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ÉTICA CIDADANIA NA ESCOLA (ARTIGO)

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RESUMO
Neste artigo iremos conversar sobre ética e cidadania na escola. Primeiro iremos conceituar e saber o que é ética e cidadania, para depois vermos como isso é trabalhado no âmbito escolar.
Palavras chaves: 
INTRODUÇÃO
Há muito que a educação formal vem sendo praticada com uma única preocupação: o conhecimento. Na escola ensina-se tudo o que está relacionado ao conhecimento, à instrução. É lá que os alunos vão aprender as regras gramaticais, as operações matemáticas, os acontecimentos históricos, os elementos químicos, as leis físicas, etc. A educação escolar efetivamente é formal. Dela o aluno pode sair como uma verdadeira enciclopédia, com informações sobre quase tudo. Quase tudo, pois a questão central do processo educativo do ponto de vista pedagógico, a formação do ser humano, termina por ficar esquecida num canto qualquer da sala de aula.
A dicotomia existente entre conhecimento e vida salta aos olhos. O que se aprende na escola parece não relacionar-se com o vivido: o que é pior, o aluno, que tem na escola um dos seus primeiros passos de socialização, passa por esta instituição parte de sua vida e com raras exceções recebe uma formação que vise o seu desenvolvimento enquanto pessoa e cidadão. Não é que a escola deva descuidar-se da transmissão do conhecimento. É que o conhecimento é apenas uma parte e não o todo da formação humana.
Enquanto humanos, somos seres sociais e políticos. Convivemos com outros indivíduos, temos uma vida pública. E não é simplesmente, a formação intelectual, o conhecimento, que nos ajuda na construção de novas relações sociais e de um convívio que aponte para uma sociedade mais humana, mais justa e solidária. Disto decorre a necessidade de repensarmos as práticas educacionais em termos de ética e cidadania.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais é um instrumento, uma, espécie de manual, que pode auxiliar aos técnicos educacionais e professores nas suas atividades. Mas não é uma receita de bolo que dispense os profissionais da reflexão e da criação. Nesse caminho somos todos aprendizes onde o caminho vai sendo feito pelo próprio caminhar.
O que é ética?
A origem da palavra ética vem do grego Ethikós, que significa “modo de ser” “costume”. Trata o comportamento humano pelo seu valor moral. Costume tem um sentido bastante amplo, por tratar temas de natureza do bem e do justo. É também chamada de filosofia moral, por tratar dos valores em sociedade, isto é, do comportamento humano pelo seu valor moral.
Moral vem do latim Mores. Ética e Moral tem seus conceitos igualitários, levando em conta a etimologia da palavra Ethos e Mores, grego e latim respectivamente, significam a mesma coisa costumes ou o conjunto de costumes.
Segundo Ouaknin (1996, p. 115), “Ainda que os dicionários nos ofereçam a precisão de uma etimologia grega para a ética e latina para moral, eles são incapazes, porém, de precisar a sua diferença”. O termo Moral é mais amplo que o primeiro, pois compreende “o conjunto de prescrições vigentes numa determinada sociedade e consideradas como critérios válidos para a orientação do agir de todos os membros dessa sociedade” (SEVERINO, 1994, p. 195), enquanto a ética busca discutir e explicar valores referentes à ação do homem, seus objetivos, critérios e fins.
Na visão de Savater (2002, p. 47), a moral “é um conjunto de comportamentos e normas que você, eu e outras pessoas costumamos aceitar como válidos” e a ética, tem significado contrário, pois trata da “reflexão sobre por que consideramos válidos alguns comportamentos”, comparando outras morais de outros em aspectos pessoal e cultural. Compete, no entanto, à moral dizer o que deve ser feito, e a ética tira conclusões sobre o comportamento moral de cada um. A ética se constitui de um sujeito (agente moral) e de valores (virtudes éticas), e estão intrinsecamente ligados.
Tugendhat (2000, p. 34) discorre em relação às nuances dos termos ética e moral: “Na filosofia devemos sempre ter como ponto de partida que não faz sentido discutir sobre o verdadeiro significado das palavras.” As origens dos termos não são apropriadas para orientação.
O objeto da ética é normativo, seus valores estão atrelados aos padrões de conduta, onde visam à conservação e a garantia do todo na convivência social, primando pelo bem estar físico, social e mental, portanto a ética é normativa, porque visa impor limites para manter uma ordem, criando barreiras éticas contra males.
A ética é a parte da filosofia que estuda a moral, (filosofia moral ou de costumes), reflete sobre os valores em sociedade na busca da moralidade e consciência para alcançar esses valores morais, porém  a ética inicialmente não estabelece regras.
A ética, portanto, é um termo grego “ETHIKÓS” que significa “modo de ser”, que em aspectos filosóficos traduz-se o estudo dos juízos na conduta do ser, que é passível do bem e o mal, presente neste único ser ou em grupo e/ou sociedade. Está presente em todas as ordens vigentes no mundo, na escola, na política, no esporte, nas empresas e é de vital importância nas profissões, principalmente nos dias atuais.
A QUESTÃO DA ÉTICA COMO PROCESSO EDUCATIVO
Hoje, assuntos como ecologia, fome, racismo, direitos da mulher, direitos da criança e do adolescente, direitos do consumidor, entre outros, são todos de cunho ético.
A ética hoje é palavra obrigatória nos meios formais e informais em todas as ordens. Na política, na religião, na Internet, na medicina, na biologia, entre outros, e não diferente, a ética também está na educação. A ética foi sempre vista como meio de educar indivíduos, pois a principal tarefa da ética é a educação do caráter e da natureza humana, sem perder o domínio das paixões pela razão. No entanto a discussão ética nos meios pedagógicos é algo polêmico, como a ética em si gera essa tendência de polemizar, por estar ligada a costumes e valores da sociedade que são discutidos e vistos frequentemente nos meios de comunicação. Porém, na educação, a ética toma espaço decisório por ter em seu meio, ações geradoras de conhecimento que norteiam inúmeras questões e por ter papel de formar, ao lado da família e da sociedade, cidadãos éticos. E a família é o espírito ético imediato, pois “a família tem como característica a éticidade natural (imediata), a sociedade civil baseia-se na superação dessa éticidade [...]” (WEBER, 1996, p. 17). Hoje é impossível falar em educação sem falar em ética, porque nessa prerrogativa está atrelada ao senso de cidadania, já que, a educação está associada à formação ética da cidadania. Assim como afirma Maciel (1989, p. 6), “A educação é o mais eficaz instrumento para o resgate da cidadania. É o caminho por onde chega a consciência dos direitos e deveres das pessoas.”
A palmatória como forma de castigo físico, foi concebida pela educação formal como correção ética, hoje não mais admitida. A questão é demasiadamente polemizada, por ter relação com valores diferenciados nas sociedades. Um exemplo é a questão da pena de morte e da eutanásia (como forma de ética estabelecidas), podem tornar-se ações de cunho ético aprovados numa sociedade utilitarista, contanto que estas ações comprovem a validade da adoção desta prática. Existe além desta, a polêmica da educação ética por tendências religiosas, como afirmavam certos filósofos na antiguidade, e negada por outros também (apesar do primeiro código de ética advir das escrituras sagradas _ Os 10 Mandamentos), como por exemplo em Bayle (Séc XVII), filosofo francês que repugnava a fé como forma de construir sociedades éticas e justas. Para ele, uma sociedade de ateus poderia ser bem mais ética que uma sociedade baseada na religião. E muitos filósofos da época aderiram ao paradoxo de Bayle, a exemplo de Voltaire.
Quanto a uma teoria de natureza religiosa, Russell (1977, p. 114), também, faz uma ressalva critica:
Os protestantes nos dizem, ou costumam dizer, que é contrário à vontade de Deus trabalhar aos domingos. Mas os judeus dizem que é nos sábados que a vontade de Deus proíbe trabalhar. O desacordo quanto a essa questãotem persistido por dezenove séculos, e não conheço método algum de terminar esse desacordo, exceto as câmaras de gás de Hitler, o que não seria em geral reconhecido como método legitimo na controvérsia científica. Judeus e maometanos garante-nos que Deus proíbe carne de porco, mas os hindus dizem que é a carne de vaca que ele proíbe. O desacordo quanto a essa questão fez com que dezenas de milhares de pessoas fossem massacradas nos últimos tempos. Dificilmente se poderia afirmar, portanto, que a vontade de Deus dá base para uma ética objetiva.
Está comprovado que vários universos éticos se cruzam em discursos que necessariamente não falam o mesmo idioma. Mas, como indagou Protágoras apud Valle (2001) que tipo de ética leva à educação? Que ética precisamos nos currículos educacionais? É necessária uma ética para a educação? São perguntas polêmicas que geram discussões, óbvias e necessárias para chegarmos a um ponto de partida.
 O primeiro ensinamento dado pelo professor consiste em mostrar, por seu comportamento em classe, que é possível exercer uma profissão respeitando os códigos de ética, a moralidade vigente, a alteridade do outro, sempre sabendo o momento certo de ouvir, isentando seus juízos dos preceitos e fazendo o esforço de compreender a lógica que reside em cada um como agente moral. (FERREIRA, 2001, p. 78).
A ética é então uma preocupação predominante dos primeiros profissionais da educação, como Protágoras, e outros sofistas que são vistos como os primeiros pedagogos. O termo escola se deve a eles.
Para levar a ética para as Universidades é necessário um processo mais longo, e não retroativo, como creditar esses valores de forma transversal em toda educação, no ensino médio e fundamental, especificamente nos cursos de filosofia. Segundo Savater (2002, p. 47). “Eu creio que a filosofia como um todo deva ter um lugar específico no currículo para crianças a partir de 12 anos. Mas não começando por Aristóteles, Platão e suas obras”, é necessário falar em questões do cotidiano, para despertar a curiosidade, e então pode - se falar dos filósofos e suas linhas.
É possível tratar a ética na educação levando a domínio questões que assimilam a realidade, a maneira atual de se ver o mundo, buscando as causas naturais expressas pelos acontecimentos, ou seja, as inúmeras transformações sociais de configuração na vida humana, como as mudanças culturais que fizeram brotar novos problemas éticos, além, é claro, daquelas causadas pela fragmentação cientifica, que cresce na sociedade, como as questões da clonagem humana, a eutanásia, a ecologia, a comunicação de massa, a legalização do uso da maconha, a manipulação genética, entre tantas outras questões que trazem a evidencia da razão como mudanças de paradigmas, onde esta deixa de estabelecer criticamente nas questões globais que atingem as relações ético-sociais, isto é, nas configurações humanas. Estas questões, atuais, podem servir de temas para tratar as virtudes éticas, podem imputar aos alunos, uma genealogia crítica da realidade para que possam adquirir opiniões que facilitem sua formação cívica e sua formação humana, como apresentada por Edgar Morin, “A educação do futuro deverá ser universal e voltada para a condição humana” (MORIN, 2001, p. 47). Morin atribui a ética a um dos 7 saberes necessários à educação do futuro: O conhecimento, O conhecimento pertinente, A identidade humana, A compreensão humana, A incerteza, A condução planetária, e A antropo-ética, onde, o autor atribui a existência de um aspecto individual, outro social e um outro genético, todos interligados. Nela o homem deve desenvolver a ética e a própria responsabilidade pessoal desenvolvendo a participação social. O homem precisa estar convicto de suas ações não só na tendência pessoal individualista, mas na social e civil que está ligada à democracia, que Morin julga “um exercício de controle” por permitir aos cidadãos exercerem suas responsabilidades nomeando através de voto seus representantes.
Já Touraine (1997, p. 115) tecendo criticas as revelações e relações sociais do mundo moderno revela:
A sociedade industrial que se forma na Europa, depois na América do Norte, surge cortada por um capitalismo brutal: de um lado o mundo do interesse e da individualidade, sobre o qual Schopenhauer diz que é esteticamente uma taberna cheia de bêbados, intelectualmente um asilo de alienados e moralmente um covil de bandidos; do outro, o mundo impessoal do desejo que não se comunica com o do cálculo.
Daí entende-se que, precisam ser divididos as responsabilidades em classes profissionais, e dar às profissões éticas definidas. Uma ética (regra) capaz de administrar uma classe ou uma classe capaz de identificar moralmente uma ética.
O que é cidadania?
A origem da palavra cidadania vem do latim "civitas", que quer dizer cidade. A palavra cidadania foi usada na Roma antiga para' indicar a situação política de uma pessoa e os direitos que essa pessoa tinha ou podia exercer. Segundo Dalmo Dallari: 
“A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social". 
 (DALLARI, Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, 1998. p.14)
No Brasil, estamos gestando a nossa cidadania. Damos passos importantes com o processo de redemocratização e a Constituição de 1988. Mas muito temos que andar. Ainda predomina uma versão reducionista da cidadania (votar, de forma obrigatória, pagar os impostos... ou seja, fazer coisas que nos são impostas) e encontramos muitas barreiras culturais e históricas para a vivência redemocratização cidadania. Somos filhos e filhas de uma nação nascida sob o signo da cruz e da espada, acostumados a apanhar calados, a dizer sempre "sim senhor", a "engolir sapos”, a achar "normal" as injustiças, a termos um "jeitinho" para tudo, a não levar a sério a coisa pública, a pensar que direitos são privilégios e exigi-los é ser boçal e metido, a pensar que Deus é brasileiro e se as coisas estão como estão é por vontade Dele.
Os direitos que temos não nos foram conferidos, mas conquistados. Muitas vezes
compreendemos os direitos como uma concessão, um favor de quem está em cima para os que estão em baixo. Contudo, a cidadania não nos é dada, ela é construída e conquistada a partir da nossa capacidade de organização, participação e intervenção social.
A cidadania não surge do nada como um toque de mágica, nem tão pouco a simples conquista legal de alguns direitos significa a realização destes direitos. É necessário que o cidadão participe, seja ativo, faça valer os seus direitos. Simplesmente porque existe o Código do Consumidor, automaticamente deixarão de existir os desrespeitos aos direitos do consumidor ou então estes direitos sê tornarão efetivos? Não! Se o cidadão não se apropriar desses direitos fazendo-os valer, esses serão letra morta, ficarão só no papel.
Construir cidadania é também construir novas relações e consciências. A cidadania é algo que não se aprende com os livros, mas com a convivência, na vida social e publica. É no convívio do dia-a-dia que exercitamos a nossa cidadania, através das relações que estabelecemos com os outros, com a coisa publica e o próprio meio ambiente. A cidadania deve ser perpassada por temáticas como a solidariedade, a democracia, os direitos humanos, a ecologia, a ética.
A cidadania é tarefa que não termina. A cidadania não é como um dever de casa, onde faço a minha parte, apresento e pronto, acabou. Enquanto seres inacabados que somos, sempre estaremos buscando, descobrindo, criando e tomando consciência mais amplas dos direitos. Nunca poderemos chegar a entregar a tarefa pronta pois novos desafios na vida social surgirão, demandando novas conquistas e portanto mais cidadania.
CIDADANIA COMPROMISSO SOCIAL E EDUCACIONAL
Viemos de um regime de exclusão de direitos e deverese muitos lutaram, dando até a vida, para o retorno do exercício da democracia. Observamos, porém, que na atualidade alguns desses princípios de igualdade e liberdade extrapolaram. Hoje, a condição de igualdade, sem respeitar parâmetros, principalmente pela complexidade das Leis e atuação dos Poderes constituídos, leva até alguns a fazerem justiça com as próprias mãos, chegando a exageros. Gritamos tanto pelos nossos direitos que esquecemos nossos deveres.
Hoje, principalmente os mais jovens e, particularmente, os acadêmicos, não tiveram a oportunidade de receber uma formação para o exercício da cidadania. Nos anos 70 e 80, houve o processo de abertura democrática, mas muitos deles não participaram. Muitas portas da liberdade foram escancaradas, confundindo liberdade com libertinagem. Outras vezes a palavra Cidadania ficou restrita somente aos direitos e deveres da pessoa, diminuindo a sua amplitude. Talvez essa prática também esteja intimamente ligada à falta de fomento dos meios de comunicação para suscitar a cidadania.
A instituição educacional não deve ser apenas o local onde se faz debates, leituras e complementações. Ela tem a responsabilidade de tornar as pessoas mais humanas, sociais e altruístas; por isso, seja ela em qualquer nível, deve estimular ações concretas de cidadania. É oportunizar ao aluno descobrir seu potencial e estimulá-lo a colocar-se em benefício do outro. Não é só transformá-lo num profissional ávido de ascensão social e financeira, mas formá-lo como um homem todo, com toda dimensão social, intelectual e espiritual, o líder que use, além das suas competências científicas, também a razão com o coração.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Formar cidadãos prontos a participar da vida política e social do país tem sido proposto à educação. Ferreira (1993) nos mostra que não existe cidadania, sem o cidadão que lhe atribuirá forma própria. Talvez essa seja a questão principal que pouco tem sido considerada.
Percebe-se que a escola, instrumento eleito para essa formação, não consegue alcançar esse objetivo. As crianças e adolescentes não têm aprendido a importância de tal participação e nem mesmo a equipe escolar parece estar totalmente consciente de sua necessidade. Educar para a cidadania conforme exposto implica em incentivar o indivíduo a participar efetivamente da sociedade.
Muito se fala sobre “cidadania”, porém deixa-se de lado o sujeito que lhe atribuirá consistência, o próprio cidadão, que precisa receber atenção, preparo, capacitação para o seu exercício. É necessário que se vislumbre, mesmo em meio às dificuldades enfrentadas, um futuro cidadão, consciente de seus direitos e deveres, que surge como resultado da disposição e persistência de alguns poucos em valorizar aquele que é razão da luta pela cidadania, que é a pessoa, o ser humano, no nosso caso específico, o aluno. 
Entende-se que num  mundo moderno onde o homem exerce suas profissões editadas pela competição, faz com que a razão, em certo ponto, não venha estabelecer critérios para situar-se criticamente nas atuações de vida. Via de regra, tem-se a competição, que  estimula a violência (maior problema social) por que o que vigora são resultados, fator que afasta a ética. É uma sociedade formada pela competição capitalista, que reflete num déficit ético, e que não está mais situada apenas na produção, mas no crescimento pessoal. O problema do trabalho não mais se restringe a essas questões de caráter profissional, alargando diferenças sociais. “A sociedade nada mais é que o conjunto dos efeitos produzidos pelo progresso de conhecimento” (TOURAINE, 1997, p. 38), e isso reflete no âmbito educacional com tamanha intensidade.
Com as mudanças no âmbito profissional do mundo moderno, as profissões tomaram o rumo da competitividade, e consequentemente acontecimentos éticos e antiéticos são moldados dia-a-dia nos campos profissionais alinhadas a pressões. Segundo Touraine (1997, p. 26), “O ser humano não é mais uma criatura feita por Deus à sua imagem, mas um ator social definido por papéis, isto é, pelas condutas ligadas a status e que devem contribuir para o bom funcionamento de sistema social”.
Touraine (1997, p. 115) tecendo críticas as revelações e relações sociais do mundo moderno, comenta:
A sociedade industrial que se forma na Europa, depois na América do Norte, surge cortada por um capitalismo brutal: de um lado o mundo do interesse e da individualidade, sobre o qual Schopenhauer diz que é esteticamente uma taberna cheia de bêbados, intelectualmente um asilo de alienados e moralmente um covil de bandidos; do outro, o mundo impessoal do desejo que não se comunica com o do cálculo.
Portanto, precisam ser divididos as responsabilidades em classes profissionais, e dar às profissões éticas definidas. Uma ética (regra) capaz de administrar uma classe ou uma classe capaz de identificar moralmente uma ética.
REFERÊNCIAS
ARRUDA, Maria Cecília Coutinho de; WHITAKER, Maria do Carmo; RAMOS, José Maria Rodriguez. Fundamentos da ética empresarial e econômica. São Paulo; Atlas, 2001. 210 p. ISBN; 85-224-2831-x.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 6. ed. São Paulo: Ática, 1997. 440 p.
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia: história e grandes temas. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 36 p.
FERREIRA, Ana Alice. A tarefa do professor. Ensino e sociedade: revista da associação nacional das Universidades particulares. Brasília, DF: ANUP, v. 1, n. 2, Jul.2001. p. 73-78. ISSN 1518-8223X
FISCHIMANN, Roseli. Do terror à paz: ética e educação, Revista Ensino Superior, [s.l], v. 4, n. 37, p. 40, Out. 2001. Ensaio.
GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia: romance da historia da filosofia. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. 555p. ISBN: 85-7164-475-6.
GALVÃO, Júlio. A ética socrática. O Estado do Maranhão, São Luís, 27 ago. 2002. p. 4.
MACIEL, Marco. Educação e liberalismo. Rio de Janeiro: José Olympio, 1987. 250 p.
MARTINS, Maria Helena Pires. A ética em questão. Palavra-chave, São Paulo, APB, n. 8, p. 3-4, out. 1994.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2001.
MÜHL, Eldon H. Crítica à racionalidade instrumental: as contribuições de Adorno e Horkheimer. In: CENCI, Angelo (org.). Ética, racionalidade e modernidade. Passo Fundo : Ediupf, 1996. p. 61-79.
PRUDENTE, Antônio Souza. Ética e deontologia da magistratura no terceiro milênio. Revista CEJ, Brasília, n. 12, p. 95-98, set./ dez. 2000.
QUAKNIN, Marc-Alain. Biblioterapia. Tradução: Nicolas Niymi Campanário. São Paulo: Loyola, 1996. 341 p.
RUSSELL, Bertrand. Ética e política na sociedade humana. Tradução: Nathanael C. Caixeiro. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1977. 226 p.
SAVATER, Fernando. Da ética como método de trabalho. Revista Nova Escola, São Paulo, v. 17, n. 153, Fala mestre!, Jun./Jul. 2002. p. 45-47. (Entrevista à GENTILE, Paola.)
SEVERINO, Antônio Joaquim. Filosofia. São Paulo: Cortez, 1994. 211 p. (Coleção Magistério 2º grau. Serie formação geral).
SOUZA, Francisco das Chagas de. Ética e deontologia: textos para profissionais atuantes em bibliotecas. Florianópolis: Ed. da UFSC; Itajaí: Ed. da UNIVALI, 2002. 165p. ISBN: 85-86447-46-3.
TOURAINE, Alain. Crítica da modernidade. Tradução de Elia Ferreira Edel. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1997. 431 p.
TUNGENDHAT, Ernest.  Lições sobre ética. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2000. 430 p. ISBN 85 326-173-3
VALLE, Lílian do. Ainda sobre a formação do cidadão: é possível ensinar a ética? Educação e Sociedade, Campinas, v. 22, n. 76, out. 2001. Disponível em: < http://www.Scielo.br >. Acesso em: 18 maio 2002.
VÁSQUES, Adolfo Sanchez. Ética. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. 267p.
WEBER, Thadeu. A éticidade Hegeliana. In: CENCI, Ângelo (Org.). Ética, racionalidade e modernidade. Passo Fundo, RS: EDIUPF, 1996. p. 9-24. (Serie. Ciência Filosofia).

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