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Novo Retrato da Agricultura Familiar --------------------- O Brasil Redescoberto Projeto de Cooperação Técnica INCRA / FAO Março de 2000 Projeto de Cooperação Técnica INCRA / FAO Novo Retrato da Agricultura Familiar --------------------- O Brasil Redescoberto Coordenação Carlos Enrique Guanziroli – FAO Silvia Elizabeth de C. S. Cardim – INCRA Consultores FAO/INCRA Ademar Ribeiro Romeiro – Unicamp Alberto Di Sabbato - UFF Antônio Márcio Buainain – Unicamp Gervásio Castro de Rezende – UFF/IPEA Gilson Alceu Bittencourt - DESER Equipe INCRA Paulo de Tarso L. Vieira - PP Marlon Duarte Barbosa – DF Elizabeth Prescott Ferraz – DC Maria Alice Alves – DP Gilberto Bampi – Assessor Brasília, fevereiro de 2000 Índice Introdução........................................................................................................................................... 6 1Delimitação do Universo Familiar................................................................................................. 10 2O Perfil da Agricultura Brasileira..................................................................................................17 2.1Estabelecimentos, Área e Valor Bruto da Produção..........................................................................17 2.2Área Média dos Estabelecimentos....................................................................................................... 20 2.3Renda Total e Renda Monetária por Estabelecimento......................................................................21 2.4Renda Total por unidade de Área........................................................................................................21 2.5Condição dos Agricultores em relação à Terra.................................................................................. 22 2.6Estrutura Fundiária.............................................................................................................................. 23 2.7Pessoal Ocupado.................................................................................................................................... 25 2.8Características Tecnológicas................................................................................................................ 28 2.9Investimentos realizados nos Estabelecimentos Agropecuários....................................................... 30 2.10Participação da Agricultura Familiar no VBP Agropecuário........................................................ 32 2.11Atividades Agropecuárias mais comuns entre os Agricultores Familiares................................... 34 2.12Principais produtos dos Agricultores Familiares na composição do seu VBP..............................35 2.13Agricultores Familiares segundo Grupos de Renda Total.............................................................. 37 2.14Agricultores Familiares segundo Grupos de Renda Monetária..................................................... 39 3Tipologia dos Agricultores Familiares...........................................................................................40 4Caracterização dos Tipos de Agricultores Familiares...................................................................42 4.1Estabelecimentos, Área, Valor Bruto da Produção e Financiamento Total....................................42 4.2Renda Total e Renda Monetária por Estabelecimento......................................................................46 4.3Área Média dos Estabelecimentos....................................................................................................... 47 4.4Renda Total por Unidade de Área....................................................................................................... 48 4.5Condição em relação a Posse e Uso da Terra..................................................................................... 50 4.6A Estrutura Fundiária entre os Tipos de Agricultores Familiares.................................................. 51 4.7Pessoal Ocupado na Agricultura Familiar..........................................................................................53 4.8Características Tecnológicas dos Agricultores Familiares................................................................57 4.9 Investimentos dos Agricultores Familiares........................................................................................59 4.10Participação dos Tipos de Agricultores Familiares no total do VBP Agropecuário.................... 62 4.11Atividades Agropecuárias mais comuns entre os Agricultores Familiares................................... 64 4.12Agricultores Familiares segundo Grupos de Renda Total (RT)..................................................... 66 5Caracterização Complementar dos Agricultores Familiares........................................................ 69 5.1Grau de Especialização dos Agricultores Familiares.........................................................................70 5.2Grau de Integração ao Mercado dos Agricultores Familiares..........................................................71 5.3Agricultores Familiares segundo os tipos de Mão-de-obra utilizados............................................. 73 Anexos................................................................................................................................................76 Índice de Tabelas Tabela 1: Brasil – Estab., área, valor bruto da produção (VBP) e financiamento total (FT)....... 17 Tabela 2: Agric. Familiares – Estab., área, VBP e financiamento total segundo as regiões........ 18 Tabela 3: Agricultores Familiares - Participação percentual das regiões no número de estabelecimentos, área, VBP e financiamento total destinado aos agricultores familiares...........19 Tabela 4: Agricultores Familiares e Patronais - Renda total (RT) e renda monetária (RM) por estabelecimento (Em R$).................................................................................................................. 21 Tabela 5: Agricultores Familiares – Perc. dos estab. e área segundo a condição do produtor.....23 Tabela 6: Brasil – Agric. Familiares - Área média dos estab. segundo os grupos de área total... 24 Tabela 7: Agricultores Familiares - Percentual de estab. e área segundo grupos de área total... 24 Tabela 8: Agricultores Patronais - Percentual de estab. e área segundo grupos de área total..... 25 Tabela 9: Agric. Familiares - Pessoal ocupado segundo as diferentes formas de ocupação........ 25 Tabela 10: Agricultores Familiares - Percentual de estabelecimentos com empregados permanentes e serviço de empreitada............................................................................................... 27 Tabela 11: Agricultores Familiares - Acesso a tecnologia e a assistência técnica........................ 29 Tabela 12 : Agricultores Familiares e Patronais - Investimentos totais, investimento por estab. e investimento por ha segundo as regiões...........................................................................................30 Tabela 13: Agricultores Familiares - Valor dos investimentos e destino (em %) 1995/96............ 31 Tabela 14 a: Agric. Familiar – Perc. do VBP produzido em relação ao VBP total do produto.... 33 Tabela 15: Agricultura Familiar - Percentual de estab. produtores entre os agricultores da categoria (principais produtos).........................................................................................................34 Tabela 16: Agricultura Familiar - Participação per. dos produtos na composição do VBP......... 36 Tabela 17: Agricultura Familiar - Participação percentual dos estab. e área segundo os grupos de renda total (Em Reais)................................................................................................................. 37 Tabela 18: Agricultura Familiar - Participaçãopercentual dos estab. segundo grupos de renda monetária (Em Reais)....................................................................................................................... 39 Tabela 19: BRASIL – Agricultores Familiares - Estabelecimentos, área, valor bruto da produção e financiamento total (FT) dos tipos................................................................................................ 42 Tabela 20: Agricultores Familiares - Estab., área e VBP dos tipos de agricultores familiares em relação aos totais da região...............................................................................................................43 Tabela 21: Agricultores Familiares - Renda total (RT) e renda monetária (RM) por estabelecimento segundo os tipos familiares....................................................................................46 Tabela 22: Agric. Familiares - Área média dos estab. familiares segundo os tipos (Em ha)........ 47 Tabela 23: Agricultores Familiares - Renda total (RT) por hectare/ano segundo os tipos .......... 50 Tabela 24: Agricultores Familiares - Percentual dos estabelecimentos e área dos tipos segundo a condição do produtor ....................................................................................................................... 51 Tabela 25: Agric. Familiares – Perc. de estab. e área dos tipos segundo grupos de área total .... 53 Tabela 26: Agricultores Familiares - Pessoal Ocupado, Empregados Permanentes, Temporários, Parceiros e em outras condições por Tipo Familiar........................................................................54 Tabela 27: Agricultores Familiares - Percentual de estab. por tipo familiar com empregados permanentes e contratação de serviços de empreitada.................................................................... 55 Tabela 28: Agricultores Familiares - Área média por pessoa ocupada (Em ha) e número de pessoas ocupadas por estabelecimento, segundo os tipos familiares.............................................. 56 Tabela 29: Agricultores familiares – Assistência técnica, tecnologia e associativismo................. 58 Tabela 30: Agricultores Familiares - Percentual dos investimentos por tipo familiar, invest. por estab. e invest. por ha de área total...................................................................................................61 Tabela 31: Agricultores Familiares - Valor dos investimentos e destino (%) por tipo familiar.... 61 Tabela 32: Agricultores Familiares - Participação percentual dos tipos familiares no VBP total de produtos selecionados ..................................................................................................................64 Tabela 33: Agricultores Familiares - Percentual de estab. produtores entre os agricultores da categoria (principais produtos).........................................................................................................65 Tabela 34: Agricultores Familiares - Participação perc. dos estab. e área segundo os grupos de renda total por tipo familiar..............................................................................................................68 Tabela 35: Brasil - Agricultores Familiares - Estabelecimentos, % da área, % do VBP, RT/estab. e RT por ha (Em R$), segundo o grau de especialização da produção ().......................................71 Tabela 36: Brasil: Agricultores Familiares - Estabelecimentos, % da área, % do VBP, RT/estab. e RT por ha (Em R$), segundo o grau de integração ao mercado ()............................................. 71 Tabela 37: Brasil: Agricultores Familiares - Estabelecimentos, % da área, % do VBP, RT/estab. e RT por ha (Em R$), segundo os tipos de mão-de-obra utilizados.............................................. 74 Índice de Gráficos Gráfico 1: Brasil - Agricultores Familiares - Participação percentual das regiões no número de estabelecimentos familiares, área, VBP e financiamento total..................................... 18 Gráfico 2: Área média dos estabelecimentos familiares (Em ha)............................................. 19 Gráfico 3: Área média dos estabelecimentos patronais (Em ha)............................................... 19 Gráfico 4: Renda total (RT) por ha / ano dos estabelecimentos familiares e patronais............ 21 Gráfico 5: Brasil - Agricultores Familiares – Percentual de estabelecimentos e área segundo grupos de área total............................................................................................................ 23 Gráfico 6: Partic. Perc. das regiões no total de pessoas ocupadas na agric. familiar............... 26 Gráfico 7: Agricultura Familiar e Patronal - Área (em ha) por pessoa ocupada..................... 27 Gráfico 8: Participação das categorias e regiões no total dos investimentos em compra de terras.................................................................................................................................. 31 Gráfico 9: Brasil - Perc. do VBP de produtos selecionados produzido nos estab. Familiares.. 32 Gráfico 10: Brasil - Participação percentual de produtos no VBP total da agricultura familiar............................................................................................................................... 34 Gráfico 11: Brasil - Agric. Familiares – Percentual de estabelecimentos e área segundo grupos de renda total. ........................................................................................................ 36 Gráfico 12: Brasil - Agric. Patronais – Percentual de estabelecimentos e área segundo grupos de renda total... ..................................................................................................... 37 Gráfico 13: Brasil - Participação perc. de cada tipo no total dos agric. familiares................... 43 Gráfico 14: Participação Percentual dos tipos no total de estab. familiares de cada região.... 44 Gráfico 15: Agricultores Familiares - Distribuição percentual dos tipos entre as regiões....... 44 Gráfico 16: Brasil - Área média dos tipos de agricultores familiares (Em ha)......................... 45 Gráfico 17: Agric. Familiares - Renda total média por ha / ano segundo os tipos familiares... 47 Gráfico 18: Brasil - Condição do produtor segundo os tipos de agricultores familiares.......... 48 Gráfico 19: Brasil - Agric. Familiares – Percentual de estabelecimentos dos tipos familiares segundo grupos de área total............................................................................................. 50 Gráfico 20: Brasil - Percentual de pessoas ocupadas na agric. familiar segundo os tipos familiares... ....................................................................................................................... 52 Gráfico 21: Agricultores Familiares - Área média (Em ha) por pessoa ocupada segundo os Tipos.................................................................................................................................. 55 Gráfico 22: Agric. Familiares - Percentual de estabelecimentos que utilizam assistência técnica por tipo.................................................................................................................. 56 Gráfico 23: Tipos de Agricultores Familiares - Percentual de estabelecimentos segundo grupos de renda total.......................................................................................................... 65 Introdução1 A discussão sobre a importância e o papel da agricultura familiar no desenvolvimento brasileiro vem ganhando força nos últimos anos, impulsionada pelo debate sobre desenvolvimento 1 Este documento foi elaborado por Gilson Alceu Bittencourt e Alberto Di Sabbato, com base nas tabelas obtidas com a aplicação da metodologia proposta pela equipeda FAO e do INCRA responsáveis por esta metodologia. sustentável, geração de emprego e renda, segurança alimentar e desenvolvimento local. A elevação do número de agricultores assentados pela reforma agrária e a criação do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) refletem e alimentam este debate na sociedade. A análise da agricultura familiar no Brasil é uma tarefa que requer um tratamento especial dos dados primários disponíveis, pois as tabelas estatísticas que são divulgadas não consideram essa categoria socioeconômica. As tabulações do Censo Agropecuário, que é um dos poucos instrumentos de análise quantitativa do setor agropecuário no Brasil, não permite a separação entre agricultura familiar e patronal na forma básica como os dados são disponibilizados pelo IBGE, restringindo-se a estratificação segundo a condição do produtor, o grupo de atividade econômica e os grupos de área total dos estabelecimentos agropecuários. O debate sobre os conceitos e a importância relativa da “agricultura familiar” também é intenso, produzindo inúmeras concepções, interpretações e propostas, oriundas das diferentes entidades representativas dos “pequenos agricultores”, dos intelectuais que estudam a área rural e dos técnicos governamentais encarregados de elaborar as políticas para o setor rural brasileiro. Estudos realizados no âmbito do Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO entre 1996 e 1999, baseados na metodologia de sistemas agrários desenvolvida pela escola francesa de estudos agrários, vêm permitindo uma melhor compreensão da lógica e dinâmica das unidades familiares e dos assentados, assim como dos sistemas de produção por eles adotados nas diversas regiões do país. Os resultados destes estudos indicam que a agricultura brasileira apresenta uma grande diversidade em relação ao seu meio ambiente, à situação dos produtores, à aptidão da terras, à disponibilidade de infra-estrutura etc., não apenas entre as regiões mas também dentro de cada região. Isto confirma a extrema necessidade de aprofundar o conhecimento das realidades agrárias específicas que caracterizam a geografia agrária brasileira, bem como revela a necessidade de incorporar de forma efetiva e ágil tais conhecimentos ao processo de planejamento das políticas públicas para o meio rural. Para aprofundar este debate e fornecer mais elementos sobre a real situação da agricultura familiar no Brasil, o Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO, contando com a participação de técnicos do INCRA, realizou um estudo com base nos dados do Censo Agropecuário do IBGE de 1995/96. Este trabalho é uma evolução e um aprofundamento da metodologia anteriormente elaborada, que utilizou os dados do Censo Agropecuário do IBGE de 19852. A concepção básica que norteou o estudo anterior é mantida: trata-se de caracterizar os agricultores familiares a partir de 2 Ver INCRA/FAO. Perfil da agricultura familiar no Brasil: dossiê estatístico. Brasília, 1996. suas relações sociais de produção3, o que implica superar a tendência freqüente nas análises sobre o tema de atribuir um limite máximo de área ou de valor de produção à unidade familiar, associando-a, equivocadamente, à “pequena produção”4. Tal procedimento é, em parte, derivado da própria forma como em geral são apresentadas as estatísticas agropecuárias5. Entretanto, isso não significa que devemos ficar limitados aos dados divulgados, sobretudo se considerarmos a grande riqueza das informações dos Censos Agropecuários do IBGE, que pode ser constatada pela simples análise do seu questionário de coleta. Assim, o que o trabalho pioneiro iniciado em 1995 fez foi tornar operacional, mediante a utilização de microdados6, um determinado conceito de agricultura familiar. Algumas características distinguem o atual estudo do anterior, entre as quais destacam-se: a) ampliação do escopo do trabalho, com a inclusão de procedimentos metodológicos que permitem identificar os principais sistemas de produção característicos dos diversos tipos de agricultores, nas diferentes unidades geográficas7 (municípios, microrregiões geográficas, unidades da federação, grandes regiões e país); b) reavaliação crítica da metodologia anterior, com alteração dos procedimentos metodológicos relativos à delimitação do universo familiar, sobretudo os relacionados ao cálculo da renda da unidade familiar e à determinação da quantidade de trabalho não familiar; c) ampliação das características associadas aos agricultores familiares, com a seleção de um grande número de variáveis disponíveis, o que ensejou a construção de uma base de dados municipais e de um conjunto de tabelas estatísticas básicas, agregadas por unidades da federação, grandes regiões e país; 3 Como apontado pelo trabalho anteriormente realizado, “a agricultura familiar pode ser definida a partir de três características centrais: a) a gestão da unidade produtiva e os investimentos nela realizados é feita por indivíduos que mantêm entre si laços de sangue ou de casamento; b) a maior parte do trabalho é igualmente fornecida pelos membros da família; c) a propriedade dos meios de produção (embora nem sempre da terra) pertence à família e é em seu interior que se realiza sua transmissão em caso de falecimento ou de aposentadoria dos responsáveis pela unidade produtiva.” (INCRA/FAO, op. cit., p. 4). 4 “Os limites deste procedimento são hoje cada vez mais evidentes. Por um lado, eles acabam por superestimar a importância econômica das unidades familiares de produção já que não é incomum que imóveis pequenos em área dependam, para seu funcionamento, de um montante de trabalho assalariado que extrapola o esforço fornecido diretamente pela família. (...) Por outro lado, e mais grave ainda, identificar automaticamente pequenas áreas à agricultura familiar supõe uma visão estática desta forma social, como se ela fosse incapaz de superar os limites estatísticos assim estipulados.” (INCRA/FAO, op. cit., p. 4). 5 No caso brasileiro, os resultados dos Censos Agropecuários do IBGE são estratificados, basicamente, segundo a área total dos estabelecimentos. 6 Esta é a denominação utilizada pelo IBGE para designar os arquivos contendo os dados individualizados de cada estabelecimento agropecuário. 7 No trabalho anterior, a unidade geográfica de menor agregação era a microrregião geográfica. d) ampla discussão acerca da metodologia a ser adotada, tendo em vista a experiência acumulada, o maior tempo disponível e o maior número de pessoas envolvidas na sua elaboração8; e) maior interatividade na operacionalização da metodologia, em virtude do acesso, ainda que restrito, aos microdados do Censo Agropecuário do IBGE9. Portanto, este trabalho objetiva subsidiar o desenho e a implementação de políticas públicas (fundiárias e agrícolas) para o meio rural e de fortalecimento da agricultura familiar, inclusive as atividades de extensão rural e pesquisa agropecuária. Neste sentido, o estudo visa à criação de uma base de informação estatística e analítica, ao nível municipal, microrregional, estadual, macrorregional e nacional, necessária ao desenvolvimento e à utilização de mecanismos de planejamento estratégico das ações fundiárias, aumentando assim o nível de eficiência operacional e financeira destas políticas, assim com seu alcance e efetividade social. 8 A elaboração da atual metodologia começou no final de 1997, tendo participado das discussões iniciais os seguintes consultores, no âmbito do Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO: Carlos Enrique Guanziroli (coord.), Ademar Ribeiro Romeiro, Alberto Di Sabbato, Antônio Márcio Buainain, Gervásio Castro deRezende, Gilson Alceu Bittencourt e Shigeo Shiki. Esta equipe elaborou uma proposta que serviu de base para uma nova rodada de discussões, da qual participaram, além dos já citados, os seguintes representantes das Diretorias do INCRA: Silvia Elizabeth C. S. Cardim (coordenadora), Elizabeth Prescott Ferraz, Gilberto Bampi, Josias Vieira Alvarenga, José Leopoldo Ribeiro Viégas, Maria Alice Alves, Marlon Duarte Barbosa e Paulo Loguércio. 9 Um dos pontos fortes da metodologia adotada sempre foi a possibilidade de utilizar os microdados do Censo Agropecuário. No trabalho anterior, os microdados foram processados pelo próprio pessoal do IBGE, a partir de tabulações especiais encomendadas, o que restringiu a possibilidade de testes relativos às definições metodológicas. Em contrapartida, para a elaboração do presente trabalho foi possível ter acesso aos microdados, nas dependências do IBGE, o que tornou possível a realização de testes, inicialmente com os dados do estado do Espírito Santo, e em seguida com Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Somente após a análise dos resultados dos testes é que se chegou à metodologia tal como é apresentada no presente texto. 1 Delimitação do Universo Familiar O universo agrário é extremamente complexo, seja em função da grande diversidade da paisagem agrária (meio físico, ambiente, variáveis econômicas etc.), seja em virtude da existência de diferentes tipos de agricultores, os quais têm interesses particulares, estratégias próprias de sobrevivência e de produção e que, portanto, respondem de maneira diferenciada a desafios e restrições semelhantes. Na verdade, os vários tipos de produtores são portadores de racionalidades específicas que, ademais, se adaptam ao meio no qual estão inseridos, fato que reduz a validade de conclusões derivadas puramente de uma racionalidade econômica única, universal e atemporal que, supostamente, caracterizaria o ser humano. Daí a importância de identificar os principais tipos de produtores. A escolha de um conceito para definir os agricultores familiares, ou a definição de um critério para separar os estabelecimentos familiares dos patronais não é uma tarefa fácil, ainda mais quando é preciso compatibilizar esta definição com as informações disponíveis no Censo Agropecuário do IBGE, sabidamente não elaborado para este fim. Existe uma multiplicidade de metodologias, critérios e variáveis para construir tipologias de produtores. Nenhuma delas é inteiramente satisfatória, em parte porque o comportamento e a racionalidade dos vários tipos de produtores respondem a um conjunto amplo e complexo de variáveis com peso e significado diversos de acordo com o contexto, e em parte devido às dificuldades de aplicação empírica de tipologias conceituais que levam em conta um número grande de variáveis. Sem entrar no intenso debate que cerca o tema, o estudo adotou uma tipologia simples que busca, em essência, classificar os produtores a partir das condições básicas do processo de produção, que explicam, em boa medida, suas reações e respostas ao conjunto de variáveis externas, assim como a sua forma de apropriação da natureza. Muito embora o foco do estudo seja a agricultura familiar, a própria delimitação deste universo implica a identificação dos agricultores não familiares ou patronais10. O universo familiar foi caracterizado pelos estabelecimentos que atendiam, simultaneamente, às seguintes condições: a) a direção dos trabalhos do estabelecimento era exercida pelo produtor; b) o trabalho familiar era superior ao trabalho contratado. 10 Os estabelecimentos agropecuários cuja condição do proprietário era “Instituição Pia ou Religiosa” ou “Governo (Federal, Estadual ou Municipal)”, em virtude de suas características peculiares, foram excluídos do conjunto utilizado para a referida delimitação. Além destes, não foi possível classificar como familiares ou patronais alguns poucos estabelecimentos, por não possuírem informação válida acerca da direção dos trabalhos do estabelecimento, que é uma das condições para caracterizar o universo familiar. 0 Adicionalmente, foi estabelecida uma área máxima regional como limite superior para a área total dos estabelecimentos familiares11. Tal limite teve por fim evitar eventuais distorções que decorreriam da inclusão de grandes latifúndios no universo de unidades familiares, ainda que do ponto de vista conceitual a agricultura familiar não seja definida a partir do tamanho do estabelecimento, cuja extensão máxima é determinada pelo que a família pode explorar com base em seu próprio trabalho associado à tecnologia de que dispõe. A primeira condição é obtida diretamente da resposta a um simples quesito do questionário censitário, ao passo que, para a obtenção da segunda condição, é necessário recorrer a um conjunto de operações envolvendo inclusive variáveis externas ao Censo, tendo em vista não só a inadequação das informações censitárias para o caso, como também a complexidade conceitual e operacional de que se reveste o tema. No que se refere à determinação da quantidade de trabalho, tanto familiar quanto contratado, o ideal seria que se pudesse determinar o número de homens-hora trabalhado, de modo a determinar com maior exatidão a efetiva carga de trabalho de cada uma das categorias de trabalhadores. Para o caso do trabalho familiar, entretanto, pode-se supor que a informação sobre o número de pessoas ocupadas da família na atividade produtiva12 reflete, com razoável precisão, a carga de trabalho efetivamente empregada. Desse modo, considerou-se como de tempo integral o trabalho do “responsável”, que é o produtor familiar que, simultaneamente, administra o seu estabelecimento13, bem como o dos “membros não remunerados” com 14 ou mais anos de idade. Para evitar superestimação do trabalho familiar, computou-se pela metade o pessoal ocupado da família com menos de 14 anos14, não apenas em virtude da sua menor capacidade de trabalho, como também pela possibilidade de envolvimento em outras atividades, como, por exemplo, as escolares. Assim, foi calculado o número de Unidades de Trabalho Familiar (UTF), por estabelecimento/ano, como sendo a soma do número de pessoas ocupadas da família com 14 anos e mais e da metade do número de pessoas ocupadas da família com menos de 14 anos. 11 Essa área máxima regional foi obtida do modo a seguir exposto. Foram consideradas as áreas dos módulos fiscais municipais, segundo a tabela do INCRA. Calculou-se a área de um módulo médio ponderado, segundo o número de municípios em que incide cada área de módulo fiscal municipal, para cada unidade da federação. A partir desse “módulo médio ponderado estadual”, foi calculado um módulo médio para cada grande região do país. O “módulo médio regional” foi multiplicado por 15 para determinação da área máxima regional, com o que se procurou estabelecer uma aproximação com o que dispõe a legislação, tendo em vista que o limite máximo legal da média propriedade é de 15 módulos fiscais (ver Quadro 1 anexo). 12 A categoria de pessoal ocupado do Censo relativa ao trabalho familiar intitula-se “Responsável e membros não remunerados da família”. 13 De acordo com as instruções de preenchimento do questionário do Censo, é obrigatório o registro de pelo menos uma pessoa na categoria “Responsável e membros não remunerados da família” (ver IBGE. Censo Agropecuário – Manual do Recenseador, p. 42-43). 14 Foram utilizados os limites de idade disponíveis no Censo. Em relação ao trabalho contratado, as informações censitárias são claramente inadequadas, sobretudo as que se referem ao pessoal temporário. De um lado, tem-se a informaçãodo número de empregados permanentes, temporários e parceiros (empregados) numa determinada data15; de outro, é informado o número máximo de empregados temporários em cada mês do ano. Em ambos os casos, não se tem a informação da carga de trabalho efetivamente realizada, uma vez que não se dispõe do número de meses ou dias trabalhados. Poder-se-ia, para os empregados permanentes e parceiros empregados, fazer suposição semelhante à que se fez para o trabalho familiar. Entretanto, tal suposição seria completamente equivocada para os empregados temporários16. Além disso, o Censo não possui informação sobre a quantidade de mão-de-obra empregada indiretamente, sob o regime de empreitada. Dessa forma, optou-se pela obtenção do trabalho contratado a partir das despesas realizadas com mão-de-obra empregada, incluindo os serviços de empreitada de mão-de- obra. O valor dessas despesas dividido pelo valor anual de remuneração de uma unidade de mão-de- obra permite obter o número de unidades de trabalho contratadas pelo estabelecimento. Operacionalmente, o número de Unidades de Trabalho Contratada (UTC) foi calculado da seguinte forma: 1) obteve-se o valor total das despesas com mão-de-obra contratada, pela soma de: a) valor das despesas com o pagamento (em dinheiro ou em produtos) da mão-de-obra assalariada (permanente ou temporária); b) valor das despesas com o pagamento efetuado a parceiros empregados17; c) valor das despesas com o pagamento de serviços de empreitada com fornecimento só de mão-de-obra; 2) calculou-se o valor do custo médio anual de um empregado no meio rural, mediante a multiplicação do valor da diária média estadual18 de um trabalhador rural pelo número de dias úteis trabalhados no ano, calculado em 260; 3) por fim, determinou-se o número de Unidades de Trabalho Contratado (UTC), por estabelecimento/ano, como sendo a divisão do valor total das despesas com mão-de-obra contratada pelo valor do custo médio anual de um empregado no meio rural. 15 No Censo Agropecuário de 1995-1996, a data de referência para os dados estruturais foi 31/12/1995 (ver IBGE. Censo Agropecuário 1995-1996 – número 1 – Brasil. Rio de Janeiro, 1998, p. 35) . 16 Tal afirmação pode se respaldar em um exemplo simples: para uma mesma jornada de trabalho, um empregado temporário trabalhando durante trinta dias equivale, em homens-hora de trabalho, a 30 empregados temporários trabalhando durante um dia. Entretanto, tal como estão dispostas as informações, haveria uma forte divergência entre o primeiro caso (uma unidade de trabalho) e o segundo (trinta unidades de trabalho). 17 Esse valor foi calculado, segundo o IBGE, mediante a conversão da cota-parte da produção (meia, terça, quarta etc.), tomando por base o preço que se obteria na venda dos produtos (ver IBGE. Censo Agropecuário – Manual do Recenseador, p. 76). 18 O valor da diária estadual foi obtido pelo cálculo da média dos valores informados de remuneração de diarista na agricultura para os meses de junho de 1995, dezembro de 1995 e junho de 1996, segundo os dados do Centro de Estudos Agrícolas da Fundação Getúlio Vargas (ver Quadro 2 anexo). 2 Resumindo a metodologia de delimitação do universo familiar Caracterização dos agricultores familiares Direção dos trabalhos do estabelecimento é do produtor e UTF > UTC e Área total do estabelecimento ≤ área máxima regional Unidade de Trabalho Familiar (UTF) Pessoal ocupado da família de 14 anos e mais + (Pessoal ocupado da família de menos de 14 anos) / 2 Unidade de Trabalho Contratado (UTC) (Salários + Valor da quota-parte entregue a parceiros empregados + Serviços de empreitada de mão-de-obra) ÷ (Diária estadual x 260) Os gastos com serviços de empreitada de mão-de-obra foram incluídos no cálculo do trabalho não familiar, tal como indicado acima, a fim de evitar a inclusão de formas típicas de contratação informal de mão-de-obra através de “gatos”, empreiteiros etc., utilizadas por unidades patronais, muitas vezes com o objetivo de eludir obrigações previstas na legislação trabalhista. No entanto, considerou-se que os gastos com serviços de empreitada com fornecimento de máquinas não deveriam entrar na massa salarial contratada por várias razões, entre as quais vale mencionar o fato de a empreita de serviços ser uma das características mais marcantes das unidades familiares nos países desenvolvidos. Este recurso permite às unidades familiares superarem a escassez de mão- de-obra e restrições de escala sem romper com sua natureza familiar. Além disso, trata-se de tendência inevitável do desenvolvimento econômico, da especialização das tarefas e do problema de escala que afeta em particular os estabelecimentos de menor porte, como é o caso da grande maioria do universo de produtores familiares. A possibilidade de recorrer ao serviço de empreitada, particularmente para os casos que dificilmente podem ser eficientemente resolvidos via forma de cooperação direta entre produtores, facilita a viabilização da agricultura familiar. Por outro lado, é importante lembrar que os gastos 3 com aluguel de máquinas e implementos agrícolas, não contratados em forma de empreitada, também não foram considerados como despesas com mão-de-obra. Para definir um indicar de renda dos agricultores, levando em conta a produção para autoconsumo e à destinada ao mercado, considerando as informações disponíveis pelo Censo, optou-se por trabalhar com a Renda Total (RT) dos estabelecimentos. A Renda Total foi calculada como segue: 1) obteve-se o Valor Bruto – ajustado – da Produção (VBP*) do estabelecimento, calculado pela soma de: a) valor da produção vendida de milho19; b) valor da produção vendida dos principais produtos utilizados na indústria rural20; c) valor da produção colhida/obtida dos demais produtos animais e vegetais; 2) calculou-se a Receita Agropecuária Indireta, composta pelas receitas provenientes de: venda de esterco; serviços prestados a terceiros; venda de máquinas, veículos e implementos; e outras receitas21; 3) obteve-se o Valor da Produção da Indústria Rural, informada diretamente pelo Censo; 4) da soma dos três itens acima foi subtraído o Valor Total das Despesas, com o que, finalmente, determinou-se a Renda Total do estabelecimento. 19 De um modo geral deve-se considerar o valor bruto da produção colhida, já que a utilização da produção vendida elimina o consumo humano de produtos agrícolas e animais e desfigura um conjunto importante de sistemas caracterizados precisamente pelo elevado grau de “endogenia” e de aproveitamento de subprodutos. Estes sistemas estão presentes tanto em formas “atrasadas” (sistema roça/farinha/capoeira) como em formas “modernas” (sistema de criação avícola/milho/quintal). Este critério, no entanto, apresenta um problema, principalmente no caso do consumo intermediário de milho, que é largamente utilizado como alimento para animais. Neste caso haveria dupla contagem, já que seria computado todo o milho colhido, assim como aquele que se “transforma” em suínos/aves que dele se alimentam. Para evitar este problema, o milho foi contabilizado a partir da produção vendida e não colhida. 20 Foram incluídos neste item os seguintes produtos: arroz em casca, café em coco, cana-de-açúcar, fumo em folha, leite e mandioca, quando havia informação de valor da produção dos respectivos produtos da indústria rural: arroz beneficiado em grão, café em grão, rapadura, fumo em rolo ou corda, queijo e farinha de mandioca. Este procedimento, que implica alguma imprecisão, foi o único possível, de vez que a informação sobre matéria-prima da indústria rural, existente nos CensosAgropecuários anteriores, foi suprimida no Censo atual. 21 É importante destacar que, à exceção da receita de exploração mineral, todas as receitas registradas pelo Censo são provenientes, direta ou indiretamente, da atividade agropecuária do estabelecimento, não havendo, portanto, informação acerca de eventuais remunerações do produtor fora do estabelecimento, tais como salários, benefícios previdenciários etc. 4 5 Resumindo, a metodologia para o calculo da Renda Total (RT) e de outros indicadores Valor Bruto da Produção (VBP) Σ do Valor da produção colhida/obtida de todos os produtos animais e vegetais; Renda Total (RT) (VBP* + Receita Agropecuária Indireta + Valor da Produção da Indústria Rural ) – Valor Total das Despesas VBP* Σ do Valor da produção vendida de milho e dos principais produtos utilizados na indústria rural + Σ do Valor da produção colhida/obtida dos demais produtos animais e vegetais Receita Agropecuária Indireta Venda de esterco + Serviços prestados a terceiros + + Venda de máquinas, veículos e implementos + Outras receitas provenientes do estabelecimento agrícola Valor da Produção da Indústria Rural (VPIR) Σ do valor da produção de todos os produtos da indústria rural 22 Receita Agropecuária Total (RAT) Receita Total – Receita de exploração mineral Renda Monetária (RM) (Receita Total – Receita de exploração mineral) – Despesa Total 22 O Censo conceitua “indústria rural” como “as atividades de transformação ou beneficiamento de produtos agropecuários produzidos no estabelecimento ou adquiridos de terceiros, efetuados pelo produtor em instalações do próprio estabelecimento, comunitárias (moinhos, moendas, casas de farinha, etc.) ou de terceiros por prestação de serviços” (ver IBGE. Censo Agropecuário – Manual do Recenseador, p. 71). 6 2 O Perfil da Agricultura Brasileira 2.1 Estabelecimentos, Área e Valor Bruto da Produção Segundo o Censo Agropecuário 1995/96, existem no Brasil 4.859.864 estabelecimentos rurais (Tabela 1), ocupando uma área de 353,6 milhões de hectares. Nesta safra23, o Valor Bruto da Produção (VBP) Agropecuária foi de R$ 47,8 bilhões e o financiamento total (FT) foi de R$ 3,7 bilhões. De acordo com a metodologia adotada, são 4.139.369 estabelecimentos familiares, ocupando uma área de 107,8 milhões de ha, sendo responsáveis por R$ 18,1 bilhões do VBP total, recebendo apenas R$ 937 milhões de financiamento rural. Os agricultores patronais são representados por 554.501 estabelecimentos, ocupando 240 milhões de ha. Os estabelecimentos restantes são formados por aqueles que, conforme já foi mencionado (ver nota 10), foram excluídos do universo analisado. Tabela 1: Brasil – Estab., área, valor bruto da produção (VBP) e financiamento total (FT)24 CATEGORIAS Estab. Total % Estab. s/ total Área Tot. (mil ha) % Área s/ total VBP (mil R$) % VBP s/ total FT (mil R$) % FT s/ total FAMILIAR 4.139.369 85,2 107.768 30,5 18.117.725 37,9 937.828 25,3 PATRONAL 554.501 11,4 240.042 67,9 29.139.850 61,0 2.735.276 73,8 Inst. Pia/Relig. 7.143 0,2 263 0,1 72.327 0,1 2.716 0,1 Entid. pública 158.719 3,2 5.530 1,5 465.608 1,0 31.280 0,8 Não identificado 132 0,0 8 0,0 959 0,0 12 0,0 TOTAL 4.859.864 100,0 353.611 100,0 47.796.469 100,0 3.707.112 100,0 Fonte: Censo Agropecuário 1995/96 – IBGE Elaboração: Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO A safra agrícola de 1995/96 foi a que recebeu o menor volume de crédito rural no Brasil desde o final dos anos sessenta. O valor total dos financiamentos rurais foi inferior a R$ 4 bilhões, o que representou apenas 7,7% do VBP desta safra. Os agricultores familiares demonstraram ser mais eficientes no uso do crédito rural que os agricultores patronais, pois produzem mais com menos recursos do crédito rural. Os agricultores familiares representam, portanto, 85,2% do total de estabelecimentos, ocupam 30,5% da área total e são responsáveis por 37,9% do Valor Bruto da Produção Agropecuária Nacional, recebendo apenas 25,3% do financiamento destinado a agricultura. 23 O termo safra pode ser aqui utilizado, em virtude do fato de que neste Censo, ao contrário dos anteriores, o período de referência adotado para os dados de produção foi o ano agrícola. 24 O número total de estabelecimentos apresentados nesta tabela é inferior em uma unidade ao número divulgado pelo IBGE (ver IBGE. Estatísticas do Censo Agropecuário 1995-1996, número 1, Brasil. Rio de Janeiro, 1998). Isto se deve ao fato de que o presente trabalho utilizou-se dos microdados do Censo, que contêm correções realizadas após a publicação do volume Brasil, que provocaram, entre outros acertos, a eliminação de um estabelecimento localizado no Rio Grande do Sul. 7 A análise regional (Tabela 2) demonstra a importância da agricultura familiar nas regiões Norte e Sul, nas quais mais de 50% do VBP é produzido nos estabelecimentos familiares. Na região Norte, os agricultores familiares representam 85,4% dos estabelecimentos, ocupam 37,5% da área e produzem 58,3% do VBP da região, recebendo 38,6% dos financiamentos. A região Sul é a mais forte em termos de agricultura familiar, representada por 90,5% de todos os estabelecimentos da região, ou 907.635 agricultores familiares, ocupando 43,8% da área e produzindo 57,1% do VBP regional. Nesta região, os agricultores familiares são ficam com 43,3% dos financiamentos aplicados na região. O Centro-Oeste apresenta o menor percentual de agricultores familiares entre as regiões brasileiras, representando 66,8% dos estabelecimentos da região e ocupando apenas 12,6% da área regional e 12,7% dos financiamentos. Tabela 2: Agric. Familiares – Estab., área, VBP e financiamento total segundo as regiões REGIÃO Estab. Total % Estab. s/ total Área Total (Em ha) % Área s/ total VBP (mil R$) % VBP s/ total FT (mil R$) % FT s/ total Nordeste 2.055.157 88,3 34.043.218 43,5 3.026.897 43,0 133.973 26,8 Centro-Oeste 162.062 66,8 13.691.311 12,6 1.122.696 16,3 94.058 12,7 Norte 380.895 85,4 21.860.960 37,5 1.352.656 58,3 50.123 38,6 Sudeste 633.620 75,3 18.744.730 29,2 4.039.483 24,4 143.812 12,6 Sul 907.635 90,5 19.428.230 43,8 8.575.993 57,1 515.862 43,3 BRASIL 4.139.369 85,2 107.768.450 30,5 18.117.725 37,9 937.828 25,3 Fonte: Censo Agropecuário 1995/96 – IBGE Elaboração: Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO A região Nordeste é a que apresenta o maior número de agricultores familiares, representados por 2.055.157 estabelecimentos (88,3%), os quais ocupam 43,5% da área regional, produzem 43% de todo o VBP da região e ficam com apenas 26,8% do valor dos financiamentos agrícolas da região. Os agricultores familiares da região Sudeste apresentam uma grande desproporção entre o percentual de financiamento recebido e a área dos estabelecimentos. Esses agricultores possuem 29,2% da área e somente recebem 12,6% do crédito rural aplicado na região. O financiamento destinado à agricultura é desproporcional entre os agricultores familiares e patronais, sendo que em todas as regiões a participação dos estabelecimentos familiares no crédito rural é inferior ao percentual do VBP de que eles são responsáveis. Quando cruzados os dados das cinco regiões brasileiras (Tabela 3), o Nordeste desponta com o maior percentual de estabelecimentos, sendo responsável por 49,7% de todos os estabelecimentos familiares brasileiros. Entretanto, ocupa apenas 31,6% da área total dos familiares, é responsável 8 por 16,7% do VBP dos agricultores familiares e absorve 14,3% do financiamento rural destinado a esta categoria de agricultores. Tabela 3: Agricultores Familiares - Participação percentual das regiões no número de estabelecimentos,área, VBP e financiamento total destinado aos agricultores familiares REGIÃO % Estab. s/ total % Área s/ total % VBP s/ total % FT s/ total Nordeste 49,7 31,6 16,7 14,3 Centro-Oeste 3,9 12,7 6,2 10,0 Norte 9,2 20,3 7,5 5,4 Sudeste 15,3 17,4 22,3 15,3 Sul 21,9 18,0 47,3 55,0 BRASIL 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: Censo Agropecuário 1995/96 – IBGE Elaboração: Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO A região Centro-Oeste é a que apresenta o menor número de agricultores familiares, sendo responsável por apenas 3,9% do total de estabelecimentos familiares no Brasil. Por outro lado, apresenta em conjunto com a região Norte, a maior área média entre os familiares, pois com um menor número de estabelecimentos, ocupam respectivamente 12,7% e 20,3% da área total dos agricultores familiares. A região Sul, apesar de deter 21,9% dos estabelecimentos familiares e ocupar 18% da área total, é responsável por 47,3% do Valor Bruto da Produção da agricultura familiar brasileira. O crédito rural também está mais concentrado nesta região, a qual absorve 55% dos recursos de crédito rural utilizados pelos agricultores familiares do Brasil. 9 Gráfico 1: Brasil - Agricultores Familiares - Part. perc. das regiões no número de estab. familiares, área, VBP e financiamento total 50 32 17 14 4 13 6 109 20 8 5 15 17 22 16 22 47 55 18 % Estab % Área % VBP % FT Nordeste C. Oeste Norte Sudeste Sul 2.2 Área Média dos Estabelecimentos A área média dos estabelecimentos familiares é muito inferior à dos patronais, apresentando também uma grande variação entre as regiões. A área média dos estabelecimentos familiares no Brasil é de 26 ha, enquanto que a patronal é de 433 ha. A área média dos estabelecimentos familiares e patronais tem uma relação entre as regiões, a qual está relacionada ao processo histórico de ocupação da terra. Nas regiões onde os agricultores patronais apresentam as maiores áreas médias, o mesmo acontece entre os familiares. Enquanto a área média entre os familiares do Nordeste é de 16,6 ha, no Centro-Oeste é de 84,5 ha. Entre os patronais, com uma média de 433 ha para o Brasil, na região Centro-Oeste a média chega a 1.324 ha, encontrando-se na região Sudeste a menor área entre a dos patronais, com 223 ha por estabelecimento. 0 Gráfico 2: Área média dos estabelecimentos familiares (Em ha) 17 84 57 30 21 26 NE CO N SE S BR Em h a Gráfico 3: Área média dos estabelecimentos patronais (Em ha) 269 1.324 1.008 223 283 433 NE CO N SE S BR E m h a 2.3 Renda Total e Renda Monetária por Estabelecimento A Renda Total (RT) agropecuária e a Renda Monetária (RM) por estabelecimento apresentam uma grande diferenciação entre os agricultores familiares e patronais, sendo a renda patronal muito superior à encontrada entre os familiares. Esta diversidade também ocorre entre os agricultores de uma mesma categoria, mas localizados em diferentes regiões. No Brasil, a RT média por estabelecimento familiar (Tabela 4) foi de R$ 2.717, variando entre R$ 1.159/ano no Nordeste e R$ 5.152/ano na região Sul. A RM da agropecuária por estabelecimento foi de R$ 1.783 entre os agricultores familiares, sendo R$ 696 na região Nordeste e R$ 3.315 na região Sul. Tabela 4: Agricultores Familiares e Patronais - Renda total (RT) e renda monetária (RM) por estabelecimento (Em R$) REGIÃO FAMILIAR PATRONALRT/Estab RM/Estab RT/Estab RM/Estab Nordeste 1.159 696 9.891 8.467 Centro-Oeste 4.074 3.043 33.164 30.779 Norte 2.904 1.935 11.883 9.691 Sudeste 3.824 2.703 18.815 15.847 Sul 5.152 3.315 28.158 23.355 BRASIL 2.717 1.783 19.085 16.400 Fonte: Censo Agropecuário 1995/96 – IBGE Elaboração: Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO A Renda Total e a Renda Monetária obtida nos estabelecimentos familiares demonstram o potencial econômico e produtivo dos agricultores familiares, que apesar de todas as limitações, não produzem apenas para subsistência, obtendo renda através da produção agropecuária de seus estabelecimentos. Os estabelecimentos patronais apresentaram Renda Total média de R$ 19.085 anuais, variando de R$ 9.891/ano no Nordeste a R$ 33.164 no Centro-Oeste. A Renda mais elevada entre os patronais é explicada principalmente pela área de que estes dispõem. 2.4 Renda Total por unidade de Área A Renda Total por hectare demonstra que a agricultura familiar é muito mais eficiente que a patronal, produzindo uma média de R$ 104/ha/ano contra apenas R$ 44/ha/ano dos agricultores patronais. A maior eficiência da agricultura familiar sobre a patronal ocorre em todas as regiões brasileiras. No Nordeste, os agricultores familiares produzem em média R$ 70/ha contra R$ 37/ha dos patronais, no Centro-Oeste produzem uma média de R$ 48/ha contra R$ 25/ha dos patronais. Na região Sul, os agricultores familiares produzem R$ 241/ha contra R$ 99/ha dos agricultores 1 patronais. Na região Norte, os agricultores familiares obtém uma média de R$ 52/ha de Renda Total, valor quase cinco vezes superior à dos agricultores patronais, que obtêm uma média de apenas R$ 12/ha/ano. 2.5 Condição dos Agricultores em relação à Terra A situação dos agricultores familiares, segundo a condição de uso da terra demonstra que 74,6% são proprietários, 5,7% são arrendatários, 6,4% são parceiros e 13,3% são ocupantes. O menor percentual de agricultores familiares proprietários está na região Nordeste, com apenas 65% dos estabelecimentos. O Centro-Oeste é o que apresenta maior percentual de agricultores familiares proprietários, representado por 89,8% dos estabelecimentos familiares da região . Entre as regiões, o percentual de ocupantes é maior no Nordeste, chegando a 19,3% dos estabelecimentos familiares, representado por 397 mil agricultores. Na região Norte, os ocupantes somam 13,2% dos estabelecimentos familiares, representado por 50 mil agricultores. Na região Sul, apesar de representarem apenas 6,7% do total de estabelecimentos familiares, os ocupantes somam mais de 61 mil agricultores familiares. 2 Gráfico 4: Renda total (RT) por ha / ano dos estabelecimentos familiares e patronais 70 48 51 129 241 104 37 25 12 85 99 44 NE CO N SE S BR R $ / H a / A no Familiar Patronal Tabela 5: Agricultores Familiares – Perc. dos estab. e área segundo a condição do produtor REGIÃO Proprietário Arrendatário Parceiro Ocupante% Estab. % Área % Estab. % Área % Estab. % Área % Estab. % Área Nordeste 65,4 91,8 6,9 1,0 8,4 1,6 19,3 5,6 Centro-Oeste 89,8 93,6 3,4 2,7 1,3 0,4 5,6 3,2 Norte 84,6 94,2 0,7 0,3 1,4 0,4 13,2 5,1 Sudeste 85,7 92,2 4,1 3,8 5,2 1,5 5,0 2,5 Sul 80,8 87,8 6,4 5,4 6,0 3,2 6,7 3,7 BRASIL 74,6 91,9 5,7 2,3 6,4 1,5 13,3 4,3 Fonte: Censo Agropecuário 1995/96 – IBGE Elaboração: Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO A prática de arrendamento e de parceira por agricultores familiares está mais presente nas regiões Nordeste e Sul, sendo que os arrendatários representam 6,9% dos estabelecimentos familiares da região Nordeste e 6,4% dos estabelecimentos da região Sul. A condição de uso da terra em forma de parceira ocorre em 8,4% dos estabelecimentos familiares da região Nordeste e 6% da região Sul. 2.6 Estrutura Fundiária A propriedade da terra não é o único elemento a ser considerado em relação à necessidade da reestruturação fundiária no Brasil. Entre os agricultores familiares que são proprietários, muitos possuem menos de 5 ha, o que, na maioria dos casos, inviabiliza sua sustentabilidade econômica através da agricultura, com exceção de algumas atividades econômicas, sua localização e/ou seu grau de capitalização. No Brasil, conforme demonstradono próximo gráfico, 39,8% dos estabelecimentos familiares possuem, sob qualquer condição, menos de 5 ha, sendo que outros 30% possuem entre 5 a 20 ha e 17% possuem entre 20 e 50 ha. Ou seja, 87% dos estabelecimentos familiares possuem menos de 50 ha. Os agricultores familiares com área maior que 100 ha e menor que a área máxima regional são representados por 5,9% dos estabelecimentos, mas ocupam 44,7% de toda a área da agricultura familiar brasileira. A área media dos estabelecimentos familiares em cada grupo de área também é baixa. Considerando a média para o Brasil (Tabela 6), com dados muito semelhantes para todas as regiões, a área média dos estabelecimentos com menos de 5 ha é de apenas 1,9 ha por estabelecimento. Mesmo entre os com área entre 5 e 20 ha, a média é de apenas 10,7 ha por estabelecimento. 3 Tabela 6: Brasil – Agric. Familiares - Área média dos estab. segundo os grupos de área total GRUPOS DE ÁREA TOTAL Área Média (Em ha) Menos de 5 ha 1,9 5 a menos de 20 ha 10,7 20 a menos de 50 ha 31,0 50 a menos de 100 ha 67,8 100 ha a 15 Módulos Regionais 198,0 Área Média dos Agricultores Familiares 26,0 Fonte: Censo Agropecuário 1995/96 – IBGE Elaboração: Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO A região Nordeste é a que apresenta o maior número de minifúndios (Tabela 7), com 58,8% de seus estabelecimentos familiares com menos de 5 ha. Entre esses agricultores, a área média é de 1,7 ha por estabelecimento. Quando somados aos 21,9% dos estabelecimentos com 5 ha a menos de 20 ha, os quais possuem uma área média de 9,8 ha por estabelecimento, obtém-se 81% dos estabelecimentos familiares desta região. Considerando somente a pequena área disponível e que uma grande parte destes estabelecimentos está situada na região do semi-árido nordestino, estes agricultores dificilmente terão perspectivas de melhoria e potencialização de seus sistemas produtivos. Na região Sul, 20% dos estabelecimentos familiares possuem menos de 5 ha, 47,9% possuem entre 5 e menos de 20 ha e outros 23,2% possuem entre 20 e menos de 50 ha. Tabela 7: Agricultores Familiares - Percentual de estab. e área segundo grupos de área total REGIÃO Menos de 5 ha 5 a – de 20 ha 20 a – de 50 ha 50 a – de 100 ha 100 ha a – de 15 MR % Estab. % Área % Estab. % Área % Estab. % Área % Estab. % Área % Estab. % Área Nordeste 58,8 6,1 21,9 13,0 11,0 20,3 4,8 19,3 3,4 41,3 4 Gráfico 5: Brasil - Agricultores Familiares - Perc. de estab. e área segundo grupos de área total 39,8 29,6 17,2 7,6 5,93,0 19,7 44,7 12,2 20,4 < 5 5 a 20 20 a 50 50 a 100 100 a 15MR Em ha Em % % Estab. % Área Centro-Oeste 8,7 0,3 20,5 2,9 27,3 10,7 18,8 15,5 24,6 70,6 Norte 21,3 0,8 20,8 3,8 22,5 12,5 17,9 20,8 17,4 62,0 Sudeste 25,5 2,1 35,6 13,6 22,7 24,4 9,9 23,2 6,3 36,5 Sul 20,0 2,6 47,9 25,1 23,2 32,5 5,9 18,8 2,9 21,1 BRASIL 39,8 3,0 30,0 12,2 17,1 20,4 7,6 19,7 5,9 44,7 Fonte: Censo Agropecuário 1995/96 – IBGE Elaboração: Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO Entre os agricultores patronais (Tabela 8), a maioria absoluta possui estabelecimentos com área superior a 50 ha, com destaque a estabelecimentos com mais de 100 ha. No Brasil, apenas 7% dos estabelecimentos patronais possuem menos de 5 ha, sendo o Nordeste a região com o maior percentual deles nesta condição, representando 13,7% do total de estabelecimentos patronais desta região, provavelmente situados em pólos de irrigação e em regiões próximos as regiões metropolitanas. Tabela 8: Agricultores Patronais - Percentual de estab. e área segundo grupos de área total REGIÃO Menos de 5 ha 5 a – de 20 ha 20 a – de 50 ha 50 a – de 100 ha 100 ha e mais % Estab. % Área % Estab. % Área % Estab. % Área % Estab. % Área % Estab. % Área Nordeste 13,7 0,1 16,1 0,7 17,0 2,0 14,5 3,8 38,7 93,4 Centro-Oeste 1,1 0,0 3,3 0,0 6,4 0,2 8,5 0,5 80,8 99,3 Norte 4,1 0,0 5,5 0,1 10,4 0,3 13,0 0,9 67,1 98,7 Sudeste 4,9 0,1 14,8 0,8 20,7 3,1 17,6 5,7 41,9 90,2 Sul 5,9 0,1 16,1 0,7 16,3 1,9 12,5 3,2 49,2 94,2 BRASIL 7,1 0,0 13,4 0,4 16,5 1,3 14,4 2,4 48,6 95,9 Fonte: Censo Agropecuário 1995/96 – IBGE Elaboração: Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO 2.7 Pessoal Ocupado A agricultura familiar é a principal geradora de postos de trabalho no meio rural brasileiro (Tabela 9). Mesmo dispondo de apenas 30% da área, é responsável por 76,9% do Pessoal Ocupado (PO). Dos 17,3 milhões de PO na Agricultura brasileira, 13.780.201 estão empregados na agricultura familiar. Enquanto na região Sul a agricultura familiar ocupa 84% da mão-de-obra utilizada na agricultura, no Centro-Oeste ela é responsável por apenas 54%. Os agricultores familiares são responsáveis pela contratação de 16,8% (308.097) do total de empregados permanentes do Brasil, enquanto os estabelecimentos patronais contratam 81,7% (1.502.529) desses25. Tabela 9: Agric. Familiares - Pessoal ocupado segundo as diferentes formas de ocupação REGIÃO Pessoal Ocup. total Pess. Ocup. % s/ total Empreg. Perm, Empreg Temp. Parceiros (empreg.) Outra Cond. UTF/UT % 25 A diferença para 100% é constituída dos estabelecimentos excluídos da análise (ver nota 10) 5 Nordeste 6.809.420 82,93 81.379 588.810 34.081 62.212 97,1 Centro-Oeste 551.242 54,14 42.040 39.824 2.793 15.418 90,2 Norte 1.542.577 82,15 25.697 68.636 6.880 29.772 96,9 Sudeste 2.036.990 59,20 98.146 160.453 58.146 58.294 91,6 Sul 2.839.972 83,94 60.835 128.955 20.548 26.207 96,7 BRASIL 13.780.201 76,85 308.097 986.678 122.448 191.903 95,9 Fonte: Censo Agropecuário 1995/96 – IBGE Elaboração: Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO Enquanto todos os estabelecimentos familiares ocupam o trabalho de 122.448 parceiros empregados, os patronais ocupam 163.530 parceiros. O número de empregados temporários ocupados nos agricultura, levantados em uma data fixa (31/12/95) foi de 986.678 empregados entre os familiares e 800.235 entre os patronais. Embora os familiares apresentem um número superior ao patronal nesta data, isto não significa que os familiares utilizam-se do emprego temporário com maior freqüência e intensidade que os patronais ao longo do ano. Pelo contrário, a tendência, pela relação obtida entre o percentual de trabalho dos membros da família em comparação com o trabalho contratado, demonstra que os patronais utilizam-se com muita intensidade deste tipo de trabalho. Os agricultores concentram seu trabalho entre os membros da família do próprio agricultor. Do total de Unidades de Trabalho utilizadas na agricultura familiar, apenas 4% são contratadas, sendo todo o restante do trabalho desenvolvido por membros da família. Os agricultores patronais apresentam uma relação inversa, sendo que 78,5% do total das unidades de trabalho utilizadas no estabelecimento são contratadas. Conforme dados apresentados no próximo gráfico, a região Nordeste é a que concentra o maior número de pessoas ocupadas entre os agricultores familiares, sendo responsável por 49% (6.809.420 pessoas) das pessoas ocupadas na agricultura familiar brasileira. Em seguida vem a região Sul, responsável por 21% das pessoas ocupadas na agricultura familiar brasileira. Novamente a região Centro-Oeste aparece com menor destaque, sendo responsável por apenas 4% de todo o pessoal ocupado na agricultura familiar brasileira. 6 Entre os estabelecimentos familiares (tabela 10), apenas 4,3% contratam empregados permanentes, sendo que 2,9% contratam apenas um empregado, outros 0,8% contratam dois empregados e apenas 0,6% contratam mais do que dois empregados permanentes. Em relação a serviços de empreitada, 7,4% dosfamiliares contratam serviços só de mão-de-obra, sendo que outros 5,9% de estabelecimentos familiares contratam serviços de empreitada só de máquinas ou de máquinas e de mão-de-obra. Tabela 10: Agricultores Familiares - Percentual de estabelecimentos com empregados permanentes e serviço de empreitada REGIÃO % de Estabelecimentos com Empregados Permanente % Estabelecimentos c/ serviço de empreitada Total 1 perm. 2 perm. + de 2 perm. Só MO Com máquinas e MO Nordeste 2,0 1,2 0,4 0,4 5,2 3,4 Centro-Oeste 15,6 10,3 3,0 2,3 19,8 12,7 Norte 3,3 1,9 0,7 0,7 12,1 0,9 Sudeste 9,3 6,6 1,5 1,2 11,5 5,4 Sul 4,3 3,1 0,8 0,5 5,1 12,6 BRASIL 4,3 2,9 0,8 0,6 7,4 5,9 Fonte: Censo Agropecuário 1995/96 – IBGE Elaboração: Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO Entre os agricultores patronais, 62,7% contratam empregados permanentes, sendo que 23,4% contratam apenas um empregado, 15% contratam dois empregados e 24,4% contratam mais de dois empregados permanentes. Os patronais também contratam muita mão-de-obra através de contratação de serviços de empreitada, sendo que 29,1% dos estabelecimentos patronais contratam empreitada só de mão-de-obra e outros 7,4% contratam serviços empreitada só de máquinas ou de máquinas e de mão-de-obra. Os estabelecimentos da região Centro-Oeste são os que mais contratam 7 Gráfico 6: Partic. Perc. das regiões no total de pessoas ocupadas na agric. familiar 49% 4%11% 15% 21% NE CO N SE S empregados permanentes, sendo que 16,6% dos estabelecimentos familiares e 80% dos patronais utilizam-se deste tipo de mão-de-obra. Os patronais também utilizam o trabalho de parceiros com maior intensidade que os familiares. O número de pessoas ocupadas por estabelecimento é maior entre os patronais, representando uma média de 6,4 pessoas ocupadas, contra 3,3 pessoas ocupadas entre os agricultores familiares. Por outro lado, conforme demonstrado no próximo gráfico, quando é calculado o número de pessoas ocupadas por unidade de área, os agricultores familiares apresentam uma grande superioridade em relação aos patronais, ocupando muito mais pessoas por unidade de área. Entre os agricultores patronais, são necessários em média 67,5 ha para ocupar uma pessoa, sendo que entre os familiares são necessários apenas 7,8 ha para ocupar uma pessoa. A variação também é grande entre as regiões. Enquanto no Nordeste os agricultores familiares ocupam uma pessoa a cada 5 ha, no Centro-Oeste são necessários 24,8 ha. Entre os patronais, varia de 32,8 ha por pessoa ocupada no Sudeste a 216,5 ha no Centro-Oeste. 2.8 Características Tecnológicas O acesso a tecnologia apresenta grande variação tanto entre familiares e patronais quanto entre os agricultores de diferentes regiões, mesmo que de uma mesma categoria. Entre os familiares (Tabela 11), apenas 16,7% utilizam assistência técnica, contra 43,5% entre os patronais. Entretanto, entre os familiares este percentual varia de 2,7% na região Nordeste a 47,2% na região Sul. Mesmo considerando as diferenças no interior da agricultura familiar nordestina, o número de agricultores com acesso a Assistência técnica é muito pequeno. A energia elétrica também é um privilégio para poucos agricultores familiares das regiões Norte e Nordeste. Enquanto 36,6% dos estabelecimentos familiares do Brasil têm acesso ao este 8 Gráfico 7: Agricultura Familiar e Patronal - Área (em ha) por pessoa ocupada 5 25 14 9 7 8 42 217 166 33 48 67 NE CO N SE S BR Familiar Patronal serviço público, os percentuais variam de 9,3% e 18,7% nas regiões Norte e Nordeste, respectivamente, a 73,5% na região Sul. Tabela 11: Agricultores Familiares - Acesso a tecnologia e a assistência técnica REGIÃO Utiliza Assist. Técnica Usa Energia Elétrica Uso de força nos trabalhos Só animal Só mecânica ou mecânica + animal Manual Usa Adubos e Corretivos Faz Conserv. do solo Nordeste 2,7 18,7 20,6 18,2 61,1 16,8 6,3 C. Oeste 24,9 45,3 12,8 39,8 47,3 34,2 13,1 Norte 5,7 9,3 9,3 3,7 87,1 9,0 0,7 Sudeste 22,7 56,2 19,0 38,7 42,2 60,6 24,3 Sul 47,2 73,5 37,2 48,4 14,3 77,1 44,9 BRASIL 16,7 36,6 22,7 27,5 49,8 36,7 17,3 Fonte: Censo Agropecuário 1995/96 – IBGE Elaboração: Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO O uso de Tração Animal e/ou Tração Mecânica é muito baixo entre os estabelecimentos familiares, sendo que cerca de 50% utilizam apenas força manual nos trabalhos agrários. No Brasil 23% dos agricultores familiares utilizam apenas tração animal e outros 27% utilizam tração mecânica ou mecânica e animal. Na região Norte, 87% dos estabelecimentos familiares não utilizam tração animal ou mecânica, limitando-se à força manual. Apesar da presença do extrativismo nesta região, o percentual de estabelecimentos que utilizam tração mecânica ou animal é muito baixo. Os familiares da região Sul apresentam um alto percentual de uso de tração mecânica/animal ou somente animal, representado por 48,4% e 37,2% dos estabelecimentos, respectivamente. Entre os familiares, 36,7% usam adubos e corretivos, variando de 9% na região Norte, 16,8% no Nordeste até 77,1% dos estabelecimentos na região Sul. A conservação de solos também apresenta uma grande variação entre as regiões. Enquanto na região Sul 44,9% dos estabelecimentos fazem algum tipo de conservação de solos, na região Norte esta prática é desenvolvida por menos de 1% dos estabelecimentos familiares. A assistência técnica está mais presente entre os patronais, sendo que 43,5% dos estabelecimentos a utilizam. Na região Sul chega a 64,4%, no Sudeste 55,1%, no Centro-Oeste 51,9%, no Norte 20,7% e no Nordeste, apenas 18,9%. O acesso a energia elétrica também é maior entre os patronais, sendo que 64,5% dos estabelecimentos têm acesso a energia elétrica, com destaque a região Sudeste, onde 80,2% dos estabelecimentos têm acesso a este serviço. O uso de tração mecânica e/ou animal está presente em 68,3% dos estabelecimentos patronais, sendo que aqueles do Norte e Nordeste são os que menos utilizam este tipo de tração nos trabalhos agrários, com 39,9% e 50,7% dos estabelecimentos, respectivamente. A conservação dos 9 solos é adotada por 33,2% dos estabelecimentos patronais, sendo uma prática pouca adotada pelos agricultores patronais da região Norte e Nordeste, sendo que apenas 3,1% e 9,6%, respectivamente, dos estabelecimentos destas regiões fazem conservação de solos. 2.9 Investimentos realizados nos Estabelecimentos Agropecuários Os investimentos realizados na agricultura (Tabela 12) somaram R$ 7,7 bilhões na safra 1995/96, sendo que os agricultores familiares foram responsáveis por R$ 2,5 bilhões ou 32% de todos os investimentos realizados26. As regiões que mais investiram foram o Sul (44,2%) e Sudeste (23,2%), representando juntas 67,4% de todos os investimentos realizados pelos agricultores familiares brasileiros nesta safra. Os agricultores patronais investiram R$ 5,1 bilhões ou 66,1% do investimento total realizado na safra 1995/96, sendo que as regiões Sudeste (28,4%) e Centro-Oeste (36,4%) foram juntas responsáveis por 64,8% dos investimentos realizados por estes agricultores. Tabela 12 : Agricultores Familiares e Patronais - Investimentos totais, investimento por estab. e investimento por ha segundo as regiões REGIÃO FAMILIAR PATRONAL Total de Invest. (Mil R$) Invest. Total % Invest. / Estab. (R$) Invest. / Ha (R$) Total de Invest. (Mil R$) Invest. Total % Invest. / Estab. (R$) Invest. / Ha (R$) Nordeste 355.455 14,0 173,0 10,4 564.716 11,1 3.495,8 13,0 Centro-Oeste 308.128 12,2 1.901,3 22,51.449.605 28,4 20.570,5 15,5 Norte 161.494 6,4 424,0 7,4 296.582 5,8 8.855,6 8,8 Sudeste 588.598 23,2 928,9 31,4 1.861.744 36,4 9.212,4 41,4 Sul 1.121.784 44,2 1.235,9 57,7 935.725 18,3 10.766,8 38,0 BRASIL 2.535.459 100,0 612,5 23,5 5.108.372 100,0 9.212,6 21,3 Fonte: Censo Agropecuário 1995/96 – IBGE Elaboração: Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO O investimento médio por estabelecimento foi de R$ 9.212/ano entre os agricultores patronais e R$ 612/ano entre os agricultores familiares. A região Centro-Oeste apresentou os maiores investimentos nas duas categorias, representado por R$ 1.901 entre os agricultores familiares e R$ 20.570 entre os agricultores patronais. Os agricultores familiares da região Nordeste foram os que menos investiram, com apenas R$ 173 por estabelecimento. Quando observados os investimentos por ha, os agricultores familiares investiram mais que os patronais, com uma média de R$ 23,5/ha contra R$ 21,3/ha dos agricultores patronais. Na região Sul, os agricultores familiares investiram uma média de R$ 57,7/ha, no Nordeste foram R$ 10,4/ha e na região Norte, apenas R$ 7,4/ha. 26 Os dados sobre valores de investimento referem-se ao período de 01/08/1995 a 31/07/1996. 0 O principal destino dos investimentos (Tabela 13) realizados pelos agricultores familiares foi a formação de novas plantações (culturas permanentes e matas plantadas) e compra de animais (designados, abreviadamente, por novas plantas e animais), com 37,1% dos investimentos, seguido por máquinas e benfeitorias (25,2%) e compra de terras (16%). Tabela 13: Agricultores Familiares - Valor dos investimentos e destino (em %) 1995/96 REGIÃO Total de Investimentos (Em Mil R$) DESTINO DOS INVESTIMENTOS (Em %) Máquinas e Benfeitorias Compra de Terras Novas plantas e animais Outros Investimentos Nordeste 355.455 18,8 8,5 56,9 15,9 Centro-Oeste 308.128 22,7 17,9 41,7 17,7 Norte 161.494 25,0 9,6 45,5 19,9 Sudeste 588.598 21,0 16,0 41,4 21,6 Sul 1.121.784 30,2 18,7 26,2 24,8 BRASIL 2.535.459 25,2 16,0 37,1 21,6 Fonte: Censo Agropecuário 1995/96 – IBGE Elaboração: Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO Os investimentos dos estabelecimentos familiares do Nordeste concentraram-se em novas plantas e animais, com praticamente 57% do total realizado na região. Para compra de terra foram destinados apenas 8,5% dos investimentos. Os agricultores familiares da região Sul concentraram seus investimentos em máquinas e benfeitorias, com 30,2% dos investimentos realizados, sendo também os que mais investiram na compra de terras, representando 18,7% dos investimentos. Os agricultores patronais também concentraram seus investimentos em novas plantas e animais, representando 46,8% do total, seguido de máquinas e benfeitorias (25,8%) e compra de terras (12,5%). Conforme gráfico a seguir, do total de recursos investidos na compra de terras na safra 1995/96, os agricultores patronais da região Sudeste foram os que mais investiram, com 22% do total de recursos aplicados. 1 Os agricultores familiares da região Sul ficaram em segundo, gastando 20,2% do total de recursos investidos em compra de terras no Brasil. Em terceiro ficaram os agricultores patronais da região Sul, com 16,7% do total de recursos investidos em compra de terras. Os agricultores familiares da região Norte e Nordeste foram os que menos investiram na compra de terras, representando apenas 1,5% e 2,9% de todos os recursos aplicados no Brasil com esta finalidade. 2.10 Participação da Agricultura Familiar no VBP Agropecuário Com apenas 30,5% da área e contando somente com 25% do financiamento total, os estabelecimentos familiares são responsáveis por 37,9% de toda a produção nacional. Dado o grande número de estabelecimentos familiares, muitos dos quais com área muito pequena, destinada principalmente para moradia e plantio para subsistência, este percentual é elevado, principalmente quando considerado que a pecuária de corte e a cana-de-açúcar, produtos tipicamente patronais e de alto valor agregado, têm um importante peso no VBP da Agropecuária Nacional. O percentual do VBP produzido pela agricultura familiar, quando consideradas algumas atividades, demonstra a sua importância em produtos destinados ao mercado interno e também entre os principais produtos que compõem a pauta de exportação agrícola brasileira. Os agricultores familiares produzem (Tabela 14a e 14b) 24% do VBP total da pecuária de corte, 52% da pecuária de leite, 58% dos suínos e 40% das aves e ovos produzidos. Em relação a algumas culturas temporárias e permanentes, a agricultura familiar produz 33% do algodão, 31% do arroz, 72% da cebola, 67% do feijão, 97% do fumo, 84% da mandioca, 49% do milho, 32% da soja e 46% do trigo, 58% da banana, 27% da laranja e 47% da uva, 25% do café e 10% do VBP da cana- de-açúcar. 2 Gráfico 8: Partic. das categorias e regiões no total dos investimentos em compra de terras 2,9 9,1 20,2 13,6 4,3 22,0 1,5 5,3 16,7 4,5 NE CO N SE S Em % Familiar Patronal Entre as cinco regiões, os agricultores familiares da região Sul são os que mais se destacam pela sua participação no VBP regional, sendo responsáveis por 35% da pecuária de corte, 80% da pecuária de leite, 69% dos suínos, 61% das aves, 83% da banana, 43% do café, 81% da uva, 59% do algodão, 92% da cebola, 80% do feijão, 98% do fumo, 89% da mandioca, 65% do milho, 51% da soja e 49% do trigo produzido na região. Tabela 14 a: Agric. Familiar – Perc. do VBP produzido em relação ao VBP total do produto REGIÃO % Áreas/ total Produção Animal, Fruticultura e Cultura Permanente Pec. corte Pec. leite Suínos Aves/ovos Banana Café Laranja Uva Nordeste 43,5 42,6 53,3 64,1 26,2 56,0 22,6 64,2 2,9 Centro- Oeste 12,6 11,1 50,8 31,1 29,4 55,9 62,8 29,8 62,9 Norte 37,5 26,6 67,0 73,8 40,3 77,4 93,8 66,5 51,9 Sudeste 29,2 22,5 37,5 21,0 17,8 43,4 22,8 16,6 37,4 Sul 43,8 35,0 79,6 68,6 61,0 82,8 42,8 77,8 81,3 BRASIL 30,5 23,6 52,1 58,5 39,9 57,6 25,5 27,0 47,0 Fonte: Censo Agropecuário 1995/96 – IBGE Elaboração: Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO 3 Gráfico 9: Brasil - Perc. do VBP de produtos selecionados produzido nos estab. familiares 25 31 67 97 84 49 32 24 52 58 40 Ca fé Ar ro z Fe ijã o Fu mo Ma nd ioc a Mi lho So ja Pe c. co rte Pe c. lei te Su íno s Av es /ov os Em % d o VB P Tabela 14b: Agric. Familiar – Perc. do VBP produzido em relação ao VBP total do produto REGIÃO % Áreas/ total Culturas Temporárias Algodão Arroz Cana Cebola Feijão Fumo Mand. Milho Soja Nordeste 43,5 56,3 70,3 7,5 57,0 79,2 84,5 82,4 65,5 2,7 Centro- Oeste 12,62 8,9 23,4 2,7 2,2 21,8 84,3 55,6 16,6 8,4 Norte 37,5 83,6 52,6 43,8 31,1 89,4 86,5 86,6 73,3 3,5 Sudeste 29,3 23,5 51,3 8,6 43,9 38,3 74,2 69,8 32,8 20,3 Sul 43,8 58,8 21,3 27,2 92,1 80,3 97,6 88,9 65,0 50,8 BRASIL 30,5 33,2 30,9 9,6 72,4 67,2 97,2 83,9 48,6 31,6 Fonte: Censo Agropecuário 1995/96 – IBGE Elaboração: Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO Alguns desses produtos estão concentrados em determinadas regiões, sendo muito pouco produzidos nas demais regiões, como é o caso da uva, cebola, café, algodão, fumo e soja. Como a produção desses produtos é muito pequena nestas regiões, qualquer produção, por menor que seja, aparece com destaque tanto para a agricultura patronal como familiar. 2.11 Atividades Agropecuárias mais comuns entre os Agricultores Familiares Entre os agricultores familiares, a atividade mais comum, independentemente da quantidade produzida em cada estabelecimento, é a criação de aves e a produção de ovos, presente em
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