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CORREDOR ECOLÓGICO: Análise para uma proposta no Vale do Mutuca Caroline Brunelle Pereira1 Karen Lissa Goodwin Paglia2 Resumo A atividade humana transformou e ainda transforma os ambientes naturais em um mosaico fragmentado, contribuindo para a redução das populações e provocando outros severos prejuízos aos habitats naturais. O isolamento e a perda de habitats trazem para o fragmento uma perturbação interna, alterando sua paisagem e aumentando o número de micro habitats. Assim, a exposição das populações a tende a promover a extinção de espécies locais. Estes efeitos, que representam grande ameaça às espécies ainda presentes nessa área, justificam o estudo de medidas que visem amenizá-los. O presente estudo tem o objetivo de estabelecer uma proposta de corredor ecológico para o Vale do Mutuca, considerando a fauna identificada como dispersora para seleção da vegetação utilizada para reflorestamento, resultando na manutenção das espécies arbóreas que formarão o habitat de animais de maior porte. As publicações utilizadas para embasar esta pesquisa foram selecionadas por meio de buscas bibliográficas de artigos científicos que abordassem a fragmentação e os corredores ecológicos como possível solução. A área de estudo considerada foi o Vale do Mutuca, que apresenta uma transição de biomas capaz ainda de albergar gêneros faunísticos condicionadas a ambientes mais fechados, como Crypturellus, Leptotila e Procyon. Porém a fragmentação nessa região, decorrente das atividades de mineração e da ocupação desordenada, tem apresentado danos ambientais que colocam em risco a sua biodiversidade. Neste trabalho a implantação de corredores ecológicos é apontada como uma alternativa viável para a conservação da biodiversidade local. Descritores: fragmentação, biodiversidade, corredor ecológico, biogeografia de ilhas, metapopulações, Vale do Mutuca. 1 Acadêmica do curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix: carolinebrunelle@ymail.com. 2 Professora dos cursos de Ciências Biológicas e Engenharia Ambiental e Sanitária no Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix (CEUNIH) Introdução 1 2 A atividade humana transformou e ainda transforma os ambientes naturais em 3 um mosaico fragmentado (SILVA et al., 2001). A fragmentação florestal é definida 4 como uma separação artificial de grandes áreas em fragmentos espacialmente 5 isolados, o que promove a diminuição dos habitats e a divisão destes em unidades 6 menores (VALERI & SENÔ, 2013). 7 A mineração e o adensamento populacional são citados por REIS & 8 CONCEIÇÃO (2010) como importantes fatores antrópicos no processo de 9 fragmentação florestal, não deixando de ressaltar também a pecuária e a agricultura 10 dentre as principais causas desse processo. 11 A ocupação de áreas florestais tem ocorrido como resultado de atividades 12 socioeconômicas, inicialmente pela extração da madeira para comercialização e/ou 13 ocupação do local e, então, conforme a demanda dos ciclos econômicos (ouro, café 14 e pecuária); assim, as formações florestais foram substituídas pela infra-estrutura 15 urbana (REIS & CONCEIÇÃO, 2010). 16 Contribuindo para a redução das populações, a fragmentação provoca 17 severos prejuízos aos habitats naturais. Entre os danos causados, podem ser 18 destacados: o aumento dos efeitos de borda e o isolamento e redução do tamanho 19 dos habitats, seguidos da inevitável perda imediata de espécies (VALERI & SENÔ, 20 2013; PAGLIA & FERNANDEZ, 2006). A extinção de espécies locais, ocorre, por 21 exemplo, devido à perda dos predadores de topo em decorrência da vegetação 22 reduzida, aumentando o número de predadores intermediários e reduzindo a 23 diversidade de herbívoros que seriam predados por estes (PAGLIA & FERNANDEZ, 24 2006). 25 A teoria da biogeografia de ilhas analisa, nas populações, a influência do 26 tamanho do fragmento e do seu isolamento (VALERI & SENÔ; 2013). Uma porção 27 de habitat cercada por um habitat distinto, que é considerado barreira para o 28 anterior, é denominada ilha. PAGLIA & FERNANDEZ (2006) explicam que, quanto 29 maior for a população, menor será a possibilidade da espécie se extinguir da ilha. As 30 ilhas pequenas, portanto, que apresentam pequenas populações, tenderiam a 31 manter menor quantidade de espécies apresentando altas taxas de extinção 32 (VALERI & SENÔ, 2013). 33 Em função dessas alterações na paisagem, surgem as metapopulações, 34 formadas por um conjunto de populações que podem colonizar fragmentos, ou 35 manchas de habitat, ou também se perderem por extinção local. A proporção de 36 manchas ocupadas define o tamanho da metapopulação, que pode ser pequena, 37 principalmente, se poucos de seus fragmentos apresentarem condições que 38 permitam sua ocupação (PAGLIA & FERNANDEZ, 2006). 39 Quanto maior a distância entre um fragmento e outro, maior será o gasto 40 energético da fauna para realizar o movimento dispersivo e, segundo AWADE 41 (2009), esse é um fator importante para a limitação da capacidade de perceber a 42 paisagem, dificultando a identificação do fragmento vizinho, o que inibe a emigração 43 das espécies dispersoras. Alguns grupos de polinizadores, como borboletas e 44 pássaros têm dificuldade em enfrentar áreas desflorestadas, especialmente quando 45 apresentam barreiras como desertos, rochas, atividades agropecuárias, cidades e, 46 mais comumente, regiões desmatadas (VALERI & SENÔ, 2013). Portanto, a 47 conservação das populações biológicas está diretamente associada à estrutura da 48 matriz, estabelecendo uma dependência para a dinâmica dessas populações (SILVA 49 et al., 2001). 50 Nesse sentido, a teoria de biogeografia de ilhas e a dinâmica de 51 metapopulações se tornaram base para alguns dos princípios da conservação 52 biológica, especialmente a utilização de corredores ecológicos, como um possível 53 facilitador do acesso de espécies da fauna e, consequentemente, da flora (VALERI 54 & SENÔ; 2013). Isso permite a estabilidade das populações, ao mesmo tempo em 55 que torna os fragmentos mais próximos entre si, aumentando o fluxo de indivíduos. 56 Para minimização dos impactos abordados, AWADE (2009) sugere que estratégias 57 conservacionistas devem ser focadas no reflorestamento de modo a ampliar os 58 habitats disponíveis na paisagem. 59 Os corredores ecológicos são “cordões de vegetação nativa” que vinculam 60 fragmentos (BRASIL, 2013). Esta estratégia é vista como uma possível solução para 61 potencializar a capacidade das espécies de movimentarem-se por entre os 62 fragmentos, aumentando o número de espécies em cada um deles (VALERI & 63 SENÔ, 2013), representando um conector de unidades de conservação ou de 64 fragmentos, importante para a manutenção da biodiversidade (SILVA et al., 2001). 65 Existem, no entanto, diversos efeitos negativos sobre a implantação dos 66 corredores ecológicos, embora a maioria destes possa também ocorrer em 67 ambientes que não são projetados com objetivo de conectar fragmentos (SEOANE 68 et al., 2010), tais como: facilidade da expansão de fogo e de outras perturbações 69 bióticas e abióticas como catástrofes ou doenças (SANTOS, 2002); facilidade de 70 movimento de espécies invasoras, insetos e espécies exóticas, (SEOANE et al., 71 2010); impactos genéticos entre as populações e rompimento das adaptações locais 72 (SEOANE et al., 2010); impactos econômicos decorrentes do investimento na 73 implantação dos corredores; prejuízo de determinada espécie através da promoção 74 do acesso de outras, o que pode ocorrer numa relação predador-presa, por exemplo 75 (SANTOS, 2002). 76 Em contrapartida, são inúmeras as vantagens de sua implantação, como: 77 refúgios alternativosdurante grandes perturbações ou catástrofes, como pragas e 78 principalmente as queimadas; o aumento ou manutenção da riqueza de espécies e a 79 diversidade; o aumento no tamanho das populações e das espécies tende a reduzir 80 o risco de extinções locais e evita a depressão endogâmica, garantindo a 81 manutenção da variabilidade genética nas espécies; a ampliação da área de 82 cobertura contribui para a manutenção da estabilidade na relação predador-presa, 83 permitindo o movimento por vários fragmentos; a mistura de habitats favorece uma 84 melhor organização nas fases da vida de várias espécies; e a redução do impacto 85 da poluição proveniente dos grandes centros urbanos (SANTOS, 2002). 86 A região do Vale do Mutuca - município de Nova Lima, Minas Gerais, é uma 87 área muito afetada pela fragmentação. Em decorrência das atividades de mineração 88 e da ocupação desordenada, a região vem sofrendo danos ambientais que colocam 89 em risco a sua biodiversidade (PROMUTUCA, 2013). Verifica-se, nessa região, a 90 necessidade de reflorestar, prioritariamente, as áreas de solos expostos e a mata 91 ciliar do Ribeirão do Mutuca (PROMUTUCA, 2013). 92 A fragmentação crescente, que representa grande ameaça às espécies da 93 região, justifica o estudo de medidas que visem amenizar seus efeitos negativos. 94 Portanto, o presente trabalho busca estabelecer uma proposta de corredor ecológico 95 para o Vale do Mutuca, de modo que a vegetação utilizada para reflorestamento 96 atenda a fauna local quanto à sua alimentação, resultando na manutenção das 97 espécies arbóreas que formarão o habitat de animais de maior porte. 98 99 100 101 Materiais e métodos 102 103 Coleta de Dados 104 As publicações utilizadas para embasar este estudo foram selecionadas por 105 meio de buscas bibliográficas nos sites das empresas Google, Promutuca e 106 Scientific Electronic Library Online - Scielo, onde foram utilizadas combinações dos 107 descritores: eficiência dos corredores ecológicos; fragmentação de florestas; 108 Ribeirão do Mutuca, seguidos da pesquisa acerca das particularidades das espécies 109 da fauna e da flora presentes na região. 110 Artigos científicos em inglês e português relacionados, publicados na última 111 década foram considerados, mais especificamente nos anos: 2001 (n=2), 2002 112 (n=1), 2005 (n=1), 2006 (n=1), 2007 (n=1), 2009 (n=1), 2010 (n=4) e 2013 (n=4). 113 114 Área de estudo 115 O Vale do Mutuca localiza-se no município de Nova Lima, em Minas Gerais, 116 que faz divisa com os municípios de Belo Horizonte, Rio Acima e Itabirito. Situada na 117 APA (Área de Proteção Ambiental) SUL Estadual, a sub-bacia do Ribeirão do 118 Mutuca pertence à bacia do Rio São Francisco (PROMUTUCA, 2013). 119 Conforme o diagnóstico ambiental apresentado pelo PROMUTUCA (2013), a 120 área do Vale do Mutuca é composta pelas fitofisionomias: floresta estacional 121 semidecidual, floresta de galeria, campos limpos e rupestres de alto de serra. O nível 122 de conservação desta área, segundo o PROMUTUCA (2013), pode ser resumido da 123 seguinte forma: 124 - Poucas são as espécies constituintes de florestas de galeria (ciliar), que 125 geralmente dependem de características abióticas como alta frequência de 126 alagamentos e umidade elevada, provavelmente em função da elevada declividade 127 da área, que impede a formação de zonas encharcadas, resultando numa formação 128 com grande influência da floresta estacional semidecidual. Entretanto a declividade é 129 a principal responsável pela preservação dos tributários de Serra, margeados 130 predominantemente por estrato arbóreo denso que apresenta descontinuidade, o 131 que pode desfavorecer a ocorrência da fauna de médio e grande porte típicas de 132 ambientes fechados. Este estrato arbóreo se caracteriza por manchas de 133 aproximadamente 5 metros de largura, intercaladas por áreas ocupadas por 134 arbustos e gramíneas que confirmam os efeitos de borda a que esta formação se 135 sujeita. 136 - A floresta estacional semidecidual que recobria as encostas do Ribeirão do 137 Mutuca, ao atingir os pontos mais altos, apresentava transição com espécies do 138 cerrado. A construção de edificações e vias de acesso, resultaram em sua intensa 139 fragmentação que foi aumentada pela presença do gado. Ainda assim, esta 140 formação tem contribuído para a contenção e proteção do solo. 141 - As formações campestres, impactadas pelo pisoteio do gado, estão 142 representadas por campo rupestre, o qual se apresenta degradado em função das 143 atividades de mineração e ocupação humana. Os campos limpos se estendem por 144 toda a bacia, predominando a área com arbustos e subarbustos e denso tapete de 145 gramíneas. 146 147 Resultados e Discussão 148 149 O levantamento realizado pelo PROMUTUCA (2013) indica que o Vale do 150 Mutuca apresenta uma transição de biomas ainda capaz de albergar uma fauna 151 condicionada a ambientes mais fechados (Tabela 01), visto que foram identificados, 152 na região, indivíduos com tal característica e com grande potencial de dispersão. 153 154 155 Tabela 1 – Principais dispersores identificados no Vale do Mutuca em 1998 156 Ordem Família Gênero Nome popular das espécies representantes Dieta Columbiformes Columbidae Leptotila Juriti Granívoro Frugívoro Tinamiformes Tinamídae Crypturellus Inhambu Frugívoro Onívoro Caniformia Procyonidae Procyon Mão-pelada Frugívoro Onívoro 157 Grande número de espécies da flora depende da fauna para dispersão de 158 suas sementes e as aves têm enorme importância na regeneração das florestas, por 159 carregarem as sementes das matas para áreas degradadas e/ou fragmentadas 160 (QUTTIAQUEZ & BARBOSA, 2010). Entre os dispersores identificados na região do 161 Vale do Mutuca (PROMUTUCA, 2013), estão principalmente o Juriti, o Inhambu e o 162 Mão-pelada. No caso das espécies identificadas no Vale do Mutuca, verifica-se 163 grande eficiência na dispersão, por se tratar de hábitos alimentares que permitem 164 tanto a expulsão das sementes, como a eliminação de seus resíduos nas fezes que 165 terão contato com o solo. 166 Os Columbídeos são, geralmente, frugívoros e granívoros e, segundo 167 QUTTIAQUEZ & BARBOSA (2010), possuem uma dieta composta principalmente de 168 material vegetal, partículas de solo e sementes. O gênero Leptotila (conhecido 169 como Juriti), habita ambientes formados principalmente por Cerradão, Campos sujos 170 e matas ciliares (SANTOS, 2001). 171 Os Tinamídeos são aves adaptadas a ambientes típicos do cerrado e sofrem 172 impactos com a degradação de seu habitat (CONCEIÇÃO & MACHADO, 2013), 173 representando, dessa forma, um bioindicador da qualidade das matas. O gênero 174 identificado no Vale da Mutuca, o Crypturellus, é vulgarmente chamado de Inhambu. 175 São indivíduos frugívoros e onívoros, podendo se alimentar também de pequenos 176 invertebrados, (SANTOS, 2001). 177 Carnívoros da família Procyonidae, representado na região pelo Procyon 178 cancrivorus (conhecido como o Mão-pelada), apresentam uma dieta adaptável às 179 mudanças estacionais. PELLANDA et al. (2010) apontam este comportamento como 180 oportunista, uma vez que são frugívoros e/ou onívoros, dependendo da 181 disponibilidade de alimento no ambiente em que vive. 182 Potencial dispersor de sementes de várias espécies arbóreas, o Procyon 183 cancrivorus apresenta importante contribuição na dinâmica e na estrutura das 184 formações vegetais onde habita (PELLANDA et al., 2010). 185 Apesar da presença de importantes espécies, o Vale do Mutuca enfrenta, 186 atualmente, significativos impactos em função das atividades de mineração e do 187 mercado imobiliário, que têm provocado a fragmentação da área e, com isso, 188 reduzindo o habitat disponívelpara a fauna local. Além disso, segundo o 189 PROMUTUCA (2013), as margens da sub-bacia do Ribeirão do Mutuca têm sido 190 usadas pela população dos condomínios ali instalados, como extensão de suas 191 propriedades, resultando, entre outros impactos, na degradação da mata ciliar. 192 Com base na literatura consultada para este estudo, elaborou-se uma 193 proposta para recuperação da área, ligando a Mata do Tumbá à Mata do Jambreiro, 194 matas pertencentes ao Vale do Mutuca (Figura 01). Esta consiste no plantio de 195 mudas de espécies nativas entre as duas matas, onde há ainda uma vegetação 196 mais densa, para reduzir o efeito de borda e ampliar a quantidade de alimento 197 disponível para a fauna. A existência de um curso d’água entre as matas Tumbá e 198 Jambreiro reforça a necessidade do corredor ecológico, visto que tende a contribuir 199 na recuperação da mata ciliar que, conforme abordado anteriormente, encontra-se 200 prejudicada pela declividade da área. 201 202 Figura 1 – Proposta de corredor ecológico entre as matas Tumbá e Jambreiro Adaptado a partir do Google maps acesso em: 25 out. 2013 203 Para se atingir essa meta, é imprescindível a realização de um levantamento 204 fitossociológico, visando determinar as espécies nativas utilizadas pelos animais da 205 região como alimento e abrigo e, dessa forma, selecionar a vegetação para o 206 plantio. Para VALERI & SENÔ (2013), as alterações florestais tendem a impactar a 207 fauna, devido a falta de recursos disponíveis para esses indivíduos. 208 O levantamento e uma pesquisa básica da fauna da região, especialmente 209 polinizadores e dispersores de sementes, se fazem necessários para que o corredor 210 apresente resultados satisfatórios. VALERI & SENÔ (2013) ressaltam a importância 211 de se realizar um estudo aprofundado sobre a fauna que compõe o ambiente para 212 se planejar a distância dos nós dos corredores ecológicos. A importância de dados 213 como raio de ação e autonomia de vôo dos polinizadores de espécies arbóreas foi 214 destacada pelos autores. Trata-se de relevantes informações, visto que, para 215 QUTTIAQUEZ & BARBOSA (2010), esses indivíduos participam ativamente da 216 dispersão das sementes, tornando a vegetação mais densa e conexa. 217 Deve-se realizar a preparação do solo exposto, degradado principalmente 218 pelas atividades de mineração, que além da alteração paisagística, modifica a 219 qualidade do solo que, por sua vez, passa a exigir medidas de recuperação para que 220 venha a ocorrer uma sucessão ecológica (MELLONI et al., 2006). Para isso, são 221 sugeridos processos de mobilização mecânica, juntamente a adição de lodo de 222 esgoto e adubos verdes (ALVES et al., 2007). 223 O plantio deve ser realizado de modo que a distância dos nós esteja de 224 acordo com o raio de ação dos principais polinizadores (SILVA et al., 2001). TELINO 225 (2006) afirma que várias espécies de aves que habitam florestas têm dificuldades 226 para transpor ambientes alterados por não possuírem autonomia de vôo, o que 227 significa que, quanto mais próximos forem os nós, mais eficiente será a conexão dos 228 fragmentos. Comportamento semelhante é exibido pelo Mão-pelada que, segundo 229 PELLANDA et al. (2010), apresenta área de vida menor que outros carnívoros. Outro 230 aspecto importante abordado por SEOANE et al. (2010), é a largura do corredor, que 231 deve apresentar no mínimo 1,2 km por saber-se que os efeitos de borda são 232 encontrados até 600 m da borda. 233 Após a preparação do solo, faz-se necessário, ainda, uma limpeza da área. 234 PINTO (1989 apud VALERI & SENÔ, 2013) aponta a importância dessa ação para 235 retirada de cipós e gramíneas, que darão espaço a novas mudas. Sugere-se a 236 disposição das espécies nativas frutíferas, de modo a formar um corredor ecológico 237 com 13 km de extensão, unindo a Mata do Tumbá à Mata do Jambreiro. 238 239 Considerações finais 240 241 A implantação dos corredores ecológicos se mostra como uma alternativa 242 viável para a conservação das espécies ainda presentes na região, tendo em vista 243 que mesmo diante das desvantagens apresentadas com relação à conexão dos 244 habitats, estas podem ser superadas pelas suas vantagens na maioria dos casos, 245 como meio de impedir o isolamento das populações, ou seja, sua extinção. 246 Para a implantação dos corredores ecológicos no Vale do Mutuca é essencial 247 que se considere a fauna identificada como dispersora de sementes na seleção das 248 espécies a serem plantadas, para que o movimento dispersivo contribua com a 249 manutenção das espécies arbóreas que formarão o habitat de animais de maior 250 porte. Verifica-se, porém a necessidade de estudos sobre a ecologia básica da 251 fauna para um adequado planejamento. 252 Referências ALVES, M.C. et al. Densidade do solo e infiltração de água como indicadores da qualidade física de um latossolo vermelho distrófico em recuperação, 2007. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/rbcs/v31n4/a02v31n4.pdf>. Acesso em 23 out. 2013. AWADE, M. Padrões de movimentação de uma espécie de ave em paisagem fragmentada e seus efeitos para a conectividade funcional: uma abordagem hierárquica, 2009. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-11122009-135213/pt- br.php>. Acesso em 14 set. 2013. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente - MMA. Projeto Corredores Ecológicos, 2013. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/areas-protegidas/programas-e- projetos/projeto-corredores-ecologicos/conceitos>. Acesso em: 30 abr.2013. CONCEIÇÃO, P.F; MACHADO, Paulo C.M. 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