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APOSTILA INTROD A BÍBLIA COMPLETA

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INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
“Eterno Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, concede-
nos tua graça para que pesquisemos diligentemente as 
Sagradas Escrituras, que nelas busquemos e achemos a 
Jesus Cristo e que por ele tenhamos a vida eterna”. 
Martinho Lutero, 1483 – 1546 
Porque a Bíblia é Importante? 
A Bíblia é importante porque explica a origem do homem e o propósito de sua exis-
tência. Como ser racional, o homem indaga a razão de sua existência. A questão é tão persis-
tente que tem fornecido uma contínua fonte de cogitação para a filosofia. A Bíblia apresenta a 
única resposta satisfatória ao propósito da existência do homem e a natureza do seu destino. O 
homem foi criado por Deus para viver em serviço fiel e amoroso a Deus e ao seu próximo e a 
passar a eternidade em companhia do seu criador. 
A Bíblia é importante porque fornece orientação para a vida diária dos cristãos. A Bí-
blia nos apresenta um plano completo e eficiente para o devido relacionamento com outras 
pessoas. Não somente explica como se relacionar com a própria família, amigos e vizinhos, 
mas nos ensina como devemos tratar os inimigos. Talvez os três maiores problemas do ho-
mem contemporâneo sejam: 
1.  Sua consciência de culpa e rejeição causando um sentimento de alienação e solidão;
2.  Sua incapacidade de relacionamento com seu próximo;
3.  Suas frustrações, causadas pelas derrotas, que o levam a concluir que a vida não tem senti-
do. A Bíblia tem a única resposta adequada a cada um desses problemas.
A Bíblia é importante porque conduz o homem condenado ao Redentor e sofredor, ao 
único Confortador que pode resolver suas necessidades. Somente a Bíblia apresenta soluções 
aos dois grandes obstáculos do homem: 
1.  Seus erros ou más ações;
2.  E a sempre presente possibilidade da morte que o destruirá.
	
  
A Bíblia é importante como livro de conhecimento: 
1.  Como livro de filosofia, a Bíblia dá a única explicação satisfatória do ser humano e seu 
destino; 
2.  Como livro de psicologia, a Bíblia proporciona uma explanação verdadeira da personalida-
de humana e a única solução adequada para seus problemas; 
3.  Como livro de história, a Bíblia antecipa qualquer outro trabalho história e contêm a única 
profecia plausível do final da história, no entanto, Bíblia não tem por finalidade, todavia, 
ser usada como livro de história, nem disputar ou estabelecer teorias; 
4.  Como livro de ciências, a Bíblia fornece a verdadeira explicação da origem do mundo e 
uma declaração precisa e clara da fonte de operação da natureza. 
 
A Bíblia é o livro da redenção que esclarece ao homem como reconciliar-se com Deus 
através de Jesus Cristo. Verdadeiramente é o “Livro dos livros”, o maior livro do mundo! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	
  
Capítulo 1 
 
HISTÓRIA E ESTRUTURA 
 
 
1.1 Introdução 
 
Apesar de ser um dos livros mais antigos da humanidade, a Bíblia ainda é um best-seller 
mundial. A espantosa atualidade dos seus temas, a originalidade de suas ideias, a coerência 
ética dos seus conselhos, as experiências particulares que cada pessoa tem ao lê-la, a influên-
cia na história da humanidade, a irrefutabilidade científica, a ausência de contradições entre os 
seus sessenta e seis livros são características que fazem da Bíblia um livro singular. 
Ela é o livro do cristianismo! Toda a doutrina cristã está, de maneira plena e suficiente, 
revelada por meio da Bíblia, não cabendo alterações, acréscimos ou retiradas de qualquer pa-
lavra ou trecho dos livros que a compõem. Isso significa dizer que a Bíblia é o manual de fé e 
prática do cristão e que deve ser devidamente estudada e compreendida para que a Palavra de 
Deus não se torne motivo de confusão ou tropeço para qualquer pessoa. 
Escrita no oriente antigo, sob a inspiração de Deus, a Bíblia jamais se tornou obsoleta, 
pelo contrário ela se apresenta extremamente válida para todas as épocas e circunstâncias. 
Além de não ter limites temporais, a Bíblia também não possui limites territoriais, isto é, ela 
não está sujeita às variações das muitas culturas que se espalham sobre a Terra. Podemos en-
contrar nela todos os assuntos importantes para a vida, através de exemplos ou ensinos dou-
trinários. 
Os posicionamentos ético-políticos das Sagradas Escrituras incomodaram muitos filóso-
fos e governantes, tornando-se, em várias ocasiões históricas, um livro altamente perseguido – 
alguns tiranos queimaram milhões de exemplares da Bíblia em praça pública, proibindo a sua 
leitura pelo povo. Muitos desses déspotas acreditaram mesmo que iam destruí-la. Um grande 
número de cientistas também se empenhou profundamente em invalidar os fatos nela narra-
dos. Mas, apesar de tudo isso, ela permanece sendo o livro mais lido, mais traduzido e mais 
citado do mundo atual. 
A palavra BÍBLIA, que significa livro, passou a fazer parte do vocabulário das línguas 
modernas através do francês, passando primeiro pelo latim biblia, com origem no termo grego 
biblos. Entretanto, em sua origem, o nome era utilizado para se referir a casca de uma planta 
chamada papiro, utilizada para as primeiras comunicações escritas do início da civilização 
	
  
ainda no século XI a.C. Após o século II d.C., o nome passou a ser utilizado pelos cristãos 
para designar os seus livros sagrados. 
A estrutura básica da Bíblia, de uma maneira simplificada, é apresentada em duas por-
ções principais: o Antigo Testamento e o Novo Testamento. A primeira porção é composta 
por 37 livros e foi escrita em hebraico e aramaico pela comunidade judaica, antes de Cristo 
em um período que vai de aproximadamente 1.500 a.C até o ano 400 a.C. A segunda porção 
possui 27 livros e foi escrita pelos discípulos do Senhor Jesus Cristo que viveram no século I 
d.C., a língua utilizada foi o grego comum, isto é, um grego coloquial falado em todas as na-
ções que passaram pelo domínio de Alexandre, o Grande, rei da Macedônia. 
Norman Geisler, comentando essa bipartição estrutural da Bíblia, chama a atenção para 
o fato de que “a palavra testamento, é tradução das palavras hebraicas e gregas que significam 
‘pacto’ ou ‘acordo’ celebrado entre duas partes”, de maneira mais comum substituímos a pa-
lavra testamento pela palavra aliança. Desta forma, no caso da Bíblia, temos a aliança antiga, 
celebrada entre Deus e o seu povo (Israel) e anova aliança, celebrada em Cristo (por meio de 
sua morte e ressurreição) entre Deus e a humanidade. 
Os estudiosos cristãos, em geral, ensinam que a pessoa de Jesus Cristo é o elemento de 
unidade entre os escritos do Novo e do Velho Testamento. Santo Agostinho de Hipona, para 
citar um exemplo, afirmava que o Novo Testamento acha-se velado no Antigo Testamento e o 
Antigo Testamento revelado no Novo. Outros autores disseram o mesmo em outras palavras. 
Isso faz-nos perceber que os crentes anteriores a Cristo olhavam adiante com grande expecta-
tiva, ao passo que os crentes de nossos dias vêem em Cristo a concretização dos planos de 
Deus. 
 
1.2 Estrutura e secções 
 
Além de ser dividida em Antigo e Novo Testamento, como vimos acima, a Bíblia pos-
sui várias outras divisões que facilitam o seu manuseio e entendimento. As divisões que apre-
sentaremos nesse material dizem respeito ao agrupamento por gênero literário dos livros que 
compõem as Sagradas Escrituras. Valendo lembrar que se trata do gênero literário predomi-
nante de cada livro. Desta forma, livros que estão classificados como históricos podem conter 
profecias ou poesias, ou vice versa. 
Essa classificação não é canônica, ou seja, não é inspirada, é apenas uma forma de en-
tender melhor a forma como os livros estão organizados, facilitando o manuseio e entendi-mento das Escrituras. 
	
  
1.3 Secções da Bíblia 
 
Velho Testamento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São basicamente três os gêneros literários encontrados no Velho Testamento: história 
(narrativa dos fatos históricos referentes ao Povo de Deus); poesia (cânticos, provérbios e 
poemas típicos da cultura hebraica que instruem o homem na sua comunicação com Deus) e 
proféticos (o anúncio da vontade de Deus por meio de ensinos, admoestações e previsões de 
futuro, sendo esta última em menor quantidade). 
Na divisão acima, apresentamos os dezessete livros históricos divididos em Pentateuco 
(conjunto dos cinco primeiros livros da Bíblia, a palavra grega pode ser traduzida como “Cin-
co Rolos”) e História de Israel. De modo singular, dividimos os dezessete livros proféticos em 
Profetas Maiores (trata-se dos cinco profetas mais atuantes e mais importantes de Israel) e 
 
1. Gênesis; 
2. Êxodo; 
3. Levítico; 
4. Números; 
5. Deuteronômio. 
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
 
1. Isaías; 
2. Jeremias; 
3. Lamentações de Jeremias; 
4. Ezequiel; 
5. Daniel. 
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
1. Jó; 
2. Salmos; 
3. Provérbios; 
4. Eclesiastes; 
5. Cântico dos Cânti-
cos. 
5 Livros do Pentateuco 
5	
  Livros	
  Poéticos	
  
5 Profetas Maiores 
1. Josué; 
2. Juízes; 
3. Rute; 
4. I Samuel; 
5. II Samuel; 
6. I Reis; 
7. II Reis; 
8. I Crônicas; 
9. II Crônicas; 
10. Esdras; 
11. Neemias; 
12. Ester. 
17 Livros Históricos 17 Livros Proféticos 
1. Oséias; 
2. Joel; 
3. Amós; 
4. Obadias; 
5. Jonas; 
6. Miquéias; 
7. Naum; 
8. Habacuque; 
9. Sofonias; 
10. Ageu; 
11. Zacarias; 
12. Malaquias. 
12 Livros da História de Isra-
el 
12 Profetas Menores 
	
  
Profetas Menores (um conjunto de doze livros de profecia, que embora tenham a mesma im-
portância espiritual que os demais, são assim classificados para facilitar o manuseio). 
Sobre os livros Poéticos, precisamos entender que não se trata de poesia fantasiosa, mas 
de um gênero literário frequentemente utilizado na cultura hebraica para comunicar as ideias 
em uma sequência lógica. A poesia hebraica não é organizada por rimas, ou métricas, mas 
pela composição de ideias sequenciadas que se entrelaçam, construindo uma dinâmica de nar-
rativa bastante especial. É bastante comum encontrar trechos poéticos nas narrativas históricas 
ou nas profecias, isso acontece por que a poesia hebraica muitas vezes é utilizada para desta-
car a importância de algum tema específico. 
 
Novo Testamento 
EVANGELHOS HISTÓRIA 
1.   Mateus 
2.   Marcos 
3.   Lucas 
4.   João 
1.   Atos dos Apóstolos 
CARTAS OU EPÍSTOLAS 
PAULINAS NÃO PAULINAS 
1.   Romanos 
2.   I Coríntios 
3.   II Coríntios 
4.   Gálatas 
5.   Efésios 
6.   Filipenses 
7.   Colossenses 
8.   I Tessalonicenses 
9.   II Tessalonicenses 
10.   I Timóteo 
11.   II Timóteo 
12.   Tito 
13.   Filemon 
1.   Hebreus 
2.   Tiago 
3.   I Pedro 
4.   II Pedro 
5.   I João 
6.   II João 
7.   III João 
8.   Judas 
PROFECIA 
1.   Apocalipse 
 
O Novo Testamento apresenta alguns gêneros literários que não foram utilizados nas 
Escrituras Verotestamentárias, são eles: os evangelhos, as cartas e epístolas. Esses três gêne-
ros estão muito ligados à cultura grega e ao momento histórico em que foram redigidos os 
textos. No primeiro século da era cristã, devido às incursões militares de Alexandre, o Gran-
de, a língua grega era o idioma predominante do oriente médio. Todas as nações que foram 
dominadas pelo exército macedônio foram compelidas a adotar o grego como língua oficial. 
	
  
Daí nasceu o grego koiné, ou simplesmente, grego comum, uma espécie de dialeto no qual o 
Novo Testamento foi inteiramente escrito. 
A palavra evangelho é uma transliteração do termo grego que significa “boas novas”, ou 
“boas novidades”. Os evangelhos são a narrativa dos atos e ensinamentos de Jesus Cristo, 
poderiam ser considerados históricos, mas apresentam uma diversidade tão grande de estilos e 
gêneros literários em sua estrutura interna que se prefere classificá-los apenas como evange-
lhos. Os discípulos que foram divinamente incumbidos de narrar os atos e ensinamentos de 
Jesus Cristo buscaram registrar tudo da maneira mais literal possível. Assim, utilizaram pará-
bolas, hipérboles, poesia, narrativa de diversos gêneros, dentre muitas outras figuras de lin-
guagem para fazer o seu trabalho. 
O único livro histórico é Atos dos Apóstolos, escrito por Lucas e, assim como o evange-
lho do mesmo autor, é dirigido a Teófilo. Esse livro é uma continuação do evangelho que 
apresentou “tudo o que Jesus começou a fazer e a ensinar” (At 1:1) e tem como intuito falar 
sobre as obras, ensinos e primeiros caminhos percorridos pelos apóstolos de Cristo. 
As cartas e epístolas compõem outro gênero especial que aparece no Novo Testamento. 
Poderíamos ainda dividir as cartas paulinas em gerais e pastorais, gerais são aquelas destina-
das às igrejas como as nove primeiras (também chamadas epístolas), as pastorais são cartas 
destinadas ao treinamento e/ou aconselhamento de líderes como aquelas escritas a Timóteo, 
Tito e Filemon. As epístolas não paulinas são escritas por outros autores, elas se caracterizam 
por, apresentar um caráter mais geral e não um destinatário específico. 
Podemos dizer que a profecia no Novo Testamento é, também, um gênero bastante es-
pecífico devido ao grande uso de figuras de linguagem muito especiais utilizadas por João. O 
único livro profético do NT é Apocalipse e sua profecia é diferenciada na composição literá-
ria, mas também, e principalmente, no conteúdo. João apresentou, por meio de muitas figuras 
de linguagem, uma narrativa do futuro, descrevendo o, já anunciado pelos profetas do Antigo 
Testamento, Dia do Senhor. 
 
1.4 Caráter cristocêntrico da Bíblia 
 
O próprio Jesus afirmou ser o tema do Velho Testamento (ver Mt 5:17; Lc 24:27; Jo 
5:39 e Hb 10:7) e, indiscutivelmente, Ele é o tema central do Novo Testamento. Desta forma, 
a organização da Bíblia de acordo com a estrutura acima colocada pode ser compreendida a 
partir dos seguintes subtemas: 
 
	
  
VELHO TES-
TAMENTO 
PENTATEUCO (LEI) Fundamento da chegada de Cristo 
HISTÓRIA DE ISRAEL Preparação para a chegada de Cristo 
POESIA Anelo pela chegada de Cristo 
PROFECIA Certeza da chegada de Cristo 
NOVO TES-
TAMENTO 
EVANGELHOS Manifestação de Cristo 
HISTÓRIA (ATOS) Propagação de Cristo 
CARTAS OU EPÍSTOLAS Interpretação e aplicação de Cristo 
PROFECIA (APOCALIPSE) Consumação em Cristo 
 
Esses subtemas nos fazem perceber a forma como cada porção das Escrituras se dirige à 
pessoa de Cristo, independentemente da época ou local em que foram escritos. É importante 
observar que, apesar de toda a diversidade que existe nos sessenta e seis livros que compõem 
a Bíblia, Cristo é o tema unificador. 
Mais precisamente, podemos observar que a Bíblia se organiza em torno do plano de 
Deus para a salvação da humanidade que se perdeu em razão do pecado e que esse plano gira 
em torno de Cristo e sua de obra na cruz do Calvário. Desta maneira, concluímos que seria 
impossível entender corretamente a Bíblia sem utilizar uma visão cristocêntrica. 
	
  
Capítulo 2 
A BÍBLIA É A PALAVRA “SOPRADA” DE DEUS 
 
 
2.1 Introdução 
 
Conhecer a estruturação e obter uma visão cristocêntrica das Escrituras são dois passos 
muito importantes para que possamos manusear e compreender melhor a Bíblia. No entanto, o 
ponto fundamental da fé cristã é o conteúdo e não apenas a forma como a Bíblia se apresenta.E, nesse sentido, algumas perguntas precisam ser respondidas: 1) a Bíblia foi escrita por ho-
mens! Então, que razões eu tenho para crer nela? 2) será que as bíblias que são vendidas atu-
almente nas livrarias trazem realmente o conteúdo original das Escrituras ou será que foram 
modificadas ao longo do tempo? 3) por que os textos chamados apócrifos que estão presentes 
nas bíblias católicas não estão presentes nas bíblias evangélicas? 
Antes de prosseguir, precisamos saber qual é a importância prática desses questiona-
mentos. Com a primeira questão, esperamos refletir sobre a autoridade da Bíblia. Afinal, se 
ela fosse apenas mais um conjunto de ideias humanas não haveria razões para que nós aceitás-
semos as suas regras, os seus ensinos e conselhos. Pelo contrário, nós poderíamos compará-la 
a qualquer outro escrito ou filosofia. Desta maneira, a discussão gira em torno das evidências 
da inspiração divina. Pois é a inspiração de Deus que dá autoridade à Bíblia, retirando-a da 
condição de mais um livro e alçando-a a condição de Palavra de Deus. 
A segunda questão está ligada à credibilidade da Bíblia. Ora, passaram-se quase dois 
mil anos de história. Sabemos que nesse período muitos grupos poderosos tentaram destruir 
ou manipular a Bíblia, especialmente durante a idade média. Como podemos ter a certeza de 
que as palavras registradas nos evangelhos, por exemplo, são, realmente, de Jesus Cristo? Ter 
a certeza de que a Bíblia de hoje é a mesma que foi escrita pelos discípulos de Cristo e pelos 
verdadeiros autores do Antigo Testamento é fundamental para que possamos reconhecer a sua 
validade para o nosso tempo e principalmente para as nossas vidas. 
E, finalmente, a terceira questão se refere ao fato de que a Bíblia Católica possui alguns 
textos que não aparecem na Bíblia Evangélica. Trata-se de sete livros inteiros (Tobias, Judite, 
Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruque, I e II Macabeus) e alguns acréscimos que foram 
feitos aos livros de Daniel [o cântico dos três jovens na fornalha (3:24-90); A história de Su-
zana (Cap. 13) e a história de Bel e o Dragão (Cap. 14)] e de Ester nos versos que vão de 10:4 
	
  
a 16:24. Ora, quais são os critérios para que um livro seja considerado canônico ou não? Essa 
pergunta é importante, pois precisamos saber como esse conjunto de livros que chamamos de 
Bíblia foi composto, quais foram os critérios, qual a sua confiabilidade, quais as razões para 
que outros livros não possam ser considerados igualmente inspirados por Deus. 
 
2.2 A inspiração (razões para crer na bíblia) 
 
Quando falamos em inspiração divina, não estamos nos referindo, de modo algum, à 
inspiração poética a exemplo do senso comum que fala sobre a inspiração dos cantores, poetas 
e demais artistas. No sentido bíblico, a inspiração está ligada ao selo da autoridade divina, ou 
seja, estamos dizendo que os textos bíblicos foram literalmente soprados por Deus nos ouvi-
dos dos homens que Ele escolheu para registrar a Sua sabedoria. 
Claro que não se tratava de um ditado, mas de uma comunicação especial que foi regis-
trada cada autor. A inspiração não retira as características pessoais dos autores, pelo contrário 
cada um registrou a sua própria maneira o conteúdo que Deus lhes instruiu. 
A própria Bíblia nos oferece uma explicação muito rica sobre a inspiração, seu signifi-
cado e sua importância: 
II Tm 3:16,17 – Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repre-
ensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja 
apto e plenamente preparado para toda boa obra. 
I Co 2:13 – [...] Delas também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria hu-
mana, mas com as palavras ensinadas pelo Espírito, interpretando verdades espirituais 
para os que são espirituais. 
II Pe 1:21 – Pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram 
da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo. 
 
Os versículos acima nos mostram algo bastante digno de atenção: OS ESCRITOS 
SÃO INSPIRADOS, NÃO OS ESCRITORES. Isto é, a autoridade plena e eterna está nas 
Escrituras e não nos seus autores humanos. 
Segundo Norman Geisler e William Nix, podemos perceber que o processo total da 
inspiração contém três elementos essenciais: 
 
	
  
a) Causalidade divina: Deus é a Fonte Primordial da inspiração da Bíblia. O elemento divino 
estimulou o elemento humano. Primeiro Deus falou aos profetas1 e, em seguida, aos homens, 
mediante esses profetas. Deus revelou-lhes certas verdades da fé, e esses homens de Deus as 
registraram. O primeiro fator fundamental da doutrina da inspiração bíblica, e o mais impor-
tante, é que Deus é a fonte principal e a causa primeira da verdade bíblica. No entanto, não é 
esse o único fator. 
 
b) Mediação profética: Os profetas que escreveram as Escrituras não eram autômatos. Eram 
algo mais que meros secretários preparados para anotar o que se lhes ditava. Escreveram se-
gundo a intenção total do coração, segundo a consciência que os movia no exercício normal 
de sua tarefa, com seus estilos literários e seus vocabulários individuais. As personalidades 
dos profetas não foram violentadas por uma intrusão sobrenatural. A Bíblia que eles produzi-
ram é a Palavra de Deus, ou seja, Deus usou personalidades humanas para comunicar propo-
sições divinas. Os profetas foram a causa imediata dos textos escritos, mas Deus foi a causa 
principal. 
 
c) Autoridade escrita: O produto final da autoridade divina em operação por meio dos profe-
tas, como intermediários de Deus, é a autoridade escrita de que se reveste a Bíblia, conforme 
II Tm 3:16. A Bíblia é a última palavra no que se concerne a assuntos doutrinários e éticos. 
Todas as controvérsias teológicas e morais devem ser trazidas ao tribunal da Palavra escrita 
de Deus. As Escrituras receberam sua autoridade do próprio Deus, que falou mediante os pro-
fetas. No entanto, são os escritos proféticos e não os escritores desses textos sagrados que 
possuem e retêm a resultante autoridade divina. Os profetas morreram, mas os escritos profé-
ticos continuam. 
Compreendendo esses três elementos essenciais da inspiração, podemos perceber que 
o ser humano é apenas um instrumento para que as verdades divinas sejam registradas. Em 
outras palavras, o ser humano envolvido no processo de registro das Escrituras não possui 
nenhuma influência no conteúdo, mas apenas e tão somente nos estilos literários da escrita. 
Importante lembrar que a Bíblia está completa, ou seja, que não pode haver uma se-
gunda inspiração. Para ser bem claro: a INSPIRAÇÃO CESSOU. Tudo que temos agora é a 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
1	
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aquele	
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  aquilo	
  que	
  Deus	
  lhe	
  ordena	
  e	
  que	
  não	
  tem	
  nenhuma	
  relação	
  necessária	
  com	
  o	
  futuro.	
  
	
  
iluminação da própria palavra de Deus. Isso quer dizer que todo ensino sobre a vontade de 
Deus que escapar daquiloque é ensinado na Bíblia deve ser rejeitado, conforme Gl 1:8,9. 
 
2.3 A confiabilidade (as bíblias que compramos são confiáveis) 
 
Desde o século XIX, quando a metodologia científica se propagou com mais veemên-
cia, fazendo surgir uma abordagem chamada “análise das fontes”, que, como o próprio nome 
sugere, investiga se as fontes geradoras do material literário são confiáveis e se é possível 
atribuir a esses textos a qualidade de históricos. Por meio desse método, duas questões podem 
ser levantadas: 1) os textos bíblicos a que temos acesso nos dias atuais são realmente idênticos 
aos originais? 2) os fatos narrados nesses textos, caso os textos sejam confiáveis, são narrati-
vas de uma história real, ou são ficção? 
Sobre a primeira questão, podemos afirmar com muita tranquilidade que as bíblias a 
que temos acesso nos dias atuais estão referendadas pelo testemunho de muitos documentos 
da antiguidade. Documentos estes que oferecem à Bíblia mais credibilidade do que qualquer 
outro escrito da mesma época possa ter. Vamos dividir essa argumentação, como seria de se 
esperar, em dois blocos, Antigo e Novo Testamento. 
 
2.3.1 Antigo Testamento 
 
O Antigo Testamento teve o seu cânon2 concluído por volta do ano 430 a.C., inician-
do um período conhecido como “Período Interbíblico” ou “Tempo da Espera”. Malaquias foi 
o último a profetizar no Antigo Testamento, foi a última palavra profética antes de João Batis-
ta. No entanto, o manuscrito mais recente a que se tinha acesso datava do século IX d.C. essa 
era uma distância histórica3 que punha em dúvida a confiabilidade das cópias disponíveis, 
pois acreditava-se que elas podiam ter sido alteradas e não mais corresponder àquilo que os 
verdadeiros autores haviam escrito. 
Porém, aprouve a Deus que, “acidentalmente”, fossem encontrados manuscritos ex-
tremamente antigos em 11 grutas nas rochas da colina de Qunrã, a 13 Km ao sul de Jericó, as 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
2	
  Cânon	
  é	
  uma	
  palavra	
  de	
  origem	
  grega	
  cujo	
  significado	
  original	
  é	
  “régua”	
  ou	
  simplesmente	
  “cana”,	
  tratava-­‐se	
  
de	
  um	
  instrumento	
  utilizado	
  para	
  padronizar	
  as	
  coisas,	
  para	
  colocar	
  tudo	
  dentro	
  de	
  um	
  mesmo	
  padrão.	
  Quan-­‐
do	
  vemos	
  expressões	
  como	
  o	
  cânon	
  bíblico,	
  ou	
  expressões	
  correlatas,	
  entendemos	
  que	
  estamos	
  nos	
  referindo	
  
aos	
   livros	
  que	
  possuem	
  evidências	
  de	
   inspiração	
  divina,	
   ou	
   seja,	
   que	
  estão	
  dentro	
  de	
  um	
  padrão	
  que	
  por	
   si	
  
mesmo	
  sugere	
  que	
  foram	
  inspirados	
  por	
  Deus.	
  
3	
  O	
  termo	
  distância	
  histórica	
  é	
  utilizado	
  para	
  definir	
  o	
  período	
  entre	
  a	
  data	
  em	
  que	
  o	
  material	
   foi	
  escrito	
  e	
  o	
  
manuscrito	
  mais	
  antigo	
  que	
  se	
  possui	
  nos	
  dias	
  atuais.	
  
	
  
margens do Mar Morto. Trata-se dos famosos Manuscritos do Mar Morto. Esses manuscritos 
foram encontrados entre os anos de 1947 e 1956 e datam do século II a.C. até o século primei-
ro da era cristã. Agora sim, haveria uma aproximação histórica maior do que qualquer outro 
documento da antiguidade. 
Mas, afinal, o que havia naquelas grutas? Ali, foram encontrados pergaminhos inteiros 
e fragmentos de diversos livros do Antigo Testamento. Entre eles, o livro de Isaías inteiro. Os 
outros livros bíblicos ali encontrados, infelizmente, estavam bastante estragados, restando 
apenas cerca de dez por cento de seu conteúdo. Foram encontrados 36 exemplares do livro 
dos Salmos, 29 exemplares de Deuteronômios e 21 exemplares do livro de Isaías, além de 
outros textos encontrados em menor quantidade. 
O que esses textos provaram? Eles mostraram que não há diferenças significativas en-
tre os textos do século II a.C. e a Bíblia que lemos hoje. As pequenas diferenças que foram 
encontradas, apenas ajudaram a esclarecer, ainda mais, a compreensão e interpretação dos 
textos que hoje temos disponíveis. Podemos, por tanto, fundamentar o nosso argumento da 
seguinte forma: os manuscritos mais antigos que possuíamos antes de encontrar os manuscri-
tos do Mar Morto datavam do século IX d.C. Os novos manuscritos são onze séculos mais 
velhos e possuem o mesmo conteúdo, sem apresentar nenhuma diferença que desqualifique as 
bíblias que lemos hoje, pelo contrário, apenas ratificando a perfeição da herança que o Senhor 
nos legou e divinamente providenciou que chegasse intacta ao século XXI. 
A tradução da Bíblia chamada NVI (Nova Versão Internacional) já considera os do-
cumentos do Mar Morto em sua tradução, tornando aquilo que já era correto, ainda mais fiel 
aos escritos antigos. (Para aprofundamento sobre esse tema, leia: Apêndice: Rolos do Mar 
Morto in Ridderbos (1995)). 
 
2.3.2 Novo Testamento 
 
A documentação comprobatória da autenticidade do Novo Testamento é imensa e in-
contestável. Atualmente são conhecidos cerca de 5.500 manuscritos do Novo Testamento. São 
papiros4, pergaminhos5 e códices6 que ratificam as Sagradas Escrituras, dando-nos total segu-
rança de que aquilo que hoje lemos é fiel à obra original. 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
4	
  Papiro	
  era	
  o	
  principal	
  material	
  de	
  escrita	
  da	
  antiguidade,	
  segundo	
  Paroschi	
  (1999,	
  p.	
  25-­‐26)	
  os	
  originais	
  e	
  as	
  
primeiras	
  cópias	
  do	
  Novo	
  Testamento,	
  assim,	
  como	
  o	
  Antigo	
  Testamento	
  foram	
  escrito	
  nesse	
  tipo	
  de	
  material.	
  
Bom	
  lembrar	
  que	
  o	
  papel	
  só	
  começou	
  a	
  ser	
  utilizado	
  no	
  preparo	
  de	
  livros	
  bíblicos	
  ou	
  litúrgicos	
  no	
  século	
  XIII.	
  	
  
	
  
Esses manuscritos, como o nome indica, são cópias feitas manualmente por pessoas 
chamadas copistas, que passavam a palavra de Deus adiante. Obviamente, estamos falando de 
uma época anterior a invenção da imprensa7 e, portanto, as cópias não são perfeitamente 
iguais. Dessa forma, existe uma ciência chamada crítica textual que se preocupa em analisar 
todos os materiais disponíveis. As análises são realizadas com alto rigor científico e buscam 
fazer com que as traduções sejam totalmente fieis ao texto original. 
Além dos manuscritos, existe uma grande quantidade de materiais auxiliares que com-
provam a autenticidade do Novo Testamento, trata-se dos escritos dos pais da Igreja. Homens 
como Jerônimo (tradutor da Vulgata8), Atanásio, Agostinho, dentre vários outros, registraram 
praticamente todas as partes do Novo Testamento em seus escritos. Esses escritos funcionam 
como testemunho de que as citações feitas nos primeiros séculos do cristianismo ratificam a 
Bíblia que temos hoje. 
 
2.4 Os Apócrifos9 
 
A Bíblia utilizada pelos evangélicos é diferente da Bíblia utilizada pelos católicos? A 
resposta é sim e, ao mesmo tempo não. As Bíblias católicas e evangélicas são idênticas em 
seu conteúdo, porém os católicos acrescentaram alguns escritos que não são reconhecidos 
pelos evangélicos. Dessa maneira, a Bíblia evangélica é composta por 66livros, enquanto a 
Bíblia católica apresenta 73. O fato é que, desconsiderando as adições feitas pelos católicos, 
os outros 66 livros são idênticos, com exceção do livro de Daniel que também sofre algumas 
adições. Importante perceber que todas as adições foram realizadas no Antigo Testamento, 
logo o Novo Testamento é ponto comum entre católicos e evangélicos. 
Mas, por que não aceitamos essas adições feitas pelos católicos? Vamos responder a 
essa questão dividindo-a em duas partes, primeiramente vamos ver os termos gerais, aqueles 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
5	
  Pergaminho	
  era	
  um	
  material	
  melhor	
  e	
  mais	
  durável	
  do	
  que	
  o	
  papiro,	
  começou	
  a	
  ser	
  utilizado	
  no	
  século	
   III.	
  
Eles	
  eram	
  formados	
  de	
  peles	
  de	
  carneiro	
  ou	
  ovelhas	
  que	
  passavam	
  por	
  um	
  tratamento	
  com	
  cal	
  e	
  depois	
  eram	
  
raspadas	
  com	
  pedra-­‐pomes.	
  
6	
  Os	
  códices	
  eram	
  uma	
  espécie	
  de	
  cadernos	
  da	
  antiguidade.	
  As	
  folhas,	
  ao	
  invés	
  de	
  enroladas	
  em	
  pergaminhos,	
  
eram	
  pregadas	
   em	
  uma	
  das	
  margens	
   formando	
  um	
   caderno	
   bastante	
   volumoso,	
   pois	
   era	
   feito	
   de	
  materiais	
  
como	
  os	
  dos	
  pergaminhos.	
  
7	
  Aqui	
  uma	
  curiosidade,	
  a	
   imprensa	
  foi	
   inventada	
  por	
  um	
  alemão	
  chamado	
  Johannes	
  Gutenberg	
  por	
  volta	
  de	
  
1440	
  e	
  o	
  primeiro	
  livro	
  impresso	
  nela	
  foi	
  a	
  Bíblia	
  Sagrada.	
  Essa	
  máquina	
  ficou	
  conhecida	
  como	
  “prensa	
  de	
  tipos	
  
móveis”	
  e	
  foi	
  uma	
  grande	
  revolução	
  para	
  a	
  comunicação.	
  
8	
  Vulgata	
  é	
  a	
  tradução	
  do	
  Antigo	
  Testamento	
  da	
  língua	
  hebraica	
  para	
  o	
  latim.	
  
9	
  A	
  palavra	
  “apócrifo”	
   significa:	
  de	
  origem	
  duvidosa.	
  Utilizamos	
  esse	
   termo	
  para	
  nos	
   referir	
  aos	
   textos	
  que	
  a	
  
igreja	
  católica	
  acrescentou	
  ao	
  Antigo	
  Testamento	
  das	
  Sagradas	
  Escrituras.	
  Os	
  católicos,	
  por	
  sua	
  vez,	
  chamam	
  
esses	
  textos	
  de	
  “deuterocanônicos”,	
  ou	
  seja,	
  livros	
  de	
  uma	
  segunda	
  inspiração.	
  
	
  
que valem para todos os livros e depois vamos ver os termos específicos, aqueles que expli-
cam a não aceitação de cada texto. 
Termos Gerais: os termos gerais a que nos referimos aqui, dizem respeito a dois crité-
rios importantes: 1) à aceitação dos livros pelos povos a quem se destinaram; e 2) os proble-
mas de datação e de historicidade. A não aceitação de um livro pelo povo a quem se destina, 
no caso os Judeus, é um problema muito sério para o reconhecimento da inspiração. Como 
poderíamos reconhecer a inspiração divina de um livro que não tem autoridade reconhecida 
pelo povo? Quanto problema da historicidade, a pergunta é: como poderíamos reconhecer 
como divinamente inspirado um livro que se baseia erros crassos de histórica, de geografia e, 
em algumas vezes, de caráter? Os motivos gerais que elencamos para o não reconhecimento 
dos apócrifos são os seguintes: 
1.  Os judeus jamais aceitaram esses livros como canônicos; 
2.  Eles também não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do Novo Testamento; 
3.  A maior parte dos primeiros padres da igreja rejeitou a canonicidade desses livros; 
4.  Jerônimo, grande especialista bíblico e tradutor da Vulgata, jamais aceitou os apócrifos. 
Somente depois de sua morte, esses livros foram inseridos na Vulgata; 
5.  Esses livros são rejeitados pela Igreja Católica Ortodoxa, pelos Anglicanos e pelos Protes-
tantes; 
6.  Esses livros não foram unanimidade entre os teólogos católicos da patrística10, nem da re-
forma11; 
7.  Esses livros, em sua maioria, foram escritos em datas muito distantes dos fatos narrados, 
sem nenhuma evidência de compromisso histórico em sua narrativa. Mas, isso será mais 
bem avaliado nos termos específicos. 
 
Termos específicos: nesta parte do nosso estudo, vamos verificar os motivos de não 
aceitação de cada escrito individualmente. Não seremos exaustivos na abordagem, para apro-
fundamento, por favor, procure os livros indicados na bibliografia que segue esse texto. 
 
 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
10	
  Patrística	
  é,	
  segundo	
  Kelly	
  (2009)	
  o	
  período	
  demarcado	
  historicamente	
  entre	
  o	
  final	
  do	
  século	
  primeiro	
  até	
  
meados	
   do	
   século	
   quinto,	
   constituindo	
   um	
  movimento	
   de	
   profundo	
   estudo	
   das	
   Escrituras	
   e	
   da	
   filosofia.	
   Os	
  
estudiosos	
  dessa	
  época	
   ficaram	
  conhecidos	
  como	
  os	
  Pais	
  da	
   Igreja,	
  pois	
  desenvolveram	
  a	
   teologia	
  e	
   filosofia	
  
cristã	
  que	
  temos	
  hoje.	
  
11	
  Aqui	
  tratamos	
  da	
  Reforma	
  Protestante	
  ocorrida	
  em	
  1517,	
  liderada	
  por	
  Martinho	
  Lutero.	
  Naquela	
  época	
  hou-­‐
ve	
  grande	
  discussão	
  sobre	
   todos	
  os	
  aspectos	
   teológicos,	
   inclusive,	
   com	
  muita	
  ênfase	
  no	
   reconhecimento,	
  ou	
  
não,	
  dos	
  livros	
  que	
  formariam	
  o	
  Cânon	
  Bíblico.	
  
	
  
Texto Data Descrição e Problemas 
Tobias 200 a.C. 
É uma história novelística sobre a bondade de Tobiel, pai de 
Tobias, e alguns milagres preparados pelo anjo Gabriel.Os 
problemas apresentados são: 
-Um anjo engana Tobias e o ensina a mentir (5:16-19); 
-Ensina mediação dos santos (12:12); 
-Justificação pelas obras (4:7-11 e 12:8); 
-Superstições 6:5, 7-9, 19. 
Judite 150 a.C. 
História de uma heroína viúva e formosa que salva sua cida-
de enganando um general inimigo e decapitando-o. Sua 
grande heresia é a própria história baseada em mentiras e 
enganações. Além disso, existem vários erros nas descrições 
geográficas do lugar. 
Baruque 100 d.C. 
É apresentado como escrito por Baruque, o cronista do pro-
feta Jeremias; exorta os judeus após a destruição de Jerusa-
lém. É escrito em uma data muito posterior, na época da 
segunda destruição de Jerusalém, depois da morte de Cristo. 
Além da incompatibilidade histórica, o livro apresenta, den-
tre outras heresias, a intercessão pelos mortos (3:4). 
Eclesiástico 180 a.C. 
É parecido com o livro de Provérbios, porém possui proble-
mas teológicos que conflitam com a unidade bíblica: 
-Justificação pelas obras (3:33,34); 
-Trato cruel aosescravos (33:26 e 30; 42:1 e 5); 
-Incentiva o ódio aos samaritanos (50:27,28). 
Sabedoria de Sa-
lomão 40 d.C. 
Escrito com a finalidade exclusiva de lutar contra a doutrina 
epicurista12. A discussão promovida pelo livro, bem como a 
sua data de escrita, é incompatível com o tempo de Salomão. 
Ali, encontramos várias doutrinas estranhas: 
-o corpo como prisão da alma (9:15); 
-doutrina estranha sobre a origem e o destino da alma (8:19 e 
20); 
-salvação pela sabedoria (9:19). 
I Macabeus 100 a.C. 
Descreve a história de 3 irmãos da família Macabeus, que no 
período interbíblico (400 a.C. – 3 d.C.), lutam contra inimi-
gos dos judeus visando a preservação do seu povo e terra. 
Apesar de não conter heresias, jamais foi aceito pelo povo 
judeu e jamais fez parte do Cânon Hebraico. 
II Macabeus 100 a.C. 
Não é a continuação de I Macabeus, mas um relato paralelo, 
cheio de lendas e prodígios de Judas Macabeus. Apresenta 
problemas como: 
-oração pelos mortos (12:44-46); 
-culto e missa pelos mortos (12:43); 
-o autor não se julga inspirado (15:38-40 e 2:25-27); 
-intercessão pelos santos (7:28 e 15:14). 
 
 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
12	
  O	
  epicurismo	
  é	
  uma	
  doutrina	
  filosófica,	
  fundada	
  por	
  Epicuro	
  por	
  volta	
  do	
  ano	
  240	
  a.C.	
  que	
  apregoava	
  a	
  feli-­‐
cidade	
  por	
  meio	
  dos	
  prazeres	
  físicos.	
  Mal	
   interpretado,	
  Epicuro	
  foi	
  visto	
  durante	
  muito	
  tempo	
  como	
  um	
  per-­‐
vertido,	
  mas	
  a	
  sua	
  doutrina	
  também	
  apresenta	
  preceitos	
  morais	
  compatíveis	
  com	
  a	
  fé	
  cristã.	
  
	
  
Capítulo 3 
 
CARACTERÍSTICAS DAS ESCRITURAS 
 
 
3.1 Introdução 
 
Encontramos na carta ao Hebreus a seguinte afirmação: “a Palavra de Deus é viva e 
eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto de dividir 
alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intensões do coração” (Hb 4:12). 
Esse trecho das escrituras nos ajuda a perceber que a Bíblia faz declarações a seu próprio res-
peito, indicando características que precisam ser destacadas. Nesta secção, vamos conhecer as 
principais características da Bíblia, de acordo com as suas próprias declarações. 
Os principais ensinos da Bíblia a seu próprio respeito podem ser classificados em qua-
tro características (às vezes chamadas atributos): 
(1)   A autoridade das Escrituras; 
(2)   A clareza das Escrituras; 
(3)   A necessidade das Escrituras; 
(4)   A suficiência das Escrituras. 
Cada uma dessas características, ou atributos, produz em nós a certeza de que pode-
mos confiar nas Escrituras, não apenas de um ponto de vista histórico, mas, também, e princi-
palmente, do ponto de vista de ensinamentos práticos, claros, necessários e suficientes para a 
vida. Tudo isso, revestido da plenitude da autoridade de Deus. Por isso é importante conhecer 
essas características e compreender exatamente o que cada uma delas ensina. 
Ora, é necessário compreender que se as Escrituras não tivessem essas características 
que destacamos acima – e comentamos abaixo – nós teríamos a necessidade de outras bases 
para a nossa fé e para a nossa prática de vida, tornando a Bíblia um livro como outro qual-
quer. Para ser mais claro, imagine se as Escrituras não tivessem a característica da suficiência, 
ou seja, se a Bíblia não tratasse de tudo aquilo que precisamos para a condução da nossa vida, 
nesse caso, nós precisaríamos de filosofias, doutrinas e idéias complementares à Palavra de 
Deus. Mas, graças ao fato de que a Bíblia é suficiente, podemos utilizá-la como a nossa única 
regra de fé e prática. 
 
 
	
  
3.2 A autoridade das Escrituras 
 
Segundo Grudem (1999, p. 44) “a autoridade das Escrituras significa que todas as pa-
lavras nas Escrituras são palavras de Deus, de modo que não crer em alguma palavra da Bíblia 
ou desobedecer a ela é não crer em Deus ou desobedecer a Ele”. Dessa afirmação de Grudem, 
podemos entender os seguintes pontos sobre a autoridade das Escrituras: 
 
3.2.1 Todas as palavras nas Escrituras são palavras de Deus 
 
a. Isso é o que a Bíblia afirma a seu próprio respeito. 
Há muitas afirmações na Bíblia declarando que todas as palavras das Escrituras são 
palavras de Deus (ao mesmo tempo em que são palavras escritas por homens). No Antigo 
Testamento, isso se vê com freqüência na frase introdutória “assim diz o Senhor”, que ocorre 
centenas de vezes. No mundo do Antigo Testamento, essa frase seria reconhecida como idên-
tica em forma à expressão “assim diz o rei...”, usada para introduzir um edito de um rei a seus 
súditos, edito que não poderia ser desafiado nem questionado, mas simplesmente obedeci-
do. Dessa forma, quando os profetas dizem “assim diz o Senhor” eles estão reivindicando a 
condição de mensageiros do soberano Rei de Israel, ou seja, o próprio Deus, e declarando que 
suas palavras são palavras de Deus com autoridade absoluta. Quando um profeta falava dessa 
forma em nome de Deus, cada palavra dita vinha de Deus, senão ele seria um falso profeta 
(cf. Nm 22.38; Dt 18.18-20; Jr 1.9; 14.14; 23.16-22; 29.31-32; Ez 2.7; 13.1-16). 
 
b. Somos convencidos a aceitar as reivindicações da Bíblia de que ela é a Palavra de 
Deus à medida que a lemos. 
Uma coisa é afirmar que a Bíblia alega ser as palavras de Deus. Outra coisa é con-
vencer-se de que essas afirmações são verdadeiras. Nossa convicção definitiva de que as pa-
lavras da Bíblia são palavras divinas vem apenas quando o Espírito Santo fala ao nosso cora-
ção nas palavras da Bíblia e por intermédio delas, dando-nos a segurança íntima de que essas 
são as palavras de nosso Criador falando conosco. Logo depois de explicar que sua mensagem 
apostólica consistia de palavras ensinadas pelo Espírito Santo (1Co 2.13), Paulo diz: “... o 
homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode 
entendê-las porque elas se discernem espiritualmente” (1Co 2.14). À parte do trabalho do Es-
	
  
pírito de Deus, uma pessoa não receberá verdades espirituais e, em particular, não receberá 
nem aceitará a verdade de que as palavras das Escrituras são de fato palavras de Deus. 
 
c. Outros indícios são úteis, mas não totalmente convincentes. 
A seção anterior não foi escrita para negar a validade de outros tipos de argumento que 
podem ser usados para sustentar a afirmação de que a Bíblia é a palavra de Deus. Para nós é 
útil saber que a Bíblia é historicamente precisa, tem coerência interna, contém profecias que 
se cumpriram centenas de anos mais tarde, influenciou os rumos da história humana mais do 
que qualquer outro livro, vem mudando a vida de milhões de indivíduos ao longo da história, 
pessoas encontraram a salvação por meio dela, possui em seus ensinos beleza majestosa e 
profundidade que nenhum outro livro pode superar e afirma centenas de vezes ser a verdadei-
ra palavra de Deus. Todos esses e outros argumentos são úteis para nós e removem obstáculos 
que de outra forma se levantariam contra nossa fé nas Escrituras. Mas todos esses argumentos 
considerados separadamente ou em conjunto não conseguem ser convincentes de maneira 
definitiva. 
 
d. As palavras das Escrituras são autocorroborantes. 
Elas não podem ser “comprovadas” como palavras de Deus apelando-se a alguma 
autoridade superior. Pois caso se apelasse a uma autoridade superior (por exemplo, exatidão 
históricaou coerência lógica) como recurso para provar que a Bíblia é a Palavra de Deus, en-
tão a própria Bíblia deixaria de ser a nossa autoridade mais alta ou absoluta e ficaria subordi-
nada em matéria de autoridade àquilo a que apelássemos a fim de provar que ela é a Palavra 
de Deus. Se no final das contas apelamos à razão humana, ou à lógica, ou à exatidão histórica, 
ou à verdade científica como autoridade pela qual se demonstra que as Escrituras são as pala-
vras de Deus, então estamos pressupondo que a coisa para a qual apelamos é uma autoridade 
superior às palavras de Deus e também mais verdadeira ou mais confiável. 
 
e. Não crer nas Escrituras ou desobedecê-las é não crer em Deus ou desobedecê-lo. 
A divisão anterior afirmou que todas as palavras das Escrituras são de Deus. Conse-
quentemente, não dar crédito ou desobedecer a qualquer palavra das Escrituras é não dar cré-
dito ou desobedecer ao próprio Deus. Assim, Jesus pode repreender seus discípulos por não 
crerem nas Escrituras do Antigo Testamento (Lc 24.25). Os crentes devem guardar e obedecer 
às palavras dos discípulos (Jo 15.20: “... se guardaram a minha palavra, também guardarão a 
vossa”). Os cristãos são incentivados a se lembrar “do mandamento do Senhor e Salvador, 
	
  
ensinado pelos [...] apóstolos” (2Pe 3.2). Desobedecer aos escritos de Paulo tornava a pessoa 
passível de disciplina da igreja, tal como excomunhão (2Ts 3.14) e punição espiritual (2Co 
13.2-3), inclusive punição por Deus (aparentemente é esse o sentido do verbo na voz passiva 
“será ignorado”, em 1Co 14.38). Por outro lado, Deus se alegra em todo aquele que “treme” 
diante de sua palavra (Is 66.2). 
 
3.2.2 A Veracidade das Escrituras 
 
a. Deus não pode mentir nem falar com falsidade. 
A essência da autoridade das Escrituras está na sua capacidade de nos compelir a crer 
nelas e a elas obedecer, fazendo que tal fé e obediência sejam equivalentes a fé e obediência 
ao próprio Deus. Por esse motivo, é necessário considerar a veracidade das Escrituras, pois 
crer em todas as palavras da Bíblia implica confiança na completa veracidade das Escrituras 
em que cremos. Embora esse assunto vá ser discutido mais a fundo quando considerarmos a 
inerrância das Escrituras, vamos tratá-la rapidamente neste ponto. 
 
b. Portanto, todas as palavras nas Escrituras são inteiramente verdadeiras e não contêm 
erro em lugar algum. 
Já que as palavras da Bíblia são palavras de Deus, e já que Deus não pode mentir nem 
falar falsamente, é correto concluir que não há inverdades ou erros em qualquer parte das pa-
lavras das Escrituras. “As palavras do SENHOR são palavras puras, prata refinada em cadinho 
de barro, depurada sete vezes” (Sl 12.6). Aqui o salmista usa imagem vívida para falar da pu-
reza não diluída das palavras de Deus: não há imperfeição nelas. Também em Provérbios 30.5 
lemos: “... toda palavra de Deus é pura; ele é escudo para os que nele confiam”. Não são ape-
nas algumas palavras das Escrituras que são verdade, mas cada palavra. 
 
c. As palavras de Deus são o padrão definitivo da verdade. 
Em João 17 Jesus ora ao Pai: “... santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” 
(Jo 17.17). Esse versículo é interessante porque Jesus não usa os adjetivos alÂthinos ou 
alÂthÂs (“verdadeiro”), que poderíamos esperar, para dizer “tua palavra é verdadeira”. Ele 
usa um substantivo, alÂtheia(“verdade”), para dizer que a Palavra de Deus não é simplesmen-
te “verdadeira”, mas é a própria verdade. 
	
  
d. Algum fato novo poderia contradizer a Bíblia? 
Será que poderia ser descoberto algum fato novo, científico ou histórico, que vá con-
tradizer a Bíblia? Podemos dizer com confiança que isso nunca acontecerá — isso, na verda-
de, é impossível. Se algum suposto “fato” descoberto contradiz as Escrituras, então (se enten-
demos corretamente as Escrituras) esse “fato” deve ser falso, pois Deus, o autor das Escritu-
ras, conhece todos os fatos verdadeiros (passados, presentes e futuros). Nunca virá à tona ne-
nhum fato que Deus não conhecesse eras atrás e não tenha levado em conta quando fez com 
que as Escrituras fossem produzidas. Cada fato verdadeiro é algo que Deus conhece desde a 
eternidade e que, portanto, não pode contradizer o que o Senhor fala nas Escrituras. 
 
3.2.3 As Escrituras em forma escrita são nossa autoridade final 
 
É importante perceber que a forma final em que as Escrituras permanecem como auto-
ridade é a forma escrita. Foram as palavras de Deus escritas em tábuas de pedra que Moisés 
depositou na arca da aliança. Mais tarde, Deus ordenou a Moisés e aos profetas que o segui-
ram que escrevessem suas palavras em um livro. E foi a Escritura em forma escrita (graphÂ) 
que Paulo disse ser “inspirada por Deus” (2Tm 3.16). De modo semelhante, são os escritos de 
Paulo que são “mandamento do Senhor” (1Co 14.37) e que poderiam ser classificados com 
“as demais Escrituras” (2Pe 3.16). 
Temos afirmado ao longo desse estudo que todas as palavras na Bíblia são palavras de 
Deus e que, portanto, não crer em alguma palavra das Escrituras ou não obedecer a ela é não 
crer em Deus ou desobedecer a ele. Afirmamos ainda que a Bíblia ensina claramente que 
Deus não pode mentir nem falar com falsidade (2Sm 7.28; Tt 1.2; Hb 6.18). Assim, todas as 
palavras nas Escrituras são declaradas completamente verdadeiras e destituídas de erros, 
qualquer que seja o trecho (Nm 23.19; Sl 12.6; 119.89, 96; Pv 30.5; Mt 24.35). As palavras de 
Deus são, de fato, o padrão máximo da verdade (Jo 17.17). A isso nós chamamos de Inerrân-
cia Bíblica. 
Crer na inerrância das Escrituras é fundamental para o cristão, pois é ela quem garante 
que a Palavra de Deus não pode ser relativizada. Se não crermos nesse ponto que diz respeito 
à Autoridade das Escrituras, teremos sérios problemas. 
 
 
 
	
  
Veja alguns problemas que podem ser gerados se não crermos na inerrância das Escri-
turas: 
 
a. Se rejeitarmos a inerrância, teremos de nos confrontar com um problema moral sé-
rio: 
Podemos imitar a Deus e também mentir intencionalmente em questões secundárias? 
Isso se assemelha à discussão em resposta à quarta objeção acima, mas aqui se aplica não só 
aos que levantam essa objeção como também de maneira mais ampla a todos os que negam a 
inerrância. Efésios 5.1 nos diz que devemos ser imitadores de Deus. Mas uma negação da 
inerrância que ainda defenda que as palavras das Escrituras são inspiradas implica necessari-
amente que Deus nos falou inverdades intencionalmente em algumas de suas declarações me-
nos centrais das Escrituras. 
 
b. Se rejeitarmos a inerrância, começaremos a questionar se realmente podemos confiar 
em Deus em tudo que nos diz. 
Uma vez convencidos de que Deus nos falou inverdades em algumas questões secun-
dárias das Escrituras, vamos perceber que Deus é capaz de nos falar inverdades. Isso terá um 
efeito nocivo sobre nossa capacidade de aceitar a palavra de Deus e de confiar nele por com-
pleto ou de obedecer a ele plenamente no restante das Escrituras. 
 
c. Se rejeitarmos a inerrância, em essência, estaremos fazendo de nossa mente humana 
um padrão de verdade mais elevado que a própria Palavra de Deus. 
Empregamos nossa mente para julgar algumas seções da Palavra de Deus e anuncia-
mos que estão erradas. Mas na prática isso significa que conhecemos a verdade com mais 
certeza e exatidão que a Palavra de Deus (ou que o próprio Deus), pelo menos nessas áreas. 
Tal procedimento, que faz de nossa mente um padrão mais elevado de verdade que a Palavra 
de Deus, está na raiz de todo pecado intelectual. 
 
d. Se rejeitarmos a inerrância, precisaremos também dizer que a Bíblia está errada não 
apenas em detalhes secundários, mas também em algumasde suas doutrinas. 
A negação da inerrância implica estarmos dizendo que o ensino da Bíblia sobre a na-
tureza das Escrituras e sobre a veracidade e fidedignidade das palavras de Deus é também 
falso. Esses detalhes não são secundários, mas questões doutrinárias centrais nas Escrituras. 
 
	
  
3.3   Bíblia um livro sem igual. 
Revendo o que já estudamos no início. Embora tenhamos a Bíblia na conta de um só 
livro, na realidade ela é constituída de uma coleção de livros menores. Ao todo são 66 livros: 
39 compõem o Antigo Testamento e 27, o Novo Testamento. A Bíblia foi escrita por cerca de 
40 autores inspirados por Deus, num período aproximado de 1.500 anos. Esses homens foram 
ajudados pelo Espírito Santo a escrever a palavra de Deus. Esta é a razão pela qual apesar de 
ter sido escrita por homens, ela é chamada “palavra de Deus”. Por esse fato a Bíblia é inerran-
te, ou seja, os escritos inspirados não contem erros. Os livros da Bíblia formam uma unidade, 
apesar de ter sido escrita por homens diferentes de costumes diversos e que também viveram 
em épocas diferentes. Por exemplo: Amós foi pastor de gado; Davi era rei; Paulo, além de 
intelectual, tinha o ofício de fabricante de tendas; Lucas era médico; Pedro e João eram pes-
cadores. Estes livros se harmonizam entre si justamente porque o Espirito Santo inspirou to-
dos os escritores de cada um deles. 
A Bíblia contém verdades que os homens não poderiam ter descobertos por si mesmo. 
Ninguém poderia ter escrito sobre a criação do universo, sem que Deus lhe houvesse revela-
do. Jesus deu testemunho a respeito da inspiração da Bíblia. 
A Bíblia contém 31.000 versículos e 1.189 capítulos. 
O maior livro da bíblia é Salmos, com 150 capítulos. 
O menor livro da bíblia é 2º João. - O maior capítulo é Salmos 119. 
O menor capítulo é Salmos 117. 
Foram usados três idiomas para escrever a bíblia: Hebraico, grego e aramaico. 
 
3.3.1. Traduções e versões para a língua Portuguesa. 
As primeiras tentativas de apresentação da Bíblia em português são traduções parciais 
de pequenas porções textuais e de alguns livros do Novo Testamento. Em 1320 durante o rei-
nado de D. Diniz, os monges de Alcobaça publicaram os Atos dos Apóstolos. No Séc. XV 
durante o reinado de D. João I (1385-1433), foram traduzidos os Evangelhos, os Atos dos 
Apóstolos e as Cartas Paulinas. Veremos a seguir as principais obras completas para a língua 
portuguesa: 
 
3.3.1.1. Tradução de João Ferreira de Almeida 
A primeira tradução completa da Bíblia para a língua portuguesa é resultado do traba-
lho de um pastor português protestante, chamado João Ferreira de Almeida. Nascido em Por-
tugal em 1628, tornou-se pastor em 1645. Foi enviado como missionário entre os povos de 
	
  
fala portuguesa na Indonésia. Em 1681 concluiu a primeira edição do Novo Testamento. Mor-
reu em 1691, tendo traduzido o Antigo Testamento até o Capítulo 48 de Ezequiel. A partir 
daí, discípulos seus, missionários da Liga Holandesa de Missões, se encarregaram de comple-
tar a obra, a qual foi concluída entre 1748 e 1753 na Batávia, atual Ilha de Java (Indonésia). 
Essa tradução não continha os livros Apócrifos. A partir daí muitas revisões têm sido feitas ao 
texto original de Almeida em virtude do dinamismo que permeia o desenvolvimento da lín-
gua. Em 1948 com as dificuldades e transtornos provocados pela segunda guerra mundial, os 
cristãos brasileiros que até então importavam bíblias de outros países, surgiu a iniciativa de se 
produzir a bíblia aqui em nosso país. Assim nascia a Sociedade Bíblica do Brasil, a primeira 
editora a publicar a bíblia produzida em solo brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	
  
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
EPICURO. Carta sobre a felicidade (A Meneceu). Editora Unesp. São Paulo: 1973. 
GAGLIARD, Ângelo. Panorama do Velho Testamento. 2a ed. Vinde. São Paulo: 1995. 
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. Edições Vida Nova. São Paulo: 1999. 
KELLY, J. N. D. Patrística. Origem e desenvolvimento das doutrinas centrais da fé cristã. 
São Paulo: Vida Nova, 2009. 
PAROSCHI, Wilson. Crítica Textual do Novo Testamento. 2a Ed. São Paulo: Vida Nova, 
1999. 
RIDDERBOS, J. Isaías. Introdução e Comentários. Série Cultura Bíblica. 2a Ed. São Paulo: 
Vida Nova, 1998. 
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