Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Biografia David Harvey é um geógrafo britânico nascido em 1935, formado pela Universidade de Cambridge e professor da Universidade da Cidade de Nova York. De orientação marxista, Harvey é um dos principais nomes da Geografia Humana contemporânea, tendo sido agraciado em 1995 com o Prêmio Vautrin Lud, o Nobel da Geografia. Entre as obras de David Harvey mais famosas e difundidas, destacam-se: A Justiça Social e a Cidade, Condição Pós-Moderna, Espaços de Esperança e A Produção Capitalista do Espaço. Atualmente, o autor vem trabalhando em uma série de livros voltados para a análise e compreensão de O Capital, de Karl Marx. Introdução O autor David Harvey chama atenção em sua obra para o fato de a geografia ser controversa em relação à metodologia. Na maioria das disciplinas o "problema" e a sua forma de explicação são extremamente importantes, porém, na geografia em alguns casos essa relação fica distorcida , e em outros, a relação é sólida e esclarecedora. Como consequência de que a linguagem metodológica nem sempre é utilizada, temos a construção de argumentos fracos e desnecessários para um determinado tipo de problema. O autor disserta que a maior dificuldade imposta na disciplina surge a partir do momento que existe uma necessidade de identificar problemas que sejam relevantes para a sociedade e responder esses problemas com argumentos consistentes. Segundo Harvey, a maior parte dos geógrafos, mesmo considerando a geografia como forma de ciência, admitem que existem problemas que não podem ser respondidos com o emprego do método científico. Os problemas pesquisados pelos geógrafos se situam além da ciência. Há limites para o emprego do método científico e esses limites fazem da geografia uma modalidade especial de ciência. O autor também escreve que há uma importante separação entre o comum método científico e a metodologia geográfica principalmente na discussão das leis da geografia. Citando Wooldridge e Eeast, o Harvey pretende explicar também que a geografia em sua parte humana e social apesar de ser mais complexa e variada que a geografia física, não é superior. A questão das leis na Geografia. Fora comentado recentemente, pelo professor Tony Wrigley, sobre a dificuldade que existe na execução da geografia física e social juntas. Pois, assumindo o ponto de vista do professor, percebe- se que a explicação de ambas ocorre de forma diferente uma da outra: a geografia física sempre buscando a descoberta de leis, já para a social, tais leis são de certa forma irrelevantes. Apesar disso, pode-se afirmar que as leis se estabelecem tanto na geografia física quanto na humana. Em contrapartida, alguns escritores divergem quanto à possibilidade de criação das leis pela natureza, devida a variada quantidade existente de matéria e porque o número de casos que se pode generalizar é geralmente pequeno. Leva-se em consideração também a questão do excepcional e ocasional, que podem ter amplas consequências nessa metodologia. Por esse entendimento, questionamos as leis em três formas: 1) Para mostrar que não se podem estabelecer leis, precisamos de critérios claros, para podermos julgar se uma particular afirmação é adequada como lei. 2) Dado esses critérios, tem de se mostrar que não existe um modo para que tais afirmações possam ser desenvolvidas e utilizadas em um contexto geográfico. 3) Também haveria de mostrar se existe alguma alternativa real ao uso das afirmações como leis, que proporcione explicações razoáveis e satisfatórias. Neste sentido, o raciocínio em condição de lei, de esquemas explicativos, etc, é de suma importância para a geografia. Os critérios hoje disponíveis estão longe de serem claros e apresentaram significante mudança nas últimas décadas. Segundo alguns pontos de vista, as leis em sentido estrito não podem se desenvolver em contexto empírico, com exceção na física. Segundo outros critérios, seria possível o desenvolvimento das leis na geografia, porém, ambas correntes de pensamento excluem o argumento a favor de uma geografia que envolva a biologia ou a economia. Aceitando os menos criteriosos, é possível assumir o desenvolvimento das leis. O resultado final para tal processo, fora a adesão a um modo particular da compreensão da natureza geográfica unida a um modo particular de entendimento da explicação. Tese Kantiana Kant tem como prioridade a Geografia e a História sobre as demais ciências e as caracteriza como: Podemos classificar nosso conhecimento empírico de duas maneiras: ou de acordo com conceitos, ou de acodo com tempo e espaço que são utilizados atualmente... O primeiro, temos uma natureza, semelhante do sistema de Lineu; a segunda como uma descrição geográfica da natureza... A Geografia e a história trabalham para preencher todo o ambiente de nossas percepções: a geografia, o espaço; a história, o clima (Hartshorne). A tese kantiana foi explicitamente usada por Hettner para estabelecer que a geografia, história e algumas outras disciplinas, era uma ciência mais idiográfica do que nomotetica. Geografia Idiográfica => Os fenômenos variam de lugar a lugar e as suas inter-relações também variam. Os elementos possuem relações internas e externas à área. A análise deveria integrar o maior número possível de fenômenos inter-relacionados. Este processo pode ser repetidos várias vezes, até o pesquisador achar suficiente para se compreender o caráter da área enfocada. Faria um análise singular (de um só lugar) e unitária (aprendendo vários elementos). Assim, obteria-se um conhecimento bastante amplo de determinado local. Geografia Nomotética => Estudo generalizado, apesar de parcial. O pesquisador pararia na primeira integração e a reproduziria (usando os mesmos fenômenos e mesmas inter-relações) em outros lugares com as comparações obtidas se chegaria a um padrão de variação dos fenômenos abordados. Assim, através de comparações, obteria-se um conhecimento genérico. A Geografia Nomotética abriu novas vertentes no estudo Geográfico agilizando o estudo regional e criando perspectivas de planejamento e diagnósticos. Estabeleceu a possibilidade de quantificação e computação. A tese kantiana foi interessante para os demais geográfos, que puderam expandir suas áreas de pesquisa e abordar assuntos tanto físicos quanto socioeconômicos. Posteriormente, a tese kantiana foi usada mais especificamente para fortalecer uma tradição de investigação particular (ou seja, o método ideográfico), contra o desafio de uma geração mais jovem, cujo trabalho é mais doméstico. Sentiam-se tentados a trazer o pensamento de Kant para se apoiarem no status quo, sem realmente saber se as considerações de Kant são razoáveis ou não. Kant era, afinal de contas, palestrante e escritor prolífico, e muitos aspectos de sua filosofia, como a noção de sintéticos a priori, intimamente relacionado com a sua compreensão do conhecimento do espaço, foram profundamente modificados ou rejeitados por mais de cem anos. A tese de Kant supunha que o espaço pode ser examinado, e os conceitos espaciais desenvolvidos, independentemente do conteúdo. Supondo um espaço mais absoluto do que relativo, é possível deduzir algumas das afirmações que se tem feito habitualmente sobre o lugar da geografia entre as ciências. Entretanto, a afirmação de um espaço absoluto,ou seja, de que as localizações são únicas, não tem sido explicitamente discutida ou reconhecida como uma das preposições básicas da tese kantiana. Alguns partidários de tal tese, além de declarar diretamente essa unidade, supõem a existência de um conjunto de entidades regionais que constituem individualidades geográficas. Entretanto, partindo de um entendimento relativo do espaço, a idéia de unidade das localizações tem de ser profundamente modificada, posto que o entendimento relativo do espaço postula um número infinito de possibilidades dentro de um mesmo sistema (de coordenadas, por exemplo). Dado um entendimento relativo do espaço, resta eleger o sistema de coordenadas mais apropriado para um fim geográfico determinado; de acordo com o fenômeno que se seleciona para estudo. O problema reside, entretanto, em como fundamentar essa seleção. Como distinguir-se o “ponto de vista” do geógrafo, quando estes se sentiam contentes com a definição implícita de seu ponto de vista e tendiam a evitar a teoria específica e, de tal modo, quando a teoria vinha a se desenvolver, acabava sendo puramente especulativa e não científica, tirando assim a natureza concisa, forte e racional do enunciado, proporcionada pelo caráter científico. Este problema da significação (“ponto de vista que caracteriza à geografia), segundo Hartshorne, não tem uma solução independente da teoria geográfica. Teorias Originais e Derivadas Para Harvey, o temor dos geógrafos referente a teoria explícita não é totalmente irracional pois o fato de estender os métodos científicos para as ciências sociais e históricas são consideráveis. Assim, os geógrafos analisam as vantagens do método experimental, que por serem multivariável, são de difícil manipulação. A teoria requer o uso da linguagem matemática, para que, desse modo, se possa manipular a complexidade de interação usando linguagens semelhantes. Entretanto, com o lento crescimento de métodos matemáticos apropriados para tratar dos problemas geográficos, esses parecem analiticamente intratáveis. O autor diz que as teorias derivadas de outras disciplinas de geografia (geografia biológica, geografia econômica, etc.) encontram-se mais desenvolvidas que a teoria original, desse modo, resta saber se a teoria original pode se desenvolver à margem da geografia derivada e quais as relações entre elas. Uma conclusão preliminar é o desenvolvimento dos geógrafos com relação ao pensamento analítico da linguagem espaço-tempo a teoria original pode ser desenvolvida mas, quando eles recorrem a linguagens próprias a teoria resultante é derivada de alguma disciplina. Portanto, não existe razão lógica para supor que a teoria não pode desenvolver-se em geografia e que os métodos pessoais na explicação científica não podem ser uutilizados nos problemas geográficos. Conclusão Conclui-se que a geografia esta escassa de teorias e dotada de fatos. É vital o desenvolvimento da teoria tanto para uma explicação satisfatória quanto para a identificação da geografia como um campo de estudo. A teoria citenfífica. A teoria científica pode seguir dois caminhos distintos: a teoria dedutiva e a teoria indutiva. O caminho teórico dedutivo se encontra agora mais favorecido, posto que reconhece claramente a natureza hipotética de grande quantidade do pensamento científico. Porém, em geral este tipo de pensamento não se perpetua na geografia. Embora se tenha verificado grande quantidadde de pensamentos apriori. Escritores como Griffith Taylor e Carl Sauer desenolveram teorias embasadas na dedução, porém as teorias só conseguem status científico se proporcionam hipóteses que podem ser verificadas de alguma maneira, no entanto, o desenvolvimento por estes autores são pouco verificáveis ainda que estimulantes. Isso ocorre em parte devido a insuficiência de uma elaboração dedutiva e em parte porque os elementos da metodologia que partem do enunciado da teoria e continuam com a formulação de hipóteses, construção de modelos, o desenho experimental e os procedimentos, se tem configurado débil e recente. O caminho implícito na ortodoxia de Hartshorneé diferente. Ele parte dos estudos de observações desordenadas (fatos) através da classificação e generalização para a formação de princípios que podem auxiliar na descrição interpretativa de áreas. A força de tal caminho depende do poder da lógica indutiva e resulta ser, portanto, peça na formação de enunciados gerais válidos que podem funcionar como leis totalizadoras. A maior parte da investigação geografica tende a interessar-se pela ordenação e classificação de dados, e neste sentido estava de acordo com a ortodoxia de Hartshorne sem aceitar necessariamente as teses de Kant.
Compartilhar