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PAGAMENTO 1. Conceito: É a solução que dissolve, extingue a dívida. É a morte natural da obrigação, ou a realização real da obrigação; Num conceito mais amplo, pagamento é o ato jurídico formal, unilateral, que corresponde à execução voluntária e exata por parte do devedor da prestação devida ao credor, no tempo, modo e lugar previstos no título constitutivo. 2. Sujeitos 2.1 Ativo: Devedor / Terceiro / Solvens 2.2 Passivo: Credor / Recebedor / Accipiens 3. Validade O pagamento deve ser existente e eficaz para ser valido. 4. Quem deve pagar? Em regra, o devedor deve pagar, mas nada impede que um terceiro pague, seja ele interessado o não. 4.1 Terceiro interessado: É aquele que tem a sua vida jurídica afetada pelo descumprimento da obrigação. Uma vez que pagar a dívida, se sub-roga no lugar do credor. 4.2 Terceiro não interessado: É aquele que não tem a sua vida jurídica atingida pelo descumprimento da obrigação. Uma vez que ele pagar a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolso, mas não se sub-roga no lugar do credor. OBS: Se o terceiro não interessado pagar a dívida antes do vencimento, só terá direito ao reembolso após o vencimento da dívida. 4.3 Oposição do devedor: O terceiro interessado ou não interessado que faz o pagamento sem o conhecimento ou por oposição do devedor, não terá direito a reembolso. Oposição = Meios para elidir a ação do credor, como por exemplo, uma dívida prescrita, um negócio nulo, etc. 5. A quem se deve pagar? O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito. 5.1 Credor putativo: O pagamento é válido, desde que tenha sido feito de boa fé e que o erro cometido seja desculpável. 5.2 Credor incapaz: Não vale se feito cientemente, salvo se o devedor provar que o pagamento foi revertido em proveito do incapaz. 5.3 Terceiro portador de quitação: O pagamento feito ao terceiro portador de quitação é válido, exceto se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante. 5.4 Penhora do crédito: Quando um crédito é penhorado, o devedor é notificado a não pagar ao credor, mas a depositar em juízo o valor devido. Se mesmo assim pagar ao credor, o pagamento não valerá contra o terceiro exequente ou embargante, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor. 6. Objeto do pagamento: O objeto do pagamento é a prestação da obrigação. O credor não pode exigir coisa diversa, nem é obrigado a receber coisa diversa. Para que o devedor pague o credor com coisa diversa, ele tem que aceitar (Isso configurará Dação em pagamento, assunto que será abordado posteriormente). Se o objeto da obrigação é complexo, abrangendo diversas prestações, o devedor não se exonera até cumprir a integralidade do crédito. 6.1 Obrigações pecuniárias: As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, na moeda vigente no momento, pelo valor nominal. 6.2 Pagamento em ouro ou moeda estrangeira: Em regra geral, o código civil diz que é nula as convenções de pagamento com esse meio. 6.3 Revisão contratual: O código civil permite a intervenção judicial para a correção do valor do pagamento quando houver desproporção entre o valor da prestação devida e o do momento da sua execução. 7. Lugar do pagamento: Em regra, o pagamento deve ser efetuado na casa do devedor, salvo se as partes convencionarem outro modo. No entanto, se nada for estabelecido, no silencio das partes, aplica-se a regra geral e se for estabelecido mais de um lugar, cabe o credor escolher onde quer receber o pagamento. OBS: Se o pagamento consistir na tradição de coisa imóvel, ou em prestações relativas a imóveis, far-se-á no lugar onde estiver situado. 7.1 Quesível: Quando o pagamento é efetuado na casa do devedor. 7.2 Portável: Quando o pagamento não é efetuado na casa do devedor. 8. Tempo do pagamento: Não tendo sido ajustada uma época para o pagamento da prestação, o credor pode exigi-la a qualquer momento. 8.1 Hipoteses de antecipação do pagamento: No caso de falência do devedor, ou de concurso de credores; Se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor; Se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforça-las. OBS: Se houver solidariedade passiva, o vencimento não será antecipado para os demais devedores. 9. Da prova do pagamento: QUITAÇÃO 1. Conceito: É a prova do pagamento, a liberação do devedor da dívida. Consiste em uma declaração unilateral escrita, emitida pelo credor, de que a prestação foi efetuada e o devedor fica liberado. O devedor tem o direito de exigir a quitação, e caso o credor se recuse a entrega-la, pode o devedor reter o pagamento até que a quitação lhe seja entregue. 2. Formas: A quitação sempre poderá ser dada por instrumento particular, mas também pode ser dada através de instrumento público. 3. Dividas literais: Quando a quitação consiste na devolução do título de crédito, e o credor perde esse, o devedor pode exigir, retendo o pagamento, declaração que inutiliza o titulo desaparecido. 4. Presunção de pagamento: 4.1 Quotas periódicas: A quitação da última estabelece a presunção de que as anteriores foram pagas, até que se prove o contrário. 4.2 Capital e juros: Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos. 4.2 Título de crédito: A entrega do título ao devedor firma a presunção de pagamento. Porém, essa quitação ficará sem efeito se o credor provar, em 60 dias, que o pagamento não foi efetuado. CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO 1. Conceito: É uma forma especial de pagamento, que consiste no depósito judicial ou extrajudicial, pelo devedor, da coisa decida, com o objetivo de liberar-se da obrigação. Ocorre quando o devedor quer pagar mas encontra obstáculos. Por consistir em um deposito, a consignação em pagamento se restringe as obrigações de dar. 2. Procedimentos 2.1 Judicial: 2.2 Extrajudicial: Abre-se uma conta para ser efetuado o depósito, em dívidas de dinheiro; O devedor envia uma carta para o credor, este tem 10 dias para se manifestar; Ele pode aceitar ou recusar o pagamento, caso não se manifeste, a dívida é considerada paga; Se o credor recusar, o devedor terá que judicializar a ação, ou seja, ele terá 30 dias para ajuizar a ação para que o pagamento seja reconhecido. 3. Hipóteses que autorizam: A mora do credor, isto é, se ele não puder, ou se recusar a receber o pagamento ou dar quitação na devida forma; E ainda se ele não for ou mandar alguém receber o pagamento nas condições devidas; Se o credor for capaz de receber, for desconhecido, declarado ausente ou residir em lugar incerto ou de difícil ou perigoso acesso; Se ocorrer dúvida sobre quem realmente deve receber o pagamento; Se pender litígio sobre o objeto do pagamento. 4. Requisitos para a validade da consignação: São os mesmos requisitos exigidos para que o pagamento seja válido. Na consignação, deve ser observado: Quem? A quem? O que? Quando? e Onde? 5. Levantamento do deposito pelo devedor: Para que o devedor “Desfaça” o depósito realizado, devem ser considerados alguns momentos: Enquanto o credor não aceita ou impugna o depósito, o devedor poderá requerer o levantamento do depósito; Quando o credor julgar procedente o depósito, o devedor só poderá levantar o deposito se o credor autorizar; 6. Consignação de coisa imóvel: Se a coisa devida for imóvel, o devedor poderá citar o credor para vir ou mandar recebe-la, caso ele não faça, a coisa poderá ser consignada. 7. Consignação de coisa indeterminada: Se a escolha da coisa indeterminada couber ao credor, ele será citado para que escolha, caso não o faça, poderá perder o direito e o devedor poderá depositar a coisa de sua escolha. DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO1. Conceito: Consiste na indicação ou determinação da dívida a ser quitada quando uma pessoa se encontra obrigada, por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, e efetua um pagamento que não é suficiente para saldar todas elas. 2. Requisitos: Para que haja imputação do pagamento, deve haver uma pluralidade de dívidas liquidas e vencidas da mesma natureza. 3. Imputação por indicação do devedor: O devedor tem o direito de indicar a qual delas oferece pagamento, se todas as dividas forem liquidas e vencidas. Se o devedor não declarar sobre qual dívida deveria incidir o pagamento e aceitar a quitação de uma delas, não terá o direito de reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo se provar que esse agiu com dolo. Se o credor não fizer a declaração, e essa for omissa, a quitação se fará nas dívidas que venceram primeiro, e se todas venceram ao mesmo tempo, faz-se nas dívidas mais onerosas. 4. Capital e juros: Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, depois no capital, salvo estipulação ao contrário. DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO 1. Conceito: A sub-rogação é a substituição de uma pessoa por outra em uma relação jurídica. Ela transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação a dívida, contra o devedor principal e os fiadores. 2. Hipóteses legais: É a que decorre da lei, independente de declaração do credor ou devedor, ocorre em favor: 2.1 Do credor que paga a dívida do devedor comum; 2.2 Do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre o imóvel; 2.3 Do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. OBS: Nessas hipóteses, o sub-rogado só poderá exercer os direitos do credor até onde desembolsou para desobrigar o devedor. Caso o sub-rogado seja parcial, o credor originário tem preferência sobre ele, caso os bens do devedor não possam pagar a dívida de ambos. 3. Hipóteses convencionais: É a que deriva da vontade das partes, ocorre quando: 3.1 O credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos; 3.2 Terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívidas, sob a condição expressa de ficar o mutante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito. DA DAÇÃO EM PGAMANTO 1. Conceito: Consiste na entrega de algo em substituição da prestação devida. Na dação em pagamento, não surge uma nova obrigação, na verdade, extingue-se a obrigação existente, uma vez que quando o devedor paga com prestação diversa, ele está resolvendo a obrigação naquele exato momento. 2. Título de crédito: Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em cessão. 3. Evicção: Se quem entregou bem diverso em pagamento não for o verdadeiro dono, o que o aceitou se tornará evicto. A quitação dada ficará sem efeito e perderá este o bem para o legítimo dono, reestabelecendo-se a relação jurídica originária. DA NOVAÇÃO 1. Conceito: É a criação de uma nova obrigação para extinguir a anterior. É a substituição de uma dívida por outra, extinguindo-se a primeira. Para que haja novação, deve haver uma mudança substancial, além disso, a ação deve conter o Animus novandi, que é a vontade de inovar, não havendo esse ânimo, expresso ou tácito, a segunda obrigação confirma apenas a primeira. OBS: Uma obrigação nula ou extinta não pode se novar, mas uma obrigação simplesmente anulável ou até mesmo prescrita, pode perfeitamente se novar. 2. Requisitos: As partes devem concordar; (Na novação da substituição do devedor, não importa a vontade dele) Deve haver claramente o animus novandi. 3. Espécies: 3.1 Novação objetiva: Consiste na mudança de um objeto da prestação em outro. Ocorre quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior. Ocorre, por exemplo, quando o devedor, sem condições de cumprir obrigação pecuniária, propõe ao credor a substituição por prestação de serviços. OBS: Se o novo devedor for insolvente, o credor que aceitou a novação não tem direito de ação contra o primeiro, salvo se este obteve a novação por má-fé 3.2 Novação subjetiva: Ocorre quando há alteração em um dos ou nos dois polos da obrigação. Novação subjetiva passiva: Dá-se quando há mudança de devedor. “Quando o novo devedor sucede ao antigo, ficando o antigo devedor quite com o credor”. A novação por substituição do devedor independe da vontade dele (Expromissão). Novação subjetiva ativa: Dá-se quando há mudança de credor. “Quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com o antigo credor” 4. Efeitos: A novação extingue os acessórios os acessórios e garantias da dívida, sempre que não houver estipulação em contrário. 4.1 Devedores solidários: Se a novação for operada pelo credor e por apenas um dos devedores, os outros devedores serão estranhos a dívida, ou seja, ficam exonerados da nova dívida. E como a novação extingue a primeira dívida, eles ficam livres dela também, uma vez que a mesma foi extinta. 4.2 Fiador: Fica exonerado o fiador da novação feita sem o seu consentimento com o devedor principal. DA COMPENSAÇÃO 1. Conceito: É o meio de extinção de obrigações entre pessoas que são, ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra. Acarreta a extinção de duas obrigações cujos credores são, simultaneamente, devedores um do outro. “Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem” OBS: Obrigando-se por terceiro uma pessoa, não pode compensar essa dívida com a que o credor lhe dever. 2. Requisitos: A compensação efetua-se entre dívidas liquidas, vencidas e fungíveis entre si. (Mesmo sendo fungíveis, as dívidas podem não se compensarem devido a qualidade da coisa) Reciprocidade dos créditos Liquidez e vencimento das dívidas Exigibilidade das prestações Fungibilidade dos débitos 3. Causas impeditivas da compensação: Se provier de esbulho, furto ou roubo; Se uma se originar de comodato depósito ou alimentos; Se uma não for suscetível de penhora. Não haverá compensação quando as partes, por acordo, a excluírem, ou no caso de renúncia prévia de uma delas. 4. Compensação na cessão de crédito: O devedor que pode contrapor a compensação ao credor, ao ser notificado da cessão de crédito que o credor faz a terceiro deve opor-se a ela. Se não o fizer, não poderá opor ao cessionário compensação de crédito que tinha com o credor originário. No entanto, se o devedor não for notificado, ele pode opor a compensação que tinha contra o credor originário ao novo credor. 5. Obrigação por várias dívidas: Serão aplicadas as regras da imputação de pagamento. DA CONFUSÃO 1. Conceito: Dá-se quando na mesma pessoa se confundem as qualidades de credor e devedor. “Extingue-se a obrigação desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor.” A confusão pode verificar-se sobre toda a dívida ou apenas sobre parte dela. 2. Solidariedade: A confusão sobre credor ou devedor solidário extingue a obrigação até a concorrência dele, subsistindo quando aos outros a solidariedade. 3. Cessação da confusão: Se reestabelece a obrigação anterior com todos os seus acessórios. DA REMISSÃO DAS DÍVIDAS 1. Conceito: É a liberdade efetuada pelo credor, consiste em exonerar o devedor da obrigação. É o perdão da dívida. 2. Formas: 2.1 Expressa: Resulta da declaração do credor em instrumento público ou particular. 2.2 Tácita: Resulta do comportamento do credor, por traduzir inequivocamente, intenção liberatória. 2.3 Presumida: Quando deriva da expressa previsão legal. 3. Presunções legais: Entrega voluntária do título da obrigação. Entrega voluntária do objeto empenhado.3. Pluralidade de devedores: A remissão concedida a um dos devedores extingue a dívida a ele correspondente, mas permanece a obrigação relacionada aos outros devedores.
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