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Nomenclatura, classificação das cavidades e princípios gerais do preparo cavitário Disciplina: Estágio em Serviço Público I Prof.(a): Deborah Lúcia Alunas : Anayle Paixão e Jayne Oliveira Introdução Para a correta classificação e diagnóstico dos diversos procedimentos da dentística, é necessário o estabelecimento de nomenclaturas, com o objetivo de auxiliar a comunicação entre os profissionais. Desse modo, pode-se nomear ângulos, paredes, planos e cavidades de acordo com princípios característicos. Nomenclatura das partes constituintes das cavidades Paredes: são os limites internos das cavidades Paredes circundantes Paredes de fundo Ângulos: obtido pela união das paredes de uma cavidade Ângulos diedros Ângulos triedros Ângulos cavossuperficiais Nomenclatura das partes constituintes das cavidades Paredes circundantes: são as paredes laterais da cavidade e recebem o nome da face do dente a que correspondem ou ao qual estão mais próximas. Paredes de fundo: correspondem ao soalho da cavidade. Axial: quando paralela ao eixo longitudinal do dente. Pulpar: quando perpendicular ao longo do eixo do dente Nomenclatura do ângulos São obtidos pela união das paredes de uma cavidade e denominados de acordo com as paredes envolvidas. São classificados em ângulos diedros, ângulos triedros e ângulos cavossuperficiais. Ângulos diedros: são ângulos formados por duas faces e são subdivididos em grupos, de acordo com as parede que os formam. Ex.: ângulo axio-pulpar 1º grupo: duas paredes circundantes. Ex.: ângulo mesio-vestibular 2º grupo: uma de fundo + uma circundante. Ex.: ângulo mésio-pulpar 3º grupo: duas de fundo. Ex.: ângulo axio-pulpar Ângulos triedros: são ângulos formados por três paredes. Ex.: ângulo axio-vestíbulo-gengival Ângulos cavossuperficiais: é o ângulo definido pela junção das paredes cavitárias com a superfície externa do dente. Ex.: contorno Ângulos Diedros – 1º grupo Ângulos diedros – 2º grupo Ângulos diedros – 3º grupo Ângulos triedros Nomenclatura das cavidades quanto à complexidade Para facilitar a comunicação e a descrição dos procedimentos operatórios, é importante que as cavidades sejam nomeadas corretamente. As cavidades podem ser denominadas de acordo com o número de faces envolvidas em: simples 1 face compostas 2 faces complexas 3 ou mais faces Obs.: Embora todas as cavidades com envolvimento cuspídeo sejam complexas, nem todas as cavidades complexas tem cúspides envolvidas. Nomenclatura das cavidades quanto às faces envolvidas Outra possibilidade para nomear as cavidades, é especificar as faces envolvidas. A principal vantagem dessa abordagem é que, ao mesmo tempo em que informa o numero de faces, também define a localização do preparo. Classificação das cavidades Classificação quanto à finalidade Terapêuticas São realizadas nos casos em que a lesão cariosa, abrasão, erosão, abfração, fratura ou outras lesões dos tecidos duros dos dentes tenham comprometido a estrutura coronária parcial ou total, cujo preparo é condicionado a uma restauração individual do dente, visando a reconstrução morfológica funcional e estética. Protéticas São as cavidades preparadas para servir como retentores ou apoio para prótese fixa e removível, podendo ser realizadas tanto em dentes afetados quanto em dentes hígidos. Classificação das cavidades Black determinou outros dois tipos de classificação para as cavidades, uma etiológica, e outra artificial. Classificação etiológica de Black: baseada nas áreas dos dentes suscetíveis à cárie, ou seja, regiões de difícil higienização, subdivididas conforme a localização anatômica em: Cavidades de cicatrículas e fissuras Cavidades de superfície lisa Classificação artificial de Black: Cavidades reunidas em classes que requerem a mesma técnica de instrumentação e restauração. Classificação das cavidades Classificação artificial de Black Classe I: cavidades preparadas em regiões de cicatrículas, fóssulas e fissuras. Face oclusal de molares e pré-molares Terço oclusal da face vestibular dos molares Terço oclusal da face palatina dos molares superiores Face lingual dos incisivos e caninos Classificação das cavidades Classificação artificial de Black Classe II: cavidades que envolvam as faces proximais dos molares pré-molares Classificação das cavidades Classificação artificial de Black Classe III: cavidades preparadas nas faces proximais dos dentes anteriores, sem envolvimento do ângulo incisal. Classificação das cavidades Classificação artificial de Black Classe IV: cavidades preparadas nas faces proximais dos dentes anteriores, com envolvimento do ângulo incisal. Classificação das cavidades Classificação artificial de Black Classe V: cavidades preparadas No terço gengival, nas faces vestibular e lingual/palatina de todos os dentes. Classificação das cavidades Classificação artificial de Black Classe VI: essa classe complementada por Horward e Simon descreve uma situação não contemplada pela classificação original de Black. - Lesões e cavidades localizadas nas pontas de cúspides dos dentes posteriores, sem envolvimento das cicatrículas e fissuras, ou nas bordas incisais dos dentes anteriores, sem envolvimento do ângulo incisal. Classificação das cavidades Classificação quanto a forma e a extensão das cavidades Intracoronárias (Inlay): cavidades confinadas no interior da estrutura dental, como uma caixa pura. Ex: classe I oclusal, classe V, classe II composta e complexa sem proteção de cúspides Extracoronárias parciais - (Onlay): apresentam cobertura de cúspides e/ou outras faces dos dentes. Ex: restaurações MOD com proteção de cúspides, ¾ e 4/5. Extracoronárias totais – (Overlay): são aquelas que todas as faces axiais e oclusal ou incisal do dente são envolvidas no preparo cavitário. Ex: Coroas totais Princípios Gerais do Preparo Cavitário Preparo das cavidades é o tratamento biomecânico da cárie e de outras lesões dos tecidos duros do dente, de forma que as estruturas remanescentes possam receber uma restauração que as proteja, seja resistente e previna a reincidência de cárie. Black foi o primeiro a idealizar uma sequência lógica de procedimentos para a realização de preparos cavitários. Finalidade servir de guia geral, possibilitando a racionalização dos preparos cavitários por etapas que conduzam ao fim almejado. Não constitui um conjunto de regras inflexíveis. Objetivos do preparo cavitário Eliminar o tecido patológico Estender as margens da cavidade a locais de relativa imunidade à cárie Conferir à cavidade formas que permitam ao dente receber e reter o material restaurador Preservar a vitalidade pulpar Ordem geral de procedimentos para preparos das cavidade, de acordo com Black Forma de contorno: define a área de superfície do dente a ser incluída no preparo cavitário Forma de resistência: característica dada à cavidade para que as estruturas remanescentes e a restauração sejam capazes de resistir às forças mastigatórias Forma de retenção: forma dada à cavidade para torna-la capaz de reter a restauração, evitando seu deslocamento. Forma de conveniência: etapa que vida possibilitar a instrumentação adequada do preparo da cavidade a inserção do material restaurador. Remoção da dentina cariada remanescente: procedimento para remover toda a dentina cariada que permaneça após as fases previas do preparo. Acabamento das paredes do esmalte: consiste na remoção dos prismas de esmalte sem suporte, pelo alisamento das paredes de esmalte da cavidade, ou no preparo adequado do ângulo cavossuperficial. Limpeza da cavidade: remoção de partículas remanescentes do preparo cavitário, possibilitando a colocação do material restaurador em uma cavidade completamente limpa. Sequência operatória Forma de abertura da cavidade Forma de contorno Remoção da dentina cariada Forma de resistência Forma de retenção Forma de conveniência Forma de acabamento das paredes do esmalte Forma de limpeza da cavidade Sequência operatória Abertura da cavidade: visa a remoção do esmalte sem apoio dentinário, com a finalidade de expor a lesão da cárie, facilitando sua visualização e, desta forma, permitir a instrumentação das seguintes fases do preparo cavitário. Lesão de cárie incipiente: pequenas manchas esbranquiçadas, mas ainda não aparece cavidade no dente. Neste estágio a cárie pode ser remineralizada sem restauração. Lesão de cárie ampla: Depois do esmalte do dente ser afetado, em um terceiro estágio o esmalte é corroído profundamente e atingirá a dentina. Sequência operatória Forma de contorno: visa delimitar a área da superfície do dente que deverá ser incluída no preparo cavitário. Engloba todo o tecido cariado e áreas suscetíveis à cárie. Sequência operatória Forma de contorno: princípios básicos Todo esmalte sem apoio dentinário deve ser removido As margens do preparo devem estar localizadas em áreas imunes à carie e possibilitem o acabamento das margens da restauração Devem ser observadas as diferenças dos procedimentos entre cavidades de cicatrículas e fissuras e cavidades de superfícies lisas. O risco de cárie do paciente deve ser levado em consideração Sequência operatória Forma de contorno: fatores a serem considerados em superfícies de cicatrículas e fissuras Extensão da cárie a forma de contorno deve englobar tanto a extensão superficial da cárie como a sua propagação. Sequência operatória Forma de contorno: fatores a serem considerados Extensão de conveniência estruturas de reforço dos dentes como as cristas marginais, pontes de esmalte, arestas e vertentes de cúspide devem ser preservadas durante o preparo da cavidade, a menos que tenham sido envolvidas pela cárie. Deve envolver todas as cicatrículas, fissuras e sulcos profundos. Obs.: quando duas cavidades distintas estiverem separadas por estrutura sadia com menos de 1mm, elas deverão ser unidas. Caso contrário, a estrutura deve ser mantida. Sequência Operatória Forma de contorno: fatores a serem considerados Idade do paciente nos pacientes muito idosos a forma de contorno deve-se imitar à remoção do tecido cariado e à determinação de paredes em dentina de esmalte hígido. Sequência operatória Forma de contorno: fatores a serem considerados em superfícies lisas - extensão da cárie A cárie, que propaga-se como dois cones superpostos, deve ser totalmente incluída no delineamento do contorno Sequência Operatória Forma de contorno: fatores a serem considerados em superfícies lisas extensão de conveniência Para a gengival: a extensão ideal da parede gengival dos preparos cavitários seria aquela que pudesse ser determinada o mais distante possível do tecido gengival. Para vestibular e lingual: a parede cervical, vestibular e lingual deve estra afastada do contato com o dente vizinho numa distância de 0,2mm à 0,5mm Sequência Operatória Remoção da dentina cariada: consiste na remoção de toda a dentina que encontra-se desmineralizada e infectada, pela leão de cárie de modo irreversível. Sequência Operatória Forma de resistência: consiste em dar forma à cavidade para que a estrutura dental e material restaurador possam resistir aos: Esforços mastigatórios Variação volumétrica dos materiais restauradores Diferenças no coeficiente de expansão térmica do dente e do material restaurador. Forma de resistência: De acordo com os conceitos clássicos de Black - Paredes circundantes devem ser paralelas entre si e perpendiculares à parede pulpar Sequência Operatória Forma de resistência: De acordo com os conceitos clássicos de Black - Parede gengival plana e paralela à parede pulpar e ambas perpendiculares ao longo do eixo do dente Sequência Operatória Forma de resistência: De acordo com os conceitos clássicos de Black - ângulos diedros e triedros bem definidos Sequência Operatória Forma de resistência: De acordo com os conceitos clássicos de Black - Ângulo axio-pulpar deve estar arredondado Sequência Operatória Forma de retenção: todos os princípios que regem a forma de resistência são importantes e validos para a forma de retenção. Esta, é conseguida pela conformação do preparo cavitário, de retenções adicionais e de retenção por atrito do material restaurador com as paredes do preparo cavitário, e adesão química proporcionada pelos materiais adesivos. Tem como finalidade evitar o deslocamento da restauração através de: Ação das forças mastigatórias Tração por alimentos pegajosos Diferença do coeficiente de expansão térmica entre o material restaurador e a estrutura dentária. Forma de retenção é obtida através do embricamento mecânico entre o material restaurador e as paredes cavitárias Sequência Operatória Forma de retenção: tipos de retenção Friccional = atrito do material restaurador Químico = condicionamento ácido + sistema adesivo Mecânica = retenção adicional como cauda de andorinha, sulcos, canaletas, orifícios para pinos. Sequência Operatória Forma de retenção: tipos de retenção Mecânica = retenção adicional como cauda de andorinha, sulcos, canaletas, orifícios para pinos Sequência Operatória Forma de conveniência: consiste em dar ao preparo cavitário características que facilitem o acesso e a instrumentação da cavidade. - afastamento temporário dos dentes através de cunhas de madeira e etc. Isolamento absoluto do campo obrigatório Proteção do dente vizinho Caixa oclusal nas restaurações de classe II Sequência Operatória Acabamento das paredes de esmalte: consiste em regularizar as paredes de esmalte e do ângulo cavossuperficial do prepare cavitário. Tem como objetivos: Melhorar a adaptação do material restaurador às paredes cavitárias Melhorar o vedamento marginal Diminuir a infiltração marginal Sequência Operatória Limpeza da cavidade: é a remoção de resíduos dos preparos cavitários antes de inserir o material protetor e/ou restaurador através de diferentes agentes, para retirada do “smear layer”. Agentes não desmineralizantes: Germicidas: clorexidina, agua oxigenada 2% Detersivos: tergentol Alcanilizantes: produtos à base de hidróxido de cálcio Agentes desmineralizantes - Ácidos: acido fosfórico, EDTA, ácido poliacrílico. Referências Odontologia Restauradora – Fundamentos e Técnicas Vol. 1. pdf – Baratieri MONDELLI, J. et al – Dentística, procedimentos pré-clínicos. São Paulo, Santos 2002. Nomenclatura e Classificação das Cavidades de Prof. Dr. Fernando Mandarino
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