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2012 Análise FinAnceirA GerenciAl Prof.ª Edna Ghiorzi Varela Parente Prof.ª Arlete Regina Floriani Prof. Valdecir Knuth Copyright © UNIASSELVI 2012 Elaboração: Prof.ª Edna Ghiorzi Varela Parente Prof.ª Arlete Regina Floriani Prof. Valdecir Knuth Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 658.15 A228a Parente, Edna Ghiorzi Varela Parente Análise financeira gerencial / Edna Ghiorzi Varela Parente; Arlete Regina Floriani e Valdecir Knuth. Indaial : Uniasselvi, 2012. 288 p. : il ISBN 978-85-7830- 582-6 1. Administração financeira. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. III ApresentAção Caro acadêmico! Analisar e interpretar as movimentações financeiras são desafios motivadores para os profissionais da área, pois cabe ao departamento financeiro das organizações uma série de atribuições relacionadas ao controle, monitoramento e gerenciamento dos recursos. Através de metodologias e conceitos que auxiliam a manter um equilíbrio entre os recebimentos e os desembolsos, procuram-se prever as possíveis ameaças ou oportunidades, em busca de auxiliar na tomada de decisões. O conhecimento sobre a funcionalidade do departamento financeiro nas organizações contribuirá para a avaliação das necessidades em se manter um controle sobre as atividades deste departamento, gerenciando o fluxo dos recursos e maximizando a riqueza para os acionistas. Por sua vez, as informações destes controles acabam contribuindo para análise e interpretações, auxiliando no monitoramento. Cabe ao gestor financeiro utilizá-las da melhor forma possível. Para que os estudos da atividade de analisar os recursos financeiros de forma gerencial se torne gratificante, ao longo desta disciplina você estudará o tema através de uma linguagem simples, lógica e abrangente. A cada tópico estudado, haverá um grande avanço em relação à edificação do conhecimento do departamento financeiro como um todo. Dessa forma, apresentamos, na Unidade 1, a função financeira nas organizações e as fontes de recursos. Na Unidade 2, as demonstrações contábeis e as possíveis análises a serem extraídas delas. Por fim, na Unidade 3, apresentamos o orçamento de empresas e suas aplicações. Então, vamos seguir em frente, um ótimo estudo! Prof.a Edna Ghiorzi Varela Parente Prof.a Arlete Regina Floriani Prof. Valdecir Knuth IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À ANÁLISE ..................................................................................1 TÓPICO 1 – FINANCEIRA GERENCIAL A FUNÇÃO FINANCEIRA NAS ORGANIZAÇÕES ..........................................................................................................3 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................3 2 OBJETIVO DA ANÁLISE FINANCEIRA ......................................................................................3 2.1 PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES DO GESTOR FINANCEIRO .....................................................6 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................10 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................12 TÓPICO 2 – FONTES DE RECURSOS EM ATIVO FIXO E CAPITAL DE GIRO ....................15 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................15 2 OS RECURSOS, AS FONTES E OS PRAZOS...............................................................................16 2.1 O QUE É ATIVO FIXO? ................................................................................................................19 2.2 O QUE É CAPITAL DE GIRO? ....................................................................................................21 2.2.1 Cálculo da necessidade de capital de giro ........................................................................27 2.2.2 Capital de giro e tesouraria .................................................................................................28 2.2.3 Efeito tesoura .........................................................................................................................30 2.2.4 Overtrading e undertrading ....................................................................................................31 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................33 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................35 TÓPICO 3 – ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO ......................................37 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................37 2 ADMINISTRAÇÃO DO ATIVO CIRCULANTE .........................................................................37 2.1 DISPONÍVEL (CAIXA) .................................................................................................................38 2.1.1 Controle de bancos ...............................................................................................................40 2.1.2 Fluxo de caixa ........................................................................................................................41 2.1.3 Gerenciamento do fluxo de caixa .......................................................................................41 2.2 FLUXO DE CAIXA REALIZADO E PROJETADO (PREVISTO) ............................................43 2.3 APRESENTAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA REALIZADO ......................................................44 2.4 MEIOS UTILIZADOS PARA SE FAZER O FLUXO DE CAIXA E PRINCIPAIS ITENS DO RELATÓRIO ...............................................................................................................48 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................52 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................54TÓPICO 4 – ADMINISTRAÇÃO DE CONTAS A RECEBER ......................................................57 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................57 2 SISTEMA DE CONTROLE DE CONTAS A RECEBER ..............................................................57 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................64 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................66 sumário VIII TÓPICO 5 – ADMINISTRAÇÃO DOS ESTOQUES ......................................................................67 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................67 2 CUSTOS E RISCOS ............................................................................................................................67 3 GESTÃO DOS RECURSOS VERSUS ESTOQUE ........................................................................69 4 CONTROLE DE ESTOQUE DE MERCADORIAS ......................................................................73 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................75 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................77 UNIDADE 2 – ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ...........................................81 TÓPICO 1 – AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SEGUNDO A LEI N° 6.404/76, LEI N° 11.638/07, LEI N° 11.941/2009 E PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 ........83 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................83 2 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .................................................................................................83 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................99 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................100 TÓPICO 2 – PREPARAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANÁLISE .....103 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................103 2 PREPARAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .........................................................104 2.1 CONTAS DO ATIVO ....................................................................................................................113 2.2 CONTAS DO PASSIVO .................................................................................................................115 2.3 CONTAS DO DRE .........................................................................................................................116 3 RECONHECIMENTO DOS EFEITOS INFLACIONÁRIOS......................................................117 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................119 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................120 TÓPICO 3 – ANÁLISE HORIZONTAL E ANÁLISE VERTICAL ................................................123 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................123 2 ANÁLISE HORIZONTAL OU ANÁLISE DE TENDÊNCIA .....................................................123 3 ANÁLISE DA ESTRUTURA OU ANÁLISE VERTICAL ............................................................126 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................129 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................130 TÓPICO 4 – DECISÕES FINANCEIRAS E DE RENTABILIDADE ............................................131 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................131 2 ÍNDICES DE LIQUIDEZ ...................................................................................................................131 2.1 LIQUIDEZ CORRENTE ................................................................................................................132 2.2 LIQUIDEZ SECA ...........................................................................................................................133 2.3 LIQUIDEZ GERAL ......................................................................................................................135 2.4 LIQUIDEZ IMEDIATA ..................................................................................................................136 3.2 QUOCIENTES DE ENDIVIDAMENTO .....................................................................................138 3.2.1 Participação de capitais de terceiros ................................................................................139 3.2.2 Endividamento .....................................................................................................................139 3.2.3 Composição do endividamento ........................................................................................140 3.2.4 Imobilização do patrimônio líquido ..................................................................................141 3.2.5 Imobilização dos recursos não correntes...........................................................................142 IX 4 INDICADORES DE RENTABILIDADE ........................................................................................143 4.1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ...................................................................................................143 4.2 TAXA DE RETORNO SOBRE INVESTIMENTOS ....................................................................144 4.3 TAXA DE RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO ....................................................145 4.4 TAXA DE RETORNO DO INVESTIMENTO (DA EMPRESA) VERSUS TAXA DE RETORNO DO INVESTIDOR (DO EMPRESÁRIO) .................................................................146 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................148 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................149 TÓPICO 5 – DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA ............................................................155 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................155 2 FLUXO DE CAIXA SEGUNDO A LEGISLAÇÃO CONTÁBIL ................................................155 3 UTILIDADE DA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA ................................................157 4 MÉTODOS PARA ELABORAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA .....................................................158 5 FORMATO, OBJETIVO, CLASSIFICAÇÃO .................................................................................158 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................160 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................161 TÓPICO 6 – ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL .............................................1631 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................163 2 ALAVANCAGEM FINANCEIRA ....................................................................................................163 3 ALAVANCAGEM OPERACIONAL ................................................................................................170 4 ALAVANCAGEM TOTAL .................................................................................................................175 RESUMO DO TÓPICO 6......................................................................................................................178 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................179 UNIDADE 3 – PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTÁRIO ...................................183 TÓPICO 1 – ORÇAMENTO DE EMPRESAS E SUAS APLICAÇÕES .......................................185 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................185 2 CONCEITOS DE ORÇAMENTOS..................................................................................................185 3 OBJETIVOS DOS ORÇAMENTOS ...............................................................................................189 4 TIPOS DE ORÇAMENTOS .............................................................................................................195 5 SISTEMA DE ORÇAMENTOS ........................................................................................................202 6 O QUE REFLETEM OS ORÇAMENTOS ......................................................................................203 7 POR QUE PREVER? ...........................................................................................................................204 8 COMO PREVER? ................................................................................................................................205 9 OS EFEITOS DO ORÇAMENTO NAS PESSOAS .......................................................................206 10 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO ORÇAMENTO ........................................................209 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................212 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................213 TÓPICO 2 – IMPLANTAÇÃO E UTILIZAÇÃO DO ORÇAMENTO EMPRESARIAL...........215 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................215 2 PLANO ORÇAMENTÁRIO .............................................................................................................215 2.1 ORÇAMENTO E PROCESSO DE GESTÃO EM EMPRESAS .................................................216 2.2 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS PARA ELABORAÇÃO DOS ORÇAMENTOS ................221 X 2.3 NOVAS FILOSOFIAS E MENTALIDADES ...............................................................................224 2.4 ADEQUAÇÃO DO SISTEMA DE ORÇAMENTOS À ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ....................................................................................................................226 3 PRÁTICAS DO ORÇAMENTO EMPRESARIAL ........................................................................227 4 LIMITAÇÕES NA ELABORAÇÃO DOS ORÇAMENTOS .......................................................229 5 QUEM FAZ OS ORÇAMENTOS .....................................................................................................233 6 COMUNICAÇÃO NA ELABORAÇÃO DOS ORÇAMENTOS ................................................234 7 CENÁRIOS NA ELABORAÇÃO DO PROCESSO ORÇAMENTÁRIO ..................................235 7.1 PREMISSAS PARA A ELABORAÇÃO DE ORÇAMENTOS ..................................................236 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................239 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................240 TÓPICO 3 – ORÇAMENTOS DOS RESULTADOS ECONÔMICOS E FINANCEIROS .......243 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................243 2 ASPECTOS ECONÔMICOS: DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO ..............243 2.1 DEPRECIAÇÃO DO IMOBILIZADO .........................................................................................244 2.2 AMORTIZAÇÃO ..........................................................................................................................246 2.3 EXAUSTÃO ....................................................................................................................................248 3 ASPECTOS ECONÔMICOS RELACIONADOS À INFLAÇÃO ..............................................248 3.1 CONSEQUÊNCIAS DA INFLAÇÃO .........................................................................................249 3.2 TIPOS DE INFLAÇÃO ..................................................................................................................251 4 DECISÕES DE INVESTIMENTO ...................................................................................................253 4.1 PROJETOS DE INVESTIMENTOS ..............................................................................................254 4.2 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO .....................................255 4.2.1 Método payback simples (PBS) ............................................................................................256 4.2.2 Método payback descontado (PBD) .....................................................................................257 4.2.3 Método do valor presente líquido (VPL) ...........................................................................260 5 DEMONSTRAÇÃO DOS CUSTOS E DESPESAS PROJETADOS .........................................261 5.1 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO PROJETADO ................................274 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................277 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................279 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................281 1 A partir do estudo desta unidade você será capaz de: • apresentar a função financeira nas organizações; • identificar as principais atribuições do gestor financeiro; • demonstrar fontes de recursos em ativo fixo e capital de giro; • compreender e calcular a necessidade de capital de giro; • apresentar a administração financeira de curto prazo; • demonstrar a administração do ativo circulante; • apresentar o fluxo de caixa previsto e realizado; • identificar os meios utilizados para elaborar o fluxo de caixa. UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FINANCEIRA GERENCIAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em cinco tópicos. Em cada um deles você encontrará atividades que o(a) ajudarão na compreensão dos conteúdos apresentados. TÓPICO 1 – A FUNÇÃO FINANCEIRA NAS ORGANIZAÇÕES TÓPICO 2 – FONTES DE RECURSOS EM ATIVO FIXO E CAPITAL DE GIRO TÓPICO 3 – ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO TÓPICO 4 – ADMINISTRAÇÃO DE CONTAS A RECEBER TÓPICO 5 – ADMINISTRAÇÃO DOS ESTOQUES 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 A FUNÇÃO FINANCEIRA NAS ORGANIZAÇÕES 1 INTRODUÇÃO A análise financeira gerencial ou gestão financeira (ou administração financeira) é vista como um conjunto de métodos e técnicas utilizadospara gerenciar os recursos financeiros da entidade, objetivando a maximização do retorno do capital investido pelos acionistas (WERNKE, 2008). A administração financeira se refere às responsabilidades do gestor financeiro numa organização. Os gestores financeiros gerenciam as finanças de todos os tipos de organizações, financeiras ou não financeiras, privadas ou públicas, grandes ou pequenas, com ou sem fins lucrativos. Eles desempenham uma variedade de tarefas, tais como orçamentos, previsões financeiras, administração do caixa, administração do crédito, análise de investimento e captação de recursos. (GITMAN, 2002). Ou seja, cabe ao gestor das finanças da empresa a tarefa de utilizar seu conhecimento técnico e as ferramentas gerenciais disponíveis com a finalidade de aumentar a riqueza dos investidores (WERNKE, 2008). 2 OBJETIVO DA ANÁLISE FINANCEIRA Para Teixeira e Ramos (2011) o principal objetivo da análise financeira gerencial é maximizar a riqueza dos sócios/proprietários/acionistas. Para tanto, as atribuições do gestor financeiro podem ser resumidas em três atividades básicas: a) efetivação de análise e planejamento financeiro; b) tomada de decisões de investimentos; e c) tomada de decisões de financiamento. As atividades organizacionais envolvem recursos financeiros e orientam- se para a obtenção de lucros. De acordo com Manfredini (2001, p. 1), “O lucro, dentro de critérios perfeitamente adequados, pode ser manipulado. Caixa não tem jeito. Como dizem em Wall Street, lucro é opinião; caixa é fato”. UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FINANCEIRA GERENCIAL 4 Mas o que é lucro e o que é caixa? Para Bruni e Famá (2007) o ganho contábil (lucro - resultado econômico) é obtido por meio de: • (+) Receitas de vendas • (-) Custos • (-) Despesas • (-) IR • (=) Lucro Já o ganho financeiro (caixa - resultado monetário ou financeiro) é obtido por meio de (BRUNI; FAMÁ, 2007): • (+) Entradas • (-) Saídas • (=) Fluxo de caixa Ou por meio de: • (+) Lucro • (+/-) Ajustes • (=) Fluxo de caixa De acordo com Gropelli e Nikbakht (2010), o balanço patrimonial mostra como a empresa distribui seus recursos aos diferentes ativos e como gera fundos de fontes externas. Mas é o demonstrativo de resultados do exercício que está relacionado às vendas, às despesas e aos resultados (lucros ou prejuízos). Já o demonstrativo de fluxos de caixa relaciona-se às entradas e saídas monetárias com finalidades operacionais, de investimentos e de financiamentos. Sabe-se que tal reflexão é baseada no regime de caixa e de competência. São os regimes contábeis que determinam quais despesas e quais receitas integrarão ou não o resultado de um exercício social. De acordo com Ribeiro (2009), são dois regimes, o de caixa e o de competência. No regime de caixa devem ser consideradas todas as despesas pagas e todas as receitas recebidas no respectivo exercício, independentemente da data da ocorrência de seus fatos geradores. Já no regime de competência decorre o princípio da competência, e por ele serão consideradas, na apuração do resultado do exercício, todas as despesas incorridas e todas as receitas realizadas no respectivo exercício. Exemplo: A Cia. Floripa vendeu em 2011 R$ 21.000,00 e só recebeu R$ 15.000,00 (o restante receberá no futuro); teve como despesas incorridas R$ 16.000,00 e pagou até o último dia do ano R$ 12.000,00. TÓPICO 1 | A FUNÇÃO FINANCEIRA NAS ORGANIZAÇÕES 5 FIGURA 1 – REGIME DE COMPETÊNCIA E DE CAIXA FONTE: Adaptado de: Marion (2010) D.R.E. COMPETÊNCIA CAIXA Receitas 21.000 15.000 Despesas (16.000) (12.000) Resultado 5.000 3.000 Assim sendo, para Gropelli e Nikbakht (2010) os administradores financeiros procuram maximizar a riqueza ou o preço da ação da empresa. Seu objetivo secundário é maximizar o lucro por ação. Uma empresa pode negligenciar o risco, ou seja, as decisões de investimento baseadas em lucros elevados podem causar o desaparecimento do lucro ou fazê-lo oscilar excessivamente; isso pode levar à insolvência da empresa ou a uma grande dose de incerteza, ou ainda a uma queda no preço de suas ações. De acordo com Teixeira e Ramos (2011, p. 3), As receitas obtidas com as operações devem ser suficientes para cobrir todos os custos e despesas incorridas e ainda gerar lucros. Paralelamente a esse fluxo econômico de resultados, ocorre uma movimentação de numerário que deve permitir a liquidação dos compromissos assumidos, o pagamento de dividendos e a reinversão da parcela remanescente dos lucros. Estes mesmos autores ainda afirmam que, assim, a função financeira abarca um conjunto de atividades relacionadas com a gestão dos recursos (tanto o numerário movimentado pelas organizações, quanto os direitos e as obrigações provenientes das operações realizadas a crédito) movimentados por todos os setores da organização. Teixeira e Ramos (2011, p. 3-4) finalizam apontando que essa função tem a responsabilidade pela obtenção dos recursos indispensáveis ao desempenho financeiro da organização e pela formulação de uma estratégia voltada para a otimização da aplicação desses recursos, colaborando de forma expressiva para o sucesso do empreendimento. Então são funções do administrador financeiro, na percepção de Wernke (2008): a) Gestão do caixa: verificar as datas em que ocorrerão déficits ou superávits de caixa. b) Concessão de crédito: instituir normas para concessão de crédito aos clientes. c) Administração da cobrança: atuar para que as contas a receber sejam cobradas corretamente. UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FINANCEIRA GERENCIAL 6 d) Captação de recursos: analisar as fontes de captação de recursos e as modalidades de crédito ofertadas (empréstimos, financiamentos, descontos de duplicatas etc.). e) Decisão de investimentos: avaliar o retorno dos investimentos realizados ou projetados. f) Planejamento e controle financeiro: implementar e monitorar os controles internos da área financeira. g) Gestão de custos e preços: elaboração e análise de planilha de custos e avaliação da rentabilidade de segmentos de mercado. h) Mensuração do desempenho econômico-financeiro: avaliar os resultados obtidos pela empresa, com base no Balanço Patrimonial e na Demonstração do Resultado (DRE). Antes de concluir esta subseção, para corroborar a amplitude da atuação de um gestor financeiro, Gropelli e Nikbakht (2010) ressaltam que os gestores ou administradores financeiros devem ser éticos e procurar interagir com a comunidade. Devem se adaptar aos padrões ambientais, legais, de saúde e de segurança. Nessa interação, devem evitar investimentos em empreendimentos que transgridam os princípios democráticos e procurar contratar membros de minorias. Em outras palavras, é necessário pautar-se pelo equilíbrio entre a tentativa de maximizar a riqueza e a obtenção de melhoria das condições sociais. Uma empresa deve, também, estabelecer regras para impedir o assédio sexual e eliminar as diferenças salariais baseadas nas diferenças sexuais ou étnicas. Na sequência apresentam-se as principais atribuições do gestor financeiro. 2.1 PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES DO GESTOR FINANCEIRO As funções do gestor financeiro em uma organização podem ser avaliadas em relação às demonstrações contá beis básicas da organização e são três. De acordo com Teixeira e Ramos (2011, p. 4): a) análise e planejamento financeiro: esta função envolve: 1 transformação dos dados financeiros em uma forma que possa ser utilizada para orientar a posição finan ceira da empresa e promover a sua continuidade; 2 avaliação da necessidade de aumento ou redução da capacidade produtiva; 3 determinação de que tipo de financiamento adicional deve ser realizado. Essas três atividades são sustentadas pelas decisões de natureza estratégica, tática e operacional. Os demonstrativos contábeis, principalmente o Balanço TÓPICO 1 | A FUNÇÃO FINANCEIRA NAS ORGANIZAÇÕES 7 Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício, são importantes fontes de informaçõespara elaboração de análise e planejamento financeiro. Cabe ressaltar que o enfoque do caixa é essencial para o gestor financeiro. Assim, a utilização dos Fluxos de Caixa também é imprescindível, destacando a principal diferença entre a ótica do contador e a do administrador. Enquanto o primeiro gera informações com base no regime de competência, o segundo precisa aplicá-las com base no regime de caixa, denotando a importância dos Fluxos de Caixa nesta atividade. b) Administração da estrutura de ativo da empresa (Decisão de Investimento): 1 o administrador financeiro determina a combinação e os tipos de ativos que fazem parte do Balanço Patrimonial da empresa. Essa atividade está relacionada ao lado esquerdo do Balanço. A composição refere- se ao montante de recursos aplicados em Ativos Circulantes e em Ativos Permanentes (fixos). Depois que a composição estiver definida, o administrador financeiro deve fixar e tentar manter níveis ótimos para cada tipo de Ativo Circulante. Deve também decidir quais são os melhores Ativos Permanentes a adquirir e saber quando os ativos existentes se tornarão obsoletos e precisarão ser modificados, substituídos ou liquidados. A determinação da melhor estrutura de ativo para a empresa não é uma tarefa simples; requer o conhecimento das operações passadas e futuras das empresas e a compreensão dos objetivos que deverão ser alcançados a longo prazo. Existem várias técnicas para avaliação dessas decisões, como a Taxa Média de Retorno, Payback (Prazo de Retorno), VPL (Valor Presente Líquido) e TIR (Taxa Interna de Retorno). c) Administração da estrutura financeira da empresa (Decisão de Financiamento): relaciona-se com o lado direito do Balanço Patrimonial da empresa e envolve as fontes de recursos. Dois enfoques sustentam esta atividade do administrador financeiro: 1 a decisão de qual a composição mais apropriada entre financiamento a curto e a longo prazo a ser estabelecida, o que é bastante importante, pois afeta tanto a lucratividade da empresa como sua liquidez global; e 2 o juízo de quais as fontes individuais de financiamento, a curto ou a longo prazo, são as melhores, em dado momento. Algumas decisões dessa natureza exigem uma análise profunda das alternativas disponíveis, de seus custos e de suas implicações a longo prazo. O Custo Médio Ponderado de Capital é uma medida eficaz para este tipo de decisão. Mas, são duas as principais categorias de decisões consideradas as mais importantes: UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FINANCEIRA GERENCIAL 8 a) Decisões de aplicações de recursos dizem respeito aos investimentos a serem efetuados pela empresa, cujos exemplos podem ser a análise da proporção dos investimentos em ativos circulantes e permanentes, a avaliação se o retorno dos investimentos é adequado à expectativa dos investidores e quais aplicações no mercado financeiro devem ser priorizadas. b) Decisões de captação de recursos referem-se às formas de prover o caixa da empresa com os recursos necessários para manter (ou expandir) as operações. Essas decisões podem ser exemplificadas por questões relativas ao montante das dívidas de curto e longo prazo (perfil da dívida), às possibilidades de redução do custo de captação de recursos e à sincronia entre as datas de pagamentos de dívidas e recebimentos das dívidas. Já de forma complementar, Wernke (2008) aponta como funções do gestor financeiro a gestão do caixa; a concessão de crédito; a administração da cobrança; a captação de recursos; a decisão de investimentos; o planejamento e controle financeiro; a gestão de custos e preços e a mensuração do desempenho econômico-financeiro. Para Wernke (2008) as decisões de aplicação de recursos dos investimentos entendam-se como a destinação que é dada para o montante de capital obtido dos sócios ou de terceiros e investido em ativos tangíveis (como estoques, contas a receber, imóveis, veículos, máquinas etc.) ou ativos intangíveis (como marcas e patentes, por exemplo), priorizando a utilização destes com o objetivo de aumentar o retorno dos investidores (acionistas ou quotistas). Assim entende-se que entre as atribuições de um gestor financeiro estão a análise do planejamento, das decisões de investimento e das decisões de investimentos para os quais se necessitam recursos. Para decidir em quais ativos investir, prioritariamente, devem-se priorizar os ativos que geram receita no curto ou no longo prazo. Por exemplo: em vez de investir num automóvel, a empresa poderia aplicar tais recursos numa máquina fabril ou em estoques. Já outra empresa poderia priorizar a aplicação no mercado financeiro ou num curso que proporcione alguma renda (hoje ou no futuro). Outros aspectos importantes e de forma complementar são apontados pelo SEBRAE (2002, [s.p.]), em relação a decisões empresariais: a) Captar recursos financeiros necessários para a organização para: - Capital inicial e aumento de capital. - Aplicação dos lucros acumulados obtidos com os sócios. - Empréstimos obtidos com as instituições financeiras. - Financiamento das mercadorias obtido com os fornecedores. TÓPICO 1 | A FUNÇÃO FINANCEIRA NAS ORGANIZAÇÕES 9 b) Aplicar os recursos financeiros disponíveis da organização em: - Aplicações com as instituições financeiras. - Aquisição de mercadorias para serem vendidas. - Financiamento aos clientes decorrentes das vendas a prazo. - Aquisição do ativo fixo (móveis e utensílios, equipamentos, veículos e outros) para uso da organização. c) As fontes de financiamento dos ativos (fonte de recursos) da organização: - Recursos próprios: recursos financeiros dos sócios ou acionistas sejam do capital ou da reaplicação dos lucros acumulados. - Recursos de terceiros: recursos financeiros obtidos com instituições financeiras, a título de empréstimos, ou financiamentos, ou com fornecedores na aquisição de mercadorias a prazo. d) Papel do banco nos empréstimos – é função dos bancos decidir sobre a aprovação ou não da solicitação de empréstimo, bem como liberar os recursos financeiros para as microempresas e organizações de pequeno porte. Para essa decisão, os bancos executam, pelo menos, as seguintes tarefas: - Análise do cadastro da organização, dos sócios e dos avalistas. - Enquadramento da operação de acordo com suas linhas de crédito. - Definição das garantias sobre o financiamento e negociação com o interessado. - Análise de crédito de acordo com o projeto de viabilidade econômica e financeira. A pedido dos empresários, o SEBRAE pode elaborar os projetos de viabilidade econômico-financeira ou recomendar consultores credenciados e qualificados, necessários para avaliar a capacidade de pagamento das organizações que buscam as linhas de crédito. O SEBRAE (2002) recomenda que o empresário busque os motivos que estão levando sua organização a contrair crédito. A orientação pode ser obtida com a área de consultoria, no Balcão SEBRAE. Além disso, alerta para necessidade de se fazer as seguintes análises: - Verificar as vantagens de tomar emprestado dinheiro do banco, e só o fazer quando estiver seguro de que a organização terá condições de pagá-lo. - Verificar se o financiamento é condição imprescindível para o sucesso da organização. - Lembrar que obter um financiamento para cobrir outro tem levado organizações a contrair dívidas crescentes e difíceis de serem quitadas. - Não utilizar o crédito como meio de cobrir prejuízos operacionais permanentes da organização. O crédito deve ser utilizado para expansão e fortalecimento do negócio ou para capital de giro. (2002, [s.p.]). Nesta sessão foram abordados os conceitos básicos relativos à função financeira, as atribuições de gestor financeiro, bem como algumas orientações do SEBRAE. No próximo tópico vamos abordar fontes de recursos. 10 Neste primeiro tópico aprendemos um pouco sobre: • A análise financeira gerencial ou gestão financeira (ou administração financeira) é vista como um conjunto de métodos e técnicas utilizadospara gerenciar os recursos financeiros da entidade, objetivando a maximização do retorno do capital investido pelos acionistas (WERNKE, 2008). • Cabe ao gestor das finanças da empresa a tarefa de utilizar seu conhecimento técnico e as ferramentas gerenciais disponíveis com a finalidade de aumentar a riqueza dos investidores. (WERNKE, 2008). • O objetivo da análise financeira gerencial é maximizar a riqueza dos sócios/ proprietários/acionistas. • As atribuições do gestor financeiro podem ser resumidas em três atividades básicas: efetivação de análise e planejamento financeiro; tomada de decisões de investimentos e tomada de decisões de financiamento. • No regime de caixa devem ser consideradas todas as despesas pagas e todas as receitas recebidas no respectivo exercício, independentemente da data da ocorrência de seus fatos geradores. • No regime de competência decorre o princípio da competência, e por ele serão consideradas, na apuração do resultado do exercício, todas as despesas incorridas e todas as receitas realizadas no respectivo exercício. • Funções do administrador financeiro (WERNKE, 2008): a) gestão do caixa: verificar as datas em que ocorrerão déficits ou superávits de caixa; b) concessão de crédito: instituir normas para concessão de crédito aos clientes; c) administração da cobrança: atuar para que as contas a receber sejam cobradas corretamente; d) captação de recursos: analisar as fontes de captação de recursos e as modalidades de crédito ofertadas (empréstimos, financiamentos, descontos de duplicatas etc.); e) decisão de investimentos: avaliar o retorno dos investimentos realizados ou projetados; f) planejamento e controle financeiro: implementar e monitorar os controles internos da área financeira; g) gestão de custos e preços: elaboração e análise de planilha de custos e avaliação da rentabilidade de segmentos de mercado; h) mensuração do desempenho econômico-financeiro: avaliar os resultados obtidos pela empresa, com base no Balanço Patrimonial e na Demonstração do Resultado (DRE). • Um gestor financeiro deve se adaptar aos padrões ambientais, legais, de saúde e de segurança e deve evitar investimentos em empreendimentos que transgridam os princípios democráticos e procurar contratar membros de minorias. RESUMO DO TÓPICO 1 11 • As funções do gestor financeiro em uma organização podem ser avaliadas em relação às demonstrações contá beis básicas da organização. São três, de acordo com Teixeira e Ramos (2011, p. 4): análise e planejamento financeiro; avaliação da necessidade de aumento ou redução da capacidade produtiva; e determinação de que tipo de financiamento adicional deve ser realizado. • Entende-se que entre as atribuições de um gestor financeiro estão a análise do planejamento, das decisões de investimento e das decisões de investimentos para os quais se necessitam recursos. 12 1 Preencha as lacunas: A análise financeira gerencial ou gestão financeira (ou administração financeira) é vista como um conjunto de métodos e técnicas utilizados para gerenciar os recursos financeiros da entidade, objetivando a ____________ do retorno do _______________ pelos acionistas. 2 Assinale V (verdadeiro) e F (falso): A administração financeira se refere às responsabilidades do gestor financeiro numa organização. ( ) Os gestores financeiros gerenciam as finanças de todos os tipos de organizações, financeiras ou não financeiras, privadas ou públicas, grandes ou pequenas, com ou sem fins lucrativos. ( ) Eles desempenham tarefas, tais como orçamentos, previsões financeiras e administração do caixa somente. ( ) Cabe ao gestor das finanças da empresa a tarefa de utilizar seu conhecimento técnico e as ferramentas gerenciais disponíveis com a finalidade de aumentar a riqueza dos estoques. ( ) O principal objetivo da análise financeira gerencial é o de maximizar a riqueza dos sócios/proprietários/acionistas. 3 Responda: lucro e caixa são a mesma coisa? 4 Relacione a primeira coluna com a segunda. AUTOATIVIDADE ( ) Resultado econômico ( ) Receita de vendas a) Lucro ( ) Entradas b) Caixa ( ) Custos ( ) Saídas ( ) Fluxo de caixa 5 Resolva: Uma fábrica, Fabricamais Ltda., em março de 2010, realizou vendas do produto x no valor de R$ 150.000,00 e recebeu à vista R$ 90.000,00, ficando o restante para receber no futuro. Os gastos totais foram na ordem de R$ 85.000,00, mas os pagamentos foram no valor de R$ 45.000,00 naquele período. 13 6 Existe um meio de conhecer o resultado financeiro que é: (+) Entradas (-) Saídas = Fluxo de caixa. Qual é outra forma de se conhecer o fluxo de caixa? 7 De acordo com Teixeira e Ramos (2011, p. 3), as receitas obtidas com as operações devem ser suficientes para quê? 8 Uma empresa realiza vendas recebendo e pagando tudo à vista. Utilizando o método de fluxo de caixa com ajuste, resolva: Receitas = R$ 160.000,00; Custos = R$ 70.00,00; Despesas com Vendas R$ 55.000,00 e despesas com depreciação. DRE Receitas Despesas Resultado DRE COMPETÊNCIA CAIXA Receitas Custos RCM Despesas c/ vendas Ajuste Despesas c/depreciação Resultado 9 De acordo com Wernke (2008), escreva pelo menos três funções do administrador financeiro: 10 Em relação às decisões empresariais, cite três aspectos apontados pelo SEBRAE. 11 Uma empresa realizou vendas recebendo e pagando parte à vista e parte a prazo. Utilizando o método de fluxo de caixa com ajuste, resolva: Receitas = R$ 180.000,00; o recebimento à vista foi R$ 100.000,00 ficando o restante para o futuro. Obteve Custos = R$ 80.00,00; Despesas com Vendas = R$ 55.000,00 e despesas com depreciação de R$ 10.000,00. O pagamento em relação aos custos e despesas foi de R$ 65.000,00 no total, ficando o restante para os próximos períodos. 14 DRE Receitas Custos RCM Despesas c/ vendas Ajuste Despesas c/depreciação Resultado 15 TÓPICO 2 FONTES DE RECURSOS EM ATIVO FIXO E CAPITAL DE GIRO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Na análise financeira gerencial, as fontes de recursos em ativo fixo e de capital de giro representam a busca de condições sempre mais favoráveis à empresa do capital necessário que passa pelo administrador financeiro em termos de decisão. Administrar bem o fluxo de recursos de uma empresa é de extrema importância. O levantamento de recursos, de acordo com Teixeira e Ramos (2011), envolve o suprimento dos recursos necessários às operações normais da organização e captação de vultosos valores para investimentos em projetos com longos períodos de maturação. Os recursos gerados pelas diversas fontes têm como destino a aplicação em várias contas como: caixa, estoques, contas a receber, ativo fixo como maquinário, veículos para entrega de mercadorias etc. Portanto, a análise financeira gerencial busca informações financeiras e patrimoniais realizando a decomposição destes elementos e o levantamento de dados em relações diversas que entre si produzam mais elementos, com o intuito de conhecer a realidade de uma entidade ou de levantar os impactos de uma administração sobre as origens e aplicações de recursos. Conhecer o contexto de fontes de recursos e suas aplicações é buscar responder questionamentos sobre os recursos, suas aplicações e seu prazo. Afinal o que é ativo fixo, capital de giro? Como calcular a necessidade de um capital de giro? Ou o que é o efeito tesoura? e assim por diante. Estas dúvidas devem ser esclarecidas quando você, caro(a) acadêmico(a), explorar todo o conteúdo deste tópico. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À ANÁLISE FINANCEIRA GERENCIAL 16 2 OS RECURSOS, AS FONTES E OS PRAZOS As fontes de recursos à disposição de uma organização podem ser classificadas de várias formas: recursos próprios (capital integralizado, reservas e lucros retidos) e recursos de terceiros (compromissos assumidos e dívidas contraídas); recursos permanentes (recursos próprios e dívidas a longo prazo) e recursos temporários (compromissos e dívidas a curto prazo); recursos onerosos (provocam despesasfinanceiras) e recursos não onerosos. Teixeira e Ramos dizem que é imperativa a adequação entre as fontes e as aplicações de recursos em termos de prazos e custos. Por exemplo: [...] compra de maquinário em valor investido somente será recuperado em alguns anos por meio das receitas de vendas, deverá ser financiada com recursos permanentes. Se forem utilizados recursos provenientes de um empréstimo com prazo inferior ao da maturação financeira desse investimento, a organização poderá enfrentar dificuldades para liquidar a dívida no vencimento do contrato. (2011, p. 6). Os mesmos autores afirmam também que: [...] os juros e demais encargos incidentes sobre os empréstimos e financiamentos oneram o resultado econômico, reduzindo a parcela de lucro que restará aos acionistas. Além disso, os emprestadores de recursos podem exigir garantias reais e impor condições contratuais que reduzam a flexibilidade de gestão da organização. (2011, p. 6). A seguir apresentaremos exemplos de juros aplicados nas operações de uma entidade utilizando conceitos de matemática financeira como valor futuro em um empréstimo, valor presente em um recebimento entre outros. Veja: FIGURA 2 – USO DA MATEMÁTICA FINANCEIRA NA ANÁLISE TÓPICO 2 | FONTES DE RECURSOS EM ATIVO FIXO E CAPITAL DE GIRO 17 FONTE: Wernke (2008, [s.p.]) A matemática financeira em casos como os citados anteriormente é amplamente utilizada (WERNKE, 2008). Agora, os créditos obtidos com os fornecedores envolvem custo financeiro, representado pelo desconto para pagamento à vista que deixou de ser desfrutado. Observa-se a existência de custos explícitos, perfeitamente mensuráveis em termos de valor e taxa. De acordo com Teixeira e Ramos (2011, p. 6-7): Somente umas poucas fontes de recursos de curto prazo não provocam custos financeiros, como salários, impostos a pagar, contribuições a recolher etc. Os recursos próprios envolvem um custo implícito que corresponde à expectativa de lucros dos acionistas que não deve ser frustrada, sob pena de haver desinteresse em se continuar participando do negócio. Assim, os recursos adicionais a serem fornecidos pelos acionistas por meio de novas integralizações de capital e os lucros reinvestidos envolvem um custo de oportunidade. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À ANÁLISE FINANCEIRA GERENCIAL 18 Esse custo corresponde ao retorno que os acionistas obteriam com tais recursos em outras aplicações com o mesmo grau de risco suportado por seus investimentos nas organizações. A alocação de recursos envolve a constante busca da otimização na aplicação dos recursos para que seja alcançada a rentabilidade desejada e preservada a capacidade da organização de pagar seus compromissos nos vencimentos. Essa responsabilidade amplia bastante os limites da gestão financeira, obrigando os executivos da área a conhecer todas as fases de funcionamento da organização e a analisar profundamente os novos projetos de investimento. Alguns ativos são essenciais para o desenvolvimento das operações, denominados ativos operacionais, constituídos por Ativos Fixos e Ativos Circulantes (estoques, duplicatas a receber e disponibilidades). Enquanto outros poderão estar ou não relacionados com as atividades básicas do empreendimento, formados por ativos de natureza operacional ou não (créditos diversos a curto e longo prazos, participações societárias em outras organizações, imóveis alugados a terceiros, determinadas aplicações financeiras etc.). Wernke (2008) conclui que os recursos aplicados nos ativos não são encontrados em abundância e envolvem custos financeiros e custos de oportunidade. Assim, é de se esperar que cada ativo contribua direta ou indiretamente para a geração de receitas e, consequentemente, de lucros. Na sequência apresenta-se o balanço patrimonial seccionados o ativo circulante financeiro, operacional e fixo. Mostra o passivo como origem de recursos de terceiros. QUADRO 1 – ATIVO E PASSIVO FINANCEIRO, OPERACIONAL EMPRESA ABC PERÍODOS ANO 1 ANO 2 ANO 3 ATIVO ATIVO CIRCULANTE CIRCULANTE FINANCEIRO Disponível R$ 18.943.428 R$ 24.952.544 R$ 11.874.829 Outros R$ 217.748 R$ 102.195 R$ 120.880 Subsoma R$ 19.161.176 R$ 25.054.739 R$ 11.995.709 CIRCULANTE OPERACIONAL Estoques R$ 14.418.636 R$ 10.395.149 R$ 12.208.932 Outros R$ 17.707.606 R$ 15.251.530 R$ 14.226.350 Subsoma R$ 32.126.242 R$ 25.646.679 R$ 26.435.282 Total Circulante R$ 51.287.418 R$ 50.701.418 R$ 38.430.991 ATIVO NÃO CIRCULANTE REALIZÁVEL A LONGO PRAZO R$ 16.216.740 R$ 16.948.940 R$ 16.267.287 IMOBILIZADO (ATIVO FIXO) Imóveis R$ 76.745.317 R$ 65.946.649 R$ 41.265.327 Máquinas/Equipamentos R$ 2.075.027 R$ 2.022.657 R$ 637.289 INTANGÍVEL Diferido R$ 710.616 R$ 614.699 R$ 659.188 TÓPICO 2 | FONTES DE RECURSOS EM ATIVO FIXO E CAPITAL DE GIRO 19 Subsoma R$ 79.530.960 R$ 68.584.005 R$ 42.561.804 Total Ativo R$ 147.035.118 R$ 136.234.363 R$ 97.260.082 PASSIVO PASSIVO CIRCULANTE CIRCULANTE FINANCEIRO Empréstimos Bancários R$ 5.139.605 R$ 7.577.888 R$ 5.568.032 Subsoma R$ 5.139.605 R$ 7.577.888 R$ 5.568.032 CIRCULANTE OPERACIONAL Fornecedores R$ 9.037.303 R$ 7.039.312 R$ 6.491.140 Outras Obrigações R$ 19.781.084 R$ 22.280.664 R$ 17.154.010 Subsoma R$ 28.818.387 R$ 29.319.976 R$ 23.645.150 Total Circulante R$ 33.957.992 R$ 36.897.864 R$ 29.213.182 PASSIVO NÃO CIRCULANTE EXIGÍVEL A LONGO PRAZO Impostos e Contribuições R$ 6.747.084 R$ 6.044.032 R$ 3.638.852 C/C de Empresas Coligadas R$ 41.294.063 R$ 41.994.033 R$ 30.283.908 Subsoma R$ 48.041.147 R$ 48.038.065 R$ 33.922.760 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital + Reservas R$ 36.423.628 R$ 22.544.940 R$ 16.836.633 Lucros Acumulados R$ 28.612.351 R$ 28.753.494 R$ 17.287.507 Subsoma R$ 65.035.979 R$ 51.298.434 R$ 34.124.140 Total Passivo R$ 147.035.118 R$ 136.234.363 R$ 97.260.082 FONTE: Brom (2007) No quadro anterior tanto o ativo como o passivo são vistos sob a perspectiva financeira e operacional. Vale ressaltar que é no passivo de uma entidade que estão as origens de recursos. O “capital próprio” diz respeito ao capital investido pelos sócios ou gerado pelas operações da empresa, enquanto o “capital alheio” equivale aos recursos obtidos de fontes de financiamento (como bancos e fornecedores, por exemplo). Exemplo de capital próprio: capital investido pelos sócios para iniciar a empresa ou o lucro gerado pela atividade. Exemplo de capital alheio: empréstimos ou financiamentos bancários. As principais fontes de captação de recursos de terceiros são: bancos (através de operações de empréstimos, financiamentos, desconto de duplicatas, desconto de cheques etc.) e fornecedores (pela concessão de crédito para compras a prazo). 2.1 O QUE É ATIVO FIXO? Na área contábil o ativo fixo ou ativo imobilizado de uma entidade é formado pelo conjunto de bens necessários à manutenção das suas atividades, sendo caracterizados por apresentar-se na forma tangível (edifícios, máquinas etc.) São, portanto, bens que uma organização não tem vontade de vender a curto UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À ANÁLISE FINANCEIRA GERENCIAL 20 prazo ou que dificilmente podem ser convertidos, de forma imediata, em dinheiro. Têm, pois, um caráter de permanência, sendo chamados bens patrimoniais (TEIXEIRA; RAMOS, 2011). Para que uma empresa realize suas atividades normalmente, é necessária a manutenção de uma estrutura que possibilite a realização de todas as operações inerentes à atividade da organização. A estrutura mantida pela empresa com essa finalidade é o seu Ativo, ou seja, todo o conjunto de bens e direitos de propriedade da empresa (FIPECAFI, 2000). As empresas que atuam em setores que exigem a utilização intensa e permanente de instalações, máquinas e equipamentos possuem grande parte de seu ativo na forma de Ativos Fixos. De acordo com Franco (1997 apud CORTÉS, 2001), as contas do ativo fixo representam os imóveis, as instalações, os móveis e demais equipamentos necessários ao funcionamento da empresa comercial, bem como as correções monetáriase as depreciações respectivas, ligadas aos meios de operação e desenvolvimento de suas atividades, proporcionando resultados financeiros que se denominarão lucro ou prejuízo. Pode ser entendido, também, como o patrimônio técnico da empresa, sem o qual não poderá desenvolver suas atividades e obter os resultados financeiros que denominará lucro ou prejuízo. De uma maneira mais sintética, Marion (2005) estabelece que os ativos fixos são os bens ou direitos destinados à manutenção da atividade principal da empresa ou exercidos com esta finalidade. Acrescenta ainda que, para um ativo fixo ser classificado como tal, deve possuir três características concomitantemente: a) natureza relativamente permanente; b) ser utilizado na operação dos negócios; c) não se destinar à venda. Ribeiro (2009) ressalta que a Lei nº 11.638/2007 alterou, revogou e introduziu dispositivos da Lei nº 6.404/1976. Definiu as disposições sobre a obrigatoriedade de manter escrituração, elaborar demonstrações financeiras e submetê-las à auditoria independente. As mudanças introduzidas pela lei darão maior credibilidade aos relatórios contábeis brasileiros. O ativo imobilizado compreende, portanto, os ativos tangíveis que são mantidos por uma empresa para serem usados na produção ou na comercialização de mercadorias ou serviços, para locação ou para finalidades administrativas. No Brasil, a partir de 1º de janeiro de 2008, por força da Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, os ativos intangíveis (como marcas e patentes) não seriam mais incluídos no Ativo Imobilizado e, sim, no Ativo Intangível (TEIXEIRA; RAMOS, 2011). Outros autores como Assaf Neto (2006) ressaltam que um bem de Ativo Fixo pode ser depreciável ou não, pois para bens de pequeno valor não se exige a depreciação. Como visto, o bem de Ativo também pode ser tangível ou intangível. Por exemplo, um automóvel é um bem tangível, um software é um bem intangível e, por ordem da controladoria geral de cada estado, se faz necessário que os bens com produção acelerada e acima de 5 anos sejam depreciados com 2% do valor, tendo como base a legislação em vigor. TÓPICO 2 | FONTES DE RECURSOS EM ATIVO FIXO E CAPITAL DE GIRO 21 Parafraseando Teixeira e Ramos (2011), toda organização precisa de uma infraestrutura mínima. O imobilizado compreende o conjunto de bens e direitos que apoiam as atividades da empresa. A necessidade de imobilização depende das características do negócio. Cabe ao gestor financeiro estudar a melhor forma de financiar essas necessidades. Ao investir na aquisição à vista de bens do imobilizado, ou ao adquirir para pagamento a curto prazo, o gestor deixa de contar com esses recursos no giro do negócio. Portanto, afirma Assaf Neto (2006), assim como Teixeira e Ramos (2011), quanto mais volumosos forem os recursos de curto prazo destinados ao financiamento do imobilizado, maior o risco da empresa. Sob o ponto de vista ideal, o melhor seria que o imobilizado fosse financiado com recursos próprios e em longo prazo. Estes autores ressaltam que, quando o valor do imobilizado de uma entidade é superior ao capital próprio (Patrimônio Líquido), as imobilizações estão consumindo recursos do longo e/ou curto prazo. Quando o capital de terceiros de curto prazo (Passivo Circulante) financia as imobilizações, o giro fica descoberto, opção de financiamento que pode levar o negócio ao desequilíbrio financeiro. 2.2 O QUE É CAPITAL DE GIRO? Para Berti (2009, p. 181) capital de giro é: [...] o volume de recursos necessários para a empresa (organização) completar o ciclo operacional, ou seja, desde as compras de matérias- primas (insumos), passando pela fase de transformação (indústria) e chegando ao consumo, e iniciando novamente o ciclo. Teixeira e Ramos (2011, p. 47) salientam que a liquidez de uma entidade: [...] está diretamente relacionada com a administração do Capital de Giro e do Ciclo Financeiro. O Capital de Giro é representado, quase sempre, pelos ativos que são movimentados, tais como: duplicatas ou contas a receber derivadas das vendas a prazo aos clientes e estoques de mercadorias destinadas à venda. O capital de giro significa capital de trabalho, ou seja, o capital imprescindível para financiar a continuidade das operações de uma organização, como recursos para financiamento aos clientes (nas vendas a prazo), recursos para manter estoques e recursos para pagamento aos fornecedores (compra de matéria-prima ou mercadorias de revenda), pagamento de impostos, salários, entre outros (ESCÓSSIA, 2009). Assaf Neto e Silva (2002) enfatizam que, para se realizar a análise da situação financeira de uma organização cujo objetivo é verificar o equilíbrio financeiro, é de fundamental importância o estudo do capital de giro bem como outros indicadores. Para corroborar Escóssia (2009), salientam que capital de giro é dinheiro que uma empresa utiliza para viabilizar a fabricação de seu produto. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À ANÁLISE FINANCEIRA GERENCIAL 22 Para Lunelli (2007, p. 77), A necessidade de capital de giro é função do ciclo de caixa da empresa. Quando o ciclo de caixa é longo, a necessidade de capital de giro é maior e vice-versa. Assim, a redução do ciclo de caixa - em resumo, significa receber mais cedo e pagar mais tarde - deve ser uma meta da administração financeira. Entretanto, a redução do ciclo de caixa requer a adoção de medidas de natureza operacional, envolvendo o encurtamento dos prazos de estocagem, produção, operação e vendas. O cálculo através do ciclo financeiro possibilita mais facilmente prever a necessidade de capital de giro em função de uma alteração nas políticas de prazos médios ou no volume de vendas. O mesmo autor salienta que a análise dos circulantes está relacionada diretamente com o ativo circulante e o passivo circulante que registram estes recursos e obrigações de curto prazo. Assim capital de giro líquido ou capital circulante líquido, como é mais comum ser chamado, é igual ao ativo circulante menos o passivo circulante, assim representado: FIGURA 3 – CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO FONTE: Lunelli (2007, p. 61) Capital de Giro Líquido = Ativo Circulante - Passivo Circulante Lunelli (2007, p. 61) diz que: [...] quando o capital circulante líquido – CCL – é positivo, significa que o maior valor está localizado no ativo circulante e, portanto, os bens de curto prazo são maiores que as obrigações, também de curto prazo. Neste caso a empresa está financiando parte de seu capital de giro com recursos de longo prazo. Por outro lado, quando o CCL é negativo, as obrigações sobrepõem-se aos recursos de curto prazo, então denota uma situação que a empresa está financiando parte de seus ativos permanentes com a utilização de recursos de curto prazo. Como forma de ilustrar apresenta-se de forma lúdica o entendimento da folga necessária para a sobrevivência de uma empresa quando se trata de Capital Circulante Líquido. TÓPICO 2 | FONTES DE RECURSOS EM ATIVO FIXO E CAPITAL DE GIRO 23 FIGURA 4 – CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO FONTE: Adaptado de: Marion (2003, 2010) AC = $ 6.000 PC = $5.000 AC X PC AC X PC AC > PC → Situação Financeira Favorável AC < PC → Situação Financeira Desfavorável AC = Capital em giro; Movimentação Determinar Situação Financeira; Determinar a Relação entre capital em giro (AC X PC) Determinar a situação Financeira a Curto Prazo 5.000 5.000 CCL = 1.000 CCL = AC - PC CCL = 6.000 - 5.000 Pulmão da Empresa Folga Financeira CCL = 1.000 Ativo Circulante Então, capital de giro, segundo Lunelli (2007), é o conjunto de valores necessários para que uma entidade realize seus negócios. Existe a expressão “capital em giro”, que seriam os bens efetivamente em uso. Em geral, conforme Lunelli (2007), 50 a 60% do total dos ativos de uma entidade representam a fatia correspondente a este capital. Além de sua participação sobre o total dos ativos de uma entidade, o capital de giro exige um esforço para ser gerido pelo administradorfinanceiro maior do que aquele requerido pelo capital fixo. De acordo com Assaf Neto e Silva (2002, p. 13), “[...] uma administração inadequada do capital de giro resulta, normalmente, em sérios problemas financeiros, contribuindo para a formação de uma situação de insolvência”. Para Lunelli (2007, p. 77), o capital de giro precisa ser acompanhado e monitorado permanentemente, pois está sofrendo o impacto das diversas mudanças no panorama econômico enfrentado pela empresa de forma contínua. Para este mesmo autor, as dificuldades relativas ao capital de giro em uma entidade acontecem pela ocorrência dos seguintes fatores: • redução de vendas; • crescimento da inadimplência; UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À ANÁLISE FINANCEIRA GERENCIAL 24 • aumento das despesas financeiras; • aumento de custos. A “aplicação permanente” refere-se às contas não circulantes do ativo e a “fonte permanente” às contas não circulantes do passivo. Define-se como Capital de Giro (C.D.G.) a diferença entre as fontes permanentes e aplicações permanentes. C.D.G. = Passivo Permanente - Ativo Permanente FIGURA 5 – CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO FONTE: Lunelli (2007, p. 77) O capital de giro também é visto como um conceito econômico (financeiro e não uma definição legal), constituindo-se uma fonte de fundos permanente utilizada para financiar a necessidade de capital de giro de uma entidade (LUNELLI, 2007). Percebe-se que “[...] o capital de giro tem participação relevante no desempenho operacional das empresas, cobrindo geralmente mais da metade de seus ativos totais investidos” (ASSAF NETO; SILVA, 2002, p. 13). Lunelli (2007, p. 78) enfatiza que: O capital de giro apresenta-se razoavelmente estável ao longo do tempo. O capital de giro diminui quando a empresa realiza novos investimentos em bens do ativo permanente (aumento dos imobilizados). Todavia, esses investimentos são, em geral, realizados através de "autofinanciamento" (empréstimos a longo prazo, aumento do capital em dinheiro e lucros líquidos) que, por sua vez, aumentam o capital de giro (aumento das fontes permanentes) compensando, aproximadamente, a diminuição provocada pelos novos investimentos. O capital de giro pode ser negativo. Neste caso, as aplicações permanentes são maiores do que as fontes permanentes, significando que a empresa financia parte de seu ativo permanente com fundos de curto prazo. Embora esta condição aumente o risco de insolvência, a empresa poderá se desenvolver, desde que sua necessidade de capital de giro seja também negativa. Em Contabilidade, existe o Capital de Giro Circulante, que seria a diferença do Ativo Circulante e do Passivo Circulante, grupos de contas do Balanço Patrimonial. TÓPICO 2 | FONTES DE RECURSOS EM ATIVO FIXO E CAPITAL DE GIRO 25 CF = PMRE + PMRV - PMPC Esse índice é decomposto na Demonstração conhecida legalmente como Demonstração de Origens e Aplicação, fonte de valiosas informações econômicas da Entidade Contábil. Essa Demonstração, que antes da lei das S/A também já foi chamada de Demonstração de Fundos, pode ser combinada com a Demonstração de Fluxo de Caixa, acrescentando-se informações financeiras de uso gerencial. Os conceitos financeiros e contábeis tiveram sua procedência de pontos clássicos da Economia. O Capital Circulante, sob essa abordagem, é um conceito criado como o oposto do Capital Fixo. Adam Smith e David Ricardo foram pioneiros em estudar este conteúdo de forma científica (LUNELLI, 2007). Assaf Neto e Silva (1995, p. 54) salientam que há necessidade de investimento em giro (NIG), para melhor explicação do ciclo financeiro de uma empresa, significa a diferença entre o Ativo Circulante operacional e o Passivo Circulante operacional. “A NIG é a parte dos investimentos operacionais não financiados pelos respectivos passivos”. Já em relação ao ciclo financeiro, Lunelli (2007) diz que também é chamado de ciclo de caixa, é o tempo decorrido do momento em que a empresa efetua o pagamento das compras de mercadorias aos seus fornecedores até o momento em que ela recebe o valor das vendas efetuadas aos seus clientes. Para Lunelli (2007) o ciclo financeiro pode ser entendido como o prazo médio desde a aquisição da mercadoria até a venda aos clientes. Este fato pode ser denominado de Prazo Médio de Renovação de Estoques (PMRE), adicionado o Prazo Médio do Recebimento das Vendas (PMRV), subtraído o Prazo Médio de Pagamento das Compras (PMPC), assim: FIGURA 6 – CICLO FINANCEIRO (CF) FONTE: Lunelli (2007, p. 78) Um exemplo de Lunelli (2007): • prazo médio de renovação de estoques: 40 dias; • prazo médio de recebimento de vendas: 20 dias; • prazo médio de pagamento de compras: 25 dias; • ciclo financeiro: 40 + 20 – 25 = 35 dias. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À ANÁLISE FINANCEIRA GERENCIAL 26 Para fixar o entendimento, o PMRE pode ser considerado como o tempo médio de estocagem de mercadorias. Já o PMRV expressa o tempo decorrido entre a venda e o recebimento. O PMPC traduz o tempo entre a compra de mercadorias e o pagamento aos fornecedores. Então, o ciclo operacional (CO) tem uma amplitude maior, pois engloba em sua perspectiva desde a data das compras até o recebimento dos créditos de clientes, sem descontar o PMPC. Em síntese, o CF é o período entre o prazo médio de pagamento a fornecedores e o prazo médio de recebimento das vendas. Segundo Hoji (2001, p. 109), “O capital de giro é conhecido também como capital circulante e corresponde aos recursos aplicados em ativos circulantes, que se transformam constantemente dentro do ciclo operacional”. Este componente é essencial para a administração financeira, devido à necessidade de uma entidade recuperar todos os custos e despesas (inclusive financeiras) incorridos no ciclo operacional e obter, assim, o lucro desejado, por meio da venda do produto ou prestação do serviço. O Ciclo Operacional (CO) pode ser apresentado da seguinte forma: FIGURA 7 – CICLO OPERACIONAL FONTE: Lunelli (2007, p. 79) CO = PMRE + PMRV O CO é entendido como o período entre a data da compra da mercadoria e a data do pagamento efetivo depois de sua venda. Um exemplo de Lunelli: • prazo médio de renovação de estoques: 40 dias; • prazo médio de recebimento de vendas: 20 dias; • ciclo operacional: 40 + 20 = 60 dias. Lunelli (2007, p. 79) reforça que se pode inferir que o ciclo operacional é o momento em que: [...] são investidos recursos nas operações, sem que ocorram entradas de caixa correspondentes. Parte desse capital de giro é financiada pelos fornecedores que concederam prazo para pagamento (PMPC). Até o momento do pagamento aos fornecedores, a empresa não precisa se preocupar com o financiamento, que é automático. Se o PMPC for superior ao PMRE, então os fornecedores estarão financiando também TÓPICO 2 | FONTES DE RECURSOS EM ATIVO FIXO E CAPITAL DE GIRO 27 uma parte das vendas da empresa. O ideal seria que o PMPC fosse maior ou igual à soma de PMRE e PMRV, quando os fornecedores financiariam completamente o ciclo operacional, mas tal situação é muito difícil de se obter. Após o pagamento a fornecedores, a empresa terá que financiar as operações com seu próprio capital de giro, uma vez que o numerário destinado aos fornecedores, que estava sendo utilizado na manutenção das atividades, já terá sido pago. O período em que ela efetua este financiamento com recursos próprios é justamente o ciclo financeiro da empresa. O capital de giro é o montante de recursos necessários à manutenção das atividades operacionais da empresa, enquanto não ocorre o recebimento das vendas. Note que, quanto maior o ciclo financeiro da empresa, maior será a necessidade de capital de giro. Imagine-se que haja necessidade de operar sem recebimento de clientes por um período de 3 meses, e que o capital de giro necessário para um mês seja de 25.000. Neste caso, precisaríamos de 75.000 para financiar nossas operações, antes dos primeiros recebimentos. Uma maneira de entender a necessidade de capitalde giro durante os ciclos financeiro e operacional é lembrar que durante este período a empresa continua tendo que cumprir outras obrigações, como pagamento de salários, impostos etc. Assim, enquanto não ocorre o recebimento de clientes, estas despesas terão que ser honradas, seja pelo uso de recursos operacionais de terceiros, durante o PMPC, seja pelo uso de recursos operacionais próprios, durante o ciclo financeiro. Percebe-se que foram considerados somente os recursos gerados pelas operações (fornecedores e recebimento de clientes), sem levar em conta recursos que podem ser obtidos no sistema financeiro, como os empréstimos, por exemplo. Para tanto é muito importante conhecer o cálculo da necessidade de capital de giro. 2.2.1 Cálculo da necessidade de capital de giro Conforme Matarazzo (2003, p. 338), a necessidade de capital de giro (NCG) é dada pela diferença entre o ativo circulante operacional e o passivo circulante operacional das empresas. Assaf Neto e Silva (2002, p. 64) ressaltam que, além da influência do ciclo financeiro e operacional, o volume de vendas também é considerado um fator primordial na análise da NCG. Algumas contas, de acordo com Lunelli (2007), do Ativo Circulante (AC) e do Passivo Circulante (PC) se renovam de forma cíclica, em consonância com as operações de uma entidade. Então, as contas do AC com esta característica são denominadas de aplicações (aplicações de recursos) cíclicas e as do PC, de fontes (fontes de recursos) cíclicas. São chamadas também de Ativo Circulante Operacional (ACO) e Passivo Circulante Operacional (PCO), respectivamente, justamente por esta característica de renovação de saldos, no decorrer da atividade operacional. O exemplo típico de fonte cíclica (operacional) são os fornecedores. O exemplo típico de aplicação cíclica são os clientes e os estoques. A necessidade de capital de giro (NCG) é a diferença entre as aplicações cíclicas (AC) e as fontes cíclicas (FC). UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À ANÁLISE FINANCEIRA GERENCIAL 28 NOG = Aplicações Cíclicas - Fontes Cíclicas FIGURA 8 – NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO FONTE: Lunelli (2007, p. 80) São aplicações cíclicas (AC) e fontes cíclicas (FC) típicas: • AC: Clientes, Estoques e Despesas Antecipadas (AC Operacional) • FC: Fornecedores, Salários a Pagar, Impostos e Taxas a Pagar (PC Operacional) A necessidade de capital de giro (NCG) mostra o montante de recursos que é preciso para se manter o giro dos negócios, devido à insuficiência das fontes operacionais. Havendo insuficiência de FC, em relação às AC, a empresa terá que buscar novas fontes de financiamento para continuar operando. Estas novas fontes serão as fontes do sistema financeiro, como veremos à frente. (LUNELLI, 2007). De acordo com Assaf Neto e Silva (2002, p. 62-63): O ativo circulante operacional é composto de valores que mantêm estreita relação com a atividade operacional da empresa. Estes elementos são diretamente influenciados pelo volume de negócios (produção e vendas) e características das fases do ciclo operacional (condições de recebimentos das vendas e dos pagamentos a fornecedores, prazo de estocagem etc.). O passivo circulante operacional representa as obrigações de curto prazo identificadas diretamente com o ciclo operacional da empresa. As características de formação dessas contas são similares às do ativo circulante operacional definido anteriormente, representando as dívidas de funcionamento (operacionais) da empresa. Embora incomum, existe a possibilidade de se ter AC = FC ou mesmo AC < FC. Nestes casos, não haverá necessidade de a entidade buscar outras fontes de financiamento para suas operações. A necessidade de capital de giro (NCG) pode ser calculada pela utilização dos saldos das contas cíclicas, constantes do Balanço Patrimonial, conforme a definição acima. (LUNELLI, 2007). 2.2.2 Capital de giro e tesouraria Fleuriet, Kehdy e Blane (2003, p. 13) definem o saldo de tesouraria como: “a diferença entre o ativo e o passivo erráticos”. Apenas para exemplificar, a conta disponível/caixa é considerada como ativo errático e as contas empréstimos de curto prazo e pagamento de Imposto de Renda como passivo errático. Ou busca- TÓPICO 2 | FONTES DE RECURSOS EM ATIVO FIXO E CAPITAL DE GIRO 29 Saldo em Tesouraria = Ativo Circulante Financeiro - Passivo Circulante Financeiro AC = AC Operacional (cíclico) + AC Financeiro (errático) PC = PC Operacional (cíclico) + PC Financeiro (errático) se o conceito de saldo de tesouraria (T). O saldo de tesouraria é a diferença entre as contas do ativo circulante e do passivo circulante que não guardam relação com a atividade operacional da empresa. Estas contas compõem o AC financeiro e o PC financeiro (LUNELLI, 2007). FIGURA 9 – SALDO EM TESOURARIA FONTE: Lunelli (2007, p. 81) São exemplos de ativo circulante financeiro (ACF) e passivo circulante financeiro (PCF): ACF: caixa, bancos, aplicações financeiras etc. PCF: empréstimos bancários, financiamentos etc. Para Lunelli (2007) o ACF e o PCF também são chamados de AC e PC erráticos, justamente pelo fato de as variações dos saldos de suas contas não guardarem relação com as atividades operacionais, como ocorre com as contas cíclicas. Assim, é correto dizer que o saldo de tesouraria é a diferença entre o Ativo Circulante errático e o Passivo Circulante errático. FIGURA 10 – SALDO EM TESOURARIA FONTE: Lunelli (2007, p. 81) Se o saldo de tesouraria for positivo (folga financeira), haverá disponibilidade de recursos para financiar a NCG. Sendo negativo ou insuficiente o saldo de tesouraria, a empresa necessitará de mais recursos a curto prazo (empréstimos) para financiar suas operações. “Isto poderá levar a empresa a uma situação de insolvência, com consequente falência.” (LUNELLI, 2007, p. 81). UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À ANÁLISE FINANCEIRA GERENCIAL 30 2.2.3 Efeito tesoura Para Rasoto (2003) o efeito tesoura ou overtrade acontece quando uma empresa expande significativamente o nível de operações e vendas, sem suporte de recursos para o aumento da necessidade de capital de giro. Empresas que têm tesouraria negativa precisam tomar recursos em curto prazo, no qual as taxas de juros são restritivas. O resultado é um aumento descontrolado de despesas financeiras, que poderá comprometer toda a organização e levar a um estudo pré-falimentar ou mesmo a um fechamento, se a situação não for entendida e replanejada. Para Lunelli (2007, p. 81) o efeito tesoura acontece quando a empresa expande demasiadamente suas vendas, sem que o capital de giro disponível cresça na mesma proporção. O crescimento das vendas faz com que a NCG aumente também. Se não existir o suporte de capital de giro (saldo de tesouraria) necessário à manutenção deste patamar operacional, o crescimento de juros poderá deixar a empresa em dificuldades financeiras, podendo mesmo levá-la à falência. Se uma empresa nesta situação tem um saldo de tesouraria insuficiente ou negativo, precisará tomar recursos a curto prazo no sistema financeiro, com taxas de juros altas. As despesas financeiras crescerão além do suportável, comprometendo a organização. O efeito tesoura pode ser caracterizado pelo seguinte indicador: FIGURA 11 – EFEITO TESOURA FONTE: Lunelli (2007, p. 81) Se este índice crescer negativamente, em exercícios seguidos, teremos caracterizado o efeito tesoura. Veja o exemplo dado por Lunelli (2007, p. 82): FIGURA 12 – SALDO EM TESOURARIA FONTE: Lunelli (2007, p. 82) Efeito Tesoura = Saldo em Tesouraria / Necessidade de Capital de Giro Ano T NCG T / NCG 2002 500.00 900.00 0,56 2003 (500.00) 1.800,00 (0,28) 2004 (1.300,00) 2.000,00 (0.65) TÓPICO 2 | FONTES DE RECURSOS EM ATIVO FIXO E CAPITAL DE GIRO 31 Se o indicador T/NCG está crescendo negativamente, ao longo dos anos, neste caso a empresa está sofrendo o chamado “efeito tesoura”. Ou seja, está ampliando suas vendas, sem que o capital de giro disponível se desenvolva na mesma proporção. 2.2.4 Overtrading e
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