por dois terços da Assembléia Legislativa’, constante do artigo 81, ‘caput’, da Constituição do Estado do Acre.” (grifei) O Ministério Público Federal, atuando em sua condição de “custos constitutionis”, opinou pela parcial procedência da presente ação direta, em parecer assim ementado: “Ação direta de inconstitucionalidade. Art. 44, incisos VII e VIII, e art. 81 da Constituição do Estado do Acre. Processamento e julgamento dos crimes de responsabilidade. Competência legislativa privativa da União (súmula 722 do STF). Exigência de aprovação da Assembleia Legislativa para recebimento de denúncia, por crimes comuns, formulada contra o Governador do Estado. Condição de procedibilidade inscrita em Constituições estaduais que não significa irresponsabilidade penal dos governantes, não desqualifica o princípio republicano nem a inafastabilidade da 9 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8740849. Supremo Tribunal Federal ADI 4764 / AC instauração de processo contra o Governador do Estado do Acre. …................................................................................................... Constata-se, portanto, que a expressão atacada não viola o princípio republicano. De modo diverso, ela evita que a instauração de processo contra Governador seja exclusivamente decidida pelo Poder Judiciário, o que representaria um desequilíbrio entre os Poderes. Desse modo, o trecho normativo impugnado pelo autor contribui para resguardar o exercício das funções do Poder Executivo de eventuais arbitrariedades e interferências indevidas, em atendimento ao princípio da separação dos Poderes, previsto no artigo 2º da Carta da República. …................................................................................................... Assim, nos termos das razões expostas e da jurisprudência atual dessa Suprema Corte, constata-se a compatibilidade entre o Texto Constitucional, especialmente em relação aos princípios republicano, da separação de Poderes, da inafastabilidade da tutela jurisdicional e da proporcionalidade,e a expressão e ‘Admitida a acusação contra o Governador do Estado, por dois terços da Assembléia Legislativa’, constante do artigo 81, ‘caput’, da Constituição do Estado do Acre.” (grifei) O Ministério Público Federal, atuando em sua condição de “custos constitutionis”, opinou pela parcial procedência da presente ação direta, em parecer assim ementado: “Ação direta de inconstitucionalidade. Art. 44, incisos VII e VIII, e art. 81 da Constituição do Estado do Acre. Processamento e julgamento dos crimes de responsabilidade. Competência legislativa privativa da União (súmula 722 do STF). Exigência de aprovação da Assembleia Legislativa para recebimento de denúncia, por crimes comuns, formulada contra o Governador do Estado. Condição de procedibilidade inscrita em Constituições estaduais que não significa irresponsabilidade penal dos governantes, não desqualifica o princípio republicano nem a inafastabilidade da 9 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8740849. Inteiro Teor do Acórdão - Página 12 de 140 Relatório ADI 4764 / AC jurisdição e que se afirma em face do princípio da Federação e da autonomia político-institucional dos Estados-membros. Parecer pela parcial procedência do pedido.” (grifei) Este é o relatório, de cujo texto a Secretaria remeterá cópia a todos os Senhores Ministros deste Egrégio Tribunal (Lei nº 9.868/99, art. 9º, “caput”; RISTF, art. 172). _____________________ 10 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8740849. Supremo Tribunal Federal ADI 4764 / AC jurisdição e que se afirma em face do princípio da Federação e da autonomia político-institucional dos Estados-membros. Parecer pela parcial procedência do pedido.” (grifei) Este é o relatório, de cujo texto a Secretaria remeterá cópia a todos os Senhores Ministros deste Egrégio Tribunal (Lei nº 9.868/99, art. 9º, “caput”; RISTF, art. 172). _____________________ 10 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8740849. Inteiro Teor do Acórdão - Página 13 de 140 Voto - MIN. CELSO DE MELLO 05/08/2015 PLENÁRIO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.764 ACRE V O T O O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO – (Relator): Destaco, inicialmente, a plena legitimidade do comportamento processual do Senhor Advogado-Geral da União, cujo pronunciamento favorável à parcial procedência da presente ação direta tem suporte na orientação jurisprudencial que o Plenário do Supremo Tribunal Federal firmou no julgamento da controvérsia ora em exame, como resulta claro de diversos precedentes (RTJ 213/436-438 – ADI 341/PR – ADI 1.440/SC, v.g.). A jurisprudência desta Suprema Corte já se consolidou no sentido de que o Advogado-Geral da União – que, em princípio, atua como curador da presunção de constitucionalidade do ato impugnado (RTJ 131/470 – RTJ 131/958 – RTJ 170/801-802, v.g.) – não está obrigado a defender, incondicionalmente, o diploma estatal, se este veicular conteúdo normativo já declarado incompatível com a Constituição da República pelo Supremo Tribunal Federal em julgamentos proferidos no exercício de sua jurisdição constitucional: “ATUAÇÃO DO ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO NO PROCESSO DE CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO. – O Advogado-Geral da União – que, em princípio, atua como curador da presunção de constitucionalidade do ato impugnado (RTJ 131/470 – RTJ 131/958 – RTJ 170/801-802, v.g.) – não está obrigado a defender o diploma estatal, se este veicular conteúdo normativo já declarado incompatível com a Constituição da República pelo Supremo Tribunal Federal em julgamentos proferidos no exercício de sua jurisdição constitucional. Precedentes.” (ADI 2.681-MC/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 9153392. Supremo Tribunal Federal 05/08/2015 PLENÁRIO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.764 ACRE V O T O O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO – (Relator): Destaco, inicialmente, a plena legitimidade do comportamento processual do Senhor Advogado-Geral da União, cujo pronunciamento favorável à parcial procedência da presente ação direta tem suporte na orientação jurisprudencial que o Plenário do Supremo Tribunal Federal firmou no julgamento da controvérsia ora em exame, como resulta claro de diversos precedentes (RTJ 213/436-438 – ADI 341/PR – ADI 1.440/SC, v.g.). A jurisprudência desta Suprema Corte já se consolidou no sentido de que o Advogado-Geral da União – que, em princípio, atua como curador da presunção de constitucionalidade do ato impugnado (RTJ 131/470 – RTJ 131/958 – RTJ 170/801-802, v.g.) – não está obrigado a defender, incondicionalmente, o diploma estatal, se este veicular conteúdo normativo já declarado incompatível com a Constituição da República pelo Supremo Tribunal Federal em julgamentos proferidos no exercício de sua jurisdição constitucional: “ATUAÇÃO DO ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO NO PROCESSO DE CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO. – O Advogado-Geral da União – que, em princípio, atua como curador da presunção de constitucionalidade do ato impugnado (RTJ 131/470 – RTJ 131/958 – RTJ 170/801-802, v.g.) – não está obrigado a defender o diploma estatal, se este veicular conteúdo normativo já declarado incompatível com a Constituição da República pelo Supremo Tribunal Federal em julgamentos proferidos no exercício de sua jurisdição constitucional. Precedentes.” (ADI 2.681-MC/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 9153392. Inteiro Teor do Acórdão - Página 14 de 140 Voto - MIN. CELSO DE MELLO ADI 4764 / AC Vale rememorar, no ponto, que o Supremo Tribunal Federal, por mais de uma vez, já teve a oportunidade de advertir que “o Advogado-Geral da União não está obrigado a defender tese jurídica se sobre ela esta Corte já fixou entendimento pela sua inconstitucionalidade” (ADI 1.616/PE, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA – grifei). Esse entendimento jurisprudencial veio a ser reafirmado nos julgamentos da ADI 2.101/MS, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA, e da ADI 3.916/DF, Rel. Min. EROS GRAU. Incensurável, desse modo, sob a perspectiva de suas funções no processo de fiscalização normativa abstrata, o pronunciamento que, nestes autos, manifestou o Senhor Advogado-Geral da União. Prosseguindo, Senhor Presidente, desejo acentuar que o julgamento da presente controvérsia constitucional põe em perspectiva dois temas impregnados do mais alto relevo político-jurídico, ambos pertinentes ao princípio da federação e ao postulado republicano. O exame da questão concernente ao princípio federativo resulta, na espécie, do debate emtorno da repartição material de competência normativa no âmbito do Estado Federal brasileiro. Sob tal perspectiva, cabe reconhecer que esta Suprema Corte, em reiterados pronunciamentos, consagrou diretriz jurisprudencial no sentido de competir, privativamente, à União Federal – e a esta, apenas – a atribuição de legislar em tema de crimes de responsabilidade, seja para tipificá-los, seja para definir-lhes a ordem ritual ou o “modus procedendi”. Em virtude dessa orientação jurisprudencial, firmaram-se diversos precedentes, todos no sentido de não se revelar possível ao Estado-membro dispor sobre o tema em questão, sob pena de usurpação da competência 2 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 9153392. Supremo Tribunal Federal ADI 4764 / AC Vale rememorar, no ponto, que o Supremo Tribunal Federal, por mais de uma vez, já teve a oportunidade de advertir que “o Advogado-Geral da União não está obrigado a defender tese jurídica se sobre ela esta Corte já fixou entendimento pela sua inconstitucionalidade” (ADI 1.616/PE, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA – grifei). Esse entendimento jurisprudencial veio a ser reafirmado nos julgamentos da ADI 2.101/MS, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA, e da ADI 3.916/DF, Rel. Min. EROS GRAU. Incensurável, desse modo, sob a perspectiva de suas funções no processo de fiscalização normativa abstrata, o pronunciamento que, nestes autos, manifestou o Senhor Advogado-Geral da União. Prosseguindo, Senhor Presidente, desejo acentuar que o julgamento da presente controvérsia constitucional põe em perspectiva dois temas impregnados do mais alto relevo político-jurídico, ambos pertinentes ao princípio da federação e ao postulado republicano. O exame da questão concernente ao princípio federativo resulta, na espécie, do debate em torno da repartição material de competência normativa no âmbito do Estado Federal brasileiro. Sob tal perspectiva, cabe reconhecer que esta Suprema Corte, em reiterados pronunciamentos, consagrou diretriz jurisprudencial no sentido de competir, privativamente, à União Federal – e a esta, apenas – a atribuição de legislar em tema de crimes de responsabilidade, seja para tipificá-los, seja para definir-lhes a ordem ritual ou o “modus procedendi”. Em virtude dessa orientação jurisprudencial, firmaram-se diversos precedentes, todos no sentido de não se revelar possível ao Estado-membro dispor sobre o tema em questão, sob pena de usurpação da competência 2 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 9153392. Inteiro Teor do Acórdão - Página 15 de 140 Voto - MIN. CELSO DE MELLO ADI 4764 / AC legislativa da União Federal (tal como vem esta enumerada no art. 22, I, da Lei Fundamental), resultante de transgressão ao modelo de discriminação material de atribuições normativas partilhadas entre as pessoas políticas que compõem o Estado Federal brasileiro. Não desconheço, Senhor Presidente, na linha dos votos que proferi em diversos julgamentos (Pet 1.656/DF – Pet 1.954/DF – RE 367.297/SP – RE 411.414/MG), que se registra, na matéria em exame, amplo dissídio doutrinário em torno da qualificação jurídica do “crime de responsabilidade” e do processo a que dá origem, pois, para uns, o “impeachment” constitui processo eminentemente político, enquanto que, para outros, ele representa processo de índole criminal (como sucedeu sob a legislação imperial brasileira: Lei de 15/10/1827), havendo, ainda, os que nessa matéria identificam a existência de um processo de natureza mista, consoante revela o magistério de eminentes autores (PAULO BROSSARD DE SOUZA PINTO, “O Impeachment”, p. 75/87, 2ª ed., 1992, Saraiva; PINTO FERREIRA, “Comentários à Constituição Brasileira”, vol. 3/596-600, 1992, Saraiva; MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO, “Comentários à Constituição Brasileira de 1988”, vol. 2/168-172, 1992, Saraiva; JOSÉ AFONSO DA SILVA, “Curso de Direito Constitucional Positivo”, p. 518-520, 10ª ed., 1995, Malheiros; JOSÉ CRETELLA JÚNIOR, “Comentários à Constituição de 1988”, vol. V/2931-2945, 1991, Forense Universitária; PONTES DE MIRANDA, “Comentários à Constituição de 1967 com a Emenda nº 1 de 1969”, tomo III/351-361, 3ª ed., 1987, RT; MICHEL TEMER, “Elementos de Direito Constitucional”, p. 165/170, 7ª ed., 1990, RT; JOSÉ FREDERICO MARQUES, “Elementos de Direito Processual Penal”, vol. 3/375, Forense; JOÃO BARBALHO, “Constituição Federal Brasileira – Comentários”, p. 133, 2ª ed., 1924; CARLOS MAXIMILIANO, “Comentários à Constituição Brasileira”, vol. II/105-106, item n. 332, 5ª ed., 1954, Freitas Bastos; AURELINO LEAL, “Teoria e Prática da Constituição Federal Brasileira”, Primeira Parte, p. 480, 1925). Por entender, Senhor Presidente, que a natureza jurídica do “crime 3 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 9153392. Supremo Tribunal Federal ADI 4764 / AC legislativa da União Federal (tal como vem esta enumerada no art. 22, I, da Lei Fundamental), resultante de transgressão ao modelo de discriminação material de atribuições normativas partilhadas entre as pessoas políticas que compõem o Estado Federal brasileiro. Não desconheço, Senhor Presidente, na linha dos votos que proferi em diversos julgamentos (Pet 1.656/DF – Pet 1.954/DF – RE 367.297/SP – RE 411.414/MG), que se registra, na matéria em exame, amplo dissídio doutrinário em torno da qualificação jurídica do “crime de responsabilidade” e do processo a que dá origem, pois, para uns, o “impeachment” constitui processo eminentemente político, enquanto que, para outros, ele representa processo de índole criminal (como sucedeu sob a legislação imperial brasileira: Lei de 15/10/1827), havendo, ainda, os que nessa matéria identificam a existência de um processo de natureza mista, consoante revela o magistério de eminentes autores (PAULO BROSSARD DE SOUZA PINTO, “O Impeachment”, p. 75/87, 2ª ed., 1992, Saraiva; PINTO FERREIRA, “Comentários à Constituição Brasileira”, vol. 3/596-600, 1992, Saraiva; MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO, “Comentários à Constituição Brasileira de 1988”, vol. 2/168-172, 1992, Saraiva; JOSÉ AFONSO DA SILVA, “Curso de Direito Constitucional Positivo”, p. 518-520, 10ª ed., 1995, Malheiros; JOSÉ CRETELLA JÚNIOR, “Comentários à Constituição de 1988”, vol. V/2931-2945, 1991, Forense Universitária; PONTES DE MIRANDA, “Comentários à Constituição de 1967 com a Emenda nº 1 de 1969”, tomo III/351-361, 3ª ed., 1987, RT; MICHEL TEMER, “Elementos de Direito Constitucional”, p. 165/170, 7ª ed., 1990, RT; JOSÉ FREDERICO MARQUES, “Elementos de Direito Processual Penal”, vol. 3/375, Forense; JOÃO BARBALHO, “Constituição Federal Brasileira – Comentários”, p. 133, 2ª ed., 1924; CARLOS MAXIMILIANO, “Comentários à Constituição Brasileira”, vol. II/105-106, item n. 332, 5ª ed., 1954, Freitas Bastos; AURELINO LEAL, “Teoria e Prática da Constituição Federal Brasileira”, Primeira Parte, p. 480, 1925). Por entender, Senhor Presidente, que a natureza jurídicado “crime 3 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 9153392. Inteiro Teor do Acórdão - Página 16 de 140 Voto - MIN. CELSO DE MELLO ADI 4764 / AC de responsabilidade” permite situá-lo no plano estritamente político- -constitucional, revestido de caráter extrapenal, não posso deixar de atribuir a essa figura a qualificação de ilícito político - administrativo , desvestido, em consequência, de conotação criminal, o que me autoriza concluir – embora diversamente da orientação jurisprudencial prevalecente nesta Suprema Corte (RTJ 166/147 – RTJ 168/729, v.g.) – que o impropriamente denominado “crime de responsabilidade” não traduz instituto de direito penal, viabilizando-se, por isso mesmo, a possibilidade de o Estado-membro sobre ele legislar. Essa percepção do tema tem o beneplácito de autorizadíssimo magistério doutrinário (PAULO BROSSARD, “O Impeachment”, p. 82, item n. 56, 2ª ed., 1992, Saraiva; THEMISTOCLES BRANDÃO CAVALCANTI, “A Constituição Federal Comentada”, vol. II/274-275, 1948, Konfino; CASTRO NUNES, “Teoria e Prática do Poder Judiciário”, vol. 1/40-41, item n. 2, 1943, Forense; ALEXANDRE DE MORAES, “Constituição do Brasil Interpretada”, p. 1.239, 2002, Atlas; LUIZ ALBERTO DAVID ARAUJO e VIDAL SERRANO NUNES JÚNIOR, “Curso de Direito Constitucional”, p. 268/269, itens ns. 1 e 3, 6ª ed., 2002, Saraiva), cujas lições propiciam o substrato teórico legitimador das conclusões que venho de expor. Reconheço, no entanto, que diverso é, nesse tema, o pensamento jurisprudencial predominante nesta Suprema Corte, como precedentemente por mim assinalado, tanto que os reiterados pronunciamentos deste Tribunal culminaram na formulação da Súmula Vinculante 46/STF, cujo enunciado assim dispõe: “A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União.” (grifei) Os precedentes a que me referi deixam claro que é inconstitucional a regulação normativa, por parte do Estado-membro, dos temas relativos à 4 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 9153392. Supremo Tribunal Federal ADI 4764 / AC de responsabilidade” permite situá-lo no plano estritamente político- -constitucional, revestido de caráter extrapenal, não posso deixar de atribuir a essa figura a qualificação de ilícito político - administrativo , desvestido, em consequência, de conotação criminal, o que me autoriza concluir – embora diversamente da orientação jurisprudencial prevalecente nesta Suprema Corte (RTJ 166/147 – RTJ 168/729, v.g.) – que o impropriamente denominado “crime de responsabilidade” não traduz instituto de direito penal, viabilizando-se, por isso mesmo, a possibilidade de o Estado-membro sobre ele legislar. Essa percepção do tema tem o beneplácito de autorizadíssimo magistério doutrinário (PAULO BROSSARD, “O Impeachment”, p. 82, item n. 56, 2ª ed., 1992, Saraiva; THEMISTOCLES BRANDÃO CAVALCANTI, “A Constituição Federal Comentada”, vol. II/274-275, 1948, Konfino; CASTRO NUNES, “Teoria e Prática do Poder Judiciário”, vol. 1/40-41, item n. 2, 1943, Forense; ALEXANDRE DE MORAES, “Constituição do Brasil Interpretada”, p. 1.239, 2002, Atlas; LUIZ ALBERTO DAVID ARAUJO e VIDAL SERRANO NUNES JÚNIOR, “Curso de Direito Constitucional”, p. 268/269, itens ns. 1 e 3, 6ª ed., 2002, Saraiva), cujas lições propiciam o substrato teórico legitimador das conclusões que venho de expor. Reconheço, no entanto, que diverso é, nesse tema, o pensamento jurisprudencial predominante nesta Suprema Corte, como precedentemente por mim assinalado, tanto que os reiterados pronunciamentos deste Tribunal culminaram na formulação da Súmula Vinculante 46/STF, cujo enunciado assim dispõe: “A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União.” (grifei) Os precedentes a que me referi deixam claro que é inconstitucional a regulação normativa, por parte do Estado-membro, dos temas relativos à 4 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 9153392. Inteiro Teor do Acórdão - Página 17 de 140 Voto - MIN. CELSO DE MELLO ADI 4764 / AC definição típica do crime de responsabilidade, de um lado, e à determinação de seu processo e julgamento, de outro (ADI 341/PR , Rel. Min. EROS GRAU – ADI 687/PA , Rel. Min. CELSO DE MELLO – ADI 1.879/RO , Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA – ADI 1.901/MG , Rel. Min. ILMAR GALVÃO – ADI 2.592/RO , Rel. Min. SYDNEY SANCHES – ADI 3.279/SC , Rel. Min. CEZAR PELUSO, v.g.): “Ação Direta de Inconstitucionalidade. Constituição do Estado de Rondônia. Emenda Constitucional nº 11/99: artigo 137, §§ 3º e 4º. Multa por atraso de pagamento a servidores públicos. Iniciativa reservada ao Chefe Do Poder Executivo. Despesa com servidores estaduais. Vinculação a índice federal: inconstitucionalidade. Crime de responsabilidade . Definição jurídica do delito, regulamentação do processo e do julgamento: competência da União. …................................................................................................... 4. São de competência da União a definição jurídica de crime de responsabilidade e a regulamentação dos respectivos processo e julgamento. Precedente.” (ADI 2.050-MC/RO , Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA – grifei) “Inscreve-se na competência legislativa da União a definição dos crimes de responsabilidade e a disciplina do respectivo processo e julgamento. Precedentes do Supremo Tribunal: ADIMC 1.620, ADIMC 2.060 e ADIMC 2.235.” (ADI 2.220-MC/SP , Rel. Min. OCTAVIO GALLOTTI – grifei) Constata-se, portanto, a inconstitucionalidade das expressões normativas “processar e julgar o Governador (…) nos crimes de responsabilidade”, “declarar a procedência da acusação (...)” e “(…) ou perante a Assembléia Legislativa, nos crimes de responsabilidade” inscritas, respectivamente, nos incisos VII e VIII do art. 44 e no art. 81 da 5 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 9153392. Supremo Tribunal Federal ADI 4764 / AC definição típica do crime de responsabilidade, de um lado, e à determinação de seu processo e julgamento, de outro (ADI 341/PR , Rel. Min. EROS GRAU – ADI 687/PA , Rel. Min. CELSO DE MELLO – ADI 1.879/RO , Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA – ADI 1.901/MG , Rel. Min. ILMAR GALVÃO – ADI 2.592/RO , Rel. Min. SYDNEY SANCHES – ADI 3.279/SC , Rel. Min. CEZAR PELUSO, v.g.): “Ação Direta de Inconstitucionalidade. Constituição do Estado de Rondônia. Emenda Constitucional nº 11/99: artigo 137, §§ 3º e 4º. Multa por atraso de pagamento a servidores
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