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Aula 01 - Licitações públicas e contratos administrativos

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LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 1 
Aula 1: Licitação – procedimento .................................................................................................. 3 
 ............................................................................................................................. 3 Introdução
 ................................................................................................................................ 4 Conteúdo
Licitação - Conceito .......................................................................................................... 4 
Licitação como um procedimento ................................................................................ 5 
Competência para legislar ............................................................................................... 6 
Artigo 22 .............................................................................................................................. 8 
A prerrogativa de auto-normatização da União, estados-membros, distrito 
federal e município............................................................................................................ 9 
Lei nº 8.666/93 .................................................................................................................. 11 
Norma geral x norma específica ................................................................................... 12 
Os Estados e a lei complementar ................................................................................. 13 
Quem pode legislar sobre licitação? ............................................................................ 15 
Lei de licitações ................................................................................................................ 16 
Quem está obrigado a licitar? ....................................................................................... 18 
O que deve ser licitado, qual o objeto da licitação? ................................................. 19 
Modalidades de licitação ................................................................................................ 20 
Concorrência pública...................................................................................................... 21 
Concorrência, tomada de preços e convite ............................................................... 22 
Sistema Único de Cadastramento Federal .................................................................. 23 
Registros cadastrais na tomada de preços ................................................................. 23 
Lei nº 8.666/93 - tomada de preços ............................................................................. 25 
Contagem dos dias nas licitações ................................................................................ 26 
Licitação na contratação de obras e serviços de engenharia ................................. 35 
Convite............................................................................................................................... 37 
Concurso e leilão – Conceitos e características ........................................................ 39 
Demais aspectos do concurso e do leilão .................................................................. 41 
Pregão ................................................................................................................................ 43 
Demais características do pregão ................................................................................ 45 
Procedimento licitatório - instrumento convocatório ............................................. 46 
Edital ................................................................................................................................... 46 
Artigo 21 - publicação do edital .................................................................................... 48 
Habilitação ........................................................................................................................ 49 
O Regime Diferenciado de Contratação (RDC) ......................................................... 51 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 2 
Licitações e contratos nas empresas públicas e sociedades de economia mista
 ............................................................................................................................................. 53 
Ditames referente a Lei 13.303/2016; artigo 31 .......................................................... 55 
Considerações referente ao SINAPI e SICRO ............................................................. 57 
Diretrizes para licitações e contratos realizados nas empresas públicas e 
sociedades de economia mista .................................................................................... 58 
Procedimento de licitação na lei nº 13.303/2016 ...................................................... 59 
Atividade proposta .......................................................................................................... 63 
........................................................................................................................... 65 Referências
 ......................................................................................................... 66 Exercícios de fixação
Notas ........................................................................................................................................... 70 
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 71 
 ..................................................................................................................................... 71 Aula 1
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 71 
 
 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 3 
Introdução 
Há de se reconhecer que, no desempenho de suas atividades, o Estado conta 
com a participação de outras pessoas, já que não poderia alcançar seus 
objetivos integralmente. 
 
O Estado não tem ampla liberdade para selecionar o seu contratante, devendo 
adotar um procedimento preliminar para fazer essa seleção. 
 
Para tanto, o dispositivo constitucional acima referido é regulamentado pela Lei 
Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993, também conhecida como Lei de 
Licitações e Contratos, que instituiu normas gerais em matéria de licitações e 
contratos da Administração Pública, sendo estes, portanto, os dois pontos que 
serão objeto de estudo nesta disciplina. 
 
Objetivo: 
Compreender a licitação como meio formal preliminar aos contratos 
administrativos e forma de garantir a impessoalidade, moralidade e igualdade 
nas aquisições por parte da Administração Pública. 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 4 
Conteúdo 
Licitação - Conceito 
Fundado na supremacia do interesse público, o Estado, através de seus 
administradores, tem a prerrogativa de escolher contratantes, diante da 
necessidade de realização de obras, serviços de publicidade, compras, 
alienações e locações, com o propósito de dar andamento ao processo de 
implementação de infraestrutura, bem como adequar rotinas administrativas e 
consolidar a pauta de direitos fundamentais, de caráter individual e social, 
descrita na Constituição Federal e nas normas que compõem o ordenamento 
jurídico. 
 
Contudo, a definição do eventual contratado não fica à mercê da consciência do 
gestor público, mas sim delimitada através de critérios objetivos, estabelecidos 
pelo legislador, a fim de evitar o abuso de poder e a lesão ao erário. 
 
Nessa perspectiva, o procedimento delicitação surge para inibir o desvio de 
finalidade e mitigar os riscos de dano social, além de buscar a consolidação dos 
princípios da isonomia, da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da 
igualdade, da probidade administrativa, da eficiência, da economicidade e a 
promoção do desenvolvimento nacional sustentável, dentre outros. 
 
1º objetivo - A celebração de contrato 
 
2º objetivo - A obtenção do melhor trabalho técnico, artístico ou científico. 
 
Tomando como referencial a ideia preliminar, o processo decisório destinado à 
eleição de potenciais contratados da Administração Pública encontra assento 
constitucional nos artigos 22, inciso XXVII; 37, inciso XXI; 173, §1º, inciso III. 
Vale salientar que, paralelamente, o procedimento licitatório não fica, 
puramente, sob a dimensão do poder discricionário do administrador, podendo 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 5 
ser objeto de controle do Judiciário e do Legislativo, em observância não só à 
legalidade, mas também à legitimidade e à economicidade. 
 
O conceito de licitação que melhor se adequa à concepção jurídica do termo é 
no sentido de considera-la como procedimento consagrado no âmbito da 
Administração, de caráter administrativo e natureza vinculada, cujas finalidades 
precípuas são a celebração de um determinado contrato, ou a aquisição de 
melhor trabalho técnico, artístico ou científico, devendo ser observado pelas 
pessoas jurídicas de direito público e privado que compõe a estrutura 
organizacional do poder estatal. 
 
Licitação como um procedimento 
A licitação requer a instauração de um prévio processo administrativo que 
deverá ser autuado, protocolado e numerado, com objetivo de garantir a 
segurança jurídica e os possíveis intervenientes durante o procedimento 
(CARVALHO FILHO, 2016, p. 292). 
 
O processo tem como requisito de validade, além da autorização para 
instauração do certame, a delimitação do objeto do contrato, assim como a 
prévia descrição dos custos, sob o amparo da lei orçamentária e os recursos 
nela delineados, cabendo também a juntada do conjunto de documentos 
elencados no art. 38, da Lei nº 8.666/93. 
 
Em se tratando de licitações simultâneas ou sucessivas, cujo valor estimado 
ultrapasse 100 vezes o limite do artigo 23, inciso I, alínea “c”, da Lei nº 
8.666/93 (licitações de grande vulto), caberá a autoridade competente 
convocar audiência pública, com o intuito de dar início ao processo. A licitação 
consiste num procedimento de natureza complexa que envolve um conjunto de 
atos preordenados, no qual verifica-se, em regra: 
 
 Edital 
 Habilitação 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 6 
 Julgamento 
 Homologação 
 Adjudicação 
 
Competência para legislar 
Quanto à competência para legislar sobre matéria de licitação, o constituinte 
delimitou que a disciplina em caráter geral ficaria na esfera legislativa, privativa, 
da União. Contudo restou resguardada a competência suplementar dos estados. 
 
Vale salientar que a concepção de normal geral se afasta do conceito de lei 
específica, já que a primeira tem abrangência nacional, enquanto a segunda 
incide, exclusivamente, no âmbito interno de cada ente federativo, em prestígio 
à autonomia legislativa dos estados, distrito federal e municípios. 
 
De acordo com as considerações supramencionadas, é certo que a Lei nº 
8.666/93 não recai inteiramente sobre todo território brasileiro, uma vez que 
ficam reservadas aos respectivos entes o conteúdo compreendido nas suas 
peculiaridades, detalhamentos e minúcias em torno da licitação e dos contratos 
administrativos. Dessa forma, questiona-se a incoerência do art. 118, do 
referido diploma legal: 
 
Art. 118. Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as entidades da 
administração indireta deverão adaptar suas normas sobre licitações e 
contratos ao disposto nesta Lei. 
 
Merece destaque o Recurso Extraordinário nº 423.560, de Minas Gerais, em 
decorrência do reconhecimento da constitucionalidade de lei municipal que 
abarca matéria de licitação e contrato administrativo, reforçando o pensamento 
aqui descrito. 
 
Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO E 
CONTRATAÇÃO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA MUNICIPAL. LEI ORGÂNICA 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 7 
DO MUNICÍPIO DE BRUMADINHO-MG. VEDAÇÃO DE ONTRATAÇÃO COM O 
MUNICÍPIO DE PARENTES DO PREFEITO, VICE-PREFEITO, VEREADORES E 
OCUPANTES DE CARGOS EM COMISSÃO. CONSTITUCIONALIDADE. 
COMPETÊNCIA SUPLEMENTAR DOS MUNICÍPIOS. RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
PROVIDO. A Constituição Federal outorga à União a competência para editar 
normas gerais sobre licitação (art. 22,XXVII) e permite, portanto, que Estados e 
Municípios legislem para complementar as normas gerais e adaptá-las às suas 
realidades. O Supremo Tribunal Federal firmou orientação no sentido de que as 
normas locais sobre licitação devem observar o art. 37, XXI da Constituição, 
assegurando “a igualdade de condições de todos os concorrentes”. 
Precedentes. Dentro da permissão constitucional para legislar sobre normas 
específicas em matéria de licitação, é de se louvar a iniciativa do Município de 
Brumadinho-MG de tratar, em sua Lei Orgânica, de tema dos mais relevantes 
em nossa pólis, que é a moralidade administrativa, princípio-guia de toda a 
atividade estatal, nos termos do art. 37, caput da Constituição Federal. A 
proibição de contratação com o Município dos parentes, afins ou 
consanguíneos, do prefeito, do vice-prefeito, dos vereadores e dos ocupantes 
de cargo em comissão ou função de confiança, bem como dos servidores e 
empregados públicos municipais, até seis meses após o fim do exercício das 
respectivas funções, é norma que evidentemente homenageia os princípios da 
impessoalidade e da moralidade administrativa, prevenindo eventuais lesões ao 
interesse público e ao patrimônio do Município, sem restringir a competição 
entre os licitantes. Inexistência de ofensa ao princípio da legalidade ou de 
invasão da competência da União para legislar sobre normas gerais de licitação. 
Recurso extraordinário provido. 
(RE 423560, Relator (a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 
29/05/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-119 DIVULG 18-06-2012 PUBLIC 19-
06-2012 RT v. 101, n. 923, 2012, p. 678-683) 
Disponível em: 
<http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=219344
5> 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 8 
Artigo 22 
A Constituição Federal estabelece: "Artigo 22. Compete privativamente à União 
legislar sobre: XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as 
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e 
fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o 
disposto no Artigo 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de 
economia mista, nos termos do Artigo 173, § 1º, III”. Percebe-se que a 
competência da União é para normas gerais, e isto não significa esgotar o 
assunto. Então, os outros entes da federação poderão criar normas específicas 
sobre o tema. 
 
No Artigo 22, XXVII/CF devemos fazer uma remissão ao Artigo 24, §2º/CF, que 
fala sobre competência concorrente dos estados. O que compete 
privativamente à União é a criação de normas gerais, logo, normas específicas 
são de competência concorrente. Todos os entes da federação podem legislar 
sobre licitação em relação às normas específicas para ajustá-la às suas próprias 
realidades, em especial à orçamentária. 
 
Em relação aos municípios, nos remetemos ao Artigo 30, I e II/CF: legislar 
sobre interesse local e suplementar à legislação federale estadual, onde 
couber. Refere-se também ao município criando suas normas específicas. 
Assim, todos os entes da federação podem legislar sobre licitações e contratos. 
No entanto, só a União poderá fazê-lo em relação às normas gerais, que serão 
obrigatórias a todos os demais entes. 
 
Tal entendimento é pacífico na doutrina. O legislador federal, entretanto, ao 
elaborar a Lei nº 8.666/93 (já alterada, em especial, pela Lei nº 8.883/94), fez 
uma confusão. Ele se refere, pelo artigo primeiro, a normas gerais. Ora, a lei 
tem 120 artigos e, pelo artigo primeiro, todos deveriam ser normas gerais. Só 
que tratam de matérias específicas, o que gerou grande controvérsia. A 
doutrina entende, em razão dos artigos constitucionais acima estudados, que a 
lei não é nacional e, sim, federal. Seria uma lei feita apenas para as licitações 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 9 
da União. O legislador federal, então, teria extrapolado sua competência ao 
tentar transformar uma lei federal em nacional. 
 
Resumindo, a doutrina considera que o artigo primeiro da Lei nº 8.666/93 é 
inconstitucional, porque extrapola a competência dada pela CF. Ao invés de se 
limitar a estabelecer as normas gerais, quer impor todo o procedimento 
licitatório a todos os entes da federação. Logo, a doutrina entende que essa lei 
é válida somente para a União. Sobre o tema, temos apenas uma decisão do 
STF, que, em 1993, concedeu uma liminar, mas até hoje não teve seu mérito 
apreciado. 
 
O Artigo 17 da mesma Lei nº 8.666/93 também gerou polêmica. Ele se refere à 
alienação de bens da Administração Pública. A alínea b do inciso I fala que a 
doação de bem imóvel só poderá ser feita de um órgão ou ente da 
Administração Pública para outro. 
 
A prerrogativa de auto-normatização da União, estados-
membros, distrito federal e município 
Frente à autonomia político-administrativa dos entes federativos, é de 
indispensável observância a prerrogativa de auto-normatização da União, 
estados-membros, distrito federal e município. Ademais, é relevante considerar 
que não existe hierarquia entre leis em sentido estrito que não sejam extraídas 
diretamente do texto constitucional. Dessa forma, a eficácia das normas 
federais, estaduais, distritais e municipais fica limitadas conforme a 
circunscrição territorial e organizacional, tal com a predominância de interesse 
de cada unidade da federação. 
 
No que tange a competência legislativa, cabe ao Congresso Nacional discutir, 
votar e aprovar os projetos de lei que tenham abrangência nacional e, também, 
aqueles que englobarem matéria correspondentes aos interesses exclusivos da 
União (lei federal). Observe: 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 10 
 
 
 
 
Verifique como é o funcionamento do Processo Legislativo na esfera Federal: 
 
 
 
Em síntese, o Congresso Nacional, detém dupla competência: a) de deliberar e 
aprovar projetos de lei de incidência ampla, com eficácia sobre todo território 
brasileiro; b) de deliberar e aprovar projetos de lei aplicáveis às pessoas 
jurídicas de direito público interno vinculadas à União, com propósito de auto-
organização (SILVA, 2014, p. 408). 
 
Apesar de não haver disposição explícita na Lei nº 8.666/93, é certo que o 
constituinte e o legislador não restringiram de forma absoluta o poder dos 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 11 
entes federativos legislarem sobre questões de cunho específico, com 
fundamento no interesse regional ou local. 
 
Lei nº 8.666/93 
É sabido que estados e municípios não têm competência para desapropriar para 
fins de reforma agrária, apenas a União. A maneira que estes entes têm de 
fazer uma justa distribuição de terras para assentamento de famílias pobres, 
sem teto, ou mesmo para pessoas jurídicas de direito privado com fins 
assistenciais, sem intuito lucrativo, é através da doação de bens públicos. 
Conheça um pouco mais sobre essa lei: 
 
Lei em vigor 
Mesmo com a entrada em vigor da Lei nº 8.666/93, essa prática continuou. 
Mas os Tribunais de Contas começaram a sustar essas doações. Os chefes do 
executivo, por sua vez, argumentaram que estados e municípios têm autonomia 
política e administrativa (Artigo 18/CF), e que a União não pode interferir 
nesses assuntos. Tal disposição seria, igualmente, inconstitucional. 
 
Inconstitucionalidade da lei 
Os Tribunais de Contas contra-argumentaram que a inconstitucionalidade deve 
ser levada ao STF, e, até que este decida, deve ser aplicado o Artigo 17. Alceu 
Collares, quando governador do Rio Grande do Sul, ingressou com uma ADIN, e 
o STF decidiu que a doação de bens imóveis públicos a particulares deve ser 
regulada por lei específica de cada ente da federação. 
 
A lei é federal, não nacional 
O dispositivo, portanto, só tem validade para a União, já que é uma norma 
específica, não geral. Conclui-se, pelo mesmo raciocínio, que o artigo primeiro 
da mesma lei é inconstitucional (RDA – ADIN 937), bem como que tal lei é 
federal, não nacional. 
 
A lei "unional" 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 12 
O Tribunal de Contas de São Paulo começou a chamar a Lei nº 8.666/93 de lei 
"unional". Isso porque, tanto a lei nacional quanto a lei federal, na verdade, são 
federais. O Congresso Nacional, que é um órgão federal, criou o Código Civil. 
Mas foi ele também que fez a Lei nº 8.112/90, que vale só para a União. Então, 
tudo o que sai do Congresso é federal, porque o Congresso, em si, é federal. 
Mas ora é uma lei federal, que tem conteúdo nacional, ora é uma lei federal, 
que só se aplica à União. 
 
Lei nacional ou federal 
Falar em lei nacional ou federal, portanto, não é de boa técnica, já que todas 
são federais. Deveríamos nos referir, então, a leis federais nacionais e leis 
federais "unionais", estas somente válidas para a União. 
 
Norma geral x norma específica 
Não existe um parâmetro legal para diferenciar norma geral e norma específica. 
O tema fica entregue à doutrina. Para saber se um artigo é norma geral ou 
específica, deve-se indagar se ele está materializando um princípio 
constitucional ou administrativo. Em caso afirmativo, trata-se de norma geral. 
Veja só: 
 
Exemplos 
• Artigo 39, § 3° – defende o princípio constitucional da Publicidade (licitação é 
ato público); 
• Artigo 41 – defende o princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório (a 
Administração não pode fugir às normas constantes dos instrumentos 
convocatórios – editais e cartas convites); 
• Artigo 24 – defende o princípio constitucional da obrigatoriedade da licitação 
(as exceções estão inseridas em rol taxativo – decretos, portarias). 
 
Superfaturamento 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 13 
De maneira geral, a Lei nº 8.666/93 é boa, porque contém mecanismos que 
visam acabar com o superfaturamento. Também obriga a Administração a 
cumprir os compromissos em dia, sob pena de embargar qualquer pagamento. 
 
Pagamento 
Quando um contrato é celebrado, o pagamento só é feito ao final, mas a 
Administração expede uma nota de empenho, na qual garante que aquela 
obrigação será satisfeita. Propicia também uma reserva orçamentária e uma 
ordem cronológica de pagamentos. 
 
Normas gerais e específicas 
Vimos, então, que a União pode legislar normas gerais, e os demais entes da 
Federação, normas específicas. Mas a própria Lei nº 8.666/93 reconhece, no 
seu artigo 119, a legitimidade de outros órgãos da administração indireta para 
legislarem também. Poderão editar regulamentos próprios, atos normativos 
regulamentando a lei, sem, contudo, contrariá-la, tampoucocriar inovações, 
apenas ajustá-la à sua realidade. 
 
Comissão de licitação 
Na verdade, refere-se a quem fará parte da comissão de licitação, a quem 
competirá assinar o edital, etc., ou seja, regras internas para ajustar a lei à sua 
operacionalidade. É o caso, por exemplo, do regulamento de licitação do Banco 
do Brasil ou da CEF. Mas é um procedimento legislativo, um ato administrativo 
normativo. 
 
Os Estados e a lei complementar 
Como já exposto, a competência legislativa, em se tratado de matéria ligada ao 
procedimento de licitação e contratos administrativos, é privativa da União. 
Todavia, o constituinte deixou espaço para que os estados, através de lei 
complementar, possam regular questões de cunho específico, além de confiar a 
eles a competência residual. Ademais, concedeu aos municípios o poder de 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 14 
legislar sobre assuntos de interesse local, assim como suplementar a legislação 
federal e estadual, no que couber. 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
(...) 
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, 
para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e 
para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 
173, § 1°, III; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998). 
(...) 
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre 
questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. 
 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: 
(...) 
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a 
competência suplementar dos Estados. 
(...) 
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que 
adotarem, observados os princípios desta Constituição. 
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas 
por esta Constituição. 
 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber. 
 
 
Atenção 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 15 
 Com apoio na disposição do artigo 115, da Lei nº 8.666/93, pode-
se concluir que o legislador admitiu regulamentação atinente à 
circunstância operacional que viabilize maior eficiência da 
Administração, com objetivo de atender as múltiplas dimensões 
do interesse público, conforme o direito fundamental à boa 
administração. Significa dizer que não pode pretender com base 
nesse dispositivo inovação da ordem jurídica, ou seja, 
inadmissível será a imposição de novos requisitos além dos 
autorizadas no estatuto, ficando admitido apenas a padronização 
de “procedimentos administrativo secundários”. Assim, será 
possível que o órgão defina as regras tocantes ao “local de 
audiências, práticas acerca de comunicação aos interessados, 
indicação de organismos da imprensa comum perante os quais se 
processará a publicidade” (JUSTEN FILHO, 2012, p. 1085). 
 
Quem pode legislar sobre licitação? 
Os órgãos públicos da administração direta, conforme especifica o Artigo 115 
da Lei 8.666/93, também poderão emitir procedimentos visando à 
operacionalização das licitações, mas nunca criando norma nova. 
 
Em resumo, quem pode legislar sobre licitação e contratos no direito brasileiro 
são: 
 
• União: normas gerais – Artigo 22, XXVII/CF; 
• Estados, Distrito Federal e Municípios: normas específicas – Artigo 24, 
§2º/CF c/c 118 da Lei 8.666/93 e Artigo 30, I e U/CF; 
• Entidades da administração indireta: regulamentos próprios – Artigo 119 
da Lei 8.666/93 e Lei nº 13.303/2016; 
• Órgãos públicos da administração direta: procedimentos operacionais – 
Artigo 115 da Lei 8.666/93. 
 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 16 
Lei de licitações 
De acordo com o artigo 1º, §1º, da Lei nº 8.666/93, submetem-se ao estatuto 
não só os órgãos da Administração Direta, mas também os fundos especiais, as 
autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas. 
 
Autarquias: 
 
 
Fundações Públicas: 
 
 
Lei 13.303/2016 
A Lei nº 13.303, de 30 de julho de 2016, dispõe sobre o estatuto jurídico da 
empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias no 
âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
 
Artigos correspondentes à lei de licitação: 
 
Art. 115 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 17 
Art. 115. Os órgãos da Administração poderão expedir normas relativas aos 
procedimentos operacionais a serem observados na execução das licitações, no 
âmbito de sua competência, observadas as disposições desta Lei. 
Parágrafo único. As normas a que se refere este artigo, após aprovação da 
autoridade competente, deverão ser publicadas na imprensa oficial, conforme 
disposição do artigo 28, §3º, incisos I e II, da Lei nº 13.303/2016. 
(...) 
 
Art. 119 
Art. 119. As sociedades de economia mista, empresas e fundações públicas e 
demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União e pelas 
entidades referidas no artigo anterior editarão regulamentos próprios 
devidamente publicados, ficando sujeitas às disposições desta Lei. 
 
Parágrafo único. Os regulamentos a que se refere este artigo, no âmbito da 
Administração Pública, após aprovados pela autoridade de nível superior a que 
estiverem vinculados os respectivos órgãos, sociedades e entidades, deverão 
ser publicados na imprensa oficial. 
 
Quanto aos fundos especiais, deve-se se ter em conta que não são dotados, em 
regra, de personalidade jurídica, razão pela qual não são reconhecidos como 
parte contratante. Contudo, caso haja personificação desses arranjos 
destinados à coleta de patrimônio, voltado para um propósito específico, 
assumirá posição tomador de bens e serviços, e, portanto, terá que cumprir as 
regras estabelecidas pela Lei de Licitações e Contratos. 
 
A instituição de fundos especiais depende de prévia autorização legislativa, 
conforme disposição do art. 167, inciso IX, da Constituição Federal de 1988. 
 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 18 
 
 
Quem está obrigado a licitar? 
De acordo com o Artigo 37, XXI/CF, toda a estrutura administrativa brasileira é 
forçada a licitar, seja por obras, serviços, compras ou alienações. Este inciso 
deve ser combinado com o Artigo 1º, parágrafo único, da Lei 8.666/93, que cita 
toda a estrutura administrativa brasileira. A novidade é a inclusão dos fundos 
especiais – que não são pessoas jurídicas, mas são administrados por elas, que 
têm obrigação de licitar. Exemplos: 
 
FGTS 
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço: administrado pela CEF, empresa 
pública obrigada a licitar; 
 
Fundo de Emergência 
Administrado pelo Ministério da Fazenda, órgão público da administração direta, 
obrigado a licitar; 
 
FAT 
Fundo de Amparo ao Trabalhador: refere-se ao seguro-desemprego, 
administrado pelo Ministério do Trabalho, órgão da administração direta, 
obrigada a licitar. 
 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 19 
Pode parecer redundância, mas, por bem, o legislador deve especificar esses 
fundos especiais. As empresas estatais, por sua vez, só estarão obrigadas a 
licitar quando exercerem atividade-meio, que não é aquela atividade para a 
qual foram criadas (atividade-fim). 
 
O que deve ser licitado, qual o objeto da licitação? 
O artigo 2º, da Lei de Licitações e Contratos exprimeaquilo que deve ser objeto 
do procedimento licitatório, ficando consignado a contratação dos objetos 
apresentados na tela: 
 
Lei nº 8.666/93, Art. 2o As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, 
alienações, concessões, permissões e locações da Administração Pública, 
quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de 
licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei. 
 
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se contrato todo e qualquer 
ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em 
que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de 
obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada. 
 
 
 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 20 
 
Atenção 
 A Constituição brasileira de 1988 destacou apenas três hipóteses 
para que a licitação fosse instituída como pressuposto da 
contratação pública, porém o rol nela elencado tem caráter 
meramente exemplificativo, deixado em aberto para o legislador 
e gestores dos organismos estatais a possibilidade de instituírem 
o processo licitatório de acordo com os interesses da 
Administração. 
 
 
CRFB/88, Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos 
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá 
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e 
eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional 
nº 19, de 1998) 
(...) 
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, 
compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública 
que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas 
que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da 
proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de 
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das 
obrigações. (Regulamento) 
 
Modalidades de licitação 
São modalidades de Licitação segundo o Artigo 22 da Lei nº 8.666/93: 
 
 Concorrência 
 Tomada de preços 
 Convite 
 Concurso 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 21 
 Leilão 
 Pregão (Lei nº 10.520/02) 
 
Um dos critérios utilizados para definir a modalidade de licitação a ser aplicado 
ao caso concreto corresponde ao valor provável do prospectivo contrato, 
adotando como referencial as especificações monetárias expostas no artigo 23, 
incisos I e II, e suas respectivas alíneas. 
 
Não se deve deixar de lado as regras específicas, inerentes ao pregão, de 
acordo com os preceitos da Lei n.º 10.520/2002, assim como as 
particularidades que recaem sobre o Regime Diferenciado de Contratação, 
segundo a Lei nº 12.598/2011, além das regras que encontram expressão na 
Lei nº 12.598/2011 (sistema de defesa) (ARAÚJO, 2015, p. 617). 
 
 
Atenção 
 Importante ressaltar que os valores poderão ser considerados em 
dobro caso a licitação vise a contratação de consórcios públicos 
formados por até três entes da Federação e pelo triplo quando 
esse número for mais extenso. Ademais, a Lei Complementar nº 
123/2006 criou outros privilégios para a contratação de 
microempresas e empresa de pequeno porte. 
 
Concorrência pública 
Dentro de uma concepção contemporânea, a concorrência consiste num 
procedimento administrativo que precede os contratos administrativos, 
superando os termos concorrência pública e concorrência administrativa. Uma 
vez demonstrado o interesse dos potenciais contratantes e cumprido os 
requisitos exigidos de qualificação para habilitação, quaisquer pessoas podem 
concorrer para pactuar com a Administração, nos termos da lei, do edital e do 
contrato previamente apresentado. 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 22 
Não se pode confundir modalidade (ou espécies) com tipos de licitação, pois 
estas referem-se aos critérios de apuração do contratante mais adequado para 
determinado negócio jurídico, já que nem sempre o menor preço ou a melhor 
técnica servirão como vetores que orientarão a tomada de decisão do gestor 
público. 
 
 
 
Concorrência, tomada de preços e convite 
A dimensão e a complexidade do contrato servem como parâmetro para que 
seja definida a modalidade de licitação que deverá ser empregada pela 
Administração, com escopo de eleger terceiros para contratação de obras, bens 
e serviços. Nesse sentido, a Lei nº 8.666/93, no seu artigo 22, enumera cinco 
espécies de procedimento. Todavia, há uma sexta modalidade especificada na 
Lei nº 10.520, denominada pregão. Vale registrar que o concurso tem 
destinação especifica, já que é voltado para conferir premiação ou seleção 
balizada por critérios singularizados, enquanto o leilão é adotado nos casos de 
alienação de bens ou direitos, em busca do melhor lance, conforme previsão 
legal. 
 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 23 
 
 
 
 
Sistema Único de Cadastramento Federal 
Vale frisar, no entanto, um absurdo que ocorreu no âmbito federal. Em 1996, o 
Ministro Bresser Pereira criou o SICAF (Sistema Único de Cadastramento 
Federal), determinando que só pode contratar com o poder público aquele que 
efetuou sua inscrição. 
 
Trata-se de um ato administrativo inconstitucional, porque um ato normativo 
não pode criar nada, apenas regulamentar direitos e obrigações impostos por 
lei. Se não existe sequer decreto autônomo, quanto mais instrução normativa 
autónoma. Fere a Constituição Federal exigir que seja feito um cadastramento 
prévio no Ministério da Administração para poder participar de uma licitação. 
 
Registros cadastrais na tomada de preços 
Atualmente, a tomada de preço possibilita a participação não só das pessoas já 
cadastradas, como também outros interessados que venham realizar o 
cadastrado e cumpram as condições exigidas pela Administração, até o terceiro 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 24 
dia anterior à data definida para entrega das propostas, devendo ser observada 
a qualificação requerida, nos termos do art. 36, da Lei nº 8.666/93. 
 
Os registros cadastrais permitem que o procedimento seja mais ágil, além de 
servir como referência para pesquisa de preços, viabilizando uma análise 
sumária na fase de habilitação (ARAÚJO, 2015, p. 628). 
 
Uma vez certificado, os participantes do certame terão status de cadastrados, 
com validade de um ano, podendo ser renovado após atualização do registro. 
 
 
Atenção 
 A Comissão de Cadastro tem prerrogativa para indeferir os 
pedidos de inscrição, alteração ou cancelamento, decisões que 
poderão ser objeto de recurso interposto no prazo de cinco dias 
úteis da intimação do ato, cujo julgamento deve se dar também 
no lapso temporal de cinco dias úteis da data de seu 
recebimento. 
 
Art. 34. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da Administração Pública 
que realizem frequentemente licitações manterão registros cadastrais para 
efeito de habilitação, na forma regulamentar, válidos por, no máximo, um ano. 
(Regulamento). 
 
§ 1o O registro cadastral deverá ser amplamente divulgado e deverá estar 
permanentemente aberto aos interessados, obrigando-se a unidade por ele 
responsável a proceder, no mínimo anualmente, através da imprensa oficial e 
de jornal diário, a chamamento público para a atualização dos registros 
existentes e para o ingresso de novos interessados. 
 
§ 2o É facultado às unidades administrativas utilizarem-se de registros 
cadastrais de outros órgãos ou entidades da Administração Pública. 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICASE CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 25 
Art. 35. Ao requerer inscrição no cadastro, ou atualização deste, a qualquer 
tempo, o interessado fornecerá os elementos necessários à satisfação das 
exigências do art. 27 desta Lei. 
 
Art. 36. Os inscritos serão classificados por categorias, tendo-se em vista sua 
especialização, subdivididas em grupos, segundo a qualificação técnica e 
econômica avaliada pelos elementos constantes da documentação relacionada 
nos arts. 30 e 31 desta Lei. 
 
§ 1o Aos inscritos será fornecido certificado, renovável sempre que atualizarem 
o registro. 
 
§ 2o A atuação do licitante no cumprimento de obrigações assumidas será 
anotada no respectivo registro cadastral. 
 
Art. 37. A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso ou cancelado o 
registro do inscrito que deixar de satisfazer as exigências do art. 27 desta Lei, 
ou as estabelecidas para classificação cadastral. 
 
Lei nº 8.666/93 - tomada de preços 
Ao conceituar a tomada de preços, a Lei nº 8.666/93 não foi precisa. O Artigo 
22, §2º, diz: 
 
... ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o 
3º dia anterior à data do recebimento das propostas... 
 
Tal dispositivo causou controvérsias, havendo, hoje, dois entendimentos a 
respeito. 
 
A primeira corrente, capitaneada por Diógenes Gasparini (SP) e Sidney 
Bittencourt (RJ), entende que o prazo de três dias é para a pessoa efetuar seu 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 26 
cadastro, ou seja, tem três dias antes da entrega das propostas. É posição 
interessante, porque preserva a tomada de preços, que tem por objetivo 
agilizar o procedimento. Mas a lei não diz isso. Não menciona cadastramento, 
apenas que sejam atendidas as condições para cadastramento. Para o prof. 
Marçal Justen Filho (PR) e Carlos Ari Sundfeld (SP), esse prazo não é para 
cadastramento, e, sim, para a habilitação. Logo, se o interessado não é 
cadastrado, mas quer participar da tomada de preços, tem três dias para se 
habilitar. 
 
Numa tentativa de resolver o problema, a Lei nº 8.883/94 inseriu o parágrafo 
9º no Artigo 22 da Lei nº 8.666/93, mas também não foi claro. Entretanto, deu 
força à segunda corrente, já que fala em "licitante não cadastrado". 
 
Se "licitante", é porque já está no procedimento, e, portanto, teremos licitantes 
cadastrados e não cadastrados. Refere-se, também, à "habilitação" compatível, 
não à "cadastramento" compatível - os arts. 27 a 31 falam em "habilitação". 
 
Com isso, entende-se que a tomada de preços, hoje, pode admitir tanto o 
cadastrado como o não cadastrado, sendo que este seria aquele meramente 
habilitado para participar apenas daquela tomada de preços, sem ficar inscrito 
no registro cadastral. É o que a lei diz, mas não é aquilo que seria o melhor, 
pois, se a habilitação é depois do edital, não estamos mais diante de tomada de 
preços. Sunfeld diz, então, que a nova lei de licitações transformou a tomada 
de preços em concorrência de médio porte (a tomada de preços é para 
contratos de médio porte), e ele tem razão. A lei foi infeliz e descaracterizou a 
tomada de preços. 
 
Contagem dos dias nas licitações 
Nas licitações, em regra, os dias são contados de forma corrida e consecutiva. 
Só será contado em dias úteis, quando a lei expressamente assim determinar. 
Ex.: às 16h30 de uma sexta-feira, 25 empresas entregam suas documentações 
para análise. Seria absurdo exigir que na segunda-feira, pela manhã, o 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 27 
funcionário já tenha examinado tudo. Além do que, os documentos de 
habilitação só podem ser analisados em ato público. 
 
Análise formal 
Analisam-se as propostas individualmente, segundo as exigências do edital. 
Caso alguma delas não preencha os requisitos necessários, será imediatamente 
desclassificada (art. 48, I). Atualmente, a fase formal está muito simplificada. 
As propostas nada mais são do que planilhas elaboradas pela própria 
Administração. Basta que se preencham os espaços em branco. 
 
 Análise material 
É o que se considera, na realidade, o julgamento. Comparam-se as propostas, 
a fim de que se chegue a que melhor satisfaça a Administração. 
 
O art. 45 menciona o julgamento objetivo. Para que ele ocorra, o edital 
apresentará critérios, fatores e tipos. Mas a lei só define o que são tipos de 
licitação (art. 45, §1°), não se referindo nem a critérios, nem a fatores. Talvez 
a justificativa para isso seja porque o tipo eleito para licitação é o de menor 
preço, ou seja, será vencedor aquele que apresentar a proposta dentro das 
especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço. Deve-se ressaltar 
que, com essa redação, não se eliminou a qualidade porque o legislador diz 
que deve se descrever o objeto no edital. A proposta deve seguir àquela 
qualidade nele exigida. Depois, no julgamento, será analisado o melhor preço. 
A Administração, dessa forma, adquire um produto com o padrão de qualidade 
necessário, mas pagando o preço mais barato. 
 
Como, através da lei, se chega à conclusão de que a regra é a do menor 
preço? O parágrafo primeiro do art. 45 relaciona os quatro tipos. O inciso IV é 
usado apenas para alienação de bens ou concessão de direito real de uso. 
Restam, portanto, os três primeiros incisos. Mas o caput do art. 46 menciona 
que os tipos "melhor técnica" ou "técnica e preço" são utilizados 
exclusivamente para serviços de natureza prodominantemente intelectual. 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 28 
Deduz-se, por eliminação, que o tipo de eleição em vigor, atualmente, é o de 
menor preço. 
 
Quando o art. 46 diz que os tipos "melhor técnica" ou "técnica e preço" são 
exclusivamente para serviços, pode-se concluir que para obras e compras 
valerá sempre o tipo menor preço? Não, pois também existem obras que 
exigem profissionais altamente especializados, podendo ser incluídos em 
serviços de natureza intelectual. 
 
Outro aspecto a ser analisado é que se, de regra, o tipo é o de menor preço, 
não há porque se estipular fatores e critérios. O que vai definir, realmente, é o 
menor preço. Então, falar em critérios e fatores tornou-se desnecessário. No 
caso do art. 46, sim, critérios e fatores tornam-se importantes, pois a 
qualidade técnica deve ser estabelecida. (Art. 46, §1°, I, parte final: "e que 
considerem a capacitação..."). Serão então definidos os critérios de 
julgamento, como, por exemplo, a qualidade, o rendimento, a metodologia e o 
prazo. À qualidade, serão atribuídos de 20 a 30 pontos. Ao rendimento, de 15 a 
20 pontos. À metodologia, de 10 a 15. E ao prazo, de 5 a 10. As propostas 
serão analisadas atribuindo-se pontos conforme estes critérios. Ao final, 
somam-se os pontos atribuídos a cada um dos fatores, e chega- se ao que diz 
o inciso II do art. 46, §1º. E estabelecido um valor mínimo de pontos. Por 
exemplo, 50. Uma empresa faz 50, outra 54, e uma terceira 57. Numa licitação 
de melhor técnica, podem existir até três envelopes: um da habilitação, outro 
da proposta técnica e, por último, o do preço. A esta altura, o envelope da 
habilitação já foi aberto. O da técnica também. Restará apenas o do preço. 
 
O mesmo inciso, entretanto, diz que "... e a negociação das condições 
propostas, com a proponente... e etc." Ora, se o julgamento é objetivo, não 
há que se falar em negociação, pois esta seria subjetiva. O legislador se 
defende sob o argumento de que se três propostas atingem a pontuação 
mínima exigida, deve-se escolher uma delas, já que todas estão em condições 
de cumprir o que a Administração deseja. O certo seria chamar a empresa com 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOSADMINISTRATIVOS 29 
o maior número de pontos, abrir o envelope de preço apenas dela, e verificar 
se é razoável, se está dentro do preço de mercado, etc. Satisfeito isso, 
contratar com ela. Mas o que se observa com a negociação é que se abrem os 
envelopes de preços dos três licitantes, e, mesmo tendo pontuação técnica 
menor, a empresa poderá ser contratada se oferecer um preço mais barato. Ou 
seja, a licitação foi feita com o intuito de obter qualidade técnica, mas será 
contratada uma proposta que não ofereceu a melhor técnica. O dispositivo, 
portanto, é incoerente. A Administração acaba impondo à empresa que 
ofereceu a melhor técnica, que a execute com o menor preço, que foi dado 
por outra de qualidade inferior. 
 
No caso de todos os preços estarem superfaturados, a Administração concede 
novo prazo de oito dias para apresentação de novas propostas (art. 48, 
parágrafo único). Repetindo-se o superfaturamento, a licitação pode ser 
cancelada, e o procedimento parte novamente do início. Ou dispensa-se a 
licitação e é contratada a primeira empresa que aparecer, pois há situações 
urgentes em que não existe tempo hábil para tanto. 
 
No tipo de licitação técnica e preço, só existem dois envelopes e, portanto, não 
acontece o mesmo problema do tipo melhor técnica. É feita uma média 
ponderada nos termos do art. 46, §2º, II, onde o preço entra como mais um 
fator. 
 
Vimos, então, a diferença entre critérios e fatores, que só existem nesses dois 
tipos de licitação, ou seja, melhor técnica, e técnica e preço. 
 
Importante frisar que não se resolve nada no julgamento, chega-se apenas a 
uma ordem de classificação. Como diz o Prof. Justen Filho, do Paraná, o 
julgamento coloca as propostas em ordem de "vantajosidade". Ninguém é 
desclassificado, apenas há uma comparação de propostas e é estabelecida uma 
ordem de classificação, partindo-se da melhor para a pior. 
 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 30 
Se ocorrer empate no julgamento, deve haver um sorteio. Foi a maneira mais 
fácil do legislador resolver o conflito. É o que estabelece o parágrafo segundo 
do art. 45. 
 
Note-se, entretanto, que este dispositivo primeiro nos remete ao art. 3º, §2º, e 
só depois autoriza o sorteio. 
 
Analisando-se esses dois incisos restantes, muitas vezes não se chegava a uma 
solução, por isso adotou-se a medida do sorteio. Ao sortear, será estabelecida 
uma ordem de "vantajosidade". Não se trata apenas de sortear uma 
empresa dentre, por exemplo, três empatadas. Sorteia-se uma, depois outra, e 
assim por diante, até que se obtenha uma ordenação integral. Essa ordem é 
importante, porque, se a primeira colocada se recusar a assinar o contrato, 
será chamada a que estiver em segundo lugar e, assim, sucessivamente. 
 
O julgamento é o último ato da comissão de licitação, e se encerra da 
mesma forma que a habilitação: decorrido o prazo sem que haja recurso, 
passado o termo da renúncia e todos assinando, ou, havendo recurso, com a 
decisão sobre ele. 
 
Após esses três momentos, a comissão envia o processo licitatório à autoridade 
superior para que seja homologado e adjudicado. Encerra-se, assim, o trabalho 
da comissão de licitação. 
 
Homologação e adjudicação 
Essa sequência de atos do procedimento licitatório é proposta com base no 
inciso VI do art. 43 da Lei 8.666/93. Na antiga legislação, a adjudicação vinha 
antes da homologação, e a comissão realizava a habilitação, o julgamento e 
também a adjudicação. Há controvérsia na doutrina sobre essa inversão de 
atos, já que a nova lei nos dá uma determinada ordem nesse artigo, e 
outra no art. 38, VII. Muitos autores não admitem essa alteração, como os 
professores Gasparini e Carlos Ari Sundfeld (SP). Mas a posição dominante da 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 31 
doutrina é a de que a inversão realmente ocorreu, ou seja, a de que a 
adjudicação é realmente o último ato da licitação e que não é mais da 
competência da comissão. É, em verdade, mais lógico, pois sendo o ato final 
que vincula o órgão público ao vencedor, só pode ser feito pela autoridade 
hierárquica máxima. A adjudicação é o ato mais importante, pois compromete 
este órgão público. 
 
Outro argumento que justifica o fato da adjudicação não ser mais da 
competência da comissão é o caput do art. 51. Nele, está dito o que faz a 
comissão, e a adjudicação não está incluída. 
 
Existem quatro atos que a autoridade superior poderá realizar ao receber os 
autos do processo para julgamento: 
1) Devolver à comissão pedindo diligências; 
2) Revogar a licitação; 
3) Anular a licitação; 
4) Homologar e adjudicar. 
 
A homologação se assemelha muito ao despacho saneador em um processo. A 
autoridade superior analisa todas as propostas e vê tudo o que foi feito para 
trás, a fim de verificar se houve algum problema, alguma irregularidade, algum 
ilícito. Se encontrar um ilícito, anula. Se houve problema, devolve à comissão 
solicitando o cumprimento de diligências. 
 
Todas as propostas são analisadas, porque a autoridade competente deve 
verificar se a vencedora foi realmente a melhor. Então, esse estudo, na 
realidade, vem desde o edital e a habilitação. 
 
Ficando satisfeito com tudo o que foi feito, ocorre a homologação. E parte-se 
para adjudicação, que nada mais é do que a análise se aquela proposta 
vencedora realmente é conveniente e adequada para a Administração. O fato 
de ser a melhor proposta, não significa, necessariamente, que ela é boa para a 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 32 
Administração. Por isso, diz-se que, no julgamento, não se resolve nada. É na 
adjudicação que isso ocorrerá. Na adjudicação, olha-se para frente. 
 
Exemplo: 
A Administração deseja comprar um imóvel para nele instalar uma repartição. 
Há a habilitação, o julgamento, não há superfaturamento e chega-se à melhor 
proposta. A autoridade superior recebe a ordem de classificação e faz a 
homologação. Tudo está correto e pronto para a adjudicação. Na hora de 
assiná-la, chega uma carta informando que a Administração ganhou, através 
de herança jacente, um imóvel que é adequado para a instalação da 
repartição. A licitação, então, será revogada, pois não se justifica mais. Não é 
questão de legalidade, mas, sim, de conveniência. Não se anula se revoga. 
 
Repetindo mais uma vez, o que decide realmente uma licitação é a adjudicação, 
e não o julgamento. Em função disso, o Prof. Hely Lopes Meireles não foi feliz 
ao defender o princípio da adjudicação compulsória, entendendo que o primeiro 
classificado teria direito à adjudicação. Conforme o exemplo acima, não 
havendo mais conveniência, por que adjudicar? Como fica a discricionariedade 
administrativa? 
 
Para Dalmo de Abreu Dallari, a adjudicação tem dois momentos: um 
discricionário e outro vinculado. O momento discricionário seria quanto à 
feitura, porque se pode adjudicar ou não, dependendo da conveniência. É 
permitido haver um juízo de valor para decidir se vale a pena ou não. O 
momento vinculado seria quanto ao conteúdo, ou seja, decidindo-se pela 
adjudicação, esta terá que ocorrer em relação ao primeiro classificado, não 
existe mais o poder de escolha. Deve-se respeitar a ordem estabelecida na 
classificação. 
 
No concurso público, por exemplo, após a habilitação e aprovação dos 
candidatos, a Administração não é obrigada a nomear ninguém. É ato 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 33 
discricionário, só se fará se for conveniente. Mas, se for conveniente, a ordem 
de classificação deverá ser respeitada pelo poder público, é ato vinculado. 
 
Diante disto, observa-se queo princípio da adjudicação compulsória cai por 
terra. Haverá vinculação quanto ao conteúdo, apenas, e isto pode ser 
deduzido pela leitura do art. 50. Mesmo havendo a adjudicação, não há 
obrigatoriedade de contratar. É o caso do exemplo da herança jacente. A 
adjudicação foi assinada, marca-se a data para assinar o contrato. Antes disso, 
vem a notícia da herança jacente. Não haverá mais necessidade de contratar. 
O ato de adjudicar não obriga a contratar. O art. 50 permite, pois diz apenas 
que a ordem de classificação deve ser respeitada. Realizar o contrato é 
também ato discricionário da Administração. Só o fará se for conveniente. 
 
A partir do momento em que é feita a adjudicação, a demais empresas estão 
liberadas, não serão mais obrigadas a contratar com a Administração. Se a 
primeira colocada desistir, o órgão público pode chamar a que ficou em 
segundo lugar. Esta poderá aceitar, ou não, mas se o fizer terá que ser com 
base na proposta da primeira. Se nenhuma das posteriores quiser estas 
condições da vencedora, terá que ser feita uma nova licitação. 
 
O art. 64, §2°, diz que "é facultado...", logo, trata-se de ato 
discricionário. A proposta vencedora não muda, só pode mudar a empresa que 
vai executá-la. 
 
A parte final desse parágrafo tem péssima redação quando fala "ou revogar a 
licitação...". Não se pode revogar o que já acabou. É uma falha técnica 
grosseira, pois, se houve adjudicação, a licitação já se encerrou, portanto, a 
próxima etapa é o contrato. Então seria mais acertado dizer "ou desistir do 
contrato...". 
 
Pode o segundo colocado exigir ser chamado pela Administração, se o primeiro 
desistir? Não, porque se trata de ato discricionário, é uma faculdade. Poderá 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 34 
chamá-lo ou realizar outra licitação. A empresa que ficou em segundo lugar 
não tem direito nenhum de exigir esse chamamento. 
 
A revogação tornou-se um ato vinculado, provavelmente porque no art. 49 
menciona o termo "somente...". Mas nenhum dos requisitos elencados para 
revogação retira dela a discricionariedade. Ora, qualquer ato administrativo tem 
por finalidade atender ao interesse público, quer seja ato ou bens 
constitutivos, que é o caso da revogação. Revogação é ato superveniente, é 
uma situação nova que aparece depois da feitura do ato, senão a licitação 
nem teria sido feita. Na época do ato, ele era conveniente. Como era 
conveniente abrir licitação para a compra do imóvel. A herança jacente foi um 
fato superveniente e, com ele, a compra deixou de ser conveniente. Então, 
revoga-se. É evidente que esse fato superveniente deverá ser "devidamente 
comprovado, pertinente e suficiente para justificar sua conduta...". Revogação 
é ato discricionário, de decisão, e, depois da CF/88, qualquer ato de decisão 
tem motivação obrigatória, com direito a ampla defesa, além de ser 
contraditório. Significa que nenhum desses três requisitos (por razão de 
interesse público, por fato superveniente e por motivação obrigatória) retiram a 
característica da discricionariedade da revogação. 
 
Para finalizar a licitação, deve-se ressaltar que, feita a adjudicação, os demais 
estão liberados, apenas o primeiro colocado fica compromissado. Até quando? 
Da data da entrega da proposta até 60 dias (64, §3º). O início do prazo não é 
contado da data do término da habilitação, mas, sim, da entrega da proposta. 
A promessa do contrato é que tem início com o final da habilitação. Então, 
dentro desse prazo (que os editais costumam reduzir para 30 dias), o 
adjudicado (ou adjudicário) está obrigado a contratar, senão será punido com 
base no art. 81. As penalidades estão no art. 87. Extrapolado esse prazo, ele 
estará liberado. Ao ser chamado, poderá aceitar ou não. 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 35 
Licitação na contratação de obras e serviços de engenharia 
Seguindo as orientações do artigo 23, inciso I, alínea “a”, inciso II e seu §3º, da 
Lei nº 8.666/93, a contratação de obras e serviços de engenharia que não 
ultrapassem o valor de R$ 150.000,00, ou compras e outros serviços que 
atinjam o patamar máximo de 80.000,00, ou ainda diante indisponibilidade de 
fornecedor de bem ou serviço no país, o procedimento de licitação a ser 
manejado deverá ser no formato da modalidade convite. 
 
Em decorrência das características dessa espécie de licitação, a convocação não 
se dá obrigatoriamente por intermédio de edital, mas sim através da carta-
convite, instrumento por escrito, endereçado a pelo menos três potenciais 
interessados em participar do certame, cadastrados ou não, com antecedência 
mínima de cinco dias úteis do recebimento das propostas. 
 
Um dos pressupostos visualizados aqui é a ausência de necessidade de 
especificações detalhadas ou de ˜complexidades no objeto a ser contratado 
(JUSTEN FILHO, 2012, p. 300). Significa dizer que se adequa as hipóteses em 
que a Administração pretende um objeto contratual de característica simples, 
capaz de ser executado por pessoas capacitadas em torno do objeto, sem que 
se tenha requisito peculiar. 
 
As pessoas cadastradas que quiserem participar do certame, devem manifestar 
interesse ao menos 24 horas antes da apresentação das propostas. Apesar de 
aparente contrariedade com o texto constitucional, a norma é aplicada as 
licitações que seguem a modalidade convite. 
 
Com o objetivo de evitar o favorecimento de pessoas específicas, o legislador 
instituiu a exigência de convidar mais um potencial interessado, enquanto 
existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações, nas praças em que 
houver mais de três prestadores, conforme disposição do artigo 22, §6º, da Lei 
nº 8.666/93. 
 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 36 
Art. 22. São modalidades de licitação: 
I - concorrência; 
II - tomada de preços; 
III - convite; 
IV - concurso; 
V - leilão. 
§ 1o Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados 
que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos 
mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto. 
§ 2o Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados 
devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para 
cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, 
observada a necessária qualificação. 
§ 3o Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente 
ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo 
de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, 
cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na 
correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com 
antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas. 
§ 4o Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para 
escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de 
prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de 
edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta 
e cinco) dias. 
§ 5o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a 
venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos 
legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 37 
prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor 
da avaliação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994). 
§ 6o Na hipótese do § 3o deste artigo, existindo na praça mais de 3 
(três) possíveisinteressados, a cada novo convite, realizado para 
objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no mínimo, 
mais um interessado, enquanto existirem cadastrados não convidados 
nas últimas licitações. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994). 
§ 7o Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos 
convidados, for impossível a obtenção do número mínimo de licitantes exigidos 
no § 3o deste artigo, essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas 
no processo, sob pena de repetição do convite. 
§ 8o É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou a combinação 
das referidas neste artigo. 
 
Convite 
O convite, apesar de ser modalidade de licitação de pequeno porte 
aparentemente mais simples, é, na verdade, a mais complicada. Seria, 
teoricamente, para convidados. 
 
 Instrumento convocatório 
Conceito de investimento social 
É a única em que o instrumento convocatório não é edital, e, sim, carta-convite. 
São enviadas cartas às empresas convidando-as a participar, mas, note-se que, 
também as não convidadas poderão fazê-lo, desde que manifestem seu 
interesse até 24 horas antes da apresentação das propostas. 
 
Registro cadastral 
Isso, por si só, fomenta a manutenção do registro cadastral, enfraquecido na 
tomada de preços. O convidado, por sua vez, pode ser cadastrado ou não. O 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 38 
mais comum é chamar o cadastrado, já que este tem sua documentação em 
dia. 
 
 Habilitação presumida 
Habilitação para o convite 
Havia um entendimento de que a habilitação para o convite era presumida, 
haja vista que, se a empresa era convidada, era porque havia sido escolhida e, 
como tal, teria condições de realizar o objeto do contrato. 
 
Inconstitucional 
A habilitação só aconteceria depois do julga-mento apenas para o vencedor. 
Mas isto é ilegal e inconstitucional. 
 
 CND é obrigatório 
Habilitação presumida para o convite 
De acordo com o Artigo 29, IV, da Lei nº 8.666/93 e Artigo 195, §3º/CF, o CND 
é obrigatório, bem como o CRS (Lei nº 9.021/95, Artigo 2º). Com fulcro nestes 
dispositivos, não existe a habilitação presumida para o convite. 
 
Inconstitucional 
Por conseguinte, o parágrafo primeiro do Artigo 32 da Lei de Licitações é 
inconstitucional (fazer remissão ao Artigo 195, §38/CF). 
 Convidados para o convite 
Convidados para o convite 
A lei exige, pelo Artigo 22, §3º, no mínimo três escolhidos ou convidados para o 
convite. Mas prevê que, desde que seja justificada a ocorrência, seja admitida a 
hipótese de participarem menos do que este número (Artigo 22, §7°). 
 
Reflita 
Existe possibilidade de criação de outras modalidades de licitação além das 
contidas no Artigo 22 da Lei nº 8.666/93? Ou seja, o Artigo 22 é norma geral 
ou específica? 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 39 
Concurso e leilão – Conceitos e características 
De acordo com o artigo 22, §4º, concurso “é a modalidade de licitação entre 
quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, 
mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme 
critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência 
mínima de 45 (quarenta e cinco) dias”. 
 
A natureza do objeto do certame requer o emprego do critério melhor técnica 
para que se possa chegar a escolha condizente com os propósitos da 
Administração. Assim sendo, é fundamental que seja antecipadamente 
estipulado e divulgada a premiação ou remuneração do vencedor, que, em 
contrapartida, uma vez firmado o pacto administrativo, autorizará a utilização 
do trabalho pela instituição contratante e, em casos de conveniência e 
oportunidade, cederá seus direitos autorais. 
 
Cabe a Administração apurar a condições pessoais e as qualidades técnicas dos 
candidatos, decidindo pela proposta mais idônea dentro das expectativas da 
gestão pública, tomando como exemplo projetos arquitetônicos, trabalhos 
artísticos ou científicos (ARAÚJO, 2015, p. 630). Necessário se faz que o 
julgamento seja realizado por Comissão Especial, composta por pessoas de 
reputação ilibada e notório conhecimento em torno da matéria. 
 
Essa modalidade não pode ser confundida com concurso público que consiste 
na espécie procedimental seletiva para provimento de cargos e empregos 
públicos (GARCIA, 2010, p. 21). 
 
O leilão será a modalidade aplicada para: 
• Venda de bens móveis inservíveis; 
• Venda de produtos legalmente apreendidos ou penhorados; 
• Alienação de bens imóveis adquiridos em procedimento judicial ou através de 
dação em pagamento, como permite o Art. 19 do Estatuto. 
 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 40 
O critério para definição do contratante vencedor consiste na identificação do 
maior lance, tendo como parâmetro o valor da avaliação. Dessa forma, o lance 
deverá ser igual ou superior à avaliação. 
 
Diante do interesse geral, é indispensável que a Administração dê ampla 
divulgação ao certame para todos tenham conhecimento da intenção 
administrativa do Estado, em observância ao princípio da publicidade. Vale 
destacar que, paralelamente, a prévia avaliação enquadra-se como pressuposto 
da licitação na modalidade leilão, já que, uma vez não realizado, será nulo todo 
o procedimento. 
 
Na prática, essa modalidade pode ser conduzida por leiloeiro oficial ou servidor 
designado pela Administração. Ao final, o arrematante, em regra, pagará o 
valor correspondente ao lance declarado, à vista. Entretanto, é admissível a 
entrega de certo percentual, desde que, não inferior à 5% do valor da 
avaliação, e, somente se autorizado no edital. Com a realização do pagamento, 
"os bens são entregues imediatamente ao arrematante". Havendo saldo 
remanescente, caberá ao devedor sanar a dívida no prazo previsto no edital 
(CARVALHO FILHO, 2016, P. 292). 
 
 
Atenção 
 Um ponto que merece destaque é o fato da Administração não ter 
competência alienar bens penhorados, circunstância que 
demanda atuação do Poder Judiciário no processo de execução, 
conforme disposição do artigo 879, inciso II, e 881 a 903 do 
Código de Processo Civil. Portanto, afirma Justen Filho (2012, p. 
302) que houve um equívoco do legislador no que tange à 
matéria, onde possivelmente a mens legistoris seria referir-se a 
bens empenhados (objeto do contrato de penhor), diante da 
admissibilidade da alienação dos objetos dados em garantia junto 
às instituições financeiras vinculadas à Administração Indireta. Por 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 41 
outro lado, na execução fiscal, em face ao princípio da 
especialidade, o rito para o leilão encontra assento nos artigos 22, 
23 e 24 da Lei nº 6.830, de 22 de setembro de 1980. 
 
Demais aspectos do concurso e do leilão 
São modalidades pouco utilizadas pelo poder público, porque não têm por 
objeto compras, obras ou serviços (trilogia básica). O próprio legislador as 
colocou de lado, pois, no Artigo 23, refere-se, apenas, à concorrência, tomada 
de preços e convite. 
 
Modalidades: 
 
 Concurso - Artigo 22, §4º c/c 52 
Tem por objeto a escolha de trabalho técnico, científico e artístico. 
 
Exemplo 
Como exemplo, podemos citar o projeto de reformulação da orla marítima, 
realizado por ocasião da Rio/92. O prefeito Marcelo Alencar poderia contratar 
Oscar Niemeyer, arquiteto renomado, para fazê-lo. Mas não. Preferiu abrir a 
modalidade de licitação por concurso, onde qualquer arquiteto pode apresentar 
seu trabalho arquitetônico livremente, submetido à uma comissão para analisar 
o melhor deles. Ao escolher o melhorprojeto, acaba o concurso. A realização 
desse projeto fará parte de outra licitação, pois aí já será obra. O logotipo da 
Rio/92 também foi escolhido através da modali-dade de concurso. A execução 
de camisetas, papel timbrado, pastas, etc., fica a cargo de outra licitação. O 
concurso serviu apenas para a escolha do melhor trabalho artístico. Possui 
regulamento próprio, que acompanhará o edital de licitação. Não é muito 
utilizado. 
 
Comissão 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 42 
A comissão que realiza a modalidade de concurso é a única que pode ser 
formada sem a presença de servidores públicos. É uma exceção. A regra é que 
a comissão tenha, no mínimo, três membros, sendo dois deles servidores 
(Artigo 51). Mas, para o concurso, poderão ser os três de área estranha à 
Administração (Artigo 51, §5º). 
 
Concurso público 
Importante não confundir concurso como modalidade de licita-ção, com 
concurso público. O primeiro diz respeito ao trabalho técnico, científico ou 
artístico, não à pessoa que o realiza (o artista). Já o concurso público visa à 
admissão de pessoas para preencher os quadros da Administração. 
 
 Leilão - Artigo 22, §5º c/c 53 da Lei nº 8.666/93 
Apesar de ser mais utilizado do que o concurso, a lei também não lhe deu 
grande atenção. Tem por objeto a venda de bens móveis inservíveis e/ou 
produtos legalmente apreendidos ou penhorados. Utilizado também para 
alienação de bens imóveis. 
 
Termo penhorado 
Na verdade, o termo "penhorado" foi indevidamente utilizado. O certo é 
"empenhado“, pois bens penhorados são aqueles leiloados pelo Poder 
Judiciário. A Administração Pública é Poder Executivo, e os bens empenhados 
são aqueles dados em garantia em contratos com ela celebrados. 
 
Termo desestatização 
O leilão aqui referido não se confunde com o da desestatização (as ações da 
Vale do Rio Doce não são bens inservíveis), o qual está situado no Artigo 17, II, 
c, da Lei nº 8.666/93, regulado com base em lei específica — Lei nº 8.031/90 - 
que criou o Programa Nacional de Desestatização. 
 
Leiloeiro oficial 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 43 
É uma das raras modalidades de licitação que não tem comissão, podendo ser 
conduzida por um único servidor ou, até mesmo, por um leiloeiro oficial - a 
modalidade convite também pode ser conduzida por um único servidor. Além 
dessa, tem outra peculiaridade: é a única modalidade que aceita a substituição 
de uma proposta por outra. De regra, a proposta é colocada em um envelope e 
lacrada, não podendo ser alterada. Mas, no leilão, se um concorrente oferece 
determinado preço, que vem a ser posteriormente elevado por outro 
participante, o primeiro pode modificar e melhorar o preço ofertado, quantas 
vezes lhe for conveniente. 
 
Pregão 
Com propósito de tornar o procedimento de contratação mais eficiente e menos 
burocrático, o legislador instituiu, através da Lei nº 10.520, de 17 de julho de 
2002, a licitação na modalidade pregão, tornando mais célere a escolha dos 
potenciais contratantes nos negócios jurídicos de pequeno vulto e menor 
complexidade. 
 
A nova modalidade tem aplicabilidade em âmbito nacional, não ficando restrita 
à Administração federal, razão pela qual a Lei nº 8.666/93 assume papel de 
norma subsidiária. Assim sendo, afirma Carvalho Filho (2016, p. 320) que o 
pregão não tem caráter compulsório, pois, de acordo com o objeto do contrato, 
poderá o gestor público optar por outra modalidade licitatória que se adeque à 
regra geral. Contudo, a decisão por outra espécie de procedimento deve ser 
justificada quanto o intuito da Administração for apenas voltado para aquisição 
de bens e a contratação de serviços comuns, isso porque é preciso 
fundamentar a eleição da medida adotada pela autoridade administrativa, 
dotada de poder discricionário, nos limites da razoabilidade e proporcionalidade. 
 
Especificamente, na esfera dos órgãos e entidades vinculados à União, a 
modalidade pregão passou a ser obrigatória para aquisição de bens e serviços 
comuns, de preferência, na forma eletrônica, segundo disposição da Lei nº 
5.450/2005, artigo 6º. 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 44 
Diferentemente das formas ordinárias, na licitação modalidade pregão os 
proponentes realizam suas ofertas de modo informal, não sendo indispensável 
descrevê-las por extenso (documento escrito). Assim, a mera declaração verbal, 
em sessão especial destinada à escolha da melhor proposta, já preenche os 
requisitos de validade e eficácia tocante a vinculação dos potenciais 
contratantes, uma vez regulamentado no edital. 
 
Diante dessa possibilidade, o legislador previu o manejo da oferta através de 
lances, nos quais os interessados exprimem o preço do bem ou serviço, em tom 
de competitividade, de maneira sucessiva e progressiva para que se possa 
chegar ao menor custo possível à Administração. 
 
Com o avanço da tecnologia e redução das distâncias entre cidades longínquas 
por intermédio das conexões via internet, o pregão eletrônico ganhou espaço 
na rotina licitatória da Administração Pública, diminuindo o caráter burocrático, 
a utilização de documentos físicos (papel) e a sobrecarga de tarefas do 
pregoeiro. 
 
Acompanhe a seguir as etapas do pregão: 
 
 
 
Vejamos agora as fases do processo licitatório do pregão: 
 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 45 
 
 
Demais características do pregão 
O pregão poderá ser utilizado nas hipóteses em que seria cabível concorrência, 
tomada de preços ou convite. A opção pelo pregão é facultativa, o que 
evidencia que não há um campo específico, próprio e inconfundível para ele. 
Não se trata de uma modalidade cuja existência exclua a possibilidade de 
adotar-se convite, tomada ou concorrência, mas se destina a substituir a 
escolha de tais modalidades, nos casos em que assim seja reputado, adequado 
e conveniente pela Administração. 
 
Em primeiro lugar, a estrutura procedimental do pregão é absolutamente 
peculiar, com duas características fundamentais. Uma consiste na inversão das 
fases de habilitação e julgamento. Outra é a possibilidade de renovação de 
lances por todos ou alguns dos licitantes até alcançar a proposta mais 
vantajosa. 
 
Em segundo lugar, o pregão comporta propostas por escrito, mas o 
desenvolvimento do certame envolve a formulação de novas proposições 
("lances"), sob forma verbal (ou, mesmo, por via eletrônica). 
 
Em terceiro lugar, podem participar quaisquer pessoas, inclusive aqueles não 
inscritos em cadastro. Sob um certo ângulo, o pregão é uma modalidade muito 
similar ao leilão, apenas que não se destina à alienação de bens públicos e à 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 46 
obtenção da maior oferta possível. O pregão visa à aquisição de bens ou 
contratação de serviços pelo menor preço. 
 
Procedimento licitatório - instrumento convocatório 
Toda licitação tem início através de um instrumento convocatório: edital ou 
carta-convite. O edital é para concorrência, tomada de preços, concurso e 
leilão. A carta-convite é somente para a modalidade convite, ou seja, das cinco 
modalidades, quatro começam com edital. Há que se observar, entretanto, que, 
em determinados casos, o primeiro ato do procedimento licitatório pode não ser 
o edital, nem a carta-convite. Trata-se da situação em que os contratos 
envolvem valores extremamente elevados. Nesses casos, a legislação exige, no 
seu artigo 39, que, antes da licitação, seja feita uma audiência pública. 
 
Artigo 51 da Lei nº 8.666/93 
 Edital carta-convite 
 Habilitação julgamento 
 Homologação

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