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Pablo Barbosa – FAMP – 2015/2 Introdução a Gastroenterologia Deglutição: esta é o resultado de um complexo mecanismo neuromotor de controle voluntario e involuntário dos sistemas respiratório e digestório. Os nervos V, VII, IX, X e XII são responsáveis por esse mecanismo, lesões nesses nervos podem complicar ou até impedir a deglutição. A deglutição possui 4 fases: fase oral preparatória (mastigação onde irá agir a saliva, musculatura facial e da mandíbula, lábios, língua e dentes), fase oral (ira promover a propulsão do bolo alimentar pela língua através de movimentos ondulatórios e peristálticos), fase faríngea (ocorre o transporte do bolo até o esfíncter superior do esôfago ocorrendo a proteção das vias aéreas), fase esofágica (ocorre após o relaxamento do ESSE, o hioide se eleva para fazer pressão no bolo, peristaltismo leve e progressivo, relaxamento do EIE). Digestão: é a transformação de alimentos complexos em simples para melhor absorção de nutrientes; a mastigação tritura os alimentos, a salivação os umidifica e a amilase presente na saliva ajuda a dissolver o amido, com a redução das partículas promovida pela mastigação a área de contato é aumentada facilitando a digestão. Carboidratos 85% destes são absorvíveis sendo que 50% destes são compostos de amido; o amido é digerido pela amilase transformando aquele em Di ou oligossacarídeos; no nosso organismo apenas os monossacarídeos são absorvidos; em torno de 70% da população do planeta pode apresentar um certo grau de intolerância a lactose. Lipídios: os ocidentais consomem cerca de 100gr de lipídios sendo que 96% é formado por triacilglicerois; para que a gordura seja absorvida é necessário o envolvimento do estomago, pâncreas, fígado, intestino delgado e sistema linfático; a lipase a os sais biliares também são essenciais para a digestão desta; a síndrome de Zollinger-Ellison ou hipergastrinemia é um distúrbio endócrino caracterizado pela hiperprodução da gastrina que faz com que o estomago produza ácido gástrico em excesso. Proteinas: correspondem a aproximadamente 10% da nossa ingesta calórica; cerca de 80% das enzimas pancreáticas são proteases; o pepsinogenio está em nosso estomago, ao encontrar um pH acido (em torno de 1 a 3) ele é ativado transformando-se em pepsina; a tripsina só é ativada a nível duodenal (pois ali o pH se torna básico entre 7,5 e 8,5); as proteases em sua grande maioria são produzidas no pâncreas e são sitio dependentes; a elastase é um importante marcador da pancreatite. Evacuação: é dependente de uma complexa interação de fatores anatômicos e funcionais como dieta, cultura e fatores psicológicos; cerca de 12% da população sofre de constipação; o cólon possui de 70 a 80cm de comprimeno, promove a absorção de fluidos, transporta resíduos para o reto e canal anal; o reto possui de 12 a 15cm, possui as válvulas de Houston que está do lado esquerdo do abdômen, separando duas regiões do intestino, entre o cólon descendente e o reto, a válvula Houston não existe fisicamente, uma vez que o funcionamento é feito pelos últimos anéis do sigmoide, está localizada do lado esquerdo, essa válvula aberta resulta em diarreia e fezes soltas, podendo levar à desidratação, fechada simplesmente impede a saída do material fecal causando ressecamento das fezes e constipação. A continência e complacência anal são controlados pelo esfíncter externo anus (EIA) e pelo esfíncter externo do anus (EEA) o primeiro faz a contração em repouso e o segundo promove a contração voluntaria, o EEA tem suporte do M.Levatandor do anus ou diafragma pélvico, M.Ileococcigeo, Pubococcigeo e puborretal; existem contrações prolongadas pela manhã, após alimentação e após deambulação. Consulta medica: deve-se investigar queixas digestivas altas como plenitude pós-prandial, saciedade precoce, náuseas ou vômitos, eructações ou aerofagia, pirose ou azia, regurgitação, odinofagia, disfagia. Dispepsia é um desconforto abdominal que ocorre normalmente após refeições; pode ter origem orgânica ou funcional, poder ser referido como uma dor torácica ou abdominal; entre os sinais de alerta estão: idade, hemorragia, perda de peso, anemia, massas palpáveis, historia familiar de câncer gástrico e tempo de doença. Queixas digestivas baixas: diarreia, meteorismo, constipação; diarreia deve-se perguntar se é: aguda ou crônica; aquosa ou inflamatória ou esteatorreia ou osmótica (normalmente de intolerância a lactose); se é delgada ou grossa (o padrão diarreico); horário dos episódios (síndrome do intestino irritável ou neuropatia diabética); puxo ou tenesmo (se a expulsão é desagradável e violenta); meteorismo e flatulência é a distensão abdominal por conta de gases, grande eliminação de flatos, pode ser um ponto de avaliação para constipação, também deve-se cogitar intolerâncias alimentares; constipação não é considerado constipação ate 72hr ou 3x por semana se tiver desconforto, distensão e esforço ou ate manobra digital pois pode ser de origem orgânica ou funcional (tempo de transito colônico), os sinais de alerta são quando há erros alimentares e o tempo em que há o sintoma; pode haver também a constipação secundaria que pode ter 4 principais origens, obstrução mecânica (câncer, retocele ou compressão extrínseca), doenças endócrinas e metabólicas (DM, tireoideopatias, gravidez), medicamentosa (bloqueadores de Ca, AINE, agentes anticolinérgicos, anticonvulsivantes), neuro ou miopatias (Parkinson, esclerose e doenças do tecido conjuntivo). Escala de Bristol: Termos médicos em gastroenterologia: hematêmese são vômitos de sangue normalmente devido a úlceras gástricas ou duodenais; hemoptise são “tosses’ de sangue com origem pulmonar, hematoquezia ou enterorragia é o sangramento de coloração viva de origem baixa normalmente relacionado a divertículos e hemorroidas, melena é o sangramento escurecido normalmente de origem alta, sangue oculto ou fezes com raios de sangue pensar em lesão aguda ou neoplasias. Importância da historia e exame físico: em caso de icterícia suspeitar de coledocolitíase, tumor de cabeça de pâncreas e hepatites; estase jugular uma possível congestão hepática; hematúria nefrolitíase; colúria (urina com cor de coca-cola) doença hepatobiliar; eritema nodoso ou pioderma gangrenoso suspeita-se de doença do intestino irritável; eritema palmar, telangectasias, ginecomastia e edema possível cirrose hepática; asterixis ou flapping (ao fazer dorsiflexão a mão imita um bater de asas) desconfiar de encefalopatia hepática.