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1° Período - Módulo 1 - "PROFISSIONAL DA SAÚDE OU DAS DOENÇAS?"

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Centro Universitário de Mineiros – UNIFIMES
Curso de Medicina
Tutoria 1ª Etapa
Unidade I
PROBLEMA 2
PROFISSIONAL DA SAÚDE OU DAS DOENÇAS?
Alunos: Ana Laura Pereira Lino/201710278
	 Fernanda Rodrigues da Silveira/201710322	
	 Jêmina Neves Palheta/201710203
	 Kárita Ariel Vinhal/201710287
	 Lucas Guerra Borges/201710226
	 Mirelly Karoline Cunha/201710204
	 Vitória Ribeiro Farinha/201710213
	 Vittor Zaltron Nascimento/201710275
26/02/2017
1.2 INTRODUÇÃO
Com o acelerado desenvolvimento tecnológico na área da Saúde, a singularidade do paciente ficou em segundo plano; sua doença passou a ser objeto do saber científico e a assistência se desumanizou. A formação do profissional de Saúde, cada vez mais especializada, e suas difíceis condições de trabalho, restringem sua disponibilidade tanto para o contato com o paciente quanto para a busca de formação mais abrangente.
A doença não se trata apenas de medições fisiopatológicas, está também relacionada aos aspectos psíquicos, ambientais, sociais, culturais, étnicos, entre outros fatores. Portanto, faz-se necessário que o médico tenha uma visão integral e humanística do paciente, visto que a relação médico-paciente influência direta ou indiretamente a satisfação e o estado de saúde do paciente. O cuidado efetivo requer um olhar atento às reais necessidades do paciente e respeito às suas opiniões sobre o adoecimento.
William Osler dizia, “o bom médico trata a doença, mas o grande médico trata a pessoa com a doença”.
1.3 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Objetivo Geral:
 - Compreender o ser humano por inteiro.
Objetivos específicos:
- Diferenciar o doente (espiritual) e a doença;
- Compreender a influência dos aspectos fisiológicos, biológicos, psíquicos, socioambientais na saúde;
- Avaliar os prós e contras da descentralização da medicina, isto é, as especialidades;
- Distinguir o “fazer medicina” do “ser médico”;
- Associar a expectativa e a realidade da profissão da medicina;
- Adaptar-se as necessidades e limitações de cada paciente;
- Priorizar a medicina preventiva para diminuir os impactos das doenças;
- Associar a experiência médica às informações passadas pelo paciente.
1.4 RESPOSTAS E DISCUSSÕES
A ética e a moral são os maiores valores relacionados a conduta médica, elas se formam numa mesma realidade e ambas significam ‘’respeitar e venerar a vida’’. Neste contexto, é evidente a necessidade de ter uma ética aplicada, uma vez que ela resulta em um conjunto de valores morais e conhecimentos racionais, a respeito do comportamento humano, que nos leva a agir não só por tradição, educação ou hábito, mas mais ainda por convicção e inteligência. Afinal, ela faz uma reflexão filosófica sobre a moral, procurando justificá-la e tendo como objetivo fazer com que as pessoas entendam que suas ações possuem consequências não só para si, mas também para outros e isso não pode ser encarado como ponto de vista. Sendo assim é cada vez mais importante evidenciar e promover o respeito mútuo entre médico e paciente, pois a medicina não é somente a busca pela cura, mas sim uma forma de tentar compreender e suprir os anseios do ser humano ‘’por inteiro’’, enfatizando na progressão da humanização do curso de medicina. Além de tudo, é necessária uma visão humanizada e integralizada acerca do paciente, não visando apenas ao lucro.
O Método Clínico Centrado na Pessoa tem uma premissa importante, de que existe diferença naquilo que chamamos de “doença” e a vivência absolutamente única de cada pessoa com a doença, isto é, o adoecimento, que decorre da interação das crenças pessoais com a vivência corporal e a interação com o ambiente, incluindo o contexto familiar e psicossocial. Para entender melhor a experiência da pessoa em relação à doença, o profissional deve estar atento as dimensões da experiência da doença (SIFE).
O entendimento da pessoa como um todo melhora a interação do médico com a pessoa sendo cuidada e pode ser muito útil quando os sinais e sintomas não apontam uma doença claramente definida. A experiência de uma doença séria, geralmente, está associada com um grau de sofrimento significativo, sendo que grande parte dele muitas vezes não é físico e sim espiritual. Os avanços científicos que modificaram os cuidados de saúde aumentaram o foco na cura e na tecnologia, perdendo os aspectos humanitários e de compaixão do cuidado.
Para Evans & Stoddart (1990) a doença não é mais que um constructo que guarda relação com o sofrimento, com o mal, mas não lhe corresponde integralmente. Quadros clínicos semelhantes, ou seja, com os mesmos parâmetros biológicos, prognóstico e implicações para o tratamento, podem afetar pessoas diferentes de forma distinta, resultando em diferentes manifestações de sintomas e desconforto, com comprometimento diferenciado de suas habilidades de atuar em sociedade. O conhecimento clínico pretende balizar a aplicação apropriada do conhecimento e da tecnologia, o que implica que seja formulado nesses termos. No entanto, do ponto de vista do bem-estar individual e do desempenho social, a percepção individual sobre a saúde é que conta.
Sendo assim é fundamental que os médicos vejam seus pacientes como um todo e não foquem somente no sistema biológico comprometido. No SUS, esse princípio é denominado integralidade, e tem como objetivo não só avaliar a moléstia atual, mas também suas causas, tratamento e possível correlação com modo de vida. Os fatores sociais, econômicos, culturais, étnico-raciais, psicológicos e comportamentais, moradia, alimentação, escolaridade, renda e emprego, têm grande influência na qualidade de vida das pessoas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define esses fatores como determinantes sociais da saúde e estão relacionados às condições em que uma pessoa vive e trabalha, esses determinantes refletem, tanto do ponto de vista do indivíduo, quanto da coletividade na qual ele se insere.
Logo, direito à saúde não se restringe apenas ao atendimento médico, mas implica também na garantia ampla de qualidade de vida, em associação a outros direitos básicos, como educação, saneamento básico, atividades culturais e segurança. Consequentemente, todas as políticas que objetivam a redução das desigualdades sociais terão significativos reflexos na melhoria da saúde. 
No entanto, estudos recentes demostram que a medicina centrada no paciente obtém não somente uma melhora na relação médico-paciente, como também uma maior sincronia no ambiente hospitalar, na equipe de trabalho e principalmente na evolução, benéfica, do paciente. Sendo assim, muitas vezes se questiona a veracidade das divisões medicas, pois, embora preocupados com os cuidados, os estudantes estão pouco predispostos a discutir com paciente suas prioridades na atenção à própria saúde, seus conhecimentos e crenças, sobre processo saúde-enfermidade. Sendo um grande desafio, nos próximos anos tanto para os médicos quanto para as escolas médicas, o equilíbrio entre habilidades técnicas e científicas com a valorizam dos aspectos éticos e humanos, trazendo à tona o velho conflito, mundial, entre a atuação dos modelos biomédicos e biopsicossocial.
 Um dos fatores correlacionados a essa discussão, é o fato de que a prática da medicina está ameaçada no Brasil. Basta abrir as páginas dos jornais para constatar uma verdadeira crise anunciada que inclui notícias como a abertura indiscriminada de escolas médicas sem infraestrutura, a flexibilização da residência médica e as tentativas de revalidar automaticamente diplomas de médicos formados no exterior sem exigir comprovação de capacidade. O resultado desse cenário é um profissional com formação deficiente para exercer a medicina. Para ser médico, além da disposição para enfrentar um trabalho árduo e incansável as dificuldades habituais relacionadas à profissão, são necessárias características especiais. O bom médico também deve ter bom caráter, ter senso humanístico, consciência coletiva,amor à vida. No entanto, toda essa humanização tem ficado um pouco para trás em virtude do status que o indivíduo recebe da sociedade e da mídia somente por fazer medicina. 
Outro fator abrangente a essa discussão, é o uso da medicina preventiva como um grande redutor dos impactos das doenças. Uma vez que está prioriza a identificação dos primeiros sinais de desequilíbrio, intervindo complementarmente com recursos os mais naturais possíveis, para tratar e prevenir as doenças e seus efeitos degenerativos em sua origem. O foco é sempre identificar as causas das doenças, e não apenas trata-las agudamente. O diagnóstico precoce não previne a doença, mas evita desdobramentos da patologia e a chance de cura aumenta.
A OMS definiu a promoção da saúde como “ o processo de habilitar pessoas a assumir o controle de sua saúde e a melhorá-la”. Já a prevenção de doenças tem por objetivo reduzir os riscos de uma doença. As estratégias de prevenção se dividem em: evitar riscos, reduzir riscos, identificar precocemente e reduzir complicações. 
 No início a medicina preventiva era muito voltada para a área clínica, como prevenção de diabetes, de hipertensão, de câncer, como próstata, mama, colo de útero e pele, nos últimos anos percebeu-se a necessidade de adequação à prevenção do bem-estar emocional do paciente, pois cada indivíduo tem características genéticas e hábitos que podem favorecer o surgimento das doenças. Uma avaliação clínica e laboratorial pode detectar com antecedência os fatores predisponentes das doenças, permitindo o ajuste, tanto do estilo de vida como dos parâmetros laboratoriais biológicos e metabólicos, prevenindo e minimizando as possibilidades do surgimento de doenças, diminuindo o uso de medicamentos e seus efeitos colaterais, recuperando o desempenho físico, mental e a qualidade de vida. Esse modelo de medicina é baseado na mudança do estilo de vida através de uma alimentação equilibrada, atividade física regular e equilíbrio emocional. 
 Em 1967, Clark D.W. afirmava que prevenção em um senso estrito que significa evitar o desenvolvimento de um estado patológico e, em um senso amplo, inclui todas as medidas, entre elas as terapias definitivas, que limitam a progressão da doença em qualquer um dos estágios. Uma distinção foi feita entre a intervenção que impede a ocorrência da doença antes de seu aparecimento – prevenção primária – da intervenção que diagnostica precocemente, detém ou retarda a sua progressão ou suas sequelas em qualquer momento da identificação – prevenção secundária. Pode-se então definir que prevenção é todo ato que tem impacto na redução de mortalidade e morbidade das pessoas. 
 Sendo assim, para conseguir um bom diagnóstico e um tratamento eficaz, é preciso não só ter uma ampla experiência médica, mas analisar com atenção o que é relatado pelo paciente. As informações que as pacientes passas podem ampliar a visão do profissional sobre o problema, possibilitando que além de tratar, ele também consiga apontar e mudar os hábitos que tornam o doente propenso a doença.
 Vários médicos não priorizam fazer uma boa anamnese, e por esse motivo, ficam centrados apenas em curar a doença naquele momento, e não estudar o que pode ter a causado. Uma boa anamnese é primordial para relacionar informação e experiência. Por esse motivo muitas faculdades de medicina dão grande importância em ensinar os alunos a ouvir os pacientes e saber se comunicar para extrair o máximo de informações, visto que certos atributos como a empatia, a compaixão e o cuidado, devem ser cultivados nos relacionamentos entre pessoas e profissionais da saúde, pois aumentam as chances de que a relação contribua para o projeto terapêutico.
 O livro Fundamentos de enfermagem ressalta bem a importância da informação: “A coleta de dados inclui o agrupamento de dados subjetivos e objetivos provenientes do paciente ou sobre ele. Dados subjetivos são as percepções do paciente sobre seus problemas de saúde. Apenas ele pode dar esse tipo de informação”. E com isso nota-se que um profissional que não alia a experiência com informação, dificilmente terá êxito nos seus serviços.
1.5 CONCLUSÃO
Em síntese, torna-se cada vez mais importante uma visão humanizada e integralizada em relação ao paciente, não visando apenas ao lucro. Os profissionais da área de saúde têm que imaginar o paciente, assim como eles mesmos, capazes de perceberem e explorarem o mundo externo a partir de experiências pessoais, sua cultura, sua linguagem, crenças, valores, interesses e pressuposições. Um bom médico é aquele que traduz o inapetente, o indizível em um primeiro contato com o ser doente, compreende que o corpo humano não é um produto isolado, já que existe em relação ao outro um contexto social, cultural e político; entende que para cuidar de uma pessoa, faz-se necessário considerar algumas questões pertinentes ao vínculo saúde/doença e adoecimento/sociedade, isto é, cabe ao profissional de saúde entender que não basta trabalhar com doenças, é necessário compreender o ser humano por inteiro, para realizar um bom diagnóstico e tratamento eficaz.
1.6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
[1] BRASIL Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Projeto Promoção da Saúde. Distritos sanitários: concepção e organização o conceito de saúde e do processo saúde-doença. Brasília. Ministério da Saúde, 1986.
[2] ALBUQUERQUE, C.M.S.; OLIVEIRA C.P.F. Saúde e doença: significações e perspectivas em mudança. Revista do ISP. 2002.
[3] Biblioteca virtual UNIFESP, esf, módulo político gestor, unidade 6. Disponível em: http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/modulo_politico_gestor/Unidade_6.pdf
[4] FERREIRA D.C, SOUZA I.D, ASSIS C.R.S, A experiência do adoecer: uma discussão sobre saúde, doença e valores. Revista Brasileira de Educação Médica
[5] Acessos online: 
http://www.pensesus.fiocruz.br/determinantes-sociais
http://www.pensesus.fiocruz.br/direito-a-saude
http://www.uesb.br/revista/rsc/v7/v7n1a07.pdf 
http://jorgejamili.com.br/site/?page_id=12 
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/3934.pdf
 [6] POTTER PATRICIA ANN, PERRY ANNE GRIFFIN, Fundamentos de enfermagem. 
[7] STEWART, M ; BROWN, JB; WESTON, WW et al. Medicina centrada na pessoa – Transformando o método clínico. 2ª ed, Porto Alegre, Artmed, 2010

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