Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ENG 340 Hidráulica, irrigação e drenagem a) Equipe: Responsável: Prof. Everardo Chartuni Mantovani Sala 315 DEA 3899 1913 everardo@ufv.br www.ufv.br/dea/gesai Apoio: Aulas Teóricas Maurício Novaes Souza Doutorando em Eng. Agrícola Aulas Práticas e Exercícios Sandro B. S. Batista Sady Menezes Hermes Bonfim Neto b) LIVROS TEXTO: Irrigação: Princípios e Métodos MANTOVANI, BERNARDO E PALARETTI EDITORA UFV APOIO: Manual de Irrigação BERNARDO, SOARES E MANTOVANI EDITORA UFV c) AVALIAÇÃO IRRIGAÇÃO: PROVA: 21/04/2006 (SEXTA FEIRA) 5 TRABALHOS: Lista exercício, relatórios e projeto d) MÉTODO: � ENG 340 Hidráulica, irrigação e drenagem Capítulo 1 Agricultura Irrigada: Caracterização e Importância 1.1. Introdução Estratégia para otimização da produção mundial de alimentos; Geração de desenvolvimento sustentável no campo, empregos e renda de forma estável; Atualmente, mais da metade da população mundial depende de alimentos produzidos em áreas irrigadas; Visão passada X atual Característica - não deve ser visualizada isoladamente: Parte de um conjunto de técnicas utilizadas para garantir a produção econômica de determinada cultura; Com adequados manejos dos recursos naturais; A história da irrigação se confunde com a do desenvolvimento e prosperidade econômica dos povos: Principais civilizações antigas - origem em regiões áridas; Produção possível graças à irrigação; Grandes aglomerações há mais de 4.000 anos se fixaram às margens dos rios Huang Ho e Iang-tse-Kiang, no vasto império da China, no Nilo do Egito, no Tigre e Eufrates da Mesopotâmia e no Ganges, da Índia; Surgiram e se conservaram graças à utilização de seus recursos hidráulicos. Recente descoberta Perú Crescimento da população mundial: exige uma agricultura competitiva e tecnificada, que possibilite a produção de alimentos de melhor qualidade e em maior quantidade. Síntese das principais vantagens da irrigação: Seguro contra secas Melhor produtividade das culturas Melhor qualidade do produto Possibilidade de fazer um programa de cultivo com colheitas fora da época tradicional Maior eficiência no uso de fertilizantes Introdução de culturas caras, minimizando o risco do investimento. Estimativas mundiais: 17% da área plantada; 260 milhões de hectares irrigados; 40% do total produzido; � Tabela 1.2 - Distribuição da área irrigada por país e porcentagem da área irrigada em relação à área cultivada Posição País Área Irrigada (milhões de ha) % Da Área Irrigada/Cultivada 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 - Índia China EUA Paquistão Indonésia Irã México Tailândia Turquia Espanha Egito Brasil Japão Itália Austrália Outros países (est.) 59.0 54.0 22.0 18.0 4.8 7.5 6.5 4.7 4.5 3.7 3.3 3.2 2.7 2.7 2.7 63.9 30 32 10 78 34 39 21 16 12 16 100 5 63 25 - - 260 - Fonte: Adaptado de Christofidis. D. Revista ITEM, n. 54, p. 46 a 55, 2002. Estimativas Brasileiras: � � Tabela 1.1 - Estimativa da distribuição das áreas irrigadas pelos diferentes métodos de irrigação no Brasil, por regiões e estados em 2002. – Área irrigada por método (ha) Private�Região/Estados Superfície e Drenagem Aspersão Convencional Pivô Central Localizada Total BRASIL 1.633.828 615.417 651.548 248.414 3.149.217 Tendência atual ( ( ( ( ( NORTE 81.880 6.055 1.410 1.690 91.035 Rondônia - 4.140 100 460 4.600 Acre 520 140 - 20 680 Amazonas 1.000 700 - 120 1.820 Roraima 8.350 300 - 210 8.960 Pará 6.550 150 - 280 6.980 Amapá 1.440 300 - 170 1.910 Tocantins 64.020 325 1.310 430 66.085 NORDESTE 190.729 242.506 122.006 138.421 663.672 Maranhão 23.780 11.450 2.940 6.030 44.200 Piauí 10.340 6.983 740 6.130 24.193 Ceará 19.569 30.222 17.502 5.320 72.613 R. G do Norte - 2.700 1.100 13.983 17.783 Paraíba 30.016 8.306 1.980 7.300 47.602 Pernambuco 31.640 42.200 9.400 8.740 91.980 Alagoas 7.094 56.500 5.940 548 70.082 Sergipe 30.425 8.416 258 6.224 45.332 Bahia 37.865 75.730 82.146 84.146 279.887 SUDESTE 217.865 245.768 362.618 83.388 909.639 Minas Gerais 107.881 73.535 87.950 44.590 313.956 Espirito Santo 17.337 53.837 13.688 6.388 91.250 Rio de Janeiro 14.827 14.186 6.620 400 36.033 São Paulo 77.820 104.210 254.360 32.010 468.400 SUL 1.095.520 82.060 500 18.720 1.196.800 Paraná 14.380 35.810 500 1.060 51.750 Santa Catarina 115.500 20.600 - 1.200 137.300 Rio G. do Sul 965.640 25.650 - 16.460 1.007.750 CENTRO-OESTE 47.834 39.028 165.014 6.195 258.071 Mato Grosso do Sul 41.280 3.200 36.700 300 81.480 Mato Grosso 4.108 2.780 3.795 3.967 14.650 Goiás 2.271 29.306 118.099 1.267 150.943 Distrito Federal 175 3.742 6.420 661 10.998 Fonte: Adaptado de Christofidis. D. Revista ITEM, n .54, p. 46 a 55, 2002. 1.2. IMPORTÂNCIA DA IRRIGAÇÃO É importante ter em mente o significado real da agricultura irrigada, que possibilita: Maior produção (mais de um plantio por ano) Maior produtividade (otimização no uso de áreas) Geração de empregos permanentes, com os menores níveis de investimento, comparativamente a outros setores da economia; Promoção do aumento da renda; Redução do êxodo rural e melhoria das condições de vida. Exemplo: Figura 1.1. � Figura 1.1 - Comparação da produtividade de áreas irrigadas e não-irrigadas para diversas culturas ABIMAQ (2002). França (2001): Perímetro Irrigado de Gorutuba e Pólo Petrolina (PE) – Juazeiro (BA) Criação de empregos diretos. Salários pagos no perímetro superiores àqueles pagos pela indústria e comércio da região. Aumento considerável na demanda de bens de consumo e serviços, com aumento de estabelecimentos comerciais e industriais e do emprego nesses setores. Diminuição no fluxo migratório rural-urbano, inter-regional). Melhoria nas condições de saúde, educação, habitacionais e de lazer dos irrigantes. Região Semi-Árida Em várias condições de agricultura irrigada, um hectare irrigado gera: 0,8 a 1,2 emprego direto. 1,0 a 1,2 empregos indiretos. Agricultura de sequeiro: 0,22 emprego direto por hectare As Diretrizes Gerais para a Produção Integrada de Frutas – DGPIF informam: Item 8.1 Cultivo irrigado ( Medidas obrigatórias Medir a aplicação da água. Administrar a quantidade de água necessária em função do balanço hídrico, retenção (solo) e demanda da cultura. Controlar a salinidade e a presença de substâncias poluentes. ( Medidas recomendadas Utilizar técnicas de irrigação localizada e fertirrigação, conforme requisitos de cada cultura. (Proibido Utilizar água para irrigação que não atenda aos padrões técnicos de cada cultura. Entretanto, deve-se ter em mente: Por um lado Aumenta a produção e produtividade Aumenta emprego e renda (consistente e estável) Diminui o êxodo rural Auxilia o desenvolvimento da região, estado e país. E por outro lado Problemas com consumo de um grande volume de água Excesso de aplicação em muitas áreas Possibilidade de problema ambiental Limitação de recursos hídricos em muitas regiões Solução: Uso racional da água e sustentabilidade Ações fora da “porteira”, destacando-se: Organização do processo da utilização da água no Brasil que vise: Cuidar dos interesses da sociedade como um todo; Comitês de Bacias; Outorga da água; Valoração do seu uso;Implementação da lei de recursos hídricos (Lei 9433/97). Ações dentro da “porteira”, destacando-se: A utilização correta dos conceitos de engenharia e manejo da irrigação, possibilitando a escolha, implantação e manejo adequado dos sistemas de irrigação. 1.3 IMPACTOS AMBIENTAIS DA IRRIGAÇÃO A irrigação pode criar impactos ambientais adversos: Às condições físicas, químicas e biológicas do solo; À disponibilidade e qualidade da água; À saúde pública, à fauna e flora; Repercutindo, em alguns casos, de forma negativa nas condições socioeconômicas do irrigante ou, mesmo, da comunidade local. Realização de estudos de impactos ambientais e outros. � 1.4. INTRODUÇÃO AOS MÉTODOS DE IRRIGAÇÃO A. IRRIGAÇÃO POR SUPERFÍCIE Método mais antigo de irrigação em uso (( 6.000 anos), são sistemas geralmente não pressurizados, em que a água é conduzida e distribuída sobre a superfície do solo por gravidade Normalmente é necessária a sistematização do terreno para que este apresente condições adequadas de condução e distribuição da água; De modo geral, é o método que mais consome água, normalmente com baixa eficiência de aplicação, além de não permitir a fertirrigação; Se divide em três principais sistemas: Sulco, Faixa e Inundação. ( Sistemas de irrigação por superfície ( Irrigação por sulco A água é aplicada em pequenos canais ou sulcos situados paralelamente à fileira das plantas ao longo do sulco, umedecendo o perfil do solo. Figura 1.2, Sistema de irrigação por sulco. ( Irrigação por faixa A água é aplicada em faixas de terra, geralmente com certa declividade longitudinal, separadas por pequenas elevações, denominadas diques ou taipas; A declividade transversal deve ser nula; Figura 1.3 - Croqui de um sistema de irrigação por faixa. ( Irrigação por inundação Neste sistema, a água é aplicada em bacias ou tabuleiros de forma intermitente ou permanentemente; Na irrigação por inundação permanente, a água é mantida sobre a superfície do solo praticamente durante todo o ciclo da cultura – Ex: cultivo do arroz (Figura 1.4); A irrigação por inundação intermitente é semelhante à irrigação por faixa, porém não ocorre escoamento permanente de água pela área, pois os tabuleiros são contornados com taipas ou diques retendo a água por determinado tempo. ��� SHAPE \* MERGEFORMAT �� � Figura 1.4 - Tabuleiros para cultivo de arroz irrigado por inundação. ( Subirrigação (Método subterrâneo) É o sistema que se caracteriza pela distribuição da água por meio de um sistema de canais/drenos, criando-se uma frente de molhamento subsuperficial; Ocorre elevação do lençol freático e, com isso, o umedecimento da região radicular das plantas; Comum em regiões de áreas baixas ou de várzeas, onde existe uma camada de solo muito permeável, sobrepondo uma camada impermeável. � B. IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO É o método de irrigação em que a água é aspergida sobre as plantas ou na subcopa, simulando uma precipitação (chuva) natural. Sistema pressurizado (bombeamento). Muito utilizado devido a sua ampla aplicabilidade. Apresenta boa uniformidade de aplicação de água (75 - 90%). Pode ser feita em sistemas: Móveis: portátil ou semiportátil, e Fixo: toda a tubulação é fixa no campo. ( Sistemas de irrigação por aspersão ( Sistema de aspersão convencional Muito utilizado em pequenas e médias propriedades; Vários aspersores funcionando simultaneamente numa mesma linha lateral Tubulação da linha lateral geralmente é de PVC ou aço zincado de 50, 75 ou 100 mm (2”; 3” ou 4” polegadas); Esse sistema tem um consumo médio de energia e muita exigência em mão-de-obra para mudança das linhas e necessita da utilização de peças especiais para seu funcionamento adequado . � Figura 1.6 - Vista de um campo irrigado por aspersão convencional. � � Figura 1.7 - Detalhe do sistema funcionando com uma linha lateral e da movimentação. � � Figura 1.8 - Saída de linha lateral e Tê de subida dos aspersores. A irrigação por aspersão convencional permite várias adaptações e em função dessas, recebe um nome diferenciado, por exemplo: Sistemas: portátil, semiportátil, fixo, fixo do tipo malha, canhão hidráulico, mangueira etc. (serão discutidos no Capítulo 3). Sistemas fixo do tipo malha: muito importante. (Sistema de aspersão em malha Sistema todo fixo com as tubulações enterradas; Funcionando somente um aspersor por linha lateral (malha). Quem se movimenta não é a linha lateral e sim o aspersor. Linhas laterais são de diâmetros reduzidos (1/2”; ¾” e 1”). � � Figura 1.9 - Sistema de aspersão convencional (fixo) do tipo malha. ( Sistema de aspersão por pivô central É um sistema para irrigação de áreas de tamanhos médio e grande, Aplicação de água: aspersores, difusores ou emissores localizados; Os sistemas atuais apresentam médio consumo de energia e uma baixa necessidade de mão-de-obra, possibilitando a irrigação de grandes áreas; É um sistema que avançou muito tecnicamente e que apresenta inúmeras possibilidades de uso nos diferentes sistemas de produção. � � � A B C Figura 1.10 - Vista de um pivô central com aspersores (A), difusores (B) e aplicação localizada em plantio circular (C). ( Sistema de aspersão por autopropelido Neste sistema, o aspersor é um canhão hidráulico montado sobre um carrinho, que se desloca em movimento retilíneo ao longo da área a ser irrigada; É tracionado por cabo de aço (antigo) ou mangueira (novos); Grande consumo de energia e média eficiência de irrigação É um sistema utilizado para irrigação de pastagens, citrus, cana-de-açúcar e aplicação de águas residuárias na agricultura. � � A B Figura 1.11 - Autopropelido tracionado por cabo de aço (A) e por mangueira-carretel enrolador(B). Além dos sistemas citados, existem: Sistema linear, ramal rolante, montagem direta etc., que apresentam boa utilização e serão comentados posteriormente. C. IRRIGAÇÃO LOCALIZADA São sistemas mais recentes de irrigação onde a água é aplicada, próxima à região radicular, em pequena intensidade e alta freqüência (quase diariamente); Apresenta elevado potencial de uso eficiente da água e de produtividade, com grande expansão em todo o Brasil; Principal inconveniente: possibilidade de entupimento dos emissores quando não são feitas as operações de manutenção (preventivas); “Cabeçal de controle”: local ocorre a preparação da água a ser injetada no sistema de irrigação (filtragem da água e injeção de fertilizantes e controles). � � Figura 1.12 - Cabeçal de controle automatizado e com controle manual. Os sistemas de irrigação localizada podem ser por gotejamento (Figura 1.13), ou por microaspersão (Figura 1.14). Figura 1.13 - Irrigação por gotejamento: vista de uma área irrigada e detalhe do gotejador. Figura 1.14 - Irrigação por microaspersão: vista de uma área irrigada e do emissor. Muitos tipos de emissores: diversas culturas e sistemas de produção; Grande potencial de eficiência de uso da água (se bem projetado e manejado); Nos capítulos subseqüentes, cada um dos sistemas apresentados serão apresentados com mais detalhes. � Notícias Cultura milenar 09/01/2006 Agência FAPESP - Um grupo de pesquisadores do México e Estados Unidos encontrou no Peru, na encosta da cordilheira dos Andes, a mais antiga evidência de agricultura irrigada de que se tem notícia no continente americano. Arqueólogos que realizam trabalhos de campo no Peru suspeitavam há tempos de que a existência de sistemas de irrigação para lavouras deveria datar de mais de 4 mil anos atrás. Entretanto, não haviam sido encontradas provas que confirmassem a tese. O novo estudo, liderado por Tom Dillehay, do Departamento de Antropologia da Universidade Vanderbilt, nosEstados Unidos, foi realizado no Vale Zaña, a 65 quilômetros do litoral e a cerca de 500 quilômetros ao norte de Lima. Depois de sete anos de estudos no vale, os pesquisadores puderam confirmar a existência de três canais, usados para o cultivo de campos próximos a antigos sítios residenciais, com pelo menos 5,4 mil anos de existência. Segundo os cientistas, as estruturas podem ter até 6,7 mil anos. O estudo foi publicado no periódico The Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). A descoberta é considerada muito importante por permitir ampliar o entendimento sobre as origens das civilizações andinas. “Um dos principais desenvolvimentos na existência da sociedade humana é a bem-sucedida mudança de uma economia de subsistência, baseada na busca de comida, para outra, com base primeiramente na produção de alimentos derivados do cultivo e da domesticação de animais”, escreveram os autores no artigo. Segundo eles, tal mudança ocorreu independentemente em poucos centros no mundo e se refletiu no desenvolvimento social nessas regiões. Um desses centros esteve no atual Peru. As evidências encontradas revelam a preferência pela criação de sistemas irrigados em relação ao tradicional plantio em áreas naturalmente mais úmidas. A descoberta também difere de estudos anteriores, que estipulavam a existência de antigos canais apenas em áreas mais elevadas. O artigo Preceramic irrigation canals in the Peruvian Andes, de Tom D. Dillehay, Herbert H. Eling Jr. e Jack Rossen, pode ser lido no site da PNAS, em www.pnas.org. �PAGE � �PAGE �10� _1176058434/ole-[42, 4D, B6, 0C, 09, 00, 00, 00]
Compartilhar