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Memória Cristiane Guimarães Memória “A memória é o único paraíso do qual não podemos ser expulsos.” (Johann Paul Richter 1763-1825) Memória “ É preciso começar a perder a memória, mesmo que seja em relação a ninharias, para perceber que é dela que é feita nossa vida. Vida sem memória não é vida...A memória é nossa coerência, nossa razão, nossa sensibilidade, e até mesmo nossa ação. Sem ela nada somos...(Só me resta esperar pela amnésia final, aquela que apaga uma vida inteira, como apagou a de minha mãe...)” Luis Bunñuel Memória É ela que nos dá a sensação de continuidade da qual depende nossa própria noção de eu. Quando pensamos no que significa ser humano, precisamos reconhecer a importância central da memória. Memória Parece que devemos à memória quase tudo que temos ou somos; que nossas ideias e concepções são obra sua e que nossa percepção, nosso pensamento e nossos movimentos cotidianos provêm dessa fonte. A memória reúne os inúmeros fenômenos de nossa existência em um todo único; e assim como nossos corpos se dispersariam na nuvem de seus átomos componentes, se estes não fossem mantidos juntos pela atração da matéria, também nossa consciência se fragmentaria em tantos fragmentos quanto os segundos que vivemos, não fosse pela força de ligação e unificação da memória (Hering 1920) Memória Três grandes distinções: A) Três estágios – codificação, armazenamento e recuperação B) Diferentes memórias para armazenar informações por períodos longos e curtos; C) Diferentes memórias para armazenar diferentes tipos de informação (p.ex. um sistema para fatos e outro para habilidades). Memória Três estágios(A) Codificação ( transformação do estímulo em um tipo de código ou representação que a memória aceita e que você coloca na memória Armazenamento ( retenção Recuperação ( resgate do armazenamento Memória A memória pode falhar em qualquer um desses estágios Diversos estudos recentes sugerem que os diferentes estágios da memória são mediados por estruturas cerebrais diferentes. Memória Os três estágios não operam da mesma forma em todas as situações A memória parece diferir entre situações que exigem que armazenemos material por uma questão de segundos daquelas que nos exigem armazenar material por intervalos mais longos. Diz-se que no 1º caso utilizamos a memória de operação e no 2º caso a memória de longo prazo (B) Memória Memória Icônica ou sensorial (B) Existe um outro sistema de armazenamento de curto prazo que difere da memória de operação ( ele mantém uma imagem sensorial detalhada de qualquer estímulo que recém tenha sido apresentado Somente por algumas centenas de milissegundos (caso da 12 letras que aparecem brevemente numa tela) A memória icônica é útil para estender a duração de estímulos apresentados brevemente, mas desempenha um papel muito menor no pensamento e na recordação consciente do que os sistemas de memória anteriores Memória Memória de operação e a memória de longo prazo são implementadas por estruturas cerebrais um pouco diferentes Hipocampo (( memória de longo prazo Parte frontal do córtex (lobos pré-frontais) ( memória de operação Qual a evidência desta distinção em humanos? Pessoas que sofreram danos acidentais oferecem “experimento da natureza” Memória Memórias diferentes para diferentes tipos de Informação (C) Parecemos usar uma memória de longo prazo para armazenar fatos (como quem é o atual presidente) e outra para guardar habilidades (por exemplo andar de bicicleta) Memória Memória explícita ( é a que compreendemos melhor e que será o foco de nosso estudo É aquela em que uma pessoa recorda conscientemente um evento no passado, sendo que essa recordação é experimentada como ocorrendo em um determinado tempo e lugar Memória A memória de operação consiste em memórias que são armazenadas por apenas alguns segundos Mesmo esta memória envolve os três estágios (cod., armaz., recuperação) 1) Codificação – precisamos dar atenção a informação. Muitos problemas de memória são realmente lapsos de atenção Codificação – quando a informação é codificada na memória ela é registrada em algum código ou representação Memória 1) Codificação Representação visual – imagem mental Representação fonológica – sons Representação semântica – baseada no significado Pesquisas indicam que podemos usar qualquer uma dessas possibilidades para codificar informações na memória de operação, embora favoreçamos o código fonológico quando estamos tentando manter a informação ativa através de ensaio, ou seja, repetindo um item diversas vezes Memória 1) Codificação visual – caso seja necessário também podemos manter itens verbais em um formato visual Quando uma pessoa precisa guardar itens não-verbais (tais como imagens que são difíceis de descrever e, portanto, difíceis de ensaiar fonologicamente) o código visual torna-se mais importante Memória Dois sistemas de Memória de Operação Memória de operação consiste em duas reservas ou buffers distintos Buffer fonológico – que armazena informações brevemente em um código acústico Buffer visuoespacial – que armazena brevemente informações em um código visual ou espacial Memória 2) Armazenamento A capacidade da memória de operação é limitada (talvez 7 itens) Extensão da memória – número máximo de itens que o indivíduo é capaz de recordar, em ordem perfeita Recodificação – recodificar material novo em unidades maiores e significativas e armazenar essas unidades na memória de operação Memória Esquecimento Ocorre ou porque os itens “decaem” com o passar do tempo ou porque são substituídos por novos itens na memória de operação 3) Recuperação Quanto mais itens existem na memória de operação mais lenta torna-se a recuperação Memória A memória de operação desempenha uma importante função no pensamento Quando estamos conscientemente tentando resolver um problema, muitas vezes usamos a memória de operação para armazenar partes do problema bem como informações acessadas da memória de longo prazo que se relacionam com o problema Memória A memória de operação também é crucial para processos de linguagem como acompanhar uma conversa ou ler um texto Quando lemos para compreender, muitas vezes devemos conscientemente relacionar as novas frases algum material anterior no texto Memória Transferência da memória de operação para memória de longo prazo A memória de operação serve também como estágio intermediário para a memória de longo prazo A informação pode existir na memória de operação enquanto está sendo codificada ou transferida para a memória de longo prazo Ensaio – repetição consciente de informações na memória de operação Ensaio de manutenção – esforços ativos para manter a informação na memória de operação Memória Ensaio de elaboração – esforços para codificar a informação na memória de longo prazo Resumindo ( a memória de operação é um sistema que pode manter aproximadamente 7 – 2 unidades de informação em formato fonológico ou visual. A informação se perde na m op por desaparecimento ou por substituição, e é recuperada desse sistema por um processo que é sensível ao numero total de itens que estão sendo mantidos ativos em determinado momento. A m op é usada para armazenar e processar informações necessárias durante a resolução de problemas e portanto é fundamental para o pensamento. Memória Memória de longo prazo Está envolvida quando a informação precisa ser retida por intervalos tão curtos quanto alguns minutos ou durante uma vida inteira Codificação, armazenamento e recuperação da memória de longo prazo Codificação - para material verbal, a representação dominante é baseada nos significados – vc se lembra do significado do que ouviu ou leu, e não da frase exatamente que viu ou ouviu Memória Codificação – outros códigos também podem serusados: fonológico por exemplo. Quando ouvimos alguém no telefone dizer alô, podemos reconhecer a voz Acréscimo de conexões significativas – quanto mais profunda ou minuciosamente o significado é codificado, melhor será a memória resultante Se você precisa memorizar um ponto de um texto, você irá recordá-lo melhor concentrando-se em seu significado e não nas palavras exatas Memória Recuperação - muitos casos de esquecimento da mlp resultam da perda de acesso à informação e não da informação propriamente dita Uma memória fraca muitas vezes reflete uma falha na recuperação e não no armazenamento Algumas informações não estão perdidas somente é difícil chegar até elas Quanto melhores as pistas de auxílio melhor nossa memória Memória Dois fatores de codificação também aumentam as chances de recuperação bem-sucedida A) organizar a informação no momento da codificação B) garantir que contexto em que a informação é codificada seja semelhante àquele no qual ela é recuperada (voltar ao local do crime) Memória Memória Interferência – fator que pode prejudicar a recuperação Por exemplo: número novo de telefone do amigo atrapalha a recuperação do número velho Modelos de recuperação – alguns modelos se baseiam na ativação e outros em processos de busca Memória Armazenamento ( Nem todo esquecimento se deve a falhas de recuperação. É praticamente certo que se perca alguma informação no armazenamento (caso da pessoa que recebe eletrochoques) Memória Fatores emocionais no esquecimento Pesquisas sugerem que a emoção pode influenciar a memória de longo prazo de cinco maneiras distintas: Ensaio ( ensaiamos e organizamos mais as memórias estimulantes do que as memórias mais amenas. A memória é melhor para situações emocionais do que desprovidas de emoção Memórias instantâneas ( é um registro vívido e relativamente permanente das circunstâncias em que soubemos de um evento significativo carregado de emoção Memória 3) Interferência na recuperação por ansiedade ( emoções negativas obstruem a recuperação. Caso do estudante fazendo prova que não sabe a 1ª pergunta. A ansiedade não causa diretamente falha de memória, ela está associada a pensamentos alheios, e estes provocam falha de memória ao interferirem na recuperação 4) Efeitos de contexto ( a recordação é melhor quando a emoção dominante durante a recuperação igualava-se àquela durante a codificação . Se o material que estamos aprendendo nos provoca tristeza, talvez possamos melhor recuperar quando nos sentirmos tristes outra vez Memória 5) Repressão ( Experiências traumáticas estão reprimidas no ICS e só podem ser recuperadas quando parte da emoção associada a elas é abrandada Memória Esquematizando... Memória Memória Implícita ( manifesta-se em habilidades e aparece como um aperfeiçoamento no desempenho de alguma tarefa perceptiva, cognitiva ou motora, sem recordação consciente das experiências que levaram ao aperfeiçoamento (palavras reconhecidas de uma língua estrangeira) Memória explícita ( é a que compreendemos melhor e que será o foco de nosso estudo É aquela em que uma pessoa recorda conscientemente um evento no passado, sendo que essa recordação é experimentada como ocorrendo em um determinado tempo e lugar – slide 12 Memória Memória Memória Explícita Episódica fatos episódicos referem-se a episódios pessoais. A recordação de sua formatura ou o jantar de ontem. O episódio é codificado em relação a você, o indivíduo, e muitas em relação a um tempo bem como a um local específico. Memória Memória Explícita Memória semântica memória ou conhecimentos de que a palavra “solteiro” significa não-casado e que setembro tem 30 dias, está codificada em relação a outras informações e não em relação a você mesmo. Esta distinção (memória semântica e episódica) combina com o fato de que embora os amnésicos tenham severa dificuldade para lembrar-se de episódios pessoais, eles parecem relativamente normais em seu conhecimento geral Memória Amnésia ( profunda incapacidade de lembrar eventos do dia-a-dia e, consequentemente, de adquirir novas informações fatuais – amnésia anterógrada Amnésia retrógrada – incapacidade de recordar eventos que ocorreram antes do dano ou da doença Amnésia infantil – inicialmente estudada por Freud Memória Memórias falsas recuperação total ou parcialmente alterada de acontecimentos Histórias de abuso sexual na infância Alienação parental
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