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constituição federal e o meio ambiente

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Prévia do material em texto

LUCIANO BATISTA DE OLIVEIRA
Professor autor/conteudista 
É vedada, terminantemente, a cópia do material didático sob qualquer 
forma, o seu fornecimento para fotocópia ou gravação, para alunos 
ou terceiros, bem como o seu fornecimento para divulgação em 
locais públicos, telessalas ou qualquer outra forma de divulgação 
pública, sob pena de responsabilização civil e criminal.
SUMÁRIO
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1 . A Constituição Federal e o meio ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2 . O meio ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.1. Meio ambiente natural. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.2. Meio ambiente artificial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
2.3. Meio ambiente cultural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
2.4. Meio ambiente do trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3 . Direito Ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4 . Direito Ambiental Internacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.1. Conferência de Estocolmo de 1972 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4.2. A Rio/92 ou Eco/92 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4.3. Protocolo de Kyoto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.4. Rio+10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4.5. Conferência de Bali . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.6. COP-15 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
5 . Princípios ambientais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
6 . Competência constitucional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
7 . A Política Nacional de Meio Ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
8 . A Política Nacional de Meio Ambiente: parte III . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
9 . A Política Nacional de Meio Ambiente: parte III . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
Pág. 4 de 92
INTRODUÇÃO
Ao longo da história da humanidade, os recursos ambientais foram explorados sem a preocupação 
em cuidar do planeta Terra para as futuras gerações.
A preocupação com o meio ambiente é muito recente e intensificou-se principalmente na segunda 
metade do século passado, sobretudo após a Conferência da Organização das Nações Unidas 
sobre o tema em Estocolmo, em 1972. Com a criação do conceito de desenvolvimento sustentável, 
o Brasil precisou mobilizar-se para normatizar a proteção ao meio ambiente.
FIGURA 1 – Exploração dos recursos naturais
Fonte: Rich Carey/shutterstock
É dentro desse contexto que se entende a criação da Política Nacional de Meio Ambiente, em 
1981, e, posteriormente, da grande novidade constitucional. Pela primeira vez, o Brasil ganhou, em 
1988, uma Constituição Federal que dedica todo um capítulo ao tema meio ambiente.
O capítulo VI tem apenas um artigo, o 225, que exerce o papel de principal norteador do meio 
ambiente, devido a seu complexo teor de direitos. Ele assegura a obrigação do Estado e da sociedade 
de garantir um meio ambiente ecologicamente equilibrado, já que se trata de um bem de uso comum 
do povo que deve ser preservado e mantido para as presentes e as futuras gerações.
Pág. 5 de 92
Esta disciplina trata exatamente da discussão sobre o direito de todo cidadão brasileiro a um 
meio ambiente ecologicamente equilibrado. O primeiro capítulo discute o tão importante art. 225 da 
Constituição, e há o desmembramento dos seus incisos para o melhor entendimento dos direitos 
constitucionais.
Em um segundo momento, procurou-se discutir os princípios do Direito Ambiental. Dentro da 
concepção jurídica, princípios são normas, e, como tal, dotados de positividade, que determinam 
condutas obrigatórias e impedem a adoção de comportamentos com eles incompatíveis. Servem, 
também, para orientar a correta interpretação das normas isoladas e indicar, dentre as interpretações 
possíveis diante do caso concreto, qual deve ser obrigatoriamente adotada pelo aplicador, em face 
dos valores consagrados pelo sistema jurídico. Portanto, é importante uma apresentação dos mais 
importantes princípios ambientais que norteiam toda a legislação associada ao tema.
Também é fundamental saber como estão distribuídas as obrigações de proteção ao meio 
ambiente entre os entes federativos, entendidos aqui como União, estado, Distrito Federal e municípios. 
Pela leitura desse capítulo, você poderá saber sobre os diferentes tipos de competências para cuidar 
dos recursos naturais dentro do território brasileiro.
No final, a disciplina buscará uma discussão muito especial sobre a Política Nacional de Meio 
Ambiente, uma vez que é ela que norteou todas as ações de intensificação da proteção ao meio 
ambiente em território brasileiro, já que veio antes que a Constituição de 1988.
Complementando os estudos, há a indicação de diversos vídeos com discussão de conceitos, 
complementação de textos, exemplos e reportagens interessantes sobre a questão ambientais. 
Não deixe de assistir aos vídeos e acompanhar os áudios.
Bom estudo!
1. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O MEIO AMBIENTE
A preocupação com a inserção do homem no ambiente é bastante recente, sobretudo a partir 
da segunda metade do século passado. Como diz Machado (1982, p. 6): “Não se separa o homem 
e seu ambiente como compartimentos estanques”.
Por isso, é bom destacar a Constituição de 1988, que ratificou esse interesse pela temática 
ambiental ao criar um capítulo inteiro para a discussão dela, o capítulo VI. A constitucionalização da 
Pág. 6 de 92
proteção do meio ambiente é tendência internacional, contemporânea do surgimento e do processo 
de consolidação do Direito Ambiental.
No presente texto, portanto, faremos uma análise dos fundamentos ético-jurídicos e das técnicas 
de constitucionalização do meio ambiente, em especial na Constituição Federal de 1988.
Vamos começar com o único artigo do capítulo VI, uma vez que é no art. 225 que se encontra 
o núcleo principal da proteção do meio ambiente na Constituição de 1988.
Art. 225 - Todostêm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de 
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e 
futuras gerações.
Repare que, logo no início, o Estado brasileiro quer deixar claro que todos têm direito ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado. Isso significa dizer que não é qualquer meio ambiente que é 
bom para a população, mas sim aquele que é ecologicamente equilibrado, ou seja, com qualidade.
É fundamental destacar que esse bem, o meio ambiente ecologicamente equilibrado, é para 
todos, tanto desta geração quanto da futura. Devemos preservá-lo. Isso está associado ao conceito 
de desenvolvimento sustentável.
FIGURA 2 – Desequilíbrio ecológico
Fonte: kwest/Shutterstock
Pág. 7 de 92
De acordo com Rodrigues (2008), ao ser tachado de essencial à sadia qualidade de vida, o meio 
ambiente tornou-se indissociável de uma vida saudável, vinculando o ambiente equilibrado a uma 
condição imprescindível para acesso à saúde.
Continuemos com a Constituição:
Art. 225 [...] § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo 
ecológico das espécies e ecossistemas.
No primeiro inciso, já há a obrigatoriedade de restaurar processos ecológicos desfeitos. A 
Constituição Federal é taxativa e transferiu esse ônus ao Poder Público.
Nesse caso, é bom também diferenciar as ações verbais:
• Preservar: significa, de maneira mais ampla, a manutenção do bem, nesse caso, ambiental.
• Restaurar: é o ato de não apenas lhe conferir estabilidade, mas recuperar, o mais possível, as 
características originais.
De acordo com Rodrigues (2008), há diferenças fundamentais entre recuperar e restaurar o 
meio ambiente. As políticas de recuperação não possuem compromisso com a condição original do 
ambiente degradado, mas principalmente com o restabelecimento do equilíbrio ambiental. Por sua 
vez, o termo restaurar é usado para definir as políticas de restituição de um ecossistema degradado 
o mais próximo possível a sua condição original.
Verifique também que o inciso deixa claro que cabe ao Poder Público prover o manejo ecológico 
das espécies e ecossistemas, ou seja, precisam-se desenvolver práticas de conservação ambiental.
“II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades 
dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético.”
Ao Poder Público, também ficou a incumbência de preservar a diversidade e a integridade do 
patrimônio genético do país e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e à manipulação desse 
material. É bom sempre lembrar de que o Brasil é um dos países que abrigam maior biodiversidade 
no planeta.
Atualmente, a Lei nº 11.105/05 fixou normais de segurança e mecanismos de fiscalização de 
atividades que envolvam organismos geneticamente modificados (OGMs) e seus derivados.
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FIGURA 3 – Organismo geneticamente modificado
Fonte: Cherries/Shutterstock
SAIBA MAIS
Assista a um vídeo interessante que demonstra como a Áustria vem tentando fazer com que toda 
a União Europeia se torne uma zona livre de transgênicos. O anti-OGM tornou-se um argumento de 
campanha para as eleições do Parlamento Europeu, tanto à esquerda como à direita.
EURONEWS. A caminho de uma Europa sem OGM? Publicado em 24.maio.2009. Disponível em: 
http://www.youtube.com/watch?v=5gf5efeTZEI, acesso em: 23.nov.2010.
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes 
a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas 
somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade 
dos atributos que justifiquem sua proteção.
Foi imposta também ao Estado a missão de definir, em todas as unidades da Federação, espaços 
territoriais que devam ser protegidos. Essa norma foi regulamentada, posteriormente, pela Lei nº 
9.985/00, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (figura 4).
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FIGURA 4 – Unidades de conservação federais e seus tipos
Área dos parques
Até 300.000 ha
De 300.001 a 1.000.000 ha
Acima de 1.000.000 ha
Área dos reservas
Até 300.000 ha
De 300.001 a 500.000 ha
Acima de 500.000 ha
Área das estações ecológicas
Área das �orestas
Até 300.000 ha
De 300.001 a 500.000 ha
Acima de 500.000 ha
Até 200.000 ha
De 200.001 a 1.000.000 ha
Acima de 1.000.000 ha
Parques
Reservas biológicas
Reservas ecológicas
Reservas �orestais
Reservas extrativistas
Estação ecológicas
Florestas
(sem área de�nida)
Fonte: IBGE (2000).
De acordo com a Lei nº 9.985/00, existem cinco tipos de unidades de conservação:
(1) Estação ecológica. As áreas assim determinadas são de domínio público, ou seja, se alguma 
propriedade particular estiver incluída no projeto, ela é desapropriada. É aberta somente a visitação 
com objetivo educacional, desde que previsto em seu plano de manejo. Até mesmo as pesquisas 
científicas devem ser autorizadas.
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(2) Reserva biológica. Possui as mesmas características da estação ecológica, porém seu uso 
é mais restrito. Esta tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas 
científicas. Já a reserva biológica tem o objetivo único de proteger integralmente a biota sem 
nenhuma interferência humana, a não ser para medidas de recuperação.
(3) Parque nacional. Também é de domínio público (pode ainda ser estadual ou municipal), 
mas, ao contrário das UCs (unidades de conservação) anteriores, pode ser utilizado para recreação, 
pesquisa científica, turismo ecológico e demais atividades educativas, desde que previstas no seu 
plano de manejo. As pesquisas devem ser autorizadas.
(4) Monumento natural. É uma reserva que pode ser particular, desde que o uso pelos seus 
proprietários corresponda ao objetivo da UC, que é preservar sítios naturais raros, singulares ou de 
grande beleza cênica.
(5) Refúgio da vida silvestre. Tem como objetivo proteger áreas naturais necessárias para a 
reprodução e a manutenção de espécies. Da mesma forma que o monumento natural, o refúgio da 
vida silvestre pode ser particular, desde que respeitados os objetivos da UC. Caso contrário, a área 
pode ser desapropriada.
Veja que apenas lei formal poderá estabelecer qualquer possibilidade de alteração ou supressão 
dos recursos ambientais existentes nessas unidades de conservação.
 “IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora 
de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará 
publicidade.”
Constitucionalizou-se a exigência de estudo prévio de impacto ambiental para a instalação de 
obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação ambiental. Os estudos 
ambientais tornaram-se, a partir da Carta Magna, parte integrante e imprescindível de licenciamento 
ambiental, tanto para empreendimentos públicos como privados. É só ver o exemplo do processo 
de licenciamento da menina dos olhos do governo Lula, a Hidrelétrica de Belo Monte.
Existem duas resoluções importantes a ser comentadas nesse caso:
a) Resolução Conama nº 1/86: estabelece as definições, as responsabilidades, os critérios 
básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto 
Ambiental.
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b) Resolução Conama nº237/97: organiza os procedimentos e os critérios utilizados no 
licenciamento ambiental, de forma a efetivar a utilização do sistema de licenciamento 
como instrumento de gestão ambiental, e lista os empreendimentos que necessitam 
de Estudos de Impactos Ambientais (EIA/Rima) porque desenvolvem atividades 
potencialmente causadoras de significativa degradação ambiental.
“V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias 
que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente.”Esse inciso recorre aos princípios de precaução e de prevenção. O primeiro diz respeito ao fato 
de que, se não se conhece ou não se controla as consequências que o uso de técnicas, métodos e 
sinergia de substâncias podem causar à vida e ao ambiental, então é melhor não empregá-lo. No 
segundo caso, a situação é um pouco diferente. Se há a hipótese conhecida de risco, precisam-se 
desenvolver técnicas para enfrentar o limite máximo de consequências negativas.
FIGURA 5 – Poluição da água causada por mineração de cobre
Fonte: Mikadun/Shutterstock
Cabe ao Poder Público também estabelecer limites de emissões que possam de alguma forma 
ameaçar o equilíbrio ambiental e pôr em risco a vida humana.
“VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública 
para a preservação do meio ambiente.”
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Como diz Rodrigues (2008), a educação é a única ferramenta capaz de alterar a cultura e os 
costumes de um povo. O inciso VI foi regulamentado pela Política Nacional de Educação Ambiental 
(Lei nº 9.795/99).
“VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco 
sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.”
O número inigualável de espécies de plantas, peixes, anfíbios, pássaros, primatas e insetos faz 
com que o nosso país seja alvo da biopirataria, termo usado para caracterizar o desvio ilegal das 
riquezas naturais (flora e fauna) e do conhecimento das populações tradicionais sobre a utilização 
deles (CAVALCANTE, 2010).
De acordo com a ministra do Meio Ambiente em 2010, Izabella Teixeira, “O Brasil é o G1 da biodiversidade”. 
Segundo ela, é fundamental regulamentar os recursos genéticos do país (AGUIAR, 2010).
Também é bom destacar que o Brasil aparece ao lado da Austrália, do México, da China e da 
Indonésia como um dos países que reúnem o maior número de espécies ameaçadas. Se tais práticas 
não forem contidas, o equilíbrio ambiental estará certamente fadado à extinção.
FIGURA 6 – Papagaio de peito roxo, espécie ameaçada
Papagaio de peito roxo, u uma das espécies mais ameaçadas de nossa fauna. Em virtude do desmatamento e do 
tráfico, suas populações sofreram tremendo decréscimo desde os anos 1940. 
Fonte: Alexandra Giese/Shutterstock
Pág. 13 de 92
De acordo com Gomes (2007), ainda faltam no Brasil instrumentos de repressão penal e uma 
lei que regulamente o setor. A difícil interpretação jurídica e as atuais exigências burocráticas 
para autorização de pesquisas de campo sobre biodiversidade desestimulam o desenvolvimento 
científico e econômico, impedindo o objetivo maior, que é repartir benefícios para todas as cadeias 
que participaram da geração desse conhecimento.
Atualmente, o tema está regulamentado no país pela Medida Provisória nº 2.186/01, editada pelo 
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ainda está tramitando na instância pública o anteprojeto 
da Lei de Acesso a Recursos Genéticos, Conhecimentos Tradicionais e Repartição de Benefícios.
“§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente 
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.”
Deixa claro o legislador que o ambiente degradado por exploração mineral deve ser recuperado, 
de acordo com a solução técnica exigida pelo órgão público competente.
Todos ainda se lembram dos grandiosos impactos ambientais causados pela exploração mineral 
da Província Mineral de Carajás, na região Norte do país, que apresenta até, hoje, fortes passivos 
ambientais (figura 7).
FIGURA 7 – Mineração em Carajás
Degradação ambiental da mineração em Carajás. Fonte: T photography / Shutterstock
Pág. 14 de 92
O Regulamento do Código de Mineração, previsto pelo Código de Mineração como legislação 
específica e complementar deste, foi aprovado pelo Decreto nº 62.934, de 2 de abril de 1968. Ele 
dispõe sobre os direitos relativos às massas individualizadas de substâncias minerais ou fósseis, 
encontradas na superfície ou no interior da terra, formando os recursos minerais do país; o regime 
de sua exploração e aproveitamento; e a fiscalização pelo governo federal da pesquisa, da lavra e 
de outros aspectos da indústria mineral.
Atualmente, o Ministério de Minas e Energia elaborou uma nova proposta para a regulamentação 
da atividade de mineração no Brasil, com o objetivo de fortalecer o processo regulatório, por meio da 
criação da Agência Nacional de Mineração (ANM), de atrair investimentos para o setor e de acabar 
com a informalidade na área.
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão 
os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, 
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
De acordo com Rodrigues (2008), esse dispositivo é iluminado pelo princípio da ubiquidade, 
por meio do qual o agente de uma conduta nociva ao meio ambiente é responsabilizado nas três 
esferas de poder: administrativa, penal e civil. Traduz-se que uma única atitude contrária ao equilíbrio 
ambiental gera a tríplice responsabilização do agente, com punições administrativas, penais e civis.
A diferença entre as responsabilidades é:
• Administrativa: aplica-se às pessoas jurídicas e corresponde ao dever de observar procedimentos 
garantidores de lisura, transparência e equidade para manter vínculo com a Administração 
Pública.
• Civil: é a responsabilidade de reparar danos causados a terceiros.
• Penal: é definida na Lei de Crimes Ambientais e pode colocar na cadeia os responsáveis por 
um dano ambiental.
§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal 
Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, 
na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, 
inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
Nesse caso, quis o legislador que houvesse o reconhecimento da importância dos biomas 
brasileiros, por isso eles são considerados patrimônio nacional. Verifique que, embora se deva 
assegurar a sua preservação, eles não são intangíveis e podem ser utilizados de maneira sustentável. 
A lei autoriza, mas limita a sua exploração.
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Destaca-se, no entanto, que o cerrado não está presente nessa legislação. Quando foi elaborada 
a Carta Magna, o Brasil estava passando por amplo processo de implantação do agronegócio na 
região Centro-Oeste brasileira, e havia o interesse de não resguardar esse importante bioma.
FIGURA 8 – Biomas do Brasil
BIOMA AMAZÔNIA
BIOMA CERRADO
BIOMA 
PANTANAL
BIOMA 
PAMPA
BIOMA 
CAATINGA
BIOMA MATA
ATLÂNTICA
Fonte: IBGE (2000).
“§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações 
discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.”
Durante o Brasil Colônia, as terras eram divididas pelas capitanias hereditárias (sabia-se de 
quem elas eram). Quando o país se tornou independente, a Lei das Terras, de 1850, limitou o acesso 
a elas. Somente se poderiam adquirir terras por compra e venda ou por doação do Estado. Portanto, 
a maior parte daquelas terras das capitanias hereditárias ficou sem dono.
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FIGURA 9 – Capitanias hereditárias
Divisão da América portuguesa em capitanias hereditárias (1574. 
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Capitanias.jpg.
Terras devolutas são terras que não pertencem ao domínio público, nem ao particular. Seriam, 
portanto, terras de ninguém. De acordo com o legislador, elas devem conglobar os recursos ambientais 
existentes, portanto, determina-se a sua indisponibilidade para outras ações, como para a reforma 
agrária (figura 10).
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FIGURA 10 – Terras devolutas no Brasil
99.97
64.90
48.92
36.04
22.74
0.00
85.11
Terras devolutas no Brasil – 2003. 
Fonte: http://www.mstfelisburgo.eu/tabelle/mapa1.gif.
“§ 6º - As usinas que operem com reatornuclear deverão ter sua localização definida em lei 
federal, sem o que não poderão ser instaladas.”
O país já detém a sétima maior reserva de urânio do mundo, de acordo com dados da Associação 
Brasileira de Energia Nuclear (Aben), e está entre os sete países que têm conhecimento e meios 
para gerar energia elétrica de fonte nuclear.
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TABELA 1 – As 10 maiores reservas conhecidas recuperáveis - 2007
País Reserva
1 Austrália 1.243.000
2 Cazaquistão 817.000
3 Rússia 546.000
4 África do Sul 435.000
5 Canadá 423.000
6 EUA 342.000
7 Brasil 278.000
8 Namíbia 275.000
9 Níger 274.000
10 Ucrânia 200.000
Fonte: Eletrobras (2010).
No interesse nacional, reservou-se ao Congresso Nacional, por lei federal, definir a localização 
de usinas que operem com reator nuclear. Até agora, apenas as usinas de Angra, cujas localizações 
já estavam definidas anteriormente à Constituição, estão em funcionamento, no Rio de Janeiro 
(figura 11).
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FIGURA 11 – Reservas nacionais de urânio
Reservas nacionais de urânio, unidades de extração, beneficiamento e produção de elementos combustíveis e usina 
termonuclear de Angra dos Reis. 
Fonte: Eletrobras (2010).
Após a construção da terceira usina em Angra, no Rio de Janeiro, o governo pretende investir 
na tecnologia nuclear no Nordeste e no Sudeste. Em 2009, houve o lançamento do Programa 
Nuclear Brasileiro: Autonomia e Sustentabilidade do País, e divulgou-se que o país precisa dobrar 
sua capacidade de geração energética até 2030. Para atingir essa meta, o Plano Nacional de 
Energia – PNE 2030 – estabelece cenários de implantação entre 4.000 MW e 8.000 MW de usinas 
termonucleares até esse ano (ROTHMAN, 2009).
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2. O MEIO AMBIENTE
O conceito de meio ambiente é mais intuitivo do que preciso em seus termos. Tanto a palavra 
“meio” como “ambiente” possuem o mesmo sentido, qual seja: “aquilo que circunda” ou “aquilo 
que envolve”. Trata-se, de certo, de um pleonasmo, mas cuja utilização está disseminada em todos 
os meios (FURLAN; FRACALOSSI, 2010, p. 22). Tem, no entanto, um sentido mínimo, que é: o local/
espaço que envolve os seres vivos e as coisas (MILARÉ, 2011).
No Brasil, o conceito adotado sobre meio ambiente é normativo ou legal, estampado que está 
no art. 3º, I, da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA, Lei nº 6.983/81), no qual está expresso 
que é “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, 
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
À luz desse conceito referencial e legal, Milaré (2011) afirma que os estudiosos utilizam dois 
conceitos interligados, demonstrando a amplitude dele: o conceito jurídico estrito e o amplo. O 
primeiro refere-se “ao patrimônio natural e às relações com e entre seres humanos” (MILARÉ, 2011). 
O segundo diz respeito à natureza original (natural) e à artificial (antrópica), isto é, ao meio ambiente 
natural ou físico, constituído pelo solo, pela água, pelo ar, pela energia, pela fauna e pela flora, e ao 
meio ambiente artificial (criado pelo homem), formado por assentamentos urbanos/construções, 
edificações, equipamentos e alterações do hábitat natural pelo homem.
Aprofundando, no entanto, a análise, os estudiosos do Direito entendem que o meio ambiente 
deve ser entendido segundo suas subespécies: o meio ambiente natural, o meio ambiente artificial, 
o meio ambiente cultural e o meio ambiente do trabalho.
A seguir, salientam-se o conceito e os aspectos de cada subespécie.
2.1. Meio ambiente natural
Conforme já explicado, o meio ambiente natural ou físico é composto pelos recursos naturais: 
água, solo, ar atmosférico, fauna e flora. Encontra-se tutelado juridicamente no art. 225, I e VII, 
tratando do fenômeno da homeostase, “consistente no equilíbrio dinâmico entre os seres vivos e 
o meio em que vivem” (FURLAN; FRACALOSSI, 2010).
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2.2. Meio ambiente artificial
O meio ambiente artificial é formado pelos assentamentos urbanos/construções, pelas edificações, 
pelos equipamentos e pelas alterações do hábitat natural pelo homem (MILARÉ, 2011).
Os bens ambientais que formam o meio ambiente urbano são especialmente protegidos pela 
Constituição Federal de 1988. Conforme o exposto no art. 182, é dever do Poder Público municipal 
implementar políticas de desenvolvimento urbano, objetivando ordenar o pleno desenvolvimento 
das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. Essas políticas devem 
estar legalmente estruturadas no plano diretor municipal, exigido para cidades com mais de 20 mil 
habitantes (art. 182, § 1º, CF).
FIGURA 12 – Meio ambiente urbano
Fonte: GaudiLab/Shutterstock
Sob tal ótica é que os bens que compõem o meio ambiente artificial adquirem seu valor, sendo 
certo que a propriedade urbana deve cumprir sua função social quando atende às exigências 
fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor (art. 182, § 2º, CF).
2.3. Meio ambiente cultural
Considera-se meio ambiente cultural o conjunto de bens e manifestações humanas aptos 
a contribuir para a formação e a afirmação de valores culturais do povo brasileiro (FURLAN; 
FRACALOSSI, 2010).
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O meio ambiente cultural também é protegido juridicamente. Conforme o exposto no art. 215 da 
Constituição, o “Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes 
da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”.
Ao mais, segundo a própria Constituição:
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material 
e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência 
à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade 
brasileira, nos quais se incluem:
I – as formas de expressão;
II – os modos de criar, fazer e viver;
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às 
manifestações artístico-culturais;
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, 
paleontológico, ecológico e científico.
Por fim, tendo por meta o desenvolvimento cultural no Brasil, cabe ao Estado, com a criação de 
um Plano Nacional de Cultura (art. 215, § 3º):
I – defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;
II – produção, promoção e difusão de bens culturais;
III – formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas 
dimensões;
IV – democratização do acesso aos bens de cultura; e,
V – valorização da diversidade étnica e regional.
2.4. Meio ambiente do trabalho
O meio ambiente do trabalho é o local laboral onde homens e mulheres estão inseridos, 
incorporando todo o complexo da empresa. Deve garantir aos trabalhadores um ambiente de 
trabalho limpo, sadio, seguro, tranquilo e harmônico (FURLAN; FRACALOSSI, 2010).
A tutela do meio ambiente do trabalho está exposta nos arts. 200, VIII, e 225 da Constituição. 
Eles fornecem o entendimento de que o Estado deve implementar normas e fiscalização a fim de 
garantir um ambiente laboral adequado ao cumprimento das funções dos trabalhadores e à própria 
saúde deles.
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Sob tal aspecto é que existem inúmeras normas internacionais que regulam o meio ambiente do 
trabalho das quais o Brasil é signatário. Uma delas é a Convenção 155 da Organização Internacional 
do Trabalho (OIT), que versa sobre o desenvolvimento de uma Política Nacional de Saúde e Segurança 
do Trabalho pelos países (FURLAN; FRACALOSSI, 2010).
3. DIREITO AMBIENTAL
O Direito Ambiental é o conjunto de normas e princípios cujo fim é a proteção do meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, em prejuízo, via de regra, do exercício pleno do direito de propriedade e 
exploração dos recursos naturais por quaisquer pessoas físicas ou jurídicas (FURLAN; FRACALOSSI, 2010).
FIGURA 13 – Meio ambiente em prejuízo
Fonte:macknimal/Shutterstock
Nesse contexto, entende-se que o Direito Ambiental no Brasil passou por três etapas, que são:
a) Fase individualista (descobrimento até meados do século XX): escassa proteção jurídica 
do meio ambiente, momento em que vigia o princípio laissez-faire ambiental, no qual a 
exploração dos recursos naturais para o desenvolvimento econômico era o objetivo a ser 
atingido.
b) Fase fragmentária (a partir da década de 1960): maior atenção à proteção do meio 
ambiente, com produção de normas jurídica de forma esparsa (fragmentada), protegendo 
bens ambientais com conotação econômica.1
1 Lei nº 4.771/65 (antigo Código Florestal); Lei nº 5.197/67 (Código de Caça); Decreto-Lei nº 
221/67 (Código de Pesca); Decreto-Lei nº 227/67 (Código de Mineração); Lei nº 6.453/77 (Lei de 
Responsabilidade por Danos Nucleares); Lei nº 6.803/80 (Lei do Zoneamento nas Áreas Críticas de 
Poluição).
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c) Fase holística: proteção do meio ambiente de forma global e sistematizada, tendo 
por marco legal a promulgação da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), em 
1981(BENJAMIN, 2003).
No entanto, segundo o ponto de vista de Milaré (2011), o Direito Ambiental passou por outras 
duas fases, que são:
a) Antropocêntrica: o homem é o centro das preocupações ambientais e, assim, toda a 
produção normativa visa proteger bens ambientais essenciais ao ser humano.
b) Ecocentrismo ou biocentrismo (ou fisiocentrismo): a natureza tem valor per si ou de forma 
intrínseca; sua proteção jurídica ocorre porque os bens ambientais que a compõem são 
valorados por si mesmos e não em razão da essencialidade ou da importância ao ser 
humano.
O nosso ordenamento jurídico, entretanto, não adota in totum as duas posições. Adota uma 
perspectiva denominada de antropocentrismo alargado, que denota o meio ambiente ecologicamente 
equilibrado como um bem de uso comum do povo, de interesse da coletividade e essencial à sadia 
qualidade de vida. Isso define a proteção constitucional do meio ambiente (LEITE; AYALA, 2012). 
Trata-se, assim, de uma proposta mediana, na qual o meio ambiente possui seu valor singular e é 
de essencial importância à sobrevivência do ser humano e de suas comunidades.
Ao mais, o Direito Ambiental tem por característica central ser interdisciplinar. Conforme entende 
Padilha (2010), o meio ambiente
é uma temática extremamente abrangente e complexa, não se limitando a conceitos 
e definições estanques, nem tampouco, a compartimentos fragmentados que o 
limitem em determinada dimensão, tampouco na ambiental, pois possui inúmeras 
interfaces e inter-relações que afetam o fenômeno social, político e econômico.
Assim, a multidisciplinaridade do meio ambiente, como objeto científico, obriga à interligação 
com o conhecimento científico produzido nas demais ciências que o estudam, sob pena de não 
permitir o enfrentamento dos grandes desafios que sua proteção necessita. Portanto, é imprescindível
a interação com as demais ciências envolvidas com o meio ambiente, exige que 
se dê um passo adiante nessa interação de conhecimentos, para que se possibilite 
a ocorrência da interdisciplinaridade na construção do saber jurídico ambiental 
(PADILHA, 2010).
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Sob tal aspecto, nos dizeres de Padilha (2010), a interdisciplinaridade é
a transferência de métodos de uma área cientifica (disciplina) para outra, por meio do 
diálogo entre os diferentes campos do saber, com o intuito de promover interações 
ou reciprocidades entre pesquisas especializadas. Portanto, uma possibilidade de 
busca de conhecimento, que não pode, em absoluto, ser ignorada pelo Direito.
Portanto, o estudo do Direito Ambiental demanda a sua conexão com os demais ramos do 
conhecimento que lidam com a temática do meio ambiente, permitindo compreender adequadamente 
o seu objeto protetivo, o meio ambiente com seus bens, de forma eficaz.
4. DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL
O Direito Ambiental Internacional é o conjunto de tratados (convenções, convênios, acordos, 
pactos ou protocolos) que versam sobre a proteção do meio ambiente em âmbito internacional, 
obrigando os seus signatários.
Dentro desse universo, destacam-se os seguintes instrumentos normativos a reger as relações 
dos signatários sobre a proteção do meio ambiente: a Conferência de Estocolmo de 1972; a Rio/92 
ou Eco/92; o Protocolo de Kyoto de 1997; a Rio +10 de 2002; a Conferência de Bali de 2007; e a 
Conferência de Copenhague (COP-15) de 2009. Adiante, faz-se uma breve síntese de cada um.
FIGURA 14 – Direito ambiental internacional
Fonte: Mopic/Shutterstock
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4.1. Conferência de Estocolmo de 1972
Essa conferência foi realizada em Estocolmo, na Suécia, em 1972, versando sobre as diretrizes 
do Direito Ambiental. Ela estabeleceu um conjunto de princípios que enfocavam as preocupações 
sobre a preservação do meio ambiente, formando a Declaração de Estocolmo.
Seguem os principais preceitos estampados na Declaração de Estocolmo:
1. O homem é obra e construtor do meio ambiente que o cerca, o qual lhe dá 
sustento material e lhe oferece oportunidade para desenvolver-se intelectual, moral, 
social e espiritualmente. [...]
2. A proteção e o melhoramento do meio ambiente humano é uma questão 
fundamental que afeta o bem-estar dos povos e o desenvolvimento econômico do 
mundo inteiro, um desejo urgente dos povos de todo o mundo e um dever de todos 
os governos.
3. A capacidade do ser humano em transformar o que o cerca carrega consigo a 
responsabilidade de saber usá-la, visto que quaisquer transformações podem trazer 
benefícios e desenvolvimentos, ou causar danos ao próprio ser humano e ao meio 
ambiente. [...]
4. Para ocorrer um desenvolvimento socioeconômico, nos países em 
desenvolvimento, são necessárias medidas que amenizem as discrepâncias sociais, 
sem deixar de se preocupar com as questões ambientais. Enquanto que os países 
industrializados têm por responsabilidade diminuir as diferenças com os países 
subdesenvolvidos e em desenvolvimento. [...]
5. [...] Dentre tudo existente no planeta, os seres humanos são os mais valiosos, 
pois são capazes de progredir socialmente, criar riqueza social, desenvolver a ciência 
e tecnologia, assim transformando o meio ambiente.
6. [...] Com um conhecimento mais profundo e uma ação mais prudente, podemos 
conseguir para nós mesmos e para nossa posteridade, condições melhores de 
vida, em um meio ambiente mais de acordo com as necessidades e aspirações do 
homem – assim A defesa e o melhoramento do meio ambiente humano para as 
gerações presentes e futuras se converteu na meta imperiosa da humanidade. [...] 
(apud AGUIAR, 1994).
4.2. A Rio/92 ou Eco/92
A Eco/92 ocorreu no Rio de Janeiro em 1992 com a realização da Conferência das Nações 
Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (ou Conferência da Terra). Ela foi composta por 
117 chefes de Estado, os quais discutiram, entre outros temas, o desenvolvimento sustentável e as 
saídas para conter a degradação ambiental que assolava o mundo (FURLAN; FRACALOSSI, 2010).
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FIGURA 15 – Eco 92
Fonte: Andreas Liem/Shutterstock
As conquistas da Eco/92 foram as seguintes:
1. Agenda 21: programa de ação global, contendo 40 capítulos, que versa sobre o desenvolvimento 
sustentável.
2. Declaração do Rio: documentos simbólico e síntese da Eco-92, contendo princípios sobre 
a proteção do meio ambiente.
3. Declaração de Princípios sobre Florestas: documento que garante aos Estados o direito 
soberano de aproveitar suas florestas de modo sustentável.
4. Convenção do Clima: documento que propôs a volta das emissões de gás carbônico aos 
níveis de 1990, reduzindo-se os gases responsáveis pelo aquecimento da Terra.
5. Convenção da Biodiversidade: documento cujo objeto é a proteção das espécies vivas do 
planeta, estabelecendo mecanismos para que países tivessem acesso pago a florestas e 
fontes de biodiversidade.
4.3. Protocolo de Kyoto
Na cidade de Kyoto, no Japão, em 1997, foi assinadoo Protocolo de Kyoto por 105 chefes de 
Estado. Esse é um acordo vinculante, obrigando de forma mais rígida a redução dos gases de efeito 
estufa causadores do aquecimento global.
Suas principais diretrizes são:
• Compromete a uma série de nações industrializadas a reduzir suas emissões 
em 5,2% (tendo por parâmetro os níveis de 1990) para o período de 2008-2012;
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• Estabelece três “mecanismos de flexibilidade” (implementação conjunta; comércio 
de emissões; e, o mecanismo de desenvolvimento limpo) que permitem a esses 
países cumprir com as exigências de redução de emissões, fora de seus territórios;
• Especifica que as atividades compreendidas nesses mecanismos mencionados 
devem ser desenvolvidas adicionalmente às ações realizadas pelos países 
industrializados dentro de seus próprios territórios;
• Permite aos países ricos medir o valor líquido de suas emissões, ou seja, 
contabilizar as reduções de carbono vinculadas às atividades de desmatamento 
e reflorestamento; e,
• Determina que é essencial criar um mecanismo que garanta o cumprimento do 
Protocolo de Kyoto (Fonte: http://www.greenpeace.org.br/clima/pdf/protocolo_kyoto.pdf, 
acesso em: 16 jan.2015).
4.4. Rio+10
A Cúpula Mundial de Desenvolvimento Sustentável (denominada de Rio+10) foi realizada em 
Johanesburgo, na África do Sul, em 2002, com a presença de 189 chefes de Estado. Seu ponto central 
foi o debate sobre a redução pela metade, até 2015, de pessoas vivendo com menos de US$ 1,00 
por dia. Também incluiu outros assuntos, como água, energia, saúde, agricultura e biodiversidade 
(FURLAN; FRACALOSSI, 2010).
FIGURA 16 – Cúpula Mundial de Desenvolvimento Sustentável
Fonte: By GrandeDuc/Shutterstock
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4.5. Conferência de Bali
A 13ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas foi realizada na ilha de Bali, na 
Indonésia, reunindo 189 representantes de Estado. Teve por objetivo substituir o protocolo de Kyoto, 
o principal instrumento internacional de controle da mudança do clima. Em seu bojo, a principal 
meta estabelecida foi a diminuição da emissão de gases poluentes entre 20% e 40% para 2020, tendo 
por comparação as emissões da década de 90 do século passado (FURLAN; FRACALOSSI, 2010).
4.6. COP-15
A 15ª Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas foi realizada em 2009 
em Copenhague, na Dinamarca. Nela, discutiu-se sobre o avanço na produção de um novo acordo 
sobre proteção ao clima global, visando à redução das emissões de gases de efeito estufa.
A COP 15, no entanto, resultou apenas em um acordo de intenções, sem efeito vinculante. Seus 
principais pontos são:
• A temperatura global não poderá sem aumentada além de 2 °C.
• Cortes profundos nas emissões de CO²: os países ricos deveriam reduzir em 25% e 40% em 
relação ao emitido em 1990, e os em desenvolvimento, em 15% a 30%.
• As nações ricas comprometeram-se a investir cerca de US$ 30 bilhões de dólares entre 2010 
e 2012 para ajudar os países pobres a lidar com as mudanças climáticas.
• Criação de incentivos financeiros para projetos de redução de emissões por desmatamento e 
degradação florestal (Redd), para diminuição da degradação do meio ambiente.
• Criação de mecanismos de tecnologia em prol do meio ambiente.
• Revisão do acordo em 2016, incluindo a possibilidade de buscar um aumento máximo da 
temperatura mais ambicioso, isto é, de 1,5 °C.
5. PRINCÍPIOS AMBIENTAIS
O Direito Ambiental fundamenta-se em diversos princípios, tais como: acesso equitativo aos 
recursos naturais, prevenção, reparação, qualidade, participação popular e publicidade.
De acordo com Nunes (2006),
o Direito Ambiental é o conjunto de normas que controlam de forma coercitiva as 
atividades relacionadas ao meio ambiente, visando à preservação ambiental, tanto para 
a geração atual como para as futuras gerações, buscando equalizar, conscientizar e 
fiscalizar as atividades da sociedade como um todo, trazendo consigo a punibilidade 
para aqueles que venham a desrespeitar tais normas.
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Essa subdivisão do Direito surgiu como resposta às agressões em nível mundial do meio ambiente 
e tem como sua base de estudos ramos de diferentes ciências, como biologia, geografia, ciências 
sociais, antropologia e o próprio Direito.
Dessa forma, surgiu o Direito Ambiental, recurso competente para tutelar o meio 
ambiente em todas suas espécies, da agressão humana, tentando fazer nossos 
descendentes disporem de condições análogas às que nos são oferecidas, buscando 
um desenvolvimento sustentável. Como disciplina autônoma que é, o Direito Ambiental 
rege-se por princípios próprios, eficazes no combate à interferência lesiva humana 
na natureza, constituindo eles a base das demais normas reguladoras deste ramo 
jurídico, sendo estas seus sucedâneos (CAVALCANTE, 2004).
Como em qualquer ramo do Direito, há um conjunto de princípios que regem o Direito Ambiental, 
que são a base fundamental ou a estrutura central na qual as normas são construídas. Nunes (2006) 
deixa claro, entretanto, que esses princípios sempre caminharão em conformidade com os de outros 
ramos, e nem poderiam estar apartados, pois, uma vez fazendo parte do nosso ordenamento jurídico, 
devem fortalecer nossa estrutura normativa, firmando assim a unicidade e a coerência dela.
Nesse sentido, elencam-se alguns dos mais importantes princípios do Direito Ambiental:
QUADRO 1 – Princípios do Direito Ambiental
Princípios Descrição
Desenvolvimento 
sustentável
Devido equilíbrio entre o desenvolvimento das atividades econômicas e a 
proteção do meio ambiente para as gerações presentes e futuras (art. 225, 
Constituição Federal).
Função social da 
propriedade
Demonstra que a propriedade privada e seu exercício não são absolutos, 
mas sim relativos, mantendo um vínculo social que transcende o indivíduo 
em si; assim, deve ser exercida sem prejuízo à sociedade e deve respeitar 
a legislação ambiental, administrativa e laboral (art. 5º, XXIII, Constituição 
Federal).
Prevenção Determina a ação estatal em dirimir os impactos ambientais desconhecidos ou 
pouco estudados de atividades. No caso, deve-se aplicar o estudo de impacto 
ambiental (EIA) para averiguar tal aspecto, cabendo ao empreendedor provar 
que sua atividade não trará impactos negativos (art. 225, § 1º, Constituição 
Federal). Existe, assim, a inversão do ônus da prova em razão do in dubio pro 
ambiente.
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Princípios Descrição
Precaução Determina a ação estatal em dirimir os impactos ambientais negativos de 
atividades cujos efeitos são conhecidos, devendo-se aplicar também o estudo 
de impacto ambiental (EIA) – art. 225, § 1º, Constituição Federal.
Poluidor-pagador Estabelece que aquele que lesar o meio ambiente deve recuperá-lo ou 
compensá-lo independentemente de culpa (responsabilidade objetiva) - art. 
225, §§ 2º e 3º, Constituição Federal.
Intergeracionalidade Obriga a proteção do meio ambiente para a geração presente, bem como para 
as futuras. Cria, assim, um dever jurídico e moral consistente no uso racional 
e equilibrado meio ambiental para com o futuro da humanidade (art. 225, 
Constituição Federal).
Fonte: Furlan e Fracalossi (2010).
SAIBA MAIS
Tendo por fim aprofundar o temário, indica-se assistir aos seguintes vídeos:
PROVA FINAL. Princípios do Direito Ambiental 1. Publicado em 10 ago.2009. Disponível em: http://www.
youtube.com/watch?v=cX2GnRBGgOU, acesso em: 18 nov.2010.
PROVA FINAL. Princípios do Direito Ambiental 2. Publicado em 10 ago.2009. Disponível em: http://www.
youtube.com/watch?v=TnDnK7ETBwo, acesso em: 18 nov.2010.
PROVA FINAL. Princípios do Direito Ambiental 3. Publicado em 10 ago.2009. Disponível em: http://www.
youtube.com/watch?v=bVaWljtUNpY, acesso em: 18 nov.2010.
PROVA FINAL. Princípios do Direito Ambiental 4. Publicado em 10 ago.2009. Disponível em: http://www.
youtube.com/watch?v=riGTOwwMnAI, acesso em: 18 nov.2010.
PROVA FINAL. Princípios do Direito Ambiental 5. Publicado em 10 ago.2009. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=V4fFCeCNjxg, acesso em: 18 nov.2010.
PROVA FINAL. Princípios do Direito Ambiental 6. Publicado em 10 ago.2009. Disponível em: http://www.
youtube.com/watch?v=dg3egHDQfDE, acesso em: 18 nov.2010.
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Outros princípios do Direito Ambiental são os que se seguem:
QUADRO 2 – Princípios do Direito Ambiental
Princípios Descrição
Princípio da 
consideração da 
variável ambiental no 
processo decisório 
de políticas de 
desenvolvimento
Tendo em vista o impacto em nosso meio de cada decisão tomada, 
tanto pública quanto privada, esse princípio versa sobre a obrigação 
de se analisar as variáveis ambientais. Isso porque, dependendo da 
decisão, pode haver impacto negativo para o meio.
Princípio da 
participação 
comunitária
Segundo esse princípio, que não é aplicado somente no Direito 
Ambiental, para que sejam instituídas políticas ambientais, bem como 
para a discussão salutar desses assuntos, é fundamental a cooperação 
entre o Estado e a comunidade. O sucesso nos resultados demonstra 
que tanto a população quanto a força sindical têm se envolvido 
ativamente em definir e realinhar tais políticas.
Princípio da 
cooperação entre os 
povos
Esse princípio trata do fato de que não há em nenhum outro assunto 
tanta interdependência entre os países quanto o do meio ambiente. 
Por exemplo, a chuva ácida provocada pela indústria química nos 
Estados Unidos atingiu o Canadá, e a poluição do mar pode ser levada 
a milhares de quilômetros, atravessando vários países. Assim sendo, 
há necessidade cada vez maior de integração ou cooperação entre 
todos os povos, a fim de realmente discutir o assunto, criar políticas 
ambientais, resolver problemas dessa ordem, bem como disseminar a 
cultura de proteção a todo custo do meio ambiente.
Princípio da 
informação
É direito da população receber e ter acesso às informações sobre todos 
os procedimentos, públicos ou privados, que intervenham no meio 
ambiente. Assim, a população tem o direito de ser informada sobre 
a qualidade dos bens ambientais, a realização de obras e atividades 
efetiva e potencialmente poluidoras etc.
Princípio da equidade 
intergeracional
Assegurar a solidariedade da presente geração em relação às futuras, 
para que estas também possam usufruir, de forma saudável, dos 
recursos naturais (princípio 2º, Declaração de Estocolmo; princípio 3º, 
Eco-92; art. 1º-A, II, Novo Código Florestal).
Princípio do equilíbrio Estabelece o sopesamento das implicações das intervenções no meio 
ambiente, buscando um resultado final conciliador.
Princípio da 
cooperação 
internacional
Determina o esforço conjunto de países/nações na busca pela 
preservação do meio ambiente numa escala mundial (art. 1º-A, IV, Novo 
Código Florestal).
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Princípios Descrição
Princípio da 
responsabilização
Exige a imputação de sanções penais, administrativas e civis 
ao causador do dano, inclusive o próprio Estado (art. 225, § 3º, 
Constituição; art. 14, § 1º, Lei nº 6.938/81).
Princípio da correção 
da fonte (ou 
autossuficiência, ou 
produtor-eliminador, 
ou proximidade)
Visa buscar exame de causas e sujeitos prováveis da poluição, tendo 
por fim eliminar ou evitar a continuidade dos fatores que possam afetar 
o meio ambiente.
Princípio da 
solidariedade 
ambiental
Determina que o Estado e a sociedade devem ser solidários na proteção 
do meio ambiente.
Princípio da 
solidariedade na 
responsabilidade civil
Estabelece que o causador do dano ambiental responde integral e 
solidariamente, podendo mover ação regressiva em face de outros 
degradadores.
Princípio da função 
social da propriedade
Estabelece que o uso da propriedade será condicionado ao bem-
estar social e à devida preservação do meio ambiente (art. 186, II, 
Constituição).
Princípio do in dubio 
pro ambiente
Determina que, quando o Poder Público estiver diante de dúvida 
científica acerca de um risco de degradação ambiental, decide-se a 
favor da proteção do meio ambiente e contra o potencial poluidor.
Princípio da 
ubiquidade
Infere que o meio ambiente é ubíquo, isto é, está presente em toda 
parte, em todo o globo, e que, portanto, qualquer lesão em sua 
estrutura, independentemente do local onde ocorra, tem reflexos, 
diretos ou indiretos, em toda a natureza.
Princípio da proibição 
do retrocesso 
ambiental
Determina a proibição ao legislador e ao administrador de flexibilizar 
o nível de proteção do meio ambiente atualmente atingido, ou seja, 
não podem diminuir o rigor da proteção ao meio ambiente atualmente 
conquistado em leis e normas administrativas.
Princípio do progresso 
ecológico
É um subprincípio do princípio do retrocesso ambiental e determina 
a proibição da estagnação legislativa na proteção do meio ambiente, 
obrigando o Estado a rever e a aprimorar a legislação existente.
Fonte: Nunes (2006); Furlan e Fracalossi (2010).
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6. COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL
Competência é uma palavra do senso comum, utilizada para designar uma pessoa qualificada 
para realizar alguma coisa. Mas, dentro do âmbito constitucional, o conceito tem algumas variações 
importantes.
FIGURA 17 – Competência constitucional
Fonte: niroworld/Shutterstock
A competência é uma parcela de responsabilidade que um órgão jurisdicional possui para 
resolver os conflitos. Nesse liame, prelecionam Marinoni e Arenhart (2007, p. 37): “A competência, 
portanto, nada mais é do que uma parcela de jurisdição que deve ser efetivamente exercida por um 
órgão ou grupo de órgãos do Poder Judiciário”.
Nesse sentido, a tradução é simples. Na Constituição, competência não é quem sabe fazer, e 
sim quem pode fazer. É a Carta Magna que a distribui entre os entes federativos.
A competência divide-se em legislativa e administrativa. A competência legislativa se 
expressa no poder de estabelecer a entidade normas gerais, leis em sentido estrito. 
Por sua vez, a competência administrativa, ou material, cuida da atuação concreta 
do ente, que tem o poder de editar normas individuais, ou seja, atos administrativos. 
É quem pode executar a lei (SANTOS, 1999).
Sendo a federação o sistema de organização de Estado adotado pelo Brasil, surge o problema 
da repartição, ou seja, da distribuição de competências entre o governo central (União), os estados-
membros, o Distrito Federal e os municípios, os chamados entes federativos (figura 18).
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FIGURA 18 – Entes federativos
Entes federativos
União Estados DistritoFederal
Município
Fonte: Produção do autor.
Levando isso em consideração, salienta-se que o art. 225 da Constituição Federal determina 
que é dever do Estado e da sociedade a garantia de um meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
por ser um bem de uso comum do povo.
Em tal modelo, está estabelecida uma complexa repartição de competências (deveres) legislativas 
e administrativas. A seguir, descrevemos as competências legislativas dos entes federados.
A União é titular de competências privativas legislativas, ou seja, que somente a ela cabe exercer. 
Elas estão estampadas no art. 22 da Constituição:
I — direito civil, comercial, penal processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, 
espacial e do trabalho;
II — desapropriação;
[...]
IV — águas, energia, informática, telecomunicações e radiofusão;
[...]
VIII — comércio exterior e interestadual;
IX — diretrizes da política nacional de transportes;
X — regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aero- espacial;
XI — trânsito e transporte;
XII — jazidas, minas, outros recursos naturais e metalurgia;
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XIII — nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV — populações indígenas;
[...]
XVIII — sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;
[...]
XXII — competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais;
XXVI — atividades nucleares de qualquer natureza;
XXVII — normas gerais de licitação e contratação em todas as modalidades, para 
as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionaisda União, Estados, 
Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas 
públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1º, III. [...]
A competência privativa legislativa da União é delegável, logo, pode ser cedida a outro ente 
federado. Tal situação está expressa no art. 22, § único, da Constituição, que autoriza aos estados 
legislarem sobre questões específicas das matérias arroladas como de competência privativa da 
União.
FIGURA 19 – Delegação de competência
Fonte: Niyazz/Shutterstock
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Doutra parte, a Constituição, em seu art. 24, também cria a denominada competência concorrente, 
a possibilidade de que, sobre uma mesma matéria, diferentes entes políticos legislem. Assim, a 
União, os estados e o Distrito Federal poderão legislar sobre:
[...]
VI — florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos 
recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII — proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII — responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos 
de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. [...]
Sobre essa competência concorrente, cabem alguns apontamentos:
• A União irá legislar sobre normas gerais ambientais (art. 24, § 1º, CF).
• Os estados e o Distrito Federal terão competência supletiva, ou seja, legislarão naquilo que for 
de interesse local, desde que não entre em conflito com a legislação federal (art. 24, § 2º, CF).
• Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os estados e o Distrito Federal irão exercer a 
competência legislativa plena, desde que para atender às suas peculiaridades (art. 24, § 3º, CF).
• Por fim, sendo criada norma federal superveniente, ficará suspenso aquilo que lhe for contrário 
nas leis dos estados e do Distrito Federal.
Finalizando a temática da competência legislativa, cita-se o caso dos municípios, que a possuem, 
sim, porém suplementar, caso esteja caracterizado o interesse local (art. 30, I, CF).
Assentado isso, adentremos na competência administrativa dos entes federados.
A competência administrativa é a execução de tarefas “que conferem ao Poder Público o 
desempenho de atividades concretas, através do exercício do seu poder de polícia” (MILARÉ, 2011).
No que se refere a esse assunto, o exercício da competência administrativa ambiental é comum, 
isto é, trata-se da distribuição de competências administrativas a todos os entes federativos para 
que as exerçam sem preponderância de um sobre o outro (sem hierarquia).
Dessa forma, foi estabelecido no art. 23 da Constituição Federal que as competências 
administrativas e ambientais podem ser exercidas de modo paralelo entre União, estados, Distrito 
Federal e municípios de forma igual, sem nenhuma prioridade de um sobre o outro. Por conseguinte, a 
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atuação de um ente federativo não depende da de outro; da mesma forma, não afasta a possibilidade 
de atuação de outro.
As competências administrativas ambientais comuns são as estampadas nos seguintes incisos 
do art. 23 da Constituição:
[...] III — proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico 
e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
[...]
VI — proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer das suas formas; e
VII — preservar as florestas, a fauna e flora.
7. A POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE
Nos anos 1980, a primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, apresentou o relatório 
Nosso Futuro Comum, originário da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 
formada pela ONU em 1983.
FIGURA 20 – Gro Harlem Brundtland, primeira-ministra da Noruega (1990-6)
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Gro_Harlem_Brundtland_(cropped).jpg.
Nesse documento, fixava-se o entendimento de que a definição de desenvolvimento sustentável 
“prevê a satisfação das necessidades presentes, sem prejuízo da capacidade de futuras gerações 
exercerem os mesmos direitos” (apud ARAÚJO, 1997).
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FIGURA 21 – Desenvolvimento sustentável
Sustentabilidade econômica
Crescimento
econômico
Sustentabilidade
corporativa
Proteção
ambiental
Comunidade
 e equidade
Sustentabilidade 
social
Sustentabilidade 
ambiental
Fonte: http://sergionunespersonal.blogspot.com.br/2011/06/sustentabilidade.html.
Foi a partir desse momento que a Organização das Nações Unidas, por intermédio de seus 
organismos financiadores, passou a incorporar e solicitar novos mecanismos de aferição para o 
financiamento de projetos, entre eles, a avaliação dos impactos ambientais.
Em razão dessas exigências internacionais, alguns projetos desenvolvidos em fins da década 
de 1970 e início dos anos 1980, financiados pelo Bird e pelo BID, foram submetidos a estudos 
ambientais, dentre eles, as usinas hidrelétricas de Sobradinho (BA) e Tucuruí (PA) e o terminal 
porto-ferroviário Ponta da Madeira, no Maranhão, ponto de exportação do minério extraído pela 
Companhia Vale do Rio Doce na Serra do Carajás. No entanto, os estudos foram realizados segundo 
as normas das agências internacionais, já que o Brasil ainda não dispunha de normas ambientais 
próprias (IBAMA, 1995).
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FIGURA 22 – Usina hidrelétrica de Tucuruí, Pará
Fonte: http://arquivos.ana.gov.br/imprensa/noticias/20121031_TOCA_143%208040444%20-%20
Usina%20Hidrel%C3%A9trica%20de%20Tucuru%C3%AD%20-%20PA%20-%20Rui%20Faquini.jpg.
É dentro desse contexto que surgiu a Política Nacional de Meio Ambiente. A partir da consciência 
de que Brasil não poderia se submeter indefinidamente a normas estritamente internacionais 
na avaliação dos impactos ambientais gerados no país, face às peculiaridades e aos atributos 
incomparáveis da nossa biodiversidade, passamos a buscar a nossa própria política ambiental. É 
bom lembrar que a lei foi publicada em 1981, quando o país ainda estava sob as ordens da Ditadura 
Militar.
O fato é que, em 31 de agosto de 1981, foi editada a Lei nº 6.938, criando a Política Nacional 
do Meio Ambiente, estabelecendo conceitos, princípios, objetivos, instrumentos, penalidade, fins, 
mecanismos de formulação e aplicação e instituindo o Sisnama (Sistema Nacional de Meio Ambiente) 
e o Conama - Conselho Nacional do Meio Ambiente (art. 1º).
É fundamental destacar que a lei é anterior à Constituição promulgada em 1988, por 
isso, teve alguns textos suspensos pela Carta Magna e também pela regulamentação do setor, 
posteriormente.
É importante dar destaque ao fato de que o art. 2º da Lei nº 6.938/81, antes mesmo da Constituição 
de 1988, já oferecia o reconhecimento da necessidade de preservação, melhoria e recuperação da 
qualidade ambiental propícia à vida:
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Art. 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria 
e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, 
condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional 
e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: [...].
Em seguida, o legislador evidencia quais princípios devem ser seguidos para se atingir esse 
objetivo: “I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio 
ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em 
vista o uso coletivo”.
Nesse inciso, a lei deixa claro que o meio ambiente é um patrimônio público, bem de todos e, por 
isso, devem as ações governamentais encontrar meios de manter o equilíbrio ecológico. Atende-se 
ao princípio ambiental da natureza pública da proteção ambiental.
Para Rodrigues (2008), todo plano de investimentos, público ou privado, deve necessariamente 
incluir em seus objetivos o respeito e a preservação máxima ao equilíbrio ambiental diretamente 
envolvido.
“II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar.”Observe que a Carta Magna deixa clara a possibilidade de uso dos recursos solo, subsolo, água 
e ar (biosfera), desde que de maneira sustentável. Embora sejam bens que devam ser mantidos 
com equilíbrio ecológico, pode-se utilizá-los de maneira racional.
A biosfera é o espaço da vida que envolve o planeta Terra. Seu limite superior é a camada de ozônio, 
situada a 14 km de altura no equador e aproximadamente a 7 km dos polos. Essa camada protege os 
seres vivos da radiação ultravioleta do sol. Seu limite inferior varia desde os primeiros centímetros 
de profundidade do solo, junto à sua superfície, até o fundo do oceano (aproximadamente 10 km).
A biosfera como espaço de vida do planeta é muito pequena e pode ser considerado como uma 
lâmina bastante estreita que envolve a Terra, como se fosse uma folha de papel, se compararmos 
sua espessura com o volume total da Terra.
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FIGURA 23 – Biosfera
Fonte: mariait/Shutterstock
“Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais.”
Para se alcançar o desenvolvimento sustentável, são fundamentais o planejamento e a fiscalização 
do uso dos recursos ambientais.
Planejamento é um processo contínuo e dinâmico que consiste em um conjunto de ações 
intencionais, integradas, coordenadas e orientadas para tornar realidade um objetivo futuro, de 
forma a possibilitar a tomada de decisões antecipadamente.
Observe que esse inciso está diretamente associado ao art. 23 da Carta Magna, que faz referência 
à proteção do meio ambiente e ao combate à poluição em qualquer de suas formas e também à 
preservação das florestas, da fauna e da flora.
Para que ele seja aplicado, é fundamental o poder de polícia ambiental na administração pública 
das diferentes esferas de poder, para exercerem a legítima fiscalização dos atributos ambientais.
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As Polícias Militares Ambientais do Brasil
As Polícias Militares Ambientais atuam na preservação e na conservação ecológica por meio de 
ações de fiscalização e controle nas áreas de mineração, poluição, queimadas, caça e pesca ilegais. 
Operam também programas na área de educação ambiental.
A maior parte das riquezas naturais brasileiras está em áreas privadas, portanto, os esforços 
de fiscalização são mais focados nesses locais, onde, geralmente, existem poucas unidades de 
conservação.
Procurando o melhor resultado possível em suas ações, as Polícias Militares Ambientais trabalham 
de forma integrada com Ibama, Secretarias Estaduais de Meio Ambiente, universidades, ONGs e 
outras instituições. Por intermédio dessas parcerias é que se torna possível obter uma ação eficaz de 
fiscalização e preservação.
Dos 27 estados brasileiros, 26 possuem unidades da Polícia Militar Ambiental, somando um efetivo de 
quase 10 mil homens, que garantem a segurança da biodiversidade da nação.
Nos últimos 10 anos, a ação eficiente das Polícias Militares nos diversos ecossistemas do país 
contribuiu para a conservação mostrando os seguintes resultados:
• Redução do contrabando e comércio ilegal de animais silvestres.
• Maior controle de desmatamento da Mata Atlântica.
• Controle total da caça ilegal de jacaré no Pantanal.
• Elaboração e implantação de programas para capacitação interna.
• Implantação e execução de diversos programas de educação ambiental.
• Controle das ações ilegais de extração mineral.
• Apoio a diversos programas de pesquisas científicas.
• Fonte: Polícia Militar Ambiental do Brasil (2007).
CURIOSIDADE
Vamos acompanhar o vídeo que mostra a atuação da Polícia Ambiental em Paripueira, município de 
Alagoas: http://www.youtube.com/watch?v=gfAVzrpus-Y.
“IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativa.”
Aqui, há uma reafirmação do legislador sobre a proteção dos ecossistemas nacionais, embora 
se deva registrar que a Carta Magna poderia substituir o termo “ecossistema” por “bioma”, uma vez 
que há diferenças importantes entre os termos.
Ecossistema é o sistema integrado e autofuncionante que consiste em interações dos elementos 
bióticos e abióticos. Suas dimensões podem variar consideravelmente. Por sua vez, bioma é o 
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conjunto de vida (vegetal e animal) definido pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e 
identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada 
de mudanças, resultando em uma diversidade biológica própria. Portanto, o termo bioma estaria 
mais bem aplicado nesse inciso.
Vale destacar também a necessidade de se criar unidades de conservação que possam oferecer 
preservação de cada um dos ecossistemas presentes em território nacional.
As unidades de conservação podem ser classificadas em dois tipos. As de proteção integral, 
ou de uso indireto, são aquelas onde haverá a conservação dos atributos naturais, efetuando-se a 
preservação dos ecossistemas em estado natural com um mínimo de alterações, sendo admitido 
apenas o uso indireto dos seus recursos naturais (art. 2º, VI, Lei nº 9.985/00). As unidades de 
conservação de uso sustentável ou de uso direto são aquelas em que haverá conservação dos 
atributos naturais, admitida a exploração de parte dos recursos disponíveis em regime de manejo 
sustentável (art. 2º, X e XI, Lei nº 9.985/00).
ACONTECEU
Veja o caso da Reserva Biológica das Perobas, uma unidade de conservação de proteção integral.
Reserva das Perobas guarda mistérios no noroeste do Paraná. Disponível em:
http://g1.globo.com/pr/parana/videos/t/todos-os-videos/v/reserva-das-perobas-guarda-misterios-no-noroeste-do-
parana-parte-1/5293505/
http://g1.globo.com/pr/parana/videos/t/todos-os-videos/v/reserva-das-perobas-guarda-misterios-no-noroeste-do-
parana-parte-2/5293522/
Acesso em: 29 dez.2016.
“V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras.”
Nesse inciso, há uma clara menção ao princípio ambiental do limite, pelo qual o Poder Público é 
o responsável por estabelecer limites às atividades produtivas potencial ou efetivamente poluidoras, 
como é o caso de refinarias.
O zoneamento constitui uma medida oriunda do poder de polícia, tendo por fundamento a 
repartição do solo municipal em zonas e a designação de seu uso.
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O dispositivo normativo do zoneamento é um avanço considerável na legislação ambiental 
do período da Ditadura Militar. Envolve o estabelecimento de zonas, com fronteiras definidas por 
estudos ambientais, para o desenvolvimento das atividades que podem recorrer à ação de poluir, 
mas sempre com limites.
Como orienta Rodrigues (2008), as políticas de zoneamento que recaiam sobre algum ente 
federativo podem, por exemplo, identificar a vocação econômico-ambiental para cada zona, 
implementar e sugerir políticas de desenvolvimento sustentável individualizado.
FIGURA 24 – Política de zoneamento
Fonte: rm/Shutterstock
“VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção 
dos recursos ambientais.”
Se a preservação, a conservação, a recuperação e a restauração ambientais são ações importantes 
que geram benefícios para toda a sociedade, então é importante desenvolver ferramentas para o 
incentivo dessas práticas.
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A interpretação do inciso IV é simples: tecnologias menos poluidoras podem ser desenvolvidas, 
mas é preciso amplo e aprofundado trabalho de estudo e pesquisas. É importante deixar claro que 
mesmo os estudos que parecem não ter resultados em curto prazo precisam ser incentivados.
“VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental.”
Nesse caso, o legislador quis valorizar a necessidade do acompanhamento da qualidade 
ambiental. Esse tipo de procedimento é comum quando se realiza um estudo da qualidade da água, 
por exemplo. Há coleta de água de um determinado corpo hídrico mensalmente para verificar a 
presença de coliformes fecais.
“VIII - recuperação de áreas degradadas.”
Esse item está apenas reforçando o art. 225, § 1º, I, da Carta Magna, já citado. É fundamental 
não somentea preservação dos recursos ambientais existentes, mas a recuperação daqueles que 
já se encontram degradados.
“IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação.”
Você aprendeu que um dos princípios do Direito Ambiental é a prevenção. Observe que quis 
o legislador que ocorresse a preocupação de dar atenção às áreas que já estão ameaçadas de 
degradação.
ACONTECEU
Floresta fóssil no Piauí está ameaçada de degradação. Veja no link: http://www.portalaz.com.br/noticia/
municipios/132093.
“X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, 
objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.”
Como já informado na discussão sobre o art. 225, § 1º, VI, da Constituição Federal, a educação é 
a única ferramenta capaz de alterar a cultura e os costumes de um povo. O Ministério de Educação 
vem fazendo a sua parte, embora ainda se tenha muito que fazer.
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CURIOSIDADE
Circuito Tela Verde
O circuito tem como objetivo promover a sensibilização e a reflexão dos públicos sobre o meio 
em que vivem; levar filmes sobre a temática a setores excluídos dos circuitos dos festivais de 
vídeos ambientais, produções premiadas e/ou de reconhecida importância para conscientização 
socioambiental; e estimular a produção de materiais pelas próprias comunidades, por jovens, 
crianças e adultos, que conseguem olhar seu meio e traduzir, em processo educomunicativo, em 
linguagem de áudio e vídeo.
Dessa forma, busca-se conscientizar as pessoas da importância de suas ações nos processos 
de gestão ambiental. A comunidade não só pode como deve participar dos processos de gestão 
ambiental local.
Leia mais em: http://www.mma.gov.br/educacao-ambiental/educomunicacao/circuito-tela-verde.
Agora que terminamos de trabalhar com o art. 2º, está na hora de avançar para o art. 3º, que 
conceitua os termos trabalhados pela lei, para deixar claro o seu conteúdo.
Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem 
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;
As diferentes ciências que discutem a degradação e a preservação dos recursos naturais, como 
geografia, física e biologia, têm conceitos diferentes sobre o termo “meio ambiente”. Na Política 
Nacional de Meio Ambiente, ele estará atrelado sempre à existência da vida, ou seja, “que abriga e 
rege a vida em todas as suas formas”.
FIGURA 25 – Meio ambiente
Fonte: amenic181/Shutterstock
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“II - Degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente.”
Rodrigues (2008) comenta que o legislador buscou uma forma racional de se conceituar a 
degradação ambiental, vinculando-a à adversidade, ao prejuízo e à quebra do equilíbrio. É um termo 
de conotação claramente negativa e está geralmente associado à ideia de perda de qualidade. O 
causador é sempre o ser humano.
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que 
direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.
Observe que o legislador deixa claro que a poluição é um tipo de degradação ambiental. Você 
pode desmatar uma região e não estará lançando nenhum tipo de poluição, mas com certeza estará 
degradando o meio ambiente.
Atente para o fato de a Lei nº 6.938/81 ter entrelaçado os temas, com o objetivo de dar autonomia 
aos conceitos e permitir que eles possam conviver de forma indissociada para melhor facilitar sua 
aplicação, notadamente nos enquadramentos das sanções administrativas e penais.
Enquanto que as primeiras alíneas estão voltadas para o bem-estar de seres humanos e, 
posteriormente, à biota (plantas e animais), as últimas estão associadas ao efeito negativo dos 
poluentes sobre os recursos naturais vivos.
A alínea III também deixa bem clara a questão dos limites estabelecidos pelos órgãos ambientais. 
É possível emitir alguma sonoridade ao oferecer uma festa em seu ambiente de trabalho. Mas é 
bom ficar atento aos limites impostos para a emissão do barulho, que poderá ser considerado 
poluição sonora.
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Poluição sonora
A OMS (Organização Mundial de Saúde) considera que um som deve ficar em até 50 db para não 
causar prejuízos ao ser humano. A partir disso, os efeitos negativos começam.
A Lei Ambiental (Lei nº 9.605/98) é federal e em seu art. 54 determina uma pena de reclusão de um 
a quatro anos e multa a quem “causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou 
possam resultar em danos à saúde humana [...]”.
Fonte: Lacerda (2009).
Aquele que lançar “matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos” 
poderá ser considerado poluidor pela lei, mesmo que o ser humano e a biota não tenham sofrido 
impactos.
“IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou 
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental.”
Não é considerado poluidor apenas um cidadão comum, mas também uma empresa ou um 
conglomerado de indústrias. A lei ainda deixa claro que o Estado e seus diferentes entes federativos 
podem ser considerados como tal.
Percebe-se que é perfeitamente cabível a responsabilidade civil do Estado, na qualidade 
de poluidor indireto, quando sua omissão ou atuação ineficaz possuir nexo causal 
com o dano ambiental, seja por facilitar a ação do poluidor direto, seja por não 
cessar a atividade degradadora do poluidor. Ou se o poder público permanece 
inerte ou atua de forma precária em face ao dano ambiental, atual ou iminente, deve 
ser responsabilizado solidariamente com aquele que por ação causou o prejuízo 
(MORAES, 2010).
“V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os 
estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.”
Os recursos ambientais podem ser divididos em duas categorias: vivos e não vivos. No primeiro, 
trabalha-se com a ideia de fauna e flora. Por sua vez, atmosfera, solo e subsolos são considerados 
não vivos, mas também são recursos naturais.
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8. A POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE: PARTE III
FIGURA 26 – Recursos naturais
Fonte: Tonhom1009/Shutterstock
Vamos continuar avançando para trabalhar com o quarto artigo da lei.
“Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:”.
Como já foi comentado no art. 2º, o objetivo da Lei nº 6.938/81 é
a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando 
assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses 
da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.
Mas quis o legislador deixar claros os objetivos e amplificar, como nos diz Rodrigues (2008), 
ao máximo as formas de preservar, recuperar e melhorar o meio ambiente. Seu objetivo é o 
estabelecimento de padrões que tornem possível o desenvolvimento sustentável, por meio de 
mecanismos e instrumentos capazes de conferir ao meio ambiente uma maior proteção.
“I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade 
do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;”
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Observe que, mais uma vez, o legislador deixa clara a sua intenção de aplicação do conceito de 
desenvolvimento sustentável. Em seu trabalho, Araújo (1997) destaca que, atento a tal dispositivo, em 
1995, o Ibama iniciou estudos visando à criação do Protocolo Verde, que foi oficialmente instituído 
por decreto em 29 de maio de 1996. O objetivo era incorporar a variável ambiental ao processo de 
gestão e concessão de crédito oficial e benefícios fiscais às atividades produtivas,

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