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Introdução à Macroeconomia

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1 
 
 
 
 
 
Análise de Cenários Econômicos 
 
 
 
Aula 2 
 
 
 
Prof. Joaquim Israel Ribas Pereira 
 
 
 
 
 
 
2 
Conversa Inicial 
Nesta aula, vamos aprofundar nossos estudos sobre a economia, 
concentrando-nos na macroeconomia. Espera-se que, ao final, você saiba 
como é calculado o PIB e quais são os principais agregados que o compõem. 
Vamos apresentar, também, as identidades macroeconômicas básicas, e como 
funciona o balanço de pagamentos. 
 
Contextualizando 
Como explicam Dornbusch, Fischer e Startz (2013, p. 3): 
A macroeconomia está preocupada com o comportamento da economia como um 
todo — com expansões e recessões, produção total de bens e serviços, 
crescimento da produção, taxas de inflação e de desemprego, balanço de 
pagamentos e taxas de câmbio. A macroeconomia lida tanto com o crescimento 
econômico no longo prazo quanto com as flutuações no curto prazo que 
constituem o ciclo econômico. 
A sua vida, a empresa em que você trabalha e seus amigos, são todos 
afetados pelo ambiente macroeconômico. Certamente, você já debateu em 
algum lugar sobre as perspectivas da economia para o próximo ano, ou o 
porquê de o nível de desemprego ter aumentado, ou sobre se o dólar vai cair 
ou subir até o final do ano etc. Ter ciência do que ocorre ao nosso redor é 
fundamental para tomarmos decisões mais racionais, e há um teste simples 
para determinar se você está tomando decisões racionais na sua vida: você 
está fazendo uma poupança com a sua renda? Quantas vezes você pesquisou 
preços de diversos produtos para contornar a inflação? Você já procurou 
opções de investimento? 
Caso tenha respondido algum “não”, pode ficar preocupado: certamente 
você ainda precisa evoluir no que diz respeito às suas decisões econômicas. 
 
Pesquise 
Acesse um dos grandes sites de notícias, procure a seção de economia 
 
 
3 
e teste seus conhecimentos. Veja se você consegue ler uma notícia sobre 
economia brasileira e compreender quais são as consequências que ela 
implica. 
 
Tema 1 – Macroeconomia 
Prezado aluno, nesta aula apresentaremos a você uma visão geral de 
um dos principais objetos de estudo dos economistas: a macroeconomia. Os 
primeiros aspectos que devemos entender a respeito dela são: o que é 
macroeconomia? Qual o objetivo dessa ciência? Como ela é construída? 
Uma definição de macroeconomia afirma que ela é constituída de um 
apanhado de hipóteses que tentam simplificar o mundo complexo e assim 
torná-lo mais fácil de se entender. Vejamos isso de maneira mais simples: 
imagine uma réplica plástica do corpo humano, como aquelas usadas nas 
aulas de Biologia do Ensino Médio. Ela não deixa de ser uma representação 
rudimentar do corpo humano, mas apesar da falta de realismo, ajuda-nos a 
aprender como o organismo funciona. 
A macroeconomia atua da mesma maneira, pois por meio de equações 
e diagramas — que serão apresentados ao longo da disciplina — torna mais 
fácil entender como os agentes da economia reagem a flutuações no 
crescimento econômico, na produção total de bens e serviços, nas taxas de 
inflação e desemprego etc. 
Outro ponto essencial é que o estudo da macroeconomia deve ir além 
dos detalhes ligados ao comportamento dos indivíduos — como famílias ou 
empresas —, os quais são objeto de estudo da microeconomia. Na 
macroeconomia, lidamos com o mercado como um todo; por exemplo, como 
nações interferem umas sobre as outras, ou como o mercado de ativos 
influencia a inflação. 
Há dois conceitos importantes, com que provavelmente você já se 
deparou, mas que é necessário entender quando se trata de macroeconomia. 
São os conceitos de curto e longo prazos. 
 
 
4 
Devo ser sincero com você, aluno: esses conceitos não são fáceis de 
entender nem mesmo para um economista. Entender em que ponto, no tempo, 
a variável deixa de ser de curto prazo e passa a ser de longo prazo é algo 
relativamente subjetivo, pois não existe uma tabela que nos diga que 254 dias 
no futuro será um período de longo prazo. 
Vejamos como Dornbusch, Fischer e Startz (2013) definem curto e longo 
prazo. 
 Curto prazo – os preços são relativamente fixos, pois alterá-los 
demanda custos que não são aceitáveis naquele momento. E a 
produção é variável, até certo ponto; nunca acima da fronteira da 
possibilidade de produção, seja ela de uma empresa ou de uma 
nação. É no contexto de curto prazo que encontramos o papel mais 
importante para a política macroecômica. 
 
 Longo prazo – a produção depende do capital — máquinas e 
pessoas — e da tecnologia. Portanto, para aumentar a oferta de 
produtos no longo prazo, sejam eles da sua empresa ou de uma 
nação, serão necessários incrementos no capital ou avanços na 
tecnologia, que claramente não são possíveis num curto espaço de 
tempo, isto é, não estarão disponíveis no curto prazo. 
 
Outro conceito importante, intrinsicamente relacionado com o curto e o 
longo prazos, é a Curva de Fronteira de Possibilidade de Produção. Podemos 
considerar essa possibilidade de produção como um produto potencial, que 
somente será possível alterar no longo prazo, por meio de ajustes no montante 
de capital empregado ou por modificações na tecnologia. 
Ficará mais fácil compreender isso por meio de um exemplo: vamos 
imaginar que você seja um artesão que produz esculturas em madeira. Você 
produz duas esculturas, trabalhando 5 horas por dia. Como você poderia 
aumentar sua produção? Teríamos duas respostas possíveis: 
 
 
5 
 Trabalhar 10 horas por dia (seu limite físico não permite mais), 
produzindo, portanto, 4 esculturas. Esse seria seu produto potencial ou 
possibilidade de produção. Seria o máximo que você conseguiria atingir 
no curto prazo. 
 Fazer investimentos em novas ferramentas, novos conhecimentos ou 
diferentes técnicas, permitindo assim que, no longo prazo (dias, meses 
ou anos), você consiga fazer mais esculturas dispendendo o mesmo 
tempo. 
 
Creio que, a esta altura, você já conseguirá entender se, num debate 
entre economistas, um deles disser: “ O crescimento de nossa economia está 
limitado pela falta de investimentos!” ou “Os investimentos só surtirão efeito no 
longo prazo”. 
 Outro aspecto importante, que Mankiw (2005) apresenta-nos como 
essencial para entendermos a postura da política econômica, é saber se 
estamos tratando com uma declaração normativa ou positiva. Veja as duas 
afirmações a seguir: 
 
 Economista 1: A queda da produção causa desemprego. 
 Economista 2: O governo deve aumentar os investimentos. 
 
Podemos entender que a afirmação do economista 1 é do tipo positiva. 
Declarações positivas são descritivas em sua essência, elas nos informam 
sobre como o mercado funciona e, geralmente, qual a relação efeito-causa 
esperada para dada situação. A afirmação do economista 2, por sua vez, é do 
tipo normativa, ou seja, ela indica o que deve ser feito ou, pelo menos, como 
deveria ser feito. 
Uma declaração positiva está relacionada a evidências, em princípio. 
Estas precisam do exame de dados concretos para serem confirmadas. Uma 
forma de confirmar a veracidade de uma afirmação é observar a relação, ao 
 
 
6 
longo do tempo, entre a produção industrial e o nível de emprego na indústria. 
A afirmativa do economista 2 é do tipo normativa, e está mais 
relacionada a uma questão política. Talvez os dados mostrem que um aumento 
nos investimentos via governo não tenha impacto na economia, mas que pela 
visão política — ética e partidária — daquele economista, isso seja necessário. 
Ter em mente a distinção entre afirmativas positivas e normativas é 
sempre necessário.Quando você escutar um economista fazendo declarações 
normativas, sabia que, muitas vezes, ele não está partindo de uma visão 
científica, mas sim de uma postura político-partidária. 
Vamos testar se você entendeu tudo até aqui? Vejamos a manchete 
abaixo, que saiu num jornal econômico de grande circulação: 
 
 “BNDES reduz custo de financiamentos para projetos de infraestrutura” 
(Martins; Rodrigues, 2016). 
 
A primeira pergunta que podemos fazer é: o efeito esperado pelo 
governo é para o curto ou o longo prazo? Certamente é para o longo prazo, 
pois apesar de a política poder ser implementada em poucos dias, o efeito na 
produção só será colhido meses ou anos após os investimentos serem 
finalizados. 
Qual será o efeito para o produto potencial? Se os investimentos se 
realizarem, o produto potencial da economia e das industrias aumentará. A 
declaração do BNDES foi normativa ou positiva? Claramente normativa, uma 
vez que se trata de uma política implementada pelo Banco e pelo governo. 
 
Tema 2 – Principais Agregados Macroeconômicos 
Seguindo a abordagem de Simonsen e Cysne (1985), existem sete 
conceitos básicos para auferir o desempenho real de uma economia. São eles: 
produto, renda, consumo, poupança, investimento, absorção e despesa. Estes 
conceitos são a base da contabilidade nacional e são nomeados como 
 
 
7 
agregados macroeconômicos, pois consideram os resultados da atividade 
econômica como um todo. Vamos tratar de esclarecê-los. 
O produto, como conceito de agregado macroeconômico, afere o valor 
total da produção da economia em determinado período de tempo. No Brasil, a 
responsabilidade pela compilação dos dados é feita pelo Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE), que emite relatório a cada três meses. O 
primeiro cuidado que é tomado no cálculo da produção é evitar a dupla 
contagem, isto é, sempre se contará a produção de produto finais. Vejamos um 
exemplo: o IBGE compila a produção de veículos, não de motores, aço, 
borracha que são insumos utilizados na produção do automóvel. Portanto, o 
IBGE agrupa somente aqueles bens que não foram usados como 
intermediários para produzir outros. 
Por questões metodológicas, muitas vezes não é possível auferir o valor 
do produto final — como ocorre no setor de serviços, por exemplo. Nesse caso, 
o IBGE utiliza o conceito de valor adicionado. Denomina-se valor adicionado à 
diferença entre o produto final e os valores dos produtos intermediários. Por 
consequência, o produto nacional não deixa de ser igual à soma de todos os 
valores adicionados, em dado período de tempo, em todas as unidades 
produtivas do País. 
O cálculo do produto considera somente a produção em determinado 
período de tempo; então, quando falamos no produto de 2010, estamos 
considerando a soma de todos os produtos finais produzidos no ano de 2010. 
Você notará, com base nessa informação, que a compra de bens usados, 
como imóveis, não aumentará o produto nacional. 
Para entendermos o agregado macroeconômico renda, precisamos 
previamente entender o que significa “fatores de produção”. Para produzir bens 
e serviços, as empresas precisam de recursos e insumos. Estes podem ser 
matéria-prima, mão de obra, máquinas, ferramentas, tecnologia etc. Esses 
recursos são denominados fatores de produção. 
Como sabemos que nada é de graça, todos os fatores são vendidos no 
 
 
8 
mercado. Exemplo de matéria-prima são as commodities, que são negociadas 
nos mercados internacionais. A mão de obra é remunerada com base nos 
salários, e as máquinas, com base nos aluguéis. 
Em síntese, no agregado renda incluem-se os salários (remuneração 
pela mão de obra ofertada), os juros (remuneração pelo capital de 
empréstimos) os lucros (remuneração pelo capital físico aplicado) e os 
aluguéis. 
Por fim, podemos definir que renda é o somatório das remunerações de 
todos os fatores de produção (salário + lucros + juros + aluguéis) pagas aos 
agentes de uma economia durante certo período de tempo. 
Segundo Simonsen e Cysne (1985), o agregado consumo é o valor total 
dos serviços e bens adquiridos pelos indivíduos. O consumo é dividido em dois 
tipos: consumo das famílias e consumo do governo. 
O consumo das famílias ou consumo pessoal é o montante adquirido 
voluntariamente pelos indivíduos no mercado. O consumo do governo, por sua 
vez, são os bens e serviços de uso coletivo postos à disposição das famílias e 
empresas pelo setor público, como policiamento, educação, justiça etc., 
sempre de maneira gratuita. 
Note que construção de rodovias e outros gastos em infraestrutura não 
são considerados como consumo do governo. Os aumentos no estoque físico 
de capital (construção de rodovias, hidroelétricas, compra de equipamentos) 
serão considerados investimentos. Investimento está relacionado diretamente 
ao conceito de poupança, pois só podemos investir aquela parte da renda que 
não consumimos, ou seja, que poupamos. 
O investimento bruto também é conhecido como formação bruta de 
capital, e destina-se, além da compra de equipamentos e dos gastos em 
infraestrutura, a repor a retirada de circulação de equipamentos e instalações, 
por desgaste e obsolescência. Portanto, investimento bruto é igual a 
investimento líquido mais os gastos em depreciações. 
Poupança é definida como a renda não consumida. Nesse caso, temos 
 
 
9 
três tipos de poupança: poupança privada; poupança do governo e poupança 
externa ou do resto do mundo. 
Como já vimos, a poupança privada é a diferença entre a renda que as 
famílias angariaram, menos o que elas gastaram com consumo. Quanto à 
poupança do governo, é tudo que o governo obteve por meio de impostos e 
outras receitas, menos o que gastou. 
Note que quanto maior a poupança, maior o investimento. Portanto, 
podemos ter a situação de um governo que é poupador, mas deficitário no 
orçamento. Por quê? Isso pode acontecer porque o conceito de poupança 
depende de quanto o governo deixou de gastar, sem incluir as despesas a 
título de investimentos. 
Para entender a poupança externa, você deve prestar bastante atenção, 
pois a referência é sempre o resto do mundo. Assim, quando a poupança 
externa é positiva, quer dizer que o resto do mundo obteve uma poupança 
positiva em relação às transações econômicas com o Brasil. Em outras 
palavras, se o Brasil gastou mais em importações do que ganhou com as 
exportações, gerou poupança externa positiva. Se, por outro lado, em algum 
ano o Brasil conseguiu exportar mais do que importar, gerou assim poupança 
externa negativa. 
Citamos exportações e importações e bens e serviços, mas, como 
falamos em despesas, é necessário esclarecer que estas podem se tratar de 
salários + aluguel + lucros + juros enviados ao exterior. 
Uma vez entendidos os conceitos de consumo e investimento, pode-se 
compreender que o de absorção é definido como a soma do consumo mais o 
investimento. Trata-se, portanto, do valor dos bens e serviços que a sociedade 
absorve em certo período, para consumo de seus indivíduos e/ou governo ou 
para o aumento do estoque de capital. 
Numa economia fechada, isto é, que não faça negócios com o exterior, a 
absorção coincide com o produto. Se a economia exporta mais bens ou 
serviços do que importa, parte da produção total não é absorvida pelo país, e 
 
 
10 
sim pelo exterior. 
Por fim, o conceito de despesa agrupa a absorção interna mais o saldo 
das exportações sobre importações de bens e serviços. Portanto, despesa é 
igual a consumo + investimento + (exportações - importações). 
Em síntese, esses são os principais conceitos da contabilidade nacional. 
Espero que você os tenha entendido,pois eles serão fundamentais para 
compreender os próximos temas. 
 
Tema 3 – Identidades Macroeconômicas Básicas 
Vamos iniciar este tema por uma das identidades fundamentais da 
contabilidade nacional, e que servirá de base para um vasto conhecimento que 
ainda será apresentado em nossas aulas. 
 
PRODUTO (P) ≡ RENDA (R) ≡ DESPESA 
 
O símbolo “≡” indica identidade. Trata-se, portanto, de uma tautologia, 
isto é, dela deriva uma afirmação que é sempre verdadeira. 
 A identidade Produto ≡ Renda resulta de que a adição de valores, em 
cada etapa do processo de produção, corresponde exatamente à remuneração 
dos fatores (salário, juros, lucros, aluguéis). Lembre-se que estamos tratando 
de uma economia com a participação do governo e interligada com o resto do 
mundo e, portanto, estamos levando em consideração que a produção pode 
remunerar salários nacionais, mas também estrangeiros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
Figura 1 – O fluxo circular da Renda 
 
Fonte: Entendendo como as coisas funcionam, 2016. 
 
Podemos entender produto, renda e despesa como um grande fluxo, no 
qual o produto remunera seus fatores (salários, insumos etc.), que, somados, 
representam a renda agregada. A renda, por sua vez, só pode ser convertida 
em despesa, sendo esta dividida em consumo, investimento ou gasto no 
exterior. 
A segunda identidade que nos interessa tratar aqui é: 
 
Poupança (S) ≡ Investimento (I) 
 
Consideremos, num primeiro momento, uma economia sem governo 
(sem G) e fechada para o comércio internacional, ou seja, sem exportações (X) 
e importações (M). Nesse caso, a produção de bens finais (P) só teria duas 
finalidades: ou ela seria consumida pelas famílias (C); ou teria a finalidade de 
investimento (I). Assim: 
 
P ≡ C + I 
 
A Renda (R), nesse caso, tem somente duas utilizações: ou é 
consumida (C) ou vira poupança (S). Logo: 
 
R ≡ C + S 
 
 
12 
 
Como, porém, P ≡ R, teremos: 
 
C + I ≡ C + S 
I ≡ S 
 
Esta equação mostra que, numa economia simples, o investimento é 
idêntico à poupança. Como podemos interpretar essa relação? Em uma 
economia simples, a única forma de os investidores financiarem suas 
aplicações é tomar emprestado de indivíduos que poupam (Dornbusch, Fischer 
e Startz, 2013). 
Como isso afeta a economia? Você já deve ter lido em algum texto que o 
baixo nível de poupança no Brasil torna mais difícil aumentar o nível de 
investimentos. 
Vamos, então, integrar às equações o governo e o setor externo. As 
compras de bens e serviços do governo são indicadas por G, as exportações 
por X e a importações por M. Com esses elementos, chegamos à equação 
fundamental da Contabilidade Nacional: 
 
P ≡ C + I + G + (X-M) 
 
Essa é uma das equações mais importantes da economia: em síntese, é 
a definição do Produto Interno Bruto (PIB). A equação indica que o produto de 
toda a economia é a totalidade do que foi consumido, mais o que foi investido, 
somados aos gastos do governo e ao saldo da balança comercial. 
Peço que, a partir de agora, sempre que você se deparar com alguma 
notícia sobre o crescimento do PIB, note que esses componentes — consumo, 
investimento, gastos do governo e balança comercial — estarão presentes. 
E como fica a poupança com a introdução do setor externo? A poupança 
interna é, basicamente, a diferença entre a remuneração e o que foi 
 
 
13 
consumido, ou seja, P = R – C. Quanto à poupança externa, você deve lembrar 
que, no tema anterior, já vimos sua definição: é a diferença entre as 
importações e as exportações. 
Portanto: 
 
Poupança = Poupança Interna + Poupança Externa 
 
Como Investimento é idêntico a Poupança, logo: 
 
Investimento ≡ Poupança Interna + Poupança Externa 
 
 Isso indica que, caso a poupança interna seja menor que os 
valores dos investimentos, quem irá financiá-los será o setor externo. Existem 
discussões no âmbito da economia sobre qual o papel do setor externo nos 
investimentos nacionais, e se isso causa vulnerabilidade na economia. Não nos 
cabe aqui apresentar essa discussão, mas apenas ressalvar que esses tópicos 
são extremamente importantes para a economia. 
 
Tema 4 – Sistema de Contas Nacionais 
Como explicam Simonsen e Cysne (1985), a contabilidade nacional ou o 
sistema de contas nacionais procura representar o desempenho real de uma 
economia, ou seja, informar da maneira mais precisa os montantes contábeis 
que circularam naquela economia em dado período. Por se tratar de um 
sistema de contas, é necessário que este obedeça a pelo menos dois 
princípios: 
 O do equilíbrio interno de cada conta, em que o total dos débitos deve 
igualar o total dos créditos; 
 O do equilíbrio externo do sistema, no qual um lançamento devedor 
deve ter um correspondente igual em crédito em outra conta. 
Se você já possui conhecimentos contábeis, deve ter percebido que o 
 
 
14 
sistema nacional de contas segue os princípios gerais da contabilidade, 
baseados no sistema de partidas dobradas. 
Se você entendeu esses princípios, provavelmente ficou mais claro o 
motivo da identidade da equação: PRODUTO ≡ RENDA ≡ DESPESA. 
Consequentemente, verá que é possível calcular o valor do PIB por três 
caminhos diferentes: pela ótica do produto, pela ótica da renda e pela ótica da 
despesa. 
Pela ótica do produto, podemos calcular o PIB como sendo o valor total 
dos bens e serviços finais — sem bens intermediários — produzidos no país 
em determinado período. Outra forma de fazer isso seria não considerar os 
valores dos produtos finais, mas somente os valores adicionados em cada 
processo de produção. Para entender melhor, imagine o seguinte exemplo: um 
país que possua uma fazenda de cana-de-açúcar que produza um valor total 
de 1000 reais. Essa fazenda vende toda a sua cana para uma refinaria, que, 
por sua vez, produz açúcar no valor total de 2000 reais. A refinaria vende toda 
a produção do açúcar ao atacadista. Por fim, o atacadista vende todo o açúcar 
por 3000 reais. 
Observe a Tabela 1 para compreender a forma de cálculo do PIB: 
 
Tabela 1 – Como se calcula o PIB 
 
 Valor Total Bruto 
(VTB) 
Consumo Intermediário 
(CI) 
Valor Adicionado 
(VTB – CI) 
Fazenda (cana) 1000 1000 
Refinaria de açúcar 2000 1000 1000 
Atacadista de açúcar 3000 2000 1000 
Total 6000 3000 3000 
 
Note que podemos calcular o PIB somente pelo valor do bem final 
(Açúcar = 3000) ou pelos valores adicionais ao longo da cadeia (1000 + 1000 + 
1000 = 3000). 
 
 
15 
Pela ótica da renda, o PIB será calculado pela soma dos salários + 
aluguéis + juros + lucros. 
O cálculo pela ótica da despesa remete à fórmula já apresentada: 
 
PIBpm = C + I + G + (X-M) 
 
Ou seja, o PIB será a soma do consumo + investimentos + gastos do 
governo + saldo da balança comercial. Você deve ter notado que eu grafei 
PIBpm, que indica o produto interno bruto a preços de mercado. Este é o 
conceito mais importante desse produto, que usualmente é conhecido 
unicamente por PIB. 
Se, por acaso, retirarmos os impostos indiretos, que são aqueles que o 
consumidor final paga, como o IPI, e os subsídios oferecidos pelo governo, 
chegaremos ao PIBcf (Produto Interno Bruto a Custo dos Fatores). 
Qual a utilidade desse conceito? Calcular o produto de modo a corrigir, 
em parte, a influência do governo. Imagine por um momento que um governo 
gastou demasiadamente em subsídios naquele ano. É certo que o PIBpm terá 
valor inflado ou bem superior ao do PIBcf. 
Até o momento, você deve ter notado, ainda não falamos do efeito da 
inflação no cálculo do PIB. De fato, sótratamos do chamado PIB nominal, que 
sempre é calculado com base nos preços correntes do ano ao qual ele se 
refere. Desta forma, para calcularmos o PIB nominal de um ano qualquer, 
basta multiplicarmos as quantidades dos bens produzidos nesse ano pelos 
seus preços correspondentes, ou seja, PIB nominal = Quantidade x Preços 
correntes. 
Mas, então, como é feito o cálculo do PIB real? Como o nosso problema 
é o efeito da inflação, não devemos levar em consideração as variações de 
preço. 
Vamos supor uma economia que produza somente dois bens (P1 e P2). 
Vejamos a tabela seguinte, que indica os preços e a quantidade produzida de 
 
 
16 
cada bem, para entendermos como é feito o cálculo do PIB real. 
 
Tabela 2 – Como se calcula-o PIB REAL e o PIB NOMINAL 
 
 Preço 
P1 
Quantidade P1 Preço 
P2 
Quantidade P2 PIB 
NOMINAL 
PIB REAL 
2014 10 100 20 200 5000 - 
2015 15 120 22 250 7300 6200 
 
O PIB real de 2015 é calculado tomando-se a quantidade produzida 
nesse ano, mas multiplicada pelos preços de algum ano-base; neste caso, 
2014. Os cálculos foram feitos da seguinte forma: 
 
PIB real de 2015 = 10 x 120 + 20 x 250 = 6200 
 
Vemos que a variação da economia, sem os efeitos inflacionários, foi de 
24% de crescimento (6200/5000). Se estivéssemos considerando somente o 
PIB nominal, teríamos 46% de aumento. Apesar de este ser um exemplo bem 
simples, ele tem por objetivo mostrar que devemos levar em consideração a 
inflação quando estamos tratando de resultados nominais na economia. 
Aproveitando os dados apresentados, podemos apresentar outro 
importante conceito, o deflator implícito do PIB. Se tomarmos o valor de 7300 e 
dividirmos pelo valor real encontrado, de 6200, obteremos o deflator implícito 
do PIB para o ano de 2015. Neste caso, ele será de 1,17 (7300/6200) ou, 
simplesmente, 17%. 
Portanto, em poucas palavras, o deflator implícito do PIB permite-nos 
aferir qual foi a inflação ao longo de um período. Neste caso, o nível geral de 
preços — ou inflação — aumentou, em média, 17%. 
Trataremos sobre a inflação e os vários índices existentes no mercado 
em outra aula, mas o que deve ser aprendido neste momento é a qualidade do 
deflator como medida de inflação, principalmente pela sua amplitude, dado que 
 
 
17 
leva em consideração toda a gama de bens da economia. 
Em suma, o que esperamos, ao fim desse tema, é que você tenha em 
mente os elementos que constituem o cálculo do PIB, e entenda que este pode 
ser calculado sob três óticas diferentes. Além disso, que você também 
compreenda a diferença entre o produto nominal e o real, o PIB a preços de 
mercado e a custo de fatores, e como o deflator funciona como medida de 
inflação da economia como um todo. 
 
Tema 5 – Balanço de Pagamentos 
A instituição responsável pela elaboração e divulgação do Balanço de 
Pagamentos (BP) é o Banco Central do Brasil (BACEN). Segundo definição do 
BACEN, o balanço de pagamentos é o registro estatístico de todas as 
transações, fluxo de bens e valores, entre os residentes de uma economia e o 
restante do mundo. O balanço segue determinantes estabelecidos pelo Fundo 
Monetário Internacional. 
Segundo Paulani e Braga (2000), residentes são aquelas pessoas, 
físicas ou jurídicas, que tenham este país como seu principal centro de 
interesse. Por exemplo, se por acaso um espanhol passar alguns meses no 
Brasil, a trabalho ou turismo, mesmo que ele tenha residido no Brasil nesse 
período, seu centro de interesse continuou sendo a Espanha. 
Vamos apresentar uma estrutura simplificada do Balanço de 
Pagamentos, pois esse é um ponto do qual não temos como escapar: nós 
precisamos saber montar o balanço de pagamentos. Eu recomendaria, a 
propósito, que você copiasse o esquema do balanço de pagamentos repetidas 
vezes numa folha de caderno. 
 
 
 
18 
Quadro 1 – Formato do Balanço de Pagamentos 
 
Balanço de Pagamentos 
Balança Comercial (BC) 
Exportações 
Importações 
Balança de Serviços (BS) 
Transportes 
Viagens Internacionais 
Seguros 
Royalties e licenças 
Outros 
Balança de Rendas (BR) 
Remuneração, salários 
Rendas de investimento (lucros, dividendos, juros) 
Transferências Unilaterais (TUC) 
Saldo em conta Corrente/Transações correntes (TC) 
TC = A + B + C + D 
Conta Capital e Financeira (CCF) 
CONTA CAPITAL 
CONTA FINANCEIRA 
Investimentos Diretos 
Investimentos em Carteira 
Derivativos 
Outros investimentos 
Erros e Omissões (EO) 
Saldo do Balanço de Pagamento (BP) 
BP = E + F + G 
Haveres Internacionais ou Variação das Reservas Internacionais 
VRI = - H 
Fonte: Brasil, 2016. 
 
Vamos apresentar, de forma resumida, a definição de cada item do BP, 
e, ao final, mostraremos exemplos de lançamentos contábeis. 
 
 
 
19 
 Balança Comercial (BC) – como já vimos anteriormente, neste item são 
contabilizados os valores de exportações e importações de bens. Não 
levamos em conta custos de fretes e seguros, pois estes são 
caracterizados como serviços. Quando as exportações superam as 
importações, temos um superávit da Balança Comercial; caso contrário, 
temos um déficit. 
 Balança de Serviços (BS) – nessa conta são levados em consideração 
as transações com serviços; por exemplo, os gastos de não residentes 
com turismo dentro do país. 
 Balança de Renda (BR) – você deve lembrar que a renda está 
relacionada ao pagamento de fatores, como lucros, juros, salários — 
com exceção dos aluguéis, que foram consideradas na atualização 
metodológica como serviços. Um exemplo de lançamento nessa conta 
seria: o envio de lucros de uma filial para sua matriz, ou a contratação, 
por um residente, de um web designer residente nos Estados Unidos. 
 Transferências Unilaterais (TUC) –nessa conta são registradas as 
transações internacionais que não envolvem nenhum tipo de 
contrapartida. Por exemplo: doações para países em guerra, 
transferência de heranças, pagamento de pensões a nacionais residindo 
no exterior. 
 Saldo de Transações Correntes (TC) – também conhecido como saldo 
em conta corrente, essa conta é o somatório dos saldos da balança 
comercial, da balança de serviços, da balança de rendas e das 
transferências unilaterais. 
Quando o Saldo de Transações Correntes registra déficit, isso significa 
que o resto do mundo gerou aquilo que vimos no Tema 2: poupança externa. 
Assim, temos que: 
 
Sext = - TC 
 
 
 
20 
Quando você lê nos jornais alguma matéria sobre balança de 
pagamentos, pode ver que é bastante comum o uso da nomenclatura passivo 
externo líquido para se referir a poupança externa ou déficit em transações 
correntes. 
Na conta capital são levadas em consideração as transferências 
unilaterais de capital, isto é, transferências de ativos fixos e transferências de 
fundos financeiros vinculados à aquisição de ativos. Como exemplo 
poderíamos citar uma pessoa que se muda para os Estados Unidos e leva 
consigo seus ativos. Temos que levar em conta que se trata de uma 
transferência unilateral e, portanto, terá lançamento contábil único no balanço 
de pagamentos. 
Outro tipo de conta, a financeira, é baseada na aquisição e venda de 
ativos intangíveis, como pagamentos por patentes e marcas. A conta 
financeira, antigamente conhecida por conta movimento de capitais autônomos, 
registra os capitais que entram e saem do país. Os capitais que adentram o 
país são considerados receitas, enquanto os capitais que saem são 
considerados despesas. 
Os capitais são divididos em investimentos diretos, investimentos em 
carteira, derivativos e outros investimentos. Os investimentos diretos sãoaqueles em que existe a compra ou reinvestimento de capital em entidades 
fixadas em outro país. Exemplo disso ocorre quando uma empresa brasileira 
decide comprar parte de uma empresa estrangeira, ou quando decide abrir 
uma filial em outro país da América Latina. Os investimentos em carteira, por 
sua vez, referem-se às transações que comumente ocorrem em mercados 
secundários. Como exemplo, temos a compra de ações de uma empresa 
estrangeira. Nos outros investimentos são somadas as operações de crédito e 
empréstimo, operações com o FMI e outros organismos internacionais. 
Na conta erros e omissões serão somados os ajustes necessários para 
equilibrar o balanço de pagamentos. Como estamos tratando da contabilidade 
de um país, é natural que erros aconteçam, impedindo que o saldo do balanço 
 
 
21 
de pagamentos se iguale às variações nas reservas internacionais. 
O Saldo do Balanço de Pagamentos é a soma de todas as contas vistas 
até o momento. Quando o saldo no BP fecha de modo positivo, isso implica 
que houve aumento de meios de pagamento internacionais disponíveis no país; 
quando o fechamento é negativo, há redução dos meios disponíveis. As 
variações do BP refletem-se diretamente no câmbio, ou seja, um país que 
vendeu bens e serviços, recebeu investimentos e transferências de capital, terá 
o câmbio valorizado em relação à moeda estrangeira. 
Por fim, o saldo da variação das reservas internacionais sempre será 
igual, mas com sinal trocado, ao saldo do balanço de pagamentos. Portanto 
quando o Saldo do BP é negativo, esse déficit deve ser compensado com a 
entrada de meios de pagamento via reservas internacionais. As reservas 
internacionais podem ser compostas por moeda estrangeira, ouro, títulos 
externos e reservas no FMI. 
Vejamos alguns exemplos de lançamentos para que você possa 
compreender melhor como funciona o Balanço de Pagamentos. A sistemática, 
em geral, funciona da seguinte forma: fazemos inicialmente o lançamento na 
conta do fato gerador, e sua contrapartida, na maioria das vezes, na conta de 
Haveres internacionais. 
 
Exemplo 1 
Uma empresa brasileira exporta mercadorias no valor de 100. 
Portanto, será um lançamento no crédito em exportação = +100. 
Sua contrapartida será lançada na conta Haveres Internacionais = -100. 
O débito, no valor de -100, na conta reservas internacionais indica que 
houve aumento das reservas. 
 
Exemplo 2 
Importação de insumos para a indústria, pagos à vista, no valor de 50. 
Lançamento na conta importações: – 50. 
 
 
22 
Sua contrapartida é lançada na conta Haveres Internacionais: +50. 
 
Exemplo 3 
Gasto de brasileiro com turismo no valor de 5. 
Lançamento na balança de serviços (viagens): -5 
Contrapartida na conta Haveres Internacionais: +5 
 
Exemplo 4 
Importação feita a prazo no valor de 100, de modo que é o resto do 
mundo quem a está financiando. 
Lançamento como importações, como no caso anterior: -100. 
Mas, como a importação foi feita a prazo e, portanto, não houve 
alteração nas reservas internacionais, o lançamento deve ser feito na Conta 
Financeira, como empréstimo: +100. 
 
Exemplo 5 
Um país faz donativos de remédios ao Brasil no valor de 25. 
Lançamento como importações de bens; -25. 
Contrapartida na conta Transferências Unilaterais: +25. 
 
Esperamos que, ao chegar ao fim deste tema, você tenha entendido 
melhor como funciona um Balanço de Pagamentos e possa compreender a 
situação da economia quando observar, por exemplo, uma piora nas 
exportações, como ela irá afetar as transações correntes e o que será 
necessário para manter o equilíbrio do Balanço de Pagamentos. 
 
Trocando Ideias 
Veja esta notícia de 2008, e discuta quais os possíveis motivos do ex-
ministro Guido Mantega para acreditar que um crescimento de 5,4% não 
condizia com o conceito de PIB potencial — limite a Curva de Fronteira de 
 
 
23 
Possibilidade de Produção. 
http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,mantega-diz-que-pib-de-5-4-
derruba-mito-do-pib-potencial,138892 
 
Na Prática 
Imagine que você é um consultor e que um cliente estrangeiro o procura 
querendo investir no Brasil. Ele deseja saber qual foi o comportamento do PIB 
nos últimos dois anos e também o da inflação. Como o seu cliente possui uma 
empresa de importação, ele deseja saber também qual foi o comportamento 
das exportações e importações no Brasil. 
Produza um relatório apresentando os dados solicitados e, se possível, 
confeccione gráficos. 
 
Protocolo de Resolução da Situação Proposta 
Leia o caso acima e, com base no conteúdo e nos materiais já 
apresentados nesta aula, analise as questões propostas abaixo, buscando 
ampliar seu conhecimento: 
 
1) Procure os dados do PIB no site do IBGE. Procure, via sistema Sidra 
IBGE, por PIB a preços de mercado, na seção de Contas Nacionais. 
2) Os dados de comércio exterior podem ser encontrados na seção de 
estatísticas de comércio exterior (DEAEX), no site do Ministério de 
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Internacional . 
3) Tabule os dados por meio do Excel e, se possível, crie gráficos. 
4) Apresente os resultados de forma concisa. 
 
Resolução do Caso 
Podemos começar apresentando os resultados da balança comercial, 
conforme o gráfico a seguir. 
 
 
 
24 
Figura 2 – Gráfico dos resultados da balança comercial 
 
 
Podemos notar que as importações, durante boa parte do tempo, 
mantiveram-se abaixo das exportações, portanto gerando saldo positivo na 
balança comercial. Notamos que, no período pós-2001, esse saldo foi bem 
significante. Por fim, notamos que no período entre 2014 e 2015 tanto 
importações como exportações caíram, mas ainda assim as exportações 
ficaram acima das importações. 
 
 -
 50.000.000.000
 100.000.000.000
 150.000.000.000
 200.000.000.000
 250.000.000.000
 300.000.000.000
1
9
8
9
1
9
9
0
1
9
9
1
1
9
9
2
1
9
9
3
1
9
9
4
1
9
9
5
1
9
9
6
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
2
0
0
3
2
0
0
4
2
0
0
5
2
0
0
6
2
0
0
7
2
0
0
8
2
0
0
9
2
0
1
0
2
0
1
1
2
0
1
2
2
0
1
3
2
0
1
4
2
0
1
5
US$ FOB EXP
US$ FOB IMP
 
 
25 
Figura 2 – Gráfico da taxa de crescimento trimestral do PIB 
 
 
 
O segundo gráfico indica a taxa de crescimento trimestral do PIB em 
relação ao mesmo período do ano anterior. Vemos uma retração em 2008 e 
2009, mas bons índices de crescimento no período de 2004 a 2008, os quais 
se repetiram em 2010 e 2011. Porém, há uma forte retração nos períodos de 
2014 e 2015, coincidindo com a retração das exportações e importações 
demonstradas no gráfico anterior. 
De maneira geral, saber coletar esses dados, compilá-los e, por fim, 
apresentá-los é um grande avanço. Espero que você tenha chegado a 
resultados semelhantes. 
 
Síntese 
Ao final dessa aula, creio que você já conseguirá explicar as diferenças 
entre o curto e o longo prazo na economia, e como isso está intrinsicamente 
relacionado à Curva de Possibilidade de Produção. 
Você deve, também, compreender que as identidades PRODUTO ≡ 
RENDA ≡ DESPESA permitem que o PIB seja calculado por três óticas 
-8
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
10
1
T1
9
9
6
4
T1
9
9
6
3
T1
9
9
7
2
T1
9
9
8
1
T1
9
9
9
4
T1
9
9
9
3
T2
0
0
0
2
T2
0
0
1
1
T2
0
0
2
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T2
0
0
2
3
T2
0
0
3
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T2
0
0
4
1
T2
0
0
5
4
T20
0
5
3
T2
0
0
6
2
T2
0
0
7
1
T2
0
0
8
4
T2
0
0
8
3
T2
0
0
9
2
T2
0
1
0
1
T2
0
1
1
4
T2
0
1
1
3
T2
0
1
2
2
T2
0
1
3
1
T2
0
1
4
4
T2
0
1
4
3
T2
0
1
5
 
 
26 
diferentes, e por que poupança é igual a investimento. 
Deve lembrar que o deflator implícito do PIB serve como medida ampla 
de inflação e é calculado com a razão PIB nominal / PIB real, e que os dados 
usuais do PIB são geralmente apresentados em preços correntes ou preços de 
mercado. Também deve compreender como, sem os impostos indiretos e os 
subsídios, chegamos ao Produto Interno Bruto a custo de fatores. 
Por fim, você deve ter entendido como funciona o Balanço de 
Pagamentos, e como uma poupança externa (importação líquida) pode levar, 
ainda que não necessariamente, a uma queda nas reservas internacionais. 
 
Referências 
 
BRASIL. Banco Central do Brasil. Balanço de pagamentos - 2015. Disponível 
em: < www4.bcb.gov.br/pec/series/port/metadados/mg152p.htm> Acesso em: 2 
set. 2016. 
 
DORNBUSCH, R.; FISCHER, S.; STARTZ, R. Macroeconomia. Tradução de 
João Gama Neto. 11. Ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. 
 
ENTENDENDO como as coisas funcionam: o fluxo circular da renda. In: 
ANÁLISE ECONÔMICA. Disponível em: 
<http://analiseeconomica.com.br/site/entendendo-como-as-coisas-funcionam-o-
fluxo-circular-da-renda/> Acesso em: 3 set. 2016. 
 
MANKIW, N. E. Introdução à economia: princípios de micro e 
macroeconomia. São Paulo: Campus Universitário, 2005. 
 
MARTINS, V.; RODRIGUES, L. BNDES reduz custo de financiamentos para 
projetos de infraestrutura. O Estado de S. Paulo, 7 mar. 2016. Disponível em: 
<http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,bndes-reduz-custo-de-
 
 
27 
financiamentos-para-projetos-de-infraestrutura,10000020046> Acesso em: 02 
set. 2016. 
 
PAULANI, L. M.; BRAGA, M. B. A nova contabilidade social. São Paulo: 
Saraiva, 2000. 
 
SIMONSEN, M. H.; CYSNE, R. P. Contas nacionais. Rio de Janeiro: 
Simposium Consultoria e Serviços Técnicos, 1985.

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