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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (cáp.2)

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2. EM BUSCA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
odesenvolvimentosustentávelé aquelequeatendeàsnecessida-
desdo presentesemcómprometera possibilidadedeasgerações
futurasatenderema suasprópriasnecessidades.Ele contémdoisconceitos-chave:
Q o conceitode"necessidades",sobretudoasnecessidadesessen-
ciais dos pobresdo mundo,quedevemrecebera máximapriori-dade;
Cl a noçãodaslimitaçõesqueo estágiodatecnologiaedaorgani-
zaçãosocialimpõeaomeioambiente,impedindo-odeatenderàs
necessidadespresentese futuras.
Portanto,ao se definíremos objetivosdo desenvolvimento
econômicoe social,é precisolevar emcontasuasustentabilidade
emtodosos países- desenvolvidosouemdesenvolvimento,com
economiademercadoou deplanejamentocentral.Haverámuitas
interpretações,mastodaselasterãocaracterísticascomunse de-
vemderivardeumconsensoquantoaoconceitobásicodedesen-
volvimentosustentávele quantoa umasériedeestratégiasneces-
sáriasparasuaconsecução.
O desenvolvimentosupõeumatransformaçãoprogressivada
economiae.da sociedade.Caso umavia de desenvolvimentose
sustenteem sentidofísico, teoricamenteela pode ser tentada
mesmonumcontextosociale políticorígido.Mas só sepodeter
certezada sustentabilidadefísica se as políticasde desenvolvi-
mentoconsiderarema possibilidadedemudançasquantoaoaces-
so aos recursose quantoà distribuiçãode custose benefícios..
Mesmona noçãomaisestreitadesustentabilidadefísicaestáim-
plícita umapreocupaçãocom a eqüidadesocialentregerações,
quedeve,evidentemente,serextensivaà eqüidadeemcadagera-ção.
2.1 O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Satisfazeras necessidadese as aspiraçõeshumanasé o principal
objetivodo desenvolvimento.Nos paísesemdesenvolvimento,as
necessidadesbásicasde grandenúmerode pessoas- alimento,
roupas,habitação,emprego- nãoestãosendoatendidas.Além
dessasnecessidadesbásicas,as pessoastambémaspiramlegiti-
46
I'
rl
~(
;;.~
31
;11
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f.}
l:.i
~
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mamentea umamelhorqualidadede vida.Num mundoondea
pobrezae a injustiçasãoendêmicas,semprepoderãoocorrercri-
sesecológicase de outrostipos.Para quehajaum desenvolvi-
mentosustentável,é precisoquetodostenhamatendid~sas SU<;lS
necessidadesbásic"ase lhes sej·amproporcionadasoportunidades
deconcretizarsuasaspiraçõesaumavidamelhor.
Padrõesde vida queestejamalémdo mínimobásicosó são
sustentáveisseospadrõesgeraisdeconsumotiveremporobjetivo
alcançaro desenvolvimentosustentávela longoprazo.Mesmoas-
sim,muitosdenósvivemosacimadosmeiosecológicosdo mun-
do, comodemonstra,por exemplo,'ousodaenergia.As necessi-
dadessão determinadassociale culturalmente,e o desenvolvi-
mentosustentávelrequera.promoçãode valoresquemantenham
os padrõesdeconsumodentrodo limitedaspossibilidadesecoló-
gicasaquetodospodem,demodorazoável,aspirar.
A satisfaçãodasnecessidadesessenciaisdependeempartede
que se consigao crescimentopotencialpleno,e o desenvolvi-
mentosustentávelexigeclaramentequehajacrescimentoeconô-
mico emregiõesondetaisnecessidadesnãoestãosendoatendi-
das.Ondejá sãoatendidas,eleé compatívelcomo crescimcnto
econômico,desdequeessecrescimentOreflitaos princípiosam-
plos da sustentabilidadee da não-exploraçãodosoutros.Mas o
simplescrescimentonãobasta.Uma grandeatividadeprodutiva
podecoexistircoma pobreza.disseminada,e istoconstituiumris-
co parao meioambiente.Por issoo desenvolvimentosustentável
exigequeassociedadesatendamàsnecessidaoeshumanas,tanto
aumentandoo potencialdeproduçãoquanto\assegurandoa todos
asmesmasoportunidades. ~"
Se os númerosaumentarem,podeaumentarapressãosobreos
recursos,e o padrãode vida se elevarámaisdevagarnasáreas
ondeexisteprivação.A questãonãoé apenaso tamànhodapo-
pulação,mastambéma distribuiçãodosrecursos;portanto,o de-
senvolvimentosustentávelsópodeserbuscadosea evoluçãode-
mográficaseharmonizarcomo potencialprodutivocambiantedo
ecossistema.
Há muitasmaneirasde um<;lsociedadese tornarmenoscapaz
de atenderno futuroàsnecessidadesbásicasdeseusmembros- a
exploraçãoexcessivados recursosé umadelas.Dependendoda
orientaçãodo progressotecnológico,algunsproblemasimediatos
podemser resolvidos,maspodemsurgiroutrosaindamaiores.
Uma tecnologiamal empregadapode marginalizaramPlosseg-
mentQSdapopulação. I
A monocultura,o desviodecursosd'água,acxtraçãomineral,
a emissãode calore de gasesnocivosnaatmosl"era,as florestas
comerciaise a manipulaçãogcnétiea- todoscsks sãoexemplos
47
"Devido à falta de comunicação,os gruposde assistênciaao
meioambiente,àpopulaçãoe ao desenvolvimentoficaramsepa-
radosdurantemuitotempo,o queimpediuquetomássemoscons-
ciênciadenossointeressecomume denossaforçaconjunta.Fe-
lizmente,essafalha estásendosanada.Sabemosagora queo
quenosuneénudtomaisimportantequeo quenosdivide.
Reconhecemosquea pobreza,a deterioraçãodo meioam-
bientee o crescimentopopulacionalestãoindissoluvelmenteli-
gados, e que nenhumdessesproblemasfundamentaispode ser
resolvidoisoladamente.Vertceremosoufracassaremosjuntos.
Chegara umadefiniçãodedesenvolvimentosustentávelaceita
por todoscontinuasendoum desafiopara todosos queestão
empenhadosnoprocessodedesenvolvimento."
Makingcommoncause
V.S.Baseddevelopment,environment,populationNGOs
AudiênciapúblicadaCMMAD,Ottawa,26-27demaiode1986
;0-;'"
da intervençãohumananossistemasnaturaisduranteodesenvol-
vimento.Até poucotempo,tais intervençõeseramempequena
escalae tinhamimpactolimitado.Hoje, seuimpactoé maisdrás-
,tico,suaescalamaior,e por issoelasameaçammaisos sistemas
quesustentama vida,tantoemnível'localcomoglobal.Issonão
precisariaocorrer.No mínimo,o desenvolvimentosustentávelnão
devepôr emrisco os sistemasnaturaisquesustentama vida na
Terra:a atmosfera,aságuas,ossolose osseresvivos.
O crescimentonão estabeleceum limite precisoa partirdo
qualo tamanhodapopulaçãoou o usodos recursospodemlevar
a uma catástrofe·ecológica.Os limitesdiferempara o uso de
energia,de matérias-primas,de águae de terra.Muitos delesse
imporãopor si mesmosmediantea elevaçãodecustose diminui-
çãode retornos,e nãomedianteumaperdàsúbitadealgumabase
de recursos.O conhecimentoacumuladoe o desenvolvimento
tecnológicopodemaumentara capacidadede produçãoda base
derecursos.Mas hálimitesextremos,e parahaversustentabilida-
de é precisoque,bemantesde esseslimitesserematingidos,o
mundogarantaacessoeqüitativoaorecursoameaçadoe reoriente
osesforçostecnológicosnosentidodealiviarapressão.
Obviamente,o crescimentoe o desenvolvimentoeconômicos
produzemmudançasno ecossistemafísico. Nenhumccossistema,
sejaondefor, podeficarintacto.Umaflorestapodeserdesmatada
emumapartede umabaciafluvial e ampliadaemoutrolugar-
e istopodenãosermau,seaexploraçãotiversidoplanejadae se
se levarememcontaos níveisde erosãodo solo, os regimeshí-
48
.{~
,"
dricos e as perdasgenéticas.Em geral,nãoé precisoesgotaros
recursosrenováveis,como florestase peixes,desdeque sejam
usadosdentrodos limitesde regeneraçãoe crescimentonatural.
Mas a maioriadosrecursosrenováveisé partedeum,ecossistema
complexoe interligado,e, umavezlevadosemcontaosefeitosda
exploraçãosobretodoo sistema,é precisodefiniraprodutividade
máximasustentável. '
N() tocantea recursosnão-renováveis,comomineraise com-
bustíveis fósseis, o uso reduza quantidadede que disporãoas
futurasgerações.Isto nãoquerdizer queessesrecursosnãode-
vam ser usados.Mas os níveis de uso devemlevaremcontaa
disponibilidadedo recurso,de tecnologiasqueminimizemseueS-
gotamento,e a probabilidadede se obteremsubstitutosparaele.
Portanto,a terranão deveserdeterioradaalémde um limitera-
zoávelde recuperação.No casodosmineraise doscombustíveis
fósseis,éprecisodosaro índicedeesgotamentoe a ênfasenare-
ciclageme nouso econômico,paragarantirqueo recursonãose
esgoteantes'de haverbons substitutosparaele. O desenvolvi-
mentosustentáyelexigequeo índicede destruiçãodosrecursos
não-renováveismantenhao máximodeopçõesfuturaspossíveis.
O desenvolvimentotendea simplificaros ecossistemase a re-
duzir a diversidadedasespéciesquenelesvivem.E asespécies,
umavez ~xtintas,não se renovam.Aextinçãodeespéciesvege-
tais e animaispodelimitarmUl,toasopçõesdasgeraçõesfuturas;
por isso o desenvolvimentosustentávelrequera conservaçãodas
espéciesvegetaise.animais.,.
Os chamadosbenslivres,comoo are a água,sãotambémre-
cursos.As matérias-primase a energiauSfldasnos processosde
produçãosó emparteseconvertememprodutosúteis.O restose
transformaemrejeitos.ParahaverumdesenvolviÍnentosustentá-
vel é preciso minimizaros únpactosadversossobrea qualidade
do ar, da águae de outroselementosnaturais,a fim de manter
a integridadeglobaldo ecossistema.
Em essência,o desenvolvimentosustentávelé umprocessode
transformaçãonO qual a exploraçãodos recursos,a direçãodos
investimentos,a orientaçãodo desenvolvimentotecnológicoe a
mudançainstitucionalseharmonizame reforçamo potencialpre-
sentee futuro, a fim deatenderàsnecessidadese aspiraçõeshu-
manas.
2.2 EQUIDADE E INfERESSE COMOM
Descrevemoso' desenvolvimentoslIstcnUivd elll tt~nn()sgerais.
Como persuadiras pessoasOll fazC~-las:ll',ir lHJ inll'n'ssc COllllllll'?
1'\9
"I
Af6 ("{'rIopootopeJaeducação,pelodesenvolvimentodasinstitui-
<:(k~.<;(1 pc/o lintilleci1l1entolegal.Porémmuitosdosproblemasde
dcsfruiçtio(k recursose do desgastedo"meioambienteresultam
de dispnridndesno podereconômicoe político. Uma indústria
pode trabalharcom níveis inaCeitáveisde poluiçãodo ar e da
ngoaporqueaspessoasprejudicadassãopobrese nãotêmcondi-
ções de rcclamar.Pode-sedestruirumaflorestapela derrubada
excessivaporqueaspessoasquenelavivemounãotêmalternati-
vasou sãoemgeralmenosinfluentesqueos negociantesdema-deira.
As interaçõesecológicasnãorespeitamas fronteirasda pro-'
ptiedadeindividüale dajurisdiçãopolítica.Logo:
o Numabaciafluvial,umagricultorcujasterrassesituemnaen-
costapode,dependendodo modocomoas use, afetaro escoa-
mentonasfazendasmaisabaixo.
Q As práticasde irrigação,os praguicidase os fertilizantesutili-
zadosnumafazendaafétamaprodutividadedasquelhesãovizi-
nhas,sobretudoseforempequenaspropriedades.
o A águaquentequeUmausinatérmicadespejanumrio ou num
trechodemarafetaapescanaregião..
e A eficiênciade umacaldeirade fábricadeterminao índicede
emissãode fuligeme produtosquúnicosnocivos,afetandoassim
todososqueviveme trabalhamnasimediações.
Os sistemassociaistradicionaisreconhecéramaigunsaspectos
déssainterdependênciae aumentaramo controleda comunidade
sobreas práticasagrícolase sobreos direitostradicionaisrelati-
vosa água,florestase terras.Tal esforçodo '~interessec:omum",
contudo,não impediunecessariamenteo crescimentoe a expan-
são,emborapossaterlimitadoaaceitaçãoe difusãodeinovaçõestécnicas..
A interdependêncialocal aumentou,quandomuito,devidoà
tecnologiaempregadana agriculturae na manvfaturamodernas.
Mas, por causado progressotécnico,'do "cerco" dasterrasco-
muns,do desgastedos direitoscomunssobreflorestase outros
recursos,e da intensificaçãodo comércioe;: da produçãoparao
mercado,asresponsabilidadesquantoàsdecisõesestãosendore-
tiradasdosgrupose dosindivíduos.Essamudançaaindaestáem
processoemmuitospaísesemdesenvolvimento.
Não .é quedeumladoexistamvilõese deoutrovítimas.Todos
estariamemmelhorcondiçãosecadaumconsiderasllcos efeitos
de seusatossobreos demais.Mas nínguémelltádispostoa crer
queos outrosagirãodessemodo,e assimtodoscontinuamfi bus-
carseusprópriosinteresses.As comunidadesou os governospo-
demcompensaressasituaçãomedianteleis,'educaçlill,impostos,
subsídiose outrosmétodos.O cumprimentodasleis c Uma lcgis-
50
~~~·.i•
.•... '-
"Se os desertosestãose expandindo,asflorestasdesaparecendo
e a desnutriçãoawnentando,se as condiçõesde vida dos hqbi-
tantesde áreasurbanasestãopiorando,nãoédevidoàfalta de
recursos,mdsdo tipodepolíticasadotadaspor nossosdirigen-
tes,pelosgruposdeelite.A negaçãodosdireitose dosinteresses
daspessoasestánoslevandoa umasituaçãonaqualsó apobre-
za terá wn futuroprósperona África;.Nossa esperançaé que
estaComissão,a ComissãoMundial, nãonegligenciaráospro~
blemasdos direitoshumanosna África e buscaráenfatizá-los,
pois trata-sedepessoaslivres,pessoasquetêmdireitos,quesão
cidadãosmadurose responsáveis,capazesdeparticipar do de-
senvolvimentoedaproteçãoaomeioambiente."
Depoimentodeumparticipante
AudiênciapúblicadaCMMAD,Nairóbi,23desetembrode1986
laçãorigorosaemmatériade responsabilidadespodemcontrolar
efeitoscolateraisdanosos.E, o queémaisirnRortante,seasco-
munidadeslocaisparticiparemdosproce~sosdedecisão,poderão
articulare imporseuinteressecomum.
A interdependênciaé maisqueum fenômenolocal. O rápido
crescimentoda produçãoestendeu-aao planointernacional,com
manifestaçõestanto físicas quantoeconômicas.Aumentamos .
efeitosglobaise regionaisdapoluição,como,osqueseverificam
emmaisde200baciasfluviaisinternacionaiseemgrandentunero
demares. " i .
A imposiçãodo interessecomumé mlíjtà~vezesprejudicada
porqueasáreasdejurisdiçãopolíticanãocoincidemcomasáreas
de impacto.As políticasenergétiCasde úrt-ajU,risdiçãocausam
precipitaçãoácidaemoutra.As políticaspesqueirasdeumEstado
podemafetara pescaemoutro.Não existeumaautoridadesupra-
nacionalqueresolvataisquestões,e só é possívelfazervalero
interessecomumpormeiodacooperaçãointernacional.
Da mesmaforma,a capacidadede umgovernocontrolarsua
economianacionalfica reduzidapelascrescentesinteraçõeseco-
nômicasinternacionais.Por exemplo,no comércioexteriorde
produtosprimários,as questõesligadasà capacidadeprodutivae
à escassezde recursossãoconsideradasumapreocupaçãointer-
nacional.(Ver capítulo3.) Se o podereconômicoe Ollben\,:fícios
do comérciofossemmaisbemdistribuídos,os interesscscomuns
seriamamplamentereconhecidos.Mas os g:lllhoscom()com6rcio
exteriorestãomaldistribuídos;o moclocomoo m;tk:lI',porexem-
plo, é comercializadoafetanãoapcnasUIlI sdor IWcíOllillde pro-
51
,~.
volvimentode outrasnações.(Estecapítulotratadasestratégias
nacionais.A reorientaçãonasrelaçõeseconômicasinternacionais
éabordadano capítulo3.)
Os principaisobjetivosdas políticasambientaise desenvolvi-
mentistasque derivamdo conceitodedesenvolvimentosustentá-
vel são,entreoutros,os seguintes:
Cll retomaro crescimento;
• alterara qualidadedo desenvolvimento;
• atenderàs necessidadesessenciaisde emprego,alimentação,
energia,.águae saneamento;
• manterumnível populacionalsustentável;
Cll conservare melhorarabasederecursos;
• reorientara tecnologiae administraro risco;
o incluir o meioambientee aeéonomianoprocessodetomadade
decisões.
2.3.1Retomandoo crescimento
Comojá assinalamos,o desenvolvimentosustentáveltemdelidar
com o problemado grandenúmerodepessoasquevivemnapo-
breza"absoluta,ou seja,quenãoconseguemsatisfazersequersuas
necessidadesmais básicas.A pobrezareduz a capacidaçledas
pessoasparausaros recursosde modosustentável,levando-asa
exercermaiorpressãosobreo meioambiente.A maioriadospo-
bres absolutosvive nos paísesem desenvolvimento;em muitos
deles,essapobrezafoi agravadapelaestagnaçãoeconômicados
~anos 80. Uma condiçãonecessária,masnão suficiente,paraa
eliminaçãoda pobrezaabsolutaé o aumentorelativamenterápido
das rendasper capitano TerceiroMundo.Portanto,.é essencial
inverteras atuaistendênciasde estagnaçãoou declíniodo cresci-
mento.
As taxasde'crescimentopoderãovariar,masé n~qessárioum
nível mínimoparacausaralgumimpactosobrea pobrezaabsolu-
ta. Considerandotodosessespaíses,parecêimprovávelatingires-
sesobjetivosse o crescimentoda rendapercapitafor inferiora
3%. (Ver box 2.1.) Dadosos atuaisíndicesdecrescimentopopu-
lacional, serianecessárioum crescimentoglobaldarendanacio-
nal de cerca'de 5% ao anonaseconomiasemdesenvolvimentoda
Ásia, de 5,5% na AméricaLatinae de 6% na África e na Ásia
ocidental. '
Será possível chegara essascifras?O desempenhoda Ásia
meridionale Qrientalnos últimos25 anos,principalmenténo úl-
timo qüinqüênio,sugerequea maioria.dos paísespodecJ:;egara
um crescimentoanualde 5%, inclusiveqs dois maiores,lndia e
China. Na AméricaLatina, foramobtidàstaxasmédiasdecresci-
l'~.
f'
duçãoaçucareira,mastambéma ecónomiaea ecologiadevários
paísesemdesenvolvimentoquedependemmuitodesseproduto.
Seriamenosdifícil buscaro interessecomumsehouvesse,para
todosos problemasligadosao desenvolvimentoe ao meioam-
biente,soluçõesquedeixassema todosemmelhorsituação.Isto
raramenteocorre,e emgeralháquemganh~e quemperca.Mui-
tosproblemasderivamde desigualdadesno acessoaosrecursos.
Umaestruturanão-eqüitativadeproprieda.dedaterrapodelevarà
exploraçãoexcessivadosrecursosdaspropriedadesmenores,com
efeitosdanosostantoparao meioambientequantoparao desen-
volvimento.No planointernacional,o controlemonópoIísticodos
recursospodelevaros quedelesnãopartilhama explotarexces-
sivamenteos recursosmarginais.Outramanifestaçãodo acesso
desigualaosrecursosé o fatodeos explotadoresteremumapos-
sibilidademaioroumenorparadispordosbens"livres", sejano
planoregional,nacionalou internacional.Entreos quesaemper-
dendonosconflitosdesenvolvimento/meioambienteestãoos que
sofremmaiscomos prejuízosquea poluiçãocausaà saúde,à
propriedadee aoecossistema.
Quandoumsistemaseaproximadeseuslimitesecológicos,as
desigualdadesse acentuam.Assim,quandoumabaciafluvial se
deteriora"os agricultorespobressofremmaisporquenãopodem
adotaras mesmasmedidasantierosãoque os agricultoresricos
adotam.QlÜmdose deterioraa qualidadedo ar nascidades,os
pobres,quevivememáreasmaisvulneráveis,têma saúdemais
prejudicadaqueos ricos,quegeralmentevivememlugaresmais
protegidos.Quandoosrecursosmineraisescasseiam,osretardatá-
rios do processode industrializaçãoé queperdemos benefícios
dossuprimentosbaratos..Globalmente,as naçõesmaisricasestão
em situaçãomelhor,do pontode vistafinanceiroe tecnológico,
paralidarcomosefeitosde.umapossívelmudançaclimática:
Portanto,nossadificuldadepara'promovero interessecomum
no desenvolvimentosustentávelprovémcomfreqüênciado fato
de nãoseterbuscadoadequadamenteajustiçaeconômicae sooial
dentrodasnaçõeseentreelas..
2.3 IMPERATIVOS ESTRATÉGICOS
É precisoqueo mundocrie logoestratégiasquepennitamàsna-
ções substituirseusatuaisprocessosde crescimento,frcqücnte-
mentedestrutivos,pelodesenvolvimentosustentlivel.Pnratantoé
necessárioque todosos paísesmodifiquemslIaspo/{ticns,tanto
emrelaçãoa seuprópriodesenvolvimentoquanto(:111 rdnçfionos
impactosquepoderãoexercersobreaspossibiJidadt'sde descn-
52
'\ 53
Box2.1Crescimento,redistribuiçãoepobreza
A pobrezaé o nívelderendaabaixodoqualumapessoaou
umafamílianãoécapazdeatenderregularmenteàsnecessi-
dadesda vida. A percentagemda populaçãoquese situa
abaixodessenível dependeda rendanacionalper capitae
do modocomoela é distribuída.Com querapidezumpaís
emdesenvolvimentoesperaeliminara pobr({zaabsoluta?A
respostadiferiráde país parapaís,masé possívelaprender
muitoexaminando-seumcasotípico.
Consideremosumanaçãona qualmetadedapopulação
viva napobrezae a distribuiçãodarendafamiliarsejaa se-
guinte:um quintodas fanu1iasdetém50% da rendatotal;
outroquintodetém29%, outro14%,outro9%, e o último
quinto apenas7%. E exatamenteisso o queaconteceem
muitospaísesemdesenvolvimentodebaixarenda.
Nessecaso,seadistribuiçãoderendanãosealterar,será
precisoquea rendanacionalper capitadobreparaqueo
, índicedepobrezacaiade 50para10%.Se houverumadis-
tribuiçãoderendaquefavoreçaos pobres,essareduçãopo-
de se dar maisdepressa.Consideremosa possibilidadede
que25% dll rendaincrementaldaqueleumquintodapopu-
laçãoqueé o maisrico sejamigualmentedistribuídosaos
demais.
Estas hipótesesde redistribuiçãorefletemtrêscritérios.
Primeiro,na maioriadas situaçõesas políticasde redistri-
mentode 5% nosanos60e 70,mas,taisíndices.caíramnaprimei-
ra metadedos anos80, devidosobretudoàcnse da dívida.! A
retomadado crescimentona AméricaLatinadependedasolução
dessa'crise. Na África, nos anos60 e 70, os Índicesde cresci-
mentosituaram-seemtomode4-4,5%,o que,aosatuaisÍndices
de c~scimentopopulacional,significariaumcrescimentodaren-
da'percapita ligeiramentesuperiora 1%.2N;osanos80, o cres-
cimentoquaseparou,e a rendaper capitadeclinouemdoisterços
dospaÍses.3Parasechegara umnívelmínimodecrescimentona
África, é precisocorrigiros desequilíbriosdecurtoprazoe aca-
barcomvelhosentravesaoprocessodecrescimento,
O crescimentoprecisaserretomadonospaísesemdesenvolvi-
mentoporqueé nelesque estãomaisdiretamenteintcrligncloso
crescimentoeconômico,o alívio da pobrezae asconcliçtlCsnm-
bientais.Mas essespaísesfazempartedeumaeconomia1I11lllclial
interdependente,e suasperspectivasdependemtambémdosníveis
e dospadrõesdecrescimentodasnaçõesindustrializadas.A pcm-
54
buiçãosó·podemterefeitohavendoaumentoderenda.Se-
gundo,empaísesemdesenvolvimentodebaixarenda,sóos
gruposmaisricos dispõemdos excedentesque podemser
usados'paraa redistribuição.Terceiro,aspolíticasde redis-
tribuiçãonão podemsertraçadasde modotãoprecisoque
'sóbeneficiemos queestãoabaixodo níveldepobreza.As-
sim,os queestãoumpoucoacimatambémreceberãoalguns
benefícios. \
li) Paraqueo índicedepobrezacaiade50para10%,o'tem-
po necessárioserá:, '
li) de 18a24anossea rendapercapitacrescer3% aoano;
o de26a36anossecrescer2% aoano;
li) de51a70anossecrescerapenas1%.
Em todosos casos,o prazomaiscurtosupõea redistri-
buiçãode25%darendaincrementaldaquintapartemaisri-
ca da população,e o maislongosupõequenãohajaredis-
tribuição.
Assim,sea rendanacionalper capitacrescerapenas1%
ao ano,sóquandoo próximoséculoe~tiverbemadiantadoé
queserápossíveleliminara pobrezaabsoluta.Mas se qui-
sermostercertezade quejá no início do próximoséculoo
mundoestaráa'caminhodo desenvolvimentosustentável,
entãoé precisolutarpor umcrescimentomínimode 3% da
rendanacionalper capitae adotarpolíticasfirmesderedis-
tribuição.
pectivade crescimentoa médio"prazodospaísesindustrializados
é de 3-4%,o mínimoconsideradonecessáriopelasinstituiçõesfi-
nanceirasinternacionaisparaqueessespaísesparticipemda ex-
pansãodaeconomiamundial.Tais índicesde,;"crescirhentopodem
sersustentáveisdo pontode vistaambientalse asnaçõesindus-
trializadascontinuarema orientarseucrescimentoparaatividades
queconsumammenosenergiae matérias-primas,e a usardemo-
docadavezmaiseficienteestasúltimas.
Mas à medidaqueasnaçõesindustrializadasusammenosma-
térias~primase menosenergia,setomammercadosmenorespara
os produtosprimáriose os mineraisdos paísesem desenvolvi-
mento.Seestesconcentraremseusesforçosemeliminarapobreza
e satisfazeràsnecessidadeshumanasbásicas,haveráumaumento
da demandainternade produtosagrícolase elemanufatD.rados,
e tambémde algunsserviços.Portanto,na próprialógicado de-
senvolvimentosustentávelestáimplícitoUIllcstfmulointc'rnoao
crescimentodoTerceiroMundo.
55
Em inúmerospaísesemdesenvolvimento,porém,os mercados
sãomuitopequenos;e todosestespaísesprecisarãodeumgrande
crescimentodasexportações,sobretudode itensnão-tradicionais,
parafinanciaras importações,cuja demandavirá como cresci-
mentorápido,comoveremosnocapítulo3.
2.3.2Mudandoaqualidadedocrescimento'
odesenvolvimentosustentávelé maisquecrescimento.Ele exige
umamudançano teordo crescimento,a fim de tomá-Iomenos
intensivode matérias-primase energia,e maiseqüitativoemseu
impacto.Tais mudançasprecisamocorreremtodosospaíses,co-
mopartedeumpacotedemedidasparamantera reservadecapi-
talecológico,melhorara distribuiçãoderendae reduziro graude
vulnerabilidadeàscriseseconômicas.
O processode desenvolvimentoeconômicodeve basear-se
maisfirmementenarealidadedareservadecapitalqueo mantém,
coisa que raramenteocorre,sejanos paísesdesenvolvidos,seja
naquelesem desenvolvimento.A rendaderivadade operações
florestais,por exemplo,é convencionalmentemedidaemtermos
do valordamadeirae deoutrosprodutosextraídos,deduzidosos
custosdaextração.Nãoselevamemcontaos custosderegenerar
a floresta,a nãoserquerealmente-segastedinheirocomisso.As-
sim;'os lucrosadvindosdasoperaçõescommadeiraquasenunca
levamplenamenteemcontaasfuturasperdasde rendadecorren-
tesda deterioraçãodafloresta.Tambémnocasodaexploraçãode
outrosrecursosnaturais- sobretudoos quenãosãocapitalizados
emcontasnacionaisoudeempresas,comoar, águae solo- veri-
fica-seo mesmotipo de contabilidadeincompleta.Em todosos
.países,ricosou pobres,o desenvolvimentoeconômicotemde le-
vartambémemcontaa melhoriaou a deterioraçãodareservade
recursosnaturaisemsuamensuraçãodocrescimento.
A distribuiçãode rendaé um dos aspectosda qualidadedo
crescimento,comofoi ditoanteriormente,e o crescimentorápido
aliadoà mádistribuiçãode rendapodeserpior do queumcres-
cimentomaislentoaliadoa umaredistribuiçãoque favoreçaos
pobres.Em muitospaísesem desenvolvimento,por exemplo,a
introduçãoda agriculturacomercialemgrandecscab podegerar
receitacomrapidez,mastambémpodedesalojarIlluitospequenos
agricultorese tomarmaisinjustaadistribuiçãoderemIa.1\ longo
prazo,podenão serumaestratégiaviável,pois l~lIlpohrcccmuita
gentee aumentaa pressãosobrea basede recursosIllltnraismc-
diantea supercomercializaçãoda agriculturae a J11argíIlHlizal,~fío
dos agricultoresde subsistência.Dar preferênciaao ndlivo em
56
;.•
:.;'".
''Talvezpelaprimeira.veznahistória,aspessoastên1noçãode
suapobrezarelativae tambémvontadedesair delaemelhorar
suaqualidadedevida.À medidaqueprogridemmaterialmente,e
comemevivemmelhor,o queanteseraumlUxopassa,aservisto
comoumanecessidade.O resultadoé que.ademandadeali-
mento,matérias-prz,pase energia'auméntae.ihgrauaindamaior
quea população.A medidaquea demandaaumenta,exige-se
cadaVeZ' maisda áreafinita do mundo,afim dequeproduza
aquilodequesenecessita."
Dr.LP. Garbuchev
AcademiaBúlgaradeCiências
AudiênciapúblicadaCMMAD, Moscou,11dedezembrode1986--
pequenaspropriedadespodeproporeionarresultados',maislentos
no princípio,masa longoprazopodeseimaisviável. c
Se o desenvolvimentoeconômicoaumentaa vulnerabilidadeàs
crises,ele é insustentável.Umasecapode obrigar.osagricultores
a sacrificaremanimaisqueseriamnecessáriosparamantera pro-
dução nos anosseguintes.Uma quedanospreçospodelevaros
agricultorese outrosprodutoresa exp'lorarefl)excessivamenteos
recursosnaturais,a fim de manterasrendas.Maspode-sereduzir
a vulnerabilidadeusandotecnologiasquediminuamos riscosde
produção,dandopreferênciaa opçõesinstitucipnaisquereduzam
as flutuaçõesdo mercadoe acumulandoreservas,sobretudode
alimentose divisas. O desenvolvimentoque;aliar crescimento
e menorvulnerabilidadeserámais sustentávelque o quenãoo
fizer.
Mas nãobastaampliara gamadasvariáveiseconômicasa se-
rem consideradas.Parahaversustentabilidade,é precisoumavi-
s.~odasnecessidadese do bem-estarhumanoqueincorporavariá-
veis não-econômicascomoeducaçãoe saúde,águae arpuros,e a
proteçãode belezasnaturais.Tambénié precisoeliminaras limi-
taçõesde gruposmenosfavorecidos,muitosdosquaisvivemem
áreasecologicamentevulneráveis,comoé o casodemuitosgru-
pos tribais que habitamflorestas,dos nômadesdo deserto,de
gruposquevivememmontanhasisoladas,e daspopulaçõesindí-
genasdasAméricase daAustralásia.
Para mudara qualidadedo crescimento6 necessáriopludar
nossoenfoquedo,esforçodesenvolvimentista,democIoa levarem
contatodosos seusefeitos.Por exemplo,umprojetohidrelétrico
não podeser encaradosimplesmentecomoUlll J11ododeproduzir
mais eletricidade;seusefeitossobrco lm~j{)HlllhÍL'lIfee sohreo
~'I
,~...~.
.meiodevidadacomunidadelocaldevemconstardetodososba-
lanços.Assim, abandonaro projetode umahidrelétricaporque
prejudicariaumsistemaecológicoraropodeserumamedidaa fa-
vor do progressoe nãoumretrocessonodesenvolvimento.4Pode
atéserque,emalgunscasos,asconsideraçõesdesustentabilidade
levemao abandonode atividadeseconomicamente'atraentesa
curtoprazo,
O desenvolvimentoeconômicoe o desenvolvimentosocialpo-
deme devemapoiar-semutuamente.O dinheiroempregadoem
educaçãoe saúdepodeaumentara produtividadedosindivíduos.
O desenvolvimentoeconômicopodeaceleraro desenvolvimento
social fornecendooportunidadesa gruposmenosfavorecidosou
disseminandoaeducaçãocommaisrapidez.
2.3.3Atendendoàsnecessidadeshumanasessenciais
A satisfaçãodasnecessidadese aspiraçõeshumanasé umobjeti-
vo tãoóbviodaatividadeprodutivaquepodeparecerredundante
falar de seupapelcentralno conceitode desenvolvimentosus-
tentável.Muitasvezesa pobrezaé tantaqueaspessoasnãocon-
seguemsatisfazersuasnecessidadesde sobrevivênciae bem-es-
tar, mesmoquandohá bense serviçosdisponíveis.Ao mesmo
tempo,as demandasdos que não sãopobrespodemter conse-
qüênciasdevultoparao meioambiente.
O principaldesafiodo desenvolvimentoé atenderàs necessi-
dadese aspiraçõesde umapopulaçãocadavez maiordo mundo
emdesenvolvimento.Destas,a principalé o sustento,ou seja,o
emprego.Entre 1985e 2000,a forçade trabalhonospaísesem
desenvolvimentoaumentaráemcercade900milhõesdepessoas,
como que terãode sercriadasnovasoyortunidadesde sustento
para60 milhõesde pessoaspor ano.5E precisoqueo ritmoe o
padrãodo desenvolvirn'entoeconômicocriemoportunidadesele
trabalhosustentáveisnessaescalae numnível de produtividade
quepermitaàs fa.rm1iaspobresviveremdentrodospadrõesmíni-
mosdeconsumo.
É precisohavermaisalimentonãosóparaalimentarumnúme-
,romaiorde pessoas,mastambémparacombatera subnutrição.
Paraque'cadapessoa,nomundoemdesenvolvimento,comatanto
quantocadapessoano mundoindustrializado,por voltado ano
2000,é precisoquehajaumaumentode 5% emcaloriasc 5,8%
emproteínasnaAfrica; de3,4e 4%, respectivamcnte,naAméri-
ca Latina;e de 3,5 e 4,5% na Ásia.6Cereaise Hlllidossilo as
fontesbásicasdecalorias;asproteínassãoobtidaspríneipalmcntc
de produtoscomoleite,carne,peixe,legumesc sementesokllgi-
nosas.
58
"No mundoemdesenvolvimento,e principalmenteno Terceiro
Mundo, vemosquenossomaiorproblemaé afalta deoportuni-
dadesde emprego;a maioriadosdesempregadosdeixal1S áreas
rurais e migrapara as cidadese os queficam continuamincor-
rendoempráticas- comoa queimade carvãovegetal- quele-
vamao desflorestamento.Talvezas organizaçõesquetratamdo
meioambientedevessem.intervireprocurarmeiosdeevitaressa
destruição."
KennedyNjiro
AlunodaEscolaPolitécnicadoQuênia
AudiênciapúblicadaCMMAD,Nairóbi,23desetembrode1986
Atualmenteprecisamosnos,concentrarnosalimentosbásicos,
masasprojeçõesmencionadasmostramtambéma necessidadede
se aumentarem muitoo índicede disponibilidadede proteína.
Isto é especiaJ.mentedifícil naÁfrica, devidoaorecentedecIínio
da produçãoper capitade alimentose às atuaisdificuldadesde
crescimento.Na Ásia e naAméricaLatina,parecemaisfácil che-
gar aos índicesmaisaltosde consumo'de caloriase proteínas.
Mas o aumentodaproduçãodealimentosnãodevebasear-seem
políticasde produçãoecologicamentei:o.viáveis,nemcomprome-
terasperspectivasdesegurançaalimentara longoprazo.
A energiaé outranecessida,dehumanaessencialquenãopode
seruniversalmenteatendidaamenosque'sealteremospadrõesde
consumo.O problemamaisurgentediz respeitoàs necessidades
das farru1iaspobresdo TerceiroMundo, quedependembasica-
mentedelei:1ha.Na viradado século,3 milhõesdepessoaspode-
rãoestarvivendoemáreasondeamadeiraécortadamaisdepres-
sado quepodecrescer,ou ondehá escassezdeleLh,:..7As medi-
dascorretivasvisariama reduziro trabalhodeconseguirmadeira
muitolongee tambéma preservar'a baseecológica.Na maioria
dos paísesem desenvolvimento,as necessidadesmínimasde
combustívelvegetalpara cozinhar parecemser di fJrdemde
250kgdo equivalenteemcarvãoper capitapor ano, Isto repre-
sentaapenasumafraçãodo consumofamiliarde eneigianospaí-
sesindustrializados.
As necessidadesinterligadaselehabitação,abastecimentode
água,saneamentoe serviçosmédicostambémsãoimportantesno
quese refereaomeioambiente.As deficiênciasnessasáréassão
muitasvezesmanifestaçõesevidentesde desgasteambienta!.No
TerceiroMundo,o fatodenãoseterconseguidoatcnder~lessas
necessidadesbásicasé umadasprincipaiscausasde váriasdocn-
51)
I"
çastransmissíveiscomomalária,infecçõesgastrointestinais,cóle-
ra e tifo. O crescimentopopulacionale a migraçãoparaascida-
desameaçamagravaressesprobiemas.Os planejadoresprecisam
valorizarmaiso espíritodeiniciativadascomunidadese o usode
tecnologiasbaratas.
2.3.4Mantendoum nívelpopulacionalsustentávelA sustentabilidadedo desenvolvimentoestádiretamenteligadaà
dinâmicado crescimeI?topopulacional.Mas a questãonãoé sim-
plesmenteo tamanhoda populaçãodo mundo.Umacriançanas-
cidanumpaísondeos níveisdeusodematérias-primase energia
sãoelevadosrepresentaumônusmaiorparaos-recursosdaTerra
do que umacriançanumpaís maispobre.O mesmoargumento
valeinternamenteparacadapaís.É maisfácil buscaro desenvol-
vimentosustentávelquandoo tamanhodapopulaçãoseestabiliza
numnívelcoerentecoma capacidadeprodutivadoecossistema.
Nos paísesindustrializados,o índice global de crescimento
populacionalé inferiora 1%; váriospaísesjá chegaramou estão
chegandoa umcrescimentopopulacionalzero.A populaçãototal
do mundoindustrializadopodeaumentardosatuais1,2bilhãopa-
racercade 1,4bilhãoem2025.8
A maiorpartedo aumentoda populaçãoglobalocorrerános
paísesem desenvolvimento;neles,a populaçãoqueera de 3,7
bilhõesem 1985podechegarli6,8bilhõesem2025.9O Terceiro
Mundonãotema opçãodemigrarparaterras"novas",e o tempo
de quedispõeparaseajustarémuitomenorqueõ quetiveramos
paísesindustrializados.Assim,ê precisobaixarrapida,menteos
índicesde crescimentopopulacional,sobretudoemregiõescomo
a África, ondeessesíndicesestãoseelevanqo.
O decIíniodastaxasde natalidadenospaísesindustrializados
deveu-seem grandeparteao desenvolvimentoeconômicoe so-
cial. Os níveiscadavezmaisaltosderenday urbanização,assim
como o novo papeldas mulheres,tiveramgrandeimportância.
Processossemelhantesestãoocorrendoagoranospaísesemde-
senvolvimento.Eles devemser reconhecidose estimulados.As
políticaspopulacionaisdevemintegrar-sea oulrosprogramasde
desenvolvimentoeconômicoe social - educa<;ãodas J1lulheres,
atendimentomédicoe expansãodos meiosde sllstentodos po-
bres. Mas o tempoé escasso,e os paísesem <k~sellV(llviIllcnto
tambémterãodeadotarmedidasdiretasparareduzirli Il~nllldicla-
de, a fim denãoultrapassaremdemodoradicalseupotellcíalpro-
dutivocapazde sustentarsuaspopulações.Na verda<k.(l acesso
maioraosserviçosde planejamentofamiliaré CIIl si lllt"~;IlIO 1II11<l
60
!
,~:".'"
formade desenvolvimentosocial quedá:aoscasais,e principal;,
menteàsmulheres,o direitodeautodeterminação.
O crescimentopopulacionalnos países.em desenvolvimento
continuarádistribuídode formadesigualentreas áreasurbanase
rurais.Segundoprojeçõesda ONU, naprimeiradécadadqpróxi-
mo século,o tamanhoabsolutodaspopulaçõesruraisnamaioria
dos paísesem desenvolvimentocomeçaráa diminuir.Cercade
90% ,do aumento,no mundoem desenvolvimento,ocorreránas
áreasurbapas,cuja p0:lCulaçãodeverápassarde 1,15bilhãopara3,85bilhõesem2025. OO aumentoseráespecialmenteacentuado
naÁfrica, e emmenorgraunaÁsia.
As cidadesdospaísesemdesenvolvimentoestãocrescendotão
depressaqueas autoridadesnãotêmcomolidarcomo problema.
Faltamhabitações,água,saneamentoe transportede massa.Uma
proporçãocadavez maiorde habitantesdascidadesvive emha-
bitaçõesmiseráveise cortiços,expostamuitasvezesà poluiçãodo
, ar e da água,bemcornoa riscosnaturaise industriais.A deterio-
raçãodeve piorar, pois·o maIorcrescimentourbanose daránas
cidadesmaiores.Assim, se o ritmodo'crescimentopopu'Iacional
diminuir, quemmais lucrará serãoas cidades,que se tornarão
maisfáceisdeadministrar.
A própriaurbanizaçãoé partedo processodedesenvolvimen-
to. A questãoé controlaro processodemodoa evitarumaséria
deterioraçãoda qualidadede vida.Por issoé precisoestimulara
criaçãode centrosurbanosmenores,a fim dereduziraspressões
sobreasgrandescidades.Parasoluciónara iminen,tecriseurbana,
há queestimularos pobresa criaremseusprópriosserviçosurba-
nos e construíremsuasprópriascasas,e tambémencararde,modo
mais positivo o papeldo setorinformal,concedendo":'lhefundos
suficientesparao abastecimentode água,o saneamentoe outros
serviços.. ,,
2.3.5 Conservandoe melhorandoa basederecursos
Se quisermosatenderàs necessidadesnumabasesustentável,a
'fbasederecursosnaturaisdaTerratemdeserconservadae melho-
rada.Serão necessáriasamplasreformasde políticasparafazer
faceaosaltqsníveis deconsumOquehojeseverificamnomundo
industrializad6, aos aumentosde consumoindispensáveisao
atendimentode'padrõesmínimosnospaísesemdesenvolv~mento.
e à expectativade crescirpentopopulaeional.Mas a conservação
da rl'aturezanãodeveservistaapenascomoumdosobjetiyosdo
desenvolvimento.Ela é partede nossaobrigaçãomoralparacom
os demaisseresvivose asfuturasgerações.
61
A pressãosobreos recursosaumentaquandoaspessoasficam
semalternativas.As políticasdedesenvolvimentodevemdarmais
opçõesparaqueas pessoasdisponhamde ummeiodevidasus-
tentávelsobretudono casodefarruliascompoucosrecursose de
áreasondeexistedesgasteecológico.Numaregiãomontanhosa,
por exemplo,pode-sealiar o interesseeconômicoe a ecologia
ajudandoos agricultoresa trocaremassafrasdegrãospelascultu-
rasarb6reas;paraissoé precisodar-lhesconselhos,equipamento
e assistênciamercadol6gica.
Osprogramasparaprotegerasrendasdeagricultores,pescado-
rese silvicultorescontraasquedasdepreçoacurtoprazopodem
diminuirsua necessidadede explorarexcessivamenteos recur-sos.
A conservaçãodos recursosagrícolasé tarefaurgenteporque
emmuitaspartesdo mundoos cultivosjá seestenderamàsterras
marginais,e a pescae a silviculturaforamexploradasexcessiva-
mente.Tais recursosdevemser conservadose melhoradospara
atenderàs necessidadesde populaçõescadavezmaiores.O uso
daterranaagriculturae na silviculturadevebasear-senumaava-
liaçãocientíficadacapacidadedaterra,eo esgotamentoanualdo
solo arávele dosrecursospesqueirose florestaisnãodeveultra-
passaro índicederegeneração.
As pressõesquea lavourae a pecuáriaexercemsobrea terra
agricultávelpodemserempartealiviadassea produtividadeau-
,mentar.Mas melhorara produtividadedemodoimprevidentee a
curtoprazopodeprovocardiversasformasdedesgasteecol6gico,
comoa perdadediversidadegenéticadoscultivospermanentes,a
salinizaçãoe a alcalizaçãodasterrasirrigadas,apoluiçãoporni-
tratodaságuassubterrânease os resíduosdepraguicidasnosali-
mentos.Existemopçõesmaisbenignasdopontodevistaecológi-
co. Os·futurosaumentosde produtividade,tantonospaísesem
desenvolvimentoComonos desenvolvidos,deveriambasear-se
numusomaisbemcontroladode águae agroquímicos,e também
no uso maisextensivode adubosorgânicose praguicidasnão-
químicos.Essasalternativassó podemser estimuladaspor uma
políticaagrícolaquesebaseienasrealidadesecol6gicas.(Verca-
pítulo5.)
No tocanteà pescae a silviculturatropical,dependemosmuito
da exploraçãodasreservasnaturaisdisponíveis.É bempossível
quea produtividadesustentáveldessasreservassejainsuficiente
paraatenderà demanda.Nessecaso,seráprecisoadotarmétodos
queproduzammaispeixe,lenhae produtosflorestaissobcondi-
çõescontroladas.Podemserestimuladosos substitutosdelenha.
Os limitesextremosdo desenvolvimentoglobal talvezsejam
determinadospeladisponibilidadede recursoscnerg6ticosc pela
62
" I
~
''Trabalhocpmseringue~rasna Amazôniae estouaquiparafa-
lar daflorestatropical.
Vivemos dessafloresta que queremdestnâr. E querémos
aproveitarestaoportunidade,quandotantaspessoasestiíoaqui
reunidascom o mesmoobjetivode defendernossohabitat,de
conservarafloresta, aflorestatropical.
Na minhaárea,extra{mosdaflorestacercade14ou 15pro-
dutosnativos,alémdasoutrasatividadesqueexercemos.Acho
queissodeveriaserpreservado.Pois .l1ãoé só comgado,pasta-
gense estradasqueconseguiremosCJ desenvolvimentoda Ama-
zônia.
Quandoelespensamemderrubarárvores,semprepensamem
construirestradas,e asestradas,trazema destruiçãosoba más-.
cara doprogresso.Vamoscolocaresseprogressoondeas terras
já foram desmatadas,ondefalta mão-de-obra,ondeé preciso
achar trabalhopara aspessoas,e ondeéprecisofazer a cidade
crescer.Mas deixemosos quequeremvivernafloresta,queque-
remmantê-Iatalcomoé.
Não trouxenadaescrito.Não trouxenadaque~enhasidopre-
paradoemalgumescritório.Isto nãoéfilosofia. E apenasa ver-
dade,porqueissoéo quenossavidaé."
JaimedaSilvaAraújo
AssociaçãoNacionaldosSeringueiros
AudiênciapúblicadaCMMAD,SãoPaulo,28-~9deoutubrode1985capacidadeda biosferade absorveros..subprodutosdo uso de
energia.IIEsseslimitesenergéticospodemser atingidosmuito
maisdepressado queos limitesimpostosporoutrosrecursosma-
teriais.Primeiro,há problemasde abastecimento:o esgotamento
das reservasde petróleo,o altocustoe o impactoambientalda
mineraçãode carvão,e os riscosdatecnologianuclear.Segundo,
há problemasde emissão,especialmentea poluiçãoácidae o
acúmulode dióxidode carbono,quecausamo aquecimentoda
Terra.
É p~ssívelresolveralgunsdessesproblemasusando-semaisos
recursosenergéticosrenováveis.Mas a exploraçãode fontesre-
nováveis,comolenhae energiahidrelétrica,tambémpodetrazer
problemasecológicos.Por isso,asustentabilidaderequerumáên-
fasemaiornaconservaçãoe nousoeficientedeenergia. I
Os paísesindustrializadosprecisamreconhecerque·seucon-
~umodeenergiaestápoluindoabiosferae diminuindoasrel>ervas
já escassasdecombustívelfóssil.Foi possfvellilllilarUlllpOlICO o
consumodevido a melhoriasrecentesna did['lIcia elltTg6.ticac
(d
ao estÚDuloa setoresmenosenergia-intensivos.Mas é preciso
aceleraro processo,a fimdereduziro consumoper capitae es-
timulara buscadefontese tecnologiasnão-poluentes.Nãoé viá-
vel, nemdesejável,queo mundoemdesenvolvimentosimples-
menteadoteos mesmospadrõesdeconsumodeenergiadospaí-
ses industrializados.Umamudançadessespadrõesparamelhor
requernovaspolíticasdedesenvolvimentourbano,localizaçãode
indústrias,planejamentohabitacionale sistemasde transporte,
bemcomoa seleçãodetecnologiasagrícolase industriais.
o.s problemasde suprimentode recursosmineraisnão-com-
bustíveisaparentementesãomenores.Segundoestudosanteriores
a 1980,quesupunhamumademandaexponencialmentecrescente,
o problemasó surgiriano decorrerdo próximoséculo.12Desde
então,o consumomundialda maioriados metaispermaneceu
quaseo mesmo,o quelevaa crerqueos mineraisnão~combustí-
veis só se esgotarãonumprazoaindamaislongo.A históriado
desenvolvimentotecnológicotambémsugerequea indústriapode
se ajustarà escassezse houvermaioreficiênciano uso,nareci-
cIageme na substituição.Entre as necessidádesmaisimediatas
contam-sea modificaçãodaestruturadocomérciomundialdemi-
nérios,paradaraosexportadoresuma'participaçãomaiornovalor
adicionadodo usodeminerais,e a melhoriado acessodospaíses
em desenvolvimentoàs reservasde mineraisà medidaque sua
demandaaumente.
A prevençãoe a reduçãodapoluiçãodo ar~daáguacontinua-
rão sendoumpontocríticodaconservaçãode recursos.A quali-
dadedo ar e daáguaé ameaçadapelousode fertilizantese pra-
guicidas,despejosurbanos,queimade combustíveisfósseis,uso
dealgun0produtosquímicose váriasoutrasatividadesindustriais.
Tudo isso é capazde aumentarsubstancialmentea poluiçãoda
biosfera,sobretudonospaísesemdesenvolvimento.Limparo que
já foi poluídoé urnasoluçãocara.Assim,todos'ospaísespreci-
samprevere evitarprQblemasde poluição,e paratantopodem,
por exemplo,buscarpa'drõesdeemissãoque levememcontaos
efeitosa longoprazo,estimularastecnologiasquedeixempoucos
rejeitose prevero impactode novosprodutos,tecnologiasc re-
jeitos.
,
2.3.6 Reorientandoa tecnologiae administr,andoo risco
Paraalcançaressesobjetivos,seráprecisoreorientara tccllologia
- o vínculo-chaveentreos sereshumanose a natureza.Primeiro,
a capacidadede inovaçãotecnológicaprecisaserIllUitomnpliada
nospaísesemdesenvolvimento,a fim de queelespossamreagir
de modomaiseficaz aosdesafiosdo desenvolvimentosustcntú-
64
i
.l
ver. Segundo,é precisoalterara orientaçãodo desenvolvimento
tecnológico,de modoa concedermaioratençãoaos fatoresam-
bientais.
As tecnologiasdos países industrializadosnem-sempre-são
adequadasou fáceisde adaptaràscondiçõessócio-econômicase
ambientaisdos paísesemdesenvolvimento.Paraaumentaro pro-
blema,a maiorpartedapesquisae do desenvolvimentonomundo
dá poucaatençãoàs questõesprementesqueessespaísesenfren-
tam,comoa ,agriculturaemterrasáridase o controlededoenças
tropicflis,Não se estáfazendotudo.oqueé necessárioparaadap-
tar às necessida?esdos paísesem qesenvolvimentoas recentes
inovaçõesnos camposde tecnologiademateriais,conservaçãode
energia, informaçãotecnológicae biotecnologia.Tais lacunas
precisamserpreenchidaspor maiorincentivoà pesquisa,aopla-
nejamento,aoâesenvolvimentoe à especializaçãono Terceiro
Mundo.
Em todosos países,aspreocupaçõescom'os recursosambien-
taisdeveriamnortearos processosde invençãodetecnologiasal-
ternativas,de aperfeiçoamentodas tradicionais,e de escolhae
adaptaçãode tecnologiasimportadas. .A maiorparteda pesquisa
tecnológicafeita por organizaçõescorterciaisdedica-sea criare
processarinovaçõesque tenhamvalor de mercado.O queé ne-
cessário são tecnologiasque produzam"bens sociais", como
melhorqualidadedo ar ou produtosmaisduráveis,ou entãoque
solucionemproblemasque geralmentenãoentramnos cálculos
dasempresas,comoos custosexternosdapoluiçãoou dadestina-
çãodosresíduos.
Cabe às políticaspúblicasgarantir,mediav-teincentivose de-
sincentivos,que as organizaçõescomerciaisse empenhemem
considerarmais plenamenteos fatoresambientaisprêsentesnas
tecnologiaspor elasdesenvolvidas.(Ver Capítulo8.) As institui-
çõesde pesquisamantidascomverbasp1,Íblicastambémprecisam
recebertal orientação,e os objetivosdodesenvblvimentosusten-
tável e da proteçãoambientaldeveriarriconstardas atribuições
dasinstituiçõesqueatuamemáreasecologicamentesensíveis.
A criação de tecnologiasmais adequadasao meio ambiente
está diretamenteligada a questôcsde administraçflode riscos.
Sistetnas,çomoreatoresnucleares,redesdedistribuiçãodeeletri-
cidadee outrosserviços,sistemasdecomunicaçãoe detransporte
de massatornam-sevulneráveisca~osedesgastemalémde,deter-
minadamedida.Por estaremligadosemredes,ficamimunes,ape-
quenosproblemas,porémmaisvulneráveisa distúrbiosinespera-
dos que ultrapassemdeterminadolimite.Se seanalisaremçuicla-
dosamenteas vulnerabilidadesda implc1l1cntaçftodetccnologiase
as deficiênciasquejá apresentaram,e seseadotarempaclról~sele
ü5
"
"
"Os povosindígenassãoa basedo que,emminhaopinião,pode
ser chamadode o sistemade segurançado meioambiente.So-
.mosresponsáveispelo sucessooufracassoempouparnossosre-
cursos.Para muitosdenós,contudo,houvenosúltimosséculos
umasubstancialperda de controlesobrenossasteTTase águas.
Ainda somososprimeirosa tomarconhecimentodasmudanças
do meioambiente,masagorasomosos últimosa seremouvidos
ou consultados.
Somososprimeirosaperceberquandoasflorestasestãosen-
do ameaçddas;já quea economiadestepaísfaz delaso quebem
entende.E somosos últimosa opinarsobreo futuro de nossas
florestas. Somos os primeiros a sentir a poluição de nossas
águas,comopodematestarospovosOjibwaydasteTTasemque
nasci,no nortedeOntário.E, evidentemente,somososúltimosa
seremconsultadossobrecomo,quandoe ondedeveriamser to-
madasmedidaspara assegurara hannoniapara a sétimagera-
ção..
O 'máximoque aprendemosa esperaré ser compensados,
sempremuitotardee commuitopouco.Raramentesomoscha-'
madosa contribuircomnossaexperiênciae nossoconsentimento
para o desenvolvimentono sentidode evitara necessidadede
'sennoscompensados."-.
LouisBruyere
PresidentedoConselhoNativodoCanadá
AudiênciapúblicadaCMMAD,Ottawa,26-27demaiode1986
atividademanufatureirae planosde contingênciaparaas opera-
ções,asconseqüênciasdeumafalhaoudeumacidentepodemser
menoscatastróficas.
Não temsido aplicadacoerentementeàs tecnologiasou siste-
mas a melhoranálisede vulnerabilidadeo,!-de risco. Um dos
principaisobjetivosda amplaconcepçãode sistemasseriatornar
menosgravesasconseqüênciasdefalhasou sabotagem.Portanto,
sãonecessáriasnovastécnicase tecnologias- e tambémnovos
mecanismoslegaise institucionais- paraplanejara segurança,
preveniracidentes,traçarplanosde contingência,diminui•.osda-
nose daro auxílionecessário.
Os riscosambientaisresultantesdedecisõestccl10lógicase de-
senvolvimentistasrecaemsobreos indivíduosc astircasquetêm.
poucaou nenhumainfluênciasobreestasdecisões.Há pois que
leváremcontaseusinteresses.São necessáriosmeC;lI1iSlllOSins-
titucionaisdeâmbitonacionale internacionalparaavaliaros im-
pactospotenciaisde novastecnologias,antesqueelassetornem
66
\
,(
"A meuver, as questõesaqui apresentadassãomuitoamplase
vocêspodemter ou não ter respostaspara elas. Mas o fato de
ouviremtudoo quefoi aquiexpostopodeao menosdar-{hesuma
noçãodosproblemas.
Vocêspodemnão ter as respostasnemas soluções,maspo-
demsugerirmeiosderesolveressesproblemasfazendosugestões
aos governos,à ONU ou'aos 6rgãos internacionaisquantoà
melhormaneirade resolvê-los,ou seja,ouvindoaspessoasque
estãodiretamenteenvolvidas.Deveriamserouvidostodososque
se beneficiame também'todosos quesão.vítimasde qualquer
questãoliga4aaodesenvolvimento.
Acho quea únicacoisaqueaquiestamosouvindoouesperan-
do é talveza seguinte:queemtudoo quedigarespeitoao desen-
1, volvimentosejamouvidase consultadasas pessoasenvolvidas.
Se issofor feito, estarádadoao menoso primeiropassopara a
soluçãodoproblema."
. IsmidHadad
Red(ltor-chefedePrisma
AudiênciapúblicadaCMMAD,Jacarta,26demarçode1985
amplamentedifundidas;demodoagarantírquesuaprodução,seu
usoe seusresíduosnãodesgastemexcessivamente.os'recursosdo
meioambiente.Tais disposiçõessãonec~ssária~semprequehaja
intervençõesdemontanoSsistemasnaturais,comodesviodecur-
sos:de riosouderrubadadeflorestas.Alé,mçiisso,éprecisorefor-
çarascompensaçõespelosdanosinvoluntários.
2.3.7Incluindoomeioambienteeaeconomia
noprocessodedecisão
" O tem:;tcomumaessaestratégia.do desenvolvimentosustentávelé
,.. a necessidadede incluir consideraçõeseconômicase ecológicas
no processode tomadadedecisões..Afinal, economiae ecologia
estãointegradasnas atividadesdo mundoreal. Para tantoserá
precisomudaratitudese objetivose chegara novasdisposições
institucionaisemtodososníveis.
As preocupaçõeseconômicase as ecológicasnão se,opõem
necessariamente.As políticasqueconservama qualidadedaster-
rasagricultáveiseprotegemasflorestasmelhoramasperspéctivas
a longo prazode desenvolvimentoagrícola.Maior cficiênciano
usodematérias-primase energiapodeservira objetivosecol6gi-
cos,masta.rÍ1bémpodereduziros custoS.Muilns vezes,porém,a
m
compatibilidadeentreos objetivosambientaise econômicosfica
perdidaquandose buscao ganhoindividualou dealgumgrupo,
semdargrandeimportânciaao impactoqueistopodecausaraos
outros,acreditando-secegamenteque.a ciênciaencontrarásolu-
çõese ignorando-seasconseqüênciasquepoBerãoternumfuturo
distanteas decisõestomadashoje.A inflexibilidadedasinstitui-
çõesagravaessasituação.
Uma séria inflexibilidadeé a tendênciaa lidar isoladamente
com cadasetorou indústria,semreconhecer"a importânciados
vínculos intersetoriais.A agriculturamodernautiliza grandes
quantidadesde energiaproduzidacomercial~entee tambémde
produtosindustriais.Ao mesmotempo,o vínculomaistradicional
- o fato de a agriculturaserfontede matérias-primasparaa in-
dústria- estáse desfazendodevidoao uso,cadavez maisdisse-
minadodeprodutossintéticos.A ligaçãoent~energiae indústria
tambémestáse alterando,poishá umafortetendênciaa umuso
menosintensivode energianaproduçãoindustrialdospaísesin-
dustrializados.No Terceiro Mundo, contUdo,a transferência
gradualdabaseindustrialparaos setoresprodutoresdemateriais
básicosestálevandoa umusomaisintensivodeenergianapro-
duçãoindustrial.
Essasligaçõesintersetoriaiscriamcontextosdeinterdependên-
cia econômicae ecol6gicaqueraramentese refletemno modo
comoas políticassãoelaboradas.As organizaçõessetoriaisten-
dema buscarobjetivos'setoriaise a considerarseusefeitossobre
outrossetorescomoefeitoscolaterais,s6 os levandoemcontase
a issoforemobrigadas.Por issoos impactossobreasflorestasra-
ramentepreocupamos responsáveispelosrumosdaspolíticaspú-
blicasou dasatividadescomerciaisnasáreasde energia,desen-
volvimentofndustrial,agronomiae comércioexterior.Muitosdos
problemasde meioambientee de desenvolvimentocomquenos
.defrontamosoriginam-sedessafragmentaçãosetorialde'respon-
sabilidades.Para haverdesenvolvimentosustentável,é preciso
quetalfragmentaçãosejasuperada.
A sustentabilidaderequerresponsabilidadesmaisamplaspara
os impactosdasdecisões.Paratantosão necessáriasmudanças
nasestruturaslegaise institucionaisquereforcemo interesseco-
mum.Algumasdessasmudançaspartemda idéiaeleque um meio
ambienteadequadoà saúdee aobem-estaré essencialparatodos
os sereshumanos- inclusiveas futurasgerações.Essaperspec-
tiva colocao direitode usaros recursospúblicosc privadosem
,seucontextosocialapropriadoedámargema medidasmaiscspe-
;cíficas..
A lei, por si s6, nãopodeimporo interesseCOll1UII1.Estere-
querprincipalmentea conscientizaçãoe o apoioda(,Olllllllidlldc,
68
: i
~i
! ''.
"Não.fai muitadifícil juntar a lobby ambientalda Nartee
a lobbydesenvalvimentistadaSul.E agara.defato.,a distinção.
entreambasjá não.é tão.clara,e elesestão.chegando.a ymcçn-
senso.sabreatemadadesenvalvimentasustentável.
.Já temosos tijalasparaa canstruçãa.A preacupaçãocama
meiaambienteé camuma ambasaspartes.A preacupaçãahu-
manitáriaécamuma ambasaspartes.A diferençaestánosmé-
tadasempregadose nomaiaraumenorempenhocamquecada
umadelasbuscasatisfazerseuinteresseecanômicamediantea
prosessadeassistênciáao.desenvalvimenta.
E tempo.depreencheressalacuna,parmotivaspalíticasbas-
tantepragmáticas:Emprimeiralugar,aspessaasdoNartenão.
queremverseusimpastasdesperdiçCuias.Segunda,não.querem
veraumentarapabrezae abviamentesepreacupamcama meia
ambiente,sejaa,daNarte,andevivem,auadaSul.E amaiaria
daspessaasdaSul não.quersaluçõesdecurtaprazo.,quelago.
ficamsuperadas.
Na verdade,existenocanceitadedesenvalvimentasustentável
uma.camunhãapalíticade interessesentrea Nartee a Sulque
padeservircamopantadepa'!ida."
RichardSanclbrook.,
InstitutoInternacionalparao MeioAmbienteeo Desenvolvimento
AudiênciapúblicadaCMMAD, Oslo;-24-25dejunhode1985
o queimplicamaiorparticipaçãopúblicanasdecisõesqueafetam ('
o meioambiente.O melhormodode seconseguir.issoé descen-
tralizara administraçãodos recursosde quedependemascomu-
nidadeslocais, dando-Ihesvoz ativano tocanteao'Usodessesre-
cursos.Tambémé precisoestimularas iniciativasdos cidadãos,
dar.maispoderesàs organizaçõespopularese fortalecera demo-
cracia10cal.13.;:,·,·
Alguns projetosde grandeescala,contudo,demandampartici-
paçãonUl'9abasediferente.Pesquisase audiênciaspúblicassobre
os impactosçlodesenvolvimentoe do meioambientepodemcon-
tribuir emmuitoparachamara atençãoparapontosde vistadi-
versos.O livre acessoa informaçõesimportantese a disponibili-
dadede fontesalternativasdeknaw-hOlvtécnicopodemconstituir
umaboa baseparaa discussãopública.Quandoumprojefopro-
postotemgrandeimpactosobreo meioambiente,o casodeNeser
obrigatoriamentesubmetidoao escmtíniopúblicoc, sempreque
possível, a decisãodeveriaser subITlctidaà aprovaçãoptíblica,
talvezpormeiodereferendo.
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,I
Tambémé precisahavermudançasnasatitudese nasprocedi-
mentasdasempresastantapúblicasquantaprivadas.Alémdissa,
a regulamentaçãareferenteaa meiaambientetemde ir além,das
castumeirasregulamentaçõesde segurança,leisdezaneamentae
de cantroleda paluiçãa;as .objetivasligadasaa meiaambiente
devemestarembutidasnatributaçãa,na aprovaçãapréviadein-
vestimentase escalhadetecnalagias,nas incentivasaacamércia
exteriar,enfim,emtadasas campanentesdaspalÍticasdedesen-
valvimenta.
É necessáriaharmani~aremnívelinternacianala integraçãade
fataresecanômicase eCQlógicasnas sistemaslegale decisória
das países.O aumentada cansumade cambustívele matérias-
primastarnamaisestreitasas vínculasfísicasentreas ecassiste-
masdediferentespaíses.Tambémaumentamasinteraçõesecanô-
nucasmediantea camércia,a financiamenta,a investimentae a ~
intercâmbia,intensificandaassima interdependênciaecanônlÍcae
ecalógica.Na futuro,talvezmaisqueagara,a desenvalvimenta
sustentávelvai exigira unificaçãadaecanamiae daecalagianas
relaçõesinternacianais,camaveremasnapróximacapítula.
2.4 CONCLUSÃO
Em seusentidamaisampla,a estratégiadadesenvalvimentasus-
tentávelvisa a promavera'harmaniaentreassereshumanose
entrea humanidadee a natureza.Na cantextoespecíficadascri-
sesda desenvolvimentae da meiaambientesurgidasnosanas80
- queàSatuaisinstituiçõespalíticase ecanônlÍcasnacianaise in-
tei:r>acianaisaindanãacanseguirame talveznãacansigamsupe-
rar-'a buscadadesenvalvimentasustentávelrequer:
o umsistemapalíticoqueassegurea efetivaparticipaçãodasci-
dadãasnaprocessadecisória;
G um sistemaecanônlÍcacapaz de gerarexcedentese know-
howtécnicaembasescanfiáveise canstantes; .
e um sistemasacialquepassaresalveras tensõescausadaspar
umdesenvalvimentanãa-equilibrada;
o umsistemadepraduçãaquerespeitea abrigaçãadepreservara
baseecalógicadadesenvalvimenta;
o umsistematecnalógicaquebusquecanstantementenavassalu-
ções;
G um sistemainternacianalqueestimulepadrõessllstcntáv(~isele
camérciae financiamenta;
o umsistemaadministrativaflexívele capazde<lutocorrígir-sc.
Estes requisitastêmanteso caráterde .objetivosqlle devem
inspirara açãanacionale internacianalparao desellvolvimenta.
70
O impartanteé queesses.objetivassejambuscadascamsinceri-
dadee queas eventuaisdesviassejamcarrigidascameficiência.
Nofus
1 UNCTAD. Handbookof internationaltradeanddevelopmentstatistics
1985supplement.NewYork,1985.
2Ibid.
3 Departmentof lnternationalEconomicandSocialAffairs(Diesa).Dou-
blingdevelopmentfinance;meetinga globalchallenge,viewsandrecom-
mendationsof theCommitteefor DevelopmentPlanning.New York,
UnitedNations,1986.
4 Umexemplodeumadecisãocomoessadeabandonarumprojetodede-
senvolvimentonointeressedaconservaçãoambienta!é a interrupçãodo
ProjetoHídricodoValedoSilêncio,naÍndia. '
5 Baseadoemdadosde:BancoMundial.Relatóriosobreo desenvolvi-
, mentomundial1984.RiodeJaneiro,FundaçãoGetulioVargas,1984.
'. 6 BaseadoemdadosdoconsumopercapitaextraídosdaFAO (production
Yearbook1984.Rome,1985)e emprojeçõesdemográficasdo Diesa
(Worldpopulationprospectsestimatesandprojectionsasassesscdin /984.
NewYork,UnitedNations,1986.)
7 FAO. Fllel}Vbodsllppliesin thedevelopingcouniriá. Rome,19~3.(Fo-
restryPapern.42.)
8Diesa.Worldpopulationprospects...cit.
9lbid. ',.
10Ibid. '
11Hiifele,W.& Sassin,W.Resourcesand,endowments,anoutlineof fu-
tureenergysystems.ln: Hemily,P.W.& Ozdas,M.N.,ed.Scienceand
futurechoice.Oxford,ClarendonPress,1979. '
12Ver,porexemplo:OECD.Interfutures;facingth~future.Paris,1979;
CouncilonEnvironmentalQualityandUSDepartmen1iofState.TheGlo-
bal2000reporttolhepresident;enteringthetwenfy-frrstccntury,thete-
chnicalreportoWashington,D.C.,US GovernmentPÍintingOffice,1980.
v.2..
13Ver:Formunicipalinitiativeandcitizenpower.ln: lnderêha.La cam-
paliaverdey losconcejosverdes.Bogotá,Colombia,1985.
71