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Pagamento; Direito Civil II - Catarina; UNICAP

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PAGAMENTO
1. Conceito:
	É a solução que dissolve, extingue a dívida. É a morte natural da obrigação, ou a realização real da obrigação; Num conceito mais amplo, pagamento é o ato jurídico formal, unilateral, que corresponde à execução voluntária e exata por parte do devedor da prestação devida ao credor, no tempo, modo e lugar previstos no título constitutivo.
2. Sujeitos
2.1 Ativo: Devedor / Terceiro / Solvens
2.2 Passivo: Credor / Recebedor / Accipiens
3. Validade
	O pagamento deve ser existente e eficaz para ser valido.
4. Quem deve pagar? 
	Em regra, o devedor deve pagar, mas nada impede que um terceiro pague, seja ele interessado o não.
4.1 Terceiro interessado: É aquele que tem a sua vida jurídica afetada pelo descumprimento da obrigação. Uma vez que pagar a dívida, se sub-roga no lugar do credor. 
4.2 Terceiro não interessado: É aquele que não tem a sua vida jurídica atingida pelo descumprimento da obrigação. Uma vez que ele pagar a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolso, mas não se sub-roga no lugar do credor.
OBS: 
	Se o terceiro não interessado pagar a dívida antes do vencimento, só terá direito ao reembolso após o vencimento da dívida. 
4.3 Oposição do devedor:
	O terceiro interessado ou não interessado que faz o pagamento sem o conhecimento ou por oposição do devedor, não terá direito a reembolso.
	Oposição = Meios para elidir a ação do credor, como por exemplo, uma dívida prescrita, um negócio nulo, etc.
5. A quem se deve pagar?
	O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito.
5.1 Credor putativo:
	O pagamento é válido, desde que tenha sido feito de boa fé e que o erro cometido seja desculpável. 
5.2 Credor incapaz:
	Não vale se feito cientemente, salvo se o devedor provar que o pagamento foi revertido em proveito do incapaz. 
5.3 Terceiro portador de quitação:
	O pagamento feito ao terceiro portador de quitação é válido, exceto se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante.
5.4 Penhora do crédito:
	Quando um crédito é penhorado, o devedor é notificado a não pagar ao credor, mas a depositar em juízo o valor devido. Se mesmo assim pagar ao credor, o pagamento não valerá contra o terceiro exequente ou embargante, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor.
6. Objeto do pagamento:
	O objeto do pagamento é a prestação da obrigação.
	O credor não pode exigir coisa diversa, nem é obrigado a receber coisa diversa. Para que o devedor pague o credor com coisa diversa, ele tem que aceitar (Isso configurará Dação em pagamento, assunto que será abordado posteriormente).
	Se o objeto da obrigação é complexo, abrangendo diversas prestações, o devedor não se exonera até cumprir a integralidade do crédito. 
6.1 Obrigações pecuniárias:
	As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, na moeda vigente no momento, pelo valor nominal.
6.2 Pagamento em ouro ou moeda estrangeira:
	Em regra geral, o código civil diz que é nula as convenções de pagamento com esse meio.
6.3 Revisão contratual:
	O código civil permite a intervenção judicial para a correção do valor do pagamento quando houver desproporção entre o valor da prestação devida e o do momento da sua execução.
7. Lugar do pagamento:
	Em regra, o pagamento deve ser efetuado na casa do devedor, salvo se as partes convencionarem outro modo. No entanto, se nada for estabelecido, no silencio das partes, aplica-se a regra geral e se for estabelecido mais de um lugar, cabe o credor escolher onde quer receber o pagamento.
OBS:
	Se o pagamento consistir na tradição de coisa imóvel, ou em prestações relativas a imóveis, far-se-á no lugar onde estiver situado.
 
7.1 Quesível: Quando o pagamento é efetuado na casa do devedor.
7.2 Portável: Quando o pagamento não é efetuado na casa do devedor.
8. Tempo do pagamento:
	Não tendo sido ajustada uma época para o pagamento da prestação, o credor pode exigi-la a qualquer momento. 
8.1 Hipoteses de antecipação do pagamento:
No caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;
Se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor;
Se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforça-las.
OBS:
	Se houver solidariedade passiva, o vencimento não será antecipado para os demais devedores. 
9. Da prova do pagamento:
QUITAÇÃO
1. Conceito:
	É a prova do pagamento, a liberação do devedor da dívida. Consiste em uma declaração unilateral escrita, emitida pelo credor, de que a prestação foi efetuada e o devedor fica liberado.
	O devedor tem o direito de exigir a quitação, e caso o credor se recuse a entrega-la, pode o devedor reter o pagamento até que a quitação lhe seja entregue.
2. Formas:
	A quitação sempre poderá ser dada por instrumento particular, mas também pode ser dada através de instrumento público.
3. Dividas literais:
	Quando a quitação consiste na devolução do título de crédito, e o credor perde esse, o devedor pode exigir, retendo o pagamento, declaração que inutiliza o titulo desaparecido.
4. Presunção de pagamento:
4.1 Quotas periódicas: A quitação da última estabelece a presunção de que as anteriores foram pagas, até que se prove o contrário.
4.2 Capital e juros: Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos.
4.2 Título de crédito: A entrega do título ao devedor firma a presunção de pagamento. Porém, essa quitação ficará sem efeito se o credor provar, em 60 dias, que o pagamento não foi efetuado.
CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
1. Conceito:
	É uma forma especial de pagamento, que consiste no depósito judicial ou extrajudicial, pelo devedor, da coisa decida, com o objetivo de liberar-se da obrigação. Ocorre quando o devedor quer pagar mas encontra obstáculos.
	Por consistir em um deposito, a consignação em pagamento se restringe as obrigações de dar.
2. Procedimentos
2.1 Judicial: 
2.2 Extrajudicial: Abre-se uma conta para ser efetuado o depósito, em dívidas de dinheiro; O devedor envia uma carta para o credor, este tem 10 dias para se manifestar; Ele pode aceitar ou recusar o pagamento, caso não se manifeste, a dívida é considerada paga; Se o credor recusar, o devedor terá que judicializar a ação, ou seja, ele terá 30 dias para ajuizar a ação para que o pagamento seja reconhecido. 
3. Hipóteses que autorizam:
A mora do credor, isto é, se ele não puder, ou se recusar a receber o pagamento ou dar quitação na devida forma; E ainda se ele não for ou mandar alguém receber o pagamento nas condições devidas;
Se o credor for capaz de receber, for desconhecido, declarado ausente ou residir em lugar incerto ou de difícil ou perigoso acesso; 
Se ocorrer dúvida sobre quem realmente deve receber o pagamento;
Se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
4. Requisitos para a validade da consignação:
	São os mesmos requisitos exigidos para que o pagamento seja válido. Na consignação, deve ser observado: Quem? A quem? O que? Quando? e Onde?
5. Levantamento do deposito pelo devedor:
	Para que o devedor “Desfaça” o depósito realizado, devem ser considerados alguns momentos:
Enquanto o credor não aceita ou impugna o depósito, o devedor poderá requerer o levantamento do depósito;
Quando o credor julgar procedente o depósito, o devedor só poderá levantar o deposito se o credor autorizar;
6. Consignação de coisa imóvel:
	Se a coisa devida for imóvel, o devedor poderá citar o credor para vir ou mandar recebe-la, caso ele não faça, a coisa poderá ser consignada.
7. Consignação de coisa indeterminada:
	Se a escolha da coisa indeterminada couber ao credor, ele será citado para que escolha, caso não o faça, poderá perder o direito e o devedor poderá depositar a coisa de sua escolha. 
DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO1. Conceito:
	Consiste na indicação ou determinação da dívida a ser quitada quando uma pessoa se encontra obrigada, por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, e efetua um pagamento que não é suficiente para saldar todas elas. 
2. Requisitos:
	Para que haja imputação do pagamento, deve haver uma pluralidade de dívidas liquidas e vencidas da mesma natureza. 
3. Imputação por indicação do devedor:
	O devedor tem o direito de indicar a qual delas oferece pagamento, se todas as dividas forem liquidas e vencidas. 
	Se o devedor não declarar sobre qual dívida deveria incidir o pagamento e aceitar a quitação de uma delas, não terá o direito de reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo se provar que esse agiu com dolo.
	Se o credor não fizer a declaração, e essa for omissa, a quitação se fará nas dívidas que venceram primeiro, e se todas venceram ao mesmo tempo, faz-se nas dívidas mais onerosas. 
4. Capital e juros:
	Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, depois no capital, salvo estipulação ao contrário.
DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO
1. Conceito:
	A sub-rogação é a substituição de uma pessoa por outra em uma relação jurídica. Ela transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação a dívida, contra o devedor principal e os fiadores.
2. Hipóteses legais:
	É a que decorre da lei, independente de declaração do credor ou devedor, ocorre em favor:
2.1 Do credor que paga a dívida do devedor comum;
2.2 Do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre o imóvel;
2.3 Do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.
OBS:
	Nessas hipóteses, o sub-rogado só poderá exercer os direitos do credor até onde desembolsou para desobrigar o devedor.
	Caso o sub-rogado seja parcial, o credor originário tem preferência sobre ele, caso os bens do devedor não possam pagar a dívida de ambos.
3. Hipóteses convencionais:
	É a que deriva da vontade das partes, ocorre quando:
3.1 O credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos;
3.2 Terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívidas, sob a condição expressa de ficar o mutante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.
DA DAÇÃO EM PGAMANTO
1. Conceito:
	Consiste na entrega de algo em substituição da prestação devida.
	Na dação em pagamento, não surge uma nova obrigação, na verdade, extingue-se a obrigação existente, uma vez que quando o devedor paga com prestação diversa, ele está resolvendo a obrigação naquele exato momento.
2. Título de crédito:
	Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em cessão.
3. Evicção:
	Se quem entregou bem diverso em pagamento não for o verdadeiro dono, o que o aceitou se tornará evicto. A quitação dada ficará sem efeito e perderá este o bem para o legítimo dono, reestabelecendo-se a relação jurídica originária.
DA NOVAÇÃO
1. Conceito:
	É a criação de uma nova obrigação para extinguir a anterior. É a substituição de uma dívida por outra, extinguindo-se a primeira. Para que haja novação, deve haver uma mudança substancial, além disso, a ação deve conter o Animus novandi, que é a vontade de inovar, não havendo esse ânimo, expresso ou tácito, a segunda obrigação confirma apenas a primeira. 
OBS:
	Uma obrigação nula ou extinta não pode se novar, mas uma obrigação simplesmente anulável ou até mesmo prescrita, pode perfeitamente se novar.
2. Requisitos:
As partes devem concordar; (Na novação da substituição do devedor, não importa a vontade dele)
Deve haver claramente o animus novandi.
3. Espécies:
	
3.1 Novação objetiva: Consiste na mudança de um objeto da prestação em outro. Ocorre quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior. Ocorre, por exemplo, quando o devedor, sem condições de cumprir obrigação pecuniária, propõe ao credor a substituição por prestação de serviços. 
OBS: 
	Se o novo devedor for insolvente, o credor que aceitou a novação não tem direito de ação contra o primeiro, salvo se este obteve a novação por má-fé
3.2 Novação subjetiva: Ocorre quando há alteração em um dos ou nos dois polos da obrigação.
Novação subjetiva passiva: Dá-se quando há mudança de devedor. “Quando o novo devedor sucede ao antigo, ficando o antigo devedor quite com o credor”. A novação por substituição do devedor independe da vontade dele (Expromissão). 
Novação subjetiva ativa: Dá-se quando há mudança de credor. “Quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com o antigo credor”
4. Efeitos:
	A novação extingue os acessórios os acessórios e garantias da dívida, sempre que não houver estipulação em contrário.
4.1 Devedores solidários:
	Se a novação for operada pelo credor e por apenas um dos devedores, os outros devedores serão estranhos a dívida, ou seja, ficam exonerados da nova dívida. E como a novação extingue a primeira dívida, eles ficam livres dela também, uma vez que a mesma foi extinta. 
4.2 Fiador:
	Fica exonerado o fiador da novação feita sem o seu consentimento com o devedor principal.
DA COMPENSAÇÃO
1. Conceito:
	É o meio de extinção de obrigações entre pessoas que são, ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra. Acarreta a extinção de duas obrigações cujos credores são, simultaneamente, devedores um do outro. “Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem”
OBS:
	Obrigando-se por terceiro uma pessoa, não pode compensar essa dívida com a que o credor lhe dever.
2. Requisitos:
	A compensação efetua-se entre dívidas liquidas, vencidas e fungíveis entre si. (Mesmo sendo fungíveis, as dívidas podem não se compensarem devido a qualidade da coisa)
Reciprocidade dos créditos 
Liquidez e vencimento das dívidas
Exigibilidade das prestações
Fungibilidade dos débitos
3. Causas impeditivas da compensação:
	Se provier de esbulho, furto ou roubo; Se uma se originar de comodato depósito ou alimentos; Se uma não for suscetível de penhora.
	Não haverá compensação quando as partes, por acordo, a excluírem, ou no caso de renúncia prévia de uma delas. 
4. Compensação na cessão de crédito:
	O devedor que pode contrapor a compensação ao credor, ao ser notificado da cessão de crédito que o credor faz a terceiro deve opor-se a ela. Se não o fizer, não poderá opor ao cessionário compensação de crédito que tinha com o credor originário. 
	No entanto, se o devedor não for notificado, ele pode opor a compensação que tinha contra o credor originário ao novo credor.
5. Obrigação por várias dívidas:
	Serão aplicadas as regras da imputação de pagamento.
DA CONFUSÃO
1. Conceito:
	Dá-se quando na mesma pessoa se confundem as qualidades de credor e devedor. “Extingue-se a obrigação desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor.”
	A confusão pode verificar-se sobre toda a dívida ou apenas sobre parte dela.
2. Solidariedade:
	A confusão sobre credor ou devedor solidário extingue a obrigação até a concorrência dele, subsistindo quando aos outros a solidariedade.
3. Cessação da confusão:
	Se reestabelece a obrigação anterior com todos os seus acessórios.
DA REMISSÃO DAS DÍVIDAS
1. Conceito:
	É a liberdade efetuada pelo credor, consiste em exonerar o devedor da obrigação. É o perdão da dívida.
2. Formas:
2.1 Expressa: Resulta da declaração do credor em instrumento público ou particular. 
2.2 Tácita: Resulta do comportamento do credor, por traduzir inequivocamente, intenção liberatória.
2.3 Presumida: Quando deriva da expressa previsão legal.
3. Presunções legais:
	
Entrega voluntária do título da obrigação.
Entrega voluntária do objeto empenhado.3. Pluralidade de devedores:
	A remissão concedida a um dos devedores extingue a dívida a ele correspondente, mas permanece a obrigação relacionada aos outros devedores.

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