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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

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Administração Financeira 
 
1. OBJETIVO E AMBIENTE DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 
 
1.1 Papel de finanças e do administrador financeiro 
 
O Fluxo de fundos, em uma empresa industrial, envolve operações típicas de 
uma empresa industrial, mas, de maneira idêntica, outros empreendimentos, 
no âmbito comercial ou de prestação de serviços, também apresentam uma 
dinâmica semelhante ao de uma empresa industrial, no que se refere às 
entradas e saídas de recursos financeiros, que é o que visa demonstrar este 
fluxo. 
 
Analisemos este fluxo, passo a passo. A constituição do empreendimento irá 
requerer um aporte de capital ou a tomada de empréstimos e financiamentos. 
Esses recursos constituirão as disponibilidades financeiras do empreendimento, 
utilizadas para saldar os compromissos com os fornecedores tanto de 
matérias-primas, materiais auxiliares e outros insumos utilizados no processo 
produtivo, como de equipamentos, instrumentos, utensílios, edificações e 
outros ativos permanentes indispensáveis à operacionalização do negócio. E 
também para saldar compromissos financeiros com os prestadores de serviço, 
aí incluída a mão-de-obra direta – relacionada aos que se dedicam diretamente 
à operação do empreendimento, como os operadores de máquinas industriais 
– e execução de serviços especializados por terceiros – manutenção industrial, 
por exemplo. Com base nestes fatores de produção – máquinas industriais, 
matérias-primas, mão-de-obra direta, tecnologia de produto e de processo e, 
sobretudo, capacidade empresarial para aglutinar todos estes fatores – surgem 
os produtos que serão, finalmente, adquiridos pelos indivíduos para suprir 
determinadas necessidades. 
 
Durante o processo de produção e comercialização ocorrem despesas 
operacionais – aquelas decorrentes do suprimento de energia elétrica, 
pagamento de aluguel, mão-de-obra indireta e outras –, despesas financeiras 
– decorrentes de antecipações de valores a receber mediante desconto de 
duplicatas, por exemplo, ou decorrentes de empréstimos e financiamentos – e 
receitas financeiras – resultado da aplicação de recursos financeiros disponíveis 
no mercado de capitais, por exemplo. Essas despesas operacionais e despesas 
financeiras serão cobertas pelo lucro advindo das operações – resultado da 
diferença entre a receita proveniente das vendas e custos relacionados 
diretamente com a obtenção do produto ou mercadoria vendida ou prestação 
do serviço ao cliente. Essas vendas, quando realizadas à vista, irão ampliar 
imediatamente as disponibilidades da organização. Se realizadas a prazo, 
constituirão um bem ou direito a ser posteriormente recebido, como, por 
exemplo, as duplicatas a receber. Por último, mas não menos importante, 
existirão, ainda, os impostos incidentes sobre o lucro da atividade, o 
pagamento de dividendos aos acionistas ou cotistas do empreendimento e o 
que sobrar será incluído em contas de reservas e lucros retidos do 
empreendimento. 
 
Qualquer que seja o tipo de empreendimento é fato que as atividades 
empresariais requerem recursos financeiros para a sua operação. E desta 
operação resultam recursos financeiros que constituirão os lucros do negócio. 
 
As atividades empresariais envolvem funções relacionadas entre si, tais como 
produção, vendas, administração, contabilidade, finanças e outras. A gestão 
dos recursos financeiros movimentados por todas as áreas da empresa é parte 
essencial da função financeira. Por um lado, a função financeira responde pela 
obtenção dos recursos necessários ao desenvolvimento das atividades da 
organização. Por outro lado, deve participar ativamente da formulação de uma 
estratégia e sua implementação e controle no que se referir à otimização do 
uso desses fundos. 
 
Tarefas básicas da função financeira 
 
Ainda com base no fluxo de fundos de uma empresa industrial, as “válvulas” 
que estão dispostas entre um e outro “reservatório” de fontes e de usos dos 
recursos financeiros são, de fato, as oportunidades de atuação do gestor 
financeiro. A ele compete, diretamente, regular o fluxo de entrada e saída de 
recursos que, ao final, serão canalizados para o patrimônio líquido da empresa, 
sob a forma de capital, reservas e lucros retidos. E é do conhecimento das 
peculiaridades de cada uma destas fontes e destas possibilidades de utilização 
dos recursos financeiros que surge a indispensável qualificação do gestor 
financeiro. 
 
Na busca de soluções que visem a um adequado levantamento de recursos, o 
profissional da área de finanças deve explorar todas as fontes de recursos que 
são colocados à disposição de uma empresa. Estas fontes e usos estão 
relacionados diretamente com o próprio empreendimento, e, também, com o 
mercado financeiro e mercado de fatores de produção e de bens e serviços 
finais onde a empresa atua. 
 
 Fig. 1 – Âmbito de ação do administrador financeiro 
 
O administrador financeiro age sobre o Ativo Circulante do negócio, 
dimensionando adequadamente os investimentos que serão realizados na sua 
operação, financiando clientes, investindo em estoques – tanto de matérias-
primas e materiais auxiliares, como estoque de produtos acabados – e nas 
demais rubricas que configuram os bens e direitos num horizonte de 360 
contados da data do balanço. Também dimensiona, de forma a mais adequada 
possível, os financiamentos que serão utilizados para os investimentos no ativo 
operacional do empreendimento e que irão consubstanciar o Passivo 
Circulante. Sua atuação no estabelecimento das condições de pagamento das 
compras e uma apropriada administração das rubricas que compõem o Contas 
a Pagar é de fundamental importância para a configuração de um adequado 
ciclo financeiro – resultado da composição dos prazos médios de recebimento 
das vendas, de renovação dos estoques e de pagamento das compras – do 
negócio, coerentemente com as reais possibilidades que o mercado e o próprio 
negócio oferecem. 
 
Ainda com relação às principais rubricas do balanço patrimonial constantes da 
Fig. 1, o administrador financeiro também atua sobre a composição do Ativo 
Permanente do negócio, interagindo com as demais funções para o 
estabelecimento das melhores condições possíveis à alocação dos recursos de 
terceiros resultantes de empréstimos e financiamentos, além dos recursos 
próprios, contrapartida da aquisição dos indispensáveis bens que configuram o 
imobilizado do empreendimento. E também, na evolução que se verifica na 
atividade, pelos investimentos que darão origem à ampliação do próprio 
negócio, explorando as oportunidades que se oferecerem para tal. 
 
Saindo do âmbito interno da empresa, o administrador financeiro coloca um 
olho atento nas condições oferecidas pelo mercado quanto ao risco e retorno 
das diversas possibilidades de aplicação financeira de recursos disponíveis. 
Nesta condição, municia-se adequadamente de informações sobre todos os 
fatores de ordem econômica que possam interferir direta ou indiretamente na 
condução das atividades, quer sejam elas derivadas do mercado de atuação 
como de forças econômicas, sociais, legais e tecnológicas provenientes do 
macroambiente de atuação da organização. No caso de empresas de capital 
aberto, sua atuação se concentra, por vezes, em atividades que possam 
interferir diretamente na avaliação do valor da ação do empreendimento no 
mercado, zelando por uma valorização crescente do valor de mercado, 
coerentemente com o valor patrimonial e com as possibilidades de retorno do 
investimento a níveis compatíveis com a taxa de atratividade do mercado 
específico de atuação. 
 
Tem-se, portanto, em uma síntese, que o papel do administrador financeiro é 
exercido tanto sobre os recursos próprios – aqueles que configuram o 
patrimônio líquido do negócio, como capital integralizado, reservas e lucros 
retidos – como recursos de terceiros – aqueles que compreendem as contas do 
passivocirculante e do exigível de longo prazo. São recursos permanentes 
quando provenientes de recursos próprios ou de dívidas de longo prazo e 
constituem recursos temporários quando se referirem a compromissos e 
dívidas a curto prazo. Podem, ainda, ser recursos onerosos – que implicam 
pagamento de despesas financeiras daí decorrentes – ou recursos não - 
onerosos – quando não constituírem recursos que irão exigir o pagamento de 
algum tipo de ônus financeiro para a sua obtenção. 
 
Do lado da alocação de recursos, ou seja, destinação e uso dos recursos 
financeiros obtidos, quaisquer que sejam as fontes de recursos, cabe ao 
administrador financeiro uma análise visando compatibilizar prazos e custos 
dessa tomada de recursos com a potencial geração dos lucros do negócio, que 
irão suportar tais custos em volume e em determinado momento. Assim 
sendo, o financiamento de um torno mecânico, por exemplo, deverá considerar 
as reais possibilidades de geração de receita com o produto advindo da 
operação deste item que irá compor o ativo imobilizado do empreendimento, 
na época e no volume de lucro compatível com os desembolsos financeiros por 
conta de um financiamento daí originado para a aquisição do bem. Mas a 
atuação do administrador financeiro não se faz unicamente pela obtenção e 
alocação de recursos financeiros destinados à aquisição de bens que irão 
compor o ativo permanente da empresa. Também se observa uma acentuada 
atuação do administrador financeiro no desenvolvimento das operações da 
organização. Neste conteúdo operacional da função financeira, os recursos 
podem ser alocados tanto em ativos fixos como em ativos circulantes, ou seja, 
nas disponibilidades, composição da carteira de contas a receber de clientes e 
administração dos estoques de matérias-primas, materiais auxiliares e 
produtos acabados. Por vezes, a atuação do administrador financeiro é de 
fundamental importância para a constituição de outros ativos, tais como 
participação societária em outras empresas e determinadas aplicações 
financeiras. 
 
No processo de administração das fontes de recursos e sua destinação 
despontam dois aspectos de extrema importância para o sucesso da 
administração financeira: a relação entre liquidez e rentabilidade. A liquidez, 
traduzida pela capacidade da organização em liquidar seus compromissos 
financeiros de curto prazo, tem a ver com o correto dimensionamento dos 
prazos médios a que nos referimos anteriormente. Entre a aquisição da 
matéria-prima e dos componentes necessários à fabricação do produto que 
será vendido existem custos e despesas que deverão ser suportados pela 
empresa. A definição dos prazos de pagamento desses materiais será 
importante para a “saúde” financeira do empreendimento: se os prazos de 
pagamento não forem compatíveis com o prazo de recebimento das vendas, 
poderá ocorrer um descompasso entre a entrada e a saída de recursos. Sabe-
se que tais prazos médios de pagamento e de recebimento das vendas nem 
sempre são ditados pela própria empresa. Na maioria das vezes, estas 
condições são estabelecidas “no mercado”, quando todos os principais agentes 
econômicos envolvidos ficam dispersos em torno de uma média de dias, sob 
dependência do custo financeiro nas operações de refinanciamento existentes 
neste mercado: a custo maior corresponde prazo menor e vice-versa . Por isso, 
compete ao gestor financeiro a conciliação dos interesses envolvidos na área 
de produção e de vendas, por exemplo, funções onde se processam os 
paradoxos a que nos referimos: para a área de produção, interessa dispor de 
um elevado estoque de matéria-prima, componentes e partes e peças 
indispensáveis à elaboração do produto final. Desta maneira, ele poderá 
cumprir, com a máxima segurança, o cronograma de produção que lhe for 
destinado satisfazer. Isto requer uma disponibilidade de área – com todos os 
custos e despesas aí envolvidos, tais como aluguel ou amortização de 
investimento ou empréstimo para a aquisição do imóvel, despesas com a 
administração do estoque, com zeladoria, com vigilância e segurança etc. – e 
de capital de giro que, muitas vezes, não são facilmente suportados pela 
geração da receita e dos lucros. Por seu turno, a área de vendas certamente se 
sentiria mais capacitada a cumprir suas metas, se lhe fossem disponibilizados 
produtos para pronta entrega a preços inferiores aos praticados pelo mercado 
e com condições de pagamento a perder de vista. 
 
A compatibilidade entre as saídas e as entradas de recursos financeiros para a 
operação do empreendimento é decorrência do volume de recursos que são 
alocados no ativo circulante operacional (ACO) – duplicatas a receber, 
estoques e certos ajustes no ativo circulante – e no passivo circulante 
operacional (PCO) – fornecedores, contas a pagar e também certos ajustes no 
passivo circulante relacionados com a operação do empreendimento. A 
diferença entre ACO e PCO constitui a necessidade de capital de giro (NCG) do 
negócio. Sabidamente, quanto menor for o capital de giro do empreendimento, 
mais recursos poderão ser utilizados em outras áreas do empreendimento. A 
maioria das empresas apresenta um ACO maior do que o PCO. Neste caso, 
compete ao gestor financeiro a obtenção de recursos para financiamento 
destes ativos em condições adequadas ao negócio. Se, no entanto, o ACO for 
menor do que o PCO, sobram recursos na empresa, que deverão ser aplicados 
às melhores taxas do mercado financeiro ou mesmo utilizados para a expansão 
da planta, ou seja, investimento em ativos fixos. 
 
No tocante ao segundo aspecto desta análise sobre a eficácia da 
administração, devemos considerar a rentabilidade como um “grau de êxito 
econômico obtido pela empresa em relação ao capital nela investido” (Braga, 
1989 p. 30). A relação entre o lucro operacional e o ativo operacional a que 
nos referimos anteriormente já indicará uma medida da eficiência na gestão 
dos recursos próprios e de terceiros, independentemente dos custos 
financeiros e de outros fatores. Por sua vez, uma relação entre o lucro líquido 
do negócio em determinado período de tempo, associado ao volume de capital 
próprio médio no período será um importante indicador, para o acionista, da 
rentabilidade do capital investido que, cotejado com outras taxas de 
atratividade no mercado financeiro, indicará se o investimento realizado no 
empreendimento está proporcionando uma rentabilidade adequada, em termos 
de custo de oportunidade do investimento. Ainda nesta ligeira digressão sobre 
a rentabilidade, a relação entre o lucro antes das despesas financeiras e o 
volume total de ativos do empreendimento proporciona uma outra medida da 
eficiência da empresa. Este retorno sobre o ativo, como também é conhecido, 
comparado com o custo da dívida – relação entre a despesa financeira e o 
volume de empréstimos bancários existentes na organização – poderá indicar 
se houve uma adequada alavancagem financeira do negócio, ou seja, se terá 
ou não valido a pena o endividamento bancário. 
 
Como se observa, portanto, o equilíbrio entre uma adequada liquidez corrente 
– o volume de bens e direitos de curto prazo, comparados com as obrigações 
de curto prazo – e rentabilidade do empreendimento são uma permanente 
preocupação do administrador financeiro e um constante desafio que se 
interpõe na consecução dos seus objetivos. 
 
 
1.2 Objetivos do administrador financeiro 
 
Com os rudimentos de informação reunidos até aqui, já pudemos observar que 
as funções do administrador financeiro de uma organização estão reunidas em 
algumas atividades básicas, quais sejam: 
 
 Análise e planejamento de todas as informações de cunho financeiro que 
possam se relacionar, direta ou indiretamente, com as operações da 
organização e mesmo com a expansão do negócio frente às 
oportunidades e mesmo com as ameaças derivadas ao ambiente 
externo, isto é, do macroambientee, sobretudo, do ambiente setorial, 
no processo de administração estratégica do empreendimento, conforme 
sintetizado na Fig. 1.4 – Administração Estratégica, com destaque para 
a necessidade de análise dos recursos de que dispõe a organização; 
 
 Administração da estrutura dos ativos da empresa e de que forma tais 
ativos implicam obtenção de recursos financeiros para a sua aquisição e 
operacionalização, coerentemente com as possibilidades de geração de 
caixa destes ativos; 
 
 Administração da estrutura financeira da empresa, aí entendidos os 
aspectos relacionados com a composição mais adequada de 
financiamento a curto, médio e longo prazos, dadas as suas implicações 
com a liquidez e rentabilidade do negócio, e também na própria 
determinação das melhores fontes de financiamento a curto, médio e 
longo prazos para suprimento das necessidades de capital de giro e 
recursos financeiros destinados à composição do ativo fixo da empresa. 
 
 
Administração Estratégica 
 
Estas funções são desempenhadas com um primordial objetivo: a maximização 
do patrimônio líquido da organização. 
 
Isto significa a ampliação da riqueza dos proprietários do empreendimento. 
Este é o fundamento de todos aqueles que investem seu capital em um 
empreendimento considerado de risco. Risco porque envolve a possibilidade de 
perda total ou parcial desses recursos. Assim, o risco é inerente a todos os 
empreendimentos e aplicações, podendo ser eficientemente avaliado, 
calculado, suportado ou mesmo eliminado, com base nas condições do 
macroambiente e ambiente setorial e, sobretudo, nas competências e 
habilidades desenvolvidas e aplicadas pelos gestores do empreendimento no 
planejamento, operacionalização, controle e condução do negócio. Neste 
sentido, é preciso considerar, neste estágio de nossa digressão, o que significa 
a maximização do patrimônio líquido do negócio ou a ampliação da riqueza dos 
seus donos. Em outras palavras, quanto vale o negócio? Existem várias formas 
para a medição do valor de um empreendimento. Vão desde o valor dos ativos, 
o valor da marca, o valor do patrimônio líquido e outros ativos tangíveis (ativo 
permanente) e intangíveis (marcas e patentes, licenças de produção etc.). Mas 
o que melhor reflete o valor de um empreendimento é a capacidade de 
geração de caixa deste empreendimento. Ou seja, a capacidade de gerar 
lucros, mediante o uso de seus ativos, o emprego de determinada tecnologia, 
sua competência gerencial e o seu próprio conceito junto a fornecedores, 
clientes e credores em geral. É sobre tais aspectos que deve se concentrar a 
atuação dos gestores do empreendimento, porque daí deriva o valor do 
negócio. 
 
Maximização da riqueza dos acionistas não significa necessariamente 
maximização dos lucros. Enquanto este aspecto resulta de ações imediatas, 
por vezes inconstantes e esporádicas e de curto efeito no tempo, a 
maximização do valor das ações ou cotas dos acionistas ou proprietários é 
fruto de uma perspectiva de longo prazo, com investimentos que visem, além 
de outros aspectos, à perpetuidade do empreendimento. Também é preciso 
atentar para o valor do dinheiro no tempo, que implica uma análise de valor 
presente líquido dos retornos anuais esperados para o negócio, descontados a 
uma determinada taxa de atratividade para os investimentos que serão 
cotejados com outras aplicações financeiras. Em se tratando de uma empresa 
que possui ações no mercado de capitais, a valorização destas ações também é 
de extrema importância para a fundamentação da maximização da riqueza do 
acionista, bem como os dividendos proporcionados por esta fração do capital. 
Neste particular aspecto, a periodicidade dos recebimentos de dividendos pode 
ser um interessante apelo para a atração de investidores. Dentre eles, aqueles 
que preferem receber dividendos de uma forma regular, independentemente 
das flutuações dos lucros. Desta forma, a empresa estará minimizando os 
efeitos negativos que possam afetar as cotações das ações. Além disso, há que 
se considerar a relação entre risco e retorno do investimento. Sabidamente, 
quanto maior o risco, maior a exigência de retorno do investimento por 
aqueles que irão disponibilizar os recursos. 
 
 
 
 
 
 
A interação da Administração Financeira com outras áreas do 
conhecimento 
 
Feita esta distinção, vejamos de que maneira a função da administração 
financeira se relaciona com outras áreas do conhecimento. Esta relação se dá 
principalmente no âmbito da Economia e da Contabilidade. 
 
A administração financeira se vale dos conceitos compreendidos tanto na 
macroeconomia quanto na microeconomia. São dois ramos teóricos da mesma 
ciência. A microeconomia estuda o comportamento dos consumidores e, por 
outro lado, certos aspectos relacionados ao funcionamento das empresas, no 
tocante a custos e produção de bens e serviços e, também, a receita e fatores 
produtivos. As teorias microeconômicas fornecem a base para a operação efi 
ciente da empresa, sobre a qual se assentam os estudos e conceitos da 
administração em suas várias funções empresariais. Os conceitos envolvidos 
nas relações de oferta e demanda e as estratégias de maximização do lucro 
são extraídas da teoria microeconômica. Questões relativas à composição de 
fatores produtivos, níveis ‘ótimos’ de vendas e estratégias de determinação de 
preço do produto são todas afetadas por teorias no nível microeconômico e, 
por isto, constituem um campo especial de atuação do administrador 
financeiro. A macroeconomia compreende o estudo dos agregados - a 
produção ou renda nacional, o consumo, o emprego, a moeda, o nível de 
preços, o comércio internacional. Estes são, pois, aspectos amplos e globais da 
realidade econômica, abordados de forma “macroscópica”. Esta mudança de 
enfoque – do micro para o macro – requer boa dose de abstração. Antes, no 
enfoque “microscópico”, podíamos observar de perto nossa participação na 
realidade econômica do país, ganhando e gastando, e economizando sempre 
que possível. Agora, ao tratarmos dos agregados, abordando aspectos como o 
custo de vida em contínua, imperceptível – até certo ponto – e persistente 
ascensão, o nível de emprego em volume inferior às necessidades, sentir-nos-
emos alheios à própria evolução dos fatos, porque, aparentemente, as coisas 
fogem completamente do nosso controle pessoal. Vê-se, portanto, que a 
dúvida se deslocará de uma visão individualizada para uma visão da economia 
como um todo, na mudança de uma abordagem microeconômica para uma 
abordagem macroeconômica. Ambos os ramos teóricos são importantes para o 
administrador financeiro, dadas as implicações sobre sua atividade e seus 
objetivos em geral. 
 
Em relação à Contabilidade, a administração financeira dela se utiliza para uma 
visão acurada da posição financeira da organização. O contador, utilizando 
certos princípios padronizados e geralmente aceitos, prepara as demonstrações 
financeiras com base na premissa de que as receitas devem ser reconhecidas 
por ocasião das vendas. Por sua vez, as despesas devem ser reconhecidas 
quando incorridas, isto é, na sua geração. Este método é geralmente chamado 
de regime de competência dos exercícios contábeis. Por este método, o valor 
da venda comprovado por uma nota fiscal de venda emitida hoje, que será 
recebido no mês seguinte, deve ser registrado já neste mês. Por seu turno, 
uma despesa comprovada por uma determinada nota fiscal de fornecimento ou 
prestação de serviço com data de hoje deve ser assumida hoje, 
independentemente de ter seu pagamento realizado, por exemplo, daqui a um 
mês. Mas, para o administrador financeiro, sua tarefa consiste em proporcionar 
os fluxos de caixa necessários para atingir as metas da empresa. Sua 
preocupação se relaciona à solvência da empresa, ou seja, à capacidade da 
empresa de gerar receita e efetuar pagamentos por contade custos e 
despesas, investimentos e outros que tais. Assim sendo, ao invés de 
reconhecer receitas no ponto de vendas e despesas, quando incorridas, 
reconhece receitas e despesas somente com respeito a entradas e saídas de 
caixa. 
 
Observa-se, portanto, que a partir dos registros contábeis são elaboradas as 
demonstrações financeiras, que irão proporcionar ao administrador financeiro 
uma avaliação, o desenvolvimento de dados adicionais e posteriores decisões 
com base em análises subseqüentes, com vistas ao equilíbrio entre as entradas 
e saídas de recursos e, sobretudo, com vistas à maximização do valor do 
empreendimento, conforme já visto. 
 
 
1.3 O ambiente operacional do administrador financeiro e da própria 
empresa 
 
Qualquer que seja o tipo de empreendimento – empresa industrial, comercial, 
prestadora de serviços ou financeira – a origem do capital – empresa privada 
ou empresa pública – bem como seu tamanho – grande ou pequena – ou sua 
finalidade – com ou sem fins lucrativos – haverá um lugar para um gestor dos 
seus ativos financeiros. São profissionais que se dedicam a uma série de 
tarefas financeiras da empresa, voltadas para o planejamento financeiro, fluxo 
de caixa, gestão e concessão de crédito a clientes, avaliação de projetos de 
investimento, captação de recursos para financiamento das atividades da 
empresa e alocação adequada desses recursos em operações geradoras de 
caixa. Dada a complexidade no ambiente econômico de operação das 
organizações e sua dinâmica, temos visto aumentar a importância e a 
complexidade das tarefas do administrador financeiro e, como conseqüência, 
estes profissionais têm assumido posições cada vez mais privilegiadas no 
organograma das empresas. 
 
 
 
2. DECISÕES DE FINANCIAMENTO A CURTO PRAZO 
 
Nossa experiência, após centenas de demonstrações financeiras examinadas, 
sinaliza que as empresas entram num cenário de dificuldades financeiras 
basicamente por duas conseqüências: má-formação do capital social inicial ou 
busca de empréstimos bancários para sanar esta má-formação, redundando 
em excesso de despesas financeiras e baixa lucratividade. 
 
Vamos apresentar dois exemplos típicos com valores hipotéticos: 
 
a) Má-formação do capital social inicial 
 
 
 
Neste caso, os acionistas ou sócios dimensionaram sua participação em 
$ 3.000 no capital social. Este cálculo demonstrou ser, a princípio, 
provavelmente insuficiente, uma vez que dos $ 3.000 um percentual de 
66,6% ou $ 2.000 foram aplicados na aquisição de imobilizado, sendo 
certo que esta participação é altíssima e poderá levar a empresa a uma 
busca de empréstimos bancários, se os restantes $ 1.000 não forem 
suficientes para o giro da empresa. 
 
O erro de má-formação inicial da empresa, em termos financeiros, 
poderá ser constatado ao calcularmos a necessidade de capital de giro. 
Se este cálculo indicar o valor, como exemplo, de $ 800 – isso significa 
que a empresa deverá tomar um empréstimo bancário em idêntico 
valor. Se não for assim, não terá como financiar o giro dos estoques e 
das vendas a prazo. 
 
b) Busca de empréstimos bancários 
 
Tomando-se o mesmo exemplo, e em continuidade, a empresa toma os 
$ 800 como empréstimo bancário para satisfazer seu giro e daí resultará 
o seguinte balanço patrimonial: 
 
 
 
Com esta alternativa, a empresa inicia um ciclo de decisões que poderá 
ser correto e adequado, ou, então, vicioso, chegando até a provocar o 
encerramento de suas atividades. Isto porque os acionistas cobrarão um 
retorno sobre o capital social de $ 3.000 e os bancos financiadores 
cobrarão despesas financeiras sobre o valor de $ 800. 
 
Assim, os gestores da empresa terão duas obrigações, 
simultaneamente: por um lado, atender aos acionistas e, por outro, 
atender aos bancos. Se os concorrentes não têm esta obrigação, 
certamente trabalharão com preços menores porque não terão as 
mesmas despesas financeiras, e, com isso, suas vendas serão mais 
estáveis e muito provavelmente com menores sacrifícios de preço e, 
portanto, melhores margens. 
 
Essas decisões são as que norteiam este capítulo, cujo objetivo principal será o 
de trazer exemplos de controles que as facilitem, e que permitam evitar as já 
conhecidas “cirandas financeiras”, que têm levado à bancarrota milhares de 
bons empreendimentos. 
 
 
2.1 Planejamento de caixa 
 
Planejar o caixa consiste em estabelecer, com antecedência, as decisões 
financeiras que serão tomadas em circunstâncias e condições previamente 
estabelecidas, com a propriedade de previsão dos recursos que serão utilizados 
para que os objetivos traçados possam ser atingidos. 
 
Quando se fala de “caixa”, a abrangência é para todo o disponível, ou seja, 
para todo recurso em dinheiro que circula pelo ativo das empresas. Na 
realidade, o ativo circulante é um “grande caixa” que, partindo do dinheiro 
propriamente dito, se “desmancha” por utilização em outras contas que 
compõem o ativo como um todo, desde o circulante (estoques, duplicatas a 
receber) ao ativo fixo (imobilizações), retornando a ser “caixa” e assim 
sucessivamente. 
 
É notória a percepção e o objetivo dos empreendedores em geral em manter o 
maior volume de recursos no caixa, no saldo bancário, mas isso nem sempre é 
possível pela própria circulação e giro que a empresa tem, e que o gestor não 
consegue manipular de acordo com sua conveniência. Afinal, a empresa tem 
sua dinâmica e o caixa é, em particular, o representante desse dinamismo e 
dessa circulação diária de recursos. 
 
Um planejamento de caixa comporta três tipos específicos: 
 
a) o planejamento estratégico de caixa, que é de longo prazo, 
antecipado aos fatores externos e internos à empresa, sinalizando quase 
sempre decisões complexas e que envolvem grande volume de recursos; 
 
b) o planejamento tático de caixa, que tem um alcance mais curto em 
termos de prazo, envolvendo o resultado particular de alguma área, 
como a de marketing, por exemplo; 
 
c) o planejamento operacional de caixa, que tem a finalidade de 
maximizar os recursos aplicados em operações de determinado período, 
geralmente de curto e médio prazos. 
 
Qual, então, a essência de um planejamento de caixa? Trata-se, a nosso ver, 
de uma ação estratégica, razão de ser de um sistema orçamentário. Todos os 
orçamentos são elaborados – orçamento de pessoal, orçamento de despesas, 
orçamento de investimentos, orçamento de vendas e custos – e culminam no 
orçamento do caixa, que dá o tratamento final às possibilidades financeiras 
objetivadas nestes orçamentos. 
 
Não é propósito, neste trabalho, estabelecermos um modelo de planejamento 
de caixa, à margem dos demais orçamentos, porque se trata de mérito de 
outra disciplina no âmbito da formação do Administrador, que, aliás, assume 
importância capital no desenvolvimento de qualquer empreendimento, 
notadamente em regime de inflação rastejante. Procuraremos, nesta obra, 
tratar dos cenários existentes e que envolvam situações que possibilitem o 
conhecimento das variáveis que induzem a um planejamento eficiente de caixa 
e que, ao mesmo tempo, contribuam para a superação de algumas das 
dificuldades que, por vezes, tornam o planejamento inadequado enquanto 
elemento vital no processo decisório. 
 
2.2 Política financeira 
 
Política, de modo geral, é um modo de ação que norteia a direção e o sentido 
para um processo de tomada de decisões que podem se repetir 
continuamente, ou que ocorram para atingirmos um objetivo. 
 
Como exemplo de uma política financeira, tem-se o caso de uma empresa que 
adota uma política de preços do tipo “cobrimos qualquer oferta” para crescer 
seu faturamento e, com isso, alcançar um acréscimo de 20% em suas vendas 
anuais. Visando atingir tal objetivo, a empresa autoriza a concessão de 
descontos de até 10% em seus preços de venda, independentemente de 
autorizaçãosuperior, bastando que os clientes apresentem os preços 
anunciados pelos concorrentes. 
 
2.3 Administração do caixa 
 
É o aspecto mais prático e que envolve os saldos bancários de livre 
movimentação e as aplicações financeiras de resgate ou liquidez mais ou 
menos imediatas. 
 
O nível de saldos médios ou reserva de segurança deve ser objetivado pelo 
que denominamos de fluxo diário de caixa. As empresas devem ter uma 
previsão do seu dia-a-dia, dos valores que provavelmente serão depositados 
nos bancos nos diversos dias, e dos valores que, com certeza, deverão ser 
pagos naquelas datas. 
 
Este fluxo diário é que norteia o nível de saldo médio, que, se constituírem 
sobras financeiras, devem ser aplicadas no mercado financeiro, observadas as 
condições de liquidez, segurança, risco e rentabilidade inerentes a qualquer 
aplicação financeira. 
 
É importante destacar que saldo bancário excessivo não significa 
necessariamente a existência de lucro. O lucro pode, sim, transformar-se em 
saldo bancário, bastando que se tenha uma política de remuneração do 
acionista/cotista definida para tal transformação. Mas o lucro também pode 
estar em qualquer conta do ativo – nos estoques ou mesmo no financiamento 
do total de contas a receber, por exemplo – e não necessariamente à 
disposição para que se paguem contas, ou se adquiram bens para circulação 
ou não. 
 
Há vários outros motivos para que se tenha um maior ou, por vezes, um 
menor saldo médio bancário, ou, como também é reconhecido, uma reserva de 
segurança. Entre os mais comuns se situam uma especulação de preços junto 
a fornecedores, aquisição de algum item imobilizado que esteja em promoção 
por tempo limitado nos fornecedores ou em razão direta de alguma condição 
específica da parte dos proprietários de um terreno para investimento em 
ampliação futura, por exemplo. 
 
Um orçamento diário de caixa é uma projeção diária das entradas e saídas 
para um período de tempo imediatamente seguinte ao da data da sua 
elaboração. Vamos exemplificar, com uma situação existente numa indústria 
têxtil. 
 
EXERCÍCIOS 
 
2.4 Capital circulante líquido 
 
O fluxo diário de caixa é uma previsão próxima da realidade, num horizonte de 
tempo de, por exemplo, um mês seguinte. Quanto maior o período de tempo a 
ser previsto, maior será a probabilidade de desvios em relação a esta previsão, 
porque aumenta o grau de incerteza dos lançamentos esperados. As atividades 
de estocagem, produção, vendas e recebimento das vendas têm determinação 
de épocas mais difícil de prever. 
 
Há, normalmente, uma dificuldade nesta previsão diária, e para tal surge o 
capital circulante líquido (CCL) que, por sua natureza, apresenta dados mais 
abrangentes. 
 
Observando-se a figura extraída do balanço patrimonial, podemos observar 
abaixo a faixa de informações que contém o capital circulante líquido. 
 
 
 
A figura demonstra que capital circulante líquido é a diferença entre o ativo 
circulante e o passivo circulante, constituindo-se na diferença positiva ou 
negativa entre estes grandes grupos pelos quais circulam os recursos. Numa 
situação em que haja carência de CCL, esta poderá ser corrigida com 
financiamentos de longo prazo, que entrarão pelo passivo de terceiros ou, 
ainda, por aporte de capital próprio. 
 
Exemplificando: 
 
 
 
Se desejarmos um CCL de $ 300 não devem ser realizados empréstimos 
bancários de curto prazo, sob pena de anulação da operação, porque tanto o 
ativo circulante como o passivo circulante serão ampliados no montante do 
empréstimo contraído, ou seja: 
 
 
 
Desta forma, para termos um CCL maior ou maior folga financeira, precisamos 
optar por outros canais de financiamento, preferivelmente por meio de 
recursos financeiros obtidos a longo prazo, ou, então, mediante aumento do 
capital próprio proveniente de acionistas ou cotistas. 
 
Exemplificando com os mesmos dados, e obtendo-se ao mesmo tempo um 
empréstimo de $ 200 a longo prazo, e um aumento de $ 300 de capital: 
 
 
 
Entende-se, portanto, que o capital circulante líquido seja um estudo que 
atinge apenas dois grupos financeiros do balanço patrimonial: o ativo 
circulante e o passivo circulante. Por isto mesmo, têm uma abrangência de 
curto prazo – um ano após o encerramento do balanço patrimonial, com base 
nos critérios legais de classificação. 
 
Como conclusões a respeito do CCL, podemos relacionar algumas afirmações e 
suas comprovações financeiras logo a seguir: 
 
a) Quanto maior o CCL menor será o risco de termos problemas financeiros 
envolvendo pagamentos atrasados ou descumprimento de obrigações 
nas datas previstas 
 
 
 
b) Se a participação dos estoques no ativo circulante da empresa for muito 
elevada, o CCL poderá não significar folga financeira: 
 
 
 
c) Se a conta de duplicatas a receber apresentar prazos extensos, ou seja, 
com um prazo médio de recebimento das vendas excessivo, o CCL 
poderá não significar folga financeira: 
 
 
 
d) O CCL de valor baixo pode não necessariamente implicar problemas 
como pontualidade no cumprimento das obrigações diárias: 
 
 
 
e) Quando um gestor financeiro aplicar recursos no ativo permanente, ele 
deve ter noção de que poderá provocar diminuição no CCL se estes 
recursos forem suprimidos do ativo circulante. De nada adiantará, 
também, neste caso, se os recursos forem obtidos a curto prazo: 
 
 
 
f) Quando um gestor financeiro aplicar recursos no ativo permanente, o 
ideal é que obtenha estes mesmos recursos através do exigível a longo 
prazo ou através dos acionistas ou sócios: 
 
 
 
g) Um CCL elevado significa sem dúvida um índice de liquidez corrente 
saudável: 
 
 
 
h) O CCL elevado tem limites quanto à sua influência junto à rentabilidade 
da empresa. Ele pode estar concentrado em contas cujo excesso não 
trazem rentabilidade, como estoques excessivos, ou saldos médios 
excessivos nas contas a receber: 
 
 
 
O capital circulante líquido é evidenciado na Demonstração das Origens e 
Aplicações de Recursos, e demonstrado da seguinte forma: 
 
 
 
A conclusão pelo que expõe a DOAR é a de que, logo após a obtenção destes 
dados, a empresa terá $ 65.802 a mais em seu ativo circulante, identificando 
para o CCL uma variação positiva, ou um aumento deste em relação ao 
período anterior. 
 
2.5 Administração do capital de giro 
 
Administrar o capital de giro pode ser sinônimo de administrar o ativo 
circulante, composto das disponibilidades, das contas a receber, dos estoques 
e de outros créditos. 
 
Nesta análise, não importam os vários conceitos de capital de giro, pois todos 
eles convergem para o mesmo ponto: 
 
 é a soma dos recursos que giram (ou circulam); 
 
 são os ativos que devem transformar-se em dinheiro; 
 
 são os recursos que financiam o ciclo operacional e financeiro. 
 
Dentro deste panorama, vamos estudar a administração do capital de giro, 
situando-a nos seus componentes fundamentais: o disponível, o contas a 
receber e os estoques. 
 
2.6 Administração do disponível 
 
Administrar o disponível - ou o caixa - é cuidar cotidianamente dos ativos cuja 
característica seja a sua transformação em dinheiro ou liquidez imediata, de 
forma natural e sem interferências de terceiros. 
 
Tradicionalmente a contabilidade os classifica em: 
 
 valores em moeda corrente 
 
 saldos bancários 
 
 aplicações de liquidez imediata 
 
 aplicações de liquidez a curto prazo 
 
 aplicações em moeda estrangeira 
 
O trabalho do gestor da tesouraria, ou administrador do caixa, é cuidar 
diariamente para que a liquidez da empresa se mantenha nos níveis 
planejados, com observação da pontualidade e obediência aos vencimentos e 
contratos com seus fornecedores, governo etc. 
 
Basicamente, suas preocupações são com as entradase saídas previstas de 
caixa. Se a empresa tem filiais, ou várias unidades que podem interferir nesse 
processo, essa característica poderá ampliar seus controles e preocupações. 
 
A manutenção adequada e dentro das expectativas nas entradas e saídas de 
recursos previstas são o principal escopo diário. 
 
Como entradas típicas ou comuns, podemos relacionar: 
 
a) vendas à vista 
 
b) recebimento de vendas a prazo (duplicatas a receber) 
 
c) recebimento de outras contas a receber 
 
d) crédito de empréstimo bancário 
 
e) crédito de receitas financeiras 
 
f) recebimento de empréstimos de terceiros 
 
g) aumento do capital social 
 
Como saídas típicas ou comuns, podemos relacionar: 
 
a) pagamento de despesas diárias 
 
b) pagamento de fornecedores 
 
c) pagamento de empréstimos bancários 
 
d) aquisição de ativos permanentes 
 
e) pagamento de despesas financeiras 
 
f) empréstimos a terceiros 
 
g) pagamento de dividendos ou distribuição de lucros 
 
Uma dificuldade bastante significativa é a manutenção de um saldo mínimo de 
caixa. Estudos feitos por Baumol e Miller-Orr levam-nos a este assunto, até 
com muita propriedade, porém, sua aplicabilidade no Brasil é vedada pela 
impossibilidade, no momento, de os saldos excedentes serem aplicados no 
sistema de open market [mercado aberto, com operações conhecidas por 
overnight, isto é, de um dia]. 
 
De qualquer forma, iremos relacionar os tópicos mais relevantes que 
interferem ou colaboram para o controle desse saldo mínimo de caixa: 
 
 tipo de atividade exercida - uma loja apresenta um caixa mínimo 
substancialmente diferente de uma indústria ou de um prestador de 
serviço; 
 
 histórico anterior – o passado pode razoavelmente indicar qual o valor 
mínimo que devemos manter em determinadas situações, mesmo nas 
ocasiões sazonais; 
 
 reciprocidade bancária – mesmo que não existam empréstimos 
bancários, a reciprocidade (saldos médios diários) é um fator de 
aproximação e exigência para futuros e eventuais empréstimos; 
 
 política de vencimentos – podemos negociar alterações mínimas nas 
datas de nossos fornecedores mais comuns e constantes; 
 
 uso de meios eletrônicos – facilitam as transações, mas nos 
escravizam na obediência aos vencimentos. Entretanto, podemos exigir 
o mesmo procedimento por parte de nossos clientes, pela utilização do 
meio mais rápido de crédito que possamos ter; 
 
 acúmulo de vencimentos – é prática, no Brasil, que a maioria dos 
vencimentos salariais, locatícios, tributários e governamentais venham a 
ocorrer do dia 1 ao dia 10 de cada mês. Se este acúmulo não se 
coaduna com a situação, devemos tentar alterá-lo no que for possível, 
ou antecipar aquele que favoravelmente colabora para quitá-lo. 
 
Para melhor gerenciar o fluxo de caixa, é necessário que ele seja um 
instrumento gerencial para tomada de decisões, tanto para coletar e organizar 
os dados como para gerar subsídios que permitam a análise de desempenho 
financeiro da empresa. Com o manejo do fluxo de caixa, o gestor financeiro 
tem condições de compatibilizar, no tempo, as contas a pagar com as contas a 
receber, e, conseqüentemente, tomar decisões sobre situações importantes, 
como: 
 
 o melhor momento de comprar e pagar 
 
 o melhor momento de vender e receber 
 
 os momentos mais acumulados de contas a pagar 
 
 projeção de sobras, e faltas de caixa 
 
2.7 Administração das duplicatas a receber 
 
Administrar as duplicatas a receber ou, como também é chamado, o contas a 
receber, significa cuidar do crédito e da cobrança nas transações a prazo. 
 
A decisão sobre vendas a prazo passa pelo estabelecimento de uma política de 
concessão do crédito, sem o qual poderemos ter problemas com a cobrança. 
Crédito é o instrumento de política financeira a serviço das entidades, quando 
estas correm o risco de transferir a posse de dinheiro, mercadorias ou 
serviços, mediante a promessa de reembolso futuro. Tem característica de 
reciprocidade, uma vez que, ao ser concedido por alguém, é automaticamente 
recebido por alguém. 
 
Nos regimes capitalistas, pressupõe-se que haja ao concessor uma vantagem 
financeira pelo ato de conceder, e, ao tomador, uma desvantagem financeira 
pelo ato de tomar. Esta vantagem/desvantagem financeira é geralmente 
determinada pelo valor dos juros compreendidos na operação de crédito. 
 
Sob o ângulo estritamente comercial, quando a concessão está ligada à 
transferência de mercadorias ou serviços, admite-se que ao concessor esteja 
ligado o interesse em obter maior lucratividade em suas transações, e, ao 
tomador, resta-lhe a obtenção de capitais de terceiros de que necessita 
também em seu negócio. 
 
O crédito cumpre uma série de funções específicas: 
 
a) movimentar o processo de produção em todas as suas etapas, 
possibilitando maior volume de operações 
 
b) estimular o consumo, tal que a produção crescente possa ser absorvida 
pela sociedade 
 
c) possibilitar aos investidores a aplicação de suas economias no processo 
produtivo, ou no consumo 
 
d) reunir capitais que, sozinhos, não conseguiriam financiar grandes 
projetos sociais, levando a sociedade a um bem-estar econômico e 
adequada distribuição da renda 
 
O crédito divide-se em dois tipos da forma mais ampla: o crédito público e o 
crédito privado. O crédito público trata das relações entre entidades públicas – 
governo federal, estadual e municipal - e as pessoas ou empresas. O crédito 
privado trata das relações entre as pessoas ou entre as empresas. 
 
O crédito privado, nosso foco nesta obra, pode subdividir-se em: crédito 
mercantil e crédito bancário. 
 
O crédito mercantil é a forma mais comum de financiamento a curto prazo, e 
também é conhecida como crédito comercial. Podemos definir crédito mercantil 
como crédito a curto prazo concedido por um fornecedor a um comprador, em 
decorrência da compra de mercadorias, matérias-primas ou serviços para 
posterior revenda ou utilização. O produtor concede o crédito, quando vende 
seus produtos, a prazo, ao atacadista. Concede-o depois, o atacadista, quando 
faz a venda desses mesmos produtos ao varejista. E concede-o, finalmente, o 
varejista, quando por sua vez, vende esses mesmos produtos ao consumidor 
final, a prazo. 
 
 
Bibliografia 
 
BRAGA, Roberto. Fundamentos e Técnicas de Administração Financeira. São 
Paulo: Atlas, 1989. 
 
GITMAN, Lawrence, J. Princípios de Administração Financeira. 3ª. edição, São 
Paulo. Ed. Harper & Row: 1984. 
 
—————————— Princípios de Administração Financeira, 10a. edição. São 
Paulo: Pearson Addison Wesley, 2004. 
 
site http://www.bcb.gov.br/?SFNCOMP, 9.6.2007, 8:20 h, do Banco Central do 
Brasil, sobre os agentes operadores do Sistema Financeiro Nacional. 
 
HOJI, Masakazu. Administração Financeira: uma abordagem prática: 
matemática financeira aplicada, estratégias financeiras, análise, planejamento 
e controle financeiro. 5ª. edição. São Paulo: Atlas, 2004. 
 
LEITE, Helio de Paula – Introdução à Administração Financeira. São Paulo: 
Atlas, 1994. 
 
MARION, José Carlos – Análise das Demonstrações Financeiras. São Paulo: 
Atlas, 2005.

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