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DIREITO AMBIENTAL

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Direito Ambiental
Direito Ambiental
Caro Aluno:
Você recebe diariamente informações através da mídia sobre as 
múltiplas agressões ao meio ambiente. Os ambientalistas manifestam pre-
ocupações com o equilíbrio do planeta e com a garantia da qualidade 
de vida para presente e as futuras gerações. Os gestores públicos e os 
operadores do direito cada vez mais são instados ao enfrentamento das 
questões jurídicas da tutela ambiental. Nesse cenário, o Direito Ambiental, 
como ramo da ciência jurídica, penetra horizontalmente em várias áreas 
do conhecimento, buscando instrumentos capazes de prevenir os danos 
ambientais e remediar a degradação ambiental.
A disciplina de Direito Ambiental tem por escopo proporcionar-lhe in-
formações e o domínio de algumas ferramentas que promovam o desen-
volvimento de competências que o habilite ao enfrentamento de conflitos 
ambientais.
O programa desta disciplina é distribuído em capítulos e unidades. 
Aconselho-o a dedicar muita concentração ao autoestudo aqui proposto, 
a fim de poder elaborar seu próprio conhecimento a partir da leitura, dos 
exercícios e do diálogo nos encontros presenciais.
Cada capítulo tem, além do desenvolvimento do conteúdo, Referências 
e Autoavaliação. Quando a tarefa indicar um material suplementar, este 
deverá ser buscado na obra referida, no Site indicado ou na biblioteca 
virtual da plataforma de ensino-aprendizagem.
A seção Referências fornece subsídios extras para a compreensão e 
aprofundamento dos temas estudados. Certamente, tais leituras possibilita-
rão um maior aproveitamento do programa aqui desenvolvido.
Apresentação
iv Apresentação
Finalmente, a Autoavaliação é proposta com base nas competências 
desenvolvidas ao longo do capítulo, tendo como objetivo direcionar o seu 
processo de reflexão relativa à aprendizagem que vem realizando, e não 
apenas avaliar seus conhecimentos em termos de conteúdo.
Parabéns por aceitar este desafio. Os resultados da caminhada que 
agora inicia serão vistos na gestão das questões ambientais e no enfrenta-
mento dos seus conflitos.
Bom trabalho!
Prof. Paulo Régis Rosa da Silva1
1 Mestre em Direito do Urbanismo e do Meio Ambiente, Especialista em Ciências 
da Educação, Professor no Pós-Graduação e Graduação em Direito Ambiental e 
de Direito Administrativo.
 1 Campo de Incidência da Tutela Ambiental .............................1
 2 Princípios Básicos de Direito Ambiental ...............................12
 3 Aspectos da Evolução HIstórica Legislativa do 
Meio Ambiente no Brasil .....................................................49
 4 Definições Legais de Meio Ambiente, Degradação da 
Qualidade Ambiental, Poluição, Poluidor e Recursos 
Ambientais .........................................................................60
 5 Repartição Constitucional de Competências 
Ambientais no Brasil ...........................................................75
 6 Estudo Prévio de Impacto Ambiental....................................94
 7 Licenciamento Ambiental ..................................................129
Sumário
Capítulo 1
Campo de Incidência da 
Tutela Ambiental
ÂÂNeste capítulo procurar-se-á demonstrar o campo de incidência da proteção ambiental. Ao contrário do 
que se possa pensar o meio ambiente não fica limitado 
aos recursos da natureza. Ele abrange também os aspec-
tos urbanísticos, culturais e laborais. Dessa forma, pode-
-se dividir o ambiente em: a) ambiente natural; b) ambien-
te artificial; c) ambiente cultural; e d) ambiente laboral.
2 Direito Ambiental
O Ministro Celso de Mello em voto proferido no Supremo 
Tribunal Federal1 conceituou meio ambiente como:
Um típico direito de terceira geração que assiste, de 
modo subjetivamente indeterminado, a todo o gênero 
humano, circunstância essa que justifica a especial obri-
gação – que incumbe ao Estado e à própria coletividade 
– de defendê-lo e de preservá-lo, em benefício das pre-
sentes e futuras gerações.
1. Meio ambiente natural
O meio ambiente natural é o mais conhecido pela comuni-
dade em geral. Aliás, quando se fala em meio ambiente a 
primeira lembrança é a do ambiente natural. Incluem-se no 
contexto do ambiente natural as águas, o solo, o subsolo, o 
ar, a flora e a fauna.
Um dos temas que tem merecido elevada preocupação dos 
ambientalistas versa sobre a necessidade de protegerem-se as 
unidades de conservação. Segundo o Ministério do Meio Am-
biente2 o Brasil dispõe hoje de um extenso quadro de unidades 
de conservação. As unidades de conservação totalizam 8,13% 
do território nacional. Para que se tenha uma ideia da dimen-
são das unidades de conservação federais administradas pelo 
IBAMA, o território por elas ocupado soma aproximadamen-
1 STF: Julgamento do MS 22.164-0-SP, j. 30.10.95.
2 Site do Ministério do Meio Ambiente: http://www.mma.gov.br/
Capítulo 1 Campo de Incidência da Tutela Ambiental 3
te 45 milhões de hectares. Ademais, há um grande numero 
de unidades de conservação administrada pelos Estados, cuja 
área total é de aproximadamente 22 milhões de hectares.
Tema que também tem despertado largo interesse é o que 
se refere aos Parques Nacionais. O Brasil possui inúmeros par-
ques nacionais de grande beleza e importância ecológica. A 
título ilustrativo citam-se alguns Parques Nacionais: a) Parque 
Nacional da Lagoa do Peixe, situado no litoral do Estado do Rio 
Grande do Sul, nos Municípios de Tavares, Mostardas e São 
José do Norte; b) Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, 
situado na região norte do Estado de Goiás, nos Municípios 
de Alto Paraíso de Goiás e Cavalcante; c) Parque Nacional 
dos Lençóis Maranhenses, situado no litoral norte do Estado 
do Maranhão, nos Municípios de Barreirinhas e Primeira Cruz.
Meio Ambiente Natural
4 Direito Ambiental
Para uma melhor elucidação sobre aspectos do ambiente 
natural, recomenda-se visitar o Site do Ministério do Meio Am-
biente3, o qual trata da proteção das Áreas Úmidas.
2. Meio ambiente artificial
O meio ambiente artificial é formado pelo ambiente das cida-
des. O contexto das cidades é constituído pelo espaço urbano 
construído, que compreende o conjunto de edificações e dos 
equipamentos públicos. Cada vez mais as pessoas vivem em 
ambientes formados pela criatividade humana, tais como pré-
dios residenciais, centros profissionais e shopping center etc..
Shopping Rio Sul – RJ
3 http://www.mma.gov.br/port/sbf/dap/ramsar5.html
Capítulo 1 Campo de Incidência da Tutela Ambiental 5
A Constituição Federal trata o meio ambiente artificial no art. 
21, inciso XX, nos arts. 182 e 183, bem como no art. 225.
3. Meio ambiente cultural
O art. 216 da Constituição Federal conceitua o meio ambiente 
cultural. Veja-se bem:
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os 
bens de natureza material e imaterial, tomados indivi-
dualmente ou em conjunto, portadores de referência à 
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos for-
madores da sociedade brasileira, dos quais se incluem:
I – as formas de expressão;
II – os modos de criar, fazer e viver;
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
6 Direito Ambiental
IV- as obras, objetos, documentos, edificações e demais 
espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, pai-
sagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecoló-
gico e cientifico.
O patrimônio cultural brasileiro assume grande expressão 
em Ouro Preto – MG. Visite o Site: http://www.travel-earth.
com/brazil/ouro-preto.jpg
A história de um povo, a sua formação e cultura, é o que 
chamamos de patrimônio cultural. Normalmente esses elemen-
tos estão identificados nos costumes, nas danças e músicas 
populares ou folclóricas. Vale aqui lembrar o brocardo popu-
lar: povosem história é povo sem memória. Nos Sites abaixo, 
pode-se ter a ideia de algumas manifestações que integram o 
patrimônio cultural brasileiro, como a Festa em Parintins – AM4, 
o Oficio das Baianas do Acarajé5 e o Círio de Nazaré:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Festival_Folcl%C3%B3rico_
de_Parintins
4 Parintins, localizada a 392 quilômetros de Manaus, na ilha de 
Tupinambarana, à margem direita do rio Amazonas, é um dos principais 
celeiros culturais da Amazônia. O Boi-bumbá, tradição celebrada, 
inicialmente, como uma festa no meio da rua, atualmente, reúne uma 
multidão de 40.000 pessoas, em um bumbódromo, que assistem à disputa 
entre os dois bois, representados pelos grupos Vermelho, ou Garantido, e 
Azul, ou Caprichoso.
5 O ofício das baianas do acarajé foi declarado patrimônio cultural 
do Brasil no início deste ano. Quando anunciado, equívocos em torno 
do “tombamento do acarajé” e outros mal-entendidos esconderam a 
valorização de uma profissão feminina historicamente presente no país: as 
baianas de tabuleiro.
Capítulo 1 Campo de Incidência da Tutela Ambiental 7
:: Patrimônio – Revista Eletrônica do IPHAN::
http://portal. iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.
do?id=725
Meio Ambiente Histórico e Cultural
4. Meio Ambiente Laboral
Meio Ambiente Laboral
(fonte: Clip-Arts e mídia Microsoft Office Online)
8 Direito Ambiental
O local onde os seres humanos executam suas atividades 
de trabalho constitui um ambiente o qual se denomina de am-
biente laboral. Este pode estar exposto à incidência de agen-
tes físicos, químicos e biológicos que poderão comprometer a 
saúde dos trabalhadores.
A Constituição Federal contempla a tutela ao meio ambien-
te do trabalho no seu art. 200, inciso VIII, ao estabelecer que:
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, alem de 
outras atribuições, nos termos da lei:
[...]
VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele 
compreendido o do trabalho.
Para arrematar a análise do campo de incidência do direito 
ambiental, é necessário lembrar que o meio ambiente é reco-
nhecido como um bem juridicamente autônomo. Assim sendo, 
o meio ambiente deve ser caracterizado como um bem jurídico 
unitário, através de uma visão sistêmica e global, abrangendo 
os elementos naturais, o ambiente artificial, o ambiente cultu-
ral e o ambiente laboral.
Página interativa
Leia o § 4º do art. 225 da Constituição Federal de 1988, 
identi fique, pelo menos 01 (uma) área de cada um dos bio-
mas, considerados como patrimônio nacional, procurando 
localizá-la geograficamente.
Capítulo 1 Campo de Incidência da Tutela Ambiental 9
Referência comentada
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 
São Paulo: Malheiros, 2008, pp. 929/98.
No Título XIII – Patrimônio Cultural – Aspectos Jurídicos da 
obra acima referida, o Autor conceitua cultura, analisa 
o patrimônio cultural nas Constituições Republicanas, na 
Constituição de 1988, nas Constituições dos Estados e no 
Direito Comparado, o Registro de Bens Culturais de natu-
reza imaterial, bem como o instituto do Tombamento. Para 
o domínio desse tema é importante analisá-lo.
Referências
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 
São Paulo: Saraiva, 2007.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 
São Paulo: Malheiros, 2005.
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente: doutrina, jurisprudência, 
glossário. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Disponível em http://
www.mma.gov.br/port/sbf/dap/ramsar5.html, acesso em 
07.06.08.
ROCHA, Julio Cesar de Sá da. Direito Ambiental do Trabalho. 
São Paulo: LTr, 2002.
10 Direito Ambiental
SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. São 
Paulo: Malheiros, 1997.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Julgamento do MS 22.164-0-
SP, j. 30.10.95.
Autoavaliação
Examine as sentenças abaixo, assinalando verdadeira (V) ou 
falsa (F).
 1. O bem que compõe o chamado patrimônio natural traduz 
a história de um povo, a sua formação, cultura e, portan-
to, os próprios elementos identificadores de sua cidadania.
 2. A revolução industrial representa um marco importante na 
instituição do trabalho assalariado, o qual ocorreu duran-
te o século XVIII. É indiscutível que a revolução industrial 
influiu decisivamente na mudança de vida das pessoas. 
Novas tecnologias foram descobertas, inclusive no cam-
po da química. Na evolução tecnológica, bem como no 
aperfeiçoamento das relações de trabalho foi necessário a 
avaliação da variável ambiental.
 3. Um dos maiores conjuntos barrocos da humanidade está 
situado na Cidade de Ouro Preto – MG, a qual foi de-
clarada com Patrimônio Cultural da Humanidade pela 
UNESCO. Pode-se afirmar, com plena convicção, que a 
proteção desse patrimônio está inserido no campo de inci-
dência da tutela ambiental.
Capítulo 1 Campo de Incidência da Tutela Ambiental 11
 4. Assinale a alternativa correta:
I – Meio ambiente é a interação do conjunto de elemen-
tos naturais e artificiais que propiciem o desenvolvimen-
to equilibrado da vida em todas as suas formas.
II – Meio ambiente abrange apenas as relações do ho-
mem com os seres vivos, animais e vegetais.
III – Os bens culturais e laborais não estão incluídos no 
campo de incidência da proteção do meio ambiente.
a) Somente a alternativa II está correta.
b) Somente a alternativas I está correta.
c) Somente as alternativas II e III estão corretas.
d) Todas as alternativas estão corretas.
e) Nenhuma alternativa está correta.
Respostas
1. F; 2. V; 3.V; 4. B
Capítulo 2
Princípios Básicos de 
Direito Ambiental
ÂÂ Segundo o Vocabulário Jurídico de Plácido e Silva
1: 
“Princípios jurídicos, sem dúvida, significam os pontos 
básicos, que servem de ponto de partida ou de elementos 
vitais do próprio Direito. Indicam o alicerce do Direito.”
1 Plácido e Silva. Vocabulário Jurídico. São Paulo: Forense, 1973, p. 1220.
Capítulo 2 Princípios Básicos de Direito Ambiental 13
Dessa forma, os princípios constituem a base de sustenta-
ção do Direito. Eles dão sustentabilidade para as leis. São eles 
as pedras basilares dos sistemas político-jurídicos dos Estados 
civilizados.
Para Celso Antônio Bandeira de Mello2, princípio é o:
[...] mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro ali-
cerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre 
diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo 
de critério para sua exata compreensão e inteligência, 
exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sis-
tema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá 
sentido harmônico.
Neste Capítulo serão analisados oito princípios. Cabe sa-
lientar que os princípios aqui enfocados não constituem a to-
talidade dos princípios enfrentados pelos autores. Aliás, não 
há uma unanimidade dos autores ao elegerem os princípios 
do Direito Ambiental. Cada autor dá ênfase a certos princí-
pios ou, até mesmo, reúne mais de um princípio sob a mes-
ma nomenclatura. Dessa forma, esta análise limitar-se-á aos 
princípios a seguir arrolados, os quais são reputados como de 
grande importância no estudo e na compreensão do Direito 
Ambiental.
 1. Princípio do Desenvolvimento Sustentável
 2. Princípio da Prevenção e da Precaução
2 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, São Paulo: 
Malheiros, 1993, pp. 451/452.
14 Direito Ambiental
 3. Princípio do Poluidor-Pagador e do Usuário-Pagador
 4. Princípio da Participação e da Cooperação
 5. Princípio da Informação
 6. Princípio da Educação Ambiental
1. Princípio do desenvolvimento 
sustentável
O Princípio do Desenvolvimento Sustentável pode ser resumi-
do no direito que os seres humanos possuem de poder desen-
volver-se e realizar suas potencialidades, sejam elas individu-
ais ou coletivas, assegurando às futuras geraçõesuma vida 
saudável e um ambiente equilibrado.
Para tanto, é necessário rever o modelo de desenvolvi-
mento, erradicando o crescimento econômico a qualquer 
custo, isto é, aquele que não valoriza a proteção do meio 
ambiente.
O núcleo da questão não reside em um modelo de desen-
volvimento que contemple ou não o crescimento econômico. 
O que importa é a qualidade do crescimento.
Capítulo 2 Princípios Básicos de Direito Ambiental 15
A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvol-
vimento3, ao tratar do desenvolvimento sustentável, assim se 
manifesta:
[...] trata-se de um processo de transformação no qual a 
exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a 
orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudan-
ça institucional se harmonizam e reforçam o potencial 
presente e futuro, a fim de atender às necessidades e 
aspirações humanas.
Indiscutivelmente, para assegurar-se um desenvolvimen-
to ecologicamente sustentável há necessidade de inserir-se a 
questão da proteção ambiental nas políticas públicas. Os ad-
ministradores públicos ao realizarem o planejamento de obras 
públicas, seus respectivos projetos e sua execução, deverão 
contemplar a proteção ambiental. É inadmissível que a ques-
tão da proteção ambiental seja desprezada ou desvalorizada 
pelos agentes públicos. Relegá-la a um plano secundário im-
plicará no desrespeito ao Princípio da Sustentabilidade Am-
biental.
Com o escopo de consolidar-se a ideia de desenvolvimen-
to sustentável, veja-se o ensinamento dos doutrinadores, co-
meçando pela visão de Édis Milaré4:
3 A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento foi criada 
na Organização das Nações Unidas com o objetivo de propor novas medidas 
tendentes a combater a degradação ambiental e a melhoria das condições de vida 
das populações carentes.
4 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p. 51.
16 Direito Ambiental
Compatibilizar meio ambiente e desenvolvimento signi-
fica considerar os problemas ambientais dentro de um 
processo contínuo de planejamento, atendendo-se ade-
quadamente às exigências de ambos e observando-se 
as suas inter-relações particulares a cada contexto só-
cio-cultural, político, econômico e ecológico, dentro de 
uma dimensão tempo/espaço. Em outras palavras, isto 
implica dizer que a política ambiental não deve erigir-se 
em obstáculo ao desenvolvimento, mas sim em um de 
seus instrumentos, ao propiciar a gestão racional dos re-
cursos naturais, os quais constituem a sua base material.
Veja-se, ainda, o enfoque que Paulo Affonso Leme Macha-
do5 dá ao Desenvolvimento Sustentável:
A defesa do meio ambiente passa a fazer parte do desen-
volvimento nacional (arts. 170 e 3º. da CF). Pretende-
-se um desenvolvimento ambiental, um desenvolvimento 
econômico, um desenvolvimento social. É preciso inte-
grá-los no que se passou a chamar de desenvolvimento 
sustentado.
Segundo Celso Antonio Pacheco Fiorillo6:
[...] aspira-se uma coexistência harmônica entre econo-
mia e meio ambiente, permitindo o desenvolvimento, 
mas de forma sustentável, planejada, para que os re-
5 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: 
Malheiros, 2005, p. 
6 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro, São 
Paulo: Saraiva, 2002.
Capítulo 2 Princípios Básicos de Direito Ambiental 17
cursos hoje existentes não se esgotem ou tornem inócu-
os. Tem por conteúdo a manutenção das bases vitais da 
produção e reprodução do homem e de suas atividades, 
garantindo igualmente uma relação satisfatória entre os 
homens e destes com o seu ambiente, para que as futu-
ras gerações também tenham oportunidade de desfrutar 
os mesmos recursos que temos hoje a nossa disposição.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente 
Humano, reunida em Estocolmo de 5 a 16 de junho de 1972, 
estabeleceu vários princípios comuns que oferecem aos povos 
do mundo inspiração e guia para preservar e melhorar o meio 
ambiente humano. Destaca-se o Princípio 5, o qual trata da 
sustentabilidade ambiental:
Os recursos não renováveis do Globo devem ser explo-
rados de tal modo que não haja risco de serem exauridos 
e que as vantagens extraídas de sua utilização sejam par-
tilhadas a toda a humanidade.
Com base nesse Princípio 5 da Declaração de Estocolmo, 
é possível concluir que a preservação ambiental e o desenvol-
vimento econômico devem coexistir, de modo que este não 
acarrete a anulação daquela.
Por tudo isso, é necessário reconhecer-se que a sustenta-
bilidade ambiental dá um novo contorno ao desenvolvimento 
econômico, fazendo com ele tenha por base o atendimento 
das necessidades do presente, sem comprometer as futuras 
gerações. O art. 225, da Constituição Federal estabelece:
18 Direito Ambiental
Art. 225 – Todos têm direito ao meio ambiente ecolo-
gicamente equilibrado, bem de uso comum do povo 
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao 
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Cabe gizar, outrossim, que a o princípio 1 da Declaração 
de Estocolmo proclama que:
O homem é ao mesmo tempo obra e construtor do meio 
ambiente que o cerca, o qual lhe dá sustento material 
e lhe oferece oportunidade para desenvolver-se intelec-
tual, moral, social e espiritualmente. Em larga e tortuo-
sa evolução da raça humana neste planeta chegou-se 
a uma etapa em que, graças à rápida aceleração da 
ciência e da tecnologia, o homem adquiriu o poder de 
transformar, de inúmeras maneiras e em uma escala sem 
precedentes, tudo que o cerca. Os dois aspectos do meio 
ambiente humano, o natural e o artificial, são essenciais 
para o bem-estar do homem e para o gozo dos direitos 
humanos fundamentais, inclusive o direito à vida mesma. 
A Constituição Federal ao tratar dos Direitos e Garantias 
Fundamentais, estabelece nos incisos XXII e XXIII, do art. 5º 
a garantia do direito de propriedade, porém condicionada a 
observância da função social da propriedade. Veja-se bem:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do di-
reito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes:
Capítulo 2 Princípios Básicos de Direito Ambiental 19
XXII – é garantido o direito de propriedade;
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;
Reforçando a regra da garantia constitucional da proprie-
dade, saliente-se que esta foi garantida, desde que ela atenda 
a sua função social. Exemplifique-se: se o proprietário de uma 
área rural valer-se do cultivo de plantas psicotrópicas ou do 
trabalho escravo, não estará atendendo a função social da 
propriedade (inciso XXIII, do art. 5º da CF), situação esta que 
poderá implicar na expropriação da propriedade. Da mesma 
forma, se o proprietário rural desrespeitar as limitações admi-
nistrativas impostas pelo art. 2º do Código Florestal Federal 
(Lei n.º 4.771, de 15.09.65), estará indo de encontro à fun-
ção social da propriedade, não lhe podendo ser garantida a 
propriedade.
Da mesma forma, a Constituição Federal ao tratar dos Prin-
cípios Gerais da Atividade Econômica, no Título VII Da Ordem 
Econômica e Financeira (art. 170 e seu parágrafo único), dis-
ciplinam:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização 
do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim as-
segurar a todos existência digna, conforme os ditames 
da justiça social, observados os seguintes princípios:
I – soberania nacional;
II – propriedade privada;
III – função social da propriedade;
IV – livre concorrência;
20 Direito Ambiental
V – defesa do consumidor;
VI – defesa do meio ambiente;
VII – redução das desigualdades regionais esociais;
VIII – busca do pleno emprego;
IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno 
porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua 
sede e administração no País.
(grifado)
Portanto o exercício de qualquer atividade econômica no 
Brasil é livre, desde que sejam respeitados os princípios estam-
pados nos incisos do art. 170 da Constituição Federal. Entre 
eles, destaca-se a defesa do meio ambiente (inciso VI, do art. 
170).
Agregue-se, também, que o parágrafo único do art. 170 
da Constituição Federal estabelece que o livre exercício de 
qualquer atividade econômica independe de autorização de 
órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. Ora, em 
matéria de proteção ambiental há uma série de limitações fi-
xadas em leis. Conforme será examinado oportunamente, ao 
abordar-se o licenciamento ambiental, poder-se-á evidenciar 
que a maioria das atividades e dos empreendimentos no Brasil 
estão condicionados a autorizações dos órgãos ambientais. 
Veja-se, portanto, que o mencionado dispositivo constitucional 
cria uma exceção, condicionando-a aos casos previstos em lei. 
Veja-se bem:
Capítulo 2 Princípios Básicos de Direito Ambiental 21
Art. 170 [...] 
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício 
de qualquer atividade econômica, independentemente 
de autorização de órgão públicos, salvo nos casos 
previstos em lei.
(grifado)
Rompendo com uma tradição privatista brasileira de apro-
ximadamente 86 anos, o novel Código Civil Brasileiro (Lei n.º 
10.406, de 10.01.02), condiciona o exercício do direito de 
propriedade em consonância com as suas finalidades econô-
micas e sociais, preservando o meio ambiente. Veja-se bem:
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar 
e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de 
quem quer que injustamente a possua ou detenha.
§ 1º O direito de propriedade deve ser exercido em con-
sonância com as suas finalidades econômicas e sociais e 
de modo que sejam preservados, de conformidade com 
o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as be-
lezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio his-
tórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e 
das águas.
Diante do exposto, pode-se concluir a analise do Princípio 
do Desenvolvimento Sustentável citando o documento da Co-
missão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, 
intitulado “Nosso Futuro Comum”7 em que o Desenvolvimento 
7 Fundação Getúlio Vargas. Nosso Futuro Comum, São Paulo, 1991, p. 46.
22 Direito Ambiental
Sustentável é “[...] aquele que atende às necessidades do pre-
sente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras 
atenderem as suas próprias necessidades.”
E, finalmente, no documento editado por várias institui-
ções8, entre elas a UICN, PNUMA e WWF, intitulado “Cuidan-
do do Planeta Terra: uma estratégia para o futuro da vida”, o 
Desenvolvimento Sustentável é definido como aquele que bus-
ca “melhorar a qualidade de vida humana dentro dos limites 
da capacidade de suporte dos ecossistemas”.
8 2. UICN – União Mundial para Natureza, foi criada em 1948, constituindo a 
maior aliança internacional, integrada por diversas organizações e indivíduos, cujo 
objetivo é trabalhar para assegurar o uso equitativo e sustentável dos recursos na-
turais em benefício de todos os povos do mundo. E um organismo de caráter in-
ternacional cujas operações são descentralizadas e levadas a cabo por uma rede 
crescente de oficinas regionais e nacionais ao redor do globo.
PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, foi estabelecido em 
1972 e é a agência do Sistema ONU responsável por catalisar a ação internacio-
nal e nacional para a proteção do meio ambiente no contexto do desenvolvimento 
sustentável. Seu mandato é prover liderança e encorajar parcerias no cuidado ao 
ambiente, inspirando, informando e capacitando nações e povos a aumentar sua 
qualidade de vida sem comprometer a das futuras gerações.
O WWF-Brasil (Word Wide Fund for Nature – traduzido como Fundo Mundial para 
a Natureza) é uma organização não governamental internacional com uma exten-
são brasileira dedicada à conservação da natureza com o objetivo de harmonizar a 
atividade humana com a conservação da biodiversidade e promover o uso racional 
dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações. 
Criada em 1996 e sediada em Brasília, a instituição desenvolve projetos em todo o 
país e integra a Rede WWF, uma das maiores redes independentes de conservação 
da natureza, com atuação em mais de 100 países e o apoio de cerca de 5 milhões 
de pessoas, incluindo associados e voluntários.
Capítulo 2 Princípios Básicos de Direito Ambiental 23
Por derradeiro e para arrematar a análise deste Princípio, 
apresentar-se-á um excerto extraído do voto do Ministro Celso 
de Mello9, do Supremo Tribunal Federal:
O princípio do desenvolvimento sustentável, além de im-
pregnado de caráter eminentemente constitucional, encontra 
suporte legitimador em compromissos internacionais assumi-
dos pelo Estado brasileiro e representa fator de obtenção do 
justo equilíbrio entre as exigências da economia e as da eco-
logia, subordinada, no entanto, a invocação desse postulado, 
quando ocorrente situação de conflito entre valores constitu-
cionais relevantes, a uma condição inafastável, cuja observân-
cia não comprometa nem esvazie o conteúdo essencial de um 
dos mais significativos direitos fundamentais: o direito à pre-
servação do meio ambiente, que traduz bem de uso comum 
da generalidade das pessoas, a ser resguardado em favor das 
presentes e futuras gerações.
2. Princípios da prevenção e da precaução
Objetivando alcançar um melhor procedimento cognitivo, 
proceder-se-á na análise dos Princípios da Prevenção e da 
Precaução separadamente, embora alguns autores tratem de 
forma aglutinada os citados Princípios.
Prevenção é o ato ou efeito de prevenir. Prevenir significa 
antecipar, chegar antes, evitar, dispor de modo que se evite o 
9 MELO, Min. Celso de. STF, Tribunal Pleno, ADI-MC n.º 3540 / DF, Rel., j. 
em 01.09.05, DJ 03.02.06, p. 14.
24 Direito Ambiental
dano ou o mal. O dano poderá ser detectado antecipadamen-
te. De outra banda, a precaução é uma cautela antecipada. 
Há uma dupla fonte de incerteza: o perigo ele mesmo conside-
rado e a ausência de conhecimentos científicos sobre o perigo.
2.1 Princípio da prevenção
O escopo do Direito Ambiental é preventivo, pois toda a ação 
deve estar voltada para a não consumação do dano ambien-
tal. Vale aqui relembrar o brocardo popular: mais vale prevenir 
do que remediar. É sabido que a reparação do dano nem sem-
pre se viabiliza integralmente e, na maioria das vezes, é muito 
onerosa. Insista-se: corrigir o dano é mais oneroso nem sem-
pre possível. Imagine-se a destruição de uma espécie animal 
rara ou a destruição de um manguezal. A sociedade poderá 
ficar privada de um determinado bem ambiental por muitos 
anos ou até mesmo jamais recuperá-lo. As árvores centená-
rias existentes em uma determinada gleba de terras que forem 
abatidas para construção de um empreendimento imobiliário 
poderá implicar na aplicação de penalidades ao degradador 
ambiental, entre elas a obrigação de replantar centenas de no-
vas árvores para tentar compensar o dano ambiental causado. 
Contudo, o certo é que a sociedade ficará privada por mui-
tos anos daquelas espécies até que as novas árvores possam 
atingir a idade adulta. Esses exemplos demonstram que nem 
sempre é possível a repristinação, isto é, o retorno ao estado 
anterior. Aliás, esta situação é muito comum quando ocorre a 
contaminação ambiental por substâncias químicas, cujos efei-
tos nocivos causam lesões irreversíveis aos trabalhadores ou a 
comunidade.
Capítulo 2 Princípios Básicos de Direito Ambiental 25
A necessidade imperiosade evitar a consumação de danos 
ao meio ambiente tem merecido a atenção das convenções, 
declarações, leis e das sentenças dos tribunais. É o caso da o 
Tratado de Maastricht sobre a União Europeia, da Convenção 
de Basileia sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços 
de Resíduos Perigosos e seu Depósito, de 1989; da Conven-
ção da Diversidade Biológica; e do Acordo-Quadro sobre o 
Meio Ambiente do MERCOSUL.
Para Maria Luiza Machado Granziera10:
[...] o reflexo mais evidente do Princípio da Prevenção, 
no campo normativo brasileiro, é o Estudo Prévio de Im-
pacto Ambiental. O EPIA foi fixado na Lei n.º 6.938/81, 
como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio 
Ambiente e posteriormente alçado à categoria de nor-
ma constitucional, no art. 225, inciso IV, que dispõe so-
bre “exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou 
atividade potencialmente causadora de significativa de-
gradação do meio ambiente, Estudo Prévio de Impacto 
Ambiental, a que se dará publicidade.
2.2. Princípio da precaução
No inicio desta unidade já se fez alusão ao Princípio da Pre-
caução como uma cautela antecipada, onde se visualiza uma 
dupla fonte de incerteza: o perigo ele mesmo considerado e a 
ausência de conhecimentos científicos sobre o perigo.
10 GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito de Águas: disciplina jurídica das 
águas doces. São Paulo: Atlas, 2006, p. 51.p. 52.
26 Direito Ambiental
Exemplificando, cabe lembrar a soja transgênica e o uso 
intensivo de aparelhos celulares. Ora, a ciência ainda não foi 
capaz de comprovar se eles poderão ou não trazer efeitos inde-
sejados na saúde humana. Como há suspeitas de que os pro-
dutos transgênicos e de que a ondas emitidas pelos aparelhos 
celulares poderão interferir negativamente na saúde humana, 
recomenda-se evitar o seu uso ou, até mesmo, o uso moderado.
Portanto, havendo uma incerteza científica sobre os seus 
efeitos na saúde e no ambiente, recomenda-se o não uso ou 
a redução do seu uso. Trata-se, sem sobra de dúvida, de uma 
medida de cautela, pois o atual desconhecimento sobre os 
seus efeitos poderá, em um futuro próximo, quando os estudos 
científicos forem conclusivos, demonstrar os seus efeitos ma-
lefícios para saúde humana. Nesse passo, deve-se reconhe-
cer como o núcleo da precaução a incerteza dos seus efeitos. 
Abster-se do consumo de um alimento, do uso de um equi-
pamento ou da construção de uma obra cujos efeitos sobre o 
ambiente e a saúde humana sejam desconhecidos.
Insta acentuar-se, ainda, que o Princípio 15 da Conferên-
cia das Nações Unidas – Rio 92 estabelece:
Princípio 15: Com o fim de proteger o meio ambiente, 
o princípio da precaução deverá ser amplamente obser-
vado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. 
Quando houver ameaça de danos graves ou irreversí-
veis, a ausência de certeza científica absoluta não será 
utilizada como razão para o adiamento de medidas eco-
nomicamente viáveis para prevenir a degradação am-
biental.
Capítulo 2 Princípios Básicos de Direito Ambiental 27
E, durante a Rio+5, foi aprovada a Carta da Terra11 de 
1997, cujo Princípio 2 orienta:
Princípio 2: Importar-se com a Terra, protegendo e res-
taurando a diversidade, a integridade e a beleza dos 
ecossistemas do planeta. Onde há risco de dano irrever-
11 A Carta da Terra é uma declaração de princípios fundamentais para a construção 
de uma sociedade global no século XXI que seja justa, sustentável e pacífica. O 
documento procura inspirar em todos os povos um novo sentido de interdependência 
global e de responsabilidade compartilhada pelo bem-estar da família humana e do 
mundo em geral. É uma expressão de esperança e um chamado a contribuir para a 
criação de uma sociedade global em um contexto crítico na História. A visão ética 
inclusiva do documento reconhece que a proteção ambiental, os direitos humanos, 
o desenvolvimento humano equitativo e a paz são interdependentes e inseparáveis. 
Isto fornece uma nova base de pensamento sobre estes temas e a forma de abordá-
los. O resultado é um conceito novo e mais amplo sobre o que constitui uma 
comunidade sustentável e o próprio desenvolvimento sustentável. Por que a carta 
da terra é importante? Em um momento no qual grandes mudanças na nossa 
maneira de pensar e viver são urgentemente necessárias, a Carta da Terra nos 
desafia a examinar nossos valores e a escolher um caminho melhor. Além disso, nos 
faz um chamado para procurarmos um terreno comum no meio da nossa diversidade 
e para que acolhamos uma nova visão ética compartilhada por uma quantidade 
crescente de pessoas em muitas nações e culturas ao redor do mundo. Qual é o 
histórico da carta da terra? Em 1987, a Comissão Mundial das Nações Unidas 
para o Meio Ambiente e Desenvolvimento fez um chamado para a criação de uma 
nova carta que estabelecesse os princípios fundamentais para o desenvolvimento 
sustentável. A redação da Carta da Terra fez parte dos assuntos não concluídos da 
Cúpula da Terra no Rio em 1992 e, em 1994, Maurice Strong, Secretário Geral da 
Cúpula da Terra e Presidente do Conselho da Terra e Mikhail Gorbachev, Presidente 
da Cruz Verde Internacional, lançaram uma nova Iniciativa da Carta da Terra com 
o apoio do Governo da Holanda. A Comissão da Carta da Terra foi formada em 
1997 para supervisionar o projeto e estabeleceu-se a Secretaria da Carta da Terra 
no Conselho da Terra na Costa Rica. Como foi criada a carta da terra? A Carta 
da Terra é o resultado de uma série de debates interculturais sobre objetivos comuns 
e valores compartilhados, realizados em todo o mundo por mais de uma década. 
A redação da Carta da Terra foi feita através de um processo de consulta aberto e 
participativo jamais realizado em relação a um documento internacional. Milhares 
de pessoas e centenas de organizações de todas as regiões do mundo, diferentes 
culturas e diversos setores da sociedade participaram. [...]
<http://www.reviverde.org.br/CARTAdaTERRA.pdf>
28 Direito Ambiental
sível ou sério ao meio ambiente, deve ser tomada uma 
ação de precaução para prevenir prejuízos.
Segundo Paulo de Bessa Antunes12 o princípio da precau-
ção é:
[...] aquele que determina que não se produzam inter-
venções no meio ambiente antes de ter a certeza de que 
estas não serão adversas para o meio ambiente. É evi-
dente, entretanto, que a qualificação de uma intervenção 
como adversa está vinculada a um juízo de valor sobre a 
qualidade da mesma e a uma análise de custo/benefício 
do resultado da intervenção projetada.
E, para arrematar cite-se o pensamento de Maria Luiza 
Machado Granziera13:
O princípio da precaução tende para a necessidade de 
maiores prospecções sobre a atividade, com vistas a as-
segurar, o quanto possível, que a mesma não causará 
danos, no futuro. E antes de uma resposta consistente 
sobre os riscos, não se autoriza a sua implantação. Exis-
tindo dúvida sobre a possibilidade futura de dano ao ho-
mem e ao meio ambiente, a solução deve ser favorável 
ao ambiente e não ao lucro imediato – por mais atraente 
que seja para as gerações presentes.
12 ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental, Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2002, 
p. 35.
13 GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito de Águas: disciplina jurídica das 
águas doces, São Paulo: Atlas, 2006, p. 53.
Capítulo 2 Princípios Básicos de Direito Ambiental 29
Quando se examinam os Princípios da Prevenção e da 
Precaução, torna-se necessário o enfrentamento da distinção 
entre perigo e risco. Aquele é uma condição da essência do 
ser. Este é uma probabilidade de ocorrerem acidentes. Por 
exemplo, voar é perigoso, contudo se a aeronave sofrer uma 
perfeita manutenção técnica, se os tripulantes estiverem bem 
treinados para o uso do equipamento, se os aeródromos fo-
rem dotados da infra-estrutura e de recursos humanos tecnica-
mente adequados, poder-se-á reduzir o riscode acidentes. Da 
mesma forma, o transporte de cargas perigosas pode implicar 
em graves contaminações ambientais. Portanto, o transporte 
rodoviário de produtos químicos é perigoso para o meio am-
biente e para a comunidade. Entretanto, se a transportadora 
utilizar-se de um equipamento tecnicamente adequado, mo-
torista treinado para o transporte de cargas perigosas e rotas 
adequadas, poder-se-á evitar o risco de acidentes.
3. Princípio poluidor-pagador
A Declaração do Rio – Conferência das Nações Unidas de 
1972, no Princípio 16, estabelece:
As autoridades nacionais devem procurar garantir a 
internalização dos custos ambientais e o uso de instru-
mentos econômicos, considerando o critério de que, em 
princípio, quem contamina deve arcar com os custos da 
descontaminação e com a observância dos interesses 
públicos, sem perturbar o comércio e os investimentos 
internacionais.
30 Direito Ambiental
O Princípio Poluidor-Pagador prima pela internalização e 
não pela socialização dos custos da degradação ambiental. 
Em geral toda atividade que explora recursos ambientais pode 
ocasionar impactos ao meio ambiente, assim esse Princípio 
prevê que o infrator arque com os custos de sua atividade, 
absorvendo as chamadas externalidades negativas.
Quando se fala em internalização das externalidades ne-
gativas, significa evitar que a coletividade suporte os prejuízos, 
enquanto o produtor somente perceba os lucros da atividade.
Importante alertar que o fato do poluidor pagar pelos da-
nos ocasionados, não se trata de uma condição para poluir, 
ou seja “pago, então posso poluir”. Não, o objetivo do pa-
gamento é desestimular as condutas poluidoras. Veja-se na 
dicção de Antônio Herman V. Benjamin14:
O princípio do poluidor-pagador não é um princípio de 
compensação dos danos causados pela poluição. Seu 
alcance é mais amplo, incluídos todos os custos da pro-
teção ambiental, quaisquer que eles sejam, abarcando, 
a nosso ver, os custos de prevenção, de reparação e de 
repressão do dano ambiental.
Ensina Maria Luiza Machado Granziera15 que:
14 Antonio Herman V. Benjamin. O princípio do poluidor-pagador e a reparação do 
dano ambiental. In Dano Ambiental: Prevenção, reparação e repressão. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 1993, p. 227.
15 GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito de Águas: disciplina jurídica das 
águas doces. São Paulo: Atlas, 2006, p 59.
Capítulo 2 Princípios Básicos de Direito Ambiental 31
[...] o fundamento do princípio “usuário-pagador” é de 
que os recursos ambientais existem para o benefício de 
todos. Assim, todos os usuários sujeitam-se à aplicação 
dos instrumentos econômicos estabelecidos para regu-
lar seu uso, para o bem comum da população. Seria o 
pagamento pelo uso privativo de bem público, em detri-
mento dos demais interesses.
Ensina Édis Milaré16 sobre o Principio Poluidor-Pagador:
Assenta-se este princípio na vocação redistributiva do Di-
reito Ambiental e se inspira na teoria econômica de que 
os custos sociais externos que acompanham o processo 
produtivo (v.g., o custo resultante dos danos ambientais) 
devem ser internalizados, vale dizer, que os agentes eco-
nômicos devem levá-los em conta ao elaborar os custos 
de produção e, consequentemente, assumi-los [...].
A Constituição Federal, no § 3º do art. 225 contempla a 
responsabilização dos poluidores sob o plano da responsa-
bilidade administrativa, penal e civil. É o que se depreende 
da expressão “independentemente da obrigação de reparar os 
danos causados”, a qual reflete a responsabilização civil dos 
poluidores.
Art. 225 [...] 
[...] 
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao 
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas 
16 MILARE, Édis. Direito do Ambiente, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, p. 
100.
32 Direito Ambiental
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, in-
dependentemente da obrigação de reparar os danos 
causados.
O art. 4º da Lei n.º 6.938, de 31.08.81, estabelece os 
objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente. Veja-se bem:
Art. 4º A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obri-
gação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, 
ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos 
ambientais com fins econômicos.
E o § 1º, do art. 14 da Lei 6.938, de 31.08.81 contem-
pla a responsabilidade objetiva pelos danos ambientais, isto é, 
prescinde do elemento subjetivo. Dessa forma ao responsabi-
lizar o poluidor não haverá a investigação dos aspectos sub-
jetivos que levaram o agente poluidor a causar a degradação 
ambiental. Não, a responsabilidade é aferida pelo princípio da 
responsabilidade objetiva, ou seja, causou o dano responde.
Art. 14 [...]
§ 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas 
neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente 
da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos 
causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por 
sua atividade. O Ministério Público da União e dos Es-
tados terá legitimidade para propor ação de responsa-
bilidade civil e criminal, por danos causados ao meio 
ambiente.
Capítulo 2 Princípios Básicos de Direito Ambiental 33
Saliente-se que o escopo do Princípio Poluidor-Pagador é 
impor as pessoas físicas ou jurídicas, jurídicas públicas ou pri-
vadas, uma sanção. Esta objetiva prevenir novas agressões, 
inibindo comportamentos atentatórios ao meio ambiente.
4. Princípio da participação e da 
cooperação
Todos devem atuar na defesa do meio ambiente. Não há só 
direitos ao ambiente sadio e equilibrado. Também há obriga-
ções do povo em tutelar o meio ambiente. Basta verificar no 
caput do art. 225 da Constituição Federal.
Há diversas formas de garantir-se a participação da so-
ciedade na tutela do meio ambiente, seja através da repre-
sentação que os cidadãos levam aos órgãos ambientais, seja 
através das representações encaminhadas ao Ministério Pú-
blico, seja através da judicialização das questões de natureza 
ambiental, ou, até mesmo, através da participação ativa da 
comunidade nas audiências públicas ambientais.
Contudo, para que se possam assegurar a participação de 
todos os cidadãos, das entidades representativas da sociedade 
e, especialmente, das ONGs ambientalistas na tomada das 
decisões ambientais há necessidade da divulgação das infor-
mações. Portanto, somente se legitimará a participação na 
medida em que os cidadãos forem devidamente informados 
sobre as matérias ambientais.
34 Direito Ambiental
A título ilustrativo cita-se uma representação do Presiden-
te da Subsecção da OAB de São Sebastião, no litoral norte 
de São Paulo, na Curadoria do Meio Ambiente do Ministério 
Público Estadual de São Paulo, contra a TRANSPETRO S/A, 
empresa do Grupo da PETROBRAS S/A, em decorrência de 
crimes ambientais ocorridos em APP (Área de Preservação 
Permanente). O presidente da Subsecção da OAB, alerta que 
houve o desvio de corpo d’água e assoreamento de afluente 
do Rio Guaecá, fatos estes que provocaram quatro autuações 
com multas contra a mencionada Empresa, pela Polícia Am-
biental. Pode-se evidenciar neste fato a participação ativa da 
OAB participando ativamente na defesa do meio ambiente.
13/07/200813/07/2008 3131
Outra forma de participação se dá nas relações interna-
cionais quando ocorrem acidentes com petroleiros como foi o 
caso do Navio Exxon Valdez, no Alasca e o acidente nuclear 
Capítulo 2 Princípios Básicos de Direito Ambiental 35
de Chernobil, na Ucrânia. Registre-se, também, os gravíssimos 
eventos provocados pela natureza como a tragédia ocorrida 
na Indonésia – Província de Aceh, na extremidade norte da ilha 
de Sumatra, região mais seriamente atingida pelo Tisunami 
que eclodiu no dia 26 de dezembro de 2004.
13/07/200813/07/2008 4242
Situaçãoigualmente preocupante é a dos denominados re-
fugiados ambientais. A ONU calcula que mais de 50 milhões 
de pessoas podem ser obrigadas a abandonar suas casas nos 
próximos anos por causas ambientais como elevação do nível 
do mar, desertificação, inundações e degradação da terra. Os 
dados da Cruz Vermelha são extremamente contundentes, ten-
do em vista que os refugiados devido a desastres naturais so-
mam mais do que os refugiados de guerra, produzindo gran-
des correntes de migração permanente.
36 Direito Ambiental
Segundo Édis Milaré17, o Princípio da Participação reflete 
a participação do cidadão no equacionamento e implemen-
tação da política ambiental, com a participação de todas as 
categorias da população e das forças sociais para atingir o 
objetivo desse princípio, qual seja, a contribuição, proteção e 
melhoria do meio ambiente.
A cooperação entre os povos para o progresso da humani-
dade está expressa no inciso IX do art. 4º da Constituição Fe-
deral. Ora é sabido que o meio ambiente não tem fronteiras, 
havendo uma interdependência entre as nações em favor da 
tutela ambiental. Da mesma forma não se desconhece que os 
efeitos da degradação ambiental em uma determinada região 
poderão trazer funestas consequências em outras regiões.
Esta é a razão pela qual é necessário incentivar a formali-
zação de acordos e convenções internacionais, disciplinando 
o uso do meio ambiente em prol da preservação ambiental e 
da melhoria da qualidade de vida planetária.
Por derradeiro, deve-se lembrar o item 1.3 do Preâmbulo 
da Agenda 21:18
A Agenda 21 está voltada para os problemas prementes 
de hoje e tem o objetivo, ainda, de preparar o mundo 
17 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p. 
141.
18 A agenda 21seundo a Marina Silva, ex Ministra do Meio Ambiente: A Agenda 
21 reúne o conjunto mais amplo de premissas e recomendações sobre como as 
nações devem agir para alterar seu vetor de desenvolvimento em favor de modelos 
sustentáveis e a iniciarem seus programas de sustentabilidade.
Disponível em: www.mma.gov.br
Capítulo 2 Princípios Básicos de Direito Ambiental 37
para os desafios do próximo século. Reflete um consenso 
mundial e um compromisso político no nível mais alto 
no que diz respeito a desenvolvimento e cooperação 
ambiental. O êxito de sua execução é responsabilidade, 
antes de mais nada, dos Governos. Para concretizá-la 
são cruciais as estratégias, os planos, as políticas e os 
processos nacionais. A cooperação internacional deverá 
apoiar e completar tais esforços nacionais. Nesse con-
texto, o sistema das Nações Unidas tem um papel funda-
mental a desempenhar. Outras organizações internacio-
nais, regionais e subregionais também são convidadas 
a contribuir para tal esforço. A mais ampla participação 
pública e o envolvimento ativo das organizações não 
governamentais e de outros grupos também devem ser 
estimulados.
5. Princípio da informação
Para se possa assegurar a participação da sociedade na toma-
da das decisões ambientais, há necessidade de informar a co-
munidade. Aliás, quanto maior for a sadia cumplicidade entre 
a comunidade envolvida, o empreendedor e o órgão ambien-
tal, tanto maior será a legitimidade da decisão tomada.
Entretanto, para que a sociedade possa participar, reitere-
-se, há necessidade dela ser competentemente informada.
38 Direito Ambiental
Segundo Paulo Affonso Leme Machado19:
[...] a declaração do Rio de Janeiro/92, em uma das fra-
ses do princípio 10, afirma que, no nível nacional, cada 
indivíduo deve ter acesso adequado a informações relati-
vas ao meio ambiente de que disponham as autoridades 
públicas, inclusive informações sobre materiais e ativida-
des perigosas em suas comunidades.
O direito de saber, portanto, é um direito dos cidadãos e 
uma obrigação do poder público. Aliás, os atos da adminis-
tração devem por força do art. 37 da Constituição Federal se 
revestir de publicidade. Trata-se da indispensável transparên-
cia dos atos administrativos. Somente através da divulgação 
dos atos administrativos é que a sociedade poderá aquilatar a 
legalidade ou não e o seu grau de eficiência.
Destarte, deverão os atos que envolvam matérias ambien-
tais receber a mais ampla publicidade, sendo publicados em 
veículos de imprensa oficial e em jornais de grande circulação 
ou afixados em locais das repartições públicas destinados para 
este fim, salvo nas raríssimas hipóteses em que se admite o 
sigilo das informações. Contudo, vale lembrar que a regra é a 
publicidade e o sigilo é a exceção.
Sempre que o direito a informação não for assegurado pe-
los órgãos ambientais poderá ser reclamado através do direito 
de petição (art. 5º, XXXIV, “a” da Constituição Federal) e por 
certidões (art. 5º, XXXIV, “b” da Constituição Federal). Nega-
19 MACHADO, Paulo Affonso Lem. Direito Ambiental Brasileiro, São Paulo: 
Malheiros, 2003, p. 76.
Capítulo 2 Princípios Básicos de Direito Ambiental 39
do o direito a informação, poderá o administrado valer-se de 
medidas judiciais, através do mandado de segurança (art. 5º, 
LXIX da Constituição Federal) e o habeas data (art. 5º, LXXII da 
Constituição Federal).
Para arrematar, é preciso lembrar que a Lei n.º 10.650, 
de 16.04 de 2003, a qual dispõe sobre o acesso público aos 
dados e informações existentes em órgãos e entidades inte-
grantes do SISNAMA20, estabelece em seu art. 2º a obrigação 
dos órgãos ambientais de permitir o acesso público aos docu-
mentos, expedientes e processos administrativos que tratem de 
matéria ambiental e a fornecer todas as informações ambien-
tais que estejam sob a sua guarda.
6. Princípio da educação ambiental
A Constituição Federal agasalhou a educação ambiental no 
inciso VI, § 1º do art. 225. O poder público está obrigado a 
promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino. 
Veja-se bem:
Art. 225 [...]
§ 1º [...]
[...]
VI – Promover a educação ambiental em todos os níveis 
de ensino e a conscientização pública para a preserva-
ção do meio ambiente;
20 SISNAMA significa Sistema Nacional do Meio Ambiente e está previsto na Lei n.º 
6.938/81.
40 Direito Ambiental
Ademais, a o inciso X, do art. 2º da Lei da Política Nacional 
do Meio Ambiente (Lei 6.938/81), alinhada com a disposição 
constitucional exige não somente a educação a todos os níveis 
de ensino mas também a capacitação da comunidade para 
participação ativa na defesa do meio ambiente. Veja-se bem:
Art. 2º [...]
[...]
X educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclu-
sive a educação da comunidade objetivando capacitá-la 
para participação ativa na defesa do meio ambiente.
Contudo, foi a Lei n.º 9.795, de 27.04.99 que instituiu a 
Política Nacional de Educação Ambiental. No seu art. 2º dis-
põem:
Art. 2º A educação ambiental é um componente essen-
cial e permanente da educação nacional, devendo estar 
presente, de forma articulada, em todos os níveis e mo-
dalidades do processo educativo, em caráter formal e 
não formal.
Todos reconhecem que a educação é um fator de cabal 
importância na proteção do meio ambiente. Ninguém valoriza 
aquilo que desconhece. Há indivíduos que não estão suficiente 
informados sobre a necessidade de se mudar determinadas 
práticas de desperdício, sob pena de, em um futuro próximo, 
carecermos de recursos básicos para a sadia qualidade de 
vida. Não é incomum visualizarmos praticas de desperdício de 
energia e de água. Nesse cenário surge a educação ambiental 
como um dos mais importantes instrumentos de reversão de 
Capítulo 2 Princípios Básicos de Direito Ambiental 41
condutas desajustadas e quiçá de prevenção de futuras ca-
rências das necessidades básicas (água, alimentos, energia e 
etc.).
Há basicamente duas formas de promoverem-se a educa-
ção ambiental. A primeira é denominada deeducação formal 
(arts. 9º ao 12 da Lei n.º 9.795/99), isto é, aquela que é 
ministrada da pré-escola ao pós-doutoramento. O educan-
do e a instituição educacional mantém um vinculo, possibi-
litando inclusive a avaliação dos níveis de aprendizagem. A 
segunda, ou seja, a educação não formal (art. 13 da Lei n.º 
9.795/99) é aquela em que as ações e práticas educacionais 
estão voltadas à sensibilização da coletividade sobre as ques-
tões ambientais e à sua organização e participação na defesa 
da qualidade do meio ambiente. Normalmente o educando 
não mantém qualquer vinculo com a instituição que promove 
a educação não formal. Esta é ministrada, por exemplo, pelos 
meios de comunicação, através dos jornais, dos programas de 
rádio e televisão, tendo uma maior penetração no contexto so-
cial e atingindo um maior numero de pessoas. Aquela poderá 
ser ministrada, por exemplo, em uma escola de primeiro grau, 
onde as crianças terão noções básicas de ecologia.
Forçoso é reconhecer-se, portanto, que não basta o Estado 
dispor de instrumentos para proteção do meio ambiente se o 
cidadão comum desconhece seus direitos. Há necessidade de 
informá-lo, dotá-lo do indispensável conhecimento para o en-
frentamento das questões ambientais, especialmente para que 
ele possa ter uma participação ativa nas audiências públicas e 
nos pleitos a serem dirigidos ao poder público.
42 Direito Ambiental
É oportuno relembrar o acidente radiológico de Goiânia21. 
Claro que ele foi fruto da irresponsabilidade do poder público 
e da curiosidade das pessoas. Entretanto, se aquelas pessoas 
que se expuseram a radiação tivessem noção dos riscos a que 
estavam se submetendo jamais teriam aberto equipamentos 
médicos que continham produtos radioativos. É o desconheci-
mento, a falta da informação e da educação.
13/07/200813/07/2008 4646
Acidente radiolAcidente radiolóógico de Goiânia: gico de Goiânia: 
irresponsabilidade e curiosidadeirresponsabilidade e curiosidade
Outro exemplo são os agrotóxicos usados de forma inade-
quada por pessoas de baixa instrução e desinformados. Não 
é incomum, nas áreas rurais, a intoxicação dos agricultores 
resultante da exposição a agente químicos. Há situações em 
que os agricultores reutilizam embalagens de agrotóxicos para 
21 A contaminação em Goiânia (ocorreu em 13.09.87), originou-se de uma 
cápsula que continha cloreto de césio – um sal obtido do radioisótopo 137 do 
elemento químico césio.
Capítulo 2 Princípios Básicos de Direito Ambiental 43
guardar gêneros alimentícios, manipulam substancias quími-
cas agressivas sem equipamentos de proteção individual. Por 
tudo isso não é incomum a ocorrência de casos de crianças 
que nascem com anincefalia, teratogênese e etc.
13/07/200813/07/2008 4747
13/07/200813/07/2008 4848
44 Direito Ambiental
Página interativa
Faça um resumo das principais ideias contidas no Capítulo 4 
da Agenda 21, documento da Conferência das Nações Uni-
das sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que tratou das 
mudanças dos padrões de consumo, no Site:.:MMA – Ministé-
rio do Meio Ambiente – Agenda 21:.
Referência comentada
MILARÉ, Édis. Direito ao meio ambiente. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2007, pp. 760/780. No Capítulo III da mencio-
nada obra o Autor faz uma excelente abordagem sobre os 
Princípios Fundamentais do Direito do Ambiente, possibili-
tando a complementação dos estudos sobre um dos mais 
importantes temas de tutela ambiental.
Referências
ANTUNES, Paulo de Bessa. Curso de Direito Ambiental. Rio de 
Janeiro: Lumen Juris, 2006.
BENJAMIN. Herman V. Benjamin. O princípio do poluidor-pa-
gador e a reparação do dano ambiental. In Dano Ambien-
tal: Prevenção, reparação e repressão. São Paulo: Revista 
dos Tribunais, 1993.
Capítulo 2 Princípios Básicos de Direito Ambiental 45
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental 
Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2007.
GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito de Águas: discipli-
na jurídica das águas doces. São Paulo: Atlas, 2006.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 
São Paulo: Malheiros, 2005.
MILARÉ, Édis. Direito ao meio ambiente. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2004.
SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. São 
Paulo: Malheiros, 1997.
Autoavaliação
Examine os fatos abaixo e escolha a alternativa que melhor 
corresponda ao(s) Princípio(s) Ambiental(ais) com maior inci-
dência.
 1. O Ministério Público do Estado de São Paulo, por intermé-
dio do Promotor de Justiça de Proteção ao Meio Ambiente 
da Comarca de Santos, ajuizou Ação Civil Pública com 
Pedido Liminar contra empresa Eficiência Telecomunica-
ções Ltda., com base na representação da Associação dos 
Amigos e Defesa do Meio Ambiente da Praia de Santos. 
A Requerida alugou um terreno no Loteamento Vila Real, 
visando construir ali uma antena de telefonia celular, do 
tipo banda “B”. Preocupados com os efeitos que poderiam 
advir da instalação de mais uma antena transmissora/re-
46 Direito Ambiental
ceptora, tendo em vista que nas imediações daquela área 
já estão instaladas 6 (seis) antenas que emitem, de tele-
visão e rádio e, além disto, que desta vez a antena a ser 
construída estaria encravada em meio a lotes com residên-
cias já construídas. Alega a referida entidade ecológica 
que além da total irregularidade na construção pretendida 
pela empresa-ré, há risco à saúde pública decorrente da 
nocividade da atividade ante o acúmulo absurdo da radia-
ção não ionizante a que já estão submetidos os moradores 
do citado Loteamento.
a) Princípio da legalidade e o Princípio do Desenvolvi-
mento Sustentável.
b) Princípio do Poluidor-Pagador e o Princípio da Autotu-
tela.
c) Princípio da Educação Ambiental e o Princípio do De-
senvolvimento Sustentável.
d) Princípio do Poluidor-pagador e o Princípio da Preven-
ção.
 2. Mais quatro produtos encontrados em supermercados bra-
sileiros contêm ingredientes transgênicos. O resultado foi 
divulgado ontem pela Organização Greenpeace, durante 
protesto no Supermercado Pão de Açúcar em São Paulo. 
[...] Segundo a coordenadora da campanha de Engenha-
ria Genética do Greenpeace, Mariana Paoli, o laboratório 
identificou a presença de soja transgênica Roudup Ready, 
da Monsanto, e milho transgênico Bt 176, da Novartis, no 
sopão de galinha da Knorr, na sopa de galinha Pokemon, 
Capítulo 2 Princípios Básicos de Direito Ambiental 47
da Arisco, no Ovomaltine Cereais e Fibras, da Novartis, e 
na mistura para bolo de chocolate da Sadia. (fonte: ZH, 
21.09.00).
a) Princípio da legalidade e o Princípio do Desenvolvi-
mento Sustentável.
b) Princípio do Poluidor-Pagador e o Princípio da Autotu-
tela.
c) Princípio da Participação e o Princípio da Precaução.
d) Princípio do Poluidor-pagador e o Princípio da Preven-
ção.
 3. Água, a substância mais abundante do planeta, está pou-
co a pouco se tornando uma raridade em diversos países. 
(...) Segundo previsões do Programa Ambiental das Na-
ções Unidas (Unep), a não ser que sejam modificadas as 
atuais práticas de desperdício e degradação dos recursos 
hídricos, dois terços da população mundial estará vivendo 
em condições de escassez de água até 2025. Com um 
crescimento populacional estimado em 2 bilhões de pes-
soas nos próximos 25 anos, especialistas e autoridades 
internacionais alertam para um possível colapso das reser-
vas de água doce da Terra. (fonte: O Estado de São Paulo, 
18.09.00).
a) Princípio do Desenvolvimento Sustentável e o Princípio 
da Informação.
b) Princípio do Poluidor-Pagador e o Princípio da Educa-
ção Ambiental.
48 Direito Ambiental
c) Princípio da Responsabilidade Objetiva e o Princípio 
do Desenvolvimento Sustentável.
d) Princípio do Poluidor-pagador e o Princípio da Prevenção.
 4. Técnicos do Instituto Brasileirodo Meio Ambiente e Recur-
sos Naturais Renováveis (Ibama), em Curitiba, decidiram 
manter a multa de R$ 168 milhões aplicada à Petrobras 
após o vazamento de 4 milhões de litros de óleo da Refi-
naria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Auracária, em 
meados de julho. (Fonte: Jornal do Comércio, 18.09.00).
a) Princípio do Desenvolvimento Sustentável.
b) Princípio da Precaução.
c) Princípio da Educação Ambiental.
d) Princípio do Poluidor-pagador.
 5. Examine a sentença abaixo e marque verdadeira (V) ou 
falsa (F).
Principal símbolo da Bahia, o Pelourinho é um capítulo à parte 
na visita a Salvador: antes ponto de prostituição, venda de 
drogas e violência, o local atualmente reúne restaurantes com 
o melhor sabor da culinária baiana, artesanato, arquitetura 
barroca, religião, centros culturais e o legítimo batuque do 
Olodum. Pode-se afirmar que ao tutelar este patrimônio esta-
remos protegendo o meio ambiente.
Respostas
1. D; 2. C; 3. A; 4. D; 5. V
Capítulo 3
Aspectos da Evolução 
HIstórica Legislativa do 
Meio Ambiente no Brasil
50 Direito Ambiental
Este Capítulo tem por escopo propiciar um “voo de pás-
saro” sobre questões históricas legislativas do meio ambiente 
no Brasil. Não é incomum a algumas pessoas afirmarem que 
a tutela ambiental iniciou após a Revolução Industrial, o que, 
sem dúvida, constitui um erro crasso. A história do homem 
neste planeta está ligada a degradação ambiental. Entretanto, 
no Brasil há necessidade de iniciarmos a análise da evolução 
histórica legislativa da proteção do meio ambiente ao tempo 
das Ordenações do Reino1.
Serão analisados os seguintes tópicos:
 1. Ordenações do Reino.
 2. Normas com repercussão ambiental e normas ambientais 
propriamente ditas.
 3. Aspectos da evolução histórica legislativa ambiental no 
Brasil.
1 Segundo a Roda da História (publicação mensal sobre assuntos do passado): 
“Foi D. Afonso Henriques quem estabeleceu as primeiras leis em Portugal para 
governo dos povos,no ano de 1143. Dizem autores antigos que el-rei convocara 
para o efeito os magnates e procuradores das principais cidades e vilas e que 
os reuniu na cidade de Lamego, onde formaram Cortes. Ali se providenciou a 
fórmula de sucessão. As primeiras leis gerais foram dadas para o governo do Reino 
e boa administração da Justiça, em 1211, por D. Afonso II, no primeiro ano do seu 
reinado. Na torre do Tombo existiu (e não sabemos se ainda existe) o tratado dessas 
regras. É fora de dúvida que Portugal sempre foi governado com base nas leis 
estabelecidas pelos nossos monarcas -e isso no campo geral como nos domínios 
particulares. As gerais ordenavam para o reino todo; as particulares para cada vila 
ou cidade, e eram os seus forais, usanças e costumes, como então lhes chamavam. 
As Ordenações foram mandadas copiar primeiramente por D. Afonso V, sendo 
depois melhoradas por ordem dos reis subsequentes. As mandadas compilar por 
el-rei D. Manuel têm a data de 1521; e as de D. Filipe I, de Portugal, a de 1603.”
Disponível em: http://rondadahistoria.conhecimento.info/ordenacoes-do-reino/
Acesso em 21.06.08.
Capítulo 3 Aspectos da Evolução HIstórica Legislativa... 51
1. Ordenações do reino
Inicialmente, é importante reforçar-se a ideia de que o berço 
das normas ambientais brasileiras repousa nas Ordenações 
do Reino Português. Aliás, não se pode olvidar que o Brasil foi 
colônia de Portugal.
As Ordenações Afonsinas, cuja compilação foi concluída 
em 1446, estabeleceu, entre outras disposições legais, a proi-
bição do corte deliberado de árvores frutíferas e que o furto da 
aves, para efeitos criminais, era equiparado a qualquer espé-
cie de furto.
Nas Ordenações Manuelinas, cuja compilação foi conclu-
ída em 1521, destaca-se a proibição da caça de determina-
dos animais com instrumentos capazes de causar-lhes a morte 
com dor e sofrimento. Registre-se que a atual Lei 9.605, de 
12.02.98 (dispõe sobre as sanções penais e administrativas 
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, 
e dá outras providências), ao tratar dos crimes contra a fauna, 
estabelece:
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mu-
tilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, na-
tivos ou exóticos:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiên-
cia dolorosa e cruel em animal vivo, ainda que para fins 
didáticos ou científicos, quando existirem recursos alter-
nativos.
52 Direito Ambiental
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um 
terço), se ocorre morte do animal.
Ademais, verifica-se que o zoneamento ambiental, previsto 
no inciso II, do art. 9º da Lei 6.938, de 31.08.81 (Dispõe so-
bre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanis-
mos de formulação e aplicação, e dá outras providências), já 
era disciplinado nas Ordenações Manuelinas, pois a caça era 
liberada em determinados locais e vedada em outros, consti-
tuindo uma forma de zoneamento ambiental.
Nas Ordenações Manuelinas verifica-se, outrossim, que o 
ato de cortar as árvores frutíferas poderia resultar em severas 
penalidades, inclusive no pagamento de multas, de acordo 
com o valor das árvores abatidas. Pode-se identificar neste dis-
positivo legal os primórdios da teoria da reparação do dano, 
hoje largamente utilizada na tutela do meio ambiente, prin-
cipalmente através da utilização da Lei 7.347, de 24.07.85 
(disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos 
causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos 
de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e 
dá outras providências).
Nas Ordenações Filipinas – compilação de 1595 – des-
taca-se o Regimento sobre o Pau-Brasil (12.12.1605), o qual 
constitui a edição da primeira Lei protecionista florestal brasi-
leira denominada de Regimento sobre o Pau-Brasil.
As Ordenações Filipinas contem disposições legais sobre 
a conservação dos recursos naturais, legislação de caça, pes-
ca, controle das queimadas e da poluição das águas. A título 
Capítulo 3 Aspectos da Evolução HIstórica Legislativa... 53
ilustrativo destaca-se o seguinte excerto, em sua linguagem 
arcaica:
O que cortar árvores de fruto, em qualquer parte que 
estiver, pagará a estimação dela ao seu dono em três 
dobro e se o dano que assim fizer nas árvores for valia de 
quatro mil Reis, será açoutado e degredado quatro anos 
para África e se for valia de trinta Cruzados, e dali para 
cima, será degredado para sempre para o Brasil.
2. Evolução histórica legislativa das 
normas ambientais no Brasil
Há dois momentos legislativos na tutela do meio ambiente no 
Brasil. O primeiro antecede o ano de 1973, ao qual denomi-
na-se de período de normas com repercussão ambiental. O 
segundo período ocorre a partir de 1973, em que o legislador 
brasileiro passa a legislar especificamente sobre a proteção 
ambiental. O primeiro momento legislativo pode-se deno-
miná-lo de período das normas com repercussão ambiental, 
isto é, onde o escopo do legislador brasileiro – salvo algumas 
exceções – não estava direcionado a proteção do meio am-
biente. Algumas normas, cujo objeto de tutela era destinado 
a outros interesses, em determinadas situações, alcançavam a 
proteção do meio ambiente. É o caso do uso nocivo da pro-
priedade, previsto no art. 554 do antigo Código Civil Brasilei-
ro (Lei 3.071, de 01.01.16):
54 Direito Ambiental
Art. 554 O proprietário, ou inquilino de um prédio tem o 
direito de impedir que o mau uso da propriedade vizinha 
possa prejudicar a segurança, o sossego e a saúde dos 
que o habitam.
Em algumas situações poder-se-ia empregá-lo como nor-
ma de proteção ambiental, em outros não. Veja-se, a título 
ilustrativo, a situação em que um pequeno estabelecimento 
industrial causava ruído acima dos limites toleráveis.Nessa hi-
pótese, havendo um vácuo legislativo específico para proteger 
os moradores residentes no entorno da mencionada indústria, 
poderiam estes se valer do mencionado dispositivo do Código 
Civil Brasileiro. Contudo, se a fonte poluidora emissora de po-
luentes atmosféricos estivesse situada em um município distan-
te das residências dos moradores referidos, haveria a impos-
sibilidade do emprego desse dispositivo legal para tutelar os 
direitos dos moradores molestados pelos efeitos da poluição 
gerada pela fonte emissora. Deve-se debitar essa inviabilidade 
ao escopo da norma não ter como foco a efetiva proteção 
ambiental. O bem juridicamente tutelado não era o meio am-
biente.
Insta acentuar-se que no período que antecede o ano de 
1973, isto é, período das normas com repercussão ambien-
tal, há algumas exceções como, por exemplo, o Código das 
Águas (Decreto 24.643, de 10.07.34), Código Florestal (Lei 
4.771, de 29.06.65), Lei de Proteção à Fauna (Lei 5.197, de 
03.01.67). Contudo, reafirme-se, foi a partir do ano de 1973 
que os legisladores brasileiros passaram a dar mais ênfase à 
proteção ambiental.
Capítulo 3 Aspectos da Evolução HIstórica Legislativa... 55
Importante sinalizar que a Conferência das Nações Uni-
das, realizada em Estocolmo em 1972 e as novas influências 
internacionais e nacionais foram decisivas para a mudança de 
comportamento dos legisladores e administradores públicos, 
no aprimoramento do sistema legislativo brasileiro de prote-
ção ambiental. No gráfico abaixo, procurou-se representar os 
dois períodos, ou seja, o das normas com repercussão am-
biental e o das normas ambientais propriamente ditas.
EvoluEvoluçção Histão Históórica Legislativa das rica Legislativa das 
Normas Ambientais no BrasilNormas Ambientais no Brasil
Normas com repercussão Normas com repercussão 
ambientalambiental
O bem juridicamente O bem juridicamente 
tutelado não era o meio tutelado não era o meio 
ambienteambiente
Normas ambientais Normas ambientais 
propriamente ditaspropriamente ditas
O bem juridicamente O bem juridicamente 
tutelado tutelado éé o meio o meio 
ambienteambiente
SEMA
1973OR
DE
NA
ÇÕ
ES
 
DO
 RE
IN
O
LEI DOS 
CRIMES 
AMBIENTAIS
 
 
3. Evolução da legislação ambiental no 
Brasil
Sem qualquer pretensão de exaurimento do tema, procurar-
-se-á arrolar cronologicamente algumas das principais normas 
56 Direito Ambiental
ambientais, sejam elas com repercussão ambiental ou normas 
ambientais propriamente ditas.
ÂÂ ÂOrdenações do Reino
 Â Lei 3.071/16 – Código Civil Brasileiro
 Â Decreto 24.643/34 – Código das Águas
 Â Decreto-Lei 2.848/40 – Código Penal
 Â Lei 4.771/65 – Código Florestal
 Â Lei 5.197/67 – Proteção da Fauna
 Â Decreto 221/67 – Proteção e Estímulo a Pesca
 Â Declaração de Estocolmo/72 – Assembleia ONU
 Â Decreto-Lei 1.1413/75 – Controle da Poluição do Meio 
Ambiente provocada por Atividades Poluidoras
 Â Lei 6.766/79 – Parcelamento do Solo Urbano
 Â Lei 6.938/81 – Política Nacional do Meio Ambiente
 Â Lei 7.473/85 – Ação Civil Pública
 Â Lei 7.661/88 – Plano Nacional de Gerenciamento Cos-
teiro
 Â Constituição Federal de 1988
 Â Lei 7.802/89 – Agrotóxicos
 Â Declaração do Rio/92 – Assembleia da ONU
 Â Lei 9.433/97 – Política Nacional de Recursos Hídricos
Capítulo 3 Aspectos da Evolução HIstórica Legislativa... 57
 Â Lei 9.605/98 – Lei dos Crimes Ambientais
 Â Lei 9.985/00 – Sistema Nacional de Unidades de Con-
servação
 Â Lei 10.257/01 – Estatuto da Cidade
Página interativa
Examine o índice cronológico da legislação ambiental de uma 
Coletânea de Legislação Ambiental, completando o rol das 
normas federais arroladas neste Capítulo. Para tanto, poderá 
valer-se das coletâneas de legislação ambiental publicadas 
pelas principais editoras jurídicas nacionais, especialmente 
as da Editora Revista dos Tribunais, da Editora Saraiva, da 
Editora Verbo Jurídico ou através dos Sites de pesquisa de 
legislações, como o do Senado Federal, Câmara dos Depu-
tados e etc.
Referência comentada
WAINER, Ann Helen. Legislação Ambiental Brasileira: Evolução 
Histórica do direito Ambiental. Revista de Direito Ambiental, 
São Paulo: Revista dos Tribunais, Vol. 0, pp. 158/169.
Trata-se de um artigo em que a Autora promove uma revisão 
da evolução histórica legislativa do meio ambiente no Bra-
58 Direito Ambiental
sil. Vários aspectos históricos legislativos são enfrentados, 
possibilitando-lhe um aprofundamento dos conhecimentos 
sobre este Capítulo.
Referências
ANTUNES, Paulo de Bessa. Curso de Direito Ambiental. Rio de 
Janeiro: Lumen Juris, 2006.
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental 
Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2007.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 
São Paulo: Malheiros, 2005.
MILARÉ, Édis. Direito ao meio ambiente. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2004.
SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. São 
Paulo: Malheiros, 1997.
SIRVINKAS. Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. São Pau-
lo: Saraiva, 2002.
WAINER, Ann Helen. Legislação Ambiental do Brasil. Rio: Fo-
rense, 1991.
Capítulo 3 Aspectos da Evolução HIstórica Legislativa... 59
Autoavaliação
Leia as sentenças abaixo e assinale verdadeiro (V) ou falso (F).
 1. Não há uma relação de pertinência entre a sentença “A” 
e a sentença “B”. A) As Ordenações Manuelinas (1.521) 
proibia a caça de determinados animais com instrumentos 
capazes de causar-lhes a morte com dor e sofrimento. B) 
Lei 9.605/98: Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, 
ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domes-
ticados, nativos ou exóticos: Pena – detenção, de 3 (três) 
meses a 1 (um) ano, e multa.
 2. Há uma relação de pertinência entre a sentença “A” e a 
sentença “B”. A) Caça era liberada em determinados lo-
cais e vedada em outros. B) Lei 6.938/81: Art. 9º São 
instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: [...] 
II – o zoneamento ambiental; [...].
 3. As normas com repercussão ambiental, o legislador não 
tinha por objetivo a efetiva proteção do meio ambiente.
 4. Pode-se afirmar que a Constituição Federal Brasileira é 
uma norma com repercussão ambiental.
Respostas
1. F; 2. V; 3.V; 4. F
Capítulo 4
Definições Legais 
de Meio Ambiente, 
Degradação da 
Qualidade Ambiental, 
Poluição, Poluidor e 
Recursos Ambientais
Capítulo 4 Definições Legais de Meio Ambiente, Degradação... 61
Ao enfrentar-se qualquer conflito ambiental há necessidade 
de definir com absoluta clareza o objeto que esta sendo prote-
gido, a sua agressão e quem são os agentes que provocam a 
degradação ambiental. É lógico que existem várias definições 
bibliográficas. Contudo, quando o legislador já estabeleceu o 
campo de aplicação da norma, mais fácil se tornará a tarefa 
do operador do direito ao procurar amparar suas medidas de 
controle nas definições legais.
Destarte, o art. 3º da Lei 6.938, de 31.08.81 define meio 
ambiente, degradação da qualidade ambiental, poluição, po-
luidor e recursos ambientais. Veja-se bem:
Art. 3º – Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I – meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influ-
ências e interações de ordem física, química e biológica, 
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas for-
mas;
II – degradação da qualidade ambiental, a alteração ad-
versa das características do meio ambiente;
III – poluição, a degradação da qualidade ambiental re-
sultante de atividades que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da 
população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e eco-
nômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio 
ambiente;
e) lancem matérias

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